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As crianças buscam em suas sensações biológico culturais elementos para perceber o mundo

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UNIJUÍ - UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

ALINE BONESSO

AS CRIANÇAS BUSCAM EM SUAS SENSAÇÕES BIOLÓGICO CULTURAIS ELEMENTOS PARA PERCEBER O MUNDO

Ijuí (RS) 2017

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ALINE BONESSO

AS CRIANÇAS BUSCAM EM SUAS SENSAÇÕES BIOLÓGICO CULTURAIS ELEMENTOS PARA PERCEBER O MUNDO

Trabalho de conclusão de Curso apresentado ao Curso de Pedagogia, Departamento de

Humanidades e Educação (DHE), da

Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUI, como requisito parcial a obtenção do grau de Licenciatura em Pedagogia.

Orientadora: Prof.ª Eulália Beschorner Marin

Ijuí (RS) 2017

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a DEUS, por ter me dado sabedoria e força para chegar até aqui.

A minha família que me apoiou, e, principalmente, ao meu esposo pelas palavras de carinho nos momentos difíceis que passei durante toda a graduação.

As amigas da universidade, pelo carinho, amizade, companheirismo, irei levá-las pra vida toda.

A minha querida orientadora, Professora Eulália Beschorner Marin, pela paciência e compreensão, desde o início até os momentos de conclusão do trabalho de conclusão de curso.

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RESUMO

Essa pesquisa busca apresentar o sentido das sensações no desenvolvimento das crianças na Educação Infantil, e como o corpo nos possibilita várias formas de conhecermos o mundo através dele. É na Educação Infantil que a criança pode e deve ter contato com atividades que lhe proporcionem experiências significativas para sua vida, pretende-se destacar e discutir as maneiras de explorar os sentidos como portas ao mundo. Além disso, apresentam-se fontes que mostram a importância de planejar e organizar espaços que possibilitem essas práticas.

Palavras-chave: Sensações. Experiências. Criança.

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ABSTRACT

This field research shows us the importance of the five senses and their sensations in the development of children in Early Childhood Education, and how the body allows us various ways of knowing the world through it. It is in Early Childhood Education that the child can and should have contact with activities that provide meaningful experiences for his life, it is intended to highlight and discuss ways of exploring the senses as doors to the world. In addition, there are sources that show the importance of planning and organizing spaces that allow these practices.

Key words: Sensations. Experiences. Child.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 06

1 SENSAÇÕES NO DESENVOLVIMENTO INFANTIL NA CRECHE: OS SENTIDOS COMO PORTAS AO MUNDO ... 8

1.1 Sensações táteis e tatear ... 9

1.2 Sabores e saborear ... 14

1.3 Aromas e cheirar ... 17

1.4 Sons e musicar ... 18

1.5 Olhar e ver ... 22

2 CONHECER AS CRIANÇAS EM SEUS MUNDOS: Que sentidos aguçam seus sentidos 27 2.1 Que sentidos aguçam seus sentidos ... 27

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INTRODUÇÃO

Ao nascer, o bebê tem os sentidos como porta de acesso ao mundo, por meio do paladar, audição, tato, olfato e visão, ele vai interagindo e estabelecendo relações com o mundo, alimentando-se de comida e conhecimento. A união e o estímulo desses sentidos facilitam o processo de aprendizagem do educando, pois o conhecimento do mundo chega por meio desses sentidos, sendo captado por células sensoriais e, posteriormente, interpretado pelo cérebro. Dessa forma, o corpo se estabelece como o principal instrumento de aprendizagem.

Do nascimento aos oito meses o bebê tem como uma de suas necessidades que o adulto o estimule corporalmente de modo que vá descobrindo seu corpo por meio de um toque afetuoso e estimulante, podem-se promover inúmeras e importantes situações de estimulação corporal e sensorial com eles.

As crianças possuem uma natureza singular, que as caracteriza como seres que sentem

e pensam o mundo de um jeito próprio. Os conhecimentos são construídos a partir das interações que estabelece com outras pessoas e com o meio em que vivem. As memórias são criadas a partir de atividades rotineiras. Mas, o aprender não é somente memorizar informações, para tal é preciso saber relacioná-las, ressignificá-las e refletir sobre elas.

O corpo oferece elementos para a construção do indivíduo enquanto ser pensante, afetivo e social capaz de reconhecer-se na coletividade. Reforçar a consciência do corpo por meio da exploração do mundo, através de estímulo das percepções do olfato, visão, tato, paladar e audição.

Movimentos, texturas, aromas, sabores, são informações que podem ser muito bem integradas ao que ouvimos e vemos, para enriquecermos ainda mais a capacidade de discriminação e aprendizagem do cérebro.

Os brinquedos oferecidos aos bebês devem ter variadas formas, pesos, texturas e cores para que sua percepção tátil e visual se desenvolva.

A riqueza das experiências sensoriais, investigação e descoberta usando o corpo inteiro, a navegação sensorial que exalta o papel da sinestesia na cognição e criação, fundamental para os processos de construção do conhecimento e de formação da personalidade sendo rico em valores sensoriais para que cada indivíduo possa adquirir consciência de suas próprias características de recepção.

Para Lipovetsky (1996, p. 9), “O organismo humano possui estruturas especializadas em receber determinados estímulos do ambiente, (olhos, ouvidos, boca, fossas nasais e pele),

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os quais chamamos órgãos dos sentidos”. E ainda entende-se que a percepção do meio ambiente pela criança bem com as experiências sociais vivenciadas são elementos fundamentais para o seu desenvolvimento. Diante disso, percebe-se que os órgãos do sentido servem tanto para o reconhecimento das funções triviais como visão, olfato, paladar, audição e tato, quanto para a complexa associação destas funções com as manifestações comportamentais da criança diante das fontes destes estímulos. Os sentidos do olfato e do paladar podem estar associados com um comportamento aversivo a determinados alimentos com sabor desagradável ou odores ruins. O tato e a visão encontram íntima relação na expressão do afeto da criança com a mãe que amamenta, com familiares ou com os colegas de escola que reconhece e abraça.

Todo ser vivo interage com o mundo a sua volta por meio dos órgãos ou estruturas dos sentidos, porem para que essa percepção de mundo ocorra é imprescindível receber, transportar e transformar estímulos em informações necessárias para interpretação do meio em que se vive.

Segundo a Base Nacional Comum Curricular (2017), os bebês e as crianças pequenas constroem e apropriam-se de conhecimentos, a partir de suas ações: trocando olhares, comendo, ouvindo histórias, colocando algo na boca, chorando, caminhando pelo espaço, manipulando objetos, e brincando.

Antes mesmo de falar, buscam comunicar-se e expressar-se de diferentes formas, em diferentes linguagens. As crianças, nesse momento de vida tem necessidade de ter contato com diversas linguagens, de se movimentar em amplos espaços (internos e externos), participar de atividades expressivas, tais como música, teatro, dança, artes visuais, audiovisual, explorar espaços e materiais que apoiem os diferentes tipos de brincadeiras e investigações.

Desde bebês, as crianças no seu desenvolvimento sensório-motor, já podem utilizar objetos que provoquem ruídos, primeiramente ao tocar como sensação e depois ao explorar diversos objetos no toque, na força variando os resultados sonoros.

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1 SENSAÇÕES NO DESENVOLVIMENTO INFANTIL NA CRECHE: OS SENTIDOS COMO PORTAS AO MUNDO

Para este trabalho, escolhi a turma do maternal juntamente com a professora Mari, na escola onde desenvolvo os estágios acadêmicos do curso de Pedagogia, e sou monitora, pois, além de oferece espaço amplo, também os materiais estão disponíveis, agregando a estes, outros foram confeccionados e providenciados por mim como: um tapete sensorial, saches com diferentes cheiros, frutas e legumes, e alguns instrumentos musicais.

O tapete sensorial foi confeccionado com plástico bolha, tampinhas de garrafa pet, algodão, casca de árvore, saquinhos com fibras, bandeja de ovo e lixa de fogão, para os sachês com aromas, utilizei orégano, pimenta, canela, cânfora (vick vaporub) café, cravo, alecrim e vinagre, para os sabores providenciei, uma cesta com frutas: como abacaxi, maçã, banana, caqui, pimentão, limão, laranja e bergamota e alguns instrumentos musicais como: tambor, pandeiro, chocalhos, violão entre outros. Cada criança escolheu o que experimentar e visivelmente o fizeram a partir de suas experiências culturais. A presente prática nos possibilita alguns resultados intencionais: como o estimulo dos sentidos sensoriais na aprendizagem, como um dos fundamentos no desenvolvimento da criança.

Segundo Horn (2004, p. 28),

A arquitetura da escola, sua fachada externa ou interna, responde a padrões culturais e pedagógicos que as crianças vão internalizando e aprendendo. Tendo essa ideia como referência, podemos inferir que espaço e tempo não são esquemas abstratos nos quais desemboca a prática escolar. Ao contrário disso, a arquitetura escolar é, por si só, o que materializa todo um esquema de valores, de crenças, bem como os marcos da atividade sensorial e motora.

Busco neste trabalho evidenciar como as sensações estão atravessadas pelas vivencias culturais das crianças em seu envolvimento com seu mundo, como em suas descobertas estas se relacionam como Seres Único e subjetivados com a construção de suas experiências através da percepção pelos sentidos, e como o corpo se apropria do processo de aprendizagem. Influenciado por sua capacidade criadora e lúdica, constrói sua capacidade cognitiva e sua consciência de mundo individual.

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1.1 Sensações táteis e tatear

O sentido do tato é o primeiro sentido a se desenvolver no homem e é importantíssimo para o crescimento, desenvolvimento e aprendizado da criança, pois por meio do toque ela consegue receber estímulos de outras pessoas, adquirindo confiança e autoestima. Além disso, o tato é o único sentido que se conserva atento no período em que o indivíduo está dormindo, funcionando como uma espécie de guarda do sono.

A pele age como um mediador entre nós e o mundo, de modo que o sentido do tato não pode ser visto com um artifício especifico, mas como algo difuso e conectado com a experiência do indivíduo sendo muito importante desde o seu nascimento.

De acordo com Ceppi e Zini (2013, p. 89),

O chão com certeza é uma das superfícies mais amplamente usadas por crianças de todas as idades, mas se torna um verdadeiro centro de atenção e uso quando as crianças são bem pequenas (isto é, quando estão no estágio de engatinhar). Para essas crianças, o chão é um mundo curioso de se explorar, e pode oferecer diversos pontos de interesse quando recebem a devida consideração na fase do projeto. As paredes também podem oferecer experiências táteis interessantes e variadas quando colocadas á altura das crianças.

Para trabalhar o sentido do tato foi apresentada às crianças a atividade utilizando o tapete sensorial dentro da sala, todos sentados tiraram os calçados e um de cada vez caminhou sobre o tapete, sentindo cada parte em seus pés, ficaram bem curiosos quando começaram a sentir as diferentes texturas, as meninas ficaram mais receosas que os meninos, depois que todos realizaram a prática, um grupinho se aproximou e curiosamente começaram a sentir o tapete com as mãos e notei que não sentiram tanta sensibilidade como com os pés.

Utilizei também alguns balões com farinha e outros com bolinhas em gel, e dei para eles manusearem. Enquanto caminhavam sobre o tapete sensorial, descreviam o que estavam sentindo nos pés, o B. precisou segurar na minha mão para se sentir seguro e explorar os materiais oferecidos, durante o processo não falou nada apenas ria cada vez que tocava o tapete com seus pés.

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Figura 1: Trilha de sensações

Fonte: Autora da pesquisa, 2017.

O T. F. também precisou segurar minha mão e foi descrevendo o que sentia, dizendo se era macio ou não.

Pois, conforme os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997, p.28):

“... esse processo não é espontâneo; é construído com a intervenção do professor. É o professor quem tem condições de orientar o caminhar do aluno, criando situações interessantes e significativas, fornecendo informações que permitam a reelaboração e a ampliação dos conhecimentos prévios, propondo articulações entre os conceitos construídos, para organizá-los em um corpo de conhecimentos sistematizados.” Figura 2: Tapete sensorial

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Fonte: Autora da pesquisa, 2017. Figura 3: Tapete sensorial

Fonte: Autora da pesquisa, 2017.

Depois da prática, as crianças ficaram curiosas e começaram a explorar o tapete com as mãos, descolaram os objetos, e tentaram descobrir com as percepções táteis alguns fatores como: formas, se eram áspero ou liso, duro ou macio e o que foi utilizado na construção do tapete sensorial.

As meninas foram mais corajosas do que os meninos, e exploraram bem mais o tapete, o que chamou bastante a atenção delas foi a bandeja de colocar ovos, uma das meninas a M.F. disse: “eu nunca tinha visto uma bandeja de ovos tão grande profe”.

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Fonte: Autora da pesquisa, 2017.

Para Horn (2004, p. 85), “É importante considerar que o modo de organizar os materiais e coloca-los em locais “convidativos e acolhedores” no espaço da sala de aula incita as crianças à interação, motivando o protagonismo infantil nas ações que se desenvolvem na sala de aula.”

Figura 5: Tapete sensorial

Fonte: Autora da pesquisa, 2017.

O plástico bolha foi o que mais chamou a atenção deles, não só por que colori o papel que estava em baixo mas também por que gostaram de estouras as bolhas.

De acordo com Ceppi e Zini (2013, p. 85), “a riqueza e variedade do material é, portanto, uma característica indispensável em um ambiente para crianças pequenas, e é essencial que o projeto considere o equilíbrio desse sistema artificial.”

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Fonte: Autora da pesquisa, 2017. Figura 7: Tateando

Fonte: Autora da pesquisa, 2017.

Nas figuras 6 e 7 podemos ver as crianças manuseando balões cheios de farinha, e outros com bolinhas de gel, o D.H. gostou tanto de apertar o balão com bolinhas que acabou estourando e espalhando bolinhas de gel pela sala toda.

No livro Implementação do Proinfância, Horn e Gobbato (2015, p. 71) afirmam que:

Não se consideram somente o meio físico ou material, mas também as interações que se produzem nesse meio, aqui entendido como lugar onde as crianças realizam atividades e interagem com diferentes materiais. É um todo indissociável de objetos, odores, formas, cores, sons e pessoas que habitam e se relacionam dentro de uma estrutura física determinada que contém tudo e que, ao mesmo tempo, é contida por esses elementos que pulsam dentro dela como se tivessem vida.

Por isso, dizemos que o ambiente “fala” transmite-nos sensações, evoca recordações, passa-nos segurança ou inquietação, mas nunca nos deixa indiferentes. Portanto, o meio constitui fator preponderante para o desenvolvimento dos indivíduos, fazendo parte constitutiva desse processo. As crianças, ao interagirem nesse meio e com outros parceiros, aprendem pela própria interação e imitação, consequentemente quanto mais esse espaço for desafiador e promover atividades conjuntas entre parceiros, quanto mais permitir que as crianças se descentrem da figura do adulto, mais fortemente se constituirá como parte integrante da ação pedagógica.

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1.2 Sabores e saborear

O paladar é uma sensação química percebida por células especificas, as papilas gustatórias e é através delas que conseguimos distinguir os sabores salgado, doce, azedo e amargo.

O bebê, no começo, só distingue quatro sabores: doce, salgado, amargo e azedo. O paladar é o menos desenvolvido dos sentidos da criança ao nascer, até porque ela não precisa dele, uma vez que a natureza preparou-a para apenas um tipo de alimentação: o leite materno, por isso o bebe tem muito a aprender pela boca.

É muito importante para os bebês descobrir o prazer pelos alimentos, podendo ser explorado pelo sabor, cor, textura, temperatura entre outros.

Bebês também precisam de liberdade para usar a boca: faz parte do seu aprendizado, do seu desenvolvimento, o cuidado a tomar é evitar que ele tenha acesso a coisas que não deve mesmo colocar na boca, por serem perigosas de engolir ou porque estejam sujas. Mas não reprima o bebê além da conta, porque a boca é seu primeiro contato com o mundo, sua primeira comunicação, sua primeira escola de vida.

Na atividade envolvendo o sentido do paladar, a percepção das crianças em distinguir os sabores foi bem interessante, pois elas puderam experimentar alguns alimentos comuns a elas e outros os quais as mesmas não tinham hábito de comer ou não gostavam. Uma das crianças comeu um pedaço, coloquei alguns potes sobre a mesa com diversas frutas, cada um recebeu um garfo para experimentar os diferentes sabores, cada um se identificou de acordo com o seu paladar.

O que me chamou a atenção foi uma das crianças que só quis comer pimentão e limão, e quando ofereci banana, maçã e caqui ele disse:” essas frutas são ruins por que são muito

doce”, já as meninas e os outros meninos experimentaram as frutas e não chegaram a comer o

limão e nem o pimentão, só passaram a língua e reclamaram que era forte.

Ao finalizar essa prática, uma das crianças a M.F. me disse: “professora eu adorei as

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Figura 8: Saboreando

Fonte: Autora da pesquisa, 2017.

Figura 9:Saboreando

Fonte: Autora da pesquisa, 2017.

Após colocar as frutas na mesa, fui passando uma de cada vez para que fossem experimentando, aí comecei a identificar os diferentes tipos de paladar das crianças, cada um deles demonstrou ter um paladar diferenciado em relação as frutas oferecidas.

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Figura 10:Saboreando+

Fonte: Autora da pesquisa, 2017.

O D.H. da foto acima tem um paladar um pouco diferente dos demais, pois comeu basicamente pimentão e limão Taiti, quando experimentava as frutas mais doces reclamava dizendo: “essas não são boas profe”. Depois dessa prática constatei que seu paladar tem algo a ver com sua personalidade, ambos são bem fortes.

1.3 Aromas e cheirar

Em outra atividade foram trabalhadas a percepção olfativa e a capacidade das crianças em distinguir diversos tipos de cheiros. As mesmas foram submetidas à experimentação de vários odores, foram oferecidos sachês onde as crianças perceberam com mais facilidade cheiros, como café e vinagre.

Pois é por meio do olfato que o homem, assim como os demais animais, percebe diferentes odores, ele se comunica com a parte mais antiga do nosso cérebro, portanto as emoções mais profundas e diretas são associadas aos odores.

Pode-se dizer que de todos os sentidos, o olfato é o menos influenciado por condições culturais, a memória olfativa é imediata e pode nos remetendo a lugares.

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Figura 11: Aromas

Fonte: Autora da pesquisa, 2017.

Na figura 11 podemos ver o J.G. sentindo os diversos cheiros oferecidos a ele, e ao lado os colegas curiosos perguntando: tem cheiro de que, esse cheiro é bom ou ruim”.

Figura 12: Aromas

Fonte: Autora da pesquisa, 2017.

Aqui a A.C. cheirava a M.F. também estava muito curiosa para sentir os cheiros que relataram não ter gostado de nenhum.

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Sobre o olfato, Ceppi e Zini (2013, p. 92) informam que:

A dimensão pessoal do olfato implica que este sentido irá atribuir veracidade máxima no julgamento, definição e reconhecimento da identidade material dos objetos;

Devido a esse vínculo íntimo entre odor e material, enquanto podemos imaginar a dimensão da cor vermelha sem fazer referência a um objeto específico, não podemos reconstruir a sensação aromática do café, por exemplo, sem pensar em um material de referência específico. Desse modo, um cheiro sempre é identificado com uma substância material que constitui um fenômeno real.

Concluímos, com as leituras feitas acima, que os cheiros nos possibilitam várias associações com objetos, sensações, lugares, pessoas, e também contribui para a formação da nossa identidade de acordo com nossas escolhas.

1.4 Sons e musicar

Trabalhar sons que acalmam, cantigas infantis, assim como sons da natureza, ruído de animais, é importante categorizar os sons para que a criança vá diferenciando cada um deles e associá-los a um objeto, uma pessoa ou uma circunstância. As atividades que envolvem a percepção auditiva agem, além do estímulo auditivo em si, no desenvolvimento de diversos aspectos cognitivos, tais como criatividade, memória, linguagem entre outros mais.

O universo sonoro das crianças pode ser construído através da exploração dos sons, podendo-se utilizar sucatas como por exemplo: latas, potes contendo feijão, pedrinhas, arroz, para que produzam sons variados, jornais, revistas para manusear.

A atividade realizada sobre a audição, mais significativa para as crianças foi a que envolveu o contato com os instrumentos musicais. Os pequenos puderam conhecer as notas musicais, manusear instrumentos como: o violão, a flauta, e explorar os sons produzidos pelos mesmos. O contato com a música é extremamente importante para o desenvolvimento da criança sob todos os aspectos.

Segundo o Referencial Curricular Nacional Para a Educação Infantil – RCNEI (BRASIL, 1998, p. 49), “[...] A linguagem musical é excelente meio para o desenvolvimento da expressão, do equilíbrio, da autoestima e autoconhecimento, além de poderoso meio de integração social”. O referido documento também destaca que, “[...] aprender música significa integrar experiências que envolvem a vivência, a percepção e a reflexão, encaminhando-as para níveis cada vez mais elaborados” (p. 49).

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Primeiramente apresentei a eles alguns instrumentos musicais, e fui emitindo os sons um de cada vez para que eles pudessem sentir, em seguida falei o nome do instrumento e depois cada um pode pegar e senti-lo em suas mãos, antes de iniciarmos a prática.

Figura 13: Sons e música

Fonte: Autora da pesquisa, 2017.

Figura 14: Sons e música

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Todos atentos e curiosos para saber o nome dos instrumentos musicais e o som que cada um emite.

Figura 15: Sons e música

Fonte: Autora da pesquisa, 2017.

Figura 16:Sons e música

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Figura 17:Sons e música

Fonte: Autora da pesquisa, 2017.

Nas imagens acima podemos observar que cada um escolheu um objeto para descobrir o som e depois todos tocaram juntos formando uma “banda”.

Depois foram se trocando os instrumentos para que cada um experimentasse os diferentes sons que produziam.

Figura 18:Sons e música

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Figura 18:Sons e música

Fonte: Autora da pesquisa, 2017.

O D.H. e o T.F. tocaram violão e cantaram a música Maria Chiquinha, enquanto tocavam faziam várias expressões corporais e demonstraram estar empolgados com a canção.

Segundo Ghisleni, Werle e Spezia (2015, p. 119),

A música, como os demais conhecimentos, se constrói com base em vivências e reflexões e, desta forma, é importante para o desenvolvimento musical que a criança esteja habituada a expressar-se musicalmente desde os primeiros anos de vida, para que assim a música venha a se constituir numa faculdade permanente do seu ser, e que desperte o senso crítico e estético diante da apreciação de repertórios diferenciados.

A partir dos estudos realizados concluo que a música é um estímulo sonoro que possibilita a criança no seu aprendizado, seja ele escolar ou para o resto da vida, aprendem a conviver melhor com outras crianças e estabelecem uma comunicação mais harmoniosa.

1.5 Olhar e ver

A visão é um dos cinco sentidos funcionais do nosso organismo, nossa visão é complexa porque existem várias partes responsáveis por detectar a luz e outras por captar imagens e interpretá-las.

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Existem várias maneiras de perceber o mundo através da visão, duas crianças podem enxergar a mesma paisagem mas ter percepções diferentes sobre o mesmo, dependendo da luminosidade em que se encontra.

A distinção das cores, por exemplo, são de grande importância para nossa vida. Nesse sentido, Ceppi e Zini (2013, p. 73) dizem que:

Assim como acontece com a luz, a identidade da cor é um produto do contexto cultural existente.

Em relação a ambientes escolares, a identidade e o uso de cores são fortemente influenciados pela atual imagem cultural da criança. Geralmente, uma imagem simplificada da criança leva a cenários cromáticos também simples, com resultados duvidosos: a presença de cores primárias altamente saturadas (vermelho, amarelo, azul) ou o predomínio de cores bem claras (amarelo, rosa e azul pastel) que dão um efeito de “berçário”.

Em contrapartida, uma imagem mais complexa da criança, situada em nosso contexto atual, implica um cenário cromático mais rico e diversificado, ampliando as possibilidades de uso da cor.

Inicialmente apresentei para as crianças um caixote de madeira com vários objetos como: mamadeira, xicara, colher entre outros, em seguida expliquei como seria feita a brincadeira onde eu iria vendar os olhos deles e colocar um dos objetos em suas mãos e eles teriam que manuseá-los e me dizer qual era o objeto escolhido.

Aqui estão os objetos oferecidos:

Figura 19: Olhar e ver

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Em seguida expliquei como seria a brincadeira e todos prestaram bastante atenção pois nunca haviam brincado de olhos vendados.

Figura 20: Olhar e ver

Fonte: Autora da pesquisa, 2017.

Figura 21:Olhar e ver

Fonte: Autora da pesquisa, 2017.

Todos esperavam ansiosos para começar a brincadeira enquanto em colocava a venda na J.

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Figura 22:Olhar e ver

Fonte: Autora da pesquisa, 2017.

A J. e o D.H tiveram facilidade em adivinhar qual era o objeto que tinham em mãos. A J. gostou tanto que queria adivinhar todos os objetos que estavam no caixote antes de passar a vez para seus colegas.

Figura 23:Olhar e ver

Fonte: Autora da pesquisa, 2017. Fonte: Autora da pesquisa, 2017.

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O P.H descobriu logo que era uma mamadeira pelo fato de ter uma igual em casa. O R. da foto abaixo descreveu seu objeto como um cone de colocar linhas, o que nos mostrou que ele conhecia mesmo o objeto que estava manuseando.

Figura 24: Olhar e ver

Fonte: Autora da pesquisa, 2017.

O R. disse que o cone era um rolo, pois é assim que chamam esse objeto quando brincam com massinha de modelar.

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2 CONHECER AS CRIANÇAS EM SEUS MUNDOS: Que sentidos aguçam seus sentidos

2.1 Que sentidos aguçam seus sentidos

Ao oferecer às crianças um conjunto de práticas, mesmo sendo essas do seu cotidiano, e ao me debruçar sobre suas reações, foi possível entendê-las em seus sentidos, percebendo-as em seu o desenvolvimento, durante as diversas explorações realizadas, suas reações me despertavam curiosidade: crianças reagem de formas diferentes às sensações de frio, calor, maciez, aspereza, aromas, sabores, cores, sons, e luz, o que às fazem únicas, pois conforme os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997, p.28)“é importante conceber a relação de ensino e aprendizagem como uma relação entre sujeitos, em que cada um, a seu modo e com determinado papel, está envolvido na construção de uma compreensão dos fenômenos naturais e suas transformações, na formação de atitudes e valores humanos.”

No sentido do tato em que utilizei o tapete sensorial para realizar a prática, observei uma curiosidade maior em explorá-lo por parte das meninas pois demonstraram mais segurança e foram descrevendo que sentiam pedaços macios e ásperos do tapete em seus pés.

No final da prática elas começaram a explorar o tapete com as mãos, desmontando-o descobrindo os objetos que foram utilizados na sua construção.

Na prática realizada do paladar, o que me chamou a atenção foi que cada criança escolheu primeiramente a fruta que mais gostava mas em seguida experimentaram também o que não conheciam como o pimentão e o limão, exceto o D.H. que escolheu esses dois como seus preferidos o que me fez pensar sobre sua personalidade, que é bem forte.

Na atividade que exploramos o olfato, percebi que a maioria das crianças não soube distinguir os diferentes cheiros oferecidos, apenas iam relatando se era bom ou não.

Quando utilizamos os instrumentos musicais para trabalharmos a audição, todas as crianças ficaram bem empolgadas e demonstraram gostar bastante de barulho, emitiram o som de cada instrumento primeiramente um de cada vez, e em seguida todos juntos, todos se expressaram de muitas maneiras como os meninos que até cantaram a música da Maria Chiquinha enquanto tocavam os instrumentos.

Para o sentido da visão, propus a eles vendar seus olhos e tentassem descobrir qual era o objeto que eu ofereci, todos tiveram facilidade ao realizar essa prática, e repetimos várias vezes a pedido deles onde todos vibravam quando o objeto era decifrado.

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Contribuo com tais ideias para evidenciar a relevância de incluir no repertorio da educação infantil práticas que salientem as experiências trazidas pelas crianças de suas culturas em suas formas de tocar, cheirar, ver, ouvir e lambuzar-se ao apropriar-se daquele que será o seu mundo, como ser único e subjetivado por suas construções, experiências, percepções sensoriais deste que é o seu corpo o qual se constitui, aprende se produz em processos experimentais, sempre mediado pela herança de homo ludens na construção cognitiva e na consciência de mundo1.

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REFERÊNCIAS

BRASIL. BNCC- Base Nacional Comum Curricular.

BRASIL. Referencial Curricular Nacional Para a Educação Infantil. 1998.

CEPPI, Giulio, ZINI, Micheli. Crianças, espaços, relações, como projetar ambientes para a educação infantil. Porto Alegre: Penso, 2013.

FLORES, Maria Luiza Rodrigues; ALBUQUERQUE, Simone Santos de Implementação do Proinfância no Rio Grande do Sul: perspectivas políticas e pedagógicas. Porto Alegre: Ed. PUC-RS, 2015 HORN, Maria da Graça Souza. Sabores, cores, sons, aromas: a organização dos espaços na educação infantil. Porto Alegre: Artmed, 2004.

LIPOVETSKY, N. Ciências: sentidos do corpo humano – 1ª série. Goiânia, 1996.

MELLO, Débora Teixeira de; CORREA, Aruna Noal; CANCIAN, Viviane Ache Docências na educação infantil: currículo, espaços e tempos.

Referências

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