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Manuel Antonio Munguia Payés, Universidade de Sorocaba, Brasil

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€CO$, Sorocaba, SP, v. 1, p. 1-66, dezembro 2011

EQUIPE EDITORIAL

Editor responsável

Manuel Antonio Munguia Payés, Universidade de Sorocaba, Brasil

Avaliadores

Marco Antonio Canhada, Universidade de Sorocaba, Brasil Renato Vaz Garcia, Universidade de Sorocaba, Brasil

Sidney Benedito de Oliveira, Universidade de Sorocaba, Brasil

Assessoria Editorial

Vilma Franzoni, Universidade de Sorocaba, Brasil

Capa

Jessica de Almeida Bastida, Universidade de Sorocaba, Brasil

Estagiários

Graziele Hiromi Watanabe, Universidade de Sorocaba, Brasil Rafael Baptista da Costa, Universidade de Sorocaba, Brasil

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€CO$, Sorocaba, SP, v. 1, p. 1-66, dezembro 2011

SUMÁRIO

Apresentação...3 Manuel Antonio Munguia Payés

Artigos

CONCENTRAÇÃO INDUSTRIAL EM SOROCABA...4 Alexandre Cesar Fernandes de Paula; Manuel Antonio Munguia Payés

CONTRIBUIÇÕES DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO PARA AS

EMPRESAS: O E-COMMERCE...21 Aline Beatriz Barros Ribeiro; Juliano Moraes Galle

ESTRATÉGIAS COMPETITIVAS E INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA A

PARTIR DOS ANOS 90...39 Camila de Fatima Nabas; Manuel Antonio Munguia Payés

SPREAD BANCÁRIO ENTRE 2000 A 2009 NO BRASIL...53

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APRESENTAÇÃO

A Revista €co$ nasceu para publicar a produção técnico-científica de alunos de graduação em Ciências Econômicas, ex-alunos e professores da Universidade de Sorocaba. Deseja-se que as ideias e recomendações apresentadas em artigos científicos possam socializar-se e estimular nos nossos alunos, o desenvolvimento de habilidades associadas com a argumentação, comunicação e reflexão, além do gosto pela leitura e pesquisa. A página da Revista €co$ http://periodicos.uniso.br/index.php/ecos permite fazer o download do artigo, esclarece o processo de submissão de novos artigos e a formatação em Diretrizes para Autores.

Trata-se também de uma ação promovida pelo Curso de Ciências Econômicas com o objetivo geral de promover a melhoria da qualidade do ensino. Outras ações, como a alteração da grade curricular e a disponibilidade de um laboratório (www.uniso.br/lcsa) vão na mesma direção.

A nossa meta é conseguir o ISSN - Número Internacional Normalizado para Publicações Seriadas (International Standard Serial Number) já para os próximos números. Antes, porém, é preciso publicar o primeiro número que, acreditamos, auxiliará o debate entre nossos alunos e professores. Neste primeiro número são publicados quatro artigos originários do Trabalho de Conclusão de Curso – TCC de alunos do Curso de Ciências Econômicas e seus professores-orientadores.

O primeiro artigo trata da industrialização do município de Sorocaba-SP e se propõe esclarecer os determinantes do processo de concentração industrial entre os anos de 1991 e 2007. O segundo aborda o comércio eletrônico (e-commerce) e destaca que a sua recente expansão está fortemente apoiada na inovação tecnológica, especialmente associada com investimentos em Tecnologia da Informação. O terceiro artigo foca o setor automobilístico brasileiro e aponta algumas das principais estratégias competitivas adotadas pelas montadoras a partir dos anos 90. Finalmente, o quarto artigo trata do

spread bancário no Brasil e mostra que é o mais alto do mundo, principalmente por

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CONCENTRAÇÃO INDUSTRIAL EM SOROCABA

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Alexandre Cesar Fernandes de Paula* Manuel Antonio Munguia Payés**

*Bacharel em Ciências Econômicas pela Uniso, Sorocaba, SP, Brasil. E-mail: afernan10@gmail.com

** Dr. em Economia, Docente e Coordenador do curso de Economia da Uniso, Sorocaba, SP, Brasil. E-mail: manuel.payes@prof.uniso.br

Recebido em: Fevereiro de 2011 Avaliado em: Agosto de 2011

RESUMO: Este artigo trata da análise dos principais fatores determinantes do processo de concentração industrial no município de Sorocaba entre os anos de 1991 e 2007. O estudo caracteriza-se como bibliográfico e explicativo e conclui que a concentração industrial em Sorocaba se deveu: a) à vocação industrial do município e à proximidade com a capital estadual e outros importantes centros urbanos; b) ao esforço público-privado municipal para atender às exigências dessa indústria; e c) ao processo de desconcentração industrial ocorrido na capital paulista e na sua região metropolitana.

PALAVRAS-CHAVE: Economia regional. Aglomeração industrial. Indústria sorocabana. Interiorização da indústria.

INDUSTRIAL CONCENTRATION IN SOROCABA

ABSTRACT: This report analyses the main determinant factors in the process of industrial concentration in the city of Sorocaba between 1991 and 2007. This study is characterized as bibliographic and explanatory and concludes that Sorocaba‟s industrial concentration occurred due to: a) the industrial deconcentration process that took place in the Capital of the State of São Paulo and its metropolitan region; b) the municipal public-private effort to comprehend the industry requirements; c) the proximity to the Capital of the State; and d) the local vocation as an advantage of the City in relation to other cities also quoted by the industry.

KEY WORDS: Regional economics. Industrial clustering. Sorocaba industry. Industry internalization

1 INTRODUÇÃO

É importante destacar que a concentração industrial no Brasil possuiu do ponto de vista histórico, características negativas, pois criou dois “países” distintos. Esse fenômeno pode ser constatado observando-se os números do PIB e os índices sociais como, por exemplo, o analfabetismo e a mortalidade infantil. Dos anos 1970 em diante, muitos foram os esforços para que a dinâmica econômica brasileira fosse distribuída de maneira mais igualitária entre unidades da federação e regiões do país. Um deles foi o II Plano Nacional de Desenvolvimento (PND), quando o governo direcionou

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investimentos para regiões até então esquecidas. Foi o caso da siderúrgica de Itaqui no Maranhão, da transferência da prospecção de petróleo para a plataforma litorânea do Nordeste e da criação de petroquímicas na Bahia e Rio Grande do Sul (GREMAUD; VASCONCELLOS; TONETO JUNIOR, 2006, p. 415).

Outros fatores também contribuíram para a desconcentração industrial. Entre eles cabe destacar, a valorização do metro quadrado na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), deseconomias de aglomeração na cidade de São Paulo, a Lei de Zoneamento do município no governo Paulo Egídio para tratar dos problemas surgidos pela hiperurbanização, como os níveis de poluição dos recursos naturais (água e ar) e o aumento da remuneração da mão de obra local (CAIADO, 2002, p. 26).

Sorocaba foi uma das opções preferidas por esse movimento migratório das indústrias da capital paulista e de sua região metropolitana. A indústria municipal cresceu nas últimas duas décadas, o que permitiu aumentar a sua participação industrial na RMSP e mesmo no Estado. Segundo dados IMP/SEADE, em 1991, Sorocaba possuía 808 estabelecimentos industriais, passando para 1.317 já em 2008. Esses números representam um aumento de 63%, contra 28% no Estado de São Paulo, 7% na RMSP e -8% no município de São Paulo.

Outro fator que pode ser observado é a renda média do trabalhador sorocabano que saltou de R$1.083,61 (1999) para R$2.117,42 (2008), uma variação de 95%, ao passo que no Estado a renda cresceu 87%, 83% na RMSP e também 87% no município de São Paulo. Por outro lado, entre os anos de 1991 e 2007, a RMSP perdia participação industrial no Estado, mas Sorocaba ganhava participação, assim como outros municípios do interior paulista.

Este artigo trata da análise dos principais fatores determinantes do processo de concentração industrial no município de Sorocaba entre os anos de 1991 e 2007. Para tal foi realizada uma revisão bibliográfica de textos especializados. Além disso, utilizou-se a estatística descritiva no tratamento dos dados.

O artigo está dividido em quatro seções além desta introdução. Na segunda é desenvolvido o referencial conceitual que serviu de base para o desenvolvimento da análise e interpretação dos dados. Na terceira são apresentados os resultados da pesquisa. Na última seção são apresentadas as considerações finais.

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€CO$, Sorocaba, SP, v. 1, p. 1-66, dezembro 2011 2 REFERENCIAL TEÓRICO

A teoria da difusão espacial das inovações, desenvolvida por Hagerstrand (apud SOUZA, 1981, p.7-8), mostra que o progresso técnico acentua as diferenças entre regiões (desenvolvidas e não-desenvolvidas). Quando há progresso técnico (inovação tecnológica) em determinado local, este tende a promover a concentração espacial das indústrias e a diferenciar-se de outro que apresenta menor progresso técnico. Segundo Souza (1981, p.7-8), pesquisas empíricas demonstraram haver dois tipos de difusão: radial geral: que decresce à medida que a distância aumenta e hierárquica: que decresce com a distribuição espacial do tamanho das cidades, combinando economias de escala em um modelo gravitacional com a distribuição classe-dimensão das cidades. Para Souza (1981, p. 8):

A difusão das inovações é máxima no meio urbano, porque a concentração das firmas e das populações cria um ambiente favorável. Se a concentração urbana hierárquica favorece a criação de inovações, uma alta taxa de inovações promove uma posterior concentração espacial. Os modelos de inovação hierárquica complementam o modelo de causação cumulativa do desenvolvimento regional (Myrdal, 1968), mesmo quando inserirem tendências à difusão e à dispersão.

Abordagens sobre a diferenciação entre regiões, pela ótica das causas da concentração, demonstram que há motivos diferentes para tal fato ocorrer. Segundo Suzigan (2001, p. 2) a concentração industrial pode ocorrer ou ser explicada por fatores e fatos determinantes, denominados pelo autor como “categorias analíticas”, elas foram divididas em cinco grupos e não são estritamente econômicas:

(1) História. A mera existência de uma aglomeração industrial num determinado local pode ser resultado de um "acidente histórico". Da mesma forma, a evolução da aglomeração é freqüentemente determinada por processos evolucionários (path dependent), assim como por engajamento (lock in) em trajetórias de sucesso; (2) Pequenos eventos. Tais como inovações comerciais ou tecnológicas, ou novos desenvolvimentos na organização industrial. Esses eventos podem criar uma quebra de tendência na evolução da aglomeração industrial; (3) Instituições. Associações de empresas locais, cooperativas, sindicatos e outras associações de trabalhadores, bem como outros tipos de instituições locais, usualmente têm papel fundamental no desenvolvimento de aglomerações bem sucedidas; (4) Contextos sociais e culturais. Estes contextos geralmente constituem a base para a existência de confiança e de liderança local, que são essenciais para a construção institucional e a cooperação entre os agentes privados e destes com o setor público; e por fim, mas não menos importante, (5) Políticas

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públicas. O apoio do setor público, particularmente, mas não exclusivamente local, é também fundamental para o sucesso de uma aglomeração.

Marshall (1920, p. 24) apresenta as vantagens da concentração industrial como forma de obter ganho de escala de produção. O autor divide as vantagens em internas (às firmas) e externas (às firmas e internas à indústria), e os ganhos de escala, conhecidas como tríade marshalliana, são: a) formação de pólo especializado de trabalho: que cria vantagens tanto para empregador quanto para empregado, pois o primeiro encontra mão de obra especializada quando precisa e o segundo encontra alta empregabilidade e valorização salarial por sua especialização;2 b) encadeamentos fornecedores-usuários: permite que firmas participantes de uma indústria tenham ganhos de economia de escala especializando-se em segmentos do processo de produção; e c) spillovers tecnológicos: troca de informações técnicas e organizacionais para a melhoria de processos e produtos, também chamada de transbordamento de conhecimento.

Para Markusen (2005, p. 59-61) existe um tópico importante esquecido nos últimos anos por estudiosos de economia regional e geografia econômica contemporânea: é o papel dos atores como participantes e responsáveis por mudanças na estrutura da indústria e da produção industrial em termos regionais. A substituição dos atores3 responsáveis por determinadas ações que muitas das vezes redesenham o mapa da produção de determinada região, por processos como os clusters, que generalizam a discussão e até a compreensão dos verdadeiros determinantes em uma análise econômica, distancia os cientistas muitas das vezes dos verdadeiros resultados. Embora a concentração industrial seja abordada pela economia regional e esta se aproxime mais de uma abordagem macroeconômica, ignorar os atores, pelo simples fato destes serem da microeconomia, é um erro que não se pode cometer em um trabalho científico. Markusen (2005, p. 72) inclui como atores o Estado, as corporações e as organizações não-governamentais como os sindicatos, interagindo nas causalidades do processo produtivo e dos arranjos econômicos.

Já para Perroux (apud CIMA; AMORIN, 2007, p. 80), os pólos de desenvolvimento são uma agregação de indústrias propulsoras que geram efeitos de

2

Para Porter (1993) é um equívoco considerar que com o desenvolvimento de modernas tecnologias de transporte e comunicação e com a redução das barreiras reguladoras do comércio entre os países que a localização dos empreendimentos tenha perdido sua relevância.

3 Por exemplo, grandes empresas que possuem poder de atração e que assim formam pequenos complexos industriais.

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difusão que se irradiam para a região ao seu entorno. Essa difusão estende-se a outras indústrias e assim aumenta-se o produto, o emprego e a tecnologia. A cidade para Perroux é:

Centro de crescimento: quando há uma ação multiplicadora entre o investimento realizado na cidade e a renda, o emprego, o crescimento demográfico, o progresso tecnológico, etc.; Centro de atração: quando um pólo de desenvolvimento cresce sobre a densidade demográfica da região de entorno; Centro de difusão: quando o investimento realizado na cidade eleva a densidade demográfica da região periférica.

3 ANÁLISE EMPÍRICA

Concentração Industrial

Segundo Lemos (2000, p. 22), as indústrias tradicionais partiram rumo às novas localidades buscando menor custo de mão de obra e valor do solo, já a nova indústria4 buscou expandir suas fronteiras para regiões que possuíam vantagens de escala do processo de urbanização, como a oferta de serviços produtivos (sistema financeiro, logística de comércio internacional, infraestrutura física de comunicações e transporte), mão de obra especializada (sistema educacional e de saúde desenvolvido) e demanda de consumidores finais.

O fato de Sorocaba estar apenas a 100 km das regiões metropolitanas de São Paulo e Campinas, bem interligada com o interior paulista e mesmo com a região sul do país, mostra que dispõe de boa localização como consequência de um “acidente histórico”5

. Não houve, salvo recentemente, nenhum planejamento antecipado por parte do Estado em situar o município onde está. O processo de concentração industrial no município é recente, mas a cidade já está estabelecida a mais de 300 anos neste local. Embora casual, a situação geográfica de Sorocaba contribuiu na atração de empresas e essa característica pode ser considerada como um dos fatores determinantes para a concentração industrial, como uma vantagem competitiva do município (PORTER, 1993).

4 A nova indústria compreende os segmentos industriais que possuem dinâmica, tanto na formação continuada da mão de obra quanto na adequação e inovação tecnológica de máquinas e equipamentos CNI (2007).

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Sorocaba: Planejamento Estratégico como Fator Determinante

O passado sorocabano é referência no desenvolvimento industrial brasileiro. Grande produtora de algodão no século XIX, a cidade passou por transformações radicais com a construção da Estrada de Ferro Sorocabana (1870) por Luís Matheus Mailasky, então maior comprador de algodão da região. O período pós-ferrovia foi marcado pelo surgimento da primeira metalúrgica da América Latina, a Real Fábrica de Ferro de São João do Ipanema, pelo desenvolvimento das tecelagens com a Fábrica de Tecido Nossa Senhora da Ponte (1882), Santa Rosália e Votorantim (ambas de 1890), dando surgimento ao parque industrial do município e assim justificando o título de Manchester Paulista (IBGE, 2009).

Quase um século depois, nos anos de 1970, Sorocaba perdeu a sua importância relativa no parque industrial do Estado, para as cidades da região metropolitana de São Paulo (RMSP) e Campinas.6 Mesmo com a criação do distrito industrial, na década de 70 a cidade não se desenvolveu, pois o período não era favorável no país e a cidade apresentava um declínio de sua principal atividade industrial, o setor têxtil. Na década seguinte, a instabilidade macroeconômica como resultado das diversas tentativas de controlar a aguda inflação, o problema da dívida externa e do seu financiamento, entre outras, complicaram o desenvolvimento industrial no país. Porém, a partir da última década do século passado, a cidade começou a despontar como um dos polos mais dinâmicos de desenvolvimento regional no interior do Estado de São Paulo. Vários fatores combinaram-se favoravelmente:

O desenvolvimento não acontece por acaso. Ainda que possa ter alguns componentes espontâneos, a experiência destaca a importância da presença de um agente promotor e do aporte de um conjunto de ações planejadas, públicas e privadas, que precisam ser acionadas pela própria localidade, induzindo os atores econômicos próprios ou externos a promovê-lo (BACIC, 2003, p. 2).

Essas ações planejadas devem promover a qualidade de vida dos munícipes e da saúde socioeconômica e ambiental do município, através do apoio às micro e pequenas

6 Campinas ganhou destaque no desenvolvimento do interior paulista em grande medida como consequência da instalação do Aeroporto Internacional de Viracopos que, embora inaugurado nos anos 1930, passou a ser utilizado em volume a partir da década de 50 do século passado. Disponível em: http://www.infraero.gov.br.

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empresas, ao surgimento de ações associativistas (ONGs, Cooperativas, etc.), da promoção do encadeamento fornecedores-usuários e de instituições de apoio à atividade produtiva. De acordo com Bacic (2003, p. 2) “este conjunto de ações possibilita o aumento da densidade das relações econômicas, a oxigenação do tecido produtivo pelas ações empreendedoras e o estreitamento dos laços comunitários”.

O planejamento estratégico, segundo Bacic (2003, p. 2), é a melhor ferramenta para agregar as ações planejadas de desenvolvimento, seja ele no setor público ou privado. Quando tratamos do setor público algumas considerações devem ser feitas para o planejamento estratégico (BACIC, 2003, p. 2). A primeira é a política: o processo terá maior característica política do que técnica, já que se trata da administração pública e a articulação dos conselhos municipais para o direcionamento das ações mostra-se fundamental. A segunda é a liderança: o prefeito e seu papel de líder como vetor das ações estratégicas, para que haja sempre um foco bem definido. A terceira refere-se à importância de se considerar o longo prazo: o planejamento estratégico deve conter um plano de longo prazo, pois só assim é possível realizar ações sólidas, levando-se em conta outro fator importante, que é o conhecimento de causa. “O resgate do conceito de „vocação local‟ [...] fundamental para formular o plano e o conjunto de ações necessárias [...]”. Nos dias atuais deve-se também valorizar o desenvolvimento socioambiental como quarta consideração: o resultado das ações deve ser em benefício da melhoria da qualidade de vida local. A quinta e última, para que o planejamento saia do papel sem sair do comando, é preciso administração e controle: é fundamental existir um organismo dentro da estrutura municipal para promover, controlar e avaliar os resultados, com a dinâmica necessária para corrigir possíveis falhas e redirecionar os objetivos durante a execução das ações.

O planejamento estratégico pode ser considerado como um fator determinante para a concentração industrial em Sorocaba nas últimas duas décadas. Diversos indicadores em relação a outros municípios e mesmo à RMSP mostram a expansão de Sorocaba.

As tabelas 1 e 2 mostram que desde o início da série em 1999, o PIB municipal sorocabano tem crescido acima da média estadual e da RMSP. A variação percentual do PIB do município, na série histórica (1999-2007) foi de 160%, enquanto a do Estado foi de 136% e da RMSP de 127%. Se analisadas as variações percentuais dos PIBs municipais das doze cidades mais representativas no PIB estadual, Sorocaba tem a sexta

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maior variação, ficando na frente de São Bernardo do Campo, Campinas, Guarulhos, São Paulo, Santo André e São José dos Campos. Esses dados indicam uma expansão maior do município de Sorocaba em relação ao Estado e de importantes cidades paulistas.

Tabela 1 – PIB Total (em milhões de reais)

Localidade 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 Estado de São Paulo 383.250 424.161 463.478 511.736 579.847 643.487 726.984 802.655 902.784 RM de São Paulo 224.404 243.190 268.262 284.906 322.731 357.015 411.164 450.703 509.499 São Paulo 150.947 160.286 177.992 187.953 209.555 225.170 261.456 282.892 319.995 Guarulhos 12.077 13.294 13.730 14.556 15.574 18.364 22.021 25.698 27.447 Campinas 11.362 12.534 12.722 14.901 16.092 18.245 22.643 23.630 27.160 S. B. do Campo 9.878 11.060 12.569 13.185 15.836 17.899 18.329 20.567 25.534 Barueri 9.032 10.066 10.809 11.849 13.708 17.102 21.736 25.570 25.479 Osasco 7.888 8.678 10.155 10.484 12.722 14.558 16.875 17.799 24.688 Santos 4.801 4.605 5.059 9.118 9.170 10.227 14.772 16.141 19.705 S. J. dos Campos 10.310 13.572 13.792 14.234 13.703 17.338 16.527 15.522 17.965 Jundiaí 4.799 5.051 5.577 6.587 7.606 9.559 9.982 11.314 13.961 Santo André 6.762 7.441 8.062 8.308 10.031 11.423 11.272 11.674 13.387 Ribeirão Preto 4.933 5.530 5.970 6.715 7.897 8.671 10.077 11.327 12.969 Sorocaba 4.620 5.687 5.847 5.936 6.907 8.003 9.244 10.162 11.992 Demais Municípios 145.840 166.357 181.195 207.911 241.047 266.928 292.051 330.358 362.503

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Tabela 2 – Variação percentual do PIB (entre 1999 e 2007)

Região Variação %

Estado de São Paulo 136%

RM de São Paulo 127% 1 Santos 310% 2 Osasco 213% 3 Jundiaí 191% 4 Barueri 182% 5 Ribeirão Preto 163% 6 Sorocaba 160%

7 São Bernardo do Campo 158%

8 Campinas 139%

9 Guarulhos 127%

10 São Paulo 112%

11 Santo André 98%

12 São José dos Campos 74%

Fonte: Fundação Seade. Informações dos Municípios Paulistas. Série Histórica (1999 - 2007).

A indústria sorocabana foi decisiva nesse resultado, aumentando também a sua participação no valor adicionado industrial do Estado de São Paulo. No período entre 1999 e 2007 o valor adicionado da indústria aumentou 184%, sendo a terceira maior variação percentual, atrás somente de Santos e Ribeirão Preto, das doze principais cidades do Estado. O valor adicionado passou de R$1.228 milhões de reais (1,25% do total estadual) em 1999 para R$3.486 milhões (1,55%) em 2007 (tabela 3).

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Tabela 3 – Valor adicionado da indústria (em milhões de reais)

Localidade 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 Estado de São Paulo 98.448 113.036 117.405 129.656 154.465 181.998 193.955 203.306 225.125 RM de São Paulo 52.962 59.234 62.007 64.940 76.317 90.603 98.353 100.023 110.580 São Paulo 32.067 35.358 36.310 37.402 43.205 49.708 53.402 54.345 59.081 S. B. do Campo 3.351 3.745 4.224 4.206 5.104 6.332 6.470 7.273 9.020 S. J. dos Campos 4.476 6.512 6.699 6.902 6.462 8.691 7.735 6.581 7.969 Guarulhos 3.485 3.941 4.271 4.435 4.965 6.436 7.768 6.884 7.357 Campinas 2.395 2.803 2.683 2.705 3.555 4.196 4.945 4.686 5.328 Santo André 2.223 2.302 2.589 2.696 3.558 4.129 3.764 3.623 4.489 Jundiaí 1.569 1.617 1.802 2.108 2.394 2.877 3.120 3.342 4.188 Barueri 1.991 2.145 2.313 2.321 2.662 3.593 4.230 3.357 3.894 Sorocaba 1.229 1.568 1.598 1.562 2.029 2.424 2.686 2.870 3.486 Santos 819 707 602 1.056 1.582 1.726 1.702 2.085 2.925 Osasco 1.078 1.237 1.232 1.352 1.666 1.850 2.135 2.185 2.389 Ribeirão Preto 650 733 772 928 1.224 1.535 1.687 1.912 2.073 Demais Municípios 43.116 50.370 52.311 61.981 76.059 88.502 94.311 104.162 112.926

Fonte: Fundação Seade. Informações dos Municípios Paulistas. Série Histórica (1999 - 2007).

Manchester Paulista: Uma vocação

A recente expansão industrial de Sorocaba fundamentada no ramo metalmecânico deve-se, em grande medida, ao planejamento estratégico formulado pelo setor público que aproveitou e impulsionou a vocação industrial do munícipio, uma herança econômica-social. Com efeito, Sorocaba foi conhecida no passado como a “Manchester paulista”7

e mesmo com o declínio da indústria têxtil nos anos 1970, sua estrutura produtiva se manteve, tanto a física quanto a mão de obra com considerável qualificação. Embora hoje não existam mais as mesmas instalações que existiam no começo do século passado, a criação do distrito industrial na região do bairro do Éden,

7 Título dado pelo engenheiro Alfredo Maia em 1904 em alusão às semelhanças com a cidade inglesa em visita a Sorocaba para inauguração de uma hidrelétrica.

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deve-se a esse passado teceleiro. Esta vocação “manchesteriana” pode ser considerada como outro fator determinante, como vantagem competitiva que, juntamente com o planejamento municipal, impulsionaram a industrialização, ganhando, inclusive, de outros municípios, a disputa pela vinda de novos investimentos.

Pode-se entender como herança econômica-social toda a estrutura urbano-social que a cidade desenvolveu no século XX, como a sua estrutura de serviços (bancos, hotéis, telecomunicações, entre outros) e sua estrutura de formação profissional, seja esta acadêmica ou profissionalizante. Essa herança fortaleceu a vocação industrial do município que apresenta também um caráter cultural, em termos de empreendedor. É verdade que qualquer plano de investimento, quer na agricultura, indústria ou ainda em serviços, requer uma análise prévia de mercado. Todavia, também é necessário que o próprio investidor acredite que está agindo certo, que acredite no futuro da cidade e região. Este ponto é muitas vezes determinante na decisão de investimento.

À medida que o planejamento municipal impulsiona a vocação industrial de Sorocaba e que cresce a economia nacional, vai emergindo uma nova indústria no município, diversificada, porém, com significativo peso do setor metalmecânico, enquanto que a indústria têxtil seguia um modelo de fabricação pouco moderno. Essa nova indústria inclui empresas fornecedores das montadoras de veículos que, como é sabido, são as que mais diversificam competências e as que mais introduzem inovações tecnológicas no Brasil (CASTRO, 1993, p. 3).

Alguns investimentos públicos e privados deram apoio a essa nova ordem como a instalação da Estação Aduaneira do Interior (Aurora Eadi),8 chamada de porto seco. Atualmente está sendo instalado um parque tecnológico na cidade, que será inaugurado com a vinda de uma grande montadora transnacional de veículos. É claro, por outro lado, que a industrialização promove o crescimento das importações.

A tabela 4 mostra as importações do estado de São Paulo, sua região metropolitana e seus principais municípios entre 2004 e 2008. Note-se que, nesse período, as importações de Sorocaba cresceram 311%, contra apenas 134% na RMSP e 144% no Estado. Os dados deixam claro que, entre os maiores municípios do Estado, apenas Jundiaí teve desempenho superior ao de Sorocaba.

8 Complexo aduaneiro com 20 mil metros quadrados possui ainda, área de condomínio industrial, sistema de informação integrado e carteira de mais de 500 empresas de Sorocaba e região.

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Tabela 4 – Valor das Importações (em milhões de US$ FOB)

Localidade 2004 2005 2006 2007 2008 Δ% Estado de São Paulo 27.171 30.588 37.059 48.621 66.383 144% RM de São Paulo 11.092 13.058 15.285 19.413 26.007 134% São Paulo 4.515 5.471 6.486 8.262 11.175 148% S. J. dos Campos 2.977 2.597 2.918 3.824 4.861 63% S. B. do Campo 1.376 1.752 1.829 2.167 2.744 99% Campinas 1.233 1.355 1.365 1.582 2.526 105% Guarulhos 1.095 1.202 1.529 1.740 2.375 117% Sorocaba 564 792 1.188 1.428 2.320 311% Barueri 876 1.106 1.452 1.474 1.985 127% Jundiaí 260 339 372 821 1.450 459% Santos 325 282 481 643 964 196% Santo André 465 479 485 605 845 82% Osasco 243 295 294 476 655 170% Ribeirão Preto 85 54 52 73 114 34%

Fonte: Fundação Seade. Informações dos Municípios Paulistas. Série Histórica (2004 - 2008).

Todavia, não foram apenas as importações que cresceram. As exportações também apresentaram trajetória de expansão. Com efeito, a tabela 5 mostra que Sorocaba exportou em 2003 pouco mais do que R$356 milhões de dólares saltando em 2008 para R$1,8 bilhões de dólares e se transformando nesse último ano no sexto maior exportador do Estado. Entretanto, observando-se a taxa de crescimento no período, Sorocaba teve a maior taxa de expansão (405%) entre os principais municípios do Estado (tabela 6).

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Tabela 5 – Valor das exportações (em milhões de US$ FOB)

Localidade 2003 2004 2005 2006 2007 2008 Estado de São Paulo 26.937 34.427 41.398 50.328 56.211 65.001 RM de São Paulo 10.829 13.330 14.975 18.422 19.169 23.475 São Paulo 4.809 5.876 5.613 7.257 7.229 9.967 S. J. dos Campos 3.082 4.725 4.911 4.913 6.164 6.966 S. B. do Campo 2.050 2.790 3.674 4.506 4.291 4.641 Santos 1.428 1.682 2.379 3.048 3.176 3.905 Guarulhos 1.053 1.299 1.607 1.859 2.028 2.707 Sorocaba 356 486 810 1.065 1.360 1.800 Campinas 666 841 1.182 1.467 1.291 1.238 Santo André 508 484 541 699 769 772 Jundiaí 185 260 367 416 496 643 Barueri 201 409 547 616 630 525 Ribeirão Preto 112 168 220 397 312 262 Osasco 86 134 162 261 286 213

Fonte: Fundação Seade. Informações dos Municípios Paulistas. Série Histórica (2003 - 2008).

Tabela 6 – Variação das exportações entre 2003 e 2008

Região Variação %

Estado de São Paulo 141%

RM de São Paulo 117% 1 Sorocaba 405% 2 Jundiaí 247% 3 Santos 174% 4 Barueri 161% 5 Guarulhos 157% 6 Osasco 149% 7 Ribeirão Preto 134% 8 S. B. do Campo 126% 9 S. J. dos Campos 126% 10 São Paulo 107% 11 Campinas 86% 12 Santo André 52%

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Cumpre destacar que a industrialização municipal cresce em ritmo superior à média estadual, acompanhou-se da melhoria da qualidade de vida da população sorocabana. Um bom indicador é o índice paulista de responsabilidade social (IPRS). Repare na tabela 7 que o IPRS de Sorocaba encontra-se alocado no grupo 1 (a melhor classificação) desde a criação do índice em 2002. Dos doze municípios com maior participação no PIB estadual, apenas seis sempre estiveram no grupo 1 e quatro deles em 2008 ainda estavam no grupo 2. O determinante para estar no grupo 2 é ter elevado o nível de riqueza municipal, mas não muito os indicadores sociais (tabela 8).

Tabela 7 – Índice Paulista de Responsabilidade Social (IPRS)

Localidade 2002 2004 2006 2008

Estado de São

Paulo NA NA NA NA

RM de São

Paulo NA NA NA NA

S. B. do Campo Grupo 1 Grupo 1 Grupo 1 Grupo 1

São Paulo Grupo 1 Grupo 1 Grupo 1 Grupo 1

S. J. dos

Campos Grupo 1 Grupo 1 Grupo 1 Grupo 1

Sorocaba Grupo 1 Grupo 1 Grupo 1 Grupo 1

Jundiaí Grupo 1 Grupo 1 Grupo 1 Grupo 1

Ribeirão Preto Grupo 1 Grupo 1 Grupo 1 Grupo 1

Barueri Grupo 2 Grupo 1 Grupo 1 Grupo 1

Santo André Grupo 2 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 1

Santos Grupo 2 Grupo 2 Grupo 1 Grupo 2

Campinas Grupo 1 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 2

Guarulhos Grupo 2 Grupo 2 Grupo 2 Grupo 2

Osasco Grupo 2 Grupo 2 Grupo 2 Grupo 2

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Tabela 8 – Classificação dos municípios do Estado de São Paulo em grupos com características distintas de riqueza, longevidade e escolaridade

Riqueza Municipal Longevidade

Escolaridade Baixa: até 59 Média: 60 a 69 Alta: 70 e mais

Baixa - escore até 49

Baixa: até 59 5 4 4 Média: 60 a 69 4 3 3 Alta: 70 e mais 4 3 3 Alta - escore de 50 e mais Baixa até 59 2 2 1 Média: 60 a 69 2 1 1 Alta: 70 e mais 1 1 1

Fonte: Fórum Século 21. Anexo Metodológico.

Interiorização da Indústria Paulista

É importante destacar que a industrialização de Sorocaba ocorria num momento histórico particular: as indústrias estavam buscando uma nova estrutura de concentração, em menor escala do que antes, mas com as vantagens necessárias para a manutenção da dinâmica que lhes era exigida.

Interiorizar a indústria não foi uma escolha e sim uma saída para que as organizações se fortalecessem no embate sindical, através do desmembramento regional das organizações representativas dos trabalhadores (CAIADO, 2002, p.26)9. Também outra força de expulsão da indústria foi o esgotamento urbano do modelo paulistano de industrialização que passou a apresentar conflitos entre a área industrial e a área urbana, o que valorizou em demasia o metro quadrado e gerou problemas estruturais de transporte urbano, saneamento básico (dejetos tanto industriais quanto residenciais),

9

Segundo Caiado (2002), entende-se por deseconomias de aglomeração, um conjunto de variáveis entre as quais se destacam maiores custos de transportes, de terrenos, de serviços e de infra-estrutura urbana, incluindo-se outras que provocam alteração na organização da produção e na sua produtividade, como maiores dispêndios de tempo em transporte, ampliação do poder sindical da classe trabalhadora, questões ambientais, como deterioração das condições de vida nos grandes centros urbanos, queda na produtividade do trabalho, etc.

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violência urbana (falta de planejamento urbanístico, aumento de favelas), favorecendo assim essa interiorização.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A recente concentração industrial de Sorocaba decorreu da ação de pelo menos três fatores determinantes. Primeiro, da sua vocação “manchesteriana” configurada na indústria textil. Segundo, do esforço público-privado municipal, particularmente através do planejamento estratégico que aproveitou e reforçou não apenas as vantagens naturais do município, como a sua privilegiada localização geográfica e suas interligações e também a própria vocação industrial de Sorocaba. Finalmente, o momento histórico de desconcentração industrial da região metropolitana de São Paulo.

REFERÊNCIAS

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Unicamp, Campinas, 3-9 nov. 2003, p. 2.

CAIADO, A. S. C. Desconcentração industrial regional no Brasil (1985 - 1998): pausa ou retrocesso? 2002. Tese (Doutorado) – Instituto de Economia, Unicamp, 2002. CASTRO, N. A. Impactos sociais das mudanças tecnológicas: organização industrial e mercado de trabalho. São Paulo: Escola de Administração de Empresas/Fundação Getúlio Vargas – EAE/FGV, 1993.

CIMA, E. G.; AMORIM, L. S. B. Desenvolvimento regional e organização do espaço: uma análise do desenvolvimento local e regional através do processo de difusão de inovação. Revista da FAE, Curitiba, v. 10, n. 2, p. 73-87, jul./dez., 2007.

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CONTRIBUIÇÕES DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO PARA AS

EMPRESAS: O E-COMMERCE

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Aline Beatriz Barros Ribeiro * Juliano Moraes Galle**

*Bacharel em Ciências Econômicas pela UNISO, Sorocaba, SP, Brasil. Email:

alibeabaribeiro@gmail.com

**Mestre em Economia, professor do curso de Economia da Uniso, Sorocaba, SP, Brasil. Email:

juliano.galle@prof.uniso.br

Recebido em: Fevereiro de 2011 Avaliado em: Agosto de 2011

RESUMO: O presente artigo apresenta um estudo sobre o comércio eletrônico (e-commerce). A análise fundamenta-se em dados secundários consolidados em diversos estudos já publicados. Conclui-se que o comércio eletrônico apresenta uma tendência de crescimento, a partir da superação de barreiras tecnológicas, como o acesso à internet pelos consumidores. Superação também das barreiras culturais, como a não necessidade de se ver fisicamente os produtos antes de comprar. Por último, avanços organizacionais e estruturais, como o investimento em TI pelas empresas e segurança nas transações. Além disso, o investimento em Tecnologia da Informação é imprescindível para o desenvolvimento das empresas.

PALAVRAS-CHAVE: Inovação. Tecnologias da Informação. Comércio eletrônico.

CONTRIBUTIONS OF INFORMATION TECHNOLOGY FOR BUSINESSES: E-COMMERCE- A PARTICULAR CASE

ABSTRACT: This report presents a study about electronic commerce (e-commerce). The analysis is based on secondary data consolidated in several studies that have already been published. It has been concluded that the electronic commerce points-out a tendency of growth, from overcoming technological barriers, such as the internet access by consumers; cultural barrier, such as the necessity of physically seeing what one is willing to buy; organizational and structural, such as investment in IT by the companies and safe transactions. Moreover, the IT investment is indispensable for the companies‟ development.

KEY WORDS: Innovation. Information Technologies. E-commerce.

1 INTRODUÇÃO

Atualmente, a prioridade é o conhecimento, marcado pelo desenvolvimento tecnológico, sobretudo das Tecnologias de Informação (TI), havendo a necessidade de compreensão da transição da era industrial para a era do conhecimento que, apresenta

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indefinições e incertezas que se configuram como desafios e oportunidades para países, setores, regiões, instituições e indivíduos, implicando na identificação das características desse tempo que, podem ser mais duradouras, distinguindo os novos espaços que podem ser aproveitados para gerar desenvolvimento.

Esse contexto obriga as empresas a terem a inovação como condição fundamental de sobrevivência, caracterizando a nova economia como “economia de inovação perpétua”, promovendo uma competitividade dinâmica e sustentável.

Nesse artigo, objetiva-se apresentar um estudo sobre o crescimento das empresas que utilizam o comércio eletrônico (e-commerce), o qual é inserido nestas a partir da Tecnologia da Informação, procurando demonstrar que o comércio eletrônico vem apresentando uma crescente evolução no país, aquecendo a venda no varejo a partir do crescimento das vendas diretas ao consumidor, com redução de custos operacionais para as empresas e proporcionando um aumento de competitividade.

Partimos do pressuposto de que os investimentos em tecnologias da informação (TI) contribuem para o aumento da efetividade das empresas, entendendo efetividade como sendo “a relação entre os benefícios gerados pelos investimentos nessas tecnologias e a magnitude desses investimentos.” (SANCHEZ, 2006, p. 16).

Este artigo está dividido em duas partes, além desta introdução e das considerações finais. Na primeira, é realizada uma abordagem teórica onde são definidos alguns conceitos como: tecnologia da informação, comércio eletrônico

(e-commerce) e suas correntes. Na segunda, são apresentados os benefícios que as

empresas têm ao fazer uso dessas tecnologias e é realizada uma análise de dados quantitativos do uso da tecnologia da informação em especial o e-commerce

business-to-consumer.

A metodologia adotada nesse artigo será descritiva, uma vez que esse artigo visa apontar o desenvolvimento das empresas em relação ao uso da tecnologia da informação, dando ênfase para o e-commerce e business-to-commerce. Será também explicativa, pois a preocupação central é identificar os fatores que determinam ou que contribuem para o fenômeno estudado. Quanto aos meios da investigação, serão bibliográficos, utilizando materiais já elaborados, principalmente artigos científicos. Os dados serão coletados, a partir de pesquisa bibliográfica, usando dados secundários, que são os que já se encontram disponíveis em órgãos ou entidades públicas e privadas como a e-Bit, empresa que fornece informações de e-commerce. Terá 23 abordagens

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quantitativas, uma vez que os dados serão organizados por tabelas e gráficos, a fim de demonstrar a evolução do comércio eletrônico nas empresas.

Por fim, esse estudo pode contribuir para ampliar a base de dados sobre o tema, possibilitando reflexões acerca da adoção das tecnologias da informação (TI) e seus incrementos para a economia das empresas.

2 NOTAS TEÓRICAS

Definindo Tecnologia da Informação

O termo Tecnologia da Informação pode ser entendido como “um conjunto de

hardware e software que desempenha uma ou mais tarefas de processamento de

informações” (CAMPOS, 1994, p.36), ou como sendo “o meio utilizado para processar, transmitir, manipular, analisar e explorar dados e informações” ”(DOYLE, 1997, apud SANTOS; JESUS, 2005, p.458).

Entretanto, para Keen (1996 apud LAURINDO et al, 2001, p. 160) o conceito de Tecnologia da Informação, é mais abrangente do que os de processamento de dados, sistemas de informação, engenharia de software, informática ou o conjunto de hardware e software, pois também envolve aspectos humanos, administrativos e organizacionais. Sem desconsiderar os demais conceitos, o adotado neste artigo será o apresentado por Keen (1996), tendo em vista que nossa análise pretende relacionar o uso das tecnologias com o desenvolvimento econômico das empresas, “uma vez que nota-se um encantamento pelo uso das Tecnologias da Informação (TI) como mecanismos que viabilizam a chamada “economia globalizada” em especial o commerce e o

e-business.” (LAURINDO, 2001, p.161)

Se por um lado as Tecnologias da Informação (TI) possibilitam novas alternativas para os negócios, por outro, há a necessidade de se verificar a eficácia do seu uso.

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€CO$, Sorocaba, SP, v. 1, p. 1-66, dezembro 2011 A Influência da Tecnologia da Informação

A Tecnologia da Informação pode influenciar o desempenho das empresas como estratégia de aumento da competitividade como, também, em nível operacional, atuar como um agente transformador dos negócios, conforme se pode notar nas diversas contribuições a seguir. De acordo com Albertin (2005, p.2),

[...] a Tecnologia de Informação tem sido considerada como um dos componentes mais importantes do ambiente empresarial atual, sendo que as organizações brasileiras têm utilizado ampla e intensamente esta tecnologia tanto em nível estratégico como operacional. Este nível de utilização oferece grandes oportunidades para as empresas que têm sucesso no aproveitamento dos benefícios oferecidos por este uso. Ao mesmo tempo, ele também oferece o desafio de identificar o nível de contribuição que esta tecnologia oferece aos resultados das empresas.

Segundo Sanches (2006, p. 25),

[...] a utilização da TI pelas organizações é influenciada em grande parte pelo ambiente competitivo em que está inserida. [...] Assim, a organização é um elemento participante que pode alterar suas estratégias, estruturas organizacionais, forma de atuação e capacitação exigida dos indivíduos e os processos organizacionais como resposta ao ambiente competitivo.

A maneira pela qual a organização faz a adoção da TI passa, então, a ser um fator de decisão estratégica imprescindível já que pode influir decisivamente nos resultados da organização.

Esta utilização passa a ter como foco principal, não apenas a infraestrutura tecnológica necessária para a realização de processos e estratégias, mas a efetiva utilização da informação e todo o seu poder de transformação e apoio às práticas empresariais. Conforme Laurindo et al. (2001, p.161),

[...] a tecnologia da informação (TI) evoluiu de uma orientação tradicional de suporte administrativo para um papel estratégico dentro da organização. A visão da tecnologia da informação (TI) como arma estratégica competitiva tem sido discutida e enfatizada, pois não só sustenta as operações de negócios existentes, mas também permite que se viabilizem novas estratégias empresariais.

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Evans & Wurster (1997 apud LAURINDO, 2001, p.168) “analisam o impacto na estratégia de negócios da empresa de novas aplicações da tecnologia da informação TI (notadamente o e-business e e-commerce), implicando muitas vezes em uma radical mudança nos parâmetros de competição.”

Da Internet para o E-Commerce

A internet surgiu a partir de um projeto do governo americano na década de 60, chamado ARPANET, sigla do inglês de Advanced Research Projects Agency Network, era uma rede restrita que tinha o objetivo de conectar as bases militares e os departamentos de pesquisa do governo americano (WERNKE; BORNIA, 2001).

Na década de 70 a rede tinha poucos centros [...], poucos serviços, sendo o e-mail, o serviço mais utilizado [...] ao longo da década de 80, onde diversas instituições dos EUA e de outros países foram se interligando, criando uma grande rede, mas ainda sem cunho comercial. A pressão para que empresas pudessem também participar da rede mundial fez com que no início dos anos 90 fossem abertas para uso comercial [...]. A internet no Brasil teve início em 1991, com o advento da a RNP (Rede Nacional de Pesquisa) que era um sistema acadêmico ligado ao MCT (Ministério de Ciência e Tecnologia) [...] No ano de 1994, a EMBRATEL lançou, de forma experimental, o acesso online, para saber mais sobre ela. Somente em 1995 é que se deu a liberação para o setor privado ter acesso à Internet, para estudar como explorar comercialmente seus benefícios (WAGNER, 2010, p. 2).

Tigre e Dedrick (2003 apud FULLEN 2006, p.10) apontam que “desde que o uso comercial da Internet foi autorizado nos Estados Unidos, em 1995, o comércio eletrônico tem sido apontado como uma inovação radical, capaz de revolucionar mercados e organizações”. Felipini (2004, p. 1) complementa essa breve história afirmando que:

existe uma certa tradição no mundo dos negócios de que tudo o que ocorre nos Estados Unidos, em termos de mercado ocorre no Brasil anos depois. O e-commerce não foge dessa regra. As vendas por meio do e-commerce começaram a deslanchar nos Estados Unidos por volta de 1995 [...] e cinco anos depois no Brasil, foi quando o e-commerce começou a ser levado a sério e diversas lojas virtuais começaram a aparecer no horizonte da Internet.

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O Comércio Eletrônico (CE) “é a realização de toda a cadeia de valor dos processos de negócio num ambiente eletrônico, através da aplicação intensa das tecnologias de comunicação e de informação, atendendo os objetivos de negócio” (ALBERTIN, 1999, p. 65).

Para o SEBRAE, o Comércio eletrônico (e-commerce),

é a automação das transações comerciais por meio das tecnologias de informática e telecomunicações. A parcela mais visível do comércio eletrônico constitui-se do universo de "lojas virtuais" (sites de compras) disponíveis na internet.

O comércio eletrônico também pode ser definido “como a compra e venda de informações, produtos e serviços através de redes de computadores” (KALAKOTA, 1997 apud ALBERTIN, 1998, p. 57). Porém, para coargumentar essa definição Applegate et al. (1996 apud ALBERTIN, 1998, p. 57) constatam que:

o comércio eletrônico envolve muito mais do que apenas comprar e vender, ele inclui todos os tipos de esforços de pré-vendas e pós-vendas, assim como um conjunto de atividades auxiliares, que, por sua vez, incluem novos enfoques para pesquisa de mercado, geração de condução qualificada de vendas, anúncios, compra e distribuição de produtos, suporte a cliente, recrutamento, relações públicas, operações de negócio, administração da produção, distribuição de conhecimento e transações financeiras.

Pode-se considerar que o comércio eletrônico abrange todas as relações entre empresas e consumidores, concretizadas a partir do uso da internet ou de outro meio de comunicação de dados.

Antes de se partir para uma análise mais apurada sobre o comércio eletrônico, é necessário apresentar os conceitos de e-commerce, com especial destaque para o

business-to-consumer (B2C), uma vez que mostraremos o desenvolvimento das

empresas nesse setor, o qual direciona esse estudo. Gomes (2001, p. 4) menciona que,

o comércio eletrônico (e-commerce) designará transações comerciais através da Internet, possuindo um imenso potencial de utilização por parte das empresas. E este potencial pode ser realizado de diversas maneiras, entre as quais se destacam algumas correntes.

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Essas correntes podem ser descritas conforme segue:

Business-to-business (B2B), definido por Albertin (1999, apud GOMES 2001,

p.10) “realizado entre empresas, geralmente envolvendo grandes fluxos financeiros unitários e possuindo pequeno número de pessoas envolvidas, aqui considerada a interação de fornecedores, clientes e parceiros de negócios”

Business-to-consumer (B2C), definido por Alves et al.(2000 apud GOMES,

2001, p. 11):

Realizado entre empresas e clientes varejistas, geralmente envolvendo pequeno fluxo financeiro unitário e possuindo grande número de pessoas envolvidas. Grandes corporações têm marcado presença na Internet através de transações comerciais diretamente com o consumidor, eliminando canais intermediários de vendas.

Business-to-administration (B2A):

Esta parte do comércio eletrônico engloba todas as transações realizadas on-line entre as empresas e a Administração Pública. Esta é uma área que envolve uma grande quantidade e diversidade de serviços, designadamente nas áreas fiscal, da segurança social, do emprego, dos registros, notariado, etc. O B2A, apesar de se encontrar ainda numa fase inicial de desenvolvimento, tende a aumentar rapidamente, nomeadamente com a promoção do comércio eletrônico na Administração Pública e com os mais recentes investimentos no governo eletrônico (e-government) (ANACOM, 2004).

Consumer-to-administration(C2A):

Abrange todas as transações eletrônicas efetuadas entre os indivíduos e a Administração Pública. São várias as áreas de aplicação: a segurança social (através da divulgação de informação e realização de pagamentos), a saúde (marcação de consultas, informação sobre doenças e pagamento de serviços de saúde), a educação (divulgação de informação e formação à distância), impostos (entrega das declarações e pagamentos), etc. (ANACOM, 2004).

Consumer-to-consumer (C2C):

Transação on-line realizada entre pessoas físicas, os negócios C2C são realizados por meio de uma plataforma eletrônica na Internet e intermediados por uma empresa que oferece a infra-estrutura tecnológica e administrativa. Tanto o comprador quanto o vendedor devem estar cadastrados no sistema e podem ser avaliados por todos os membros da comunidade de negócios pela quantidade de transações que já realizaram e pelas notas que receberam em cada transação, numa espécie de ranking dos bons negociadores (FELIPINI, 2006)

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3 BENEFÍCIOS DO COMÉRCIO ELETRÔNICO (E-COMMERCE)

Diversos estudos apontam os benefícios do e-commerce tanto do ponto de vista das empresas quanto do consumidor. Em relação ao e-commerce, temos a contribuição de Porter (1997 apud ALVES et al., 2000, p. 30) “O comércio eletrônico permite que uma empresa ganhe vantagens competitivas ao construir um modelo de concepção de negócio a baixo custo e, ao mesmo tempo, se diferenciar dos seus concorrentes através do relacionamento um a um.”

Albertin (1999, p. 68) enumera algumas estratégias competitivas do comércio eletrônico (e-commerce),

proporciona vantagens de custos; permite a diferenciação de produtos e serviços da empresa no mercado em que atua; possibilita um relacionamento mais estreito com clientes; elimina intermediários ou então os acrescenta, na medida em que contribuam com informações estratégicas para a realização da venda; permitem estratégias inovadoras através do incremento tecnológico.

Raio-X do Faturamento Econômico do (E-Commerce) Business-to-Consumer no Brasil

É de se notar a validade da hipótese de que as empresas que investiram nas tecnologias de informação (TI), em especial o e-commerce business-to-consumer, obtiveram forte crescimento gradual nesses anos, crescimento, esse, explicado por fatores sociais e econômicos como, por exemplo, o e-Bit cita: o aumento do acesso das famílias a redes banda larga, queda do dólar, reduções na taxa Selic, redução do imposto sobre produtos industrializados (IPI), entre outros. Observa-se, porém, que aspectos negativos também podem vir a influenciar no e-commerce e, mesmo inserido nesse cenário, o e-commerce não parou de crescer. Esse é mais um fator que demonstra que a praticidade, comodidade, segurança e a confiança do consumidor são uma tendência para os próximos anos, de acordo com a pesquisa feita pela e-Bit, o índice de satisfação dos consumidores brasileiros com o comércio virtual atingiu 86% no primeiro semestre de 2010.

Para se ter uma magnitude desse cenário, em nove anos, é possível encontrar uma variação no faturamento de mais de 2.400%, uma diferença em bilhões de R$13,76

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nesse mesmo período. É um faturamento grande, tendo em vista o pouco tempo do surgimento do e-commerce (Tabela 1).

Tabela 1 - Faturamento econômico do comércio eletrônico (e-commerce)

business-to-consumer no Brasil.

Ano Faturamento (Bilhões/ R$) Variação (%)

2001 R$ 0,54 - 2002 R$ 0,85 57% 2003 R$ 1,18 39% 2004 R$ 1,75 48% 2005 R$ 2,50 43% 2006 R$ 4,40 76% 2007 R$ 6,30 43% 2008 R$ 8,20 30% 2009 R$ 10,60 33% 2010* R$ 14,30 30% Fonte: e-Bit. *previsão

Outro dado relevante é o valor médio anual gasto em cada compra, chamado de tíquete médio, calculado a partir da razão entre o valor arrecadado com as vendas e o número de vendas no período. Tomando, como parâmetro os últimos dez anos, observa-se uma mudança na preferência do consumidor, que cada vez mais, opta por comprar produtos com maior valor agregado (Gráfico 1).

Restringindo, agora, o período para os últimos três anos e, tendo como base as principais datas comemorativas, uma vez que é notório o crescimento da demanda dos consumidores, nessas épocas, é possível analisar que o consumo nessas datas está em um constante crescimento. O natal se apresenta nesses anos como a data comemorativa

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mais lucrativa no varejo da Web, em 2007 a segunda data mais lucrativa foi o dia dos namorados, já em 2008 o dia das mães, e em 2009 foi o dia das crianças.

Gráfico 1 – Evolução do tíquete médio no período de 2001 a 2010

Fonte: e-Bit. *previsão

Em 2007, o faturamento total dessas datas foi de R$2,13 bilhões, em 2008, R$ 2,6 bilhões e, por fim, em 2009, R$3,35 bilhões, o que significa que nesses anos, a média do faturamento dessas datas representa 31% do faturamento total dos anos, podendo, então, concluir que esses faturamentos nesses períodos são determinantes para o bom andamento do comércio eletrônico (Tabela 2).

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Tabela 2 - Raio-X das datas comemorativas

Período Dia das Mães Dia dos

Namorados Dias dos Pais

Dia das Crianças Natal 2007 R$ 287 mi [R$ 304] (63%) R$ 227 mi [R$ 287] (47%) R$ 265 mi [R$ 266] (23%) R$ 276 mi [R$ 275] (40%) R$ 1081 mi [R$ 308] (55%) 2008 R$ 381 mi [R$ 328] (53%) R$ 324 mi [R$ 319] (43%) R$ 338 mi [R$ 234] (30%) R$ 360 mi [R$ 318] (30%) R$ 1250 mi [R$ 346] (15%) 2009 R$ 440 mi [R$ 328] (15%) R$ 393 mi [R$ 330] (21%) R$ 437 mi [R$ 346] (29%) R$ 450 mi [R$ 339] (25%) R$ 1630 mi [R$ 362] (30%) Fonte: e-Bit. [ ] Tiquete médio ( ) Variação do faturamento

Após analisar os faturamentos totais anuais do comércio-eletrônico

(e-commerce) e também os faturamentos em datas comemorativas, assim como suas

variações e seus tíquetes médios, é necessário conhecer um pouco sobre os produtos que são mais comercializados no comércio eletrônico. A partir de pesquisas feitas pela e-Bit, foi possível construir uma tabela com um ranking dos produtos mais vendidos nos últimos quatro anos (Tabela 3).

Nessa tabela é possível observar que os produtos: livros e assinaturas de revistas e jornais permanecem na liderança, de acordo com os dados da e-Bit, há mais de cinco anos, produtos esses, de baixo custo, e que não oferecem riscos quanto a sua funcionalidade e qualidade. Outro dado a ser ressaltado, de acordo com a mesma fonte, são as mudanças no ranking. Exemplo disso são as vendas da categoria eletrodomésticos que ocupavam em 2008 a quinta posição subindo duas posições um ano depois. Esse crescimento não parou, alcançando a segunda posição do produto mais vendido no primeiro semestre de 2010. Assim como o mercado de varejo tradicional, o comércio eletrônico business-to-consumer, também é afetado pelos benefícios oferecidos pelo governo.

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Tabela 3 - Ranking dos produtos mais vendidos

Posição 2007 2008 2009 1º semestre de 2010 1º Livros e Assinaturas de Revistas e Jornais Livros e Assinaturas de Revistas e Jornais Livros e Assinaturas de Revistas e Jornais Livros e Assinaturas de Revistas e Jornais

2º Informática Saúde, Beleza e

Medicamentos

Saúde, Beleza e

Medicamentos Eletrodomésticos

3º Eletrônicos Informática Eletrodomésticos Saúde, Beleza e

Medicamentos

4º Saúde, Beleza e

Medicamentos Eletrônicos Informática Informática

Telefonia Celular Eletrodomésticos Eletrônicos Eletrônicos Fonte: e-Bit.

Crescimento dos Consumidores Versus Barreiras do E-Commerce

Outra análise importante a ser considerada sobre o e-commerce se refere à relação entre o crescimento dos consumidores e as barreiras relacionadas ao seu uso, conforme aponta Diniz (1999, p. 74):

Considerando o relacionamento empresa-consumidor, dois pontos são fundamentais para a evolução da tecnologia utilizada no comércio eletrônico: a disponibilidade da tecnologia e a sua facilidade de uso. Enquanto a disponibilidade está relacionada com acesso e custo da tecnologia, a sua facilidade de uso está relacionada com a evolução das interfaces de comunicação com os usuários.

Partindo do pressuposto que essas duas variáveis estão em pleno crescimento, voltamos a atenção para a quantidade de internautas efetivos em comparação aos internautas consumidores, uma vez que, para manter um ritmo crescente e acelerado na evolução do faturamento anual do e-commerce, é necessário que o nível de novos consumidores evolua. E esse número também é crescente. Em dez anos, encontramos uma diferença de vinte e dois milhões de consumidores, porém, fazendo uma comparação com a quantidade de internautas no Brasil, em 2009, é observado que ainda

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há muito espaço para crescer, já que 17,6 milhões dos consumidores representam um pouco mais de 25% dos internautas no Brasil, no mesmo ano (Gráfico 2).

Gráfico 2 – A evolução dos consumidores no período de 2001 a 2010

0 5 10 15 20 25 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 * M ilh õ es de co ns um ido re s Fonte: e-Bit. *previsão

É possível notar que a preferência do consumidor, a segurança de fornecer certas informações e a confiabilidade do produto que irá adquirir, são fatores determinantes na decisão do consumidor em efetuar uma compra, por isso, para conquistar essas fatias de consumidores, as empresas, cada vez mais, investem em propaganda e na funcionalidade das lojas virtuais, bem como, em soluções de segurança para o processamento de transações, as quais devem melhorar a confiabilidade, integridade de dados, autenticação, entre outros motivos (Gráfico 3).

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Gráfico 3 – Os motivos que levam os consumidores a não comprarem pela internet

Fonte: Centro de Estudos Sobre as Tecnologias da Informação e da Comunicação.

Outro fator relevante para o e-commerce é a segurança dos sistemas para a efetivação do pagamento. Albertin (1998, p. 62) aponta que:

A segurança dos sistemas on-line tem evoluído muito rapidamente, sendo que novas soluções têm surgido assim que novas estratégias de comércio eletrônico tem sido implementadas. Dessa forma, a maioria dos sistemas de segurança é suficiente para ser utilizada na maioria das transações comerciais, e a evolução da legislação nesse campo, permitirá, progressivamente, o desenvolvimento de melhores sistemas.

Desta forma, após salientar alguns dos motivos que levam o consumidor a não efetuar uma compra pela internet, é preciso apontar outro importante fator determinante para a efetuação de compras pela internet, que seriam as condições de pagamento.

Entre os meios de pagamentos utilizados, nos anos de 2008 e 2009, é notório que o cartão de crédito é o meio mais utilizado nas transações, uma vez que, desta forma, o consumidor obtém vantagem nas condições de parcelamento, com baixas taxas de juros. Em 2008, 61% dos consumidores utilizaram o cartão de crédito, passando para 66%, em 2009, e o boleto bancário tem sido a segundo opção mais utilizada, mantendo uma variação média, nesses dois anos, de 34% (Gráfico 4).

Referências

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