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Marmorarias de Salvador: Um Estudo Quantitativo e Estratégico sobre Reaproveitamento e Reciclagem de Resíduos de Rochas Ornamentais

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INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOLOGIA Área de Concentração:

Geologia Ambiental, Hidrogeologia e Recursos Hídricos

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

MARMORARIAS DE SALVADOR:

UM ESTUDO QUANTITATIVO E ESTRATÉGICO SOBRE

REAPROVEITAMENTO E RECICLAGEM DE RESÍDUOS

DE ROCHAS ORNAMENTAIS

Mestrando:

CLÁUDIO SÉRGIO OLIVEIRA DE ROSATO

Orientadores:

Prof.ª. Dr.ª DÉBORA CORREIA RIOS Prof. Dr. HERBET CONCEIÇÃO

Salvador 2013

(2)

UM ESTUDO QUANTITATIVO E ESTRATÉGICO SOBRE REAPROVEITAMENTO E

RECICLAGEM DOS RESÍDUOS DE ROCHAS ORNAMENTAIS

por:

Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato

Bel. Ciências Econômicas (UCSal, 1988)

Dissertação de Mestrado

Submetida em satisfação parcial dos requisitos ao grau de

Mestre em Ciências

- GEOLOGIA -

À

Câmara de Ensino de Pesquisa e Pós-Graduação da

Universidade Federal da Bahia

COMISSÃO EXAMINADORA:

_______________________________ Dra. Debora C. Rios – Orientadora – UFBA _______________________________ Dr. Herbet Conceição – Co-orientador - UFS

____________________________

MSc. Heli de Almeida Sampaio Filho – SICM _______________________________ Dra. Maria de Lourdes da Silva Rosa – UFS _______________________________ Dra. Rita Cunha Menezes – CPRM

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R Rosato, Cláudio Sérgio Oliveira de

MARMORARIAS DE SALVADOR: UM ESTUDO QUANTITATIVO E

ESTRATÉGICO SOBRE REAPROVEITAMENTO E RECICLAGEM DOS

RESÍDUOS / CLÁUDIO SÉRGIO OLIVEIRA DE ROSATO

– SALVADOR:

C.S.O. ROSATO, 2013.

XXXf. : il.

Dissertação (Mestrado)

– Curso de Pós-Graduação em Geologia –

Instituto de Geociências da Universidade Federal da Bahia. 2013

1.

Rochas Ornamentais 2. Reciclagem 3. Reaproveitamento 4.

Resíduos Sólidos

I. Título II. Dissertação

(4)

DEDICATÓRIA

Aos meus pais, Casimiro e Theresinha, e aos meus filhos Raphael e Matheus,

pelo incentivo e apoio incondicional durante a execução deste trabalho.

(5)

AGRADECIMENTOS

Ao Deus Eterno. Aos meus pais, por tudo que fizeram no intuito de me ajudar e incentivar nessa jornada.

Aos meus colegas de GPA pelo apoio. Ao funcionário Nilton Silva, da secretaria da Pós-Graduação em Geologia/UFBA, pela paciência e presteza no atendimento durante a execução deste trabalho. Aos meus professores, que durante esse período colaboraram, aconselharam e corrigiram meus trabalhos, pesquisas e tudo relacionado à execução deste projeto. A minha amiga, Ivanara Pereira Lopes Santos, por sua disponibilidade e auxílio na confecção do mapa georreferenciado das marmorarias de Salvador. Ao Museu Geológico da Bahia, Travertinos da Bahia S.A., e a Ana Cristina Franco Magalhães, diretora de mineração da SICM, pela cessão de fotos para uso nesta dissertação. Aos colegas de SICM pelo apoio e incentivo.

AGRADECIMENTO ESPECIAL

A minha orientadora, Dra. Débora Correia Rios, pelo apoio, carinho e incentivo nos momentos mais difíceis na execução desse trabalho e sem os quais este projeto não teria acontecido. A minha grande amiga e professora, MSc. Maria Therezinha Guzzo Muniz Ferreira, que sugeriu e incentivou o inicio desse projeto e principalmente que acreditou que eu poderia realizá-lo.

(6)

“Qualquer coisa que você faça será insignificante, mas é importante que você o faça. Pois ninguém o fará por você.”

(7)

mais do que pelas suas excelentes propriedades funcionais, o que as caracteriza são os seus atributos estéticos, extremamente diferenciados pela combinação de estruturas, texturas e cores. Atualmente, as marmorarias e os depósitos de chapas são os principais fornecedores dos pequenos consumidores. As marmorarias são as empresas que, por excelência, executam os trabalhos especiais de acabamento, enquanto os depósitos de chapas são os principais fornecedores de materiais importados. Os shoppings da construção comercializam apenas produtos prontos para o consumidor final, tanto na forma de lajotas e mosaicos para revestimentos, quanto na forma de “custom made” (pias e tampos de mesa, etc.). Apesar dos avanços, durante o beneficiamento das pedras naturais, 40% do produto são transformados em pó e/ou fragmentos, que ficam depositados nos pátios das marmorarias. Esta grande quantidade de resíduos gerados tem motivado pesquisadores a estudar opções de reaproveitamento na produção de argamassas, tijolos cerâmicos, peças cerâmicas e concretas. A reciclagem dos rejeitos gerados pelas indústrias para uso como matérias-primas alternativas não é nova, e tem sido efetuada com sucesso em vários países e tem sido impulsionada pelas preocupações ambientais. Com isto, o gerenciamento dos rejeitos nas marmorarias, através de estudos capazes de detectar suas potencialidades e viabilizar sua seleção preliminar, é vista hoje como uma importante atividade, que pode contribuir para diversificação dos produtos, diminuição dos custos finais, além de resultar em novas matérias-primas para uma série de setores industriais. Na Região Metropolitana de Salvador estão em atividade atualmente cerca de 130 marmorarias, 95% destas não utilizam ou não se interessam em desenvolver tecnologias em reciclagem de resíduos de beneficiamento de rochas ornamentais. Apenas quatro empresas desenvolvem este recurso, voltado para a confecção de mosaicos e seixos para as atividades de jardinagem e paisagismo. A grande maioria opta pela importação de produtos reciclados principalmente da China, tais produtos entram no mercado nacional a preços exorbitantes enquanto todos os resíduos gerados pela atividade de beneficiamento nas marmorarias são descartados de maneira aleatória e inadequada. A conscientização dos empresários e cidadãos é a chave para a solução desse problema ambiental relativamente simples. A maioria dos empresários do setor tem conhecimento dessas alternativas, porém alegam que o investimento nessa atividade é relativamente alto e que o descarte tem sido o meio mais barato para esse volume de resíduos. Talvez a constituição de uma cooperativa nos mesmos moldes das já existentes para garrafas pet e latas seja a alternativa mais viável e que poderá provocar a conscientização dos empresários marmoristas.

(8)

ABSTRACT

The ornamental define nowadays one of the most promising areas of the mining sector , rather than by its excellent functional properties , which distinguishes them are their aesthetic attributes , the combination of highly differentiated structures , textures and colors . Currently, marble mills and sheet deposits are the main suppliers of small consumers. The marble industries are companies that, par excellence, perform special finishing the work, while deposits of plaques are the main suppliers of imported materials. The construction of malls sell only ready products to the final consumer, either in the form of tiles and mosaics for coatings, as in the form of "custom made" (sinks and table tops, etc.). Despite advances during the processing of natural stone, 40% of products are transformed into powder and / or fragments that are deposited on patios of the marble industry. This large amount of waste generated has motivated researchers to study options for reuse in the production of mortars, ceramic brick, ceramic and concrete. The recycling of waste generated by industries for use as alternative raw materials is not new, and has been performed successfully in several countries and has been driven by environmental concerns. With this, the management of waste in sheds through studies able to detect their potential and to enable their preliminary selection, is seen today as an important activity, which may contribute to diversification of products, reduction of final costs, and result in new raw materials for a range of industrial sectors. In the Metropolitan Region of Salvador are currently active around 130 sheds 95 % of these do not use or are not interested in developing technologies in waste recycling processing of ornamental stones. Only four companies develop this resource, come back for making mosaics and pebbles for landscaping and gardening activities. The vast majority opts for the import of recycled products mainly from China, such products enter the domestic market at exorbitant prices while all waste generated by the activity of processing the marble industry are dropped randomly and inadequate. The awareness of entrepreneurs and citizens is the key to solve this environmental problem relatively simple. Most entrepreneurs are aware of these alternatives, but contend that the investment in this activity is relatively high and that the disposal has been the cheapest for this volume of waste. Perhaps the establishment of a cooperative in the same way the existing PET bottles and cans to be the most feasible and likely to cause awareness of entrepreneurs masons

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ÍNDICE

DEDICATÓRIA AGRADECIMENTOS RESUMO ABSTRACT ÍNDICE ÍNDICE DE FIGURAS ÍNDICE DE TABELAS ÍNDICE DE ANEXOS Capítulo 1. INTRODUÇÃO

1.1 O Setor Produtivo de Rochas Ornamentais 1.2 Motivações

1.3 Objetivos da Dissertação 1.3.1 Objetivo Geral

1.3.2 Objetivos Específicos 1.4. Justificativas

1.5. Localização e Delimitação da Área de Trabalho 1.6. Marmorarias de Salvador

1.7. Aspectos Metodológicos

1.7.1. Levantamento Bibliográfico e Creditação Obrigatória 1.7.2. Elaboração dos Questionários de Pesquisa

1.7.3. Pesquisa de Campo 1.7.4. Tratamento dos Dados 1.7.5. Divulgação dos Resultados 1.8. Estrutura da Dissertação

Capítulo 2. Artigo RBG: “RECICLAGEM E REAPROVEITAMENTO DE ROCHAS

ORNAMENTAIS: PERSPECTIVAS BRASILEIRAS”

2.1. Introducao

2.2. A cadeia produtiva brasileira de rochas ornamentais

2.2.1 E como anda a balanca comercial de rochas ornamentais no Brasil? 2.2.2 O desempenho do setor de rochas em 2012

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2.3.1 Residuos Solidos

2.3.2 Residuos Solidos no Processo de Extracao de Rochas Ornamentais

2.3.3 Residuos do Beneficiamento de Rochas Ornamentais e seus Desdobramentos 2.3.4 Residuos Hidricos

2.4. Reciclagem de Rochas Ornamentais no Brasil 2.4.1 Rocha: Recurso Natural Nao-Renovavel? 2.4.2 Reciclagem: A Opcao Inteligente?

2.5. Casos de Sucesso

2.5.1 Exemplos Brasileiros: Aplicacoes na Construcao Civil 2.5.1.1 “Rochas Artificiais”

2.5.1.2 O Polo Ornamental de Santo Antonio de Padua – RJ 2.5.1.3 Producao de Vidros

2.6. Reciclagem de Residuos de Rochas Ornamentais: Consideracoes sobre o Estado da Arte 2.7 Consideracoes Finais

2.8 Agradecimentos

2.9 Referencias Bibliograficas

Capítulo 3. Artigo RBG: “RECICLAGEM DE ROCHAS ORNAMENTAIS NAS MARMORARIAS

DA REGIAO METROPOLITANA DE SALVADOR: RESULTADOS E

PERSPECTIVAS”

3.1. Introducao

3.2. A Cadeia Produtiva de Rochas Ornamentais

3.2.1 E Como Sao Definidas as Rochas Ornamentais? 3.3. O Mercado de Rochas Ornamentais no Seculo XXI

3.3.1 Caracteristicas do Mercado Ornamental Brasileiro 3.3.2 O Estado da Bahia no Contexto Nacional

3.4. Reciclagem de Residuos na Industria Ornamental

3.4.1 Fatores Condicionantes: Efeitos da Concorrencia Internacional 3.5. As Marmorarias da Regiao Metropolitana de Salvador - RMS

3.5.1 Reciclagem e Reaproveitamento de Residuos nas Marmorarias da RMS 3.5.2 Exemplos de Sucesso da Reciclagem de Rochas na RMS

3.5.3 Outras Opcoes para Reciclagem e Reaproveitamento de Residuos na RMS 3.5. As Marmorarias da Regiao Metropolitana de Salvador - RMS

3.5.1 Reciclagem e Reaproveitamento de Residuos nas Marmorarias da RMS 3.6 Consideracoes Finais

3.7 Agradecimentos

(11)

Capítulo 4. CONCLUSOES E SUGESTOES PARA TRABALHOS FUTUROS

Capítulo 5. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS

Capítulo 6. ANEXOS

Anexo 1: Modelo do questionário de pesquisa aplicado junto às empresas marmoristas da RMS. Anexo 1: Banco de dados em planilha Excel criado a partir dos questionários de pesquisa

aplicados nas empresas marmoristas da RMS.

Anexo 2: Cópias dos trabalhos produzidos e divulgados em eventos científicos durante a

(12)

ÍNDICE DE FIGURAS e TABELAS

Capítulo 1. INTRODUÇÃO

Figura 1.1: Mapa de situação e localização da Região Metropolitana de Salvador Figura 1.1: Mapa da RMS com a localização das empresas marmoristas desta área.

Capítulo 2. Artigo RBG: “RECICLAGEM E REAPROVEITAMENTO DE ROCHAS

ORNAMENTAIS: PERSPECTIVAS BRASILEIRAS”

Figura 2.1: Esquema ilustrativo da cadeia produtiva de rochas ornamentais no Brasil

(modificado de Spínola, 2002).

Figura 2.2: Principais regiões produtoras de rochas ornamentais no Brasil segundo a

ABIROCHAS (Fonte: Chiodi 2013).

Figura 2.3: Esquema ilustrativo do problema dos resíduos sólidos e ideias de novos usos

para estes rejeitos.

Figura 2.4: Resíduos gerados nas etapas produtivas da cadeia de rochas ornamentais

Brasileira. (A) e (B) Extração: Exemplos de blocos abandonados em pedreiras da regiao nordeste do Estado da Bahia; (C) e (D) Desdobramento: Residuos do corte de blocos em serrarias; (E) e (F) Beneficiamento: Residuos observados em marmorarias visitadas.

Figura 2.5: Exemplos de produtos criados no Brasil a partir da reciclagem de rochas: (A)

Telhas, (B) Produtos cerâmicos (pias/cubas), (C) Vidro, (D) Placas de “rochas artificiais”.

Figura 2.6: Esquema ilustrativo da interacao entre o poder publico, empresarios e

comunidade para a reciclagem e reaproveitamento de rochas ornamentais.

Figura 2.7: Proposta para a Sustentabilidade, Reciclagem e Reaproveitamento na Indústria

Brasileira de Rochas Ornamentais.

Tabela 2.1: Evolução da Produção de Rochas Ornamentais Brasileiras no período 2009

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DA REGIAO METROPOLITANA DE SALVADOR: RESULTADOS E PERSPECTIVAS”

Figura 3.1: Mapa da RMS com a localização das empresas marmoristas desta área.

Figura 3.2: Fotos de mármores ornamentais produzidos na Bahia: (A) Bege Bahia, (B)

Arabescato, (C) Imperial Pink, (D) Rosa Precioso, (E) Flor de Pêssego, (F) Rosa Palha, (G) Rosa Patamuté, (H) Rosa Siena.

Figura 3.3: Fotos de Granitos Ornamentais produzidos na Bahia: (A) Azul Macaúbas, (B)

Kashimir Bahia, (C) Jacarandá Bahia, (D) Bordeaux Bahia, (E) Marrom Bahia, (F) Marinace, (G) Azul Bahia, (H) Café Bahia.

Figura 3.4: Exemplos de Rochas Artificiais comercializadas no Brasil: (A) Marmoglass, (B)

Aglostone, (C) Nanoglass, (D) Techstone, (E) Superfícies de Quartzo (Fotos obtidas no site da Alicante).

Figura 3.5: Mapa da área de estudo com a localização das marmorarias inventariadas. Figura 3.6: Diagramas de avaliação do setor marmorista da RMS. (A) Distribuição das

empresas pesquisadas por município da abordagem. (B) Porte das empresas de acordo com o faturamento médio anual. (C) Procedência das chapas comercializadas, (D) Produtos fabricados. (E) Destinação dos resíduos gerados, (F) Interesse das empresas em novas destinações para seus resíduos.

Figura 3.8: Exemplos de aplicações de rejeitos de rocha em Salvador: (A) Fachada e piso

de residência popular, (B) Mural com resíduos de rochas e minerais no Museu Geológico de Salvador (Foto cedida pelo MGB), (C) Paisagismo: (D) Seixos rolados, (E) Jardim interno de shopping center, (F) Fragmentos arredondados e espacato em acabamento de escadaria em shopping center.

Figura 3.9: Produtos reciclados criados a partir de resíduos do corte de chapas de

mármores ornamentais. Espacato: (A) Fachada de Shopping Center, (B) Detalhe da fachada, (C) Fonte em mármore Bege Bahia, com finalização em espacato (foto Design Stone). Anticato: material sendo reciclado em serraria (D) e aplicações em calçamentos (E e F, fotos Ana Cristina F. Magalhães e Travertino da Bahia S.A.) .

Figura 3.10: Diversos tipos de artesanato mineral, promovendo a inclusão social dos

artesãos e o reaproveitamento de resíduos de mineração e rochas ornamentais (A) Peixe em calcita laranja, (B) Flor mesclando calcita branca, sodalita-azul, quartzito-verde e violão em calcário, biotita e calcita branca. (C) Pássaro confeccionado com calcita branca, sodalita azul, biotitito; Reaproveitamento feitos com a técnica de mosaico (E) Piso em quartzito São Tomé (um meta-arenito), (F) Tampos de mesa criados pela Desing Stones.

(14)

Introdução

Capítulo 1

Abordagens:

1.1 O Setor Produtivo de Rochas

Ornamentais

1.2 Motivações

1.3 Objetivos

1.4 Justificativas

1.5 Localização e Delimitação da Área

de Trabalho

1.6 Marmorarias de Salvador

1.7 Aspectos Metodológicos

1.8 Estrutura da Dissertação

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INTRODUÇÃO

Este capítulo apresenta uma introdução à dissertação de mestrado intitulada “Marmorarias de Salvador: Um Estudo Quantitativo e Estratégico sobre Reaproveitamento e Reciclagem dos Resíduos”. A dissertação estará organizada em dois artigos e esta introdução visa guiar ao leitor na sua leitura.

1

O SETOR PRODUTIVO DE ROCHAS ORNAMENTAIS

As rochas ornamentais e de revestimento, também designadas pedras naturais, rochas dimensionais e/ou materiais de cantaria, definem na atualidade uma das mais promissoras áreas do setor mineral. Este crescimento resulta da diversificação dos produtos, de novas utilizações das rochas ornamentais e de revestimentos, e das novas tecnologias que aprimoram a exploração e otimização da produção. Mais do que pelas suas excelentes propriedades funcionais, o que caracteriza as rochas ornamentais são os seus atributos estéticos, extremamente diferenciados pela combinação de estruturas (desenhos, movimentos), texturas (dimensão e forma dos cristais ou conteúdo fóssil) e cores. Por essa razão, o setor possui uma nomenclatura própria, distinta da caracterização cientifica da rocha, e cada “granito” ou “mármore” ornamental têm preço e nome próprios, sendo muito importante respeitar as designações comerciais aplicadas.

Neste aspecto, as definições são extremamente importantes. Granitos ornamentais podem ser basaltos, riolitos, dacitos, andesitos, sienitos e mesmo mármores sensu stricto. Mármore, por sua vez, é a designação para a rocha ornamental de origem carbonática, podendo ser aqui enquadrados mármores, calcários, calcretes, e mesmo carbonatitos. Ou seja, no setor produtivo ornamental, as clássicas definições geológicas perdem o sentido, pois são utilizadas rotineiramente por pessoas leigas, sem qualquer conhecimento básico de geologia. E os nomes perduram ao batizar a rocha que possui aceitação no mercado. O

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fundamental aqui é o aspecto visual. As confusões geradas, por outro lado, tornam-se imensuráveis, e dificultam o emprego adequado da rocha, ignorando suas limitações texturais e composicionais.

Na economia mineral, rochas ornamentais e de revestimento, sobretudo mármores e granitos, representam um exemplo quase exclusivo de produto natural claramente enquadrado como especialidade comercial, uma espécie informal de commodities. Considerando-se o ponto de vista mercadológico, commodities são produtos comerciais que têm seus preços fixados em bolsas de mercadoria regionais, nacionais ou internacionais. As especialidades comerciais, ao contrário das commodities, são produtos diferenciados, com algum tipo de agregação tecnológica e vantagem funcional, ou atributo estético notável. Seu preço não é fixado nas bolsas de mercadorias e não existem garantias de comercialização, sendo o consumo dependente tanto da lei de oferta versus procura, quanto da percepção de valor pelo mercado. A principal referência de preço é conferida justamente pela diferenciação entre os produtos ofertados para o mercado consumidor, baseando-se, portanto na não uniformização e/ou estandardização.

Neste aspecto, a cadeia de rochas ornamentais compõe-se de três segmentos produtivos:

(i) Pedreiras, que fazem a extração mineral,

(ii) Serrarias, que fazem o desdobramento do minério extraído, ou seja, um

beneficiamento primário, e.

(iii) Marmorarias, que executam o trabalho de beneficiamento final do material extraído.

Atualmente, as marmorarias, shoppings de materiais de construção, e depósitos de chapas são os principais fornecedores dos pequenos consumidores, enquanto as serrarias são as principais fornecedoras diretas das grandes construtoras. As marmorarias são as empresas que, por excelência e tradição, executam os trabalhos especiais de acabamento e as obras sob medida, enquanto os depósitos de chapas são os principais fornecedores de

Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato

(17)

materiais importados. Os shoppings da construção comercializam apenas produtos prontos para o consumidor final, tanto na forma de lajotas padronizadas e mosaicos para revestimentos, quanto na forma de “custom made” (pias, tampos de mesa, etc.).

Apesar dos avanços tecnológicos, durante o beneficiamento das pedras naturais, cerca de 30% do produto são transformados em pó e/ou fragmentos, que ficam depositados nos pátios das marmorarias e serrarias. No Brasil, a quantidade estimada da geração conjunta do resíduo de corte de mármore e granito é de 240.000 toneladas/ano, distribuídas entre Espírito Santo, Bahia, Ceará e Paraíba, entre outros estados. Esta grande quantidade de resíduo gerado tem motivado alguns pesquisadores a estudar opções de reaproveitamento do resíduo resultante do beneficiamento de rochas ornamentais na produção de argamassas, tijolos cerâmicos, peças cerâmicas e concretos (Moura et al. 2002), tentando com isto contribuir para o desenvolvimento sustentável e um melhor aproveitamento destes recursos naturais na construção civil.

Por outro lado, a reciclagem dos resíduos/rejeitos gerados pelas indústrias para uso como matérias-primas alternativas não é nova, tem sido efetuada com sucesso em vários países (Carvalho et al. 2003) e tem sido impulsionada pelas preocupações ambientais. Com isto o gerenciamento dos rejeitos nas marmorarias, através de estudos capazes de detectar suas potencialidades e viabilizar sua seleção preliminar, é visto hoje como importante atividade, que pode contribuir para diversificação dos produtos, diminuição dos custos finais, além de resultar em novas matérias-primas para uma série de setores industriais.

2

MOTIVAÇÕES

Motivado pela importância da reciclagem dos rejeitos de rochas, este projeto de dissertação de mestrado objetivou avaliar o setor de marmorarias na Região Metropolitana de Salvador sob o prisma ambiental e competitivo, observando e relacionando, especialmente, as características tecnológicas e produtivas das rochas comercializadas, aos aspectos e impactos ambientais decorrentes desta atividade industrial.

(18)

No início do século XXI, visando avaliar a situação do setor de rochas ornamentais na Bahia, foram inventariadas uma série destas empresas, com base em visitas técnicas e aplicação de questionários, que demonstraram a necessidade urgente de implantação de programas de incentivo e de créditos (Gomes Junior 2004, Rios et al. 2005). Os resultados apresentados demonstraram o grande potencial deste setor na Bahia e a urgente necessidade de intervenção do Estado para o crescimento sustentável desse pilar da economia, o que motivou e levou a elaboração desta dissertação de mestrado.

Uma motivação secundaria para a execução deste projeto de pesquisa residiu no fato de que, apesar de pouco discutido na Bahia, o aproveitamento de rejeitos de rochas, através de estudos capazes de detectar suas potencialidades e viabilizar sua seleção preliminar para a confecção de novos produtos, já é encarado hoje como atividade complementar em muitos países.

Espera-se, portanto que o presente estudo contribua para dimensionar quantitativamente as empresas, na área estudada, que de fato se preocupam e possuem algum programa ou meta de reaproveitamento de resíduos de rochas ornamentais, bem como no futuro, possa contribuir para a sensibilização das demais marmorarias, levando-as a considerar a qualidade ambiental como caminho para o desenvolvimento de vantagens competitivas.

3

OBJETIVOS

3.1 Objetivo Geral

A questão ambiental é um dos temas de maior preocupação na sociedade moderna. Dentre os elos que compõe a cadeia produtiva de rochas ornamentais, as marmorarias passaram a fazer parte desta preocupação, pois este setor produtivo vem contribuindo em muito na questão impacto ambiental, visto ser ele um dos que mais geram resíduos.

Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato

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Com base nesta situação, este trabalho objetiva expor as dimensões deste quadro na Região Metropolitana de Salvador (RMS), dimensionando quantitativamente quais as empresas envolvidas ou não na questão da reciclagem de resíduos.

3.2 Objetivos Específicos

Para alcançar o objetivo proposto, durante a execução desta dissertação foram estabelecidas metas especificas visando gerar subsídios para a construção de um panorama realístico.

1. Compreender e dimensionar as possibilidades de reciclagem de resíduos ornamentais e os casos de sucesso em outras regiões do mundo e em outros estados Brasileiros.

2. Inventariar a real situação das marmorarias da RMS através da elaboração e aplicação de questionários que permitam avaliar o setor face às questões de reciclagem e reaproveitamento dos seus resíduos.

3. Identificar e quantificar o passivo residual gerado a partir da atividade de beneficiamento nas marmorarias da RMS e a destinação final destes resíduos. 4. Identificar e apontar os fatores que podem ser utilizados como ferramenta para a

implantação de novas estratégias de gerenciamento de resíduos.

5. Inventariar as empresas que já vem trabalhando com a reciclagem e reaproveitamento de seus resíduos e a eficácia das ferramentas que vem sendo utilizadas.

6. Verificar se a reciclagem poderá ser uma nova alternativa de investimentos e retorno financeiro para as empresas que atuam no segmento de rochas ornamentais.

7. Sensibilizar as empresas de marmorarias da RMS da importância da reciclagem e qualidade ambiental para o incremento de sua produção.

(20)

4

JUSTIFICATIVAS

Percebe-se o pequeno envolvimento das atividades vinculadas a rochas ornamentais com as atividades usuais das Geociências, haja vista a sua classificação predominantemente econômica, e no consequente desconhecimento dos empresários do setor das características naturais da matéria prima trabalhada, e nas implicações ambientais do descarte inadequado deste tipo de resíduo, bem como na ignorância, por parte de muitos geocientistas, do impacto socioeconômico que este recurso natural pode ter.

Alem do mais, este resíduo ornamental mostra-se como um produto de elevado potencial para o comércio, e o reaproveitamento correto destes recursos pode, além de contribuir para diversificação dos produtos, proporcionar um melhor entendimento sobre a questão ambiental, e ampliar a visão social e o campo de atuação do geólogo para um mercado e uma atividade econômica distinta no campo das geociências, justificando uma nova perspectiva de trabalhos científicos que possibilitem a interação entre as questões ambientais e a economia mineral sustentável, aproximando o meio acadêmico da comunidade.

5

LOCALIZAÇÃO E DELIMITAÇÃO DA AREA DE TRABALHO

A área selecionada para este estudo é conhecida como “Região Metropolitana de Salvador” (RMS, Figura 1). Formada pelos municípios de Camaçari, Candeias, Itaparica, Salvador, São Francisco do Conde, Simões Filho, Dias D’Ávila, Mata de São João, e Madre de Deus, a RMS foi concebida, similarmente ao que ocorreu com as demais capitais brasileiras, como área estratégica de controle político e de desenvolvimento econômico.

Figura 1: Mapa de situação e localização da Região Metropolitana de Salvador

Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato

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Figura 1: Mapa de situação e localizaçã

o da Região Metropolitana de Salvador

!. ! . !. !. ! . ! . !. !. !. !. !. !. ! . !. !. ! . !. !. !. !. !. ! . ! . ! . !. 3 8 ° 0 'W 3 8 ° 0 'W 3 8 ° 2 0 'W 3 8 ° 2 0 'W 3 8 ° 4 0 'W 3 8 ° 4 0 'W 12 °2 0'S 12 °2 0'S 12 °4 0'S 12 °4 0'S 13 °0 'S 13 °0 'S O C E A N O A T L

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±

E s c a la 1 :8 5 0 .0 0 0 0 8 ,5 k m 8 ,5

(22)

Composta por 13 municípios bem distintos em termos de área, população e condições socioeconômicas, mas com uma integração que se superpõem às diferenças existentes entre si, a RMS tornou-se responsável por mais de 80% da indústria de transformação e mais da metade da produção e da riqueza do Estado da Bahia. O objeto da presente análise são as marmorarias situadas nos três principais municípios da RMS: Salvador, Camaçari e Lauro de Freitas. A Cidade do Salvador, com 79,5% dos depósitos bancários estaduais, e principais sedes de empresas e serviços especializados; Camaçari, com a segunda maior concentração populacional, e importante centro industrial em função da instalação do Polo Petroquímico; e Lauro de Freitas, que concentra algumas atividades de transformação, comércio e serviços dinâmicos.

Em conjunto, estas três cidades possuem cerca de 80% das marmorarias cadastradas na Bahia (Gomes Junior 2004). Essas empresas são responsáveis por 40% da produção de produtos oriundos do beneficiamento de rochas ornamentais do Estado. Estes aspectos justificam a escolha destas três cidades para a amostragem estratégica vinculada a pesquisa aqui proposta.

6

MARMORARIAS DE SALVADOR

O objeto da presente análise são as cinco (05) maiores marmorarias, bem como as cinco (05) menores, situadas na Região Metropolitana de Salvador, que compreende os Municípios de Salvador, Lauro de Freitas e Camaçari, e que segundo Junior (2004), estão localizadas no chamado Eixo de Desenvolvimento Econômico, responsável por 40% da

produção do Estado. Essa definição foi baseada, principalmente, no balanço financeiro dessas empresas e foi determinada pelo ranking elaborado durante o trabalho de pesquisa junto a órgãos estaduais de fiscalização como: Secretaria da Fazenda (SEFAZ), Instituto Estadual do Meio Ambiente (INEMA) e Secretaria da Indústria, Comércio e Mineração (SICM).

Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato

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7

ASPECTOS METODOLOGICOS

Para o desenvolvimento deste projeto foi necessário o estabelecimento de uma seqüência metodológica especifica que incluiu 5 (cinco) etapas principais:

7.1 Levantamento Bibliográfico e Creditação Obrigatória

Nesta etapa foram inventariados e revisados os principais artigos científicos que abordam a questão da rocha ornamental e da reciclagem de resíduos. Esta etapa ocorreu de maneira continua durante todo o desenvolvimento da dissertação. Contudo, há uma reduzida produção bibliografia, em especial sobre aspectos relacionados à reciclagem de rochas ornamentais no país.

Adicionalmente foram cumpridos 30 (trinta) créditos em disciplinas relacionadas com a temática e oferecidas pelo Curso de Pós-Graduação em Geologia nas duas áreas de interface que hospedam esta dissertação: a Geologia Ambiental e a Petrologia.

7.2 Elaboração dos Questionários de Pesquisa

Esta etapa envolveu a definição do universo/ amostragem e elaboração de questionários de levantamento da geração de resíduos em empresas de marmorarias dos municípios de Salvador, Camaçari e Lauro de Freitas, utilizados para a coleta dos dados junto às empresas. Estes questionários focaram a obtenção de informações sobre:

(i) Identificação da indústria;

(ii) Quantidade de insumos e produtos utilizados; (iii) Processos de produção;

(iv) Equipamentos instalados e futuros;

(v) Geração, disposição temporária e destinação final dos resíduos; e (vi) Identificação do passivo ambiental.

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O modelo deste questionário com a completa sequência de questões abordadas na pesquisa compõe o anexo 1.

Anexo 1: Modelo do questionário de pesquisa aplicado junto às empresas marmoristas da RMS.

7.3 Pesquisa de Campo

Esta etapa concentrou-se no inventário, seleção, e cronograma de visitas às marmorarias da RMS, especificamente, Salvador, Camaçari e Lauro de Freitas, e incluiu a aplicação dos questionários em 95 (noventa e cinco) das cerca de 130 (cento e trinta) empresas sediadas na RMS. Nesta etapa os empresários/ gerentes foram contatados para uma visita técnica/entrevista. Em algumas destas empresas foram obtidas fotografias do pátio de disposição dos resíduos. Todas as empresas participantes desta etapa foram georreferenciadas através da coleta de suas coordenadas geográficas. O georreferenciamento dessas empresas além de facilitar sua localização, visou favorecer o desenvolver de novos estudos e pesquisas, além de possibilitar a visualização das empresas e o grupamento por área de atuação e abrangência na RMS. A Figura 2 traz a disposição das empresas investigadas no âmbito da área de estudo.

Figura 2: Mapa da RMS com a localização das empresas marmoristas localizadas nesta área.

7.4 Tratamento dos Dados

A pesquisa de campo gerou subsídios para o levantamento das estratégias postas em prática por esse segmento de produção no gerenciamento/manejo/disposição dos seus resíduos sólidos. Com base nestes questionários foi elaborado um banco de dados georreferenciado, em formato Excel, que sumariza com todas as informações coletadas e permite comparações entre as empresas, além da hierarquização e estabelecimento de

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Figura 2: Mapa da RMS com a localização

das empresas marmoristas desta área.

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critérios para avaliação, bem como a elaboração de diagramas e gráficos para ilustração dos resultados obtidos.

Com base nestas informações as empresas foram agrupadas em função do tipo de resíduo e estratégia aplicada (ou inexistente) no seu reaproveitamento. O banco de dados inclui ainda informações sobre a existência de fotografias e interesse do empresário em continuar participando de iniciativas relacionadas à pesquisa acadêmica sobre o setor marmorista. Este banco de dados constitui o anexo 2.

Anexo 2: Banco de dados em planilha Excel criado a partir dos questionários de pesquisa aplicados nas empresas marmoristas da RMS.

7.5 Divulgação dos Resultados

Os resultados obtidos foram sistematicamente apresentados em vários eventos e congressos da área. Copia destes trabalhos compõem o anexo 3.

Anexo 3: Cópias dos trabalhos produzidos e divulgados em eventos científicos durante a elaboração desta dissertação.

Buscando-se tornar este conhecimento acessível e disseminá-lo de forma mais ampla e abrangente na comunidade das Geociências, optou-se por elaborar esta dissertação no formato de artigos científicos, a serem submetidos a revistas de corpo editorial. Uma extensa revisão bibliográfica do mercado ornamental brasileiro, com a visão crítica dos autores compõe o capítulo 2, organizado na forma de um artigo que expõe o estado da arte. No capitulo 3, o artigo enfatiza o real cenário da geração de resíduos pelas marmorarias na RMS, quantificando aquelas que possuem planos e estratégias para o reaproveitamento de resíduos.

A conclusão desta etapa ocorre com a apresentação desta dissertação ao comitê avaliador e sua defesa pública. Os principais produtos desta etapa foram:

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(i) Demonstrar através de ilustrações, gráficos e tabelas o real cenário dos resíduos oriundos do beneficiamento de rochas ornamentais.

(ii) Demonstrar que a reciclagem poderá ser uma nova alternativa de investimentos e retorno financeiro para as empresas que atuam no segmento de rochas ornamentais.

(iii) Apresentar um resumo, através de quadro comparativo, dos efeitos dos resíduos em termos de impactos ambientais.

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ESTRUTURA DA DISSERTACAO

Esta dissertação está estruturada em 5 (cinco) capítulos:

O capitulo 1 traz uma breve introdução ao setor produtivo das rochas ornamentais e como a comunidade tem vislumbrado a questão da reciclagem e/ou reaproveitamento dos seus resíduos. Além disto, apresentamos ao leitor os objetivos deste trabalho e as nossas motivações e justificativas para estudo deste tema, discutindo as etapas metodológicas que foram aplicadas ao longo do desenvolvimento da pesquisa, situando e limitando o objeto deste estudo.

No capitulo 2 trazemos uma revisão teórica sobre o estado da arte e o panorama da reciclagem de rochas ornamentais no Brasil e no mundo, com uma visão crítica de quem atua no setor. Este capítulo foi organizado no formato artigo.

Também no formato de artigo cientifico, o capitulo 3 traz os principais resultados obtidos a partir dos estudos realizados ao longo da elaboração deste projeto de mestrado. O enfoque principal são as estratégias que vem sendo aplicadas pelas marmorarias da RMS para o reaproveitamento/gerenciamento/disposição dos resíduos sólidos gerados no desenvolvimento de suas atividades de beneficiamento secundário de rochas ornamentais.

O capitulo 4 foi reservado para algumas considerações finais, bem como para a exposição, por parte deste mestrando, de seu ponto de vista no que diz respeito as perspectivas do reaproveitamento de resíduos de rochas ornamentais na RMS.

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No capitulo 5 o leitor possui ao seu alcance a listagem completa das referências bibliográficas que serviram de base para a elaboração deste texto.

Adicionalmente, nos anexos, o leitor interessado em informações adicionais terá acesso ao modelo do questionário, ao Banco de Dados gerado a partir de sua aplicação nas marmorarias da RMS, e aos trabalhos científicos/ acadêmicos originados durante o desenvolvimento desta dissertação.

Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato

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Reciclagem e Reaproveitamento

de Rochas Ornamentais:

Perspectivas Brasileiras

Abordagens:

2.1 Introdução

2.2 A Cadeia Produtiva de Rochas

Ornamentais

2.3 Gestão de Resíduos: Um Problema

Ambiental?

2.4 Reciclagem de Rochas

Ornamentais no Brasil

2.5 Casos de Sucesso

2.6 Resíduos de Rochas Ornamentais:

“Estado da Arte”

2.7 Considerações Finais

2.8 Agradecimentos

2.9 Referências Bibliográficas

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RECICLAGEM E REAPROVEITAMENTO DE ROCHAS ORNAMENTAIS:

PERSPECTIVAS BRASILEIRAS

DIMENSION STONES RECYCLING AND WASTE REUSE:

BRAZILIAN PERSPECTIVES

Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato1,2, Débora Correia Rios¹, Herbet Conceicão³

¹ Laboratório de Petrologia Aplicada à Pesquisa Mineral (GPA)/ Curso de Pós-Graduação em Geologia,

UFBA, Salvador, Bahia, Brasil, c.rosato@ig.com.br, debora.rios@pq.cnpq.br

² Secretaria de Indústria, Comércio e Mineração, Salvador, Bahia, Brasil.

³ Universidade Federal de Sergipe, Aracaju, Sergipe, Brasil, herbet@pq.cnpq.br

Resumo

Mundialmente, o fenômeno de expansão do mercado de rochas ornamentais é digno de atenção. Na ultima década a produção cresceu substancialmente. O Brasil tornou-se o 4º maior produtor e o 5º maior exportador mundial de rochas, sendo superada apenas por China, Índia, Itália e Turquia. Contudo, este avanço do mercado ocorreu sem a devida orientação ou acompanhamento técnico. O processo produtivo não obedece à legislação ambiental e gera uma grande quantidade de rejeitos, com perdas de até 70% da matéria-prima extraída. O processo de beneficiamento produz um grande volume de pó que é, na maioria das vezes, diretamente lançado em rios e córregos, contribuindo para o agravamento do processo de assoreamento. Além do pó, produzem-se “pedaços” como sobras dos cortes efetuados nas lajes brutas. Há 10 anos praticamente não existiam processos de reaproveitamento dos resíduos gerados pela extração e pelo beneficiamento das pedras sendo ainda comum encontrar pelo interior do Brasil, às margens das estradas, montes de pedras e restos abandonados. O processo primário de extração produz perdas e uma quantidade de pedras em formatos que não são aproveitados, criando montanhas de

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rejeito que comprometem a paisagem e poluem as fontes de água. Essa tendência vem mudando, vários estudos e pesquisas mostram que o reaproveitamento de resíduos é a saída moderna e eficiente para evitarmos maiores impactos ambientais e a solução econômica para muitas das empresas deste rentável setor produtivo mineral. Exemplos viáveis do reaproveitamento de rocha podem ser expandidos reduzindo os custos e impactos ambientais e fomentando alternativas para as pequenas e médias empresas de adequarem-se à legislação ambiental e ao mesmo tempo expandirem sua área de atuação.

Palavras chaves: reciclagem; resíduos; rochas ornamentais.

Abstract

The expansion of the consumer market and the expansion of the production of ornamental occur without proper guidance or support technician. The production process does not follow the environmental legislation and generates a large quantity of wastes to 70% of the raw material extracted is lost. The beneficiation process produces a large amount of dust that is most often directly released into rivers and streams, contributing to the worsening of the process of silting. In addition to powder, to produce quote patchwork; as remains of cutting the pavement rough. There are practically no cases reported of reuse of waste generated by the extraction and processing of stones. It is common to find, along highways, Cairns and remains abandoned. The primary process of extraction produces losses and a quantity of stones in formats that are not recovered. It is still possible to observe, in passing on the road, mountains of tailings compromising the landscape and polluting water sources. This trend is changing; several studies and surveys show that the reuse of waste is a modern and efficient output to avoid major environmental impacts and economic solution to many of the companies in this sector profitable mineral production.

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INTRODUÇÃO

Reciclagem é o conjunto das técnicas cuja finalidade é aproveitar detritos e rejeitos e reintroduzi-los no ciclo de produção. No mundo todo reciclar tem se tornado o slogan das sociedades que buscam um desenvolvimento mais sustentável, vendável, e politicamente correto. Em um Planeta cada dia mais próximo da exaustão - e que precisa prover recursos para uma população que deverá alcançar os 10 bilhões até 2020 todos a desejar o padrão de vida americano - a reciclagem é extremamente atrativa, pois aponta para a redução do volume de extração de matérias-primas e do consumo de energia, associados a menores emissões de poluentes e, consequentemente, a melhorias na qualidade de vida da população.

Nos últimos anos, a pesquisa sobre a reciclagem de resíduos industriais vem sendo intensificada em todo o mundo. Na América do Norte e Europa, a reciclagem é vista, pela iniciativa privada, como um mercado altamente rentável. Muitas empresas investem em pesquisa e tecnologia, o que aumenta a qualidade do produto reciclado e propicia maior eficiência do sistema produtivo. No Brasil, vários pesquisadores vêm-se dedicando ao estudo desse tema obtendo-se resultados bastante promissores; todavia, a reciclagem ainda não faz parte da cultura dos empresários e cidadãos.

Por outro lado, rochas são “eternas” e abundantes na superfície terrestre. Porque então pensar em reciclar rochas? O fato é que, ao transformar matérias - primas, de modo a torná-las úteis para a sociedade, o homem produz quantidades apreciáveis de resíduos os quais, no momento em que são produzidos, são inúteis e que, ao longo do tempo, acumulam-se e acabam por comprometer o meio ambiente.

No Brasil, as preocupações ambientais floresceram nos anos 80, embora algumas empresas, na década de 70, já se preocupassem com esse tema. No setor mineral, observam-se no país três grandes fases (Campos & Castro 2007):

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(i) Antes dos anos 60, onde a visão ambiental incidia mais nos casos relacionados estritamente à saúde humana, controle de águas, e as condições de ambiente de trabalho;

(ii) Anos 70 a 80, com avanços nas discussões sobre poluição ambiental e preocupações com o crescimento desordenado das cidades, culminando com a visão de futuro, relativo ao meio ambiente, como um ecossistema global; e (iii) A partir dos anos 90, com o paradigma do desenvolvimento sustentável.

Atualmente, o grande desafio é o de equacionar o desenvolvimento econômico e social de forma harmônica com a preservação do meio ambiente. Esta nova filosofia impactou profundamente as atividades mais tradicionais, como a mineração, criando exigências e limitações. No momento é impossível desenvolver qualquer tipo de projeto extrativo sem planejar a minimização e reparação dos impactos ambientais que podem ser gerados. No caso específico das rochas ornamentais, este é ainda um grande desafio, pois os resíduos sólidos são os maiores causadores de impactos e uma boa gestão desses resíduos é absolutamente necessária, porem poucas empresas tem programas bem desenvolvidos nestas questões.

Além disto, a inclusão do tema recuperação de áreas degradadas em projetos públicos e privados precisa tornar-se uma prática comum, pois é da responsabilidade de todos. Curioso (2006) propõe a elaboração e execução de projetos de identificação e caracterização dos rejeitos antigos da mineração, cujo objetivo seria conhecer a composição destes rejeitos quanto à presença de elementos nocivos ao meio ambiente e o grau de comprometimento presente e futuro.

Este artigo traz uma visão genérica sobre a questão da reciclagem e reaproveitamento de rochas ornamentais no contexto Brasileiro, apresentando a evolução deste setor da cadeia produtiva nos últimos anos, o que vem sendo feito, e o que ainda é

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preciso/possível fazer no país para tornar este mercado ambientalmente seguro e mais comprometido com o desenvolvimento social e econômico do Brasil.

Nosso objetivo é conscientizar a comunidade para o fato de que rochas não são eternas, mas sim um recurso natural não renovável e que sua reciclagem é uma opção inteligente pela qual passa a solução do problema ambiental de gestão dos resíduos sólidos produzidos por esta cadeia produtiva. Por fim, trazemos a tona casos de sucesso que já estão em operação no Brasil e no mundo buscando, através da disseminação deste conhecimento, fomentar pesquisas que levem a novos produtos e aplicações.

A CADEIA PRODUTIVA BRASILEIRA DE ROCHAS ORNAMENTAIS

A cadeia produtiva de rochas ornamentais é representada por dois processos principais: (i) extração, que ocorre nas pedreiras, e o (ii) beneficiamento, representando a transformação realizada nas serrarias do material natural que foi extraído (Figura 1).

Figura 1: Esquema ilustrativo da cadeia produtiva de rochas ornamentais no Brasil (modificado de Spínola, 2002).

As indústrias beneficiadoras de rochas ornamentais têm como principal atividade sua serragem e polimento para produção dos materiais que são utilizados na indústria da construção civil. Este beneficiamento subdivide-se em “primário” ou “desdobramento”, ocorrendo nas serrarias onde os grandes blocos de rochas (~ 2 x 2 m) são transformados em placas polidas, e “secundário”, realizado nas marmorarias, onde as chapas polidas são convertidas nos produtos finais requisitados pela sociedade (Figura 1).

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E como anda a Balança Comercial Brasileira de Rochas Ornamentais?

Segundo Chiodi (2013), para cada US$ 1,00 importado pelo Brasil, exportou-se apenas US$ 1,09. No setor de rochas, para cada US$ 1,00 importado, exportou-se US$ 17,41. O preço médio das exportações brasileiras de rochas foi de US$ 470/tonelada, enquanto o das importações foi de US$ 615/tonelada. Considerando-se o incremento no volume físico das exportações de rochas, bem como alguns indicadores indiretos baseados no crescimento do PIB, no desempenho da construção civil, e em informações de mineradores e beneficiadores, estima-se que a produção brasileira de rochas tenha ficado em um patamar de 9,3 milhões de toneladas em 2012, com variação de 3,3% frente a 2011. Infelizmente, exatamente como nos anos anteriores, as exportações brasileiras continuaram muito concentradas em chapas polidas de granito, para os EUA, e em blocos de granito, para a China. Desta forma, o ano de 2012, foi pouco significativo para as exportações brasileiras de rochas, sofrendo o impacto da crise econômica dos países da zona do euro. Ainda segundo Chiodi (2013) espera-se o mesmo para 2013, até pela provável ampliação das exportações para os EUA e para a China.

Vale ressaltar que em comparação ao ano de 2011 houve um crescimento de 6,08% no faturamento e de 2,27% no volume físico das exportações (Chiodi 2013). O crescimento registrado no faturamento foi devido ao incremento do preço médio dos principais produtos exportados, bem como ao aumento da participação de rochas processadas, com maior valor agregado, nas exportações de chapas polidas que evoluíram de 14,1 milhões m2 equivalentes, em 2011, para 16,5 milhões m2 em 2012.

Já as importações brasileiras de materiais rochosos naturais apresentaram um decréscimo de 10,28% em valor e de 6,42% em volume físico, no ano de 2012 (Chiodi 2013). Essas importações alcançaram US$ 60,91 milhões e 98.983,70 toneladas, enquanto que, as de materiais rochosos artificiais (reciclados) atingiram US$ 47,48 milhões e 60.358,68 toneladas, com um crescimento de 57,48% e 96,24%, respectivamente.

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A participação do faturamento das exportações de rochas, no total das exportações brasileiras foi de 0,44% em 2012, com um saldo da balança comercial do setor de rochas, em materiais rochosos naturais, de US$ 999,50 milhões. Neste mesmo ano, a participação do saldo comercial de rochas no saldo das exportações totais brasileiras foi de 5,14% (Tabela 1).

Tabela 1: Evolução da Produção de Rochas Ornamentais Brasileiras no período 2009 – 2012 (Fonte: Abirochas – Chiodi 2013).

O Desempenho do Setor de Rochas em 2012

No ano de 2012 o setor de rochas ornamentais caracterizou-se por (Tabela 1): (i) Crescimento da sua produção industrial com o incremento tanto do volume

físico quanto do faturamento das suas exportações;

(ii) Aumento da participação de rochas processadas no total exportado;

(iii) Expansão dos investimentos industriais com a agregação de teares multifio diamantado ao parque industrial de beneficiamento.

Segundo Chiodi (2013), em sua análise sobre o comportamento do mercado de rochas ornamentais, a demanda por material de acabamento está aquecida pela finalização dos empreendimentos imobiliários lançados no “boom” de 2008. A perspectiva positiva para os próximos anos prende-se à quantidade de lançamentos feitos pelas incorporadoras em 2010. Assim, no momento, o setor imobiliário conta com a demanda dos imóveis lançados em 2008 e parte de 2009. A partir do segundo semestre de 2013, e em 2014, será a vez da concretização dos lançamentos de 2010 e 2011.

O mesmo autor adverte, contudo que se deve esperar uma concorrência acirrada de produtos importados no mercado brasileiro nos próximos anos. O fenômeno fica claro mediante consulta aos periódicos brasileiros especializados em rochas ornamentais, onde

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são cada vez mais oferecidos materiais de revestimento importados, tanto naturais quanto, sobretudo, aglomerados (reciclados). Com uma progressão igualmente notável, empresas brasileiras tradicionalmente aplicadas na lavra e no beneficiamento, além de marmorarias e depósitos de chapas, tornam-se também importadores de rochas ornamentais.

Perspectivas Brasileiras

O mercado mundial trabalha com dois tipos de materiais pétreos: (i) as rochas processadas, ou seja, aquelas que já passaram por algum tipo de desdobramento ou beneficiamento, e (ii) as rochas brutas, em blocos, e que não sofreram nenhum tipo de desdobramento ou beneficiamento. Os produtos de reciclagem de rocha fazem parte do primeiro grupo, onde se concentra o maior valor agregado.

No Brasil, em 2012-2013 as rochas processadas compuseram 76,8% do faturamento e 47,8% do volume físico dessas exportações, e as rochas brutas apenas 23,2% do faturamento, mas até 52,2% do volume físico exportado. Alem disto, o consumo per capita de rochas evoluiu de 15 kg em 2007 para 21 kg em 2012, não se esperando que esse consumo interno recue em 2013 (Chiodi 2013). De acordo com este mesmo autor, as rochas silicáticas, envolvendo granitos e materiais similares, representam quase 50% do total da produção brasileira, seguindo-se os mármores e travertinos, com pouco mais de 18%, além de ardósias, quartzitos foliados e outros. Mais de 60% do total dessa produção concentra-se na Região Sudeste, destacando-se Espírito Santo e Minas Gerais, seguindo-se a Região Nordeste, principalmente a Bahia, com quaseguindo-se 25%, e as demais regiões brasileiras juntas somando apenas 11% (Figura 2).

Figura 2: Principais regiões produtoras de rochas ornamentais no Brasil segundo a ABIROCHAS (Fonte: Chiodi 2013).

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Observando-se a produção de rochas no Brasil, suas exportações e importações, estima-se que o consumo interno tenha totalizado 71,9 milhões m2 equivalentes, em chapas de 2 cm de espessura, no ano de 2012. Desse total, estima-se que 2,1 milhões m2 (materiais naturais e aglomerados) tenham sido importados e que 32,4 milhões m2 (45% do total) correspondam a granitos e similares.

O problema maior ainda é a predominância de exportações dos produtos brutos sobre os manufaturados. A Associação Brasileira da Indústria de Rochas Ornamentais (ABIROCHAS) estima que as exportações brasileiras de rochas ornamentais totalizassem US$ 1.060,42 milhões, correspondentes a um volume físico comercializado de 2.237.150,44 toneladas (Chiodi 2013). Ao mesmo tempo, a participação da China nas importações brasileiras de produtos manufaturados disparou nos últimos anos. O forte aumento dessas importações indicaria que o Brasil está perdendo a oportunidade de aproveitar o dinamismo do mercado interno para melhorar e adensar a estrutura de suas cadeias produtivas.

A capacidade brasileira de crescimento neste setor depende, em última análise, da melhoria de condicionantes de competitividade industrial. Pelas atuais limitações da economia mundial, o setor de rochas ornamentais brutas não deve esperar uma expansão superior a 5 a 10%. No entanto, é a capacidade de superação e a criatividade do empresário brasileiro que definirá como superar a crise prenunciada e obter resultados além das expectativas. Portanto, a reação do Brasil, e sua opção pela reciclagem/reaproveitamento de resíduos de rochas, afetará diretamente o quadro de suas exportações nos próximos anos.

GESTÃO DE RESÍDUOS: UM PROBLEMA AMBIENTAL?

Apesar do segmento de rochas ornamentais proporcionarem incrementos sociais e econômicos, deve-se levar em consideração também os problemas ambientais decorrentes desta atividade, como contaminação dos corpos hídricos e do solo, poluição atmosférica,

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desfiguração da paisagem e danos à saúde (Prezotti et al., 2004, apud Magacho 2006). Neste contexto destaca-se o significativo volume de resíduos gerados na atividade de beneficiamento de rochas ornamentais, os quais podem ocasionar impactos ambientais negativos quando descartados de forma inadequada. Assim, deve-se buscar o gerenciamento adequado, desde a etapa de acondicionamento até a destinação final, priorizando o uso de novas tecnologias de reutilização e reciclagem.

Discutir o gerenciamento de resíduos não é uma tarefa simples. Gerenciar resíduos envolve governos e sociedade. Significa programar um conjunto de ações normativas, operacionais, financeiras e de planejamento, baseado em critérios sanitários, ambientais e econômicos para coletar, tratar e dispor os resíduos. Um bom plano de gerenciamento de resíduos precisa de planejamento, devendo ser elaborado considerando-se todas as etapas do ciclo produtivo, ou seja, desde a fonte geradora (pedreiras) até a destinação final (marmorarias e consumidores), visando à minimização dos impactos ao meio ambiente.

Um gerenciamento de resíduos de sucesso precisa estar adequado à realidade local, envolvendo, portanto o conhecimento, tanto quantitativo como qualitativo, dos resíduos gerados por aquela comunidade. A escolha das ferramentas adequadas também é um ponto de suma importância, pois, dentro dos critérios técnicos, deve-se buscar maximizar o reaproveitamento dos resíduos. Os desafios da atividade de extração de rochas ornamentais impõem àqueles que têm a responsabilidade de planejar e contribuir com o desenvolvimento econômico e social, conceber estratégias endógenas inovadoras, que levem a uma via tríplice baseadas simultaneamente na relevância social, prudência ecológica e viabilidade econômica, os três pilares do desenvolvimento sustentável. Vale notar que a mineração de rochas ornamentais pode desenvolver-se sem acumulação de resíduos sólidos, o único gerado no processo produtivo (Figura 3).

Figura 3: Esquema ilustrativo do problema dos resíduos sólidos e ideias de novos

usos para estes rejeitos (modificada de Moura 2011).

Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato

Referências

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