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N a 1 M P.R E S S À O, R E G I A*

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Academic year: 2021

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H ' I S T O R I A * D A ■ D O N Z E L L A T H E O D O R Â , E M q u e S E T R A T A D A S U A G R A M E ® F O R M O S U R A , E S A B E D O R I A . 2

fã d u z íd i do Castelhano em Portuguez.

P O R C A R L O S F E R R E í R. A I I 3 8 0 :-í E N S E, 3* R 1 O D fc H ^ E I R O . N a 1 M P . R E S S À O, R E G I A* i 8 I 5=

....

—--- .

C o m l i e e n g í h

(2)
(3)

§

H I S T O R I A “ D A D O N Z E L L A

T H E O D O R A,

E M Q U E S E T R A T A D A S U A G R A

1

SSDE F O R m

"<5

S U R â , "e s a b e d o r i a . I N S T R U C C A O

N

O R ein o cie Tunea h o u v e hnm m e r c a d o r , na­ tural d e ' H i u i g r i a , era este t n t r e os morado» res o ruais jrico , que naqu eü as partes b aviai Passando hum dia pela P r a ç a , vio esfa r hnm a form o*' za D o n ze lla Chrisrãa pa ra se vender. E r a e it a D on- zei la H espanhola de n ação , e vendo-a o - m ercado r S í f o r m o s a , resoiveo»se a eo m p ralla' 30 M o u r o , q u e a t r a z i a , e lo go conheceo na sna grande m o d é s tia , q u e d ev ia ser F id a lg a , M and ou-a en sin a r a ler , e escpe-> v e r , e ap re n d e i todas as artes que p u d e ss e , a qu al se in clin o u tanto á v ir tu de ., e estudo'» qne e x c fd e o a to­ dos os h o m en s, e mulheres , que n aqu elle tem po ha­ v ia , tan to .eoi Filosofia , com o em M u sica , e «nttrap- rauitas artes. E como iodas as cousas neste m o nd o s.e-,

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4 '

dar ao íflercador ta! c ontrate m po , que c arr e g a n d o hu» suas embarcações de fa zend a dç g r an d e v a l o r , e com boa forruna , estas se per derão de m an eira . que se achou tão m i s e i a v e l , que não sabia dar re m édio a p o ­ breza em que se ac hava. E VBãdc»>e em ta n t a nsíse» ria , pois não tinha consa alguma para su s te n ta r- se „ disse a Donzella : J á vós conheceis que eu não jjc s s o

m ais , e assim vos r o g o , m inha filh a , qu eira is d a r-m e o p arecer , que o vosso entendim ento vos d ic ta r , sobre o que devo fa q e r , pois tenho g ra n d e confiança n a nos­ sa sciencia , e com vosso jia recer entendo serei re m e d ia ­ do , e haverá m odo com que m e possn s u s t e n t a r , e sü- fnr de meus trabalhos. Assim como a D o n z e lla T h e o -

dora ònvio fa llar a seu senhor , teve g r a n d e c o m p a ix ã o delle , e esteve suspensa lium pouco ^sem f a l l a r , cu i­ dando no qae faria. E depois de ter bem considerado

e vendo cjue seu senhor havia gastado com ella

jjiuita parte de seus cabedaes em a man dar ensinar a tudo o q u e sabia , i e v a n i o u a cabeça , e lhe disse":

hsjòtyüdu senhor meu , não tenhais cu idado em cousa olqum a , t tende boa e ^ e r n n ç a em D e o s, que vos a ju ­ d a '.! eu; tudo ; e eu vos- d a rei hum conselho , com que vos h vra reis do trabalho , e pobreza , em que ao p re se n ­ te estais ; è vos digo nB.s trateis de m a is cu id ar n is t o , ■porque Deos Senhor nosso m s a c u d irá . E a ssim le v a n ­ ta i-vo s , e ide ver se achais á lg u m a m iq o que tra te ern ju ia s , ornatos , e enfeites com que as m ulheres se cgs- íu m ã o com prar , e pedir-lhe que vos em preste tudo o que baste para m e vestir , e com por; e d e jo is que eu estiver e n fe ita d a , e com posta , leva r-m e-h eis a E l-R e i Tvhramol^m y lim a ^ tr e dv^ei^íhe que m e qu ereis yen* ie r , <? yercu n ta n u o-ves quanta quereis p o r num , re s- pcilãei-ílie desta m a n e ir a : Senhor , eu venho a V. A lte ­

za , cem necessidade qu e tenho , ixtn esta Ü o n rella , :;e tiveres gasto de a c o m p r a r , eu vo-ta venderei f e i o cu e

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« _ 5

f o r ju sto, F se I l R ei vos p e rg u n ta r qutfnto quereis p er m im , di^ei-lhe que quedeis d e71 m il dobras de bom ou­ ro verm eiho ; e se elte rep a ra r no preço que p e d is . p o r ser qran.de , diqej.-lhe assim : Senh or , não se a d m ire V* A lte ra de que peça tã o 'a lto preço por esta D onqelta , pois verdadeiram ente entendo que m uito m ais v a le do que eu v e ç o . Quando o mercador otivio o c onse lho ,

q u e a D o n z e lla lhe deo , c on h e c e o que era bom ca~ minho p a ia o s e u remedio ; e foi logo p r o c u r a r os m e r ­ cadores , que v e n d iã e joias , e fallou com hurn M o u .

t o , que se ch amava M ahom ct , e este era muito seu

am igo , o qual vej)dia toda a casta de m er c ad o r ia, as- ■sim de p a n o s , como s e d a s , laãs , e pedrarias. E n ­ tran do o mercador na t e n d a , relatou ao M o u r o todos os sens t r a b a l h o s * . e pobreza, a que tinha chegado por ,sens pt ceados , e o IVlosiro_«, tendo c o m p aixão áelle , lhe disse a s s i m : Verdadeiram ente , meu leal a m iq o ,

atorm entado m e tendes o coração , e não p o ss o re p ri­ m ir as la g rim a s de m eus olhos , pois vos considero em tanta aflicyüo , porém vede agora o que ordenais ■que eu fa ç a , e estai na certeza , qut tudo quanto houveres m ister ., com m uito boa von ta de v o - lo ofereço sem nen ­ hum a cerenw nia , todo o que fo r de vosso agra d o , <• vontade de Deos , que vós , e a vossa D onzella ten bajs m uito bom successo , e fo rtu n a . Disse-lhe o m er cad or : M eu. bom a m igo , saber eis que hei de m ister o que bas« íe para se ornar a m inha D onzella , •<? p rep a ra -la com ■toda a perfeiçã o , e asseio. E depois disso sabereis , me:,. am igo , que pertendo ver, dei ia a E l- f t / i A lrn a n co r para ver se posso sahir da^ m iséria em que vivo . Depois que o mercador acabou de r elatar o sen i n t e n t o . ao seu

amigo IV ío is ro^ e este lhe d eo -tudo quanto T h e o d o r a h a v ia mister p a ra se enfe ita r. O m e r c a d o r , assim c o ­ m o recebeo o que per te üdia , deo muita» g raç as a Deos por achar tanto bero neste am igo , e disse ccrnsigo •,

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Se B e e s p e r m ís d f que tenha b e m snceesqo será bom principio esíe. E veio lo go p a ra sua casa com os w s * i i d o s e enfeites . e ® s ap resentou á sua D o m ei ia , a qual se alegrou muito e o m e l l e s ; e c om o ell a e r a m u i­ to formosa , e os v « t l d o s ei^o Biuito r i c o s , disse ao snercador sei! senho r:

A legrai-vos, e tende contenta­

mento

,

que isío sefâ prineipio de iodo o nosso t e m ,

■je Deos fo r servido,

E a D o n z e lla tofflOU « 5 roupas, « vestio as as quaes v in b â o fS o justas , ç o m e se fps* se n cortadas á sua medida. E assira que a D o ilz e fU T heodora se vestio , ' e e n f e i t o u , p a re c ia ai nda m uito iTsais fo rm o sa, e g e m í í , e en tão a levou o pí ercador a E l-Rei A l m a n ç o r , o qual estim av a m u ito v e r .gierfei-- c a s , e formosas D o ozellas. ■

C A P I J U L O ' ! .

©

O e co.no o m ercador levou a D o n z ella T h e eâ o m á pre* ■;en.fã del-fíei M irarnelirrt A lm a n ç o r , e do quê

. h l-R e i disse á D on zella , e da resposta , que «tia lhe deo.

D

í z \ H is to ria , que o m er cad or Levotl a sua D o n . zel iâ diante do R e i A l m a n ç o r , e disse ao P o rte i* i t a deixasse e n t r a r , que quer ia fa lla í a E l - R e i : abrio» lhe o Porteiro a p o r t a , e foi cora a sua D o n z e lla T lieo - «tora aonde es ra va A l m a n ç o r , « s audou-os , e o s q u e estdvão presentes , e humilhando-se a elle , She fez- g f ;iude rever en ci% , e beijou a terra , e c h eg® n d o -s e peno Jhe bei jarão a mão , e E l - R g í p ergu n to u ao mer* •; m!-oíí i . D izei-ine am igo , tfiie he o q u e file qn ereis ? v.esooodeo o m ercador

:

S e n h o r , trago *aq u i esta D o n .

-'ía a V Al re za pura v e r se ma quer eomprar. Disse .H-Rej , queyíií) com prana , e qnanro q&eria p o r e l l a ? í } mereador oedio por elia dez mil dobras de boa-!

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ro v e r m e l h o E l - R e i se ad im iró u muito do mercador pe d ir tão alto preço , e disse-lhe .* A m i g o , muito que- reis por ella , ou estais fóra do vosso sentido , ou a Dosi- gella , se jacta de g rand e s cousas , que talv ez não sa­ b e rá fa zer. Elie respondeo : Se n h o r , não vos arírns- reis que eu peça tão alto preço por esta D o n z e lla , pois entendei que sabe tantas maneiras de a r t e s , que e n te n ­ do q u e t iã o ha homem Sá b io , nem mulher , que a possa v e n c e r ; porque gastei cora eila' grande cab edal em a snândar ensinar , e tudpaprende© minto bem , estudando todas as scien c ias, que podem, ser escritas , e os Sabia " e Letrad os podem saber p o r rodo o mundo , e assim hc« snen? como mulheres. E l-R e i , quando isto ouviu , re­ p a ro u muito na D o n z e lla , e lhe disse tirasse o manto , e v ê 0 que trazia diante dos o l h o s , e o voltasse sobre a c a ­ b eç a. Â D o n ze lla fe z qu an to E l-Rei lhe o r d e n o u , e m uito bem vio E l - R e i a grand e fo r m o s u r a , e b e l l e 7 a , de que era dotaâa a D onze lla , e lhe pareceo a mais for-

m otá , que em sua v id a tinha vis to , e muito lh e agrad ou

a sua belleza , por ser uelia e s t r e m a d a ; pergu iuo u -ih e €0 mo se c h a m a v a ? Respandeo-üie. a ü o n i e H a com mui- í a honestidade de s’ua pessoa : -Muito esclarecido Se- nfaor , saberá V . A l t e z a que a mim me chamão T heo - dora. Disse-lhe E l-Rei , T h e o d a r a •, q u ero me dí^ajs qual he a s c i e n c i a , que aprendestes de todos os S á b io s deste mundo ? Ã D o n ze lla' resp ondeo: S e n h o r R e i vós desejais saber o que ap ren d i , âig o que fo ráo as sete A rte s l i b e r a e s , a A r t e da A stro lo g ia , e as .-proprie­ dades. das pedras , a g u a s , e ervas t e das qnalida-* cies, que tem toda a .c a s t a de anim aes , e a v e s , que Deos cie ou no m u n d o , e sei íambem"-cantar M n s i c a , e tocar in stru m em o s , m elhor q u e nenhuma Dfssoa-dt)

-fluindo, *

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8

C A P I T U L O II.

V e como b l-R e i se adsm irou das cousas que a D o n z ella 'IIn o d o ra disse que sabia , r por esta causa m andou

ch am a r os seus Sábios p a r a d isp u ta r com elles.

T

Eiído oa Sáb io s v i n d o , m andou E l- R e i qrife dispu ­ tassem com a E o n z e lla , pois tanto se ja c ta v a que •jabía , para ver se assim era verdade com o ella dizia* E . entre rodos aquelles Sábios , q u e alli se a jn n tarão m an ­ dou El-Rei que escolh-ecem tret dos m elh ores, e m a is s c k n t e s , e estes fa llarão com a D o n z e lla -, em razão da disputa. E hu m era grande Sáb io em L e i s , e em os M andam ento s de D e o s , p o u tro m uito S á b io , e m uito Letrado em toda a s cien c ia, L o g i c a , M ed icin a , C ifu r - gia , e também grande Ascro lo go , e F ilo s o fo , e em todas as artes muito en tendido , e conhecia m uito bem a natu- seza das c o u s a s , e sabia obrar em todas ellas. O tercfeiro era muito Sabio em Filosofia , G ra m a tíc a . e em todas as sete artes libefais.» E n t ã o o prim eiro dos Sá b io s f a l­ tou á Donzeiia T l í e o d w a , e disse "assim á m an e ira de 1 desdera , tendo-a- por mui s im ple s, e n e s c ia : T u D o n z e l- 4a , responder-me-has ao q u e eu te p e r g u n t a r ? A D o n -

zella disse: S e n h o r , « d i s c r e to Sáb io , e u resp o n d erei

com ajuda de Deos , e s e ii d o v o n tad e d e S u a A l t e z a , mtu Se nhor R e i M íram olím A lm a n ç o r , qu e D e o s yviarde, o qual está presente com todos os seus Cava» ííieiros , ehofneijs nobres da sua R e a l C o r t e , e c o m s n a í'.-,ejiça , e ordem. Disse entfio o Sá b io , que respondesse a ':id « 0 que lhe perguntasse m uito a p re ssa , e sem demora. A D o n z e lla disse qne er a c o n t e m e , e com e- ■:cu pela mineira s e g u ia t e :

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C A P 1. T U L O I I I .

Da jy h n c ira di.y-uta , que leve o SaLio com a D o n -

7te!ící 7/wodora.

Sabio Hie d is s e : D o n z e l l a , aq ui estamos dian te c r E i - R e i , con vem que cada hum seja exam in ad o cqjn grand e d ilig e n c ia po-r estes Sa bio s , e L etr ados.que aqui estão , e ver q u ã l de nós ambos 1)a de ser vencid o . A D o n z e lla respon deo que era n m ifo conte nte , e disse o Sabio : D onzella*, resp o n d e-n i" ao que te tjiieio p e r­ gu ntar. D ize-m e : Q u a e ; :ão as cousas que creou .Deos üenlior nosso em os secretos , e mui altos C eo s ? A D o n z e lla r e sp o n d e » : D iscreto M estre , d ev es sab er que •N. Sen h o r creou em os altos Ceos os sete P l a n e t a s , os

q u aes são estes >Sol , L u a , S a tu rn o , J ú p it e r , M a r t e , V e , t nu%, e M erc ú rio . E o u r r o sim das E s n e lla s compôz d o ­ s e S ig n o s , os quaes são estes: A r i e s , T a l! 10 , G em in is , C â n c e r , L eo , V ir g o , L ib ra , E s c o r p io , S a g it a r io , O - pricornio , A q u á r i o , e Piseis. £ tn ais c re o u N . S en h o r “ iii ps altos Ceos as EstreU as de g r a n d e fo rm o su ra , e eo m pòz as quatro parte'’ do mundo.

O Sabio lhe p e r g u n t o u : Dize-me D o n ze lla , em que .m e z g o v e rn a cada S i g n o , e que p ro prie d ade he a que t e m , e em que parte do corpo* dom in a ? A D ou- ' zella resp on deo , e disse assim: E in o ’ mez de ja n e iro g o v e r n a v a A q u á r i o , e dom ina nas ca-flellas das pernas,» este Sign o A q u á r i o iie figu rado ao P la n e ta Sa tu rn o , r o r q u e o S o l en tra ém e llf aos o nzs-d ia s de Jan e iro , c quando e n tr a .n e s te S i g n o , lie o d ia de nove horas i:;e>.a , e desde que entra este Sig n o , até que s a h e , cresce o m a huiua h o r a , e he de n a tu re za de a r , e s:m qualidade he mui quente , e húmida. O eme nas* ■ ceir neste S ig n o será m u i p eq u en o de corpo , e triste

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de condição, e a m a rá sempre a? m u lh eles. E am d a mais d i g o , que neste mez d e v e xisar dos m a n j a r e s , e m a n t i m e n t o s quen tes de seu n a t u r a l , e nã o d e v e sof- í r et q u e ' o esto m ago se levan te da mez a c om sede.

X O Sabio lh e p e r g u n t o u : D o n z e l l a , dize-me do m ez de F e v e r e i r o ? A D o n z e lla respon deo ; É m o inez de F e v e r e i r o g o v e r n a o Sig n o de P i s e i s , e r e in a nos pés. Este segu ndo S i g n o he assignado ao P l â n e t a * ] u - p i t e t ; porque en tra o S o l em este S i g n o , e a t é que- ^ sabe , cresce o dia ho ra e m eia ; *e he de n a tu re z a de agoa , e sua qualidade hô fria , e hú m ida. Q q n e nas­ ce neste Sig n o , será gentil hom em *de c o r p o , e te r á cabeSlo n e g r o , e será m elanço li co , e en fe rm o . E niais te digo , que o s a n g r a r em q u a l q u e r m em bro em e s ­ te mez he muito perigoso , e pa rtic u la rm en te nos pés. y O Sabio Mie p e r g u n t o u : D o n z e lla , dize-m e do- mez de M a r ço ? A D o n ze lla r e s p o n d e a : E m es te mez g o v e r n a hum S ig n o , que se cham a A l i e s , e d o m i n a na c a b e ç a , e he assignado ao P l a n e t a M a r t e , p o rqu e: quando o Sol n a s c e , prim eiro appárece na quarta p a í - le deste Sign o ; eutrà_ no p r i m e i r o g r á o , são es dias* iguaes cooi as n o i t e s , e desde' que en tr a o So l neste S ign o até que s-ahe, cresce o *dia li u m a h o í a , e h e Sign o mo vei , e demostra fo g o , a sua q u alid ade he q u e n t e , e secca, Os qv.e- nascem neste S i g n o p o r muito pouca couaa se irr itão su b ita m e n t e . E mais Ce digo , que neste mez se crião muito màos hu m o res , * as doenças são m uito per igosas da c a b e ç a , e

dos

o u ­ vidos , mais que cftitras partes de corpo.

■1 O Sabio lhe p e ig ü iK p n : D o n z e l j a : d ize-m e d a roeZ c' e A b r i ! ? A D o n z e l l a respondei ): N o m ez de Ateril g o v e r n a Imm S i g n o , a que cham5o T a u r o , e este Sign o lie assignado a a Planeta V e n u s , p o r q u e o- Sol en tra em o prim eiro g r á o : são os d ia s de treze horas e meia , e desde que en cta at£ q u e salie c ie s c e

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II

o dia hn ma h o r a ; e he de na tu re za da t e r i a . Este

S i g n o he muito estimava*?, e fixo , sua. q u a lid a d e he fr ia , e secca. Os que* neste S i g n o nascerérnv, a d o e c e ­ rão muitas vezes por sua c u l p a , e teráo f õ r tiu ia com m u l h e r e s : e mais te digo , que em este mez cresc e muito o san gue , he bom p u r g a r , e rodo o mal de g a r ­ g a n t a he muito p e r i g o s o , especialmen re la vrar -s e com fogo-*

* a 'O Sabio lhe p e r g u n t o u : D o n z e l l a , dize-me do mez lie M a i o ? A D o n z e lla lhe r e sp o n d e o : E m p mez de M aio g o v e r n a "hum S i g n o chamado G e m i n i s , e dom in a em os braços , e e í te S ig u o G em in is he as- sígnado ao Planeta M e r c ú r i o : porque entra o Sol em este S ig n o quasi com m u m m en te aos dois dias de M a io . E quan do Sol en tra em o prim eiro g r á o , são os dias de q u a t o r z e hora s e m e i a : " d e s d e que e n tr a o S o l n e * - t e S i g n o até q u e sahe , õresce o dia meia h o r a , e he es te S i g n o cte na tu re z a do a r , e sua qu alid ade he, q u e n t e , e hn m ida. O que nascer n e ste S i g n o será h o m em muito f r a c o , e se g u ir á a C o r te d ’ E I - R e i , e Palácios de g rand es Sen ho res , e mais te d ig o ; que neste m e z as doen ças dos braÇos são perigosas , e se tiv eres mal nas rnãd s, ou linhas , não consintas se fa ça o per aç ão com ferro.

® O Sabio p e r g u n t o u : D o n z e l l a , dize*me cio mez. de. J u n h o ? A D o n z e lla r e sp o n d e o : N o m e z de Ju n h o g o v e r n a hum S ig n o , que se chama C a n c e r , e este.. ■ S i g n o he assignado ao P l a n e t a L u a ’: « u r a c om m u m -

f

m e n t e ’ o S o l neste S i g n o a do ze de j u n h o , e quando

en tr a em o prim eiro g r á o , sSo os*dias de q u in ze ho- fas e m e l a , e logo* com eça a m i n g u a r , e dinsiiuie o dia desde qn ç -e n t ra o S o l neste Sig n o at é que s a h e , sueia hora , e lie de n a tu re z a de agu a ; . s u a qu alid ade he fr ia , e húmida. E o que nasce neste S i g n o , será g e n t i l homem , e mui- v ale n te , e esforçado, E mais te "

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digo , que as: doenças em 03 p e i t o s , ou iíp f i g a d o , ou puliraSes ::,J5poi muito p e r i g o s a s , p o r q u e senhorfia o f i ­ go neste râez eso os peitos, *

Ç( 0 S a b io lhe p e r g u n t o u : D o n z e lla , dize-m e do mez de ju ih ® ? A D o n ze lla re sp o n d e o : E m o ■ irtez de JbHio g o v e r n a hnm. S i g n o , qne lie L e o : tem sua fo r . ça no coração , e he assignado ao Planeta S o l , po rque o Soi entra em este S i g n o comrnurrimente a d« z e do w e x de j u l h o , e quando e n t r a no prim eiro g r a o / s ã o os dia> de q u ato r ze hor^s e sneia , e desde que e n t r a o Sol neste S i g n o até qne sahe , 'm i n g u a o dia Iniraa hora , e he de natii r e z a ' d e fo g o , e sua qu alid ade he ■quente , e secca. O qne nase er neste S i g n o será ho­ mem c a lv o , e mui ho nrado , e muito a l t i v o de c o r a ­ ção. E mais te d i g o , que lie tempo m u ito per ig o s o p a ra s a n g r a r , e p u r g a r . « H e muito °damnoso o fogo do meio dia , e não eu tres.e ra banhos. O alho , e sal­ v a são medicinas , e as doenças no coraç ão ,

estoma-* g o são perigosas. «

srjj O Sabio p e r g u n t o u : D o n z e l l a , dize-me cfo mez de A go sto ? A D o n z e lla respondeo : E m o m ez de A g o s ­ to rein a hum S i g n o , que chamão -V irgo , ’ e tem sua força no v e n t r e , e he assignado ao Plan eta M e rc u rio , porqu e entra o Soi neste S i g n o c ôm m u m eiite aos qua- toffie de A g o s t o , e quando e n tra no prim eiro g r á o , são os dias de qu atorze horas e meia , e desde qn e ç n . ■ . . t i a o Sol em este SingüO > até qne s a h e , m in g u a o dia ho ra e meia , e he de n a t u r e z a de terra , sua qua- ü^iade he fr ia , e secca. O que nascef neste S i g n o , será homem ganadtn-. E n.ais te digo , q u e e ste mez o coito he damnoso , mais que eirf ne nhu m tem po , e o somncP do raeiõ dia , e o banhar-se. he damnoso , e u\uko comiy ; e não se de v e sangrar sem n ecessi- d a i e , nem tomar m ed icina.

(13)

m e z de Se tem b ro ? A D o n z e lla r e sp o n d e o : E m o mez de Setem bro go v e r n a hum Plan e ta , qu e cliamão L i ­ b r a , e he assignado ao P l a n e t a V e n u s : porque o Soi en tra neste S ig n o a qu atorze de Setembro , e quan do en tr a no prim eiro gráo*, são os dias ig u a e s c o m as n o i ­ tes , e desde q u e en tra o S o l neste S i n g n o , até que salie , dimiraue o dia ho ra e meia. O que nascer nes­ te Sij^uo , será homem de boa criação , e grand e tra* b a í l i a d o r » e terá muitos .am igo s. E mais te d i g o , que neste mez são as sapgrias muito p r o v e i t o s a s , e te po­ des sangrar sem p e r i g o ; m^s as doenças dos r i n s , e n a degas são muito perigosas.

Tlj Õ Sabio UÍe p e r g u n t o u : D o n z e l l a , dize-me do do m ez de O u t u b r o ? A D o n z e l l a , lhe r e s p o n d e o . E m o mez de O u t u b r o reina hum S i g n o chamado E sc orpio , e g o v e r n a nos genitaes . Este S ig n o Escor-' p i o he assignado ao Planeta M a r t e , po rque en trand o o So l no prim eiro gr áo são os dias de dez hora s e m e t a , desde que en tr a neste S i g n o , até que sahe , di* m inu e o dia hnma hora , e he de n a tu re z a de ago a , e sua qualidade iíe fria , e humiçla. O que tlasceo neste m ez será homem ‘f a l l a d o r , p r e s u m id o , e namorado. E mais te digo , que neste mez são muito p ro veito sas as aves de c o m e r : porém q u a lq u e r mal he m uito d jf- ficultoso de c urar nos membros.

•J» O Sabio lhe p ergu ntou : D o n z e lla dizei-m e do mez de N o v e m b r o ? A D o n z e lla resp ondeo: E m es te mez de N o vem b r o reina hum Sig n o , que se c ham a Sa g itár io , te m sua fo rça nas p e r n a } , e lie as sig nado ao P l a n e t a Jú p it e r , . p o r q u e o Sol en tra neste S i g n o a treze dias do mez de N o v e m b r o , ’ e q u an do entra no primeiro gr áo , são os dias de n o v e horas e n e j ^ , e he de na tu re za de fogo , e sua qual id ad e h e q u e n ­ te , e secca, O que nascer neste S ig n o s e r á homem , que tendo filhos , serão inclinados a n ã o serem

(14)

d ie n te s ; e será Iioraem m u ito vergo n h oso . , e d e m u i boa criação. E m ais te d ig o

s f

tiv e r m al nas p e rn a s» he perigoso e n tra r em balihos.

O Sa b io lh e p e r g u n t o u : D o n z e lla , dize-m e do m ez de D ezem b ro ? A D onzeH a re sp o n d e o : N e s te m ez de D ezem b ro g o v e r n a hum S ig n o q u e se ch am a Ca~ p rico rn io , tem sua fo rça nos jo e lh o s , e h e assig.na- do ao Planeta S a tu rn o ,, po rq u e e n tr a o S o l ,<íin ^este S ig n o aos v in te e dois dias .d o m ez de D e z e m b r o , e quarido en tra 110 prim eiro g r á o , .sã o os d ias d e d e z Ifo- » r a s , e logo com eção a c f e s c e r , e desde q u e e n t r a 0 Sol neste S ig n o a té que s a h e , c resc e 0 d ia m eia ho- r a , ç he de n a tm e z a de terra , sua q u a lid a d e ne f r i a , e secca. Os que nascerem neste S ig n o serão in clin ad o s os irm ãos a querere,m 1154I huns ao s, ou tro s , e te rã o boa criação . e serão m uito fra c o s , ou m elan có lico s., E mais te d igo , qu e neste m ez todas as c o u z a s , que são qu en tes de seu n a t u r a l, são boas , e as doen ças nos jo elh o s, e feridas são m uito p erig o sas. Q itandóf is­

to o u vio 0 S a b io , lev an to u -se lo g o , e d is s e : O ’ m u i­ to alto R e i , por v erd ad e d igo a V .* A lte z % , q u e e s ta g e n til D o n zella , que ■presente está , c e rta m e n te sabe mais que. eu , e ‘ assim nae doti p o r c o n v e n c id o ,

(?

d i- g e que he a mais sáb ia q u e ha no m undo,

C A P I T U L O I V .

, Que trata d a d ispu ta do segundo Sa b io .

0

S

EndO ven cid q ® p rim eiro S a l v o , se le v a n to u 0 se» g u rfd o , e d fss e : D o n ze H a, p re v in e -te bem , q u e e u não soi^ tâo sim ples com o este Sab io , q u e tens venc ido. A D o n z e lla re sp o n d e o : Sen h o r , eu respon» derel com licen ça d el-R ei m en S e n h o r que está p r e ­ sente ,

0

ftiais Cav alheiros. E n t ã o p e rg u n to u 0 S a b i o

;

(15)

D©ii2,cila , disê-ü ie , qual dos doze Sign os j i noniça- dos lie sujeito em cada# membro que ira no c o r p o liu- inano , e cm que Sign o , ou mezes são b o a s , ou mas as p u r g a s , ou s a n g r i a s ? A D o n z e lla resp on deo : M e s ­ tre , eu exp li carei a fo rm o su ra de hum h o m e m . em quem v ere is toda a matéria de ex p e rie n cia do corpo h um ano , e de que modo he re g id a cada hum delles o n v o escrev erei huma ta b oa , em que Vereis,as p u r g a s , e sangrias quancjo são boas , ou m á s , ou in- dlffsrent.es ; p o r é m , mui discieto M e s t r e , ha veis de notar que se d e v e san gr ar na qu ell e mem bro p a r t ic u ­ lar , quando a L u a está na queli es S ig n o s , o nd e se de­ v e sangrar. l 5 A r i e s , d o m in a .^ a cabeça. C a n c e r , nos peitos. L i b r a , nas e.spaduas, C a p ri c o r n i o , nos oiíio». ' / au ro , no pescoço. L eo , no coracão. Esçorpio A q u á r i o nos genita.es nas canellas. G em in is , nos braços. V i r g o no v en t re . S a git ário , nas pernas. P i s e i s , nos. pts-S I G N O pts-S , ■ P U R G A S / S A N G R I A S

3

\ries. •In differente. B oa.

A r i e s . la d iftere n te . B o a . ,

A fie s . 1 ndifEeiente. Boa,

T a u r o .

.

M á . • M á .

T a u ro . M á . • M á .

Geminis. la d ifter en te. In d iffe re n tef

Geminis» Indiffeienre. . Indiff erente.

C an ce r. » Boa. Indiff erente.

C an ce r. B oa* In diff erente,

LéOn M a . M á , L e o , M á l M á . Leo, M á . M á . V i r g o , V irgo. M á . M á , Má» . M á .

,

(16)

i 6 S IG N O S . L ib ra. Lib ra. E scorpio. E scorp io . S a g ita rio . Sagitário» Sa gitar io . C a p ric ó r n ia . C ap ric orn io . A q u á r i o . A q u á rio . Piseis, Piseis, P U R G A S . S fA N G R I A S . B o a. B o a . B oa. B o a. B oa. • In d iffe re n te . B oa. In d iffe re n te . B oa. In d iffe re n te . B oa. B o a . . * . Boa*. B oa. M á. M á . M á . . M á . Boa. B oa. B oa. In d iffe re n te . Boa. Indifferente»

B oa, In d ifferen te.

O Sabio qu an do v io q a e ‘ a e x p lic a ç ã o dos m em bros

'

do homem era b o a , dentro de si se ad im iro u m u ito , e d isse: Q ue v erd ad eiram en te não h a v ia cou sa a lg fi- ma no m undo , que lhe p ergu n tasse , de q u e não desse razão . O Sabio lhe diçset: D o n z e l l a m u i bem .tens dito , a go ra dize-m e das idades das m u lh e re s , em qu e cad a Inuna he pr ezada-; a D o n z e lla de. v in te a n n o s , q n e tii- zes„ delia ? ' a D o n ze lla re sp o n d e o : D ig o -te M e s t r e , que se he form osa , parece bem ás g e n te s , esp ecial- m en te aos h o m en s, qne sãò da sua c o m p le iç ã o : E Ta de trinta e q u aren ta an nos , q u e nse d ize s ? E s s a s , S e ­ nhor tem ju iz o em tudo p a ra aquellas q u e o n ão tem , D a de cincoen ta asjnos , que me d izes ? E s s a s , S e n h o r M estre , te digo , ^que he pa ra o. qjnélo. A de sessenta a 11 a o s , qu e me dizes? Esta »os digo , S e n h o r M e s t r e , que, iie boa pa ra an dar estações. A s de-seten ta annos que me dizes^ D i g o que já íil‘ terra , e he fo ra de toda á razâo. D a de oitenta a n n o s , que me dizes delia ; Esta , vos digo M e s t r e , que não me en ten do com ella , e d e humas , e outras vos gu ard e Deos da melhor. E n t ã o

(17)

disse o Sabio : D ig o que tens fallad o muito bem em tu ­ do q u an to tens respondido. Disse-lhe mais o S a b i o : D o n z e lla , dize-me , que siguaes ha de ter a mulher pa ra ser fo r m o s a ? E I la respendeo : H a de ter dezoito s i g ­ naes , e hão de ser estes , que aqui direi. H a de ser com prida em tres lugares , e curta em tres lu g a r e s , rô- x a em «tres l u g a r e s , larga em tres lugares , negra em i r e s 'lu g á r e s , e b ranca em outros tres. P ed io-lh e oiS a ­ b ia que dissesse em que man eira , e que lhe contasse pelo miúdo cada cousa per si., E l la lhe dinse , que com boa von tad e o diria , e disse assim : Sen hor M estre , c o m ­ prida em tres l u g a r e s , desta sorte : pa ra ser de todo formosa , ha de ter o pescoço comprido , 0 3 dedos compridos , e o corpo c o m p rid o : _Ha de ser peq u en a em outros t r e s : Pequena nos n a r i z e s , b o c a , e pés. H a de ser branca em tres lu g a r e s : B *an ca em o c o r p o , b r a n c a na cara," e brancos os dentes. H a de ser n e g ra

em o utra s tres pa rt e s: A s sobrancelhas n e g r a s , e as

pastanas n e g r a s , e os olhos negros. H a de ser r ô x a em tres lu g a r e s : Rôxcfs os beiços .d a , boca , rô x a s as g e n ­ givas , e roxas as maçãs do rosto» H a de ser íarga em tres kig are s. Largos os. sangradouros dos braços , lar­ ga dos h o rn b ro s, e cadeiras. Dep ois de ser tudo isto exposto a discreta D o n z e lla ^ o Sabio se le v a n to u em p é , . 5 disse ao Rei , e a todos os S a d i o s , M e s t r e s , e C a v a l h e i r o s , que í l l i estavão para v e r . a d is p u ta : Ma verd ade , Se nhor R e i , e todos os que presentes estais , . qu e esta D o n z e lla sabe mais que e t i ; ç he muito sabia , e não se lhe po de rá p erg u n tar cousa , q a e de tudo não dê boa resposta , e digo , q u a s a b e mais çjue q u an tas S á ­ bios h a , ou h o u ver na mundo , e que he por de in ai) disputar nenhum Sabio c o n j ella s porque a todos v e n ­ cerá. Quando isto ouvio E l-Rei , foígou m u ito , por­ que einen deo seria sua a D o nze lla , pois era d ig o a tie toda a es tim aç ão , e assim lhe tjuiz m a i s , e d e se ja v ^ já

(18)

j g

cu:e houvesse vencido o terc eiro S a b i o , a qual soube mais que tcclos os S a b io s » e q"«e E l - R e i , com a gr a ç a de D e o s , e com seu s a b e r , o que c o n v in h a a seu se n h o * '» para sahir de tantos trabalho», e p o b reza.

C A P I T U L O V .

Da disputa que teve â D o n g eila Theodora eom o * te r- ceiro Sabio cham ado A b ra h ão . T rabador , M e s tr e • 0

em . M u sic a ,

D

i z a Historia , que qu an do v lo o terceiro Sabio. que os dons estavão ven cid os da D o n z e lla , te v e grand e pena no seu coração , por serem p a ra po u co , pois se havião deixado vw n cer dá d o n z e l l a , e r e p u ­ tou-os por hom ens de pòuco saber , e hem cuidou ”, este que a venceria, Levantou-s e , e dísse-lh e: R e sp o n ­ der-me.has a tudo quan to te p e r g u n t a r , p re p a ra te para me respon deres , pois has de saber q u e não sou tão simples como oa outro s Sabíos", que tão v ü m e n t e tens vencid o com tetis a r g u m e n t o s falsos. Q u a n d o o Sabio Jud eo tev e acabado de d iz e r , se le v a n to u aaDon-' íe il a , e lhe respondeo hu m ild em ente com m u ita v e r ­ go nha , e lhe disse; S e n h o r , e discreto M e s t r e , vós d izei® que sois ija is , e maior L e tr a d o que os o u tro s , assim os que c t m i g o tem disputa ,*cotno os outros Sa- , i> ios,e discretos V a r õ e s que presen tem en te estão ;■ ao que respondo , . fa íla n d o com todo o devido respeito a ò u a A l t e z a , (e aos C a v a l h e i r o s , que aq ui estão p re ­ s e n t e !, e digo°, que me ad i m irou m uito teres em p o u -

( o o safas j des Sabios 3 que comige tem dispu tad o ,

pois dizeis que com a r g m l e n t o s falays os v e n c i : Pois ja que vós dizeis serdes tão Sabio , peço-v os que me façais o que vos quero d izer , e he , que assen tem o s «i-^huma c o n ven iên c ia .entre nós a u ib o s , em

(19)

' i g

ça deí-R ei .fneu S e n h o r, e de todos os C av alh e iro s S a ­ bio:; , e nobres homens , M estres sub lis ein sab ed o ria , que a nossa disputa Vlerão , e será desta s o r te : Qiie se vos me v en c ere s a mim , lo g o :io ffiesmo in stan te me d e sv e sc ire i, e despeja rei de rodas as minhas r o u ­ pas , até a camiza , de m an eira que fique nua com o a ho ra em que n a s c i , e será tudo para v ó s , e se por v s iitfir a eu vos vencer , cambem h av e is de f a z e r o mesmo , e me haveis de dar rodos os vossos v estid o s,

t haveis de licar cambem mi como a a hora em que

ruibCtsíes, Isto disse a D o n ze lla , e muito estimou isr© o Safcio ju d eo ; porque c u id a va a h avia de a n n iq u ila r , e e n verg o n h ar. ’ E crendo tella já ven cid a , respondeo qne era contente , e is!,o assim se ajustou p o r-ambas as partes em presenÇa del-Rei , e dos s e n s C a v a lh e ir o s ,

e S á b i o s , e de lõ d a a ge iife „ qtie a líi e s tav a ju n t a a

v e r a disp u ta ; e a D o n ie lla pedio por mercê a E l- R ei . que a ‘ mandasse passar por atuo Ja c ic ia l , para cfiie neinhnra se pudesse cham ar á ig n o rân c ia , e o Sa­ bio consencio era tudo , p o rq u e en ten d co a tin h a v e n ­ cido , e E l- R e i d e o o seu consentimento ao dito' ajus­ t e , e raatido-o as'sim g u a r d a r ., e cum prir , e fo i elíe ffftsm o tiador de 11140’ isto , para que se pagasse á par­ te que ganhasse , e fe z -se S e g u r o R e a l. •

C A P I T U L O V I .

» S

D a s pergu ntas , <iue A hraham ^Thabador f e z á Doir/.clia , e d a - resnoitas que d ia deo.

A $

F ) Erguiitois-ihe 0* Sabíp á D o n z d ja : D ize-jise , qual -

1

- iie a conea mais uez.ada do mundo ? R esp o n d e o - Ihs a '.^ n z e lla , que a cjjviaa , e disse o*Sabio e ra*ver- daue. Perjçmiteu-lhe : quai íie a cousa mais a g u d a j Respondeo & D o n z e lla , que a i i . ^ u á do hom em »

. " p

(20)

a o

e da m u lh e r : P e r g u n t o u - lh e : Qual he a .cousa mais ap ressada, qsie s e t t a ? Respondeo-Ihe a D o n z e lla , que o pensamento. Pergitn ton-lhe : 'qual era a cousa mais violenra , e mais ardente , e que queim a mais , que 0 fo g o ? Res pondeo a P o n z e l i a , q u e o c o iaç ãò . O Sabio lhe p e r g u n t o u : Q u a l era a cousa mais doce que o m e l? Re spondeo a D o n z e l l a : O g r a n d e am o r que teoi o p a i , e inãi aos seus filhos. P e r g u m o u -Ih e ^ fl ia i s : Q ual era a cousa mais sm argosa , que o f e l ? A Don» ?.el!a .respondeo , que era o niáo filho , e niá filha.’ Pergu ntou-lh e m ais? Q ual era a doença s e m r e a a e d i o , e in c u ráv e l ? Respondeo a D o n z e l l a , q u e a má f i l h a , louca , e de pouca verg onha. Pe rguntoíi-lhe m a i s : Q ual _ gra a divida., que nu n ca se pagava 1 R es p o n d e o , que a loucura. Perguntou-lhe m a i s : Qtial eia a eonsa mais dura que o ferro ? Resportdpo , que “e ra a ■verdade, Pergu nto u-lh e ; Qual he o glosto de dnas h o r a s : Res - ■pon.deo que era a gan an c ia de q u a lq u e r * h o m e m , ou

m ulh er , que v en de', e compra mercadorias cada dia', • * e sabei que he g r a n d e gosto , e ale g ria. P e r g u n t o u - ihe mais: Qual era o go^co de luima* seinana E l l a res» pondeo , que era a b o a . u n i ã o e n t r e " o n o iv o , e sua- e s p o s a , atuando-se .bem. P e r g u m b p mais ; Q u a l h e * o gosto de Inuu mez ? Res pondeo a D o n ze lla , q u e qnaiído o ho mem ve./i de la rgo cam inho , don de se de teve minto tempo , e c h è g a com bein a sua ca«af ""Tcoro prosperidade , e boa g an an c ia d o \ j i i e tem traba­

lhado , e acha sãos , e alegres a sua m u l h e r , í i l l i o s , ® p ate n te s , t a todos a quem bem quer» P e r g u n t o u - ’ lhe mais o S a b ic •. fio n z e l la , d i z e - m e ; Q u a l lie hu m a a v e , q n e .a n d a nosNoontes , $ qu al tem oito sinaes , que outics £ r í.n a e s anim aes t e m ? Res pondeo a D o n - zella*, e disse ; S a : : í i c ue e s t | a v e , que vós S e n h o r , 4^-e i s , he o gafanho to , o qual tem ponta como d e cervo )oe pescoço como de T o m o , os peito s com o de

(21)

9-1

c a v a llo , o fo cin ho como de v acc a , as aza s como cie aguíd , a cau da como de v i b o r a , os pés como de c e ­ go nha , os olhos de huma a v e , a que chatnão maral , a qual besta he mui grande fé ra > e anda muito dis­ ta n t e destas Cerras- O Sabio lhe pe r g u n t o u : Q ue cou- sa he o homem ? Respondeo a D o n z e lla : Im agem de N osso Sen ho r ]esu Christo. O Sabio lhe p e r g u n t o u ': D o i ^ e i l j que cousa he a m u lh e r ? Respondeo a D on- z e í l a : A r c a de muito bem , e mal , im agem do ho* .0ie’ in , e besta , que rjão se farta. O Sabio lhe p e r g u n ­ t o u : D o n z e l l a , que cousa he, o somno ? Re spondeo a D o n z e lla : im agem da m orte. O Sab io lhe p e rg u n to u : D o n z e l l a , quai foi o que mo rreo , e nunca n a sc to ? Á D o n z e lla respondeo : Nosso pai A d ã o . O Sabio lhe • • p ergu n to u : D o n z e lla , qual he a cousa de que o ho- auem se não pode ver f a r t o ? Respondeo a D o n z e l l a ; de gan h ar dinheiro. O Sabio lhe p e r g u n t o u : D o u z e l. Ia » dize-me , que cousa he o homem mancebo ? A Don- V,elfe r e sp o n d e o : L u z ac ce za , que depressa se apaga, O Sab io lhe p ergu ntou : D o n z e lla ', dize-m.e , que c.oi>- sa he o homem Vellio ? A D o i y e l l a lhe resp ondeo : mal desejado c vesridura' de dares. O Sa b io lhe petf- g u n f o u : D o nze lla qual he a cousa-mais i n i e r t a ? A D o n z e lla respon deo : A vida do homem. Pe r g u n t o ^ - ]!ie m a i s , qual era a cousa mais c e rt a ? Respondeo-lhe a D s n z e lla : A morte das creaturas.. O Sabio lhe per. gunc ou : D e quafitas m an eira s rr.entím Os homen s , e m u lh eres? A D an zell a lhe r e sp o n d e o , por tres m a­ neiras : O u por terem gosto de fallijr , ou por d i z e ­ rem bem de quem quer em bem , ou por dizerem mal de quem mal querem. O Sabio lhe peigunton »: D o n . zeíla , quem foi’ o que poz o nome a todas as cousas , qu e D eos creo u V R e s p o n je o a D o n z e l l a : Nosso pai A d ã o . O Sab io lhe p e r g u n t o u : Q ual he a cousa nes-’* ' - te mundo nuus g r a v e , e peior de s a b e i " R e sp o n d to a.

(22)

D o n z e l l a : O coraç ão do h o m e m , e os p eiisaoin tltos » que não ha passos no m undo,, que o possa s a b e r , se­ não D e o s , e aquelles a qu em o hom em o q u e r di­ zer. O S a b io lhe p ergu n tou : D o n z e lla , q u a l lie a c o u » sa mais li geira do mundo. A D o n z e lla re sp o n d e o : O coraç ão , e pensamento do hom em , que em hu m ins­ tante o põe onde quer , aitida que seja 110 cabo dq mundo. O S a b io lh e p er gu n to u : Q u a l fae a c g fls a .q u e 0 homem mais v ê , e não jjóde ch e g a r a e lla , nem lh e "p Jd e to c a r ? Re spondeo: O g o l , a L u a , e E s t i f e l » Ias. O Sabio lhe p e r g u n t o u : Q u e fa z o S o l de noi­ t e ? R espo n d eo : O S o l não tem n o i t e , an tes sempre uliumeia , ora em h 11 mas partes , ora em o u tras do mundo. O Sabio lhe perguntou^: D iz e -m e , qu em sus­ tem a terra? Respondeo „a D o n z e lfô : Os q u atro E le ­ mentos , como Deo s 0 tem* ordanado. O Sab io lhe p e r ; gu in o u : D iz e -m e , que cousa he a n o ite ? R e s p o n d e o : Descanço dos qu e trabalhão , e eiico b rid o ra dos mal­ feitores. O Sabio. lhe p e r g u n t o u : D ize-m e , q u ae s'sãtf os qu e n a s c e r ã o , e não morrerão até o fim do m u n ­ d o ? R e s p o n d e o : E líp s

,

e E n o £ , "que fg r ã o le v ad o s em corpo , e alma ao P arái^o T è r r e a í", e estão a líi atfí qne Venha o- ante-Chrisce , .então sah irã o a p ffig a r centra elle. O Sabio lhe p e r g u n t o u : Q u al fo i o p rim e iro F.ei ? Respondeo a D o n z e lla : M em b ro t. O S a b io lhe per» gu ntoti: Q ual fo i a primeira C id ad e do M u n d o ?• Res­ pondeo a D o n za lla a C idad e d e N e n íV e . P e rg u n to u lhe Sabio : D i z e - m e , qual foi 0 que an dou neste m u n d o em dois ventres v Respondeo : jo n as P r o fe t a , q u e a n d o u no ventre de sua m a s , e no v e n tre fia B a le ia tres dias , e fies iisíte s, O Sabio lhe p e rg u n to u : Dize-m e , q u a l 0 maw r conquistad or do inuodo ® que em anenos teiiípsj ganhasse ii^ais terraÂ? A D o n ze lla lh e respon-* üeo : iilexaisd re , qu e em o nze annos g an h o u , e coü- -m iítou todo 0 ra n n d o , e quando m orreu tin h a

(23)

renra *s sei? anrtcs. P e r g u n t o u - lh e o Sabio : Q na! foi c neste mundo cito m aio r sentença : Re spondeo a Donzella-: P i la r o s , que niancieu ii.aiar

a

nosso R e ­ d em p to r ]esu Chii-sto , que he v e id a d e ir o D e o s , e v erd adeiro Homem , q « e sabia eia sem culpa, O S a ­ bio lh e p e r g u n t o u : D ize-m e qual fo i o melhor l u ­ t a d o r , que íio mundo h o u v e " R e^ pc nd to a Donz.eí- la » F a i o P a tr ia rc a Jaeob , que lutou toda a noite (|oín o A n jo , P er gu n to u o Sabio , d i z e - m e : Qual fo i a p iiti.eiia j u e a n do u pelo mar ? Rtyspon-deo a D e n y c l i a : A A r c a ,de Noé. P ergu n to u -lh e O S a b i o , diz.e m e ^ Qual he o homem rie mais comt:ri- da bond ade , R es p o n d eo a D o n z e lla : O que r e ­ prim e a sua ira ; e v e n t e a sua vontade. P e r g u n t o u - l he o Sabio : D jy .e -m e, qual’ he a c o u s a , que he niaís en dev íd a ao en e u;'o dc-vi- nau a : Respon deo a D onzeí* i a : O que c^escol-1e o sêu segredo a c u t i o homem , ou mulher. O Sabio lhe p ergu n to u : D ize-m e , qua!. foi o homem mais rijo no n:ando ? Respondeo a D o n - zelia : E m forças Samsão , e H a ito i em armas. O S a ­ bio lhe ;<eiguinou' : Dize-fiie , porque pessoa h o u v e uyjís mortes ? Â D o n ze lla -respondeo : peia Rainha E l e na , sobre T roia.

0

Sabio íh ç p e r g u n t o u : Dize- m e : onde foi o melhor a ju n tam en to de g e n t e do m u n ­ do ? A D o n ze lla respondeo ; E m T ro ia , que v t e i S o ge nte s de todo o nsundo , huns p p a destruir , e outros pa ra g u a r n e c e i . O Sabio p e r ^ u n í o u : D i z e - m e , quats ■são as melhores c o u s a s , ene o homem pó de rer com. sige ? A D o n z e lla respondeo : A v aid ad e , e a vengo- nha. O Sabio lhe p e r g u n t q u : D ize -m e , qual he o m s j , aue os homem a b o n e s e m ? A B.onzella re sp sn d eo - A velhice. O Sabio lhe p e r g u n t o u : D ize-m e , qual he a cousa mais a g u d s f, que a n a valh a? Re spondeo , que a língua da mu lher , qu an do está irada, O SgJ^o the p e r g u n t o u : , D i z e - m e , qual lie a cousa mais a r '

(24)

dente c/ue o Fogo? Res pondeo , que o c oração *do lio; mem quando está irado. O S a b io lhe p e r g u n t o u : Dí» z e - m e , qual he a cousa mais do ee q u e o m e l ? Res . pondeo , que a agan an cia. O Sabio lhe p e r g u n t o u : Dize-m e , q u al he a doença ^em reraedio ? R e s p o n , deo a D o n z e lla : A loucura. O- Sabio lh e p e r g u n t o u : D i z e - m e , qual he a cousa mais rija qü e o ferro \ Res - pondeo : A v ir tu de . O Sabio lhe p e r g u n t o u : • D i * a - rae , qual he o raaior dos p r ^ z e re s ? R espo n deo , q u j o v encim ento de seus inimigos. Q Sabio ihe p e r g u n ­ tou : Dize-me , quaes sãg os peiores , e mais pr in- cipaes peccádos ? Respondeo : o n ã £ crerem a S a n ­ ta Fé Catliolica , e desesperar da M iseric ó rd ia de ^Deos. O Sabio lhe p e r g u n t e u : gD i z e me quaes são as consas mais certas , que lev ão as aJonas ao P a r a i M ? Respondeo a D o n z e l l a , que a F é , E s p e r a n ç a , e C a ­ ridade. O Sabio lhe p e r g u n t o u ; d izei-n ys : Q u a l he a •melhor cousa , e a mai or do m u n d o ? Re spondeo.,. que a p a í a v r a , po rque cem ella se póde f a z e r m u ito b e m , e muito mal. O Sa b io lhe p e r g u n t o u : D iz e - m e , qual he c m elh o j dja da sertiana ? A . D o n z e l l a • ihe respondeo : A sexta, feira , .por c in co razões. A

p r i m e i r a , po rque .em o dia san ta da S e x t a fe i r a fe z D e o s 'a o noSso Pai A d ã o : S e g u n d o , p o r q u e em o dia santcf da S e x ta feira veio a I n c a r n a r o F i l h o de Deos ^ e m a V i r g e m S a n t a M a r ia ; e nasceo delia v e r d a d e ! - ^ ' 1 0 D e o s , e H om epr, não como os outros h o m e n s , mas milagrosamente : A terc eir a , porqu e era 0 dia-, santo da S e x t a feira foi baptizado N . S e n h o r Jesu s Cíiristo , pelas mãos de S. João B afttista: A q u a r t a , po rque no^dia sanwf da S e x t a * f e i r a fo i crucif ic ado N . Senho r Jesus Chrísto , e pa deceo M o r t e , *e P a i x ã o p o r .itilvaP ao G s n e f o H u m a n o : A l qu inta , p o r q u e em 0 d i ^ s a n t o da S e x ta feira virá N . Senho r J e s u C h risto , s j u l g a r o s v i v o s , e os m o r to s, e aos bons d a r á g l o

(25)

í ia , e tfos

ti

i*áos pena etern a para sem pre. 0 Sabio llie p e r g u n t o u : D ize in e,q u e condição tem o hom em ? A D o n ze lla resp on d eo : T em em si todas as c o n d i­ ções» e v ir tu d e s , qu e tem todas*as aves , e a n i u a e s , q u e D eos c r e o u , e são a ? que se seguem .

H e b ravo como L e S o , frac o como gallo , ardiloso

•.C fim o

f u r ã o , a le g re como

x i m o ,

caiado como p e ix e , ç u ja « c o m o porco > manso com o pveiha , lig e iro com o e e r v o , astu to com o raposa,, form oso como pav&o , tre­ g a d o r com o lo b o , cas,M com o a b e lh a , Ita ic o m o cava!- l o , apressado como to u r o . escaço como cão , cobarde com o le b r e , triste « o rn o a r a n h a , fa lla d o r como tordo „ lim p o com o cisne , néscio com o a s n o , fe io como o u iU f o , je ju a d o r com o topot, Iiiíuhíosq com o c h in c h e , fal» so -com o serjpe. . . ,

Tz a H istoria , q u e qomo o terceiro S a b io v io as resp ostas, qn e a D o n z e lla dava a indo

'

e cSo c o ii; c e r t a d a s , que ...lhe havia respondido discretam en te a, quanto lhe h a v ia p e rg u n ta d o , disse com sigo , qne nâo cria lícm vesse cousa no m undo , qu e il^e p ergu n casse , a que não desse saiíída. A b ra h S o fe z a re v e r e n c ia a E l-R e i „ e disse a gran d es v o z e s : S en h o r c e rta m e n te que esta D o n z e lla sabe m uito mais quejeit-, desde aq ui vo s digo , qtíe

h e

b astan te pa ra d isp u tar com todos os do in u n d o , e ficar v e n c e d o r a , e qtie V . A lt e z a lh e dev e fa z e r grân d es m ercês , e honras. Q u an d o o . S á b io te v e acabado os argu m en to s d ian te d’ È l * R e i , s e . lev an to u a D o n z e lla com hum ildade , e lh e te z r e ­ f e r e n c i a , e b eijo u -lh e as m ã o s , e o b ed e c e o -lh e <»•

C A P I T U L O V í i .

~I)e

c o m o f o i v e n c id o o te rc e iro

Sqbio- f e i a

D o n z e lla

I h e u d o r a .

(26)

1530 a R e i ; e lhe disse assim ; M u ito e «poderoso S e n h o r , sirva-se V . A lte z a .d e m an dar a este S a b io , que logo se-iB mais dem ora e m vov-a presen ça , e de todos estes S en h o res., e discretos V a r o e s , tire os seus p a n n o s , e m§s

enrr.eguc.

«O u vin do elle a sú p p liç a ,

q p s

a D o n zella lhe f e z , e con h ecen d o a r a z ã o , e ju s ­ tiç a , que para «11.9 tin h a , segu ndo o c o ilt r a t o , q,U£. en tre elles se a ju s t o u , o qu al era firm ado de Srrçbjis a s . p a rtes , m an dou ao S a b io .por sentença , quis lo g o no mesmo in sta n te se üespisse de^todos seus vestidoS , « os en tregasse á Ç onz.ella. V e n d o o Sab io .qng E l - R e i 1 n .a a d a v a -4 q p e era. ju s t iç a , e r a ? J o , lo g o ; p rin cip io u a despir os vestid os com g ra n d e v e r g o n h a , e d eo -o s 4 D o n zella , e ficou d e s p e o sem ro u p a .a lg u m a , era ta l m a n e ira , qu e.n ãoT ^ in ha em todo o s é n c o s p o , se­ não os pann os in terio res^ c o m qu e se c o b ria , por ívão fic ar descom ppsto. Q uan do a- D o n z e lla o v io senj v e s ­ tidos , disse coio alfas v o ze s , p o rq u e E l - R e i , e todos os G avaÜ eiros , e hom ens d i s c r e t o s q u e a lli eg tfttâo a* ouvissem» Q ue tirasse os pannos m e n o r e s , e thos desse , e entregasse»; pois assiri? e s ta v a ajp stad o fia con ­ v e n ç ã o , ^ue se tin h a f e i t o

,

qu ê qitem p erd e sse , h a -' •.via de*.íicsr a ú dian te d ’E l - Ê t i , e de to d os os qtle p re-

.sentes: estavão , .e pedio a E i-R e i lhe m andasse dar os pannos m e n o re s , p o is os tin h a gan had o , se g u n d o o que tin h a aju stad o.

El-Rei

masndo-i lo g o a o S a fc t f

qse

os

tirasse , e o f desse á D o n z e lla , í e b p e n * de ser cas» « g a d o , para que em o u tra .oçoasigo visse com o . f e i a ' agostas., © Saliio respon deo a E l R e i , e á D o n z e lla „ q u e p o r nenlju m modo

o

% i a , inda q u e soubesse que Ç o r is s o p e rd ia a v id a .s p o r quan to não p o d ia fa - .z e r o ra ç lo

sem

e ll e s , po rq u e assim o d ete rm in av a a - sua lei. D isse-lhe a D o n z e lla : R ev e re n d o M e s t r e , eu vos m ostrarei com o podeis fa z e r o ração sem e llís .. e aj£gn çareis o que ju stam en te p erte n d e res de. D eo s „

(27)

‘ S

-J * '

2 7

quaritoTnais ,• que vós tendessem eaza outros , que mui­ to bem podeis mandar v ir . S im ( r e s p o n d e o 0 S a b i o ) D o n z e lla dizeis <^em , mas po rque são tirados nesta pa rt e , e eu fico envergonlm<t) , não os posso mais pô r. E n tã o respondeo a ü o jK re H a desta m a n e i r a : M es- \ tre , tudo -isto he alarga r r a z õ e s , eu vos mostro co- j - - j 3 n o os podereis to rnar a. a l c a n ç a r , e façais oração a

■s D e f j s : * £ por t a n t o , sede se rv ido dem o s dar com bre«

vid ad e. V e n d o o Sabio qne nãtf,tinha nenhum re/isedío ' penão dalios , pôz-se *!e joelhos cjiante delia , e jjSeaan- ' d o -lh è^ aa s mgos , lhas b e i j a i , deitou-se a seús fres , querend o b ei)ar4íios , e p e d i ç d o í h o en carec idam en - te , que não lhe fizesse passar tao graild & verg onfa a di­ a n te d ’ El*Rei , e tS o ’ no.bre§ C a v a l h e ir o s , e*Aiseretos homen s , e grand es senh-orey, como^alli h a v i a , que _;ella queria dar duas mil^rfobraT, para que. lhe não fizessem des pij os pannos ‘ m e n o r e s : a D o n z e lla teve •jgiedade deüe , e com o v ia que já se í e sg a ta v a , cum- •

p rio 0 rogo do Sá b io , e que alcançasse licença d ’ El- R e i„ , pa ra tfie consentisse no ajliste qne se fa z ia . E l - , .. R e ' m an deu a o *Sab io , que^loj>o mandasse a suâ* easa

pô r duas mil d o L r á s , e as eatre gasse á Donze lla. O • Sa Bio assim 0 fe z , dando-ihos l,ogo„ e <El*üei clisse á D o n z e lla , . q u e pedisse , que lh e fa ria todá a m&rce ,■ gn e quizesse. E l la lhe beijou as m ã o s , e p e d io4he*>pQr níÊrcê que a deixasse to rnar co-m 0 seu m erc aao r , é disse: Sen hor venda q u e jd e m ifii se tem fe it o a V . ~ '(Z^Aiteqa , vos peço seja n enhu m a ; f porque te-m- ga sto

com igo quanto tinha , p o is m e m ânrfou en-sintír cx*tu- do qne en s e i , e a ssim como he m á o % ã êsm iih ecl- mento , he 0 agrad ecim en to bom , Mclo q u Q ^ ^ f eu nisto \ m ais que V. •Alter,a , porque issif he na i a com 0 que en sei , e podia bem fa llâ r. Q u an d o El «R ei ouvi«^ isto

á Donv.ella , ceve pezar peia m ercê , que !he d e o , po rque' bem cuidou que fosse s u a , porém conso

▲ 1 *

■ V •

(28)

r-já o lijLvia m aadado, p lb se pôde d esd lzer.«E ntão rogo u ^E l-R ei á D o n z e lla , q u s já qu e tanto s a b ia , que lh e declarasse certas duvidas ,* qsie j^ iilia , pois disso teria gran d e go sto , l l f oor.deo-lhe a D o n z e lla , qu e d issesse Su a A l t e z a tiid ò lW tii(o q u i z é s s a q j i * ella .lh e -' responderia com m uito boa, vo n tad e,,

Referem-se. as perguntas que El-R ei Alm ançor*£eg,m *» * -

^ , á.fiJanqella,

E

^ L -R c i ítie peTgnntou j _ D o n z e ft a , qu e h e’ ^ i tom arc

e

honaeS'. g e n it e n c ia ? A D o n z e lja res* poüdeQi: P e fifc a ^ p e c c tr d o s , e fa z a o lio m e n i est-ar « á ^ jfr a ç a ,íd e - D e o » .f’ a b re as p o rfa s «iu P a ra iz o para, a, aI^ L'

'm a p e c c a d o ra , qae- a n r('^ e ” áv /v ?m :£e cc ad a m o x ta l, e a a in d ign ação

d e j Q é B r

n íJ^ p Senhor.”

E l-R e i lhe p ergu n to u :* D o n z e lla ;, <^ue v ir tu d e 9I- . cattça 0 homem' etn ou-V’ M i d : A D o n z e lla rfispon-»

d e o : As- v irtu d e s q iie 'te m a M issa p a ra a q u e lle s ,, qftg" “ üeVot.ameüt.e a vão o i f v i r s ã o m u itas,, e à tre as qu!ie>

são/ eSVas q u e 'se seg u em . • 4 _

A . p rim eira , q u e ^ p ^ lia %ne Se *011 v@ "M issa , n ã o Iliefal«ará|D m«iitiij)eti(?o neeessariQ. A -se g u n d a , q u ? o s r pecfoados veu<aea lhe seifco 'fètótíado ».. A t e r c e i r a , q u s naqtielle dia. que Oiuvir M issa , e ad o rar ao C o rp o de Je su Oiiris-to-, não pw der.á ésse dia a.jVista- dos oUwK ' A quarta , gtfe ,aqu«lie d ia que o u v ir liÀ s s a , n ão m or-* r e rá dsrWSTté

« u b A * .

A qu ísu a q n e em q u an to est»3f,s

a M i i ’ 1 ! 0 -.n v/íllic-c .á. À s e x t a , qu e qu an to s passos d A , i « r ti',x indo f'O u v ir M issa., tasitos-lhe serão g u a r- / dados jA ja gòt riíjííUe d e Dep& N .* S e n h o r , no d ia da sua m o rte , e no, dia d e-Ju iz o., ê*iste se e n te n d e se disto fo r te rv jd o , e-tfom a graça ,d»ft mesmo S a n lio r. ^ ^ E l - R e i lhe p e rg u n to u : D o n z e lla , q u a l h a de ser

0 mais trabalhoso d i a , qu e ha de k a v e r n o m u n d o ? 28

(29)

f

J Q '

A D lK e lI a - resp o n d eo : O "d ia do Jtiiz o , «jVlftelli ap- g a re c é ra N . S e n h o r' ),esu C h fisto m ui ira á o 'c o m as

Ôesmas C h a g a s ^ i i * íy ç e b e & e m sua S a n ta P áixSò , alli

f

eiíéberáõ os róáos. m t t fit ín iS a ft e n a s

,

e s e n te n ç a s, sem jgu m a p ie d a d e , e serfio ^ S irçad o s no In fe rn o a sof-

p e r

crueis p e n a s , e to rm e n to s, :<para sempre já mais sem fim.

* .« • - Ê i - R e i Ilie p e rg u n to u : D o n z e lla , q u al be o mais

necessário S a c r a m e n to , o sat*

A D o n ze lla resp on d eo : Ttydos são b o l ^ g j j f c i d a liu m ^ g s a r d a em sua reg

m y >

q j|í Deos

V a f

mandou , porqu e em c a d a jiu m delles S ^ p ó d í ^ a k j p o ho m em .1' , Pelo est-ado do Sacram en to do M a t r u J ^ i i ^ s e sustem

o mundo , que se "Ô é ll# não haver;

Re lig ioso , n e n ^ J l e ^ ^ e m A j g v g l l u f f o s . , que jsusten- y . Jt a s s e m o unindo , e a 5 a Á * Ç r é C ã f f f l f i c s : È<ptir ta nto

h a ’«t>om o J V ^ r ii n a n i o , por oncíè vriin a geração aa ^ i n u n d o , que he mui santa or(iep) , por estas cousas*

fcVH-fei- O pr fr a e ir o , po r q ã è Deos u estabeleoeo- rno p r S p i j j i í * d o mundo, t ) s e g u n d f l ^ ^ g ^ j g n i - do Ufgar ojide foi ’ es^jjeleMcio ,>!(« ™ n e o Pa- j a i z o Terreal. E o íetçejto , qu eihouvéT fs ta te

Jacireen-I v í f e r s if c r

.

\

v

to aovo- E o- quarto*, sein jíe c

--Cado , quando o estab eT ed ifiw tp * ‘ O q u i n t o , porque nesta Q rd éínj<

íu ^ io o genero fiiu mano. O s e x S - if p o .i jiwlesu C hristo c<Jfi a V ir g e m / je n ta , * l | | j p ^ ,oavidadqI em as b õ d » . a a r .

. 'que he o casamento,. O setiiiTo^ Sacram entos da Ig re ja . O oitavi delle vem que são o ^ k li bo j s p o r outras ifiuitas « {inras.“^ ín o j;

a ordeia ^jn izerera en tre as oiw rãs^cot! ^ e v e m estinían, estas. Á p r ' n e i r a , que a mullrér qr

(30)

I a

ijne p o A s t í a orcietiou D e o s , e p s s g u n d ô , qne sé-ja de boa0 g era ç ã o , e liih a de bons jj a i s ./ E -o t e r í é i r f , que ella seja boa , e

á e Jà O d f z

| a í^ fie s ta , d is c r e ta , e sãa dos seus m e m b r i > ^ p “p l : í se p u d e r h aver qu eza Lom se ra ; pÓrém1 ^ q u è z a s v g à t M o - s e

, ' j t '

pesdem-se qu an d o o Lom em o não im agin a . N ãoH úr.

j Ê È

de atre a d e r á qualidade, do d o tè, nem á quanjjjdadc%« j ^ mas á xiaalidad# conio ip i.g an h a d o , ou com q u e 'S V íe * .'

OU .05 ’a _ adqWWiBs . n t m aos 'v e r ; poréi Io ma a*®fovindsura •X. íher florecer

da , s este io d ^ ê ^ m a r i d ^ í ^ S e as o utra s c o u s ^ so*V „ bred itas achares n a mulher ,• não traMe. -da fornlciílH.

sra , salvo com o d i t o he. . E unaiido E l-R e i vio tá » r ep en tin am en te ífee h a v i a r e s p o a d i d ^ . üüi c e r t

0

*

8

^ ) W lji i > q u e ® s ® e r e c e d

9

/ a ^ d » t o d o „ R e in o , W jJSH Lnie^de s i t d r vJ e r d j !t?

nou a^-se|H R j d r d o r a ^ lh e m&sí? mais d ez m il doferas de"«5i i r ^ l ; 0e ^lle ç fó se m r a j K r a ' vestid tí. de broctftdo , » i*sa senhor com g r a n d e ítonrà \ j a s s i m -esta discreta D o n z e lla dgó S s e i ^ s e n h o r de i âtu a miséria. Ou-

r ^ k p e

rque l/d ~,tsí tão mal gan had os , .s nrelhere# tao más ,* deshonesras w qtifo 'os fa s S m nSfrr-rer , ne m ' os d é f f a o v í

£sta W m o s u r a n S o ^ o d í r e s 'acl i a r , | o ciue o n d e r e s ^ O mais forrheso da.

m u lh e r lisJ a w o n d a d e ; a a«u»rai£en *

yr

xer h í aiW ondad e; a b o a mu^

a t t w g r a , e a fa z e a l i u i -fe a A u r c po r ^ p e r i e i i c i é ^ a s ^ ^ ^ por tncíKD lo u v a d o W* ■ ido sempre. A m e n .

«S>.

- :

- . . V .

í

3L.

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