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COMENTÁRIO MACRO OUTUBRO, 2020

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Academic year: 2021

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COMENTÁRIO MACRO

OUTUBRO, 2020

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O IPCA-15 registrou taxa mensal de +0,94%, com destaque para

aceleração dos preços livres e núcleos. A pandemia alterou o

padrão de consumo, com reflexo para dinâmica de inflação

doméstica, que se somou a pressão oriunda da desvalorização

cambial e restrições de oferta. Acreditamos que tais pressões de

curto prazo serão passageiras, prevalecendo o cenário benigno

para inflação em 2021, dado o elevado grau de ociosidade e

desemprego. Projetamos IPCA de 2,8% em 2020 e de 2,5% em

2021, com média dos núcleos em 2,0% em ambos os anos.

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CHOQUE TEMPORÁRIO PRESSIONA

A INFLAÇÃO NO CURTO PAZO

COMENTÁRIO MACRO

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A inflação voltou a surpreender para cima. O IPCA-15 registrou taxa mensal de +0,94%, a maior da série para meses de outubro desde a o Plano Real. O destaque no mês foi a aceleração dos preços livres, com alimentos reverberando a alta dos preços no atacado e recomposição dos preços industrializados e dos serviços mais voláteis (como a passagem aérea). Conforme alertamos em nosso comentário macro de duas semanas atrás (“Mesmo com choques, serviços ancoram a inflação abaixo da meta”), estamos passando por um choque temporário de preços, que tende a se dissipar no médio prazo.

Quanto às aberturas, observamos aceleração bastante forte do grupo de alimentação no domicílio no curto prazo. A demanda por alimentos aumentou com a pandemia e as políticas de redução de mobilidade no combate ao coronavírus. Adicionalmente, a desvalorização do real impulsionou a pressão sobre esses itens, que devem registrar variação de +14% em 2020 – maior variação anual desde 2002, ano com outro choque cambial relevante.

A alta aparece sobre diversos produtos, com destaque para as proteínas e itens básicos, o que reforça a hipótese de aumento do consumo via alteração de comportamento oriundo na pandemia. A normalização desse comportamento se dá de maneira mais gradual do que o esperado, e o evento de uma vacinação em massa no 1S21 não deve ser capaz de reverter esse choque. Os próximos meses devem contar com taxas mais amenas nesses itens. Mesmo assim o ano que vem ainda deve registrar taxa de inflação de alimentos positiva – resquício da alteração de comportamento na pandemia.

O choque sobre os alimentos traz alguma lição para a alta recente dos preços industrializados. A velocidade e a força da crise causada pela pandemia erodiram com força a expectativa do produtor industrial, com encolhimento da produção e redução dos estoques. Com fortalecimento do cenário de primazia do consumo de bens duráveis e não duráveis em detrimento dos serviços na atual crise, a dinâmica de preços acabou por refletir tal comportamento de modo mais intenso do que antecipávamos.

Os bens industrializados registraram queda forte no 2T20 (auge da incerteza e da pandemia) e passaram a acelerar com mais intensidade no 3T20. Aumentou o nível de desconforto dos produtores industriais e subiu o volume de notícias que atestam a falta de matérias primas para produção de bens – desde garrafas até produtos de química fina. A desvalorização do real aqui também atou pressionando os preços. Os IGPs capturam tal movimento, mas também capturam a dificuldade de o atacado repassar completamente esse aumento para o varejo. Esse grupo deve registrar taxa de inflação semelhante ao ano passado, de +1,70%, com o aumento da demanda e a desvalorização cambial contendo o movimento esperado em função da abertura do hiato.

Finalmente, os serviços registram recuperação após forte queda nos meses anteriores, o que deve se manter nos próximos meses. Claro perdedor nessa crise, o setor de serviços sofre com o prolongamento da alteração do comportamento do consumidor e pela manutenção do isolamento social em patamar ainda alto. O aumento do desemprego acomete mormente o setor de serviços, componente de maior preso do IPCA e que milita pela expectativa de inflação ainda baixa em 2021.

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CHOQUE TEMPORÁRIO PRESSIONA

A INFLAÇÃO NO CURTO PAZO

COMENTÁRIO MACRO

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Contemplando os referidos choques e a dinâmica bastante benigna dos serviços, passamos a projetar IPCA de 2,8% em 2020, com média dos núcleos de 2,0%. Em 2021, a recuperação mais moderada da atividade econômica e a fragilidade do mercado de trabalho justificam inflação de 2,5%, com média dos núcleos em 2,0%. Os choques recentes acabam elevaram a preocupação de um processo de alta inflacionária mais persistente no médio prazo, hipótese com a qual discordamos. Os últimos anos mostraram a eficácia do hiato negativo para moderar a dinâmica dos preços, o que fica expresso nas nossas projeções – especialmente para os núcleos, mais próximos do piso do regime de metas de inflação do BC.

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Carlos Kawall

Diretor

Gustavo Ribeiro

Economista-Chefe

Leonardo Costa

Economista

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