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TÍTULO: OS ASPECTOS JURÍDICOS DO ASILO POLÍTICO NO BRASIL TÍTULO:

CATEGORIA: CONCLUÍDO CATEGORIA:

ÁREA: CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS ÁREA:

SUBÁREA: DIREITO SUBÁREA:

INSTITUIÇÃO: FACULDADE DIADEMA INSTITUIÇÃO:

AUTOR(ES): TAMY APARECIDA CITELLI DOMINGUES AUTOR(ES):

ORIENTADOR(ES): FABIANA VICENTE DE MORAES ORIENTADOR(ES):

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1. RESUMO:

A pesquisa ao estudar o tema proposto buscou compreender o instituto do asilo político, na perspectiva jurídica e política brasileira, como instrumento garantidor do exercício dos direitos fundamentais à pessoa humana. A pesquisa qualitativa permitiu também compreender e diferenciar do instituto do refúgio, apontando entre eles, diferenças e similitudes. Por sua vez o procedimento técnico de análise documental foi preponderante na análise do arcabouço jurídico normativo e doutrinário sobre o tema.

Palavras chave: asilo político; direitos humanos; garantias.

2. INTRODUÇÃO:

A Constituição da República Federativa do Brasil (CR/1988) ao instituir o Estado Democrático de Direito, que para além de instrumento para a organização jurídica e política do Estado, destinou o Estado brasileiro como afiançador de direitos sociais e individuais, de liberdade, de segurança, de bem-estar, de desenvolvimento, de igualdade e de justiça como valores supremos de uma sociedade. Assim é possível concluir que sua existência é de extrema importância por garantir e assegurar o exercício dos direitos fundamentais à pessoa humana.

A Constituição certamente não é perfeita. Ela própria o confessa, ao admitir a reforma, essas palavras proferidas pelo Deputado Ulysses Guimarães, denotam parte das preocupações e angustias dos constituintes em relação à nova ordem jurídica. O texto constitucional muitas vezes criticado pela sua extensão revelou no seu preâmbulo a história constitucional brasileira, desde 1824, marcado por limitações e não poucas vezes, ausência de direitos.

É neste contexto que a presente pesquisa busca compreender e analisar os aspectos jurídicos do asilo político, em tempos de dualidade de opiniões ou como bem escreveu Cecília Meireles ou isto ou aquilo, nos parece pertinente o presente objeto desta pesquisa.

O desenvolvimento da pesquisa como já dito, se deu no contexto constitucional brasileiro, analisando as sete constituições brasileiras, a partir do seu próprio texto com apoio da doutrina e jurisprudência.

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Analisar os aspetos jurídicos acerca do instituto asilo político como instrumento de salvaguarda de direitos aos seus requerentes.

4. METODOLOGIA:

Ao analisar o texto constitucional na perspectiva sócio histórico, ou seja, analisar o tema, a partir de um tempo, de um território e suas configurações específicas sobre os aspectos jurídicos do asilo político, a pesquisa qualitativa foi o método eleito, nos termos como escreve Maria Cecília de Souza MINAYO (2004), para ela, a pesquisa qualitativa significa “explorar o espectro de opiniões, as diferentes representações sobre o assunto em questão” e ao mesmo tempo, possibilita a grande oportunidade de interação do investigador/pesquisador e seu objeto (p.22).

5. DESENVOLVIMENTO:

A pesquisa foi desenvolvida em sete partes, que se complementam, a partir da introdução, cinco capítulos e conclusão, o primeiro capítulo tratou de identificar a partir dos textos constitucionais, um tempo, um território e suas configurações especificas sobre o objeto da pesquisa.

Assim, dentre as sete Constituições brasileiras (1824; 1891; 1934; 1937; 1946; 1967 e 1988), cabe dar maior atenção para duas delas: a Constituição de 1967, que fora promulgada de forma autoritária durante o período do Regime Militar e a Constituição de 1988, responsável por instaurar a redemocratização em nosso país.

O Regime Militar foi um golpe instaurado pelas forças armadas. Eles afirmavam que seu maior objetivo era restaurar a disciplina e a hierarquia nas forças armadas, e ainda, deter quaisquer “ameaças comunistas”, que segundo eles, prejudicavam a ordem capitalista.

O Regime Militar era extremamente autoritário e embora com o objetivo de ocultar tal característica, as normas adotadas violavam de forma explicita os princípios democráticos básicos. As alterações trazidas pelo AI-1, em sua maioria, tinham como objetivo ampliar o poder atribuído ao Executivo, para isso, eles cassavam qualquer espécie de mandato, fossem municipais, estaduais ou federais, e ainda, reduziram o campo de atuação do Congresso Nacional e suspenderam todas as garantias e a vitaliciedade que era concedida e assegurada aos

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magistrados. Com os Poderes Legislativos e Judiciário enfraquecidos, o Executivo ganhava cada vez mais força, tornando-se competente por poderes que não eram de sua alçada.

Durante o regime, cujo fim se deu em 1985, o Brasil passou por um período em que tomou conhecimento dos sofrimentos causados por um estado ditatorial. Ao longo desse tempo, experimentou-se a total ruptura com a democracia e a exclusão dos Direitos Fundamentais, elementos esses que só voltaram a fazer parte da realidade nacional com a viabilização de uma nova ordem Constituição que asseguraria estabilidade institucional ao nosso país.

Ao final do Regime Militar, o Brasil passava por um amplo processo de redemocratização. Foi então que em 27 de novembro de 1985, motivados pela Emenda Constitucional 26, convocou-se de forma legal a Assembleia Nacional Constituinte a fim de que elaborassem um novo texto Constitucional que retratasse a realidade social do país1.

Promulgada em 5 de outubro de 1988 durante o governo de José Sarney, esta Constituição fora nomeada “Constituição Cidadã” por Ulysses Guimarães, que na época ocupava o cargo de Presidente da Assembleia Nacional Constituinte.

Sua promulgação implantou a ampliação e fortalecimento dos Direitos e Garantias Individuais, bem como das liberdades civis. Estabeleceu em seu texto novas normas acerca dos direitos trabalhistas, reduzindo a carga horária da jornada semanal, estabelecendo o direito às férias anuais remuneradas e acrescidas de um terço do salário, e ainda, o direito ao seguro desemprego.

Desde o início de seu período de vigência até os tempos atuais, a Carta Magna de 1988 já sofreu uma série de alterações sobre diversos temas, porém, sempre teve como foco principal a importância do direito à vida, direito à liberdade, à igualdade, à segurança, à propriedade e a inviolabilidade destes direitos.

Criados com o propósito de proteger, os Direitos e Garantias Fundamentais surgem das necessidades humanas apresentadas pela sociedade em determinado espaço de tempo. Sua função consiste em estabelecer condições mínimas de sobrevivência, possibilitando o desenvolvimento da personalidade humana, levando

1

PONTUAL, Helena Daltro. Uma breve história das Constituições do Brasil. Disponível em: <http://www.senado.gov.br/noticias/especiais/constituicao25anos/historia-das-constituicoes.htm>. Acesso em: 03 de dezembro de 2016.

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em consideração a atuação do governo e limitando o seu poder, a fim de que não haja excessos de sua parte2.

É importante ressaltar que hierarquicamente falando, os direitos e garantias individuais se sobrepõem às outras normas. Isso ocorre porque eles são compostos de características que os deixam em posição hermenêutica elevada, sendo elas: a imprescritibilidade, a inalienabilidade, a irrenunciabilidade, a inviolabilidade, a universalidade, a efetividade, a interdependência e a complementaridade3.

Atualmente o texto constitucional de 1988, subdivide o seu título sobre Direitos e Garantias fundamentais em cinco outros capítulos, nomeados: direitos individuais e coletivos, direitos sociais, nacionalidade, direitos políticos e partidos políticos.

No que diz respeito a esses direitos, a doutrina entende houve um desmembramento feito de acordo com a ordem cronológica em que estes direitos tiveram um reconhecimento constitucional, classificando-os em direitos de primeira, segunda e terceira geração. Desta forma, consideram-se direitos fundamentais de primeira geração os direitos e garantias individuais e políticos, instituídos na Constituição Federal de 1998. Sua principal característica é a limitação do poder do Estado e a proibição de sua interferência em assuntos de caráter pessoal, impedindo-o de desrespeitar o direito à liberdade de crença, liberdade de pensamento, direito à vida, dentre outros.

Visto que para adentrar ao objeto principal desta pesquisa é necessário conceituar apenas os direitos de primeira geração, passemos adiante.

Quanto aos direitos e garantias individuais, o Título II, Capítulo I da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 os traz em seu art. 5º:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...)

O texto do presente artigo visa afirmar a igualdade dos cidadãos perante a legislação brasileira, impedindo que haja qualquer tipo de distinção entre brasileiros e estrangeiros que residam no país, e assegurando-lhes que os direitos à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e a propriedade jamais sejam violados.

2

NASCIMENTO, Tupinambá Miguel Castro do. Comentários à Constituição Federal: Direitos e Garantias Fundamentais. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 1997, p 11.

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Entende-se, ainda, que a expressão “residentes no Brasil” utilizada no caput do artigo expresso na Carta Magna, refere-se também a qualquer estrangeiro que esteja em território nacional de forma transitória, pertencendo ao Estado a responsabilidade de assegurar-lhes a validade e utilização deste direito dentro do país, vez que em qualquer uma das duas hipóteses ele continua sendo possuidor dos direitos humanos fundamentais4.

A concessão dos Direitos Fundamentais está de certa forma ligada a proteção internacional dos direitos humanos, vez que, ambos têm uma função similar de proteção de direitos.

E o que são os Direitos Humanos?

Entende-se por Direitos Humanos, todos os direitos que são necessários para uma vida digna. Direitos estes que já são atribuídos ao indivíduo só pela sua condição de ser humano.

Posto isto, torna-se mais fácil compreender que os Direitos Humanos são um conjunto normativo cuja missão é assegurar a garantia de todos os direitos básicos do indivíduo, dando extrema importância à dignidade, igualdade e liberdade.

Criado a fim de proporcionar dignidade aos indivíduos pela simples condição de serem seres humanos, este conjunto de normas foi classificado, assim como os Direitos Fundamentais, em três gerações, ou dimensões por Karel Vasak no ano de 1979.

Durante a conferência realizada por Vasak, ele esclareceu que a divisão dos direitos humanos fora feita em três gerações, onde utilizou como referência o lema criado no período da Revolução Francesa: “liberté, egalité et fraternité”, que se traduzidas no português, transformam-se nas palavras liberdade, igualdade e fraternidade.

À vista disto, os direitos de primeira geração conceituariam os direitos relativos à liberdade; enquanto que os de segunda geração conceituariam os direitos relativos à igualdade, e por fim, os direitos de terceira geração seriam os relativos à fraternidade, ou seja, aos direitos de solidariedade, que abrangem todos os indivíduos como coletividade.

A primeira geração aborda todos os direitos referentes à liberdade, o que abrange, principalmente, os diretamente ligados ao indivíduo. Sua função é proteger estes direitos, reduzindo a atuação do Estado quanto à autonomia do ser humano.

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Eles podem também ser facilmente encontrados com outra denominação, conhecida como “direitos de defesa”. Esta nomenclatura é utilizada tendo em vista a sua função de proteger e defender os direitos de liberdade do indivíduo e impossibilitar que o Estado tome qualquer medida de intervenção indevida criada a fim de limitar esta liberdade.

Desta forma torna-se simples compreender o motivo pelo qual os direitos de primeira geração também são conhecidos como direitos ou liberdades individuais.

Transita-se agora à última parte desta pesquisa, que tem por objetivo apresentar o seu tema principal, dando detalhamento e profundidade aos estudos sobre asilo político.

O instituto do asilo político é um dos princípios pelo qual a República Federativa do Brasil rege suas relações internacionais.

Maria Helena Diniz5 em seu dicionário jurídico define asilo como: “Abrigo concedido por um país ou por sua legação a um estrangeiro perseguido, por motivo político, pelo seu Estado”.

O asilo político é uma instituição jurídica que consiste no acolhimento concedido ao estrangeiro por outro Estado que não o seu. Este acolhimento se dá nos casos em que o estrangeiro sofre perseguições de cunho político em seu próprio país.

Suas origens surgiram durante a idade média, mais especificamente na Grécia antiga, em Roma, Egito e Mesopotâmia. Neste período o asilo referia-se à um local de caráter religioso e inviolável.

O asilo já representava a proteção da liberdade individual desde os primórdios. Com o tempo ele foi perdendo o caráter religioso e ao enxergar a necessidade de proteger os indivíduos que contrariavam a política local, os refugiados, apátridas e ainda, aqueles que expulsos de suas terras natais por estes motivos, passou a beneficiá-los, tornando-se uma responsabilidade do Estado e tomando como base a teoria da extraterritorialidade6.

5

DINIZ, Maria Helena. Dicionário Jurídico Universitário, 1ª ed. São Paulo: Saraiva 2010, p. 54

6

DINIZ, Maria Helena. Dicionário Jurídico Universitário, 1ª ed. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 255 e p. 257. EXTRATERRITORIALIDADE ou EXTERRITORIALIDADE. Direito internacional. 1. Direito que o representante de um país estrangeiro tem de se reger pelas normas do seu país, não lhe sendo aplicáveis as da nação em que se encontra. 2. Princípio pelo qual se aplica a norma em território de outro Estado, segundo as convenções e normas internacionais. Classicamente, denomina-se “estatuto pessoal” a situação jurídica que rege o estrangeiro pela lei de seu país de origem. Trata-se da hipótese em que a norma de um Estado acompanha um cidadão no estrangeiro para regular seus direitos. Esse estatuto pessoal baseia-se na lei da nacionalidade ou na lei do domicílio. No Brasil, funda-se na lei do domicilio, que rege as questões relativas ao começo e ao fim da personalidade, ao nome, à capacidade das pessoas, ao direito de família e sucessões, e à competência da

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Nos tempos atuais, a normatização do asilo em âmbito internacional foi editada pela Organização das Nações Unidas, por meio da Declaração Universal de 19487.

O seu art. 14 afirma a criação do instituto jurídico do asilo político: Artigo 14.

1. Toda pessoa, vítima de perseguição, tem o direito de procurar e de gozar asilo em outros países.

2. Este direito não pode ser invocado em caso de perseguição legitimamente motivada por crimes de direito comum ou por atos contrários aos objetivos e princípios das Nações Unidas.

Este dispositivo legal busca assegurar a proteção da liberdade, mantendo o indivíduo seguro e livre de perseguições.

Por trás da concessão de asilo trazida na Declaração de 1948, há uma grande reflexão a se fazer quanto aos direitos que são violados quando o indivíduo precisa abandonar o seu lar por conta de perseguições, deixando para trás toda a cultura do seu país com qual já está acostumado8.

Percebe-se então, que há a necessidade de proceder com o acolhimento destas pessoas em um lugar seguro que não o seu país, oferecendo-lhe o mínimo de dignidade e protegendo-as contra a devolução forçosa ao país onde ocorreu a perseguição.

A Convenção Americana de Direitos Humanos, também conhecida como “Pacto de San José da Costa Rica”, da qual o Brasil é signatário, assegura ao longo do seu texto não só o direito ao asilo, mas também veda a expulsão de estrangeiros do país.

Atentemo-nos ao que se encontra expresso em seu art. 22: Artigo 22 - Direito de circulação e de residência

1. Toda pessoa que se encontre legalmente no território de um Estado tem o direito de nele livremente circular e de nele residir, em conformidade com as disposições legais.

2. Toda pessoa terá o direito de sair livremente de qualquer país, inclusive de seu próprio país.

3. O exercício dos direitos supracitados não pode ser restringido, senão em virtude de lei, na medida indispensável, em uma sociedade democrática, para prevenir infrações penais ou para proteger a segurança nacional, a

autoridade judiciária. Há, apesar disso, um limite à extraterritorialidade da lei, pois atos, sentenças e leis de países alienígenas não são aceitos no Brasil quando ofendem a soberania nacional, a ordem pública e os bons costumes. Tal exterritorialidade, ou extraterritorialidade, constitui o privilégio de certas pessoas escaparem à jurisdição do Estado em cujo território se encontram, submetendo-se apenas à jurisdição de seu país. Logo, a norma estrangeira passa momentaneamente a integrar o direito nacional, por força da norma de direito internacional privado, mas o órgão judicante a utiliza, tão somente, para solucionar determinado caso submetido a sua apreciação.

7

DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS. Disponível em:

<http://unesdoc.unesco.org/images/0013/001394/139423por.pdf>. Acesso em: 6 de junho de 2017.

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segurança ou a ordem públicas, a moral ou a saúde públicas, ou os direitos e liberdades das demais pessoas.

4. O exercício dos direitos reconhecidos no inciso 1 pode também ser restringido pela lei, em zonas determinadas, por motivo de interesse público.

5. Ninguém pode ser expulso do território do Estado do qual for nacional e nem ser privado do direito de nele entrar.

6. O estrangeiro que se encontre legalmente no território de um Estado-parte na presente Convenção só poderá dele ser expulso em decorrência de decisão adotada em conformidade com a lei.

7. Toda pessoa tem o direito de buscar e receber asilo em território estrangeiro, em caso de perseguição por delitos políticos ou comuns conexos com delitos políticos, de acordo com a legislação de cada Estado e com as Convenções internacionais.

8. Em nenhum caso o estrangeiro pode ser expulso ou entregue a outro país, seja ou não de origem, onde seu direito à vida ou à liberdade pessoal esteja em risco de violação em virtude de sua raça, nacionalidade, religião, condição social ou de suas opiniões políticas.

9. É proibida a expulsão coletiva de estrangeiros.

Flávia Piovesan9 revela que o direito a não devolução merece destaque: Dentre os direitos protegidos, merece destaque o direito do refugiado de não ser devolvido a um país em que sua vida ou liberdade estejam ameaçadas. O princípio do non-refoulement (não devolução) é um princípio geral tanto no Direito dos Refugiados como no Direito dos Direitos Humanos, devendo ser reconhecido e respeitado como um princípio de jus cogens.

Há que se ressaltar a importância da confirmação da necessidade de concessão de asilo trazida pelo Pacto de San José, bem como a de assegurar ao asilado o direito a não expulsão, ou seja, garantir que o indivíduo não seja devolvido ao país responsável pela violação de seus direitos.

No Brasil, o direito ao asilo político está devidamente expresso no art. 4º da Carta Magna pátria, onde confirma tudo o que anteriormente fora dito nos Tratados de Direito Internacional.

A modalidade de asilo territorial, para Francisco Rezek10 seria o asilo político em sua forma mais perfeita, pois é nela em que se permite ao país concedente disponibilizar parte de seu território para o asilado.

Enquanto que, o asilo diplomático é outorgado em legações, navios de guerra, acampamentos ou em aeronaves militares às pessoas perseguidas por motivos ou delitos políticos. Sendo uma modalidade provisória e precária do asilo político.

9

PIOVESAN, Flávia. Temas de Direitos Humanos. 7ª ed. São Paulo: Saraiva, 2014, p. 267.

10

REZEK, José Francisco. Direito Internacional Público: curso elementar. 9ª ed. rev. São Paulo: Saraiva, 2002, p. 208.

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Trata-se de uma modalidade totalmente diferente do asilo territorial apresentado anteriormente, vez que, no asilo diplomático o Estado concede o asilo fora de seu território, ou seja, o indivíduo que fora perseguido recebe proteção no próprio Estado em que sofre a perseguição11.

Há ainda que se falar quanto à diferenciação e não vinculação feita entre a concessão do asilo diplomático e do asilo territorial. Isto é, o fato de o Estado conceder ao indivíduo o asilo diplomático não o obriga acolhe-lo em seu território, por exemplo. O que existem são apenas chances maiores do Estado conceder asilo territorial ao indivíduo vez que já houve a concessão de asilo diplomático, porém, como já dito anteriormente, não há vinculação entre os dois institutos.

6. RESULTADOS:

A primeira característica que diferencia o asilo do refúgio é o fato de que o primeiro é um instituto jurídico próprio da América Latina, enquanto o segundo é um instituto jurídico internacional.

São considerados asilados políticos as pessoas que usufruem de qualquer uma das suas espécies de asilo, tanto o territorial quanto o diplomático. Este instituto é responsável por acolher os indivíduos vítimas de perseguição motivada por razões políticas em seu próprio país.

Já o instituto do refúgio, concerne ao acolhimento de pessoas que também sofrem perseguição, porém, essas perseguições ocorrem por conta de motivos religiosos, por opiniões políticas, por razões étnicas, pela nacionalidade, ou ainda, pelo seu grupo social e não necessariamente por razões de cunho político.

Flávia Piovesan12 cita as principais diferenças entre o asilo político e o refúgio, neste sentido para essa autora o último diz respeito a um instituto jurídico internacional e com alcance universal, bastando a alegação de fundado temor de perseguição por motivos fundados em aspectos religioso, raciais, de nacionalidade entre outros, enquanto que para a concessão do asilo político, o fundado motivo deve estar amparado na em crimes de natureza política.

Embora os institutos tenham muitas características divergentes, ambos se identificam por constituírem medida unilateral, destituída de reciprocidade e especialmente, por objetivarem proteção à pessoa humana. Tanto o asilo quanto o

11

SCAGLIA. Geisa Santos. O direito internacional dos refugiados e sua aplicação no ordenamento jurídico brasileiro. Itajaí-SC: UNIVALI, 2009, p. 33.

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refúgio buscam a mesma finalidade – proteger, acolher e resguardar os direitos à liberdade, à vida e mais tantos outros resguardados pelos Direitos Humanos.

7. CONCLUSÃO:

Conclui-se que a concessão do asilo político está diretamente ligado ao preenchimento de aspectos jurídicos relacionados a crime de natureza política. E, o asilado não precisa necessariamente sair do país onde se encontra, podendo para tanto ser protegido na embaixada do país de destino.

Nesse sentido, verificou-se que diferente da pessoa humana que necessita de refúgio e que necessariamente deve sair do país violador de direitos humanos fundamentais, o asilado pode permanecer próximo da sua origem e cultura.

8. FONTES CONSULTADAS:

BRASIL, Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF, Senado, 1988. Disponível em:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em 28 de agosto de 2016.

DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS. Disponível em: <http://unesdoc.unesco.org/images/0013/001394/139423por.pdf>. Acesso em: 6 de junho de 2017.

DINIZ, Maria Helena. Dicionário Jurídico Universitário, 1ª ed. São Paulo: Saraiva 2010.

MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 19ª ed. São Paulo: Atlas, 2006. NASCIMENTO, Tupinambá Miguel Castro do. Comentários à Constituição Federal: Direitos e Garantias Fundamentais. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 1997, p 11.

PIOVESAN, Flávia. Temas de Direitos Humanos. 7ª ed. São Paulo: Saraiva, 2014. PONTUAL, Helena Daltro. Uma breve história das Constituições do Brasil.

Disponível em:

<http://www.senado.gov.br/noticias/especiais/constituicao25anos/historia-das-constituicoes.htm>. Acesso em: 03 de dezembro de 2016.

REZEK, José Francisco. Direito Internacional Público: curso elementar. 9ª ed. rev. São Paulo: Saraiva, 2002.

SCAGLIA. Geisa Santos. O direito internacional dos refugiados e sua aplicação no ordenamento jurídico brasileiro. Itajaí-SC: UNIVALI, 2009.

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