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Cláudio Sérgio Oliveira de Rosato1,2, Débora Correia Rios¹, Herbet Conceicão³

¹ Laboratório de Petrologia Aplicada à Pesquisa Mineral (GPA)/ Curso de Pós-Graduação em Geologia,

UFBA, Salvador, Bahia, Brasil, c.rosato@ig.com.br, debora.rios@pq.cnpq.br

² Secretaria de Indústria, Comércio e Mineração, Salvador, Bahia, Brasil.

³ Universidade Federal de Sergipe, Aracaju, Sergipe, Brasil, herbet@pq.cnpq.br

Resumo

Mundialmente, o fenômeno de expansão do mercado de rochas ornamentais é digno de atenção. Na ultima década a produção cresceu substancialmente. O Brasil tornou-se o 4º maior produtor e o 5º maior exportador mundial de rochas, sendo superada apenas por China, Índia, Itália e Turquia. Contudo, este avanço do mercado ocorreu sem a devida orientação ou acompanhamento técnico. O processo produtivo não obedece à legislação ambiental e gera uma grande quantidade de rejeitos, com perdas de até 70% da matéria- prima extraída. O processo de beneficiamento produz um grande volume de pó que é, na maioria das vezes, diretamente lançado em rios e córregos, contribuindo para o agravamento do processo de assoreamento. Além do pó, produzem-se “pedaços” como sobras dos cortes efetuados nas lajes brutas. Há 10 anos praticamente não existiam processos de reaproveitamento dos resíduos gerados pela extração e pelo beneficiamento das pedras sendo ainda comum encontrar pelo interior do Brasil, às margens das estradas, montes de pedras e restos abandonados. O processo primário de extração produz perdas e uma quantidade de pedras em formatos que não são aproveitados, criando montanhas de

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rejeito que comprometem a paisagem e poluem as fontes de água. Essa tendência vem mudando, vários estudos e pesquisas mostram que o reaproveitamento de resíduos é a saída moderna e eficiente para evitarmos maiores impactos ambientais e a solução econômica para muitas das empresas deste rentável setor produtivo mineral. Exemplos viáveis do reaproveitamento de rocha podem ser expandidos reduzindo os custos e impactos ambientais e fomentando alternativas para as pequenas e médias empresas de adequarem-se à legislação ambiental e ao mesmo tempo expandirem sua área de atuação.

Palavras chaves: reciclagem; resíduos; rochas ornamentais.

Abstract

The expansion of the consumer market and the expansion of the production of ornamental occur without proper guidance or support technician. The production process does not follow the environmental legislation and generates a large quantity of wastes to 70% of the raw material extracted is lost. The beneficiation process produces a large amount of dust that is most often directly released into rivers and streams, contributing to the worsening of the process of silting. In addition to powder, to produce quote patchwork; as remains of cutting the pavement rough. There are practically no cases reported of reuse of waste generated by the extraction and processing of stones. It is common to find, along highways, Cairns and remains abandoned. The primary process of extraction produces losses and a quantity of stones in formats that are not recovered. It is still possible to observe, in passing on the road, mountains of tailings compromising the landscape and polluting water sources. This trend is changing; several studies and surveys show that the reuse of waste is a modern and efficient output to avoid major environmental impacts and economic solution to many of the companies in this sector profitable mineral production.

INTRODUÇÃO

Reciclagem é o conjunto das técnicas cuja finalidade é aproveitar detritos e rejeitos e reintroduzi-los no ciclo de produção. No mundo todo reciclar tem se tornado o slogan das sociedades que buscam um desenvolvimento mais sustentável, vendável, e politicamente correto. Em um Planeta cada dia mais próximo da exaustão - e que precisa prover recursos para uma população que deverá alcançar os 10 bilhões até 2020 todos a desejar o padrão de vida americano - a reciclagem é extremamente atrativa, pois aponta para a redução do volume de extração de matérias-primas e do consumo de energia, associados a menores emissões de poluentes e, consequentemente, a melhorias na qualidade de vida da população.

Nos últimos anos, a pesquisa sobre a reciclagem de resíduos industriais vem sendo intensificada em todo o mundo. Na América do Norte e Europa, a reciclagem é vista, pela iniciativa privada, como um mercado altamente rentável. Muitas empresas investem em pesquisa e tecnologia, o que aumenta a qualidade do produto reciclado e propicia maior eficiência do sistema produtivo. No Brasil, vários pesquisadores vêm-se dedicando ao estudo desse tema obtendo-se resultados bastante promissores; todavia, a reciclagem ainda não faz parte da cultura dos empresários e cidadãos.

Por outro lado, rochas são “eternas” e abundantes na superfície terrestre. Porque então pensar em reciclar rochas? O fato é que, ao transformar matérias - primas, de modo a torná-las úteis para a sociedade, o homem produz quantidades apreciáveis de resíduos os quais, no momento em que são produzidos, são inúteis e que, ao longo do tempo, acumulam-se e acabam por comprometer o meio ambiente.

No Brasil, as preocupações ambientais floresceram nos anos 80, embora algumas empresas, na década de 70, já se preocupassem com esse tema. No setor mineral, observam-se no país três grandes fases (Campos & Castro 2007):

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(i) Antes dos anos 60, onde a visão ambiental incidia mais nos casos relacionados estritamente à saúde humana, controle de águas, e as condições de ambiente de trabalho;

(ii) Anos 70 a 80, com avanços nas discussões sobre poluição ambiental e preocupações com o crescimento desordenado das cidades, culminando com a visão de futuro, relativo ao meio ambiente, como um ecossistema global; e (iii) A partir dos anos 90, com o paradigma do desenvolvimento sustentável.

Atualmente, o grande desafio é o de equacionar o desenvolvimento econômico e social de forma harmônica com a preservação do meio ambiente. Esta nova filosofia impactou profundamente as atividades mais tradicionais, como a mineração, criando exigências e limitações. No momento é impossível desenvolver qualquer tipo de projeto extrativo sem planejar a minimização e reparação dos impactos ambientais que podem ser gerados. No caso específico das rochas ornamentais, este é ainda um grande desafio, pois os resíduos sólidos são os maiores causadores de impactos e uma boa gestão desses resíduos é absolutamente necessária, porem poucas empresas tem programas bem desenvolvidos nestas questões.

Além disto, a inclusão do tema recuperação de áreas degradadas em projetos públicos e privados precisa tornar-se uma prática comum, pois é da responsabilidade de todos. Curioso (2006) propõe a elaboração e execução de projetos de identificação e caracterização dos rejeitos antigos da mineração, cujo objetivo seria conhecer a composição destes rejeitos quanto à presença de elementos nocivos ao meio ambiente e o grau de comprometimento presente e futuro.

Este artigo traz uma visão genérica sobre a questão da reciclagem e reaproveitamento de rochas ornamentais no contexto Brasileiro, apresentando a evolução deste setor da cadeia produtiva nos últimos anos, o que vem sendo feito, e o que ainda é

preciso/possível fazer no país para tornar este mercado ambientalmente seguro e mais comprometido com o desenvolvimento social e econômico do Brasil.

Nosso objetivo é conscientizar a comunidade para o fato de que rochas não são eternas, mas sim um recurso natural não renovável e que sua reciclagem é uma opção inteligente pela qual passa a solução do problema ambiental de gestão dos resíduos sólidos produzidos por esta cadeia produtiva. Por fim, trazemos a tona casos de sucesso que já estão em operação no Brasil e no mundo buscando, através da disseminação deste conhecimento, fomentar pesquisas que levem a novos produtos e aplicações.