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Educação Física Escolar

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Academic year: 2021

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Definições Educação Física Escolar é um elemento do processo educacional formal, que tem como meio específico as atividades físicas exercidas a partir de uma intenção educativa, possibilitando o desenvolvimento das dimensões cognitiva, afetivo-social e motora de crianças e adolescentes através de exercícios ginásticos, jogos, esportes, danças e lutas. Para se abordar as manifestações da Educação Física escolar brasileira, requer, primeiramente, que se estabeleçam alguns marcos de memória gerais que contribuíram para o seu desenvolvimento. Uma definição de partida concerne à interpretação temporal do corpo que, pouco valorizado no período medieval, reconquistou seu espaço no período renascentista, ten-do o exercício físico denominaten-do de ginástica desde o século XVIII, recebido maior ênfase na escola.

Marcos internacionais de memória

1423 A escola La Giocosa de Mantova foi estabelecida por Vittorino Rambaldoni da Feltre no norte da Itália, primeiro educador a colocar a educação do corpo no mesmo nível das disciplinas tidas como intelectuais.

Século XVII A Educação Física não era considerada como um aspecto essencial da educação para ser tratado, salvo em raras exceções.

Século XVIII A Educação Física já era alvo de atenção a qual eram buscadas soluções, apesar de que, na maioria dos casos, as mesmas se fundamentassem em mero empirismo.

1762 Jean Jacques Rousseau (1712-1778), enciclopedista e pedagogo suíço, escreveu e publicou a obra “Emílio ou da Educa-ção” em que foi ressaltada a importância do exercício do corpo e do espírito. A Educação Física ocupou uma importante função na concepção de Rousseau, já que era considerado um dos meios mais seguros para se estabelecer relações naturais entre o ho-mem e as coisas (experiência que a criança adquiria sob a ação das coisas externas).

1774 Johann Bernard Basedow (1723-1790), estabeleceu sua escola-modelo – Philanthropinum, em Dessau, Alemanha, onde a ginástica estava incluída no currículo escolar e possuía o mesmo status que as disciplinas intelectuais. Inicialmente, nessa institui-ção eram praticadas atividades originárias dos tempos medievais como a equitação, o volteio, a natação, a esgrima, a dança e os jogos, posteriormente, foram acrescentados exercícios naturais como o correr, saltar, arremessar, transportar e trepar.

1784 Christian Gotthilf Salzmann (1744-1811), pedagogo e edu-cador alemão, criou um estabelecimento semelhante ao de Basedow, localizado, também, na Alemanha, na cidade de Schnepfenthal. Era, nele, acentuada a importância da educação sensorial para a formação física, para o desenvolvimento e aperfei-çoamento da capacidade intelectual do educando, como também, desenvolvido o interesse educativo do esforço, que deveria ser executado de acordo com as possibilidades dos alunos.

1785 Johann Christoph Guts Muths (1759-1839), educador ale-mão, iniciou a lecionar como professor de Ginástica no Instituto de Schnepfenthal, fundado por Salzmann, e lá permaneceu por 54 anos. A Educação Física para Guts Muths possuía, então, o objetivo de exercitar uma ação educativa destinada a harmonizar o corpo com as forças espirituais e morais e desenvolver, na criança, qualidades e capacidades que lhe permitisse superar obstáculos de caráter físico. Observa-se, também, a sua preocupação em

Educação Física escolar

JOÃO CARLOS JACCOTTET PICCOLI

School Physical Education

Although physical education in schools started in the 15th century

Italian Renaissance, it was adopted with more effective bases in

some European countries at the end of the 18th century. Programs

and recommendations of renowned educators of the science of pedagogy science and of schools of excellence such as the Philanthropinum, located in Germany, greatly contributed for the development of physical education in schools. The first milestone of the memory of Brazilian physical education in schools took place in the branch of the Philanthropinum located in

Schnepfenthal, where the first Brazilian student was registered in 1834. Three dozen students from different regions of Brazil were admitted there in the following years. The first initiative to include physical education in the curriculum of the schools in Brazil occurred in Rio de Janeiro, then capital of the Brazilian Empire in 1837. Since the very beginning, physical education had been related to both the military and the middle class through hygienist procedures that aimed at the improvement of health and hygiene conditions of the Brazilian population. Brazil followed

German, Swedish, Austrian and French models of physical education until the 1950s. Today physical education taught in Brazilian schools has theoretical references produced in the country and it is included in the Parâmetros Curriculares Nacio-nais (National Curriculum Standards – PCNs) as the other disci-plines are. However, research that has been taking place since 1971 has revealed that Physical Education in the schools does not happen as described in the legal acts and in the proposed educational patterns.

proporcionar às mulheres atividades físicas, fundando a primeira escola de ginástica feminina onde os exercícios físicos eram adaptados ao sexo, como, também, possuía a consciência do valor que o esporte oferecia à formação física e da personalidade da juventude.

1794 Gerhard Ulrich Anton Vieth (1763-1836) publicou o primei-ro de três volumes de sua obra “Ensaios de uma Enciclopédia dos Exercícios do Corpo” (Versuch einer Enzyklopädie der Leibesübungen), onde atribuía importância à prática do exercício físico para a formação moral e física do indivíduo e insistia na obrigatoriedade de Educação Física nos âmbitos da escola e da universidade. Afirmando que os exercícios físicos deveriam visar o aperfeiçoamento completo do corpo humano, Vieth os classifi-cava de acordo com as diferentes partes do corpo em exercícios simples e combinados. Preferia, entretanto, classificá-los em exer-cícios passivos (exerexer-cícios de oscilação, atitudes, fricções e mas-sagens, banho e exercícios de endurecimento) e exercícios ativos, que se dividiam em exercícios para os sentidos e para os mem-bros, como marchar, corridas, exercícios de trepar, saltos, dança, exercícios de tração e de repulsão, lançamentos, lutas, esgrimas, volteios e transporte de fardos, além da patinação, do tiro, da equitação e de jogos diversos. Vieth tornou-se o primeiro professor de ginástica a demonstrar a necessidade de se proporcionar ao exercício físico uma base anátomo-fisiológica tendo em vista a sua preparação científica, que lhe permitia compreender e delinear os efeitos biológicos e higiênicos da ginástica, como também, estabe-lecer uma relação de causa e efeito entre a atividade física e as suas influências sobre o corpo.

1799 Vivat Victorius Franziskus Nachtegall (1777–1847), educa-dor dinamarquês, influenciado por Guts Muths, inaugurou seu gi-násio particular ao ar livre, primeira instituição européia dos tem-pos modernos, direcionada exclusivamente ao ensino da Educação Física, que ocupou lugar de destaque nos meios educacionais euro-peus por mais de 25 anos. Nachtegall acreditava num programa de Educação Física de natureza ampla, mas, com a destruição de seu Instituto pelos bombardeios a Copenhague durante as guerras Napoleônicas (1801 a 1814), foi forçado, pelas circunstâncias, a atribuir uma característica militar a seu programa. Embora não tenha estabelecido um novo sistema de ginástica na Dinamarca, organizou e sistematizou a prática da Educação Física de uma forma não observada, na época, em outros países. É, também, considerado o primeiro educador a mencionar a utilização de col-chões como forma de segurança.

Século XIX Foram observadas preocupações metodológicas do ensino da Educação Física, principalmente, na primeira metade, em vários países europeus. Certamente que o crescimento e interesse pelos problemas da Educação Física, em 1800, deu-se com base em experiências pedagógicas dos enciclopedistas, dos filantropos, de Pestalozzi, Fröbel entre outros. O desenvolvimento das escolas públicas alemãs para as massas aconteceu no século XIX. As sociedades ginásticas intituladas Turnvereine, logo que se constituíram, não alteraram as práticas escolares nem introduzi-ram a ginástica nas escolas, tinham, entretanto, a tendência de agir de forma suplementar ao trabalho escolar, em vez de nelas assegurar o espaço para a prática da Educação Física. A Educação Física, em particular a ginástica, passaram a ser introduzidas nas escolas públicas com caráter obrigatório. Entretanto, a imposição legal da obrigatoriedade freqüentemente não era atendida por falta de meios adequados para a sua prática e porque os objetivos

pretendidos eram baseados em doutrinas com pouca fundamenta-ção científica e orientafundamenta-ção pedagógica, como também, metodologia inadequada.

1801 Nachtegall tornou o ensino da ginástica compulsório numa escola pública de ensino fundamental freqüentada por crianças de baixo poder aquisitivo, em 1801. Pode-se, então, observar que a Dinamarca, tornou-se o primeiro país a exigir o ensino da Educação Física nas escolas públicas de ensino fundamental e médio, admi-nistrada diariamente fora do horário escolar com previsão para a utilização de aparelhos e espaço externo entre 96 a 144 metros quadrados para essa prática.

1804 Johann Heinrich Pestalozzi (1746-1827), suíço, educador por excelência e pedagogo influenciado por Rousseau, estabeleceu, no Castelo de Yverdon na cidade de Yverdon, nas cercanias do Lago NeuChâtel, Suíça, seu instituto de educação onde aplicou suas idéias educacionais. A Educação Física, ou melhor, a ginástica era considerada um meio de formação do espírito, sob o ponto de vista intelectual, e uma forma de desenvolvimento moral e estéti-co, sob o ponto de vista da moral e da beleza. Observa-se, assim, a influência formativa do exercício físico, no desenvolvimento inte-gral do indivíduo. Pestalozzi, também, considerava que o movimen-to era uma necessidade natural, indispensável à criança e a Educa-ção Física, um meio de formaEduca-ção física e de desenvolvimento sen-sorial e estético essencial na educação e na saúde da juventude. 1807 Foi aprovada uma legislação na Suécia que determinava que, em cada estabelecimento de ensino, de acordo com as suas possibilidades, deveriam ser disponibilizados locais para a prática da ginástica onde seriam praticadas atividades de saltar, trepar, fazer volteios, nadar entre outras, sob a supervisão de um mestre (professor). Nota-se que Pehr Henrik Ling (1776-1839), embora tenha tido a intenção de desenvolver a ginástica escolar através de sua ginástica pedagógica, somente teve essa idéia concretizada através de seu filho Hjälmar Frederick Ling.

1820 Foi determinado na Suécia que não poderiam ser dispensa-dos da prática da ginástica os jovens consideradispensa-dos inaptos para tais atividades, a não ser aqueles autorizados pela direção do estabelecimento.

1823 A Round Hill School foi criada por Joseph Cogswell (1786-1871) e George Bancroft (1800-1891), na cidade de Northampton, Massachusetts, Estados Unidos. A escola utilizava a instrução individual e primava pela preservação da saúde e melhoria dos aspectos moral e mental das crianças. Os fundadores da escola acreditavam que uma forma de se alcançar tais objetivos era através do estabelecimento de um programa de Educação Física, assim, foram, então incluídas aulas de dança, de equitação e de ginástica, esta última, ministrada por Charles Beck (1798-1866), discípulo de Jahn. A Round Hill School tornou-se pioneira na inclusão da atividade física como parte integral do currículo escolar nos Estados Unidos. Inicialmente, a prática da Educação Física nas escolas fundamen-tais era prerrogativa dos meninos, apenas. Em 1825, William Bentley Fowle (1795-1865) introduziu em sua escola de meninas, em Boston, Massachusetts, a utilização de aparelhos como barras e as rolda-nas para serem usadas nos horários de recreio.

1826 Friedrich Fröbel (1782-1852), pedagogo alemão, fundador dos jardins da infância, discípulo e continuador das idéias de Pestalozzi, escreveu a obra Educação do Homem em que era sali-entada a importância da manutenção de um corpo vigoroso e ativo.

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Fröbel retorna à idéia de Platão e de Vittorino da Feltre, mas a ultrapassa ao afirmar que os exercícios corporais conduziam a cri-ança a um conhecimento claro da estrutura interna de seu corpo, levando-a a sentir, com maior intensidade, as conexões mútuas internas da atividade de seus membros. Ao defender a idéia de se utilizar o jogo e os exercícios ginásticos com um sentido recreativo e de educação sensorial, acompanhados de música e de canto na educação pré-escolar, demonstrou a sua preocupação em relacio-nar a Educação Física, intelectual e moral da criança à formação de sua personalidade.

1857 o superintendente das escolas de Cicinnati, Ohio, Estados Unidos, propôs que todos os professores contratados deveriam aprender um sistema de ginástica adaptado a todas as séries do ensino fundamental.

1863 Foram alteradas de 4 para 6 horas de ginástica e de exercí-cios com armas, para as classes mais adiantadas e para as mais atrasadas, 3 horas apenas, na Suécia. Assim, mesmo com esses dispositivos legais, a ginástica pedagógica de Ling não conseguiu ser desenvolvida.

1864 O Instituto Central Real de Ginástica, fundado por Pehr Henrik Ling em 1814, foi reorganizado, assumindo o controle da ginástica escolar seu filho Hjälmar Frederick Ling (1820-1886). Ao desenvolver a ginástica escolar ou higiênica, este recebeu o título de pai da ginástica escolar sueca, disseminando a prática de tal atividade nas escolas suecas com o apoio de Ellin Falk (1872-1942), Inspetora de Ginástica das Escolas Elementares de Estocol-mo, criadora da ginástica moderna infantil adaptada às caracterís-ticas psíquicas da criança e às suas necessidades lúdicas. Enquan-to que no século XIX os sistemas ginásticos, centrados na saúde do corpo, na perfeição física e de movimentos e utilizados como forma de servir à nação estavam sendo transformados em programas de Educação Física na Alemanha e na Escandinávia, na Inglaterra, as escolas públicas estavam vivenciando uma outra forma de educa-ção, através de jogos e esportes, cuja ênfase estava nos valores de honestidade, jogo limpo (fair play), espírito esportivo, esforço indi-vidual, iniciativa e coragem.

1866 Foi inaugurada a Escola Normal da União de Ginástica Norte-Americana, que formava professores de ginástica de acordo com o movimento alemão de Jahn, com enfoque no treinamento físico. No curso, com duração de um ano, desenvolvido à noite, os alunos estudavam história e objetivos da Educação Física, anato-mia, primeiros socorros, dança e ginástica combinada com méto-dos de ensino.

1874 August Hermann (1835-1906), professor de ginástica na escola de ensino médio – Ginásio Martino Katharineum – em Brunswick, Alemanha, após permanecer por algum tempo na In-glaterra, ficou tão convencido da importância do jogo como poder educativo que introduziu a prática do rugby nas escolas de meninos, sendo seguido pela implantação do baseball americano em 1875 e o críquete, em 1876.

1877 Na Suécia, com a visita do professor e capitão Lars Mauritz Törngren (1839-1912), diretor do Instituto Real Central de Ginásti-ca de Estocolmo, às escolas públiGinásti-cas inglesas, foi escrito um livro sobre jogos escolares.

1880 Em Hartford, Cicinnati, Estados Unidos, nas duas escolas de meninas de Catharine Beecher (1800-1878), eram realizados exercícios semelhantes à ginástica sueca de Ling, quando começou a ser divulgada nos Estados Unidos. Outros planos e sistemas de Educação Física foram introduzidos nos Estados Unidos a partir da década de 1880, incluindo o sistema ginástico sueco cujo precursor foi Hartwig Nissen (1855-1924), que o introduziu em Washington, DC e, posteriormente, em Boston. Outro divulgador deste sistema foi Nils Posse (1862-1895) em Boston, Massachusetts que estabele-ceu uma escola de formação de professores que muito contribuiu para a popularidade da ginástica sueca, no continente norte-ameri-cano. A Educação Física curricular no século XIX possuía, principal-mente, natureza corretiva, com ênfase na prática de exercícios formais. Os sistemas de Educação Física utilizados nas escolas americanas eram os de origem européia e escandinava. Poucas eram as salas específicas para os exercícios físicos nas escolas públicas dos Estados Unidos. As aulas eram ministradas nas salas de aula regulares, reunindo um grande número de alunos num pequeno espaço, e os professores não estavam preparados pedagogicamente para ministrar

atividades físicas. O sistema sueco de ginástica começa a ser mais aceito do que o sistema alemão, pois o primeiro não era praticado com aparelhos, era mais flexível no que se refere às condições de oferta do que a ginástica alemã.

1884 Pierre Fredi, Barão de Coubertin (1863-1937), ao visitar a Inglaterra, conheceu as doutrinas pedagógicas de Thomas Arnold e o deixou convencido da repercussão que o movimento desportivo poderia ter na educação da juventude e na melhoria do entendi-mento entre as classes sociais, os povos e as nações do mundo contemporâneo. Ao retornar à França, tentou utilizar a estrutura dos jogos como instrumento pedagógico para revitalizar a juventu-de francesa.

1892 Na convocação da Associação Americana para o Avanço da Educação Física-AAAPE, hoje conhecida como American Alliance for Health, Physical Education, Recreation and Dance (Aliança Americana para a Saúde, Educação Física, Recreação e Dança) – AAHPERD, Nils Posse, defensor do sistema ginástico sueco, face ao que foi intitulado de “batalha dos sistemas”, entre os defenso-res dos sistemas de ginástica sueco e alemão, sugeriu que os siste-mas de ginástica estrangeiros fossem substituídos por um sistema nacional baseado nas necessidades do povo americano. Para esta idéia, contribuiu John Dewey (1859-1952) que sugeria mudanças no processo educacional, com enfoque na criança. A Educação Física nova propunha um ambiente no qual as crianças pudessem vivenciar experiências sociais e psicomotoras. Aqueles programas tradicionais que não utilizassem o jogo e a dança associados à atividades espontâneas, não mais atingiriam as necessidades de desenvolvimento das crianças. Assim, a Educação Física deveria se tornar o componente principal no currículo escolar. Estes foram os indícios de uma mudança de paradigma, isto é, da utilização de sistemas rígidos de Educação Física para uma Educação Física nova, mais centrada no desenvolvimento integral da criança. 1896 Observa-se a influência do movimento inglês na Dinamarca através de Wilhelm Bardenfleth, Ministro da Igreja e de assuntos Escolares quando enviou uma circular para todas as autoridades escolares, solicitando a inclusão dos jogos no programa de Educa-ção Física das escolas públicas dinamarquesas. No ano seguinte, um orçamento, por um período de 3 anos, foi encaminhado ao Comitê Nacional para a promoção de jogos entre escolares dina-marqueses. Observa-se, então, que esta atitude estimulou o de-senvolvimento de um novo enfoque à prática da ginástica nas aulas de Educação Física.

1908 A Educação Física Escolar recebeu impulso na Suécia, por Elin Falk (1872-1942) quando ocupava o cargo de inspetora de Educação Física das Escolas Primárias de Estocolmo. Nota-se que Elin Falk criticava a ginástica escolar preconizada por Ling, na época, por sua rigidez de movimentos e de atitudes com conotação militarista, pelo conteúdo corretivo que limitava a li-berdade de ação e o sentimento de lili-berdade da criança, pelo excesso de exercícios de ordem, pouco justificados e pelo excesso e falta de adequação nas vozes de comando. Ao observar crianças que jogavam entre si, fora da atividade escolar, notou que o fazi-am de forma alegre, com vivacidade e entusiasmo o que não era observado nas aulas de ginástica, então ministradas nas escolas. Para interferir neste processo, acrescentou nas aulas de Educa-ção Física os jogos, as rodas, os exercícios em forma de jogo e as sessões historiadas. Ellin Falk é considerada a criadora da ginás-tica moderna infantil, essencialmente adaptada às característi-cas psíquicaracterísti-cas da criança e às suas necessidades lúdicaracterísti-cas, acredita-va que a finalidade da ginástica era libertar o corpo e a alma para alcançar o indivíduo a sua totalidade.

1910-1930 Período em que Josef Gottfrid Thulin (1875-1965) dominou a ginástica na Suécia. Ao tratar da Educação Física para crianças de 6 a 8 anos, dizia que a sessão deveria enfocar vários temas e os exercícios, deveriam ser ministrados em forma de jogo, com a finalidade de desenvolver as qualidades de observação, de criatividade, de vivacidade e de coragem da criança, como também, da confiança em si próprio. Pretendia, então, constituir um todo coerente em que as formas de exercícios e de jogos dariam expres-são às ações de uma narração ou de um conto, também conhecido como sessão historiada de exercícios. Foi, também, o introdutor das sessões historiadas ou contos do movimento nas práticas in-fantis, assinalando a transição da concepção anátomo-fisiológica, característica principal do sistema de Pehr Henrik Ling, para o enfoque psicológico-social.

Década de 1920 Período em que Karl Gaulhofer (1885-1941) e Margarete Streicher (1891 -?) estabeleceram a filosofia da escola austríaca de ginástica. A ginástica escolar ou natural austríaca de Gaulhofer e de Streicher, contribuiu para o desenvolvimento da Educação Física Escolar. Influenciado por Jahn e Spiess e familiari-zado com as obras de Guts Muths e Vieth, Gaulhofer desenvolveu seu próprio programa de Educação Física, incluindo uma variedade de atividades e respeitando a individualidade da criança. A ginástica escolar austríaca, contrapondo-se aos outros sistemas europeus que previam exercícios com movimentos criados artificialmente, considerava a Educação Física como educação do indivíduo e o corpo, seu ponto de aplicação. Os exercícios físicos tinham o objetivo principal de desenvolver os movimentos necessários para a vida cotidiana e para o trabalho físico aos quais as pessoas estavam engajadas. Assim, era postulado que a ginástica natural compreendia todos os meios de formação empregados dentro e fora da escola e que, ao se exercitar o corpo, seguindo princípios pedagógicos rígidos, tinha-se como objetivo educar o homem em sua totalidade. 1930-1945 Período de amadurecimento dos estudos sobre o desenvolvimento motor, a partir da Inglaterra. A abordagem desenvolvimentista partiu de estudos feitos primeiramente por Arnold Gesell, em 1928, e Myrtle McGraw, em 1935, a partir da perspectiva maturacional que argumentava ser o desenvolvimento uma função de processos biológicos que resultavam na aquisição da habilidade motora infantil; Mary Shirley, em 1931, e Nancy Bailey, em 1935, cujos estudos estavam relacionados ao interesse pelo relacionamento da maturação e de processos de aprendizado com o desenvolvimento cognitivo. Monica Wild, em 1938, realizou a primeira investigação abordando os padrões motores desenvolvimentistas em crianças em idade escolar. Após a segun-da grande guerra, as investigações se concentravam na descrição das capacidades de desempenho motor de crianças, liderados por Anna Espenschade, Ruth Glassow e G. Lawrence Rarick. 1933 Deu-se a implementação do programa Movimentando-se e Crescendo (“Moving and Growing”) e Planejando o Programa (“Planning the Programme”) em substituição ao Plano de Trei-namento Físico para as Escolas primárias inglesas, pelo Depar-tamento de Educação da Inglaterra, estendendo-se o movimento expressionista alemão, através de Rudolf von Laban (1879-1958), ao campo educacional. Nota-se a influência de Laban nessa nova proposta, através do estudo da arte do movimento que propunha a substituição do ritmo de classe imposto pelo professor e da posição ocupada pela ginástica na educação, pelo movimento e pelas atividades individuais. Assim, Laban defendia a idéia de que para as crianças realizarem movimentos adequados deviam passar pelas etapas da exploração, da experiência e da repetição, assegurando-se a elas, o desenvolvimento de formas pessoais de movimentos.

1945 É apresentado, em dezembro, por Maurice Baquet, diretor técnico do Instituto Nacional de Esportes da França-INS, após lon-ga discussão entre técnicos e representantes de cada federação esportiva francesa, o projeto da Educação Esportiva que contribuiu para a introdução do esporte nas escolas de ensino fundamental, como também, nas de ensino médio. É atribuído ao Dr. Bellin de Coteau, a sistematização do método esportivo. A Educação Física Esportiva Generalizada surgiu como uma opção mais prazerosa do que o exercício físico feito por mera obrigação. Era, então, propos-ta uma atividade corporal voluntária a jovens franceses de ambos os sexos que não conheciam a satisfação do esforço físico, do domínio corporal e da exaltação de seu ser. Os vários métodos de Educação Física utilizados na França e em outros países europeus tornaram-se inoperantes, porque não levavam em consideração o fator psicológico, elemento preponderante. A expressão Educação Física conotava apenas o aspecto físico e não a melhoria ou manu-tenção da estrutura corporal. Ao desenvolver uma educação inte-gral, a Educação Física Esportiva atuava simultaneamente sobre o corpo, o espírito, o caráter e sobre o senso social do indivíduo, através da utilização do desporto, isto é, da iniciação desportiva e do treinamento desportivo generalizado ou especializado. O espor-te e a Educação Física, não eram um fim em si mesmos, mas um meio de formação e preparação para a vida. Assim, a iniciação esportiva generalizada proporcionaria à criança, a partir dos 6 anos de idade, uma iniciação à vida social e coletiva, através de jogos e competições esportivas; iniciação ao esforço progressivo, dosado em relação à idade e as possibilidades fisiológicas das crianças e iniciação técnica a qualquer esporte.

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Década de 1960 Período em que a Educação Física Infantil se fundamentou nas questões da psicomotricidade, com enfoque re-educativo e após, terapêutico. A psicomotricidade, além de incor-porar, inicialmente, o mesmo paradigma da Educação Física, atra-vés da ginástica, da dança, do jogo e do esporte, utilizou a primei-ra, através de diferentes grupos de exercícios, no diagnóstico de variáveis físico-motoras ou no tratamento re-educativo terapêutico de crianças. Observa-se, então, que a psicomotricidade, como também, a Educação Física são utilizadas no âmbito da Educação Física Escolar numa perspectiva educativa. A Educação Psicomotora, vertente da psicomotricidade, é a ação psicológica e pedagógica que utiliza os meios da Educação Física com o objetivo de normalizar ou melhorar o comportamento da criança. Assim, parte dos pressupostos re-educativo e terapêutico cuja finalidade é de normalizar o comportamento da criança, tomando como referência o diagnóstico através de provas de avaliação do perfil psicomotor, e do pedagógico, que busca a melhoria dos padrões motores de comportamento através de grupamentos de exercícios utilizados pela ginástica.

Entre os defensores da Psicomotricidade encontram-se Picq e Vayer. Le Boulch defende a idéia de que a educação básica pelo movimento, associada aos jogos e as atividades esportivas, constituem um meio educativo primordial que deveria ocupar um lugar de destaque no ensino de crianças na faixa etária de 6 a 14 anos. Lapierre, Vayer, Aucouturier, Costalatt, entre outros, inicialmente adotaram uma postura re-educativa-terapêutica para, posteriormente, expandirem suas idéias para o aspecto educativo. Tais estudiosos fizeram uma inovação no âmbito do exercício físico, e por extensão, no da Educação Física Escolar, determinando novas variáveis de investigação e de diagnóstico relativos ao desenvolvimento de habilidades motoras das crianças.

Décadas de 1960 e de 1970 os estudos sobre a abordagem desenvolvimentista foram direcionados para a aquisição de pa-drões motores maduros fundamentais. Observou-se, então, um período normativo-descritivo nas investigações relativas ao desen-volvimento motor.

Décadas de 1980 e 1990 O enfoque das investigações con-centrou-se na compreensão dos processos subjacentes envolvidos no desenvolvimento motor, ao invés de se centralizar no produto do desenvolvimento. Observa-se, então, a contribuição de Esther Thelen e de Jane Clark e colaboradores na formulação da teoria de sistemas dinâmicos de desenvolvimento motor.

1992 A abordagem ecológica do desenvolvimento humano, de Urie Bronfenbrenner surgida, como teoria, a partir de 1992, com a publicação de sua Teoria dos Sistemas Ecológicos, considera de forma equilibrada, a questão pessoa-contexto. Ao caracterizar o ser humano em desenvolvimento, como alguém ativo em seu meio, inter-relacionando-se com outras pessoas direta ou indiretamente, amplia a visão de homem e de mundo, ao considerar as dinâmicas que se estabelecem entre as pessoas e seus contextos e as trans-formações daí advindas.

1999 A Agenda de Berlim vem a público depois de uma reunião internacional com mais de 500 representantes de 60 países, convocada pelo International Council of Sport Science and Physical Education-ICSSPE. Este documento listou os problemas comuns diagnosticados em mais de 50 países quanto à prática da Educação Física (pesquisa sob responsabilidade de Ken Hardman da Univer-sidade de Manchester, Inglaterra). De um modo geral foi constata-do um estaconstata-do de retrocesso da Educação Física Escolar em escala mundial, em grande parte devido à impossibilidade da escola e dos órgãos dirigentes da educação manterem adequadamente as atividades físicas e jogos nos currículos, já saturados por demandas de novos conhecimentos. Foi aventada ainda a possibilidade da extinção da Educação Física nas escolas, pela extensão do proble-ma tanto nos países ricos como pobres. A Agenda – nome derivado do fato de ter sido feito um elenco de recomendações a serem implementadas pelos países signatários – foi então orientada no sentido de redefinir a Educação Física na área de saúde mais sen-sível e envolvida com os benefícios das atividades físicas em qual-quer país (vide texto da Agenda de Berlim, em destaque neste capítulo). Logo se seguindo à emissão da Agenda, realizou-se a Terceira Conferência Internacional de Ministros e Representantes Oficiais responsáveis pela Educação Física e Esporte-MINEPS III, em Punta Del Este - Uruguai de 30 de Novembro a 3 de Dezembro de 1999, quando se referendou as recomendações de Berlim e

tendo o Brasil como um de seus signatários (vide textos da Agenda de Berlim e da MIMEPS III em destaque, neste capítulo). Marcos nacionais de memória

Século XIX No Brasil, desde o início deste século houve manifesta-ções relacionadas à Educação Física. Na origem, os primeiros vínculos se referiram às instituições militares e à classe média, sendo conduzi-dos para caminhos higienistas, que visavam à melhoria da condição de saúde e de higiene da população brasileira. Favorecendo a educação do corpo, objetivava a constituição de um físico saudável e equilibrado organicamente, menos suscetível às doenças. Associado a essas idéias, observava-se nos meios políticos e intelectuais, uma preocupação com a eugenia já que o contingente de escravos negros era relativa-mente grande e poderia gerar, segundo aquela concepção, uma desqualificação da raça branca. A Educação Física, neste contexto, juntamente com a educação sexual, sensibilizaram os brasileiros para manterem a “pureza” e a “qualidade” da raça branca. Apesar dos pressupostos higiênicos, eugênicos e físicos da Educação Física serem defendidos, a prática das atividades físicas era um tanto prejudicada, pois havia, no período, uma associação do trabalho físico ao trabalho escravo. Essa relação gerava na sociedade uma discriminação no que tange à prática das atividades físicas que, de certa forma, dificultou a sua obrigatoriedade nas escolas.

1834 Primeiro aluno brasileiro é matriculado no Philanthropinum de Schnepfentahl, na Alemanha, escola modelo de Educação Físi-ca na Europa, e que foi seguido por mais três dezenas nos anos seguintes, vindos de varias regiões do Brasil.

1837 Antonio Ferreira França possibilitou, em cada escola paro-quial de primeiras letras do Município do Rio de Janeiro – então capital do país –, o ensino da ginástica e defesa do corpo, natação, equitação e dança.

1851 É registrado, através do Decreto No. 630, de 17 de setembro,

a reforma dos ensinos primário e secundário do Município da Corte no qual nada consta sobre a obrigatoriedade do ensino da Educa-ção Física (ginástica) nas escolas.

1854 O deputado e Ministro do Império, Luiz Pedreira do Couto Ferraz aprova o “Regulamento da Instrução Primária e Secundária do Município da Corte” que incluía no ensino fundamental (primá-rio, na época) das escolas públicas, a ginástica.

1855 Em 17 de fevereiro, é aprovado o regulamento do Colégio D. Pedro II (colégio modelo do país) que previa o ensino da dança e de exercícios ginásticos, durante as horas de recreação dos alunos. 1876 O regulamento do Colégio D. Pedro II foi alterado, através

do Decreto No.6.130, de primeiro de março, pelo qual o ensino da

ginástica continuava obrigatória aos alunos. Ficava, entretanto, ao critério dos diretores (reitores, na época) a dispensa dos alunos que estivessem impossibilitados de praticá-la. Os alunos que se distinguissem nas aulas de ginástica, receberiam uma menção nas notas de aprovação relacionadas a cada ano escolar.

1877 O Decreto No. 6.479, de 18 de janeiro, aprovou o regulamento

para as escolas públicas de instrução primária no Município da Corte que dividia as escolas de instrução primária em duas classes: as que

pertenciam à instrução primária elementar com denominação de 1o.

grau e as complementares, chamadas de 2o. grau. O ensino da

ginás-tica era previsto nas escolas primárias de 1o. grau. Salienta-se que o

ensino da ginástica não era obrigatório a não ser três anos após a promulgação do regulamento em questão, para que os professores pudessem se habilitar no ensino dessa disciplina.

1879 Contribuição de Rui Barbosa através de seu parecer, em nome da Comissão de Instrução Pública, sobre a reforma decretada pelo ministro Leôncio de Carvalho. O parecer, emitido em setembro de 1882, previa a ginástica para os meninos nos dois primeiros anos da escola primária elementar e calistenia, para as meninas. Nos dois anos de estudos seguintes, chamados de escola primária média, seria observado a mesma prática do período anterior. Na escola primária superior, isto é, nos quatro anos que se seguiam, seriam oferecidos: a ginástica e os exercícios militares para meninos e calistenia para meninas.

1882 Em 9 de janeiro é aprovado o programa de ensino que deveria ser observado, provisoriamente, nas escolas públicas de instrução primária do Município da Corte em que a ginástica, através de exercícios de corpo livre, constituía-se em matéria facultativa a ser

ministrada no intervalo das aulas , isto é, das 11:30 ás 13:30. Apresentação do parecer sobre a Reforma do Ensino Primário, na sessão de 12 de setembro de 1882 da Câmara dos Deputados. Rui Barbosa, além de defender a inclusão da ginástica nas escolas, equiparou os professores de ginástica aos das outras disciplinas, destacando a necessidade de se ter um corpo saudável para sustentar as atividades intelectuais. Seu parecer sobre a Reforma do Ensino Primário, repercutiu, também, em outros estados brasileiros, além do Município da Corte. Observa-se, no Amazonas e no Pará, medidas que davam uma posição de destaque à Educação Física. Apesar de ter sido aprovado seu projeto na Câmara dos Deputados, jamais foi posto em execução.

1883 O regimento interno para as escolas públicas primárias do Município da Corte é aprovado em 6 de novembro e previa a prática de exercícios de ginástica durante as pausas existentes entre as aulas, de meia hora cada. O ensino da ginástica compreendia exercícios de corpo livre, consistindo de flexões, extensões, passos, marchas, carreiras e saltos.

1885 A prática da ginástica nas escolas públicas de instrução primária é declarada obrigatória, em 23 de novembro, através da

Decisão Imperial No. 71. Assim, a ginástica se tornaria obrigatória

no currículo das escolas primárias.

Século XX No início desse século, a Educação Física, sob o título de ginástica, foi incluída nos currículos escolares da Bahia, do Ceará, do Distrito Federal, de Minas Gerais, de Pernambuco e de São Paulo. Nesse período, a educação brasileira estava sendo in-fluenciada pelo movimento que discutia a reconstrução educacio-nal do Brasil, através de uma nova educação voltada para o desen-volvimento integral do indivíduo. A Educação Física, como meio para se alcançar o objetivo almejado, seria um dos agentes de importância no processo. Nesse período, a Educação Física seguia os moldes europeus – o alemão, o sueco e o francês – baseados em princípios biológicos e que estavam inseridos num movimento mais amplo, de natureza política, cultural, e científica denomi-nado de Movimento Ginástico Europeu. Assim, no período de 1889 a 1920, enquanto o método alemão era utilizado nos esta-belecimentos militares, nas escolas civis brasileiras predomina-va o método sueco. O método alemão foi oficialmente substitu-ído no Brasil em 27 de abril de 1921, pelo decreto n.º 14.784, emitido pelo, então, Ministério da Guerra que oficializou o mé-todo de Géorges Hébert, adaptado às teorias da Escola Militar Francesa de Joinville-le-Pont.

1905 O deputado pelo Estado do Amazonas, Jorge de Morais, defendeu a inclusão da Educação Física no ensino fundamental po-dendo ser continuado tal empreendimento, no ensino secundário. 1929 Um ante-projeto de lei foi submetido pelo Ministro da Guer-ra GeneGuer-ral Nestor Sezefredo dos Passos, à Comissão de Educação Física. A Educação Física, ministrada dentro dos moldes do Méto-do Francês sob o título de Regulamento Geral da Educação Física, seria obrigatória em todos os estabelecimentos de ensino brasilei-ros, a partir dos seis anos para meninos e meninas. Apesar das intenções de implementar a prática da Educação Física nas esco-las, observava-se uma ausência de professores que pudessem administrá-la de forma competente porque não existia, anterior a 1929, uma instituição superior que formasse professores de Edu-cação Física para atuar nas escolas de Ensino Fundamental. Cria-ção do Curso Provisório de EducaCria-ção Física, na escola de Sargen-tos de Infantaria, que diplomou 22 professores públicos primários (ensino fundamental) encaminhados pelo então, Diretor da Insti-tuição Pública do Distrito Federal (Rio de Janeiro-RJ), Prof. Fernando de Azevedo, além dos 60 sargentos instrutores, 8 oficiais e 2 médi-cos militares.

Década de 1930 Com a expansão das ideologias fascistas, a idéia da eugenia da raça associada à Educação Física voltou a ser enfatizada. O Exército Brasileiro passou a se constituir na princi-pal instituição de estruturação de um movimento em prol de uma Educação Física que mesclasse objetivos patrióticos e de prepara-ção pré-militar. Nota-se, entretanto, que o discurso eugênico ce-deu seu espaço aos objetivos higiênicos e de prevenção de doen-ças, possíveis de serem trabalhados no contexto escolar. Como pode ser observada na Constituição outorgada por Getúlio Vargas em 10 de novembro de 1937, a Educação Física passou a ser obri-gatória em todas as escolas de ensino fundamental, médio, como também, nos cursos de magistério em nível médio.

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1930-1941 Para dar uma maior amplitude ao ensino da Educação Física, o General Nestor Sezefredo dos Passos, Ministro da Guerra, sensibilizado pelo comentário do Presidente da República, Washington Luis, de que a Educação Física merecia ser melhor considerada e era um problema de máxima relevância para a na-ção, determinou a reabertura do Centro Militar de Educação Física em 11 de janeiro, o qual havia sido fechado em 1922. Embora destinado a formar instrutores e monitores, além de difundir, unifi-car e intensifiunifi-car o ensino da Educação Física no Exército, o Centro Militar de Educação Física, que em 19 de outubro de 1933 se transformou na Escola de Educação Física do Exército, estava aber-to, também, aos oficiais e sargentos das forças auxiliares, profes-sores federais, estaduais ou municipais e civis. Nota-se, então, uma ação mais efetiva na formação profissional, no âmbito civil em Educação Física, no mesmo período, sobretudo a partir da criação da Escolas de Educação Física de São Paulo e Espírito Santo, e principalmente, a partir de 1939, através do Decreto Lei Nº 1.212, de 17 de abril de 1939, que criou a Escola Nacional de Educação Física e Desportos-ESEF na Universidade do Brasil, hoje, Universi-dade Federal do Rio de Janeiro.

A Escola Nacional da Educação Física teve a incumbência de ofere-cer o curso superior de Educação Física (2 anos de duração), curso normal de Educação Física (1 ano), curso de técnica desportiva (1 ano), curso de treinamento e massagem (1 ano) e curso de medici-na da Educação Física e dos Desportos (1 ano). Assim, a partir de 1941, o exercício da função de professor de Educação Física, nos estabelecimentos oficiais de ensino fundamental das capitais dos estados brasileiros e nas cidades com população superior a 50.000 habitantes, seria prerrogativa de professor normalista especializa-do em Educação Física.

1931 O Ministério dos Negócios da Educação Pública, criado no governo de Getúlio Vargas em 14 de novembro, aprovou o Decreto n.º 19.890, de 18 de abril de 1931, que previa a obrigatoriedade da Educação Física nos estabelecimentos de ensino médio (secundá-rio, na época) voltado para o desenvolvimento harmonioso do cor-po e do espírito, concorrendo, desta forma, para formar um indivíduo de ação, física e moralmente sadio, alegre e resoluto, consciente de seu valor e de suas responsabilidades.

1937 A Constituição de 1937 tornou-se a primeira referência sobre a Educação Física feita em textos constitucionais federais sendo incluída no currículo, como prática educativa obrigatória e não como disciplina curricular, juntamente com o ensino cívico e os trabalhos manuais, em todas as escolas brasileiras. Segundo o art. 132 dessa mesma Carta, havia uma previsão de serem organizados para a juventude períodos de trabalhos anuais nos campos e nas oficinas e desenvolvida a disciplina moral e o adestramento físico, de maneira a prepará-la para o cumprimento de seus deveres para com a economia e a defesa da Nação.

Em 24 de dezembro de 1937, o Estado da Bahia criou a Inspetoria de Educação Física, Recreação e Jogos Escolares que tinha como finalidade difundir, regulamentar e controlar a Educação Física nas escolas de ensino, fundamental e normal em nível médio; elaborar e reunir dados biométricos necessários à dedução de médias e extremos de normalidade dos escolares baianos, para que pudesse ser agrupado, de forma homogênea inicial e de verificação final, o aproveitamento dos mesmos; organizar festas e torneios desportivos escolares, como forma de incentivo, entre as escolas, no desenvolvimento de jogos, de exercícios ginásticos e de educa-ção desportiva. O Estado da Bahia, com essa iniciativa, e, de acor-do com a Constituição de 1937, proporcionou um tratamento que tinha como objetivo revigorar a prática da Educação Física escolar no território brasileiro.

1939 Com o Decreto Lei Nº 1.212/39, deram início Cursos de Educação Física nos estados do Espírito Santo, de São Paulo, de Minas Gerais, de Pernambuco, do Pará, da Bahia, de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul, todos seguindo os padrões da Escola de Educação Física do Exército que, conseqüentemente, estava fun-damentada nas diretrizes emanadas pela Escola francesa de Joinville-Le-Pont. A idéia do desenvolvimento da aptidão física nos cursos formadores profissionais de Educação Física do Brasil, já que seus conteúdos e programas estavam vinculados às Ciên-cias Biológicas, não era observado na Escola de Educação Física do Exército, pois, primeiramente era considerado necessário o suporte da Educação Física regular para depois se desenvolver a aptidão física e o rendimento desportivo. Considerando-se o

es-tabelecimento de instituições de ensino superior formadoras de profissionais de Educação Física, o contingente de professores habilitados na área começou a ser disponibilizado no mercado de trabalho que se consolidou, principalmente a partir de 1937 (Es-tado Novo), através do processo de escolarização da Educação Física, com forte ênfase no método francês originado na Escola de Joinville-Le-Pont.

1945 No período de 1945 a 1961, com a promulgação da Lei Nº 4024, de 20 de dezembro de 1961 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – L.D.B.), houve um amplo debate a respeito do sistema educacional brasileiro. Na discussão do projeto de lei que resultou na LDB de 1961 não se verificava menção sequer à Educa-ção Física, o que causou um grande impacto, entre os idealistas, os técnicos e os educadores especializados da área, que se esforça-vam em introduzir essa prática educativa no sistema educacional brasileiro. Com a intervenção do diretor da Divisão de Educação Física, do Ministério da Educação e Saúde, Prof. Antônio Pires de Castro Filho, a Educação Física foi agregada à lei e se constituiu na única prática educativa a receber um tratamento especial. O art. 22 da LDB obrigava a sua prática nos cursos primários (ensino fundamental) e médio, até os 18 anos de idade, as demais discipli-nas seriam regulamentadas no currículo escolar, por decisão dos Conselhos Federais e Estaduais de Educação.

1946 O Governo Federal aprovou o Decreto No. 8529, de 2 de

janeiro, que tratava da Lei Orgânica do Ensino Primário, primeiro passo para a centralização da educação e, conseqüentemente, da Educação Física no Brasil, que dividia a educação primária em curso elementar, primeiros quatro anos de escolarização e curso complementar, um ano após o curso elementar. Tal Lei mencionava que a Educação Física deveria ser incluída no currículo de ambos os

cursos, em cada série escolar. O Decreto No. 8530, de 2 de janeiro,

lançou as bases para a nova estrutura centralizada no ensino nor-mal do Brasil. A Lei Orgânica do Ensino Nornor-mal subdividiu o ensino

normal em curso de 1o. e 2o. ciclos: o primeiro, efetuado nas escolas

normais regionais e formava regentes de ensino primário e o se-gundo, realizado nas escolas normais e graduava professores pri-mários. A Educação Física constava da lista de disciplinas que deveriam ser oferecidas aos alunos do curso normal, através de atividades recreativas e jogos.

1948 O anteprojeto da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional foi encaminhado à Câmara de deputados, em novembro,

resultado na Lei No. 4024 aprovada em 1961 que tornava a

Educa-ção Física obrigatória nas escolas de ensino fundamental e médio, até a idade de 18 anos.

Década de 1950 O processo de esportivização da Educação Física Escolar, no Brasil, teve início com a introdução do Método Desportivo Generalizado, na década de 1950, pelo professor fran-cês Auguste Listello, através dos cursos de aperfeiçoamento técni-co-pedagógicos realizados em Santos, São Paulo, sob o patrocínio do Departamento de Educação Física de São Paulo, posteriormen-te, denominado de Departamento de Educação Física e Esportes, como também no Rio de Janeiro. A Educação Física desportiva generalizada, fundamentada nos princípios norteadores do méto-do esportivo, criaméto-do em 1945 na França, que objetivava levar os jovens à busca de uma ação esportiva eficaz, econômica e bela e ao descobrimento de atividades para o tempo livre, estava direcionada para o desenvolvimento de uma educação integral. Listello teve o mérito de valorizar a aprendizagem esportiva na escola e de reco-mendar a aplicação de exercícios em duplas, no ato da ginástica (segunda parte da aula). Nota-se, então, que este método era utilizado nas aulas de Educação Física do Ensino Fundamental e Médio, nas décadas de 1960, 1970 e no início de 1980, no Brasil. Observa-se, na década de 1950, no Brasil, uma outra contribuição, a da Ginástica Feminina Moderna, movimento renovador que ocor-reu no campo artístico com a chamada arte moderna, este iniciado na primeira metade do século XIX, por artistas como os pintores franceses Jean Baptista Corot, Jean François Millet, Honoré Daumier, Édouard Manet, Claude Monet, Paul Cézanne, Pierre Auguste Renoir, Edgar Degas, Camille Pissaro, Georges Seurat, entre outros. As artes plásticas, a partir dessa concepção, não deveriam ser dirigidas apenas aos sentidos, mas se constituir, principalmente, numa mensagem à inteligência e aos sentimentos do homem, traduzindo as representações mentais e as manifestações emocionais, que refletiam as idéias e a riqueza de sensibilidade de cada artista. A transferência do aspecto objetivo

para o subjetivo no âmbito das artes, aconteceu, também, na ginástica, considerada como uma manifestação de arte. A ginástica moderna não considerava o corpo dividido em partes, mas sim como um todo orgânico que se movimentava de uma forma global e natural. Ao introduzir aparelhos como a bola, a maça e o arco, levava o executante a desenvolver seus movimentos com maior naturalidade.

A ginástica feminina moderna teve sua disseminação no Brasil pelas professoras Margareth Fröelich (austríaca) em 1953, Illona Peuker (húngara) e Erica Sauer (brasileira), através de cursos de atualização realizados no país e freqüentados por professores de Educação Física de vários estados brasileiros que, certamente, a transmitiram em suas aulas de Educação Física Escolar, para meni-nas, nas décadas de 1960 e 1970.

Ainda na décadade 1950, Gerhard Schmidt divulgou o método natural austríaco que muito contribuiu para a metodologia da Educação Física Escolar brasileira. Entretanto, poucos foram os seus seguidores, fixando-se os professores, apenas nos modelos de plano de aula, os quais eram chamados de método. A ginástica natural austríaca, denominada no Brasil de método natural austríaco, cujas origens remontam ao período posterior à primeira guerra mundial, combatia a formalidade que caracterizava a ginástica da época. Ao combater os diferentes sistemas de ginástica que visavam o treinamento para competições, a educação pré-militar, a educação postural, entre outras tendências, objetivava o maior desenvolvimento possível do ser humano, de maneira integral, sendo o seu lema: “do corpo, sobre a alma, para o homem”. Como o artificialismo, o militarismo e a ênfase terapêutica não eram enfatizados, o método centralizava as aten-ções na naturalidade, na liberdade de expressão e nas preocupações verdadeiramente de natureza pedagógica. Década de 1960 Surge uma série de dispositivos legais focali-zados ao ensino da Educação Física escolar no Brasil. Após 1964, observa-se no Brasil a adoção do modelo esportivo, hoje, muito utilizado nas aulas de Educação Física no Ensino Fundamental e Médio, levando a ginástica a um segundo plano nos programas dessa prática educativa.

1966 O decreto Nº 58.130, de 31 de março que regulamentava o artigo 22 da Lei Nº 4.024/61, considerava a Educação Física prática educativa para os alunos do ensino fundamental e médio, até 18 anos, com o objetivo de aproveitar e dirigir as forças físicas, morais, intelectuais e sociais do indivíduo de maneira a utilizá-las na sua totalidade, neutralizando, na medida do possível, as condições negativas do educando e do meio. Para que este objetivo fosse alcançado, as escolas deveriam organizar um programa adequado de atividades, distribuindo-as pelos dias da semana, de modo que os alunos se exercitassem convenientemente em quantidade e por tempo que não neutralizasse a continuidade e interligação dos efeitos das práticas parceladas. Caberia, então, à escola decidir o número de aulas de Educação Física por semana que seriam oferecidos, como também, era salientado que as aulas deveriam ser ministradas por professores devidamente qualificados sendo exi-gido uma freqüência mínima de 75% nas aulas.

1967 O Ministro da Educação e Cultura, tomando como referên-cia a Lei 4.024/61 e o decreto 58.130/66, aprovou a portaria ministerial Nº 148, de 27 de abril de 1967, que determinava a composição do programa de Educação Física Escolar pela ginástica, por jogos, pelos esportes, pelas danças e pela recreação, canalizados para a promoção do desenvolvimento harmonioso do corpo e do espírito e de modo especial, ao fortalecimento da vontade. Tinha, também, o objetivo de formar e disciplinar hábitos sadios, adquirir habilidades, equilibrar e conservar a saúde e incentivar o espírito de equipe de modo que fosse alcançado o máximo de resistência orgânica e de eficiência individual. Para que os programas elaborados pelos professores e aprovados pelo diretor da escola antes do início das aulas fossem implementados de forma eficiente, deveria ser levado em conta o princípio de continuidade dos efeitos dos exercícios, da distribuição das atividades pelos dias da semana e da freqüência exigida por lei. Caberia ao estabelecimento escolar decidir, quanto ao número de aulas semanais de Educação Física a ser ministrado, como também, não era permitido a realização de exercícios violentos imediatamente antes ou depois das refeições principais. A

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avaliação da aprendizagem, a ser executada por tais professores, seria através de provas práticas padronizadas ou outro que fosse decidido, de acordo com o programa a cumprir.

1969 Foi aprovada a portaria ministerial Nº13/69, de 6 de feve-reiro, pela Divisão de Educação Física do antigo Ministério da Educação e Cultura que autorizava as escolas a contratarem professores de Educação Física a título precário, naquelas localidades em que não houvesse profissional habilitado na área. Salienta-se que a manutenção desses professores se faria se os mesmos participassem de cursos de atualização promovidos pelos órgãos estaduais competentes. Essa portaria foi gerada porque o artigo 22 da LDB de 1961 e seu decreto regulamentador, na tenta-tiva de obrigar as escolas de Ensino Fundamental e Médio a inclu-írem a Educação Física em seus currículos, causaram um outro problema, a falta de professores, pelo número insuficiente de cur-sos formadores de profissionais em Educação Física no Brasil.

Como a Portaria no. 13/69 estava gerando irregularidades a

res-peito das autorizações a título precário (professores que atuavam no ensino da Educação Física sem habilitação), face às múltiplas interpretações contrárias ao sentido da portaria, a Divisão de Edu-cação Física do MEC emitiu o ofício circular Nº15, de 15 de agosto de 1969 que apontava, primeiramente, para algumas distorções setor, como o baixo número de professores habilitados que gerava um obstáculo ao desenvolvimento da Educação Física no Brasil. Como forma de se corrigir esse problema, foi determinado pela Divisão de Educação Física, a partir de agosto de 1969, que as autorizações para o ensino da Educação Física a título precário seguiria prioritariamente aos licenciados em Educação Física, por qualquer curso reconhecido no país e registrado no MEC, aos por-tadores de registro através de exame de suficiência, aos professo-res com Curso de Educação Física infantil, aos alunos matriculados no terceiro ano das instituições superiores de ensino de Educação Física, aos matriculados no segundo das mesmas instituições, aos leigos que apresentassem certificado de freqüência de cursos de atualização promovidos pela Divisão de Educação Física e, após, enquadravam-se os demais candidatos.

Nesse mesmo ano, como a Lei No. 4024/61, um tanto limitante,

não estendia os objetivos da prática da Educação Física a jovens a partir dos 19 anos, foi aprovado o Decreto Lei Nº 705, de 25 de julho de 1969 que estendia a prática da Educação Física a todos os níveis e ramos de escolarização, isto é, à Educação Básica (Educa-ção Infantil, Ensino Fundamental e Médio) e Educa(Educa-ção Superior, dispensando dessa prática os alunos matriculados em cursos noturnos. A extensão da obrigatoriedade da Educação Física a todos os alunos de todos os níveis e ramos de escolarização, com exceção dos cursos noturnos que poderiam ser dispensados desta prática, abrangia aqueles que, por uma questão de saúde, nem sempre podiam alcançar a freqüência mínima exigida pela lei, em-bora se encontrassem os alunos em condições de aprendizagem. Considerando-se essa problemática, o Decreto-lei nº. 1.044, de 21 de janeiro de 1969 entrou em vigor para amparar os alunos que fossem portadores de afecções congênitas ou adquiridas, de infec-ções, de traumatismo ou de outras condições mórbidas propiciando um tratamento excepcional, para compensar a ausência às aulas. Em 1969, o Centro Nacional de Recursos Humanos-CNRH, órgão do antigo Ministério do Planejamento e Coordenação Geral e a Divisão de Educação Física do MEC, elaboraram um diagnóstico conduzido pelo Prof. Lamartine Pereira da Costa, para analisar a situação da Educação Física e dos Desportos no Brasil. Tal empre-endimento iniciado em 6 de maio, tinha como finalidade o aperfei-çoamento do homem brasileiro em todos os seus aspectos, como também, a melhoria de sua qualidade de vida. Foi, então, concluído que, embora houvesse uma obrigatoriedade legal desde 1854, a Educação Física e os esportes no ensino fundamental eram prati-camente inexistentes, já que, apenas alguns estados brasileiros da região sudeste e sul estavam realizando iniciativas de incentivo à sua implantação. As escolas normais, posteriormente cursos de magistério em nível médio, não preparavam os professores de 1ª a 4ª séries para os objetivos da Educação Física no nível correspon-dente de ensino e os cursos de curta duração de aperfeiçoamento de professores normalistas/magistério em Educação Física, Des-portos e Recreação, ministrados pelas Instituições de Ensino Supe-rior e pelos órgãos de direção setorial dos Estados, não eram efica-zes, uma vez que estavam canalizando professores para atuar, de um modo geral, no nível médio.

Década de 1970 O Ministério da Educação e Cultura, através de seu Departamento de Educação Física elaborou uma Política Nacional de Educação Física e de Desportos gerando o Plano Naci-onal de Educação Física e Desportos-PNED para o período de 1976 a 1979, que entendia a Educação Física Escolar como causa e o esporte de alto nível como efeito, tendo o esporte de massa como intermediário. Nessas circunstâncias, o relacionamento entre esses três elementos possibilitaria o crescimento progressivo da escala e da qualidade das atividades físicas, organizadas de acordo com as potencialidades do País. Estes conceitos foram inspirados explicitamente no “Diagnóstico da Educação Física e Desportos” que foi publicado em 1971.

O PNED defendia os seguintes objetivos fundamentais: o aprimoramento da aptidão física da população; a maximização e a difusão da prática da Educação Física e do esporte estudantil; a elevação do nível técnico dos esportes, para o aprimoramento das representações nacionais; a implantação e a intensificação da prática do esporte de massa e a capacitação de recursos humanos necessários às atividades a serem desenvolvidas no sistema desportivo nacional, visava à melhoria da qualidade de vida do brasileiro, no que se refere à sua produtividade e a sua capacidade de viver e de desfrutar a vida. A implantação deste plano dependia de ações em sua área de enfoque para melhorar os aspectos qualitativos e quantitativos do setor. No Ensino Fundamental, a ênfase estava na melhoria do ensino de Educação Física, principalmente de quinta à oitava séries, através da iniciação desportiva e de primeira a quarta séries, por atividades físicas associadas à educação do movimento e da postura.

O esporte, como fenômeno escolar, se desenvolveu, principalmen-te na década de 1970, através do Decreto Nº. 69.450/71, que preconizava a iniciação desportiva, a partir da 5ª série do Ensino Fundamental e da Lei Nº. 6.251/75 e do Decreto Nº. 80.228/77 que a regulamentou. Era, então, afirmado que o desporto escolar seria ensinado e praticado nos estabelecimentos de Ensino Funda-mental e Médio e estimulado através de atividades extra-classe e de competições interescolares.

1971 A Portaria No. 148/67 foi substituída pela Lei Nº. 5.692/

71, de 11 de agosto que fixava as Diretrizes e Bases para o Ensino de 1º e 2º graus e pelo Decreto Nº. 69.450, de 1º de novembro de

1971 que regulamentava o art. 22 da Lei No. 4.024/61, o art. 7º da

Lei No. 5.692/71 e dava outras providências. A Lei No. 5.692/71,

através de seu artigo 7º, tornava obrigatório a inclusão da Educa-ção Física nos currículos plenos dos estabelecimentos de Ensino Fundamental e Médio da Educação Básica. Como o dispositivo da LDB de 1961, que determinava a obrigatoriedade da Educação Física nos estabelecimentos de ensino não havia atingido os objetivos planejados, causado pela liberdade facultada pela lei e pela falta de uma mentalidade propícia, agravando-se, ainda mais, por não ter sido regulamentada, foi aprovado o Decreto

No. 69.450, de 1o de novembro de 1971, que caracterizava a

Educação Física como atividade que, por seus meios, processo e técnicas, despertava, desenvolvia e aprimorava as forças físicas, morais, cívicas, psíquicas e sociais do educando, constituindo-se num dos fatores básicos para a conquista das finalidades da edu-cação nacional. Houve, também, uma preocupação legal em inte-grar a Educação Física, esportiva e recreativa como atividade escolar regular nos currículos dos cursos de todos os graus em qualquer sistema de ensino.

A falta de especificidade do decreto gerou uma centralização das ações em torno da aptidão física, tanto na organização das atividades como no seu controle e avaliação. A iniciação esportiva, a partir da quinta série do ensino fundamental, tornou-se um dos eixos bási-cos fundamentais do ensino, como também, era enfatizada a des-coberta de novos talentos que pudessem representar o Brasil em competições internacionais. A conotação esportiva nos programas de Educação Física de 5 ª à 8ª séries do Ensino Fundamental pode

ser observada no próprio Decreto No. 69.450/71, que instituiu a

iniciação esportiva a partir da 5ª série. O decreto No. 80.228/77,

que regulamentou a Lei No. 6.251/75, previa, também, o

estabele-cimento de centros interescolares de treinamento desportivo nos estabelecimentos oficiais de Ensino Fundamental e Médio que pos-suíssem instalações desportivas próprias, aproveitando-se os ho-rários disponíveis durante o período regular e o período especial, com caráter extracurricular. Assim, observa-se no desenvolvimento das aulas de Educação Física a partir da 5ª série, uma ênfase totalmente esportiva.

1978 Foi emitida a Resolução No. 6/78 que estabelecia a

habili-tação de professor de Educação Física em nível médio, para atuar de 1ª à 4ª séries do ensino fundamental, com possibilidade de

ministrá-la, também, na 5a e 6a séries. Isto não significava, na

época, que o ensino fundamental estivesse fora do alcance do graduado em curso de licenciatura plena de Educação Física já que o próprio Conselho Federal de Educação (hoje Conselho Nacional de Educação) era de parecer favorável pela atuação do profissional habilitado em curso superior de licenciatura plena no ensino funda-mental e médio.

Década de 1980 Observa-se a elaboração da Política Nacional de Educação Física e Desportos para o período de 1980 a 1985 onde era enfatizada a necessidade de se expandir o ensino da Educação Física no ensino fundamental, com ênfase nas séries

iniciais, isto é, de 1a à 4ª séries. A idéia era de que as aulas

gerassem uma ação formativo-educativa que motivasse o aluno para a prática regular permanente e a utilização das horas de lazer em atividades físicas. Por outro lado, a formação profissional necessitava ser adequada e aprimorada nos cursos superiores de Educação Física visando atender às necessidades prioritárias do ensino fundamental. A Educação Física escolar, elemento indissociável da educação voltado para o ensino de crianças de quinta a oitava série, passou a priorizar o segmento de primeira a quarta série do ensino fundamental, como também, a educação infantil. O enfoque foi, então, centralizado no desenvolvimento psicomotor da criança, retirando-se da escola a função de promover os esportes de alto rendimento.

As ações desportivas que seriam iniciadas na escola, a partir da 5ª série do Ensino Fundamental, tinham como finalidade assegurar o interesse e a participação de um número crescente de brasileiros em todas as modalidades desportivas, através de programação e de incentivos adequados à prática de tais atividades. Certamente, esperava-se que, a partir desse modelo desportivo, o Brasil se projetasse internacionalmente no campo dos esportes. Entretanto, a idéia de se ter a Educação Física Escolar como a causa e o esporte de alto rendimento seu efeito, tendo como intermediário o esporte participação, envolvendo a população, não atingiu ao objetivo almejado, isto é, gerar atletas de alto rendimento, nessa década.

A formação de professores para o ensino da Educação Física de 1ª a 4ª séries exigia uma habilitação específica de Ensino Médio, isto é, de curso de magistério ou normal (nomenclatura utilizada

ante-rior a 1971 e voltando a ser utilizada a partir de 1996, com a Lei No.

9394/96). Ao ensino de crianças de 1ª a 8ª séries, estavam habili-tados aqueles que cursassem um curso superior de licenciatura de Ensino Fundamental de curta duração e ao Ensino Fundamental e Médio, aqueles professores que eram habilitados por um curso superior de graduação correspondente à licenciatura plena em Educação Física. As tendências que primavam pelo desenvolvimento da técnica, do esporte e dos aspectos biológicos na Educação Física Escolar, juntamente com o novo momento histórico vivenciado pelo Brasil na década de 1970, geraram movimentos que combateram a tradicional tendência mecanicista, a partir dos últimos anos desta década e a partir da que se seguiu.

Através das abordagens desenvolvidas na década de 1980, as rela-ções entre a Educação Física e a sociedade passaram a ser discuti-das sob a influência discuti-das teorias críticas da educação através do questionamento do seu papel e a de sua dimensão política. O aspecto biológico foi reavaliado e as dimensões psicológicas, soci-ais, cognitivas e afetivas foram enfatizadas, concebendo-se o alu-no como um ser humaalu-no integral. Por outro lado, os objetivos educacionais tornaram-se mais amplos, isto é, não apenas volta-dos para a formação de um físico que pudesse sustentar a atividade intelectual. Eram aconselhados conteúdos mais diversificados, além dos exercícios físicos e dos esportes e pressupostos pedagógicos voltados mais para o aspecto humano do que para o adestramento. A abordagem psicomotora de Le Boulch é a vertente educativa da psicomotricidade, cujo objetivo é favorecer o desenvolvimento da criança preparando-a para interagir num mundo em constante trans-formação, através de um melhor conhecimento e aceitação de si mesmo, melhor ajuste de sua conduta e de uma autêntica autono-mia e acesso a responsabilidades em sua vida social. A educação psicomotora, por intermédio da ação sobre as atitudes e os movi-mentos corporais, busca formar um ser total já que o ato motor não é um processo isolado.

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