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LEI ANTICORRUPÇÃO FLEXIBILIDADE ÉTICA & RISCOS DE PESSOAS QUAL O PAPEL DO RH? ÉTICA

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Academic year: 2021

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LEI

ANTICORRUPÇÃO

FLEXIBILIDADE ÉTICA

& RISCOS DE PESSOAS

QUAL O PAPEL DO RH?

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A lei prevê que as empresas devem responder como pessoa jurídica por atos cometidos por seus funcionários contra a administração pública nacional ou estrangeira. As corpo-rações serão punidas mesmo que não tenham autorizado nenhum ato ilícito por parte de seus funcionários ou tercei-rizados. “Se antes falávamos em ética como virtude e prin-cípios, agora teremos que responder sobre ela na instância jurídica que eleva significativamente a responsabilidade das empresas pela conduta de seus profissionais”, observa a CEO da HSD Recursos Humanos, Susana Falchi. As penas da lei vão de multas de 0,1% a 20% do faturamento bruto e podem provocar até o fechamento da empresa.

A realidade é que muito se fala de risco nas organizações, mas poucos gestores se dão conta que o problema é mais gra-ve e degra-ve ser abordado pela ótica da gestão de pessoas, pois o fato é que uma empresa é feita de pessoas e o perfil dos executivos implica diretamente no risco organizacional. “A

dúvidas se as empresas estão preparadas para assegurar

o comportamento ético de seus colaboradores. Olhar para

fatores comportamentais, como “a flexibilidade ética” e o

perfil de executivos torna-se crucial para as organizações.

Entretanto, a realidade é diferente: as áreas de recursos

humanos das organizações, muitas vezes, mostram-se

despreparadas para lidar com a gestão de riscos.

quebra do mito de que a delegação da gestão da ética aos ges-tores é suficiente para mitigar riscos operacionais na organi-zação é fundamental, pois as empresas precisam considerar que os interesses dos gestores não necessariamente estão ali-nhados com os dos acionistas”, alerta o gerente executivo da consultoria de gestão de riscos ICTS, Renato Santos.

O risco fator humano na condução das empresas tem tido pouca atenção por parte dos empresários, acionistas e con-selhos de administração. No entanto, o papel das áreas de re-cursos humanos deve deixar de ser apenas operacional para tornar-se mais estratégico. Isso significa que a tendência é de aumento da responsabilidade na contratação de executivos e no gerenciamento dos riscos. “A grande responsabilidade do RH, que ainda não está integralmente em seu escopo, é o comportamento organizacional, ou seja, o comportamento de seus funcionários e administradores em toda a sua abran-gência e complexidade”, afirma Susana.

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ÉTICA

A questão torna-se ainda mais crucial, quando é analisado o perfil ético dos profissionais nas organizações sob a ótica de Fraude e Compliance. Levantamento realizado pela consul-toria ICTS mostra uma realidade preocupante: metade dos profissionais tende a adotar atalhos antiéticos para atingir suas metas. A pesquisa envolveu 3.211 entrevistados em 45 empresas brasileiras e apontou que, com relação ao Perfil de Aderência Ética Organizacional, 11% não estão aderentes; 69% têm flexibilidade e somente 20% são aderentes. “O que percebemos é que a maior parte das pessoas não entram na empresa para cometer atos antiéticos”, afirma Santos. “Mas por outro lado, o que impera é uma ética flexível, ou seja há uma conformidade para o bem ou para o mal. A menor parte do universo que pesquisamos (os 20% aderentes), agem sob princípios éticos, considerando, em alguns casos, sua saída da empresa por não compactuarem com certas diretri-zes”, diz o executivo.

Para Susana, o índice é alarmante, porque a flexibilidade está associada ao ganho que o indivíduo pode obter. “Isso quer dizer que, dependendo do ganho pessoal, pode-se

fle-xibilizar o padrão ético. Mas, quando se trata de comporta-mento ético não se tem flexibilidade! Ou você é ético ou não é ético! Não existe o ético flexível!”, alerta Susana.

Segundo Santos, essa flexibilidade ética está permeada em todos os níveis da empresa, incluindo os seus gestores, entre os quais 3% estão mais propensos a tomada de atalhos anti-éticos, como por exemplo, manipular resultados de sua área visando um bônus maior. Quando o dilema ético versa sobre tratamento de informações confidenciais para benefícios pessoais, como por exemplo revelar dados da empresa de forma intencional a quem não é devido em troca de favores pessoais, os gestores são 11% mais propensos a essa práti-ca em comparação com os seus subordinados. Além disso, 18% dos profissionais admitem que furtariam valores con-sideráveis da organização dependendo das circunstâncias. Os dados da pesquisa demonstram ainda que um terço dos profissionais tende a utilizar informações confidenciais da organização para proveito próprio ou para terceiros.

Outro levantamento, este conduzido pela HSD Consultoria não mostra uma realidade diferente. A pesquisa concluiu

SUSANA FALCHI, HDS

Quando se trata de

comportamento ético,

não se tem flexibilidade!

Ou você é ético ou não é

ético. Não existe o ético

flexível.

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Dentre os problemas apontados, a pesquisa enumera os des-vios de valores com interesse pessoal, conflito de interesses com atividades que levam a ganho pessoal, conduta moral e ética, inclusive com maquiagem de resultados dentre outros que comprometem a imagem da empresa e, mais que isto, criam uma cultura de permissividade organizacional que fragiliza os controles e os resultados apresentados. Quem se incomoda e busca denunciar esses atos, chega até a correr ris-cos. “Quando essa chamada ‘ética flexível’ impera, há falta de segurança para denúncias, até porque, em muitos casos, há também o envolvimento de superiores”, afirma Santos.

CONTROLES

Susana Falchi considera que a adoção de controles no re-crutamento pode ser uma alternativa para a mudança do quadro. “Precisamos ajustar tanto o filtro de seleção de exe-cutivos quanto mapear os exeexe-cutivos atuantes, porque nor-malmente, estes trazem traços de grande influência e inte-ligência, o que maquia uma personalidade doentia”, alerta. De acordo com a executiva da HSD, garantir que os valores organizacionais permeiem a empresa como um todo é um dos papéis mais importantes de RH. “Os valores definem o nosso jeito de atuar e de se relacionar com todos os stakehol-ders. Quando falamos em valores, é preciso chamar a aten-ção para o valor “ÉTICA” um dos mais citados nas organi-zações brasileiras. O conceito de Ética passa por princípios, virtudes, valores universais duradouros e afirmativos”, diz. Santos destaca que, muito em função da Lei Anticorrupção, alguns modelos de controle estão chegando às empresas ins-taladas no país. “Algumas estão adotando canal de denúncia, que são canais isentos, que garantem o anonimato do denun-ciante”, diz. Segundo o executivo, a operação desses canais de denúncia que incluem o fornecimento de um protocolo a quem faz a denúncia, o que permite o acompanhamento da investigação que deve ocorrer após o relato. “É uma ferramen-ta muito imporferramen-tante que produziu resulferramen-tados significativos onde foi adotada”. Levantamento da Association of Certified Fraud Examiners (ACFE) mostra que 47% das fraudes são de-tectadas por denúncias nos Estados Unidos.

Assim, a responsabilidade da área de Recursos Humanos tor-na-se crucial com relação a esses fatores. “É preciso garantir que as pessoas tenham perfis comportamentais saudáveis,

As empresas precisam

considerar que os

interesses dos gestores

não necessariamente

estão alinhados com

os dos acionistas.

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Na avaliação do gerente executivo da ICTS, todo gestor deve ser um disseminador da cultura compliance na organização. “Indo mais além, todo funcionário assim deve agir. Entre-tanto, é recomendável que exista na organização um gestor de compliance, o qual terá a função de estruturar o desenvol-vimento para toda a organização”, diz. Essa função ou área, dependendo da demanda da organização, será responsável por verificar se as atividades e produtos da organização estão em conformidade com as leis; prever, mitigar e tratar riscos de não aderência às normas internas; difundir o conheci-mento de compliance para toda a organização; fortalecer a cultura de controles internos; e reportar os assuntos ligados a compliance e ética para a alta gestão da organização. Neste cenário, as empresas precisam buscar meios para ana-lisar não apenas a capacidade técnica e intelectual dos seus profissionais, mas também a capacidade de discernimento e a resistência a pressões situacionais quando diante de di-lemas éticos que podem estar presentes na sua rotina em-presarial. “Com esse cenário, a área de RH passa a ter uma responsabilidade dentro de Gerenciamento de Riscos que talvez nem a própria área esteja enxergando e esse pode ser um papel estratégico há muito tempo pleiteado nas estrutu-ras organizacionais”, defende Susana.

A atual ferramenta utilizada para mitigar o risco consiste no seguro D&O e mostra-se insuficiente. O seguro de res-ponsabilidade profissional por erros e omissões de executi-vos, mais conhecido como D&O, é destinado a indenizar da-nos que possam ser causados a terceiros (acionistas, empre-gados, clientes, concorrentes, entidades governamentais, entre outros) pela atitude, erro ou falha geral no exercício de atividades administrativas de executivos nos diferentes tipos de organizações.

As seguradoras, ao assumir o risco de uma apólice da Di-retoria ou Conselho de Administração, analisam a situação financeira da empresa e as demandas judiciais através do histórico. Estes critérios são importantes, mas ao assegurar um risco de omissão e erro era de se esperar que o perfil das pessoas ocupantes destes cargos fosse avaliado. “Se tivermos pessoas, ocupantes de cargos executivos com desvios de con-duta identificadas através de avaliações com esse fim , o risco não seria mitigado?”, questiona Susana.

O futuro da gestão de riscos passa pelo filtro de seleção de executivos e pelo mapeamento dos executivos atuantes. As companhias abertas podem e devem mitigar os riscos de pessoas além do D&O, basta começar a olhar a dimensão do risco também do ponto de vista pessoal. RI

íntegros e éticos nas organizações, trazendo instrumentos que mapeiem esses comportamentos e mitiguem o risco empresarial. Poucas empresas expressam preocupação no conhecimento do perfil comportamental de seus executi-vos e de suas lideranças. E aqui não falo somente do com-portamento observável, mas sim da estrutura de caráter”, afirma Susana.

Santos lembra que o risco operacional é um dos fatores que afetam o desempenho de qualquer organização, quer seja de capital aberto ou não, pois, sem a mitigação desse risco, a perenidade da organização pode ser afetada. Um dos princi-pais riscos é o de reputação, pois gera impactos ainda maio-res do que os regulatórios, já que estes últimos são, de certa forma, controlados. De modo geral, os riscos operacionais são tratados com a utilização da tecnologia de informação como uma ferramenta para eficácia das atividades. São im-plantados padrões que fomentam as melhores práticas no monitoramento constante dos riscos aos quais a empresa possa estar vulnerável. Mas ainda é incipiente a prevenção de eventos relacionados à não conformidade por meio de re-forço da cultura ética.

COMPLIANCE

“A organização necessariamente precisa buscar o complian-ce como meio de fortalecomplian-cer sua posição no mercado, e a sociedade precisa encarar a ética não só como uma forma de ação conveniente, mas também como uma condição de sobrevivência da sociedade”, completa Santos. O Brasil atu-almente está em um patamar que coloca compliance como um dos pilares da governança corporativa ao garantir a con-formidade com normas, leis e políticas internas e externas da organização, bem como ao fortalecer o ambiente ético por meio de controles internos e aumento da transparência.

O futuro da gestão de

riscos passa pelo filtro

de seleção de executivos

e pelo mapeamento dos

executivos atuantes.

ÉTICA

Referências

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