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Modelagem da dispersão de poluentes em rios e canais sob a perspectiva das abordagens GILTT e separação de variáveis

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Academic year: 2021

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Programa de P ´os-Graduac¸ ˜ao em Ci ˆencias Ambientais

Dissertac¸ ˜ao

Modelagem da dispers ˜ao de poluentes em rios e canais sob a perspectiva das abordagens GILTT e separac¸ ˜ao de vari ´aveis

Bettina Rodrigues Machado

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Modelagem da dispers ˜ao de poluentes em rios e canais sob a perspectiva das abordagens GILTT e separac¸ ˜ao de vari ´aveis

Dissertac¸ ˜ao apresentada ao Programa de P ´os-Graduac¸ ˜ao em Ci ˆencias Ambientais da Universidade Federal de Pelotas, como re-quisito `a obtenc¸ ˜ao do t´ıtulo de Mestre em Ci ˆencias Ambientais

Orientadora: Profa. Dra. Daniela Buske

Coorientadora: Profa. Dra. Tirzah Moreira Siqueira

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M149m Machado, Bettina Rodrigues

MacModelagem da dispersão de poluentes em rios e canais sob a perspectiva das abordagens GILTT e separação de variáveis / Bettina Rodrigues Machado ; Daniela Buske, orientadora ; Tirzah Moreira Siqueira, coorientadora. — Pelotas, 2019.

Mac57 f.

MacDissertação (Mestrado) — Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais, Centro de Engenharias, Universidade Federal de Pelotas, 2019.

Mac1. Transformada integral. 2. Modelagem matemática. 3. Dispersão de poluentes. 4. Corpos hídricos. I. Buske, Daniela, orient. II. Siqueira, Tirzah Moreira, coorient. III. Título.

CDD : 551.48 Elaborada por Maria Inez Figueiredo Figas Machado CRB: 10/1612

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MODELAGEM DA DISPERSÃO DE POLUENTES EM RIOS E CANAIS SOB A

PERSPECTIVA DAS ABORDAGENS GILTT E SEPARAÇÃO DE VARIÁVEIS

por

Bettina Rodrigues Machado

Dissertação submetida ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais, PPGCamb, do Centro de Engenharias, como parte dos requisitos necessários para a obtenção do Título de

Mestre em Ciências Ambientais

Banca Examinadora:

Profª. Drª. Daniela Buske (UFPel)

Profª. Drª. Tirzah Moreira Siqueira (UFPel) Prof. Dr. Régis Sperotto de Quadros (UFPel) Prof. Dr. Guilherme Jahnecke Weymar (UFPel) Prof. Dr. Hugo Alexandre Soares Guedes (UFPel)

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RODRIGUES MACHADO, Bettina. Modelagem da dispers ˜ao de poluentes em rios e canais sob a perspectiva das abordagens GILTT e separac¸ ˜ao de vari ´aveis. 2019. 57 f. Dissertac¸ ˜ao (Mestrado em Ci ˆencias Ambientais) – Programa de P ´os-Graduac¸ ˜ao em Ci ˆencias Ambientais, Centro de Engenharias, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, 2019.

Epis ´odios envolvendo despejos de res´ıduos l´ıquidos e degradac¸ ˜ao dos corpos h´ıdricos vem sendo recorrentes ao longo da hist ´oria. Tendo em vista a preservac¸ ˜ao dos recursos h´ıdricos, faz-se necess ´aria a utilizac¸ ˜ao de ferramentas ambientais que reproduzam os fen ˆomenos de transporte de poluentes, de modo a antever a dispers ˜ao do poluente e ter uma reac¸ ˜ao em um tempo-resposta adequado. Dentre as ferramen-tas ambientais merece destaque os modelos matem ´aticos pela praticidade e pela reproduc¸ ˜ao adequada destes fen ˆomenos. O trabalho tem como objetivo apresentar e comparar as soluc¸ ˜oes utilizando as abordagens anal´ıticas GILTT (Generalized Integral Laplace Transform Technique) e separac¸ ˜ao de vari ´aveis, que modelam o problema da dispers ˜ao de poluentes em rios e canais. Para tanto, ´e considerado um modelo bidimensional, no plano longitudinal e vertical. Por fim, s ˜ao apresentadas simulac¸ ˜oes num ´ericas, comparac¸ ˜oes com dados experimentais e com resultados num ´ericos dispon´ıveis. Como esperado, os resultados obtidos no estudo demonstram que a adoc¸ ˜ao dos coeficientes vari ´aveis promove um incremento na qualidade da abordagem utilizada. Desta forma, a abordagem que melhor representou as situac¸ ˜oes hipot ´eticas foi a abordagem GILTT.

Palavras-chave: Transformada integral, Modelagem matem ´atica, Dispers ˜ao de polu-entes, Corpos h´ıdricos.

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RODRIGUES MACHADO, Bettina. Pollutant dispersion modelling in rivers and channels under GILTT and separation of variables approaches. 2019. 57 f. Dissertac¸ ˜ao (Mestrado em Ci ˆencias Ambientais) – Programa de P ´os-Graduac¸ ˜ao em Ci ˆencias Ambientais, Centro de Engenharias, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, 2019.

Events involving disposal of liquids wastes and water resources degradation has been repeated over the years. Bearing in mind, the preservation of the water re-sources it’s necessary the application of ambiental tools that reproduce the pollutant’s phenomenon of transport, in this way is possible anticipate the pollutant dispersion and have a reaction in an adequate time. Among the ambiental tools deserves particular emphasis the mathematical models for practicality and reproducibility of these phenomenon’s. These work aim’s to present and compare the solutions using the analytical approach of GILTT (Generalized Integral Laplace Transform Technique) and separation of variables, which model the problem of dispersion of contaminants in rivers and channels. Therefore, is considered the two-dimensional, in the longitudinal vertical plane model. Finally are presented numerical simulations and some com-parisons between experimental data and numerical results available in literature. As expected, the results obtained in these study demonstrate that the adoption of variable coefficients promotes an increase in the quality of the approach used. In this way, the approach that best represents the hypothetical situations was the GILTT approach.

Keywords: Integral transformation, Mathematical modeling, Pollutant dispersion, Wa-ter bodies.

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Figura 1 a) Transporte puramente advectivo, considerando a velocidade real m ´edia (va) e caminho percorrido m ´edio; b) deslocamento sofrido por um pulso de

soluto no tempo ; c) relac¸ ˜ao entre concentrac¸ ˜ao e posic¸ ˜ao.

Fonte: Kinzelbach(1987). . . 13 Figura 2 Experimento de liberac¸ ˜ao de uma subst ˆancia em canal aberto com fluxo

turbulento.

Fonte: Roberts e Webster (2001). . . 14 Figura 3 Variac¸ ˜ao temporal de um pico de concentrac¸ ˜ao devido `a difus ˜ao molecular;

a) sem o deslocamento de fluido e, b) com deslocamento de fluido.

Fonte: Kinzelbach (1986). . . 14 Figura 4 Esquema da dispers ˜ao de poluentes. Fonte: Machado (2006). . . 16 Figura 5 Perfil de velocidade turbulenta em func¸ ˜ao da profundidade. Fonte: Oliveira

(2015). . . 40 Figura 6 Perfil de difusividade vertical turbulenta em func¸ ˜ao da profundidade.

Fonte: Oliveira (2015). . . 40 Figura 7 Validac¸ ˜ao do modelo anal´ıtico bidimensional em Z = 0, 1 comparado com

dados da literatura. . . 42 Figura 8 Validac¸ ˜ao do modelo anal´ıtico bidimensional em Z = 0, 3 comparado com

os dados experimentais. . . 44 Figura 9 Comportamento da concentrac¸ ˜ao de poluentes C em Z = 0,1 para as

dist ˆancias X = (10, 30, 50) para a abordagem GILTT. . . 45 Figura 10 Gr ´afico da concentrac¸ ˜ao de poluentes C em func¸ ˜ao da dist ˆancia X para

tr ˆes posic¸ ˜oes de fonte a) Zs= 0, 1; b) Zs= 0, 5; c) Zs= 0, 9. . . . 46

Figura 11 Gr ´afico da concentrac¸ ˜ao de poluentes C em func¸ ˜ao da dist ˆancia X para quatro posic¸ ˜oes de fonte a) Zs= 0, 2; b) Zs= 0, 5; c) Zs = 0, 75 e d) Zs= 1. 47

Figura 12 Comportamento da concentrac¸ ˜ao de poluente C em Z = 0,1 para as dist ˆancias X = (10, 30, 50) para a abordagem SV. . . 48 Figura 13 Gr ´afico da concentrac¸ ˜ao de poluentes C em func¸ ˜ao da dist ˆancia X para

tr ˆes posic¸ ˜oes de fonte a) Zs= 0, 1; b) Zs= 0, 5; c) Zs= 0, 9. . . . 49

Figura 14 Perfil vertical da concentrac¸ ˜ao de poluentes C para quatro dist ˆancias (X = 0, 5; X = 2 e X = 10) com a posic¸ ˜ao da fonte em a) Zs = 0, 2; b) Zs= 0, 5;

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Tabela 1 Par ˆametros hidr ´aulicos do experimento 1. . . 38 Tabela 2 Par ˆametros hidr ´aulicos do experimento 2. . . 39 Tabela 3 Avaliac¸ ˜ao estat´ıstica dos m ´etodos GILTT e SV utilizando o experimento 1. 43 Tabela 4 Avaliac¸ ˜ao estat´ıstica dos m ´etodos GILTT e SV utilizando o experimento 2. 44

(9)

A, B Matrizes de coeficientes do problema transformado c Concentrac¸ ˜ao de um contaminante

co Concentrac¸ ˜ao inicial de um contaminante

C Concentrac¸ ˜ao m ´edia de um contaminante

Cn Coeficiente da expans ˜ao em s ´erie do problema bidimensional

C Concentrac¸ ˜ao adimensional de um contaminante Co Concentrac¸ ˜ao observada experimentalmente

Cp Concentrac¸ ˜ao predita pelo modelo

Ceq Concentrac¸ ˜ao de equil´ıbrio

CIT T Classic Integral Transform Technique d Comprimento do rio ou canal

D Matriz diagonal dos autovalores da matriz F E(x) Matriz de inc ´ognitas do problema transformado EDO Equac¸ ˜ao Diferencial Ordin ´aria

F Matriz de coeficientes do problema transformado na qual F = A−1B G Matriz dos autovetores da matriz F

GIT T Generalized Integral Transform Technique

GILT T Generalized Integral Laplace Transform Technique h Profundidade do rio ou canal

I Matriz identidade

K N ´umero de pontos considerado na Quadratura Gaussiana l Largura do rio ou canal

M (x) Matriz da transformada inversa de Laplace E(x)

N N ´umero de autovalores no somat ´orio do problema bidimensional Q Intensidade da fonte

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u Velocidade instant ˆanea do escoamento na direc¸ ˜ao x U Perfil de velocidade adimesional na direc¸ ˜ao x

u Componente m ´edia do escoamento na direc¸ ˜ao x u′ Componente turbulenta do escoamento na direc¸ ˜ao x u∗ Velocidade de atrito

u′c′ Fluxo turbulento do contaminante na direc¸ ˜ao x v′c′ Fluxo turbulento do contaminante na direc¸ ˜ao y w′c′ Fluxo turbulento do contaminante na direc¸ ˜ao z v Velocidade instant ˆanea do escoamento na direc¸ ˜ao y v Componente m ´edia do escoamento na direc¸ ˜ao y v′ Componente turbulenta do escoamento na direc¸ ˜ao y x Componente longitudinal

X Componente longitudinal adimensional

y Componente lateral

ys Posic¸ ˜ao da fonte poluidora na direc¸ ˜ao y

w Velocidade instant ˆanea do escoamento na direc¸ ˜ao z w Componente m ´edia do escoamento na direc¸ ˜ao z w′ Componente turbulenta do escoamento na direc¸ ˜ao z z Componente vertical

Z Componente vertical adimensional zs Posic¸ ˜ao da fonte poluidora na direc¸ ˜ao z

(11)

1 INTRODUC¸ ˜AO . . . . 9

2 REVIS ˜AO BIBLIOGR ´AFICA . . . . 11

2.1 Poluic¸ ˜ao das ´aguas . . . . 11

2.2 Advecc¸ ˜ao . . . . 12

2.3 Difus ˜ao turbulenta . . . . 13

2.4 Difus ˜ao molecular . . . . 14

2.5 Dispers ˜ao de poluentes . . . 15

2.6 Classificac¸ ˜ao dos modelos matem ´aticos . . . . 16

2.7 Equac¸ ˜ao da advecc¸ ˜ao-difus ˜ao . . . 17

2.8 Evoluc¸ ˜ao das soluc¸ ˜oes anal´ıticas . . . . 22

2.8.1 Abordagem GILTT . . . 27

2.8.2 Abordagem SV . . . 28

3 MODELAGEM MATEM ´ATICA . . . . 29

3.1 Hip ´oteses fundamentais . . . . 29

3.2 Resoluc¸ ˜ao do problema sob a perspectiva da abordagem GILTT . . . 30

3.3 Resoluc¸ ˜ao do problema sob a perspectiva da abordagem SV . . . . . 35

3.3.1 Soluc¸ ˜ao da equac¸ ˜ao (59) . . . 35

3.3.2 Soluc¸ ˜ao da equac¸ ˜ao (60) . . . 36

4 DADOS PARA A VALIDAC¸ ˜AO DOS MODELOS . . . . 38

4.1 Dados experimentais . . . . 38

4.1.1 Experimento 1 . . . 38

4.1.2 Experimento 2 . . . 39

4.2 Parametrizac¸ ˜oes . . . . 39

4.2.1 Perfil de velocidade . . . 39

4.2.2 Coeficiente de difus ˜ao . . . 40

4.3 An ´alise estat´ıstica . . . . 41

5 RESULTADOS E DISCUSS ˜AO . . . . 42

5.1 Validac¸ ˜ao e comparac¸ ˜ao entre as abordagens . . . . 42

5.2 Resultados obtidos pela abordagem GILTT . . . . 45

5.3 Resultados obtidos pela abordagem SV . . . . 47

6 CONCLUS ˜AO . . . . 51

(12)

A utilizac¸ ˜ao crescente dos recursos h´ıdricos pode gerar uma s ´erie de impactos ne-gativos capazes de comprometer o equil´ıbrio ambiental e gerar conflitos, uma vez que o aumento na demanda pela ´agua tem como consequ ˆencia a ampliac¸ ˜ao das descar-gas de recursos h´ıdricos contaminados (TUCCI, 2008). Dentre as principais fontes de poluic¸ ˜ao das ´aguas est ˜ao a falta de saneamento b ´asico, o lanc¸amento de efluen-tes industriais tratados indevidamente e a explorac¸ ˜ao dos recursos h´ıdricos para fins energ ´eticos (BARROS, 2004).

A poluic¸ ˜ao ´e caracterizada por ser uma alterac¸ ˜ao indesej ´avel das caracter´ısticas f´ısico-qu´ımicas e biol ´ogicas de um sistema que cause ou possa causar preju´ızo `a sa ´ude, sobreviv ˆencia ou atividades dos seres humanos e outras esp ´ecies ou dete-riorar materiais (BRAGA et al., 2005). Quando se trata de um recurso essencial `a vida, investigar as consequ ˆencias da poluic¸ ˜ao sobre o ecossistema ´e imprescind´ıvel para preservar a sa ´ude humana e o equil´ıbrio ambiental. Por ´em, somente em 1970, com o aprimoramento da legislac¸ ˜ao ambiental em ˆambito mundial, que estes estudos ganharam relev ˆancia (YOSHINARI, 2015).

Os corpos d’ ´agua superficiais constituem parte fundamental do processo de disposic¸ ˜ao dos res´ıduos gerados pelas atividades humanas, sendo de grande im-port ˆancia o conhecimento antecipado dos tipos e da magnitude dos danos que o des-pejo de cargas poluidoras pode causar aos ambientes aqu ´aticos (EIGER, 2003). Logo, entender a din ˆamica das subst ˆancias no ambiente natural ´e de suma import ˆancia para tomar ac¸ ˜oes efetivas. Por ´em, os processos que governam o transporte e a difus ˜ao de poluentes s ˜ao numerosos e de uma complexidade tal que n ˜ao ´e poss´ıvel descrev ˆe-los sem a utilizac¸ ˜ao de modelos matem ´aticos, que resultam, ent ˜ao, em um instrumento t ´ecnico indispens ´avel para a gest ˜ao ambiental e seguranc¸a das pessoas (RAMOS et al., 2014).

Os modelos matem ´aticos contribuem de forma relevante em projetos de estac¸ ˜oes de tratamento de esgoto, na determinac¸ ˜ao da influ ˆencia de obras hidr ´aulicas na quali-dade da ´agua, vazamentos acidentais de res´ıduos t ´oxicos, na previs ˜ao do aumento de temperatura da ´agua causado pela gerac¸ ˜ao de energia termoel ´etrica, assim como a

(13)

previs ˜ao de alterac¸ ˜oes aqu ´aticas causadas pelo uso do solo da bacia hidrogr ´afica con-tribuinte (FISCHER et al., 1979). De uma forma geral, os modelos se mostram mais eficientes quando comparados `as pesquisas experimentais por serem econ ˆomicos e n ˜ao apresentarem problemas operacionais (OLIVEIRA, 2015).

Para solucionar as equac¸ ˜oes que comp ˜oem um modelo, empregam-se normal-mente, m ´etodos anal´ıticos, semi-anal´ıticos ou m ´etodos num ´ericos. A obtenc¸ ˜ao de soluc¸ ˜oes anal´ıticas para equac¸ ˜oes diferenciais parciais, quando poss´ıvel, ´e de fun-damental import ˆancia, pois permite uma an ´alise mais precisa, uma vez que revela os par ˆametros adimensionais que controlam a soluc¸ ˜ao do modelo (VIDAL et al., 2015), enquanto as soluc¸ ˜oes num ´ericas s ˜ao mais gerais dificultando a verificac¸ ˜ao dos poss´ıveis erros existentes no modelo (EL-SADEK, 2009).

A escolha do modelo matem ´atico deve atender as necessidades e peculiaridades do sistema a ser modelado, bem como o tipo e as fontes de poluentes mais relevantes. Uma vez que, os modelos n ˜ao s ˜ao adequados a todas as situac¸ ˜oes (BITTENCOURT et al., 1999).

Por estas raz ˜oes, ´e de extrema import ˆancia aprimorar n ˜ao s ´o os modelos f´ısicos, adicionando complexidades na formulac¸ ˜ao que sejam de import ˆancia f´ısica, mas tamb ´em, as t ´ecnicas de soluc¸ ˜ao que ser ˜ao utilizadas na simulac¸ ˜ao computacional.

Sendo assim, o presente trabalho tem como objetivo resolver um problema bidi-mensional de dispers ˜ao de poluentes em rios e canais, utilizando duas abordagens de resoluc¸ ˜ao: GILTT (Generalized Integral Laplace Transform Technique) e Separac¸ ˜ao de Vari ´aveis (SV), e assim apresentar soluc¸ ˜oes anal´ıticas para a concentrac¸ ˜ao de polu-entes.

´

E realizada uma comparac¸ ˜ao entre as abordagens afim de investigar a influ ˆencia dos par ˆametros de velocidade e difus ˜ao turbulenta na acur ´acia dos m ´etodos.

(14)

2.1

Poluic¸ ˜ao das ´aguas

A preocupac¸ ˜ao do homem com a qualidade dos corpos h´ıdricos ´e milenar e, re-monta a ´epocas em que o sistema sensorial era o ´unico crit ´erio de avaliac¸ ˜ao de qua-lidade. A ´agua ´e um elemento determinante para sustentac¸ ˜ao da vida, propulsora do desenvolvimento cultural e econ ˆomico da sociedade, sua multiplicidade de usos e func¸ ˜oes tende a gerar conflitos em virtude das diferentes demandas de quantidade e qualidade de ´agua (TUNDISI, 2003).

O crescimento populacional aliado ao desenvolvimento econ ˆomico configura um aumento progressivo na demanda por ´agua. Sabe-se que os corpos h´ıdricos superfi-ciais s ˜ao uma das principais fontes de disposic¸ ˜ao dos efluentes ou ´aguas residu ´arias gerados pelas atividades antr ´opicas, o que interfere negativamente na qualidade dos recursos h´ıdricos (ASHBY, 2013).

No Brasil, os maiores problemas ambientais relacionados com a poluic¸ ˜ao das ´aguas surgiram na d ´ecada de 70 junto com o desenvolvimento industrial. O aumento da demanda h´ıdrica fez com que a capacidade de diluic¸ ˜ao dos corpos naturais fosse insuficiente com isso, os eventos cr´ıticos de poluic¸ ˜ao tornam-se frequentes(NEVES, 2012). A poluic¸ ˜ao tem como caracter´ıstica alterar significativamente as caracter´ısticas f´ısicas, qu´ımicas e biol ´ogicas da ´agua, podendo inviabilizar o seu uso para diversas finalidades, provocar preju´ızo aos ecossistemas aqu ´aticos e transmitir doenc¸as `as populac¸ ˜oes. A poluic¸ ˜ao h´ıdrica decorre do lanc¸amento direto ou indireto de efluen-tes/ ´aguas residu ´arias gerados pela atividade humana no ambiente.

As fontes de poluic¸ ˜ao diferem entre si quanto `a fonte e origem (VON SPERLING, 2005).

Quanto `a fonte, os poluentes podem se dispersar atrav ´es de fontes pontuais ou de fontes difusas. As fontes pontuais s ˜ao semelhantes a um ponto, usualmente s ˜ao fixas e atingem o corpo h´ıdrico de maneira concentrada, a exemplo disso, a sa´ıda de uma tubulac¸ ˜ao de esgoto.

(15)

parte da sua extens ˜ao. ´E de dif´ıcil detecc¸ ˜ao uma vez que, n ˜ao ´e poss´ıvel identificar exatamente o seu ponto de origem (LAURENTIS, 2004).

Quanto aos poluentes de maior incid ˆencia no ambiente natural, merecem desta-que:

• Lanc¸amento de esgoto sanit´ario in natura.

Os efluentes ou esgotos sanit ´arios s ˜ao as ´aguas servidas provenientes das re-sid ˆencias, dos edif´ıcios rere-sidenciais, comerciais e p ´ublicos, dos clubes espor-tivos, dos restaurantes. S ˜ao originados a partir do uso da ´agua para higiene pessoal, cocc¸ ˜ao de alimentos, lavagem de utens´ılios, roupas, pisos e limpeza em geral. Apresenta uma composic¸ ˜ao pouco vari ´avel e predom´ınio de mat ´eria org ˆanica biodegrad ´avel (ASHBY, 2013). Segundo os dados da Pesquisa Naci-onal por Amostra de Domic´ılio do Instituto Brasileiro de Geografia e Estat´ıstica (Pnad-IBGE, 2015), o Brasil possu´ıa 97.2% dos domic´ılios com acesso a ´agua, e somente 65.3% deles com esgotamento sanit ´ario (coleta de esgoto).

• Efluentes industriais com tratamento inadequado.

S ˜ao gerados nas atividades industriais, as caracter´ısticas f´ısico-qu´ımicas do eflu-ente dependem do tipo de atividade industrial.

• Explorac¸˜ao dos recursos h´ıdricos para fins energ´eticos.

Alteram a qualidade das ´aguas, a sua morfologia, o seu regime fluvial atrav ´es da construc¸ ˜ao de reservat ´orios, retificac¸ ˜ao de cursos de ´agua, desmatamentos e lanc¸amentos de cargas poluidoras.

2.2

Advecc¸ ˜ao

O transporte de solutos pelo fluido em movimento ´e denominado advecc¸ ˜ao ou convecc¸ ˜ao. Ocorre devido `as componentes de velocidades existentes, por exemplo, em regimes turbulentos devido `a exist ˆencia de velocidades paralelas, mas pode existir no regime laminar tamb ´em.

O transporte puramente advectivo provoca o deslocamento de part´ıculas de soluto com a velocidade real (va) do fluido na direc¸ ˜ao do escoamento. Uma injec¸ ˜ao

ins-tant ˆanea no insins-tante t = t0 ´e deslocada por advecc¸ ˜ao em um intervalo de tempo ∆t para uma nova posic¸ ˜ao, sem alterar a geometria do pulso (Figura 1) (ASHBY, 2013).

(16)

Figura 1: a) Transporte puramente advectivo, considerando a velocidade real m ´edia (va) e

caminho percorrido m ´edio; b) deslocamento sofrido por um pulso de soluto no tempo ; c) relac¸ ˜ao entre concentrac¸ ˜ao e posic¸ ˜ao.

Fonte: Kinzelbach(1987).

Seguindo esse racioc´ınio, sem fluxo de fluido, o deslocamento de soluto n ˜ao seria poss´ıvel. Analisando somente a componente advectiva do transporte de solutos, fica evidente que as part´ıculas de soluto s ˜ao transportadas com a velocidade do campo de fluxo, acompanhando as part´ıculas de fluido (ASHBY, 2013).

2.3

Difus ˜ao turbulenta

Os estudos da difus ˜ao turbulenta permitem prever os n´ıveis de concentrac¸ ˜ao de poluentes na atmosfera ou na ´agua, al ´em de alertarem para os riscos de exposic¸ ˜ao nestes ambientes.

Os fluxos turbulentos apresentam caracter´ısticas de imprevisibilidade, r ´apida di-fusividade, altos n´ıveis de vorticidade e dissipac¸ ˜ao de energia cin ´etica (ROBERTS e WEBSTER, 2001). A imprevisibilidade dos fluxos turbulentos faz com que seus movi-mentos devam ser determinados atrav ´es de c ´alculos estat´ısticos onde a velocidade de um fluxo turbulento ´e determinado pela velocidade m ´edia, enquanto que a intensidade de turbul ˆencia ´e descrita atrav ´es da vari ˆancia da velocidade (PESSOLI, 2006).

O processo de mistura em um fluxo turbulento ocorre devido `a distorc¸ ˜ao, estira-mento e convoluc¸ ˜ao do fluxo original, o que d ´a origem a redemoinhos ou v ´ortices de diversos tamanhos, distribuindo o volume de forma irregular sobre outro volume de maior tamanho. Os redemoinhos gerados em fluxos turbulentos e de tamanhos me-nores ao fluxo est ˜ao em constante mudanc¸a e s ˜ao respons ´aveis pelo decr ´escimo da concentrac¸ ˜ao (PESSOLI, 2006).

A Figura 2 mostra o comportamento da difus ˜ao. Uma subst ˆancia ´e liberada em um canal aberto, com fluxo turbulento, onde percebe-se o espalhamento da subst ˆancia, o

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que resulta em um decr ´escimo na concentrac¸ ˜ao dessa subst ˆancia.

Figura 2: Experimento de liberac¸ ˜ao de uma subst ˆancia em canal aberto com fluxo turbulento. Fonte: Roberts e Webster (2001).

2.4

Difus ˜ao molecular

Diferentemente do fen ˆomeno de advecc¸ ˜ao, a difus ˜ao molecular pode ocorrer sem que haja deslocamento de fluido. O transporte difusivo ocorre quando as mol ´eculas do efluente se dispersam entre as camadas do fluido devido ao gradiente de concentrac¸ ˜ao existente entre as diferentes regi ˜oes do escoamento. Pode ser cha-mado de movimento t ´ermico das mol ´eculas ou movimento Browniano, o qual conduz ao equil´ıbrio de concentrac¸ ˜ao em um meio. O fen ˆomeno deixa de ocorrer quando a concentrac¸ ˜ao de um determinado soluto ´e a mesma em todos os pontos do meio (ASHBY, 2013).

A difus ˜ao molecular provoca uma reduc¸ ˜ao no pico de concentrac¸ ˜ao, independente-mente do fluido estar em repouso (Figura 3a) ou em movimento (Figura 3b) (ASHBY, 2013).

Figura 3: Variac¸ ˜ao temporal de um pico de concentrac¸ ˜ao devido `a difus ˜ao molecular; a) sem o deslocamento de fluido e, b) com deslocamento de fluido.

(18)

Com o aux´ılio de modelos mais elaborados e o desenvolvimento de metodologias flex´ıveis de soluc¸ ˜ao das equac¸ ˜oes de convecc¸ ˜ao (ou advecc¸ ˜ao) e difus ˜ao, ou seja, equac¸ ˜oes que regem o comportamento da mistura do poluente com o meio, pode-se ter uma noc¸ ˜ao e uma melhor compreens ˜ao do fen ˆomeno de transporte de contami-nantes (BARROS, 2004).

2.5

Dispers ˜ao de poluentes

A dispers ˜ao ´e definida como o fen ˆomeno de transporte de efluentes causado pela ocorr ˆencia conjunta de difus ˜ao molecular e/ou turbulenta e da advecc¸ ˜ao (tamb ´em cha-mada de convecc¸ ˜ao). Embora estes fen ˆomenos estejam sempre presentes durante a dispers ˜ao dos efluentes, existem situac¸ ˜oes em que apenas um predomina (NEVES, 2012). Os par ˆametros que levam em considerac¸ ˜ao a difus ˜ao do poluente s ˜ao chama-dos de coeficientes de dispers ˜ao (COX, 2003).

Em 1967, Fischer elaborou uma metodologia para predic¸ ˜ao da taxa de dispers ˜ao longitudinal em correntes naturais. Foram apresentados diversos valores de coefici-entes de dispers ˜ao determinados em laborat ´orio para difercoefici-entes condic¸ ˜oes de escoa-mento.

J ´a em 1974, Nordin e Sabol, verificaram que os escoamentos que ocorrem no meio ambiente n ˜ao apresentam coeficientes de dispers ˜ao constantes.

A utilizac¸ ˜ao de coeficientes vari ´aveis na modelagem representa uma aproximac¸ ˜ao mais realista do fen ˆomeno. Por ´em, obter soluc¸ ˜oes anal´ıticas completas para a equac¸ ˜ao de advecc¸ ˜ao-difus ˜ao, com perfil de velocidade n ˜ao uniforme nem sempre

´e poss´ıvel e v ´arios m ´etodos aproximados podem ser utilizados.

Fischer et al. (1979) constataram que o coeficiente de difus ˜ao transversal ´e da ordem de dez vezes maior que o coeficiente de difus ˜ao vertical. Esse fato pode ser explicado pela presenc¸a de contornos s ´olidos e da superf´ıcie livre que afetam o tama-nho dos turbilh ˜oes (NADAOKA e YAGI, 1998). Essa restric¸ ˜ao f´ısica dos contornos e do tamanho dos turbilh ˜oes implica que esses devem ser mais alongados nas direc¸ ˜oes em que o canal tem maiores dimens ˜oes. Dessa forma, um canal com largura bem maior que a profundidade, tende a apresentar o coeficiente de difusividade turbulenta bem maior na direc¸ ˜ao da pr ´opria largura (PORTO et al., 1991), explicando assim a raz ˜ao pela qual canais e rios com profundidades menores que a largura tendem a apresen-tar valores maiores para os coeficientes de difus ˜ao turbulentos na direc¸ ˜ao transversal, ou seja, na direc¸ ˜ao da largura.

O fen ˆomeno de dispers ˜ao de poluentes em rios pode ser explicado conforme mos-tra a Figura 4.

(19)

Figura 4: Esquema da dispers ˜ao de poluentes. Fonte: Machado (2006).

De acordo com a Figura 4, o poluente ´e lanc¸ado com uma dada vaz ˜ao constante Qe na lateral do rio que escoa com uma vaz ˜ao tamb ´em constante Qr. A medida`

que percorre o leito do rio, a pluma formada de poluente vai se expandindo ao longo da zona de mistura, de comprimento LD, at ´e atingir uma zona de mistura completa,

onde n ˜ao h ´a mais dispers ˜ao significativa. A partir deste ponto, apenas as reac¸ ˜oes de decomposic¸ ˜ao da subst ˆancia em estudo, caso seja um componente degenerativo, devem ser levadas em considerac¸ ˜ao (MACHADO, 2006).

2.6

Classificac¸ ˜ao dos modelos matem ´aticos

Os modelos matem ´aticos v ˆem sendo frequentemente utilizados para prever o transporte de poluentes e avaliar o risco de poluic¸ ˜ao, e representam uma aproximac¸ ˜ao do fen ˆomeno de transporte real (EL-SADEK, 2009).

A disponibilidade de dados, os objetivos a serem alcanc¸ados, os recursos t ´ecnicos, financeiros e computacionais acess´ıveis e o prazo de implantac¸ ˜ao s ˜ao fatores que em geral delimitam a complexidade do modelo matem ´atico a ser utilizado na simulac¸ ˜ao de um sistema h´ıdrico (GARCIA, 2009).

Nenhum modelo isolado ´e o melhor para todas as situac¸ ˜oes, de forma que as necessidades e peculiaridades de cada sistema a ser modelado, bem como o tipo e as fontes de poluentes mais relevantes, devem orientar a selec¸ ˜ao do modelo mais adequado para o sistema (BITTENCOURT et al., 1999).

Dentre as abordagens que podem ser utilizadas para simular a dispers ˜ao de polu-entes, destacam-se: o Lagrangiano, no qual as mudanc¸as na concentrac¸ ˜ao seguem o movimento do fluido, e o Euleriano, em que o comportamento da concentrac¸ ˜ao ´e descrito em relac¸ ˜ao a um ponto fixo no espac¸o (MUNSON et al., 2004).

(20)

emprego de um modelo Euleriano pode ser comparada diretamente com os dados de monitoramento ambiental, permitindo efetuar a verificac¸ ˜ao da evoluc¸ ˜ao temporal de um determinado par ˆametro em uma localizac¸ ˜ao espec´ıfica (GARCIA, 2009).

De acordo com Garcia (2009), os problemas envolvendo a dispers ˜ao de poluentes em meio aqu ´atico podem ser tratados matematicamente empregando modelos transi-entes e estacion ´arios.

Os modelos transientes s ˜ao utilizados em situac¸ ˜oes de derramamentos de po-luentes advindos de acidentes no transporte rodo e hidrovi ´ario, rompimentos de tubulac¸ ˜oes, tanques de armazenamento de subst ˆancias qu´ımicas e estac¸ ˜oes de tra-tamento de efluentes l´ıquidos. Al ´em de estimar a correta durac¸ ˜ao de uma interrupc¸ ˜ao emergencial de captac¸ ˜ao das ´aguas de um corpo h´ıdrico atingido por derramamen-tos acidentais, haja vista os transtornos da suspens ˜ao do abastecimento, os modelos matem ´aticos para descargas acidentais s ˜ao essenciais `a an ´alise de risco de fontes potenciais de degradac¸ ˜ao ambiental.

Os modelos estacion ´arios podem ser empregados em situac¸ ˜oes em que o campo de velocidade pode ser considerado permanente. Para o caso estacion ´ario, a equac¸ ˜ao da advecc¸ ˜ao-difus ˜ao ´e solucionada sem o termo da variac¸ ˜ao temporal da concentrac¸ ˜ao.

Neste estudo ser ´a utilizado um modelo Euleriano, o qual tem como caracter´ıstica principal a soluc¸ ˜ao da equac¸ ˜ao de advecc¸ ˜ao-difus ˜ao.

2.7

Equac¸ ˜ao da advecc¸ ˜ao-difus ˜ao

A teoria dos fen ˆomenos de transporte ´e de grande import ˆancia na engenharia am-biental. Para realizar qualquer tipo de an ´alise de risco e de impacto ambiental, se faz necess ´ario prever o comportamento da dispers ˜ao de poluentes emitidos. O ingredi-ente fundamental para a compreens ˜ao do transporte de contaminantes est ´a no co-nhecimento dos fen ˆomenos f´ısicos, acoplados a ferramentas anal´ıticas da matem ´atica aplicada (NAZAROFF e COHEN, 2001).

Logo, o problema da an ´alise e da previs ˜ao do transporte de poluentes num dado escoamento est ´a fortemente ligado a processos f´ısicos de difus ˜ao e advecc¸ ˜ao. Esse tipo de problema ´e abordado pelo princ´ıpio de conservac¸ ˜ao de massa do poluente transportado, e os escoamentos que despertam maior interesse na engenharia, em geral, t ˆem car ´ater turbulento (por exemplo, canais, condutos, oceanos, atmosfera, la-gos e estu ´arios).

A equac¸ ˜ao que descreve o fen ˆomeno da dispers ˜ao de poluentes ´e obtida a partir da equac¸ ˜ao de conservac¸ ˜ao de massa (equac¸ ˜ao da continuidade). Considerando uma

(21)

esp ´ecie gen ´erica c que se conserve em meios aqu ´aticos, tem-se: ∂c ∂t + u ∂c ∂x + v ∂c ∂y + w ∂c ∂z + S = 0 (1)

onde c ´e a concentrac¸ ˜ao de poluentes; u, v e w representam as componentes das velocidades instant ˆaneas do escoamento nas direc¸ ˜oes x, y e z respectivamente, e S representa o termo fonte.

Se o processo de transporte de massa ocorre em um escoamento turbulento, as distribuic¸ ˜oes para a concentrac¸ ˜ao e para a velocidade s ˜ao irregulares dificultando o c ´alculo exato e instant ˆaneo do potencial. Estas distribuic¸ ˜oes irregulares tendem a oscilar em torno de seus valores m ´edios, de instante a instante (NEVES, 2012). Para contornar este problema, Reynolds prop ˆos um modelo conceitual em 1895 com uma abordagem estat´ıstica que vem sendo amplamente utilizada at ´e o presente. De acordo com Reynolds, uma vari ´avel turbulenta instant ˆanea, como a velocidade e a concentrac¸ ˜ao de massa, pode ser decomposta em um valor m ´edio e uma flutuac¸ ˜ao em torno deste valor m ´edio (TENNEKES e LUMLEY, 1983).

Aplicando a decomposic¸ ˜ao de Reynolds para as vari ´aveis de interesse, ou seja, essas vari ´aveis s ˜ao expressas como a soma de suas m ´edias de ensemble (denotadas por uma barra superior) e flutuac¸ ˜oes (denotadas pela linha) (ARYA, 1999):

u = u + u′; (2)

v = v + v′; w = w + w′; c = c + c′. Substituindo a equac¸ ˜ao (2) em (1):

∂(c + c′) ∂t + (u + u )∂(c + c′) ∂x + (v + v )∂(c + c′) ∂y + (w + w )∂(c + c′) ∂z + S = 0 . (3) Expandindo os termos da equac¸ ˜ao (3):

∂¯c ∂t + ∂c′ ∂t + ¯u ∂¯c ∂x + ¯u ∂c′ ∂x + u ′∂¯c ∂x + u ′∂c′ ∂x + ¯v ∂¯c ∂y + ¯v ∂c′ ∂y+ (4) v′∂¯c ∂y + v ′∂c′ ∂y + ¯w ∂¯c ∂z + ¯w ∂c′ ∂z + w ′∂¯c ∂z + w ′∂c′ ∂z + S = 0 .

Para fins de simplificac¸ ˜ao, consideram-se as seguintes propriedades da m ´edia de Rey-nolds, v ´alidas para um sistema Euleriano:

(22)

P 1) ¯¯ϕ = ¯ϕ ; P 2) ϕ + φ = ¯ϕ + ¯φ ; P 3) ϕ¯· φ = ¯ϕ · ¯φ ; P 4) ∂ϕ ∂x = ∂ ¯ϕ ∂x ; P 5) cte = cte .

Tomando a m ´edia da equac¸ ˜ao (4) e aplicando a propriedade P 2, obt ˆem-se: ∂c ∂t + ∂c′ ∂t + u ∂c ∂x + u ∂c′ ∂x + u′ ∂c ∂x + u′ ∂c′ ∂x + v ∂c ∂y + v ∂c′ ∂y + v′ ∂c ∂y + v′ ∂c′ ∂y+ (5) w∂c ∂z + w ∂c′ ∂z + w ′∂c ∂z + w ′∂c′ ∂z + S = 0 . Aplicando as propriedades de Reynolds na equac¸ ˜ao (5), tem-se:

∂c ∂t + ∂c′ ∂t + u ∂c ∂x + u ∂c′ ∂x + u′ ∂c ∂x + u′ ∂c′ ∂x + v ∂c ∂y + v ∂c′ ∂y + v′ ∂c ∂y + v′ ∂c′ ∂y+ (6) w∂c ∂z + w ∂c′ ∂z + w ′∂c ∂z + w ′∂c′ ∂z + S = 0 .

Observe que a m ´edia de uma flutuac¸ ˜ao ´e igual a zero, pois ϕ = ϕ + ϕ′ent ˜ao ϕ = ϕ + ϕ′, implicando que ϕ′ = 0. Dessa forma, pode-se considerar que:

c′ = u′ = v′ = w′ = 0 . (7)

Substituindo a equac¸ ˜ao (7) em (6), chega-se a: ∂¯c ∂t + ¯u ∂¯c ∂x + ¯v ∂¯c ∂y + ¯w ∂¯c ∂z + u ′∂c′ ∂x + v ′∂c′ ∂y + w ′∂c′ ∂z + S = 0 . (8)

Para reescrever os termos dos fluxos turbulentos da equac¸ ˜ao (8) ser ˜ao consideradas as seguintes relac¸ ˜oes:

∂(u′c′) ∂x = u ′∂c′ ∂x + c ′∂u′ ∂x ; (9) ∂(v′c′) ∂y = v ′∂c′ ∂y + c ′∂v′ ∂y ; (10) ∂(w′c′) ∂z = w ′∂c′ ∂z + c ′∂w′ ∂z . (11)

(23)

Somando (9), (10) e (11), chega-se em: ∂(u′c′) ∂x + ∂(v′c′) ∂y + ∂(w′c′) ∂z = u ′∂c′ ∂x + v ′∂c′ ∂y + w ′∂c′ ∂z + c ( ∂u′ ∂x + ∂v′ ∂y + ∂w′ ∂z ) . (12)

Ademais, nota-se que a equac¸ ˜ao da continuidade aplicada a um fluido incompress´ıvel e com densidade constante ´e representada por:

∂u ∂x + ∂v ∂y + ∂w ∂z = 0 . (13)

Aplicando a decomposic¸ ˜ao de Reynolds: ∂(¯u + u′) ∂x + ∂(¯v + v′) ∂y + ∂( ¯w + w′) ∂z = 0 . (14)

Expandindo os termos da equac¸ ˜ao (14): ∂u ∂x + ∂v ∂y + ∂w ∂z + ∂u′ ∂x + ∂v′ ∂y + ∂w′ ∂z = 0 . (15)

Tomando a m ´edia da equac¸ ˜ao (15) e aplicando a propriedade P 2: ∂ ¯u ∂x + ∂ ¯v ∂y + ∂ ¯w ∂z + ∂u′ ∂x + ∂v′ ∂y + ∂w′ ∂z = 0 . (16)

Aplicando as propriedades de Reynols na equac¸ ˜ao (16): ∂ ¯u ∂x + ∂ ¯v ∂y + ∂ ¯w ∂z + ∂u′ ∂x + ∂v′ ∂y + ∂w′ ∂z = 0 . (17)

Substituindo a equac¸ ˜ao (7) em (17), tem-se: ∂u′ ∂x + ∂v′ ∂y + ∂w′ ∂z = 0 , (18) ∂ ¯u ∂x + ∂ ¯v ∂y + ∂ ¯w ∂z = 0 . Substituindo equac¸ ˜ao (18) em (15), resulta em:

∂u′ ∂x + ∂v′ ∂y + ∂w′ ∂z = 0 . (19)

Com isso, substituindo a equac¸ ˜ao (19) em (12), a equac¸ ˜ao ´e reduzida para: ∂u′c′ ∂x + ∂v′c′ ∂y + ∂w′c′ ∂z = u ′∂c′ ∂x + v ′∂c′ ∂y + w ′∂c′ ∂z . (20)

(24)

Tomando a m ´edia de (20) e aplicando a propriedade P 2: ∂u′c′ ∂x + ∂v′c′ ∂y + ∂w′c′ ∂z = u′ ∂c′ ∂x + v′ ∂c′ ∂y + w′ ∂c′ ∂z . (21)

Substituindo (21) em (8) e aplicando a propriedade P 4, chega-se na equac¸ ˜ao de advecc¸ ˜ao-difus ˜ao tridimensional em regime transiente que descreve as concentrac¸ ˜oes a partir de uma fonte cont´ınua:

∂¯c ∂t + ¯u ∂¯c ∂x + ¯v ∂¯c ∂y + ¯w ∂¯c ∂z + ∂u′c′ ∂x + ∂v′c′ ∂y + ∂w′c′ ∂z + S = 0 , (22)

na qual c denota a concentrac¸ ˜ao m ´edia do contaminante (g.m−3), u, v e w s ˜ao as componentes cartesianas do escoamento m ´edio (m.s−1) orientado nas direc¸ ˜oes x (0 < x < d), y (0 < y < l) e z (0 < z < h). Os termos u′c′, v′c′ e w′c′ representam o fluxo turbulento do contaminante (g.s−1.m−2)nas direc¸ ˜oes longitudinal, transversal (lateral) e vertical, respectivamente.

O termo de difus ˜ao molecular ser ´a desconsiderado, pois a turbul ˆencia domina os processos de transporte e dispers ˜ao. A equac¸ ˜ao (22) apresenta quatro vari ´aveis des-conhecidas (os fluxos turbulentos e a concentrac¸ ˜ao c), por isso n ˜ao pode ser resolvida diretamente.

Uma das maneiras mais utilizadas para solucionar o problema de fechamento da equac¸ ˜ao de advecc¸ ˜ao-difus ˜ao ´e baseada na hip ´otese de transporte por gradiente (ou teoria K) que, em analogia com a lei de Fick da difus ˜ao molecular, assume que o fluxo turbulento de concentrac¸ ˜ao ´e proporcional `a magnitude do gradiente de concentrac¸ ˜ao m ´edia (SEINFELD e PANDIS, 1997). Logo:

u′c′ =−εx ∂¯c ∂x; (23) v′c′ =−εy ∂¯c ∂y ; w′c′ =−εz ∂¯c ∂z ,

onde εx, εy e εz s ˜ao os coeficientes de difus ˜ao turbulenta (m2.s−1) nas direc¸ ˜oes x,

y e z, respectivamente. No fechamento de primeira ordem, toda a informac¸ ˜ao da complexidade da turbul ˆencia est ´a contida nesses coeficientes de difus ˜ao.

Finalmente, substituindo a equac¸ ˜ao (23) em (22), obt ˆem-se a equac¸ ˜ao de advecc¸ ˜ao-difus ˜ao tridimensional, com fechamento Fickiano da turbul ˆencia, para um sistema de coordenadas cartesianas em que a direc¸ ˜ao x coincide com a direc¸ ˜ao do fluxo, dada por (ARYA, 1999):

(25)

∂¯c ∂t + ¯u ∂¯c ∂x + ¯v ∂¯c ∂y + ¯w ∂¯c ∂z = ∂x ( εx ∂¯c ∂x ) + ∂y ( εy ∂¯c ∂y ) + ∂z ( εz ∂¯c ∂z ) + S , (24)

onde c representa a concentrac¸ ˜ao m ´edia do contaminante (g.m−3); u, v e w represen-tam a velocidade m ´edia do fluxo (m.s−1)nas direc¸ ˜oes x, y e z, respectivamente; εx, εy

e εz representam os coeficientes de difus ˜ao turbulenta (m2.s−1)nas direc¸ ˜oes x, y e z,

respectivamente, e S representa o termo fonte. Do lado esquerdo da equac¸ ˜ao (24), o primeiro termo ´e dependente do tempo e os tr ˆes termos restantes descrevem o trans-porte devido `a advecc¸ ˜ao. J ´a no lado direito, os tr ˆes primeiros termos representam a difus ˜ao turbulenta e o ´ultimo termo representa a taxa de emiss ˜ao da fonte.

O termo fonte ´e considerado na equac¸ ˜ao quando o poluente sofre transformac¸ ˜oes, sejam elas atrav ´es de processos f´ısicos, qu´ımicos ou biol ´ogicos. Nesses casos, os poluentes s ˜ao classificados como n ˜ao conservativos. Quando o poluente ´e dito con-servativo, ou seja, quando sua concentrac¸ ˜ao permanece inerte, exceto por difus ˜ao ou advecc¸ ˜ao, o termo S ´e desconsiderado (EIGER, 2003).

2.8

Evoluc¸ ˜ao das soluc¸ ˜oes anal´ıticas

Neste t ´opico apresenta-se uma revis ˜ao acerca dos trabalhos encontrados na lite-ratura que tenham como objetivo solucionar um problema de dispers ˜ao de contami-nantes em meio aqu ´atico tendo como foco as soluc¸ ˜oes anal´ıticas.

Os modelos unidimensionais podem ser de grande utilidade para uma primeira es-timativa, uma vez que existe uma grande quantidade de soluc¸ ˜oes anal´ıticas para essa classe de problema (ZOPPOU e KNIGHT, 1997; DIAS, 2003; GANDOLFI e FACCHI, 2001; VAN GENUCHTEN et al., 2013; SANSKRITYAYN et al., 2018). Estes mode-los s ˜ao simples e ´e poss´ıvel obter resultados satisfat ´orios, por ´em, tais formulac¸ ˜oes unidimensionais s ´o s ˜ao v ´alidas para certas condic¸ ˜oes (BARROS, 2004).

Para modelos unidimensionais ´e normal considerar que, ap ´os uma determinada dist ˆancia a jusante do ponto de despejo, o poluente estar ´a distribu´ıdo uniformemente no rio ou canal tanto na direc¸ ˜ao transversal quanto na direc¸ ˜ao vertical ao longo do dom´ınio f´ısico (EIGER, 2003).

Em 1996 Runkel (1996) utilizou um modelo unidimensional, com coeficiente de difusividade longitudinal e velocidade constantes, considerando os tipos de fonte (cont´ınua de durac¸ ˜ao infinita e de durac¸ ˜ao finita), o problema foi resolvido analitica-mente.

Considerando problema semelhante, Gandolfi e Facchi (2001) solucionaram um modelo unidimensional de dispers ˜ao, advecc¸ ˜ao e decaimento com coeficientes cons-tantes para o transporte de solutos em um rio, considerando uma fonte pontual vari ´avel

(26)

no tempo. O problema foi resolvido analiticamente atrav ´es do uso da Transformada de Laplace.

Em (1997), Zoppou e Knight solucionaram analiticamente um modelo unidimensio-nal com velocidade dependente da direc¸ ˜ao longitudiunidimensio-nal para o transporte de poluentes em um canal. Apesar de incluir uma variac¸ ˜ao espacial no modelo, inicialmente o co-eficiente de difus ˜ao longitudinal foi desprezado sob a hip ´otese de que o transporte advectivo ´e mais relevante do que o processo difusivo. Na sequ ˆencia, o termo de di-fus ˜ao longitudinal ´e considerado. Os autores destacam que soluc¸ ˜oes anal´ıticas s ˜ao de extrema import ˆancia, pois s ˜ao usadas para validar problemas mais complexos re-solvidos por m ´etodos num ´ericos.

Dias (2003), com modelo unidimensional, obteve uma soluc¸ ˜ao anal´ıtica para a equac¸ ˜ao de advecc¸ ˜ao-difus ˜ao com decaimento de primeira ordem pelo m ´etodo da transformac¸ ˜ao de similaridade generalizada. O m ´etodo proposto proporciona uma forma sistem ´atica de encontrar as vari ´aveis de similaridade que reduzem o problema a uma equac¸ ˜ao diferencial ordin ´aria com soluc¸ ˜ao conhecida, o que completa a obtenc¸ ˜ao da soluc¸ ˜ao desejada.

Em Seo e Cheong (2001) foi desenvolvido um estudo para estimar o coeficiente de dispers ˜ao longitudinal em correntes naturais. O modelo unidimensional utilizado ´e descrito por uma equac¸ ˜ao diferencial parcial, na direc¸ ˜ao longitudinal e no tempo, com coeficientes constantes. Apesar de utilizar tal modelo, os autores afirmam que esse modelo demonstra limitac¸ ˜oes, pois s ´o pode ser usado para situac¸ ˜oes muito distantes da fonte poluidora.

Utilizar o modelo adequado ´e imprescind´ıvel para obter resultados satisfat ´orios e realistas. Para determinar o modelo de dispers ˜ao adequado se faz necess ´ario con-siderar: a configurac¸ ˜ao geom ´etrica do rio, o trecho que se deseja analisar, o tipo de fonte poluidora (pontual, linear ou plana) e as raz ˜oes de aspectos entre a profundidade e a largura (BARROS, 2004).

Entendem-se como fonte pontual as fontes similares a um ponto, na qual a ´area de emiss ˜ao n ˜ao ´e muito significativa. As fontes lineares s ˜ao aquelas em que duas das tr ˆes dimens ˜oes da fonte emissora s ˜ao desprez ´aveis, e as fontes planas s ˜ao aquelas representadas por uma ´area espec´ıfica (SOARES e RAMALDES, 2012). Al ´em disso, deve-se considerar que o transporte de um poluente em um rio n ˜ao ´e geralmente um fen ˆomeno unidimensional. Considerando um lanc¸amento pontual de efluente em um canal, ambos com a mesma densidade, o poluente espalha-se de forma tridimensio-nal pr ´oximo a fonte (EIGER, 2003). `A medida que o poluente desloca-se para jusante e passa a ocupar uma regi ˜ao cada vez maior, o fen ˆomeno tende a tornar-se bidimen-sional, ocorrendo uma uniformizac¸ ˜ao de concentrac¸ ˜ao ao longo da direc¸ ˜ao vertical (FISCHER et al., 1979). Por estas raz ˜oes, ´e pr ´atica comum utilizar modelos com duas ou tr ˆes dimens ˜oes para locais pr ´oximos `a fonte poluidora (WEYMAR et al., 2010;

(27)

NE-VES, 2012).

Diante disso, percebe-se que as formulac¸ ˜oes unidimensionais s ˜ao v ´alidas somente para determinadas condic¸ ˜oes. Para simular o processo inicial de descarga de um poluente em um rio ´e coerente utilizar modelos com duas ou tr ˆes dimens ˜oes.

Quando se tratam dos modelos bidimensionais, s ˜ao classificados de acordo com os processos de transporte. Modelos horizontais s ˜ao aqueles os quais consideram o transporte no plano x (direc¸ ˜ao longitudinal) e y (direc¸ ˜ao transversal); j ´a os modelos verticais consideram o transporte no plano x (direc¸ ˜ao longitudinal) e z (direc¸ ˜ao verti-cal). A escolha desses dois modelos depende do tipo de fonte poluidora e da ordem de grandeza dos fluxos difusivos.

Os modelos horizontais s ˜ao utilizados para rios muito largos e para casos em que o fluxo difusivo na direc¸ ˜ao vertical ´e muito menor que o fluxo na direc¸ ˜ao transversal. Este tipo de abordagem assume que o poluente ao ser despejado no meio se difunde instantaneamente para o leito do rio (EIGER, 2003). A hip ´otese de mistura completa do poluente na sec¸ ˜ao transversal s ´o ´e v ´alida quando a raz ˜ao de aspecto da largura pela profundidade seja grande e que o efeito da distribuic¸ ˜ao de velocidades na direc¸ ˜ao lateral seja mais significativo que o efeito do perfil de velocidades na profundidade (BASHA, 1997).

A maioria dos modelos bidimensionais assim como os unidimensionais, assume o perfil de velocidade e coeficientes de difus ˜ao turbulenta uniforme. Isto pode ser observado em Vilhena e Sefidvash (1985), que realizaram um trabalho de car ´ater ex-perimental com o objetivo de validar o modelo te ´orico. O trabalho exex-perimental foi realizado no rio Jacu´ı, situado no sul do Brasil. Para a determinac¸ ˜ao dos coeficientes de dispers ˜ao utilizou-se uma t ´ecnica com trac¸ador radioativo, em seguida os dados obtidos foram usados no modelo matem ´atico. Para esse modelo foram considerados valores uniformes para a velocidade e para o coeficiente de difus ˜ao. A soluc¸ ˜ao do problema matem ´atico foi encontrada atrav ´es do uso da Transformada de Laplace. Se-gundo os autores, os resultados obtidos pelo modelo te ´orico e aqueles medidos em campo n ˜ao foram satisfat ´orios, havendo diverg ˆencias entre os resultados, uma vez que a velocidade do rio variou em 46% ao longo da largura do mesmo. Este fato demonstra a import ˆancia de considerar a velocidade vari ´avel em determinadas situac¸ ˜oes.

De modo semelhante, Lew, Mills e Loh (1999) modelaram o problema bidimen-sional de difus ˜ao e advecc¸ ˜ao de poluentes para rios largos e n ˜ao muito profundos. Para determinar os perfis de concentrac¸ ˜ao do despejo de res´ıduos de cloro em rios foi utilizado o software RIVRISK. Esse software utiliza modelos de dispers ˜ao de po-luentes em rios em diversos tipos de cen ´arios, e a partir dos resultados simulados determinam-se os riscos associados. O modelo bidimensional considerado assume a hip ´otese de que a velocidade do rio e o coeficiente de difus ˜ao turbulenta s ˜ao unifor-mes e n ˜ao vari ´aveis, ou seja, independem do espac¸o e do tempo. A soluc¸ ˜ao foi obtida

(28)

atrav ´es do m ´etodo CITT (Classic Integral Transform Technique).

Diversos autores ressaltam em seus trabalhos a import ˆancia da inclus ˜ao de um perfil de velocidade n ˜ao uniforme nos modelos de dispers ˜ao de poluentes em rios e correntes naturais. Como demonstram Wang, Mc-Millan e Chen (1978), que resol-veram analiticamente um modelo bidimensional para canais rasos considerando uma fonte pontual e instant ˆanea. Os autores consideraram um perfil de velocidade vari ´avel ao longo da largura do rio ou canal. A express ˜ao para esse perfil pode ser gene-ralizada para ajustar distribuic¸ ˜oes de velocidade mais realistas em rios e correntes naturais, e o procedimento de ajuste ´e explicado detalhadamente no artigo.

Em Mazumder e Xia (1994) tamb ´em foi estudada a dispers ˜ao em um canal bidi-mensional. Os perfis de velocidade utilizados s ˜ao os mesmos de Wang, MC-Millan e Chen (1978), uma vez que eles permitem, atrav ´es da mudanc¸a de um valor de um par ˆametro da express ˜ao, a obtenc¸ ˜ao de perfis sim ´etricos e assim ´etricos. Isso ´e de grande interesse pr ´atico, uma vez que perfis n ˜ao uniformes para a distribuic¸ ˜ao do campo de velocidade s ˜ao comuns em rios, devido a sua geometria irregular. A soluc¸ ˜ao anal´ıtica do modelo foi obtida usando o m ´etodo dos momentos de Aris. Medidas re-alizadas em campo mostram como o perfil de velocidade varia de uma margem para outra e da superf´ıcie da ´agua para o leito, mas tamb ´em pode haver variac¸ ˜oes da sec¸ ˜ao transversal ao longo do percurso do rio (CHOW, 1959; XIA, 1997; BOGLE, 1997).

J ´a no trabalho de Yotsukura e Sayre (1976) foi solucionado um modelo bidi-mensional no plano horizontal em regime permanente, onde se provou, a partir de comparac¸ ˜oes com medidas efetuadas em campo, que em rios que apresentam mean-dros a variac¸ ˜ao da componente transversal da velocidade ´e fundamental no fen ˆomeno de mistura.

Apesar de alguns trabalhos apresentarem modelos que incluam a n ˜ao uniformi-dade na velociuniformi-dade, aparentemente ainda s ˜ao escassos na literatura modelos que incluam variac¸ ˜oes tamb ´em no campo da difusividade turbulenta para rios rasos.

Visando estimar o coeficiente de difus ˜ao turbulenta na direc¸ ˜ao horizontal, Hol-ley e Abraham (1973) desenvolveram alguns trabalhos experimentais feitos com trac¸adores para investigar essas taxas de mistura transversal em canais que simu-lam as condic¸ ˜oes de um rio. No mesmo trabalho, estudou-se o efeito da turbul ˆencia que ocorre no leito, atrav ´es do coeficiente de difus ˜ao. Os autores demonstraram que ´e inadequado considerar o coeficiente de difus ˜ao turbulenta transversal constante, so-bretudo em casos onde a profundidade varia.

Mais tarde, Nokes e Wood (1988) apresentaram uma tabela com coeficientes de difus ˜ao turbulenta na direc¸ ˜ao transversal, retirados da literatura, enfatizando a im-port ˆancia deste coeficiente no processo de mistura do poluente com o meio e des-tacaram que desprez ´a-lo pode acarretar erros significativos na previs ˜ao do campo de concentrac¸ ˜ao. Estes erros podem ser explicados a partir dos trabalhos de Fischer et

(29)

al. (1979) e Porto et al. (1991). Seguindo esta mesma linha de racioc´ınio, Gharbi e Verrette (1998) mostraram que em boa parte dos escoamentos em rios e canais, o coeficiente de difus ˜ao na direc¸ ˜ao longitudinal ´e desprez ´avel quando comparado `a direc¸ ˜ao transversal, uma vez que o transporte longitudinal ´e praticamente convectivo. De acordo com as refer ˆencias apresentadas, pode-se perceber que a maioria dos mo-delos encontrados na literatura n ˜ao assume a variac¸ ˜ao da velocidade e da difusividade turbulenta na direc¸ ˜ao horizontal.

Esse fato pode ser observado no trabalho de Codell, Key e Whelan (1982), que mostraram que o modelo mais adequado, tanto do ponto de vista te ´orico quanto pr ´atico, ´e o bidimensional com velocidade vari ´avel para o termo de convecc¸ ˜ao na direc¸ ˜ao do escoamento, difusividade turbulenta vari ´avel na direc¸ ˜ao horizontal do rio e inclus ˜ao do termo de decaimento ou transformac¸ ˜ao qu´ımica. Apesar de julgar esse modelo como sendo mais adequado, os autores consideraram todos os coeficientes constantes a fim de obter uma soluc¸ ˜ao anal´ıtica trabalhando num dom´ınio infinito na direc¸ ˜ao do escoamento. O m ´etodo adotado neste estudo foi o da transformada de Fourier.

Em contrapartida, a teoria da difusividade vertical para os modelos bidimensionais verticais est ´a bem consolidada. Esses modelos s ˜ao normalmente utilizados para rios estreitos e profundos cuja difus ˜ao turbulenta lateral ´e muito menor que a vertical.

No trabalho de Yeh e Tsai (1976) foi resolvido analiticamente um modelo bidimen-sional vertical em regime permanente. Foram utilizadas express ˜oes aproximadas, por leis de pot ˆencia, para os campos de velocidade e difusividade verticais. Os auto-res mostraram as diferenc¸as entre os auto-resultados simulados com os perfis vari ´aveis e os resultados simulados com valores uniformes para a velocidade e o coeficiente de difus ˜ao. Considerando um modelo id ˆentico ao descrito em Yeh e Tsai (1976), Nokes, MCNulty e Wood (1984) apresentaram uma soluc¸ ˜ao aproximada atrav ´es de um m ´etodo semi-anal´ıtico. Os dois modelos desprezaram a inclus ˜ao do termo de degradac¸ ˜ao da subst ˆancia qu´ımica, sendo que, dependendo do poluente em quest ˜ao,

´e de extrema import ˆancia que este termo seja considerado.

Uma conclus ˜ao importante encontrada em Nokes, MCNulty e Wood (1984) ´e que os resultados obtidos em seu trabalho, atrav ´es da simulac¸ ˜ao usando o perfil lo-gar´ıtmico, pouco diferem daqueles adquiridos com a aproximac¸ ˜ao do perfil de veloci-dade por leis de pot ˆencia. Esse mesmo problema, um modelo bidimensional vertical, foi resolvido por Habel, Mendoza e Bagtzoglou (2002), por ´em incluindo o termo do transiente da concentrac¸ ˜ao e acoplando o modelo com o transporte e aprisionamento do poluente no leito poroso. Parte do material despejado pode ficar temporariamente retido na subcamada viscosa, onde os efeitos difusivos dominam. Uma das maneiras de contornar esse problema ´e a utilizac¸ ˜ao de modelos conservativos, em que se con-sidera o pior caso poss´ıvel, por ´em ainda n ˜ao existe um modelo satisfat ´orio para se

(30)

avaliar este fen ˆomeno. 2.8.1 Abordagem GILTT

A t ´ecnica da GILTT ´e utilizada para predic¸ ˜ao do comportamento de um poluente dispersado. ´E um m ´etodo espectral que combina uma expans ˜ao em s ´erie com uma integrac¸ ˜ao. A t ´ecnica compreende os seguintes passos: construc¸ ˜ao de um pro-blema auxiliar de Sturm-Liouville associado ao propro-blema estacion ´ario, determinac¸ ˜ao da t ´ecnica da transformada integral em uma s ´erie truncada usando como base as autofunc¸ ˜oes do problema de Sturm-Liouville resolvido, substituic¸ ˜ao desta expans ˜ao no problema original. Tomando momentos, obt ˆem-se um sistema de Equac¸ ˜oes Dife-renciais Ordin ´arias (EDO) e aplica-se a Transformada de Laplace, o que resulta em um sistema alg ´ebrico. A matriz dos coeficientes do sistema transformado ´e decomposta em seus autovalores e seus autovetores. Ap ´os, esta matriz ´e invertida para se obter a soluc¸ ˜ao do sistema alg ´ebrico. Esta invers ˜ao ´e anal´ıtica e sem custo computacional por se tratar de uma matriz diagonalizada. Dessa forma, a soluc¸ ˜ao anal´ıtica do pro-blema transformado ´e finalmente encontrada (BUSKE, 2008). Uma revis ˜ao completa do m ´etodo GILTT ´e encontrada em (MOREIRA et al., 2009).

O m ´etodo GILTT encontra-se bem estabelecido e ´e aplicado com grande sucesso para modelar a dispers ˜ao de poluentes na atmosfera (WORTMANN et al., 2005; MO-REIRA et al., 2009; TIRABASSI et al., 2009; BUSKE et al., 2011; VILHENA et al., 2012). Os esforc¸os concentram-se em ampliar a aplicac¸ ˜ao da t ´ecnica para dispers ˜ao de poluentes em meio aqu ´atico.

Neste sentido, uma s ´erie de trabalhos com o objetivo de aperfeic¸oar e estender a t ´ecnica podem ser encontrados na literatura. A exemplo disso, o trabalho de Weymar et al. (2010) desenvolve um modelo bidimensional em regime permanente, com perfil de velocidade e coeficiente de difusividade vari ´aveis, para modelar a dispers ˜ao de poluentes em rios e canais. O problema foi resolvido analiticamente atrav ´es do m ´etodo GILTT (Generalized Integral Laplace Transform Technique). No mesmo trabalho, os autores realizaram uma comparac¸ ˜ao entre os resultados obtidos pelo modelo e os resultados encontrados na literatura.

Um modelo mais completo ´e apresentado por Barros (2004), que estudou mode-los multidimensionais (modemode-los bidimensionais e tridimensionais) em regime perma-nente de dispers ˜ao de poluentes em rios e canais. A soluc¸ ˜ao num ´erico-anal´ıtica foi obtida atrav ´es do uso da t ´ecnica GITT (Generalized Integral Transform Technique). Para os modelos desenvolvidos foram utilizados coeficientes n ˜ao uniformes, incluindo variac¸ ˜oes de velocidade ao longo do escoamento e na sec¸ ˜ao transversal. Tamb ´em foram usadas fontes planas, lineares e pontuais nas condic¸ ˜oes de entrada do polu-ente. De acordo com a teoria discutida, percebe-se que diferentes m ´etodos podem ser utilizados com a mesma finalidade, ou seja, encontrar soluc¸ ˜oes anal´ıticas para o

(31)

problema de dispers ˜ao de poluentes em rios e canais.

O estudo desenvolvido por Oliveira (2015) apresenta modelos multidimensionais (modelos bidimensionais e tridimensionais) para a dispers ˜ao de contaminantes em rios e canais, em regime permanente, com perfis de velocidade e coeficientes de difusividade turbulenta n ˜ao uniformes. As soluc¸ ˜oes anal´ıticas foram obtidas atrav ´es da t ´ecnica GILTT.

Estudos mais recentes como o de Buske et al. (2017) apresentaram uma soluc¸ ˜ao anal´ıtica para o problema de dispers ˜ao de poluentes em rios e canais, considerando um modelo bidimensional vertical e tridimensional estacion ´ario com perfil de veloci-dade e difusiviveloci-dade turbulenta vari ´aveis.

J ´a no estudo de Machado et al. (2018) foram apresentadas duas t ´ecnicas de soluc¸ ˜oes anal´ıticas ao problema da dispers ˜ao de poluentes em um corpo h´ıdrico, sendo as soluc¸ ˜oes apresentadas via GILTT e SV. Foi observada a acur ´acia das t ´ecnicas em representar um fen ˆomeno de dispers ˜ao.

Os trabalhos citados acima demonstram a aplicabilidade da t ´ecnica GILTT e sua acur ´acia em resolver problemas de dispers ˜ao de poluentes em ´agua.

O presente estudo tem como objetivo n ˜ao somente estender a aplicac¸ ˜ao da t ´ecnica, mas, tamb ´em demonstrar e comprovar sua performance.

2.8.2 Abordagem SV

Uma das t ´ecnicas aplicadas `a resoluc¸ ˜ao do problema de dispers ˜ao bidimensional de poluentes em rios ´e a abordagem SV. Esse m ´etodo ´e de grande utilidade para re-solver problemas de valor de contorno no campo da f´ısica-matem ´atica para problemas homog ˆeneos e foi detalhadamente descrito em ¨Ozisik (1993). Tal m ´etodo foi formu-lado com base nos conceitos e processos f´ısicos que governam o fen ˆomeno e ´e v ´alido para perfis de velocidades e difusividade constantes tanto para o modelo unidimensi-onal quanto para o modelo bidimensiunidimensi-onal (NEVES, 2012).

O m ´etodo tamb ´em ´e conhecido como de Fourier e ´e o mais cl ´assico dos m ´etodos para determinar soluc¸ ˜oes particulares de EDP’s lineares. Basicamente permite reduzir o problema da procura de soluc¸ ˜oes de certos tipos de EDP’s a problemas de resoluc¸ ˜ao de EDO’s. A abordagem pode ser resumida da seguinte maneira: a abordagem SV substitui uma func¸ ˜ao inicial, antes dependente de duas vari ´aveis (EDP), por um pro-duto de duas novas func¸ ˜oes, cada uma delas dependente somente de uma vari ´avel (EDO’s) (LEITHOLD, 1994).

O m ´etodo encontra-se largamente difundido na literatura. Trabalhos como o de Ne-ves (2012) demonstram a aplicabilidade da metodologia nos problemas de dispers ˜ao de poluentes em corpos h´ıdricos. Utilizando esta abordagem pretende-se chegar em uma soluc¸ ˜ao anal´ıtica para a equac¸ ˜ao da advecc¸ ˜ao-difus ˜ao aplicada ao problema da dispers ˜ao de poluentes em rios e canais.

(32)

3.1

Hip ´oteses fundamentais

Os modelos bidimensionais no plano longitudinal e vertical s ˜ao normalmente utili-zados para rios ou canais cuja profundidade tem um papel relevante no processo de difus ˜ao e advecc¸ ˜ao de massa. Esses modelos podem ser usados para rios estreitos e profundos cuja difus ˜ao turbulenta lateral ´e muito menor que a vertical dependendo do tipo da fonte poluidora.

Tal modelo faz uso da hip ´otese de desprezar correntes secund ´arias de forma que o perfil de velocidade ´e descrito pela componente longitudinal, a qual pode variar ao longo das direc¸ ˜oes x e z. O coeficiente de difus ˜ao turbulenta tamb ´em varia nas mes-mas direc¸ ˜oes. Al ´em disso, considera-se que o poluente ´e introduzido no rio atrav ´es de uma fonte pontual e que esse poluente est ´a sujeito a sofrer degradac¸ ˜ao qu´ımica.

As hip ´oteses fundamentais adotadas nesse estudo s ˜ao (BARROS, 2004):

• O fluxo de massa na direc¸˜ao vertical ´e muito maior que na direc¸˜ao transversal, ou seja, εz∂z∂c >> εy∂c∂y;

• A superf´ıcie e o leito do rio n˜ao s˜ao dispersivos, ou seja, n˜ao h´a migrac¸˜ao do poluente atrav ´es destes contornos;

• O efeito difusivo na direc¸˜ao longitudinal ´e desprez´ıvel quando comparado com o termo advectivo;

• O lanc¸amento do poluente ´e cont´ınuo;

• A ´area transversal do rio varia gradualmente com a direc¸˜ao longitudinal e a variac¸ ˜ao de sua altura ´e desprez´ıvel;

• As substˆancias poluidoras s˜ao dissolvidas e tˆem a mesma densidade do fluido receptor;

• A velocidade de descarga do poluente ´e considerada desprez´ıvel em relac¸˜ao `a velocidade longitudinal do rio ou canal.

(33)

3.2

Resoluc¸ ˜ao do problema sob a perspectiva da abordagem

GILTT

Aplicando as hip ´oteses fundamentais na equac¸ ˜ao (24), obt ˆem-se a equac¸ ˜ao bidi-mensional em regime transiente que descreve matematicamente este problema:

∂c ∂t + u ∂c ∂x = ∂z ( εz ∂c ∂z ) − µc . (25) Sendo:

c ´e concentrac¸ ˜ao do poluente [M.L−3];

εz ´e o coeficiente de dispers ˜ao transversal [L2.T−1];

xe z s ˜ao as coordenadas do ponto de exposic¸ ˜ao [L]; u ´e o perfil de velocidade do fluxo [L.T−1];

µ ´e a constante de decaimento de primeira ordem do poluente [T−1]; ttempo [T ].

A equac¸ ˜ao (25) est ´a sujeita `as condic¸ ˜oes de contorno: ∂c

∂z = 0 em z = 0, (26)

∂c

∂z = 0 em z = h, (27)

Condic¸ ˜ao de fonte:

c = δ(z− zs) em x = 0, (28)

E condic¸ ˜ao inicial:

c = 0 em t = 0. (29)

Inicialmente ´e aplicada na equac¸ ˜ao (25) a transformada de Laplace na vari ´avel temporal, t, e utilizando a condic¸ ˜ao inicial (29), tem-se:

rC + u∂C ∂x = ∂z ( εz ∂C ∂z ) − µC, (30)

onde C (x, z, r) denota a transformada de Laplace na vari ´avel t ( C (x, z, r) = c (x, z, r, t); t→ r, r ´e complexo), reescrevendo a equac¸˜ao (30) com a substituic¸˜ao de λ = µ + r, obt ´em-se: u∂C ∂x = ∂z ( εz ∂C ∂z ) − λC. (31)

(34)

Sturm-Liouville:

Ψ′′n(z) + βnn(z) = 0 em 0 < z < h, (32)

Cujas condic¸ ˜oes de contorno s ˜ao as mesmas do problema original:

Ψn(z) = 0 em z = 0 e z = h. (33)

A soluc¸ ˜ao anal´ıtica do problema auxiliar ( ¨OZISIK, 1993) ´e dada por:

Ψn(z) = cos(βnz), (34)

onde βn = h .

A seguir, expande-se a concentrac¸ ˜ao de poluentes em uma s ´erie, utilizando como base as autofunc¸ ˜oes do problema de Sturm-Liouville:

C(x, z, r) =

n=0

cn(x, r)Ψn(z). (35)

Para determinar o coeficiente cn(x,r) substitui-se (35) em (32):

u n=0 c′n(x, r)Ψn(z) = n=0 cn(x, r) ∂(εzΨ′(z)) ∂z − λ n=0 cn(x, r)Ψn(z). (36)

Fazendo uso da propriedade de ortogonalidade das autofunc¸ ˜oes, integra-se o re-sultado em todo o dom´ınio da vari ´avel transformada, ou seja, multiplica-se pelo ope-rador∫0h(.)Ψm(z)dz: n=0 c′n(x, r)h 0 uΨn(z)Ψm(z) = n=0 cn(x, r)h 0 ε′zΨn(z)Ψm(z)dz (37) + n=0 cn(x, r)h 0 εzΨ′′n(z)Ψm(z)dz− λ n=0 cn(x, r)h 0 Ψn(z)Ψm(z)dz.

Da equac¸ ˜ao de Sturm-Liouville tem-se que Ψ′′n(z) = −β2

nΨn(z), logo: n=0 c′n(x, r)h 0 uΨn(z)Ψm(z)dz− n=0 cn(x, r)h 0 ε′zΨn(z)Ψm(z)dz (38) + n=0 cn(x, r)βn2 ∫ h 0 εzΨn(z)Ψm(z)dz + λ n=0 cn(x, r)h 0 Ψn(z)Ψm(z)dz = 0.

A equac¸ ˜ao (38) pode ser escrita na forma matricial. Sendo E(x, r) um vetor com as componentes cn(x, r)e:

an,m =

h

0

(35)

bn,m = h 0 ε′zΨn(z)Ψm(z)dz + βn2 ∫ h 0 εzΨn(z)Ψm(z)dz + λh 0 Ψn(z)Ψm(z)dz.

Logo, a equac¸ ˜ao (39) escrita na forma matricial ´e dada por:

AE′(x, r) + BE(x, r) = 0, (40)

Assumindo que a matriz A n ˜ao ´e singular, multiplica-se a equac¸ ˜ao (40) pela matriz inversa de A:

AA−1E′(x, r) + A−1BE(x, r) = 0−→ E′(x, r) + A−1BE(x, r) = 0, (41)

E′(x, r) + F E(x, r) = 0. (42)

sendo F = A−1B. A equac¸ ˜ao (42) est ´a sujeita `a condic¸ ˜ao de fonte:

c(0, z, r) = δ(z− zs)

r . (43)

Para obter E(0,r) aplica-se o mesmo procedimento utilizado anteriormente. Inicial-mente, expande-se a condic¸ ˜ao de fonte em s ´erie, substituindo (35) em (28):

cn(0, r)ψn(z) =

δ(z− zs)

r . (44)

Aplicando o operador∫0h(.)ψm(z)dz e truncando a s ´erie:

cn(0, r)h 0 ψn(z)ψm(z)dz = 1 rh 0 δ(z− zs)ψm(z)dz. (45)

Deste modo, a condic¸ ˜ao de fonte pode ser escrita como: E(0, r) = cn(0, r) = ψm(z0) rh para n = 0; (46) E(0, r) = cn(0, r) = ψm(z0) rh/2 para n̸= 0.

Aplicando a T ´ecnica da Transformada de Laplace no problema transformado apre-sentado na equac¸ ˜ao (42), obt ´em-se:

sE(s, r) + F E(s, r) = E(0, r), (47) Assumindo que a matriz F ´e n ˜ao-defectiva, utiliza-se o processo de diagonalizac¸ ˜ao e decomp ˜oe-se a matriz na forma:

(36)

onde D ´e a matriz diagonal de autovalores de F e G ´e a matriz dos respectivos auto-vetores. Substituindo a matriz F (48) na equac¸ ˜ao (47):

sE(s, r) + GDG−1E(s, r) = E(0, r). (49) Rearranjando os termos, tem-se:

(sI + GDG−1)E(s, r) = E(0, r), (50)

onde I ´e a matriz identidade. Lembrando que: GG−1 = G−1G = I, a equac¸ ˜ao (50) pode ser reescrita como:

(sGG−1+ GDG−1)E(s, r) = E(0, r), (51)

G(sI + D)G−1E(s, r) = E(0, r). A equac¸ ˜ao (51) tem a seguinte soluc¸ ˜ao:

E(s, r) = G(sI + D)−1G−1E(0, r), (52) Aplicando a Transformada Inversa de Laplace na equac¸ ˜ao (52), tem-se:

E(s, r) = GL−1(sI + D)−1G−1E(0, r). (53) onde L−1 denota o operador Transformada Inversa de Laplace.

A matriz (sI + D) ´e escrita como:

(sI + D) =         s + d1 0 · · · 0 0 s + d2 · · · 0 .. . ... . .. ... 0 0 · · · s + dn         ,

onde dns ˜ao os autovalores da matriz F . A matriz inversa da matriz diagonal (sI + D)

´e: (sI + D)−1 =         1/(s + d1) 0 · · · 0 0 1/(s + d2) · · · 0 .. . ... . .. ... 0 0 · · · 1/(s + dn)         ,

Fazendo a invers ˜ao da Transformada de Laplace de (sI + D)−1 e usando os re-sultados padr ˜oes da teoria da Transformada de Laplace, que podem ser encontrados

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