• Nenhum resultado encontrado

A Mente primordial e a Psicanálise de Crianças hoje 1

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "A Mente primordial e a Psicanálise de Crianças hoje 1"

Copied!
17
0
0

Texto

(1)

A Mente primordial e a Psicanálise de Crianças hoje

1

Célia Fix Korvbivcher2

“Um cientista ou um grupo de cientistas começam a estudar um fenômeno empregando teorias, métodos e tecnologias disponíveis em seu campo de trabalho. Pouco a pouco descobrem que os conceitos, os procedimentos não explicam o que estão observando nem levam aos resultados que estão buscando. Encontram, diz Bachelard, um obstáculo epistemológico. Uma nova concepção científica emerge, levando tanto a incorporar nela os conhecimentos anteriores quanto a afastá-los inteiramente” ... Marilena Chauí ( 2000, p.257 )

I

A prática clínica da psicanálise de crianças sempre tem sido um grande desafio, para o psicanalista.

A utilização de um setting específico, caracterizado pelos brinquedos como um meio de comunicação com a criança, a participação dos pais no processo de análise, a participação da escola e de outros profissionais ligados ao caso, são alguns dos fatores que tornam este trabalho bastante particular e diferente do que ocorre na análise de adultos. Na análise de adultos, nosso contato é só o próprio paciente.

Na analise de crianças, o analista muitas vezes é lançado em situações inusitadas, que demandam um estado mental livre de amarras, e certa flexibilidade no uso da técnica, visando acompanhar os movimentos emocionais de seu paciente. Penso que experiências deste tipo são bastante enriquecedoras para o desenvolvimento da identidade do psicanalista e o exercício de sua função.

Devo esclarecer que, embora a psicanálise de crianças e adolescentes contenha todas essas especificidades, considero-a um trabalho equivalente ao trabalho com qualquer outro paciente, seja ele criança, adolescente ou adulto.

Como sabemos, a manifestação de cada paciente, na sessão, expressa o nível de organização mental em que ele está operando naquele momento. Encontramos algumas organizações em que predominam estados mais primitivos, e outras em que predominam estados mais desenvolvidos. È fundamental, a meu ver, que o analista tente identificar o

1

Este trabalho é uma versão modificada do trabalho Mente Primitiva e Pensamento (1999)

2

(2)

nível de desenvolvimento mental em que o paciente se encontra, para poder alcançá-lo. Nem sempre, entretanto, esta discriminação é possível, devido ao impacto que certos estímulos primordiais provocam na mente do analista, o que acaba ocasionando certo distanciamento entre a dupla.

É freqüente, ao iniciarmos uma análise, depararmo-nos com pacientes que apresentam configurações mentais nas quais há uma organização psíquica frágil, um equilíbrio mental mínimo, capaz de garantir apenas a sua sobrevivência.

Pedro, 6 anos, é um menino franzino, acanhado. Apresenta-se para a primeira sessão envolto numa atmosfera mental bastante carregada. Ao ser indagado se sabe por que seus pais o trouxeram para a análise, diz seriamente, após certa hesitação,: “É porque eu não consigo dormir à noite, tenho medo! Eles disseram que você podia me ajudar.” Mais adiante, em meio à investigação a respeito dos seus medos, completa: “Eu tenho medo mesmo dos meus sonhos!”

Mário, 5 anos, é uma criança obesa, cuja aparência, um tanto bizarra, lembra um mega-bebê, pois, além de seu enorme tamanho, apresenta-se de chupeta à boca, da qual não se separa. Freqüentemente, nas sessões, imerge em um clima de agitação intensa. Quando consegue esboçar qualquer ação que indique a possibilidade de investigação, interrompe-a abruptamente e, sem que se possa acompanhar seus movimentos internos, começa a chorar, gritando: “QUERO COMIDA AGORA! ME DÁ, ME DÁ, AGORA!” Grita ainda: QUERO IR EMBORA!

Pedro e Mario, como vemos, apresentam características marcantes da mente primordial, ainda que se observe que o nível de desenvolvimento mental de cada um deles é diferente.

Pedro teme o contato com os produtos de sua mente, seus sonhos, como os denomina. O que significam estes sonhos para Pedro? poderíamos nos indagar.

Pedro não apresenta propriamente sonhos, uma atividade onírica, mas um acúmulo de elementos concretos que ocupam o espaço mental e que, dado o grau de violência envolvido, adquirem um caráter aterrorizante, impedindo-o de dormir, de sonhar e mesmo de permanecer acordado.

A presença de Mário é marcada pela manifestação de angústia intensa, de desespero, da sensação de ameaça de perda da própria existência. O que Mário estaria comunicando, ao solicitar comida com tanta insistência? Possivelmente, estas são vivênciais internas, cujas conexões não se formam ou, quando se formam, desfazem-se rapidamente. A COMIDA solicitada por Mario neste contexto, não parece adquirir um

(3)

caráter simbólico nem conter elementos de representação.

Pedro e Mário manifestam-se em níveis de desenvolvimento mental diferentes. Pedro apresenta fenômenos, embora primitivos, mais desenvolvidos do que Mario. Há representação, na comunicação que expressa seus medos.

Mario manifesta um estado de terror diante da ameaça da perda da própria existência devido a consciência da separação corporal do objeto. Tenta desesperadamente encontrar algo do mundo concreto, “a comida”, que lhe propicie a sensação de certa coesão e assim evitar vivênciais não integradas .de extrema vulnerabilidade.

Neste trabalho, partindo do material clínico de Pedro e Mario, pretendo examinar diferentes níveis de desenvolvimento mental, encontrados em manifestações da mente primordial e destacar especialmente aqueles níveis dominados pelas sensações e que não adquirem representação na mente. Além disso, investigo sobre as ferramentas que a psicanálise, em geral, e a psicanálise de crianças, em particular, atualmente dispõem para trabalhar com essas áreas primordiais da mente. Proponho também a idéia de que o grande desafio para o psicanalista, hoje, seria desenvolver meios para afinar seu instrumental teórico-clínico para o trabalho com essas áreas primordiais.

O psicanalista hoje, a meu ver, se vê constantemente diante de experiências, sejam os seus pacientes neuróticos, psicóticos ou autistas, adultos, adolescentes ou crianças, para as quais não encontra, em seu instrumental teórico-clínico, nem no repertório pessoal, qualquer elemento que represente aquela situação de modo a identificar o fenômeno em curso. O que ocorre, com freqüência, é instalar-se uma atmosfera caótica na sessão, devida à desorganização causada nos sistemas de referência utilizados, dificultando a manutenção do vértice psicanalítico e provocando, assim, um distanciamento do paciente.

Indago como lhe é possível, ao ser exposto a essas áreas primordiais da mente, identificar, reconhecer, dar significado a comunicações para as quais ele mesmo não encontra, em sí, qualquer representação que lhe permita orientar-se, uma vez que as fantasias eventualmente subjacentes não são captadas como elementos psíquicos. Como pode o analista acolher, conter esses fenômenos, exercer a capacidade de révèrie e de função alfa, diante de experiências emocionais para as quais não encontra, em si mesmo, o registro de experiências semelhantes?

(4)

È do conhecimento de todos que para Freud não era possível analisar pacientes psicóticos. Como o próprio Freud diz, “nada podemos a favor dos pacientes psicóticos”. Diz também que “ estes pacientes, estão ocupados narcísicamente com seus próprios pensamentos, negligenciando o mundo externo e o próprio analista”... Freud delineava um campo de fenômenos, os fenômenos da área da psicose para o qual não encontrava um instrumental compatível para operar. Ao realizar posteriormente a analise do Pequeno Hans (19 ) por intermédio do pai de Hans, constrói as teorias sobre a sexualidade infantil, abrindo caminho para os desenvolvimentos de Klein na direção da investigação da mente primitiva.

Klein, posteriormente, propõe a técnica de análise de crianças através do jogo, construindo, teorias ligadas às primeiras ansiedades encontradas no mundo arcaico, ansiedades ainda anteriores às descritas por Freud.

Ela desenvolve (1935) a teoria das posições esquizo-paranóide (PS) e depressiva (PD), sugerindo haver, na atividade mental, uma oscilação constante entre as duas posições. Introduz ainda o conceito de identificação projetiva (1946). Suas descobertas permitem que os benefícios da psicanálise passem a se estender, além de crianças, também para pacientes psicóticos. Klein menciona que podemos identificar “as raízes infantis, no mundo adulto” e trabalhar com essas áreas primitivas. Na analise de crianças, o psicanalista tem maior acesso a essas raízes infantis. È isso, que, a meu ver, torna este trabalho tão estimulante.

Bion analisou-se com Klein. Interessou-se especialmente pelo trabalho com pacientes psicóticos. Formula, (1957) a presença de “partes psicóticas e partes não-psicóticas da personalidade”, focalizando a atenção nas manifestações de estados primitivos da mente. Conceituou as origens da atividade psíquica do pensar e o seu comprometimento e expandiu (1952) o conceito de identificação projetiva, afirmando que além de ser um mecanismo de defesa, é o primeiro modo de comunicação entre a mãe e o bebê. O pensar origina-se dessa comunicação e da relação entre PS PD. Considera o processo de pensar como um desenvolvimento imposto à psique pela pressão dos pensamentos. Diz haver a necessidade de se desenvolver um aparelho para pensar os pensamentos. Introduz o conceito de função alfa, uma função da mente capaz de converter, a partir da capacidade de reverie, os dados sensoriais em elementos alfa. Os elementos alfa fornecem à psique material para pensamentos oníricos, propiciando a capacidade de dormir, de sonhar, de estar consciente ou inconsciente. Os elementos alfa armazenados e transformados constituem o que Bion denominou de barreira de contato

(5)

possibilitando a discriminação entre o consciente e o inconsciente.

O analista desempenha, junto ao paciente, uma atividade mental comparável à atividade de reverie da mãe. Quando a capacidade de reverie da mãe falha, diz Bion, a criança perde o significado do que projetou e reintrojeta um pavor inominável, um terror

sem nome. A força dos elementos beta reunidos tem o poder de provocar fortes emoções

no analista, afetando sua possibilidade de pensamento e sua capacidade analítica.

É importante salientar, entretanto, que a capacidade de reverie da mãe pode falhar, não só pela presença de suas próprias angústias, de seus estados depressivos, mas pela força e intensidade desses estímulos primordiais não integrados, lançados na mente da mãe pelo próprio bebê. Estes estímulos provocam graus de desorganização e perturbação tais, na mãe, que a impedem de operar suas funções de continência e capacidade de transformação. A ilustração clínica de Mário nos permitirá ver mais detalhadamente manifestações desta ordem.

III

Como podemos observar a partir desta breve menção às teorias de Freud, Klein e Bion, á medida que os diferentes fenômenos mentais vão se delineando a partir da prática clínica, vai surgindo a necessidade de que novas teorias sejam construídas e novas ferramentas sejam desenvolvidas para que determinados pacientes sejam alcançados. Penso que este é o caso dos fenômenos da área da psicose em relação ao referencial de Freud. Apenas a partir de Klein e Bion -com a criação de novas teorias e ferramentas abrangendo esta área de fenômenos- que pacientes psicóticos passaram, então, a se submeter à psicanálise.

Após Freud, Klein e Bion, outras contribuições importantes surgiram, na psicanalise, permitindo o acesso do psicanalista à compreensão do funcionamento de áreas ainda anteriores à psicose. Winicott, Esther Bick, Frances Tustin, Donald Meltzer, Anne Alvarez, entre outros, através do trabalho com crianças autistas e com a prática da observação de bebês, se encontraram diante de fenômenos para os quais referenciais usuais da psicanálise não os atingia. Provavelmente eles se viram “estimulados” a desenvolverem novas teorias e novos instrumentos que identificassem e lidassem com toda uma gama de fenômenos pertencentes à mente primordial, a esfera dominada por sensações. Estas novas teorias levaram à ampliação do campo de atuação do psicanalista para além da psicose, na direção de estados mentais ainda anteriores, até então inacessíveis.

(6)

È importante lembrar que a própria Melanie Klein, ao analisar Dick, se defrontou com ansiedades primitivas denominadas consideradas por ela, na ocasião, como pertencendo à área da esquizofrenia. Hoje sabemos, entretanto, que suas descrições relativas àquela criança são próprias das áreas autísticas, sem que ela própria tivesse identificado e delineado este campo claramente. Klein reconhecia em Dick uma parada em seu desenvolvimento fato este que lhe causava certa estranheza, pois para ela na esquizofrenia da infância o mais comum é haver regressão.

Faço a conjectura de que os autores que se dedicaram a investigar esta área de fenômenos dominada pelas sensações se fundamentaram nas idéias de Freud (1923), ao afirmar que: ”o ego, antes de tudo, é um ego corporal, que é a projeção de uma superfície que deriva de sensações que tem sua origem na superfície do corpo”.

Bick, E. (1968, 1986), a partir da observação de bebes, propõe a noção de “pele psíquica” e abre um campo de fenômenos anteriores às PS e PD destacadas por Klein. A noção de “pele psíquica” se relaciona, para Bick, com os rudimentos da noção de eu. A pele psíquica é formada através da introjeção de um objeto decorrente dos contatos iniciais com a mãe. Quando, por algum motivo, a pele psíquica, a pele primária, não se constitui, o indivíduo, diante de angústias de aniquilamento, angustias próprias de estados não integrados, forma o que Bick denomina de “segunda pele” e com ela se protege. A segunda pele lhe propicia a vivência de certa pseudo-independência do objeto, evitando, assim, experiências insuportáveis de estados de não integração.

Dentro deste campo de fenômenos, Frances Tustin (1986), a partir do trabalho com crianças autistas, introduz a área da mente dominada pelas sensações. Na esteira do que Bion denominou de parte psicótica e não psicótica da personalidade, Tustin sugere haver a presença de uma “parte autística da personalidade”. Alguns pacientes, diz ela: mesmo predominantemente neuróticos, apresentam uma parte autistica da personalidade. Para Tustin, o indivíduo, frente à impossibilidade de tolerar a consciência da separação corporal do objeto, gera manobras auto-sensuais por meio das quais entretém a sensação de continuidade com o objeto.

Tustin (1990) afirma: “ que a consciência da separação corporal é o âmago de toda a existência humana e por diversas razões algumas pessoas a experimentam de modo mais drástico do que outras. A maneira como lidarão com esta consciência parece afetar o desenvolvimento de toda a personalidade... Algumas mães e bebês se mantêm num estado de indiferenciação e se nesta circunstância a separação for muito abrupta, o bebê vai sofrer do que denominei de “agonia de consciência” da separação corporal. (Tustin,

(7)

1990 , p.217,218 )

Tustin diz haver uma parte da mente que se recusa a nascer (proto-mente), como se ficasse encapsulada no espaço do corpo da mãe. Há gradações da consciência da separação corporal, e possivelmente a organização de cada psiquismo variará conforme a capacidade de tolerar ser separado. Diz ainda que determinados indivíduos vivenciam a experiência de separação não como a ausência do objeto, mas como se partes do próprio corpo tivessem sido arrancadas, acarretando vivências de aniquilamento, esfacelamento, de buracos internos, “buraco negro”, de vazio, descritas por alguns pacientes.

Nesses estados, o individuo constrói uma “concha protetora”, dentro da qual se refugia e permanece absorto em atividades auto-sensuais, bastando-se a si mesmo, Protege-se, assim, do estado de terror que lhe acarreta vivências não integradas de grande vulnerabilidade. As relações entre “eu” e “não-eu” neste âmbito ocorrem através de “objetos sensações” -“formas autísticas” e “objetos autísticos”- (Tustin, 1980, 1984). Esta é uma manobra utilizada como um modo de tampar o buraco originado pela falta do objeto concreto. Tustin define as formas autísticas como impressões sensoriais deixadas por um objeto quando este toca a superfície da pele. São predominantemente experiências de objetos macios e de substancias corporais que são reconfortantes e calmantes. Os objetos autísticos propiciam experiências sensoriais de dureza e de bordas. Resultam numa vivência sensorial de uma armadura, acarretando um sentimento de proteção contra um pavor inominável.

Meltzer (1975) e Bick,(1968) manifestando-se a este respeito propõem que na esfera autística o contato entre eu e não-eu ocorre pelo que denominam “identificação adesiva”, ou seja, pela adesão de superfícies que se tocam. Não ocorre por identificação projetiva, como em áreas em que está presente a noção da separação entre eu e objeto, possibilitando haver projeção. Tustin, posteriormente, sugere substituir o termo “identificação adesiva” por “equação adesiva”. Como na área autística, segundo Tustin, não há noção de separação entre self e objeto não há a possibilidade de haver identificação. Há, sim, segundo ela uma equação, ou seja, o self transforma-se no próprio objeto.

IV

Apresento, neste ponto, fragmentos de sessões de Pedro e de Mário, com o intuito de enriquecer a discussão.

(8)

A sessão de Pedro que relatarei ocorreu três semanas após o nosso primeiro encontro, mencionado anteriormente. Está com a mãe, na sala de espera. Acompanha-me prontaAcompanha-mente, senta-se à Acompanha-mesa, quietinho, e continua a atividade de desenhos seguidos de histórias, como vinha fazendo nas sessões anteriores.

Desenha um rei com um cetro; em seguida, uma cadeira e uma almofada. Vai dando informações timidamente, à medida que me interesso pelo que está fazendo. Desenha ao lado um soldado, cuja proporção é o dobro do rei.

Diz: Estão conversando. Parece pouco estimulado para o contato. Circunda o que havia feito, acrescenta o desenho de um palácio e agora, animadamente, diz: O rei fala

para o soldado consertar a goteira. O cano estourou e tem goteira. Desenha vários pingos

em azul, referindo-se à água.

Digo-lhe: Você desenhou um rei-Pedro e um soldado-Célia; acho que o rei-Pedro quer que o soldado-Célia conserte a goteira, ou seja, todos os pensamentos que a sua cabecinha não pode segurar e que acabam saindo dela.

Ri e diz que pensou que não ia sair história, mas saiu. (Temos nos relacionado, desde a primeira sessão, através de desenhos e histórias). É a história dos pensamentos

que saem e não me deixam dormir. Mas eu dormi esta noite. A mamãe me deu um “calmante” na cama. O papai estava trabalhando e ela me contou história . (Referindo-se

ao calmante).Este período não é bem claro)

Continua desenhando pingos e diz que é uma goteira de ouro. Acrescenta, acima do rei, um capacete de soldado e um baú; comenta que o baú está fechado. Ri ironicamente, com certo ar de sarcasmo...e diz: Já sei, você vai dizer que meus

pensamentos estão fechados no baú e não querem sair.

Digo-lhe: Ah! Você aprendeu como conversar comigo?

Vira a página, faz a caricatura de um cachorro e diz, com ar matreiro: Agora sim,

tem uma história: O menino foi ao supermercado e...Enquanto isso desenha as orelhas do

cachorro, que são salsichas. (Este é um desenho estereotipado, uma caricatura). Digo-lhe: Você vira a página e deixa o baú trancado com o ouro do outro lado? Ele corrige e diz, seriamente: São os pensamentos ruins. Quero que você adivinhe

os pensamentos ruins. Você adivinhou que a goteira eram os pensamentos. Neste

momento, a atmosfera do desenho mudou. O soldado lança flechas em direção ao rei e bombas são lançadas de volta. Há muita violência. Parece muito excitado mentalmente, com dificuldade de me escutar.

(9)

Digo-lhe que agora sou eu quem vai contar uma história: Era uma vez um menino que à noite fica com a mamãe, enquanto o papai está trabalhando; o menino tem muito medo que venha um “soldado- papai” atacá-lo e brigar com ele .

Diz: É assim que eu não vou dormir! Tampa os ouvidos com a mão e fala: Eu fiquei aflito no judô e também porque pisei na garagem do prédio aqui. O chão é cheio de furinhos e parecia que ia cair” (referindo-se ao piso da garagem).

Desenha baratas, sangue de baratas, e diz: Ele atirou no rei e tem barata com sangue.

Vira a página, escreve várias vezes o seu nome e o nome do irmão. Diz: Ele é muito bravo! Quando mexo no quarto dele, ele fica bravo. Quando minha avó vem em casa, eu pego meu urso, cobertor e travesseiro e durmo lá, com ele. Temos tudo igual, e ele fala que aquelas coisas são dele; ele pensa que são dele .

Digo-lhe: Acho que o que vocês têm de igual é a mamãe. Acho que você pensa que ele fica muito bravo se você está aqui comigo, está com a mamãe, e ele não está, ou se a mamãe dá calmante para você à noite. .

E Pedro responde: Aí cai tudo em cima de mim. A minha mãe briga e diz que eu pego as coisas dele.

Digo que pudemos conversar hoje sobre muitos dos medos que passam pela sua cabeça. Parece que, se você abrir este baú fechado, e saírem os pensamentos a respeito do seu irmão, você tem medo do que possa lhe acontecer, medo de que tudo se esparrame, como o cano estourado. Você tem medo de que “este irmão” faça muito mal para você.

Insiste, dizendo: Cai tudo em cima de mim porque minha mãe pensa que eu pego as coisas dele e briga comigo.

Na sessão seguinte, Pedro ao chegar para sessão continua seu desenho-história. Reproduz um jogo de vídeo-game, e diz: Eu tenho medo deste jogo, um dia eu não

dormi por causa deste jogo, você tem que falar comigo! Entra num estado de franca

excitação com o desenho e comenta: Não vai caber o mais legal! Preenche toda a folha de papel com o desenho de bolas, bombas, cobra, rodamoinho...Escreve, Gameover (Game is over) e diz: O jogo acabou! Continua, acrescentando mais e mais elementos, até que desenha um balão; faz um buraco no meio do balão; diz: O balão furou! Queixa-se de que não cabe mais nada na folha de papel.

(10)

Vira a página e escreve o seu nome, com um círculo em volta. Digo-lhe que sonhou aqui na sessão os sonhos que lhe dão muito medo; queria que eu soubesse como eram esses sonhos. Neste momento, está mais aliviado, debruça a cabeça sobre o desenho e, segurando a caneta em uma das mãos, adormece profundamente.

Mário

Mário ao entrar na sala não quer se separar da mãe para estar com a analista. Solicito à mãe que permaneça sentada perto da porta da sala, do lado de fora. Mario passa a se movimentar agitadamente, num entra-e-sai da sala. Em seguida se dirige para a caixa e examina de maneira excitada o conteúdo, encontrando o barbante que tinha deixado envolto em cola, na sessão anterior. Animadamente, mostra-o para a mãe .

Após um curto espaço de tempo diz, enfaticamente : “QUERO IR EMBORA !”

Digo-lhe que quer ver como ficou o que deixou comigo desde a última sessão e que percebe que temos um fio que nos liga e nos separa entre uma sessão e outra, e “parece que você não gosta disso” (refiro-me ao fato de que a separação parece desagradá-lo).

Volta a examinar o interior da caixa. Encontra uma caixa de lápis o que o leva a pensar que eu havia lhe trazido como um brinquedo novo, um presente. Inicialmente, confunde com uma agenda, mas, ao perceber o engano, logo desanima. Faz menção de amarrar o barbante na porta, mas abruptamente desiste e atira-se no colo da mãe. Com muita insistência repete, gritando, que quer ir embora, além de ameaçar riscar a porta, fato ao qual a mãe reage energicamente, impedindo a ação.

Tento acompanhar seus movimentos, retomando-os desde o início. Comunico-lhe que quando lhe digo alguma coisa que serve, parece que por alguns minutinhos se acalma, como se o que eu falasse fosse “um presente”, mas logo aquilo desaparece. Fica muito infeliz, desconfortável, e pensa que a maneira de se livrar de tudo é IR EMBORA..

Continua seu choramingo, jogado no colo da mãe e, num crescendo, insiste dizendo que está com FOME, com MUITA FOME e que quer COMIDA AGORA!!! Joga-se no chão, chora desesperadamente, grita. A mãe responde prontamente, dizendo que irá até o carro buscar um salgadinho .

Digo que não me parece que seja comida de verdade o que está lhe faltando, mas alguma outra coisa que nem ele nem eu sabemos o que é, mas que talvez possamos descobrir juntos. Reage com uma expressão de curiosidade e de algum alívio.

(11)

agora. Pára de chorar, dirige-se à caixa, pega os cubos, junta-os dois a dois pela semelhança de cores, mas rapidamente recolhe tudo, e volta a chorar.

Digo-lhe: Alguma coisa do que eu te falei serviu, juntou, dentro de você, mas de repente tudo se desmanchou, se desarrumou. Parece que você não sabe o que ocorre dentro de você que faz com que tudo se desarrume e o deixe infeliz. Quando isto acontece, você fica tão desesperado que leva a mamãe a pensar que é mesmo de comida que você precisa. Tampa os ouvidos, diz que sou uma BRUXA e ameaça quebrar, derrubar um quadro do corredor.

Digo que quer deixar todo mundo com medo dele.

Responde orgulhosamente, dizendo : Sou TARZAN! Vou quebrar tudo, riscar

tudo!!! Nesse momento encontra-se agarrado à mãe, de chupeta na boca..

Digo-lhe que vejo dois Mários: um bebê, de chupeta, grudado na mamãe, e um Mário forte, Tarzan, que estraga tudo e que mete muito medo.

Acha muito engraçado e brinca, dizendo que é forte!...Inesperadamente seu ânimo muda e começa a gritar com insistência: QUERO COMIDA!!!, ESTOU COM FOOME!!!,

ME DÁ COOOMIDA!!!, QUERO IR PARA CASA!!! AQUÍ TEM COZINHA? TEM GELADEIRA?.. Chora...

Digo-lhe que o via muito desesperado, queixando-se, e que ele pensava precisar pôr urgentemente, dentro dele, da barriga, alguma coisa que o acalme.

Começa a gritar que nunca mais virá ao consultório, que quer ir embora. Vejo-me de fato assustada, frente às suas ameaças, e pressionada pela urgência e pelo desespero de sua situação. Percebo então que o seu pedido era no sentido de que eu o tirasse daquele estado.

Dirijo-me à sua caixa e tento conversar através dos brinquedos. Começo a dispor os bonecos sobre a mesa, enquanto ele continua com seus berros indagando: AQUI TEM

GELADEIRA? TEM COMIDA?

Respondo-lhe: SIM, tem TUDO o que você quiser; e aponto para o interior da sua caixa .

Ele logo reage, dizendo: Eu não vou brincar !

Digo-lhe : Está bem, mas eu vou brincar! Pego os bonecos, os cubos, e faço uma geladeira, um fogão, uma mesa com pratos, corto pedaços de giz e os coloco dentro de uma panela. Com os palitos, começo a mexer e vou acompanhando, dizendo que lá estava a comida. Indago: O que você gosta de comer? Neste momento, noto certo interesse da sua parte pelo que estou lhe propondo. Continuo dramatizando uma cena em

(12)

que um menino vem para encontrar a Célia e ele quer COMIDA. Indago: Qual será a comida que ele quer ?... Envolve-se com a brincadeira, e diz: Gosto de macarrão!

Indago: Como é o macarrão? Ele diz: Com molho de tomate

Continuo... Ah! Então, vamos fazer um molho de tomate! Aqui está o macarrão. Vou colocar um pouco no prato do Mário, e no meu também. Quebro o giz, coloco um pedaço em cada prato. Mário está bastante ligado a tudo aquilo; passa também a cortar o giz e colocar no interior de um caminhão. Animadamente diz: A comida está chegando,

oba!

Digo-lhe que a vontade de ir embora desapareceu, pôde esperar e não precisou comer de verdade. Parece que a comida que estava lhe faltando era poder brincar de comida! Você pensava que fosse comida de verdade, como salgadinhos, pão, chocolate, mas não era nada disso. Você necessitava desta nossa comida que fizemos juntos, onde você podia imaginar, na sua cabecinha, o que queria comer; com os brinquedos pudemos brincar de cozinhar. Desta forma, você pode imaginar o que quiser e, com os brinquedos, brincar de tudo o que se passa com você.

V

Discussão

Ambos os materiais clínicos suscitam certas questões que pretendo levantar.

Como mencionei anteriormente, há uma diferença marcante quanto ao nível de desenvolvimento mental observado em cada um deles, solicitando da parte do analista uma abordagem que atinja a comunicação do momento. Pedro, desde o início, mostra-se conscientemente empenhado na investigação de seu mundo mental, seus sonhos aterrorizantes. Oferece ampla colaboração, expressa pelos sonhos desenhados e sonhados na sessão, através dos quais, com precisão, representa e nomeia seus estados mentais. As transformações realizadas pela analista são prontamente captadas por Pedro, estimulando novas transformações de sua parte. Assim, a conversa vai se estabelecendo, permitindo a criação de um campo comum de observação para a dupla e a aproximação da experiência emocional do momento.

O material clínico de Mário, dada a intensidade dos fenômenos observados, é bastante ilustrativo para que se aprecie a presença de estados mentais em níveis primordiais. Diante da analista, uma situação nova, desconhecida, predominam as manifestações de seu mundo primitivo. Trata-se de uma mente que em parte ainda não nasceu, e o corpo é a superfície em que as representações são inscritas. Possivelmente

(13)

haja uma boca no lugar em que haveria uma mente, talvez representando um buraco vazio que deve ser tampado por uma chupeta ou por comida. A função é manter um estado de continuidade com o objeto, de modo a evitar vivências de terror insuportáveis, vivências não integradas, advindas da consciência da separação corporal. Possivelmente Mario sente que partes do próprio corpo, não o objeto, lhe são arrancadas. Frente a qualquer ameaça de alteração desse sistema, é provocado um desequilíbrio tal que resulta numa pulverização do self em múltiplas partículas, ou seja, um estado fragmentado. O impacto destas vivências na mente da analista é de tal ordem que sua capacidade de pensamento fica afetada, e a função analítica deixa de operar, temporariamente.

A discussão que proponho é a seguinte: Em determinado nível de desenvolvimento mental, temos Pedro, que apresenta um aparelho mental que oscila entre estados de maior integração, nos quais utiliza linguagem simbólica para se expressar; e estados em que há um acúmulo de elementos concretos, elementos beta, não transformados, que devem ser descarregados. A partir da continência , da capacidade de reverie e da função alfa da analista, estes elementos são transformados em elementos alfa, e passam a adquirir representação na mente, tornando-se passíveis de serem mantidos na mente, portanto, pensáveis.

Poderíamos então afirmar que, com Pedro, os instrumentos de que dispomos para o trabalho clínico o alcançam e a comunicação entre analista e analisando se expande.

Mário se encontra em outro nível; o aparelho mental está predominantemente ocupado por elementos concretos, que não se vinculam entre sí. A vinculação surge apenas em alguns momentos fugazes. Mario não desenvolveu um aparelho mental que consiga conter estes elementos de modo que a função alfa e a capacidade de reverie da analista não operam. A comunicação entre analista e analisando se dá num nível de concretude dificultando o acesso à experiência emocional em curso. Na sessão relatada, o recurso de utilização dos brinquedos por parte da analista, permitiu à dupla iniciar um contato de outra qualidade, além de possibilitar criar representações na mente. Nas sessões posteriores, porém, muitas vezes, ao lhe ser proposto o mesmo recurso, Mário respondia gritando: QUERO COMIDA DE VERDADE!!!

Neste ponto reformulo novamente a indagação: De que instrumentos dispomos para alcançar comunicações, nestes níveis mentais? Que recursos possuímos para trabalhar também com pacientes adultos que utilizam linguagem verbal em nível de concretude, equivalente ao de Mário?

(14)

Lembrei-me de uma paciente adulta, Ana (40 anos) que apresenta uma situação bastante ilustrativa em relação a questão que estou tratando. Ana chega para a sessão mascando chiclete. Deita-se, fica totalmente imóvel, sem qualquer expressão de vida, movimentando apenas a boca, numa atividade denominada por mim de “ruminativa”. Após longo tempo imersa nesta situação, comunico-lhe a observação do que estava presenciando. Ana começa a espreguiçar-se e a emitir alguns sons, dando a impressão de estar despertando de uma anestesia profunda. Aos poucos, diz que precisa falar alguma coisa, mas que está com preguiça. Utiliza a minha fala como um estímulo, um gancho para começar a falar; rapidamente inicia uma narrativa animada, interminável, em que informa minuciosamente fatos concretos do seu cotidiano... Diante desta narrativa, vejo-me isolada e imobilizada, do mesmo modo que quando fica em silêncio, mascando chiclete.

Bion denomina elementos beta aqueles elementos sensoriais que não sofreram transformação ao nível psíquico. Elemento beta é o nome utilizado para uma ampla gama de fenômenos que se manifestam em diferentes níveis de desenvolvimento, nos quais o aspecto da concretude esteja sempre presente. Penso que tanto Ana quanto Mario e Pedro evidenciam o que estou me propondo a discutir.

Penso que seria interessante imaginarmos uma gradação das diferentes nuanças de comunicação contidas nos elementos beta. Esta gradação seria útil para que o analista identifique e discrimine melhor o nível de funcionamento mental em que o paciente se encontra de modo a poder aproximar-se dele. Possivelmente, esta discriminação talvez situasse inclusive aquelas configurações mentais para as quais não dispomos de representação para operar transformações, como é o caso dos estados autísticos.

Neste contexto, onde poderíamos situar as comunicações de Ana, Mário e Pedro? Se pensarmos em termos da “parte psicótica e parte não-psicótica da personalidade”, propostas por Bion (1957), diríamos que Pedro opera principalmente com a parte não-psicótica da personalidade, e até manifesta alguma noção de que há uma parte não-psicótica, ao dizer: “tenho medo dos meus sonhos”. Nestes estados seu mundo de fantasia adquire concretude, consciente e inconsciente se confundem, a barreira de contato não se constitui, não há separação entre self e objeto.

Retomando a sessão de Mário; poderíamos pensar que Mario está operando com a “parte autística da personalidade”, e que desenvolve manobras autísticas protegendo-se de vivencias de ameaça da própria noção de existir. A sua obesidade poderia ser considerada como uma capa protetora, “uma segunda pele” (Bick, 1968), cuja função

(15)

seria a de proteger um interior extremamente frágil. A chupeta e a comida seriam objetos com a qualidade dos objetos e formas autísticas cuja função é tampar o buraco deixado pela falta do objeto. O modo de se relacionar é através da adesividade - “equação adesiva”; permanece grudado na mãe, sem poder se separar dela. Indago se as suas manifestações de excitação e agitação motora seriam manobras do tipo “segunda pele”, descritas por Bick utilizadas com a finalidade de evitar vivencias de terror decorrentes da consciência da separação do objeto.

Quanto a Ana, sugiro que o seu isolamento, o mascar chiclete, se situam na esfera de fenômenos dominados por sensações. Ana estaria operando com a parte autística da personalidade. Dentro desta perspectiva, podemos supor que o chiclete seria um objeto auto-gerado e que com ele ela se basta. O movimento no qual Ana emerge de um estado de silêncio, produzindo um monólogo infindável, não estabelecendo contato, parece que não difere da atividade de mascar o chiclete. Ambos poderiam ser pensados como manobras protetoras contra estados de não integração.

As manifestações em que predominam estados de recolhimento acentuado, onde o paciente se protege de vivências de não-integração e de intensa dor psíquica, produzem igualmente forte impacto sobre a mente do analista determinando no analista reações de fuga, envolvendo, inclusive, manifestações corporais. A angústia envolvida nesta situação é tão intensa que pode arremessar o analista para espaços longínquos, o que provoca certa imobilização, impedindo que se estabeleça qualquer comunicação.

Se o analista puder conter este impacto e transformá-lo num significado, nomeando-o, poderá talvez se abrir um espaço, na mente do paciente, onde a inscrição de tais estados, possivelmente, adquirirá representação. Desse modo, esses elementos se manterão na mente e o aparelho mental deixará de ter apenas a função de descarga. Penso que é assim que se iniciará o desenvolvimento do pensamento verbal, a formação de símbolos, essenciais para a comunicação.

Apesar do esforço contido neste trabalho, não penso que a discriminação das diferentes nuanças desse tipo de fenômenos nos garanta que tenhamos o instrumento adequado para cada situação, na clínica. O mais freqüente, quando estamos frente a esses níveis de desenvolvimento mental, é não encontrarmos tal instrumento. Acredito, porém, ser preferível estarmos conscientes do desconhecido que a situação nos impõe e das nossas limitações para fazer face à esses estados, do que o substituirmos por alguma abordagem enganosa, correndo o risco de nos entretermos em uma situação que não evolui, sem nos darmos conta. Penso, entretanto, que, se pudermos afiar nossos

(16)

instrumentos de observação, talvez sejamos capazes de reconhecer mais profundamente a qualidade dos fenômenos presentes na sessão, ou como menciona Chauí na epígrafe, de perceber que os conceitos, os procedimentos não explicam o que está sendo observado... e desse modo, talvez, expandirmos nosso campo de trabalho. Este é, na

minha opinião, o grande desafio para o psicanalista hoje.

Bibliografia

BICK, E. (1968)., A experiência da pele nas primeiras relações de objeto. In Melanie Klein Hoje. Desenvolvimentos da Teoria e da Técnica Vol I. Imago 1991.

BION, W. R. (1957). Differentiation of the psychotic from the non-psychotic personalities In Second Thoughts. London: Heinemann, 1967. p. 43-64.

__________ (1962a). O Aprender com a Experiência. Rio de Janeiro: Imago, 1991. __________ (1962b). A theory of thinking. In Second Thoughts. London: Heinemann, 1967. p. 110-9.

__________ (1963). Elementos em Psicanálise. Rio de Janeiro: Imago, 1991. __________ (1965). Transformações. Rio de Janeiro: Imago, 1983.

__________ (1970). Attention and Interpretation. New York: Basic Books. CHAUÍ, M.(2000).Convite à Filosofia .São Paulo: Ed. Atica.FREUD, S. (1911).

FREUD, S. (1923). O Ego e o Id. E.S.B.

KLEIN, S. (1981). Autistic Phenomena in Neurotic Patients In: Do I Dare Disturb the Universe?: a Memorial to Wilfred R. Bion. Beverly Hills: Caesura Press.

KLEIN, M. (1935). A contribution to the psychogenesis of manic-depressive states.

Int. J. Psychoanal., 16: 145-74.

___________ (1946). Notes on some schizoid mechanisms. Int. J. Psychoanal., 27: 99-110.

TUSTIN, F. (1981). Estados Autísticos em Crianças. Rio de Janeiro: Imago, 1984.

__________ (1984). Autistic shapes. Int. Rev. Psychoanal., 11: 279-90.

__________ (1986). Barreiras Autistas em Pacientes Neuróticos. Porto Alegre: Artes

(17)

__________ (1990). The Protective Shell in Children and Adults. London: Karnac Books, 1992.

Célia Fix Korbivcher

Rua João Moura 647, CJ.34

Referências

Documentos relacionados

A compreensão da música como fato musical associado a contextos específicos nos permitiria então compreendê-la, não a partir de uma questão genérica do tipo o que é música, ou

Tabela de Preços Supremo | São Paulo - Capital Data das tabelas: Setembro/2020 até Agosto/2021 Atualização do material: Setembro/2020.. 515 F

•   O  material  a  seguir  consiste  de  adaptações  e  extensões  dos  originais  gentilmente  cedidos  pelo 

iv. Desenvolvimento de soluções de big data aplicadas à gestão preditiva dos fluxos de movimentação portuária de mercadorias e passageiros. d) Robótica oceânica: criação

A Tabela 3 apresenta os resultados de resistência ao impacto Izod e as caracterizações térmicas apresentadas em função dos ensaios de HDT, temperatura Vicat e a taxa de queima do

O enfermeiro, como integrante da equipe multidisciplinar em saúde, possui respaldo ético legal e técnico cientifico para atuar junto ao paciente portador de feridas, da avaliação

6.8 Para candidatos que tenham obtido certificação com base no resultado do Exame Nacional do Ensino Médio - ENEM, do Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens

As internações por TB pulmonar representam hoje um grande desafio da saúde pública, geran- do altos custos ao Sistema Único de Saúde (SUS), já que conforme observado no Gráfico 4,