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ASSÉDIO MORAL E SUA INFLUÊNCIA NA SAÚDE DOS TRABALHADORES

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ASSÉDIO MORAL E SUA INFLUÊNCIA NA

SAÚDE DOS TRABALHADORES

CIBELE GOMES DE AZEVEDO

CURITIBA - PARANÁ 2011

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CIBELE GOMES DE AZEVEDO

ASSÉDIO MORAL E SUA INFLUÊNCIA NA SAÚDE DOS

TRABALHADORES

Artigo apresentado como exigência para a conclusão do curso de Pós Graduação Gestão Estratégica de Pessoas 5ª turma, da Universidade Tuiuti do Paraná, sob a orientação do Prof. MSc. Ubiracir Mazanek de Almeida.

CURITIBA - PARANÁ 2011

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Introdução

O homem passa a maior parte do tempo no ambiente de trabalho. Assim, o trabalhador deve ser protegido face às agressões que possa vir a sofrer em sua saúde física e mental. A saúde é um patrimônio do ser humano, ou seja, ela é essencial e fundamental para o exercício de suas atividades e para o convívio social, inclusive no local de trabalho. De acordo com Molon (2004), em um atual ambiente de trabalho, globalizado e moderno, indústrias e empresas, forçam cada vez a rotina de trabalho visando o lucro. A estrutura do trabalho, com sua composição hierárquica, partição de tarefas, jornadas de trabalho em turnos, ritmos, intensidade, prostração e uma exagerada responsabilidade são produtos que ajudam a manifestar uma série de distúrbios ao trabalhador, sejam elas físicas ou psíquicas. Segundo Maciel et al (2007, p. 118):

Assédio moral no trabalho compreende toda exposição prolongada e Repetitiva. As ituações humilhantes e vexatórias no ambiente de trabalho. Essas humilhações se aracterizam por relações hierárquicas, desumanas e autoritárias, onde a vítima é hostilizada e ridicularizada diante dos colegas e isolada do grupo.

Segundo Hirigoyen (2002) o assédio moral trata-se de: "toda e qualquer conduta abusiva, manifestando-se, sobretudo, por comportamentos; palavras, atos gestos, escritos que possam trazer dano a personalidade, á dignidade ou à integridade física ou psíquica de uma pessoa, pôr em perigo seu emprego ou degradar o ambiente de trabalho". O assédio moral esta vinculado à humilhação e “sentir humilhado é sentir se inútil, incapaz, inferior, fracassado.

O objetivo principal da maioria das empresas é principalmente alcançar êxitos em seus empreendimentos, ter destaque no mercado econômico, aumentar significativamente suas produções, e consequentemente gerar lucros, não se preocupando com a qualidade das relações sociais estabelecidas entre todos os envolvidos, e, principalmente com a situação do trabalhador vítima do assédio moral. De acordo com Lobo:

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O maior problema atual é que, com a globalização econômica e o neoliberalismo, a precarização das relações trabalhistas e a conseqüente perda dos direitos sociais como a falta de proteção social, que tem sido uma constante na maioria das nações. Com a evolução rápida da economia internacional com grande ênfase no comércio exterior e na competição do mercado, acaba tornando os empregos inseguros para grande parte dos trabalhadores com a exclusão social sendo um dos fatores que mais aparecem na maioria das sociedades em desenvolvimento.

O trabalho é necessário para a mantença da segurança e garantia do mínimo de qualidade de vida para o trabalhador, porém as necessidades vão além, os mesmos também necessitam ter dignidade respeitada e exercer suas atividade com total respeito à saúde física e mental; e no caso de ter que enfrentar o desemprego deve o mesmo ter condições para obter as qualificações necessárias para a reinserção no mercado de trabalho.

A saúde é um bem estar completo, ou seja, conforme a Organização Mundial de Saúde – OMS estabelece que "saúde é um estado de completo bem estar físico, mental e social, e não somente ausência de doença ou enfermidade".

O presente trabalho trás informações acerca de causas, características e aponta algumas formas para prevenir o assédio moral dentro de uma organização. Com base nas questões teóricas apresentadas anteriormente, partindo do pressuposto que o assédio moral prejudica a saúde do trabalhador e todo o ambiente de trabalho, constituindo, desse modo, uma expressão importante da questão social e que, por isso mesmo, deve ser tratada.

Assédio Moral e Sua Influência na Saúde dos Trabalhadores

O assédio moral no local de trabalho é uma conduta muito antiga, mas só passou a ser identificado como um fenômeno destruidor do ambiente de trabalho, que atrapalha a produtividade e causa o absenteísmo, no começo dessa década. Ele foi muito estudado pelos países anglo-saxões e pelos países nórdicos. De acordo com Hirigoyen (2002), Heinz Leymnn, pesquisador em psicologia do trabalho, que

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trabalha na Suécia, há dez anos atrás, fez uma pesquisa entre diferentes grupos profissionais sobre esse fenômeno e o qualificou como ‘’psicoterror.’’

Segundo Zabala (2003), o assédio moral causa uma guerra psicológica e está relacionado ao "psicoterror trabalhista" que pode ser exercido não apenas pelo chefe como também por companheiros de trabalho, tornando a atmosfera do ambiente de trabalho algo insuportável e que reflete na saúde dos trabalhadores envolvidos. No que diz respeito ao caráter coletivo Barreto (2003), explanou, ainda em sua obra, uma observação de extrema importância, nem sempre é observado habitualmente pois o assédio moral pode gerar uma desestabilização em toda a equipe de trabalho dentro de uma empresa, ainda que o assédio não seja direcionado a todos os trabalhadores, os demais se sentem de alguma forma atingidos, mas não se manifestam por medo de sofrerem perseguições, represálias e principalmente de serem demitidos.

Comentado também por Freitas (2001), “o assédio provoca diversos problemas de saúde, particularmente os de natureza psicossomática, de duração variável, que desestabiliza a vida do indivíduo”.

Muitas vezes também o assédio moral surge em virtude do abuso de poder que aparece na relação entre empregador e empregado. Conforme Hirigoyen, "nas empresas, esse abusos de poder transmite-se em cascata, da mais alta chefia ao menor chefe na escala."

O assédio moral caracteriza-se antes de tudo pela repetição. São atitudes, palavras, comportamentos, que, tomados separadamente, podem parecer inofensivos, mas cuja repetição e sistematização os tornam destruidores.

Valio (20076): expões algumas características sobre o assedio moral:

1. Técnicas de relacionamento – aqui o assediador não dirige o olhar nem a palavra à vitima, sequer para um bom dia; comunica-se com aqueles bilhetes, impedindo-a de se expressar, ela é interrompida, freqüentemente, pelo superior hierárquico ou por colegas, muitas vezes com gritos e recriminações; não encaram, ignoram sua presença, dirigindo-se, exclusivamente a outros. É comum também aproveitarem uma saída rápida da vitima para deixarem uma tarefa

em sua mesa, sem solicitar-lhe pessoalmente a execução do trabalho.

2. São adotadas, ainda, técnicas de isolamento, ou seja, são atribuídas à vítima funções que a isolam ou a deixam sem qualquer atividade, exatamente para evitar que mantenha contato com colegas de trabalho e lhes obtenha a solidariedade como manifestação de apoio.

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3. Existem as chamadas técnicas de ataque, que se traduzem por atos que visam a desacreditar e/ou a desqualificar a vítima diante dos colegas ou clientes da empresa. Essa técnica de assédio moral implica conferir à vítima tarefas de grande complexidade para serem executadas em curto lapso de tempo, com o fim de demonstrar a sua incompetência ou exigir-lhe tarefas absolutamente incompatíveis com a sua qualificação funcional e fora das atribuições de seu cargo.

4. Há também as técnicas punitivas, que colocam a vítima sob pressão, como por exemplo, por um simples erro cometido, elabora-se um relatório contra ela.”

Uma agressão verbal pontual, a menos que tenha sido precedida de múltiplas pequenas agressões, é um ato de violência, mas não é assedio moral, enquanto que reprimendas constantes o são, sobretudo se acompanhadas de outras injúrias para desqualificar a pessoa (HIRIGOYEN, 2002, p.30).

Todos os envolvidos devem ter a consciência que: a prática do assédio moral é inaceitável nos locais de trabalho, pois, atinge negativamente sobre a qualidade de vida de todos. Ante o cenário caótico, tanto o empregado, o empregador, e toda a sociedade são de alguma forma atingidos e conseqüentemente prejudicados. Medidas legais se fazem urgentemente necessárias, porém, quando se trata de direitos do homem o mais importante conforme explana Bobbio (1992) é que “o problema fundamental em relação aos direitos do homem não é tanto de justificá-los, mas o de protegê-los”.

Assim, tendo em vista que atualmente o homem não busca apenas a saúde no sentido restrito, anseia por qualidade de vida, o homem como profissional não deseja só condições higiênicas para desempenhar sua atividade, pretende qualidade de vida no ambiente de trabalho.

Assediado x Assediador

Para Oliveira, (2004), A vítima do terror psicológico no trabalho não é o empregado desidioso, negligente. Ao contrário, os pesquisadores encontraram como vítimas justamente os empregados com um senso de responsabilidade quase patológico, são ingênuas no sentido de que acreditam nos outros e naquilo que fazem, são

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geralmente pessoas bem educadas e possuidoras de valiosas qualidades profissionais e morais. De um modo geral, a vítima é escolhida justamente por ter algo mais. E é esse algo mais que o perverso busca roubar.

As manobras perversas reduzem a auto-estima, confundem e levam a vítima a desacreditar de si mesma e a se culpar. Fragilizada emocionalmente, acaba por adotar comportamentos induzidos pelo agressor. Seduzido e fascinado pelo perverso o grupo não crê na inocência da vítima e acredita que ela haja consentido e, consciente ou inconscientemente, seja cúmplice da própria agressão.

Hirigoyen (HIRIGOYEN, 2002, p.95, 99, 123 e 124) aponta em seus estudos uma clara diferença entre os assediados com relação ao sexo: 70% são mulheres e 30% são homens, bem como estratifica as áreas em que mais se verificou a presença de assediados e a faixas etárias, com seus respectivos percentuais, a saber:

No assédio moral, segundo Hirigoyen (2002, p.27), "se observa uma relação dominante/dominado, na qual aquele que comanda o jogo procura submeter o outro até fazê-lo perder a identidade" através de "uma fria racionalidade, combinada a uma incapacidade de considerar os outros como seres humanos". A constante desqualificação a que é submetida a conduz a pensar que ela merece o que lhe aconteceu. Assim é que acontece o deslocamento da culpa: o trabalhador moralmente assediado internaliza sua culpa e acredita que tem uma efetiva participação na sua doença. Essa etapa, difícil de ser rompida, coincide com as radicais tentativas de solucionar o problema.

Citando Barreto (2000, p.148): "a vida perde o sentido transformando a vivência em sofrimento, num contexto de doenças, desemprego, procuras, desamparo, medo, desespero, tristeza, depressão e tentativas de suicídio".

Quando a vítima, de fato, começa a sentir os sinais da doença, aparece outro sintoma: a ocultação do problema. A atitude está diretamente relacionada ao medo de perder o emprego e por isso, como tática, o trabalhador não declara abertamente a sua doença e prefere sofrer sozinho. Uma vez adoecido, sem nenhuma outra alternativa, o caminho para o trabalhador é o afastamento do trabalho que, a princípio, é por licença para tratamento da doença apresentada; em seguida, a

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demissão propriamente dita. Como conseqüência da inadequação do trabalhador adoecido aos padrões de produção da organização.

Um ambiente laboral sadio é fruto das pessoas que nele estão inseridas, do relacionamento pessoal, do entrosamento, da motivação e da união de forças em prol de um objetivo comum: a realização do trabalho. Com isso, podemos afirmar que a qualidade do ambiente de trabalho, sob o aspecto pessoal, muito mais do que relacionamentos meramente produtivos, exige integração entre todos os envolvidos. Esta integração, todavia, está irremediavelmente comprometida quando os empregados se sentem perseguidos, desmotivados, assediados moralmente.

O assédio moral inevitavelmente instala um clima desfavorável, de tensão, apreensão e competição na empresa.

Conforme o cenário algumas questões que resumem as perdas para o empregador em uma situação onde ocorre assedio moral, diretas e indiretamente:

- Queda da produtividade;

- Alteração na qualidade do serviço/produto; - Menor eficiência;

- Absenteísmo físico aumenta; - Doenças profissionais;

- Acidentes de trabalho; - Danos aos equipamentos;

- Alta rotatividade da mão-de-obra, gerando aumento de despesa com rescisões contratuais, seleção e treinamento de pessoal;

- Aumento de demandas trabalhistas com pedidos de reparação por danos morais; - Menor produtividade das testemunhas,

- Abalo na reputação da empresa perante o público consumidor e o próprio mercado de trabalho;

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- Deficientes relações com o público; - Sabotagem por parte do psicoterrorista; - Resistência entre trabalhadores;

- Menor criatividade; - Perda da motivação; - Menos iniciativa; - Clima de tensão;

- Surgimento do absenteísmo psicológico (estar, mas não estar).

Algumas conseqüências do assédio

Os efeitos do assédio moral na saúde dos trabalhadores são diversos; e inúmeras são as doenças causadas tais como a hipertensão arterial, distúrbios digestivos, alcoolismo, vício em drogas proibidas, estresse, agravamento do diabetes e tantos outros males que se instalam. Além do cansaço constante, falhas na memória, etc; manifestam-se ainda problemas psíquicos que podem alterar o comportamento e modificar a personalidade, provocar a perda da auto-estima e até mesmo levar a vítima ao suicídio. Os trabalhadores perturbados podem vir a perder a concentração e causar acidentes, pois os mesmos ficam totalmente desestabilizados.

Novas exigências do ambiente de trabalho vêm sendo inseridas gerando múltiplos sentimentos: medos, incertezas, angústia e tristeza. A ansiedade ante uma nova tarefa, o medo de não saber, a avaliação constante do desempenho sem o devido reconhecimento, a requisição da eficácia técnica, excelência, criatividade e autonomia geram tensão e incertezas. As múltiplas exigências para produzir são múltiplas por abuso de poder e freqüentes instruções confusas, ofensas repetitivas, agressões, maximização dos “erros” e culpas, que se repetem por toda jornada, degradando deliberadamente as condições de trabalho. O trabalho vem

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transformando-se em campo minado pelo medo, inveja, disputas, fofocas e rivalidades transmitidos vertical e horizontalmente entre os gerentes e os trabalhadores em outras posições na empresa. As conseqüências dessas vivências repercutem na individualidade do trabalhador, interferindo com a sua qualidade de vida, levando-o a desajustes sociais e a transtornos psicológicos e o colocando face a face com situações de enfretamento, notadamente, ante ao assédio moral no trabalho. Tamanhas mudanças que se, por um lado, fortaleceram as grandes empresas que viram seu lucro e riqueza aumentarem, por outro desvalorizaram o trabalho, relegando os trabalhadores a um segundo plano.

O mundo hoje é voltado para sociedade capitalista, por este motivo, o homem acaba se tornando escravo do trabalho, sempre em busca de algo, seja material ou não. Diante desse quadro, faz-se necessário compreender como o assédio moral se manifesta, é percebido pela gerência e funcionários e tratado dentro das organizações, uma vez que é um fenômeno presente na realidade organizacional, mas que freqüentemente é banalizado, e até ignorado; algumas vezes por indiferença, outras por covardia e, até mesmo, por desconhecimento. Entretanto, segundo Hirigoyen (2002, p.65), “é um fenômeno destruidor do ambiente de trabalho, não só diminuindo a produtividade, como também favorecendo ao absenteísmo, devido aos desgastes psicológicos.

É importante ressaltar que apesar dos fatos isolados não parecerem violências, o acúmulo dos pequenos traumas é que geram a agressão (HIRIGOYEN, 2002 p.17). Surge e se propaga em relações hierárquicas assimétricas, desumanas e sem ética, marcadas pelo abuso do poder e manipulações perversas. O cerco contra um trabalhador ou mesmo uma equipe pode ser explícito ou direto, sutil ou indireto. Dano psíquico poderá ser permanente ou transitório. Ele se configura quando a personalidade da vítima é alterada e seu equilíbrio emocional sofre perturbações, que se exteriorizam por meio de depressão, bloqueio, inibições, etc.

Trata-se de uma ferida no amor-próprio, um atentado contra a dignidade, mas também uma brutal desilusão ligada à perda súbita da confiança que se tinha depositado na empresa, na hierarquia ou nos colegas (HIRIGOYEN, 2002, p.20 e 188).

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Hirigoyen (op. cit. p.20) registra que “o estresse só se torna destruidor pelo excesso, mas o assédio é destruidor por si só.”

Prevenção contra o assédio moral

As conseqüências que irão sofrer o assediado dependem muito de seu perfil psicológico. Encontrando terreno fértil, o terror psicológico provoca na vítima danos físicos, mentais e psicossomáticos.

Hirigoyen registra que quando o assédio moral é recente e existe ainda uma possibilidade de reação, os sintomas são, no inicio, parecidos com os do estresse, o que os médicos classificam de perturbações funcionais: cansaço, nervosismo, distúrbios do sono, enxaquecas, distúrbios digestivos, dores na coluna. É a autodefesa do organismo a uma hiperestimulação e a tentativa de a pessoa adaptar-se para enfrentar a situação. Mas, adaptar-se o assédio moral adaptar-se prolonga por mais tempo ou recrudesce, um estado depressivo mais forte pode se solidificar.

A pessoa assediada apresenta então apatia, tristeza, complexo de culpa, obsessão e até desinteresse por seus próprios valores (HIRIGOYEN, 2002, p.159 e 160). Após um certo tempo de evolução dos procedimentos de assédio, os distúrbios psicossomáticos ganham a cena. Os registros da pesquisa bibliográfica enumeram como principais danos e agravos causados à saúde do assediado a irritação constante; falta de confiança em si; cansaço exagerado; diminuição da capacidade para enfrentar o estresse; pensamentos repetitivos; dificuldades para dormir; pesadelos; interrupções freqüentes do sono; insônia; amnésia psicógena; diminuição da capacidade de recordar os acontecimentos; anulação dos pensamentos ou sentimentos que relembrem a tortura psicológica, como forma de se proteger e resistir; anulação de atividades ou situações que possam recordar a tortura psicológica; tristeza profunda; interesse claramente diminuído em manter atividades consideradas importantes anteriormente; sensação negativa do futuro; vivência depressiva; mudança de personalidade, passando a praticar a violência moral; sentimento de culpa; pensamentos suicidas; tentativas de suicídio; aumento do peso

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ou emagrecimento exagerado, distúrbios digestivos; hipertensão arterial; tremores; palpitações; aumento do consumo de bebidas alcoólicas e outras drogas; diminuição da libido; agravamento de doenças pré-existentes, como dores de cabeça; e, notadamente estresse.

Barreto (2003) registrou em um de seus trabalhos que mulheres e homens reagem diferentemente à violência moral:

- Nas mulheres predominam as emoções tristes: mágoas, ressentimentos, vontade de chorar, isolamento, angústia, ansiedade, alterações do sono e insônia, sonhos freqüentes com o agressor, alterações da memória, distúrbios digestivos e náuseas, diminuição da libido, cefaléia, dores generalizadas, palpitações, hipertensão arterial, tremores e medo ao avistar o agressor, ingestão de bebida alcoólica para esquecer a agressão, pensamentos repetitivos.

- Já os homens assediados têm dificuldades em verbalizar a agressão sofrida e ficam em silêncio com sua dor, pois predomina o sentimento de fracasso. Sentem-se confusos, sobressaindo os pensamentos repetitivos, ‘espelho’ das agressões vividas. Envergonhados, se isolam evitando comentar o acontecido com a família ou amigos mais próximos. Sentem-se traídos e têm desejos de vingança. Aumenta o uso das drogas, principalmente o álcool. Sobressai o sentimento de culpa, ele se imagina “um inútil”, “um ninguém”, “um lixo”, “um zero”, “um fracassado” (muito embora sejam também expressões fortemente verbalizadas por todos os assediados, reveladoras da infelicidade interna). Sentem-se tristes, depressivos; passam a conviver com precordialgia, hipertensão arterial, dores generalizadas, dispnéia, vontade de ficar sozinho; aborrecimento com tudo e todos. A dor masculina é desesperadora e devastadora, na medida que os homens não expõem suas emoções, não choram em público e se isolam perdendo a interação com o outro. São danos à saúde que acarretam desequilíbrio interno e sofrimento profundo, exigindo, muitas vezes, um longo período de tratamento médico ou psicológico. A esses danos, somam-se as conseqüências do desemprego em massa, que aumenta o medo e submissão dos empregados. A desvalorização persiste mesmo que a pessoa esteja afastada de seu agressor (HIRIGOYEN, 2002, p.164). Logo, são fundamentais a terapia de apoio ou outras práticas alternativas que potencializem a auto-estima, resgatando à vítima a autoconfiança. Entretanto, a recuperação

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depende também do coletivo, dos laços de afeto, do reconhecimento e solidariedade o outro, que a possibilitarão resistir, dar-lhe visibilidade social e resgatar sua dignidade.

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Conclusão

O assédio moral dissemina-se tanto mais quanto mais desorganizada e desestruturada for a empresa, ou ainda, quando o empregador finge não vê-lo, tolera-o ou mesmo o encoraja. Outrossim, instala-se, especialmente, como afirma Hirigoyen, “quando o diálogo é impossível e a palavra daquele que é agredido não consegue fazer-se ouvir.

É importante que o poder público reconheça a importância do tema diante das conseqüências e danos a saúde da vitima, propiciando atendimento interdisciplinar em que os profissionais sejam preparados para ouvir e compreender a vitima, evitando a medicalização e "psiquiatrização do problema social" como lembra Hirigoyen.

O assédio moral está inserido em uma espécie de dano moral e, por conseqüência, um dano pessoal, pois tal fenômeno pode transgredir diferentes faculdades da pessoa humana, seja moral, intelectual ou social. E, portanto, resguardado o princípio do art. 5º, X, da CF, as vítimas por tal dano podem buscar o justo ressarcimento pelo prejuízo moral.

Contudo este desrespeito à honra e a dignidade humana foram se modificando com o advento do atual Constituição de 1.988, onde houve o início de uma maior valorização e respeito à dignidade humana, como dispõe o art. 1º da Constituição Federal de 1.988 (CF).

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela União indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui em Estado Democrático de Direito e tem como fundamento. (...); III- a dignidade da pessoa humana; IV- os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa.

E também o art. 5º da mesma carta:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes. (...),

V- é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano moral ou à imagem; (...),

X- são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito de indenização pelo dano material e moral decorrente de sua violação.

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A responsabilidade civil consiste na obrigação de uma pessoa indenizar o prejuízo causado a outrem quando há prática do ato ilícito, com ou sem culpa. A idéia de culpa é fundamental na reparação do dano causado, ou seja, o dano resulta de ato positivo do agente, praticado com dolo ou culpa, impondo a quem causa dano o dever de repara.

Baseada na idéia de culpa, a responsabilidade civil subjetiva está disposta no artigo 186 do CC/02 e se relaciona com as definições de ação ou omissão voluntária, negligência e imprudência, ficando certo que o comportamento ilícito do agente foi o causador do ato lesivo.

Para Alkimin:

Entretanto, ainda prevalece aplicável, nas hipóteses legais permissíveis, a responsabilidade civil objetiva ou sem culpa, aquela que gera o dever de indenizar independentemente da culpa, bastando o liame de causalidade entre o dano sofrido e a conduta causadora, cuja responsabilidade objetiva está assentada na teoria do risco, não se cogitando a existência ou não de culpa. (Alkimin, 2006, p. 114).

O Brasil vem adotando medidas no sentido de se adequar a uma política onde inclui a saúde do trabalhador como foco principal de proteção. A jurisprudência caminha no mesmo sentido para dissolução dos conflitos, pois o ato mandamental do magistrado atua como remédio social perante a sociedade.

O trabalhador deve primeiramente buscar o sindicato de sua categoria, se fizer necessário buscar o ministério do trabalho.

“Os sindicatos, cujo papel é defender os assalariados deveriam colocar entre os seus objetivos uma proteção eficaz contra o assédio moral e outros atentados à pessoa do trabalhador.” Marie-France Hirigoyen, autora francesa, especialista em assédio moral.

É importante a criação de um programa de prevenção por parte da empresa, com a primazia do diálogo e da instalação de canais de comunicação. Para tanto, indispensável é, em primeiro lugar, uma reflexão da empresa, sobre a forma de organização de trabalho e seus métodos de gestão de pessoal. Investir em uma cultura estratégica de desenvolvimento humano como forma de substituir a competitividade de negócios diminui as chances de surgirem comportamentos negativos isolados, que tanto propiciam o assédio moral.

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A implantação da cultura de aprendizado, no lugar da punição; permitir a cada trabalhador a possibilidade de escolher a forma de realizar o seu trabalho; reduzir a quantidade de trabalho monótono e repetitivo; aumentar a informação sobre os objetivos organizacionais; desenvolver políticas de qualidade de vida para dentro e fora do ambiente organizacional são atitudes sensatas a serem adotadas.

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Referências:

ALKIMIN, Maria Aparecida. Assédio Moral na Relação de Emprego. Curitiba, ed. Juruá, 2º tiragem, 2006.

BARRETO, Margarida. Violência, saúde e trabalho. Uma jornada de

humilhações. São Paulo: EDUCFAPESP, 2003

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 5 de outubro de 1988. Organização do texto: Juarez de Oliveira. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 1990. 168 p. (Série Legislação Brasileira).

BOBBIO, Norberto. A era dos Direitos. 8º Ed. Rio de Janeiro: Campus, 1992. Freitas, Maria Ester de (2001), “Assédio moral e assédio sexual: faces do

poder perverso nas organizações”. RAE Revista de Administração de

Empresas, 41 (2), 8-19

HIRIGOYEN, Marie France , Assédio Moral: A violência perversa no cotidiano, Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2002

HIRIGOYEN, Marie-France, Mal estar no trabalho - redefinindo o assédio moral. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2002

LEYMANN, H, The Mobbing Encyclopaedia: bullyng; whistleblowing. 1996

Disponível em: http://www.leymann.se/English/frame.html - acessado em 13/12/11 as 16:19

LOBO, J. C. F. Neoliberalismo precariza relações de trabalho. Essa matéria foi publicada na Edição 292 do Jornal Inverta, em 12/06/2001

MACIEL, R. H. et al, Auto relato de situações constrangedoras no trabalho

e assédio moral nos bancários: uma fotografia. Psicologia & Sociedade;

Recife, 2007.

MOLON, Rodrigo Cristiano. Assédio moral no ambiente do trabalho e a

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10, n. 568, 26 jan. 2005. Disponível em:<http://jus.com.br/revista/texto/6173> acesso em 13/12/11 as 22:01

OLIVEIRA. S.G., Proteção a saúde do trabalhador. 4 ed. São Paulo: LTr, 2002. VALIO, M. R., Dos Direitos de Personalidade e o Direito do Trabalho, LTr 1ª Edição - 2006

ZABALA, Iñaki Piñuel, Como sobreviver ao assédio psicológico no trabalho. Tradução Alda da Anunciação Machado. São Paulo: Loyola, 2003, p. 57.

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Referências

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