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Soluções de caráter analítico para problemas da dinâmica de gases rarefeitos em dutos cilíndricos

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

DCEEng - DEPARTAMENTO DE CIˆENCIAS EXATAS E ENGENHARIAS MESTRADO EM MODELAGEM MATEM ´ATICA

SOLUC¸ ˜OES DE CAR ´ATER ANAL´ITICO PARA PROBLEMAS DA DIN ˆAMICA DE GASES RAREFEITOS EM DUTOS CIL´INDRICOS

por

Adriana Leandra Russi

Disserta¸c˜ao de Mestrado

(2)

DIN ˆAMICA DE GASES RAREFEITOS EM DUTOS CIL´INDRICOS

por

Adriana Leandra Russi

Disserta¸c˜ao submetida ao Corpo Docente do Programa de P´os-Gradua¸c˜ao em Mode-lagem Matem´atica, do Departamento de Ciˆencias Exatas e Engenharias (DCEEng) da Uni-versidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJU´I), como parte dos requisitos necess´arios para a obten¸c˜ao do T´ıtulo de

Mestre em Modelagem Matem´atica

´

Area de Concentra¸c˜ao: Modelagem Matem´atica dos Processos de Transporte

Orientador: Prof. Dr. Carmo Henrique Kamphorst

Comiss˜ao de Avalia¸c˜ao:

Profa Dra. Patricia Rodrigues Fortes (UFSM/CESNORS)

Profa Dra. Airam Teresa Zago Romcy Sausen (UNIJU´I)

Prof. Dr. Paulo Sauzen Coordenador

(3)

Ao meu amor, Jefferson, companheiro em todos os momentos desta caminhada.

(4)

Sempre que conclu´ımos uma etapa em nossas vidas devemos lembrar que al´em de nosso esfor¸co individual, outras pessoas tamb´em contribu´ıram para que o objetivo final fosse alcan¸cado. Assim, agrade¸co:

A Deus, meu ref´ugio e for¸ca de todos os momentos, pe¸ca fundamental nesta con-quista.

Aos meus pais, Leocadia e Theofilo e tamb´em aos meus irm˜aos, Cleunice e Eleandro, que me deram oportunidade para estudar e incentivo para superar as dificuldades quando elas surgiram.

Ao meu namorado Jefferson da Rosa Lara pelo amor, amizade, carinho, apoio e, em especial, pela paciˆencia de caminhar ao meu lado na constru¸c˜ao deste sonho.

Ao meu orientador, Prof. Dr. Carmo Henrique Kamphorst, por seus ensinamentos e pelo excelente acompanhamento na elabora¸c˜ao desse trabalho, fazendo-o sempre com muita paciˆencia e amizade.

Aos professores(as) da UNIJU´I que estiveram presentes nas aulas do Curso do Mestrado, servindo como guias neste aprendizado, ampliando meus horizontes pessoais e profissionais.

Aos funcion´arios da UNIJU´I, em especial `a secret´aria, Geni Quadros, pela aten¸c˜ao e disponibilidade.

Aos meus colegas do Curso de Modelagem Matem´atica, em especial `a amiga, Ojanes Maria Bagio Daga, pela parceria nos estudos e pelo conv´ıvio amistoso.

`

As Senhoras Alzira e Zaida pela aten¸c˜ao, amizade e hospitalidade. `

As professoras da banca examinadora, Airam Teresa Zago Romcy Sausen e Patricia Rodrigues Fortes por aceitar nos auxiliar na conclus˜ao deste trabalho.

`

As escolas nas quais ministro aulas pela compreens˜ao nos momentos de ausˆencia. A todos que de alguma forma contribu´ıram para a realiza¸c˜ao deste trabalho.

(5)

RESUMO

SOLUC¸ ˜OES DE CAR ´ATER ANAL´ITICO PARA PROBLEMAS DA DIN ˆAMICA DE GASES RAREFEITOS EM DUTOS CIL´INDRICOS

Neste trabalho s˜ao apresentadas solu¸c˜oes de car´ater anal´ıtico para os problemas de Poiseuille e creep t´ermico em dutos cil´ındricos, dois problemas cl´assicos da dinˆamica de gases rarefeitos em que o escoamento do g´as deve-se exclusivamente `a existˆencia de um gradiente de press˜ao e de um gradiente de temperatura na dire¸c˜ao axial do duto, respectivamente. As solu¸c˜oes s˜ao obtidas a partir da aplica¸c˜ao de um m´etodo espectral, baseado na utiliza¸c˜ao de uma expans˜ao truncada em termos de splines c´ubicas de Hermite, na formula¸c˜ao integral do modelo cin´etico BGK, utilizada para modelar o escoamento de um g´as rarefeito em dutos cil´ındricos retos. A metodologia tamb´em baseia-se na utiliza¸c˜ao de um esquema de pontos de coloca¸c˜ao, bem como, de pontos de quadratura para a avalia¸c˜ao num´erica das integrais envolvidas. Por fim, s˜ao apresentados resultados num´ericos para as quantidades de interesse f´ısico dos problemas considerados. Resultados esses obtidos a partir de uma implementa¸c˜ao realizada em Matlab, na qual considerou-se a utiliza¸c˜ao de dois esquemas de pontos de quadratura distintos, Gauss-Legendre e Gauss-Kronrod.

Palavras-chave: Dinˆamica de gases rarefeitos, dutos cil´ındricos, equa¸c˜oes integrais, m´etodos espectrais.

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ANALITICAL SOLUTIONS FOR RAREFIED GASES DINAMICS PROBLEMS IN CYLIN-DRICAL TUBES

This paper presents analytical approaches to the Poiseuille and thermal-Creep problems in a cylindrical tube , two classical problems of Rarefied Gas Dynamics in which the gas flow is exclusively due to the existence of a pressure gradient and a temperature gradient in the axial direction of the tube, respectively. The solutions are derived from the application of a spectral method based on the use of a truncated expansion in terms of Hermite cubic splines, in the integral formulation of the BGK kinetic model, used to model the rarefied gas flows in a cylindrical tube. The methodology is also based on the use of a scheme of point placement, as well as quadrature points for numerical evaluation of the involved integrals. Finally, numerical results are presented for the quantities of physical interest for the considered problems. These results were obtained from an implementation done in Matlab, which considered the use of two schemes of distinct point quadrature, Gauss-Legendre and Gauss-Kronrod.

Keywords: Rarefied gas dynamics, cylindrical tube, integral equation, spectrals methods.

(7)

´INDICE

1 INTRODUC¸ ˜AO . . . 1

2 MODELO MATEM ´ATICO . . . 5

2.1 Equa¸c˜ao de Boltzmann . . . 7

2.2 Modelos Cin´eticos . . . 8

2.3 Equa¸c˜ao Cin´etica do Modelo BGK para Geometrias Cil´ındricas . . . 11

2.4 Formula¸c˜ao Integral do Modelo BGK para Geometrias Cil´ındricas . . . 13

2.4.1 Fluxo de Poiseuille e Creep T´ermico . . . 14

3 SOLUC¸ ˜OES DE CAR ´ATER ANAL´ITICO . . . 18

3.1 Aplica¸c˜ao do M´etodo Espectral . . . 18

3.2 Quantidades de Interesse F´ısico . . . 20

4 ASPECTOS COMPUTACIONAIS E RESULTADOS NUM´ERICOS . . . 22

4.1 Aspectos Computacionais . . . 23

4.1.1 Avalia¸c˜ao do N´ucleo da Equa¸c˜ao . . . 24

4.1.2 Avalia¸c˜ao dos Termos U (xi) e V (xi) . . . 26

4.1.3 Avalia¸c˜ao dos Termos Fonte . . . 28

4.1.4 Obten¸c˜ao do Sistema Linear . . . 29

4.1.5 Obten¸c˜ao das Quantidades de Interesse F´ısico . . . 30

4.1.6 Coment´arios sobre a Implementa¸c˜ao . . . 31

4.2 Resultados Num´ericos . . . 31

4.2.1 Compara¸c˜ao dos Esquemas de Quadratura . . . 32

4.2.2 Compara¸c˜ao das Implementa¸c˜oes em Matlab e Fortran . . . 33

4.2.3 Resultados Num´ericos para as Quantidades de Interesse F´ısico . . . 34

(8)

REFERˆENCIAS BIBLIOGR ´AFICAS . . . 40

APˆENDICE A . . . 44

APˆENDICE B . . . 47

APˆENDICE C . . . 49

(9)

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

DGR Dinˆamica de gases rarefeitos EB Equa¸c˜ao de Boltzmann

ELB Equa¸c˜ao linearizada de Boltzmann MEMS Sistemas microeletromecˆanicos NEMS Sistemas nanoeletromecˆanicos

(10)

a Comprimento caracter´ıstico [m] B(r) Termo n˜ao homogˆeneo

c Vetor velocidade [m/s]

c Magnitude da velocidade [m/s] cz Componente de c na dire¸c˜ao axial

C(r) Termo n˜ao homogˆeneo EK Integral el´ıptica completa

F (ξ, µ) Condi¸c˜ao de contorno

F0(t/τ, r/τ ) Fun¸c˜ao usada para determinar o n´ucleo da equa¸c˜ao integral

f (t, s, c) Fun¸c˜ao de distribui¸c˜ao de part´ıculas f0 Distribui¸c˜ao Maxweliana local

g(r, ξ, φ) Fun¸c˜ao de distribui¸c˜ao das part´ıculas

G(r, ξ, µ) Fun¸c˜ao de distribui¸c˜ao das part´ıculas do problema generalizado G(r) Fun¸c˜ao inc´ognita

H (c, c0) N´ucleo de colis˜ao

h (s, c) Fun¸c˜ao de perturba¸c˜ao da distribui¸c˜ao Maxweliana local h(r, c) Fun¸c˜ao de perturba¸c˜ao das part´ıculas

In(x) Fun¸c˜ao de Bessel modificada de ordem n e primeira classe

J (f0, f ) Operador de colis˜ao K(c0, c) N´ucleo de espalhamento

kn(c0, c) Componente da Expans˜ao de K(c0, c)

kB Constante de Boltzmann [1.3805 × 10−23J/K]

Kn N´umero de Knudsen (adimensional)

Kn(x) Fun¸c˜ao de Bessel modificada de ordem n e segunda classe

(11)

K(t → r) N´ucleo da equa¸c˜ao integral do modelo BGK m0 Massa de uma part´ıcula do g´as [kg]

n0 Densidade molecular [m−3]

Nτ, Ny e Nr N´umeros de pontos de quadratura

Pnm Fun¸c˜ao normalizada de Legendre Pn Polinˆomio de Legendre de ordem n

p0 Press˜ao [P a]

Q(ξ) Termo fonte do modelo BGK

r Distˆancia radial em rela¸c˜ao ao centro do duto cil´ındrico (adimensional) R Raio (adimensional)

s Vetor posi¸c˜ao S(r) Termo fonte

T0 Temperatura do g´as [K]

u Velocidade macrosc´opica (adimensional) U Taxa de fluxo do g´as (adimensional) vm Velocidade m´edia de escoamento [m/s]

W Frequˆencia de espalhamento xi Pontos de coloca¸c˜ao

Z(r) Fun¸c˜ao inc´ognita da equa¸c˜ao integral φ Angulo azimutalˆ

λ Livre caminho m´edio (adimensional) λi Autovalores

µ Viscosidade do g´as [m2/s]

δ Parˆametro de rarefa¸c˜ao µk Pontos de quadratura

σ0 Diˆametro molecular [m]

ωk Pesos do esquema de quadratura

(12)

Ψ(ξ, µ) Fun¸c˜ao caracter´ıstica ζn N´os das fun¸c˜oes splines

=α Spline c´ubica de Hermite

(13)

´INDICE DE FIGURAS

2.1 Vetor velocidade c de uma part´ıcula de g´as . . . 12

4.1 Erro relativo ao avaliar K(0.00003, 0.00002) . . . 32

4.2 Perfis de velocidade de Poiseuille . . . 36

(14)

4.1 Taxas de fluxo: Poiseuille com R = 0, 01 . . . 33

4.2 Taxas de fluxo: creep t´ermico com R = 0, 01 . . . 33

4.3 Velocidades para o problema de Poiseuille . . . 34

4.4 Velocidades para o problema creep t´ermico . . . 35

4.5 Resultados para as taxas de fluxo . . . 35

5.1 Pontos e pesos Gauss-Legendre com N = 7 . . . 49

(15)

CAP´ITULO 1

INTRODUC¸ ˜AO

Estudos envolvendo a dinˆamica de gases rarefeitos (DGR) tˆem sido o foco de v´arias pesquisas recentes na ´area da engenharia e da matem´atica aplicada, principalmente devido `

a crescente quantidade de aplica¸c˜oes envolvendo sistemas microeletromecˆanicos (MEMS) e sistemas nanoeletromecˆanicos (NEMS) [Gad-el-Hak, 2005]. Dispositivos esses que com-binam componentes el´etricos e mecˆanicos e s˜ao capazes de executar tarefas como medir (microsensores), analisar, decidir (comandos l´ogico-eletrˆonicos) e reagir a respostas do meio (microatuadores) [Aubert, 1999].

A sigla MENS prov´em da abrevia¸c˜ao do termo inglˆes MicroElectroMechanical Sys-tems e ´e usada para designar sistemas com dimens˜oes totais menores que o mil´ımetro (10−3m) e maiores que o micrˆometro (10−6m) [Gad-el-Hak, 2005]. Estes tiveram sua origem em 1960 com o surgimento dos primeiros sensores de press˜ao e, hoje, s˜ao considerados uma tecnologia inteligente, invis´ıvel, mas que faz parte do cotidiano de grande parcela da popula¸c˜ao.

Os NEMS (abrevia¸c˜ao de NanoElectroMechanical Systems) s˜ao sistemas com di-mens˜oes totais menores que o micrˆometro e maiores que o nanˆometro (10−9m). A nano-tecnologia assenta-se na manipula¸c˜ao controlada da mat´eria `a escala molecular e apoia-se em um corpo de conhecimentos cient´ıficos fortemente multidisciplinar (Nanociˆencia), que tem por base e, em ´ultima an´alise o comportamento quˆantico da mat´eria e efeitos super-ficiais espec´ıficos `a nanoescala, os quais se designam genericamente por Nanof´ısica [Lobo, 2009]. O termo nanotecnologia foi utilizado pela primeira vez em 1974, pelo professor Norio Taniguchi para descrever as tecnologias que permitem a constru¸c˜ao de materiais `a escala de 1 nanˆometro.

(16)

na prote¸c˜ao dos ocupantes de ve´ıculos automotivos, na medicina, na aeron´autica, no controle do meio ambiente e na ind´ustria em geral. Nos ve´ıculos destacam-se os dispositivos de segu-ran¸ca, tais como: os acelerˆometros de airbag, os girosc´opios, al´em dos sensores de press˜ao, temperatura e de inje¸c˜ao eletrˆonica [Krueger, 2007; M¨uller-Fiedler et al., 2007]. Na ´area da medicina, pode-se citar microbombas implant´aveis que s˜ao capazes de realizar diagn´osticos, bem como, administrar pequenas doses de medicamentos, como por exemplo, a insulina nos diab´eticos [Baal, 2004; Liu et al., 2008]. Na aeron´autica, os principais dispositivos envol-vendo MEMS e/ou NEMS consistem em sensores para medir a altitude, controlar sistemas hidr´aulicos, bem como, para identificar locais de turbulˆencia [Sharipov e Seleznev, 1998]. E, na ind´ustria em geral, pode-se destacar a existˆencia de microrreatores de hidrogena¸c˜ao con-duzida, cabe¸cas de leitura/grava¸c˜ao utilizadas em discos r´ıgidos de computadores, cabe¸cas de impress˜ao dos cartuchos tipo jato de tinta, c´elulas de microcombust´ıvel e microtrocadores de calor para a refrigera¸c˜ao de microschips, por exemplo [Kaka¸c et al., 2005].

Al´em disto, a DGR tem sido importante para o desenvolvimento tecnol´ogico de equipamentos de v´acuo e na ´area aeroespacial. Contudo, em todos estes casos, o escoamento de gases difere muito do escoamento de outros fluidos ou do pr´oprio escoamento destes gases em dutos com dimens˜oes maiores. Nos MEMS e NEMS, por exemplo, a raz˜ao entre a superf´ıcie de contato e o volume dos escoamentos ´e da ordem de um milh˜ao de vezes maior do que em um escoamento na escala humana, o que faz com que os efeitos de superf´ıcie sejam muito mais importantes do que as for¸cas de campo, resultando em um dom´ınio das for¸cas viscosas sobre as for¸cas de in´ercia. Consequentemente, a hip´otese de um meio cont´ınuo, no qual a modelagem do escoamento se d´a mediante a utiliza¸c˜ao das equa¸c˜oes de Navier-Stokes

[Shames, 1982], n˜ao ´e v´alida nestes casos [Wang et al., 2008].

Sendo assim, para tratar de escoamentos em MEMS e NEMS torna-se necess´ario considerar modelos que incluam efeitos de rarefa¸c˜ao, tais como: deslizamento, saltos de temperatura, efeitos de compressibilidade, dissipa¸c˜ao viscosa e for¸cas intermoleculares. Di-ante disso, a utiliza¸c˜ao da Equa¸c˜ao de Boltzmann (EB), ou de uma equa¸c˜ao modelo, dela derivada, constitui uma possibilidade para a modelagem de problemas da DGR em MEMS ou NEMS, uma vez que a EB ´e uma equa¸c˜ao ´ıntegro-diferencial em que a inc´ognita ´e uma fun¸c˜ao de distribui¸c˜ao de part´ıculas que cont´em informa¸c˜ao sobre a distribui¸c˜ao espacial e de velocidade das part´ıculas de um g´as em um determinado instante de tempo, sendo que

(17)

3 as quantidades de interesse f´ısico do escoamento podem ser calculadas a partir desta fun¸c˜ao.

[Cercignani, 1988; Scherer et al., 2010].

A obten¸c˜ao de solu¸c˜oes de car´ater anal´ıtico a partir da EB ou de equa¸c˜oes modelo proveniente desta equa¸c˜ao ´e muito restrita, limitando-se aos problemas fisicamente mais simples e, em geral, modelados em geometrias planas. Em geometrias cil´ındricas, uma possibilidade de modelagem visando `a obten¸c˜ao de solu¸c˜oes de car´ater anal´ıtico consiste na utiliza¸c˜ao da forma integral de uma equa¸c˜ao modelo.

Neste contexto, Kamphorst [Kamphorst, 2009] faz uso de um m´etodo espectral, baseado na utiliza¸c˜ao de uma expans˜ao truncada em termos de splines c´ubicas de Hermite [Schultz, 1973], a fim de obter solu¸c˜oes de car´ater anal´ıtico para os problemas de Poiseuille e creep t´ermico, em dutos cil´ındricos, a partir da formula¸c˜ao integral dos modelos cin´eticos BGK (Bhatnagar, Gross e Krook) [Bhatnagar et al., 1954; Siewert, 2000] e S (Shakhov) [Siewert e Valougeorgis, 2002]. Nesta metodologia, Kamphorst tamb´em fez uso de um esquema de pontos de coloca¸c˜ao e, para a obten¸c˜ao de resultados num´ericos para as quanti-dades f´ısicas dos problemas considerados, optou por implementar a solu¸c˜ao em Fortran. Nela, Kamphorst avaliou as integrais envolvidas na formula¸c˜ao mediante a aplica¸c˜ao do esquema de quadratura de Gauss-Legendre [Abramowitz e Stegun, 1965], sendo necess´ario ainda, o tratamento pr´evio de algumas singularidades presentes nas fun¸c˜oes a serem integradas.

Outro trabalho envolvendo a utiliza¸c˜ao da formula¸c˜ao integral do modelo BGK, na resolu¸c˜ao de problemas da DGR, ´e o de Loyalka e Thompson [Loyalka e Thompson, 2009]. Nele, Loyalka e Thompson afirmam que o esquema de quadratura de Gauss-Kronrod [Kronrod, 1965b] seria o mais apropriado para a avalia¸c˜ao de integrais com singularidades. Diante disto, e ciente da existˆencia, no Matlab, de algumas fun¸c˜oes envolvidas na formula¸c˜ao integral do modelo cin´etico BGK usada para modelar o escoamento de gases rarefeitos em dutos cil´ındricos retos, optou-se neste trabalho por implementar a solu¸c˜ao apresentada por Kamphorst, em Matlab, mediante a utiliza¸c˜ao dos esquemas de quadratura de Gauss-Legendre e de Gauss-Kronrod.

O presente trabalho ´e estruturado de modo que no Cap´ıtulo 2 ´e apresentada a mode-lagem dos problemas de Poiseuille e creep t´ermico, no Cap´ıtulo 3 ´e determinada a solu¸c˜ao de car´ater anal´ıtico dos dois problemas considerados e, no Cap´ıtulo 4 s˜ao apresentados resulta-dos num´ericos para as quantidades de interesse f´ısico obtidos a partir da implementa¸c˜ao da

(18)

solu¸c˜ao, em Matlab.

No Cap´ıtulo 4, tamb´em s˜ao apresentadas as an´alises gr´aficas dos perfis de veloci-dade dos problemas estudados, para diferentes estados de rarefa¸c˜ao.Tais an´alises constam em trabalhos aceitos na “X Conferˆencia Brasileira de Dinˆamica, Controle e Aplica¸c˜oes” (DI-CON’2011), que ocorrer´a entre os dias 29 de agosto e 02 de setembro do corrente ano, por Sokoloski [Sokoloski et al., 2011] e Russi [Russi et al., 2011] para os problemas de Poiseuille e creep t´ermicos, respectivamente.

(19)

CAP´ITULO 2

MODELO MATEM ´ATICO

A modelagem dos problemas da DGR, comumente, ´e associada a um parˆametro adimensional denominado n´umero de Knudsen, Kn, que ´e definido pela raz˜ao entre o livre

caminho m´edio λ e um comprimento caracter´ıstico a da regi˜ao de escoamento do g´as, ou seja,

Kn =

λ

a. (2.1)

O livre caminho m´edio corresponde `a distˆancia m´edia percorrida por uma part´ıcula do g´as sem sofrer colis˜ao e pode ser determinado a partir da utiliza¸c˜ao de express˜oes, exis-tentes na literatura, que o relacionam com a viscosidade ou a condutividade t´ermica do g´as [Barichello e Siewert, 2003]. Para o ar em condi¸c˜oes normais, por exemplo, o valor do livre caminho m´edio ´e da ordem de 10 nm.

Tamb´em ´e comum associar o estado de rarefa¸c˜ao de um g´as ao seu parˆametro de rarefa¸c˜ao, definido por

δ = p0 µvm

, (2.2)

onde vm ´e a velocidade m´edia de escoamento e, p0 e µ correspondem `a press˜ao e `a viscosidade

do g´as, respectivamente. Sharipov e Seleznev [Sharipov e Seleznev, 1998], ainda definem o parˆametro de rarefa¸c˜ao em termos do n´umero de Knudsen, afirmando que

δ = √ 2 2 1 Kn . (2.3)

(20)

inter-valo de varia¸c˜ao do n´umero de Knudsen podem ser definidos quatro poss´ıveis estados ou regimes de rarefa¸c˜ao para um g´as:

• Cont´ınuo (Kn< 0, 01): os comprimentos caracter´ısticos s˜ao muito maiores do que

a magnitude do livre caminho m´edio do g´as, nesse caso, pode-se considerar a hip´otese do cont´ınuo;

• Slip-flow (0, 01 < Kn < 0, 1): deve-se considerar condi¸c˜oes de contorno que

in-cluam os efeitos de deslizamento e de salto de temperatura na superf´ıcie s´olida que delimita o escoamento do g´as;

• Transi¸c˜ao (0, 1 < Kn < 10): os efeitos de rarefa¸c˜ao s˜ao moderados e o livre

caminhos m´edios da mesma ordem que os comprimentos caracter´ısticos;

• Mol´eculas livres(para Kn > 10): a colis˜ao entre as part´ıculas do g´as com a

su-perf´ıcie s´olida que delimita o escoamento ´e muito mais frequente do que a colis˜ao entre as pr´oprias part´ıculas, pois o comprimento caracter´ıstico ´e menor do que o livre caminho m´edio. Neste contexto, os efeitos de rarefa¸c˜ao s˜ao mais sens´ıveis nos escoamentos com os maiores valores para o n´umero de Knudsen, o que est´a diretamente relacionado a valores de livre caminho m´edio grandes e/ou comprimentos caracter´ısticos pequenos. Isso justifica porque aplica¸c˜oes em nanotecnologia e em microm´aquinas constituem um campo de aplica¸c˜ao da DGR, assim como as cl´assicas aplica¸c˜oes nas ´areas de equipamentos de v´acuo [Sharipov e Seleznev, 1998] e aeroespacial [Fan et al., 2001].

Escoamentos de gases, no regime cont´ınuo, caracterizam-se por apresentar compri-mentos caracter´ısticos muito maiores do que a magnitude do livre caminho m´edio do g´as, o que torna v´alida a hip´otese de modelar o fluido como um meio cont´ınuo, no qual se apli-cam as equa¸c˜oes de Navier-Stokes [Shames, 1982] com as condi¸c˜oes de n˜ao deslizamento e sem saltos de temperatura. No regime slip-flow estas equa¸c˜oes ainda podem ser usadas, desde que considerem condi¸c˜oes de contorno que incluam os efeitos de escorregamento e de salto de temperatura na superf´ıcie s´olida que delimita o escoamento. Entretanto, nos outros dois regimes de rarefa¸c˜ao, transi¸c˜ao e mol´eculas livres, a utiliza¸c˜ao das equa¸c˜oes de Navier-Stokes ´e inv´alida [Wang et al., 2008], visto que nesta situa¸c˜ao os efeitos de rarefa¸c˜ao, tais como: deslizamento, salto de temperatura, efeitos de compressibilidade, de dissipa¸c˜ao vis-cosa e for¸cas intermoleculares afetam significativamente a transferˆencia de massa, momento e energia. Consequentemente, nesses regimes, a hip´otese do fluido ser considerado um meio

(21)

7 cont´ınuo deixa de existir, logo, deve-se consider´a-lo como um conjunto de part´ıculas, no qual a modelagem baseia-se na utiliza¸c˜ao da Equa¸c˜ao de Boltzmann (EB).

2.1 Equa¸c˜ao de Boltzmann

A EB ´e uma equa¸c˜ao de transporte de part´ıculas introduzida na teoria cin´etica dos gases, por Ludwig Boltzmann, em 1872. Ela estabelece um balan¸co entre os mecanismos de perda e ganho de part´ıculas em um volume qualquer no espa¸co de fase e, baseia-se em uma fun¸c˜ao de distribui¸c˜ao, f (t, s, c), que cont´em informa¸c˜ao sobre a distribui¸c˜ao espacial s e de velocidade c das part´ıculas de um g´as num determinado instante de tempo t.

Considerando a hip´otese das mol´eculas do g´as serem monoatˆomicas, sem carga el´etrica, sofrerem apenas colis˜oes bin´arias e serem do tipo esferas r´ıgidas, a equa¸c˜ao de Boltzmann pode ser escrita na forma [Williams, 2001; Cercignani, 1988]

∂ ∂tf (t, s, c) + c · ∂ ∂sf (t, s, c) = J (f 0 , f ). (2.4)

Nela, J (f0, f ) ´e o operador de colis˜ao

J (f0, f ) = Z Z Z W (c → c0; c1 → c01) × [f (t, s, c0) f (t, s, c01) − f (t, s, c) f (t, s, c1)] dc1dc01dc 0 , (2.5)

em que f0 e f indicam as distribui¸c˜oes antes e ap´os as colis˜oes, respectivamente. Ainda na Eq. (2.5), c e c1 correspondem `as velocidades p´os-colisionais e W (c → c0; c1 → c01) `a frequˆencia

de espalhamento diferencial para a colis˜ao entre dois corpos de velocidades pr´e-colisionais c0 e c01.

Neste contexto, tamb´em se faz necess´aria a utiliza¸c˜ao de condi¸c˜oes de contorno apropriadas. Entre as possibilidades atualmente utilizadas pode-se citar o modelo de Maxwell [Williams, 2001] que especifica a forma como as part´ıculas interagem com a superf´ıcie, considerando a utiliza¸c˜ao de coeficientes de acomoda¸c˜ao t´ermica e de momento tangencial que representam a fra¸c˜ao de part´ıculas do g´as que ´e refletida difusamente pela parede que delimita o escoamento.

(22)

rarefa¸c˜ao. Outra diferen¸ca marcante entre as equa¸c˜oes de Navier-Stokes e a EB consiste no fato de que, na primeira, as inc´ognitas representam as propriedades macrosc´opicas do fluido, enquanto que na EB, a inc´ognita em quest˜ao caracteriza-se por uma fun¸c˜ao de distribui¸c˜ao de part´ıculas, sendo que as quantidades de interesse relativas ao escoamento do g´as (como por exemplo: velocidade, fluxo de calor, temperatura, densidade e tens˜ao de cisalhamento) s˜ao calculadas via esta fun¸c˜ao de distribui¸c˜ao [Williams, 2001].

Al´em da descri¸c˜ao e da an´alise do comportamento de escoamentos de gases rarefeitos, a EB tamb´em possui outras aplica¸c˜oes na ´area da DGR, entre elas: transferˆencia radiativa [Sik, 1973], transporte de nˆeutrons [Davison, 1957], problemas envolvendo baixas press˜oes (como por exemplo, em dispositivos de v´acuo ou vˆoos em alta altitude) [Williams, 1971], entre outras [Duderstadt e Martin, 1979].

Entretanto, a obten¸c˜ao de solu¸c˜oes anal´ıticas a partir da EB, mesmo para os pro-blemas fisicamente mais simples da DGR e formulados em geometria plana, em geral ´e muito complexa, tendo em vista se tratar de uma equa¸c˜ao ´ıntegro-diferencial muito complicada, uma vez que, originalmente, ´e n˜ao linear e envolve sete vari´aveis independentes (as trˆes componentes da vari´avel espacial, as trˆes componentes da velocidade e o tempo), al´em de possuir uma express˜ao muito complexa no termo de de colis˜ao. Por esta raz˜ao, uma alter-nativa proposta para contornar tais problemas, consiste na substitui¸c˜ao do termo de colis˜ao por express˜oes mais simples, denominadas modelos de colis˜ao, que uma vez substitu´ıdas na EB, resultam nas denominadas equa¸c˜oes modelo ou modelos cin´eticos [Cercignani, 1988; Scherer et al., 2010].

2.2 Modelos Cin´eticos

Para escoamentos de gases rarefeitos fracamente fora do equil´ıbrio ou em regime permanente, uma possibilidade no sentido de viabilizar a aplica¸c˜ao de t´ecnicas semianal´ıticas consiste em escrever a fun¸c˜ao de distribui¸c˜ao da EB em termos de uma fun¸c˜ao de perturba¸c˜ao,

f (s, c) = f0(s, c) [1 + h (s, c)] , (2.6)

em que h (s, c) ´e a fun¸c˜ao de perturba¸c˜ao da distribui¸c˜ao Maxweliana local [Williams, 1971; Williams, 2001]. Substituindo-se a Eq. (2.6) na Eq. (2.4) e usando algumas propriedades

(23)

9 do operador de colis˜ao J , obt´em-se a equa¸c˜ao linearizada de Boltzmann (ELB).

Segundo Barichello e Siewert [Barichello e Siewert, 2003], na ELB unidimensional (na dire¸c˜ao x) ´e usada a fun¸c˜ao de distribui¸c˜ao na forma

f (x, c) = f0(c) [1 + h (x, c)] , (2.7)

em que x ´e a vari´avel espacial (medida em cm) e h (x, c) ´e uma perturba¸c˜ao causada `a distribui¸c˜ao Maxwelliana,

f0(c) = n0[m0/ (2πkBT0)] 3/2

e−c2, (2.8)

em que n0 corresponde `a densidade molecular, m0 ´e a massa de uma part´ıcula do g´as, kB ´e

a constante de Boltzmann e T0 ´e a temperatura do g´as. Assim sendo, a ELB unidimensional

pode ser reescrita, em coordenadas cartesianas, em termos da vari´avel espacial τ = x/λ (adimensionalizada em termos do livre caminho m´edio λ), na forma

cx ∂ ∂ch (τ, c) + h (τ, c) = π −3/2Z ∞ −∞ Z ∞ −∞ Z ∞ −∞ e−c02h (τ, c0) K (c0, c) dc0xdc0ydc0z + S(c). (2.9)

Na Eq. (2.9), o termo n˜ao homogˆeneo S(c) ´e o termo fonte, K (c0, c) ´e o n´ucleo de espa-lhamento das part´ıculas do g´as, c = (cx, cy, cz) ´e o vetor velocidade adimensionalizado de

modo que c (2kBT0/m0)1/2 corresponda `a magnitude da velocidade e, o termo  ´e definido

pela express˜ao

 = σ02n0π1/2λ, (2.10)

na qual σ0 ´e o diˆametro molecular.

Para a hip´otese das part´ıculas serem do tipo esferas r´ıgidas, o n´ucleo de espalhamento K (c0, c) exato pode ser expandido em termos de fun¸c˜oes de Legendre [Pekeris e Alterman, 1957], de modo que se tenha

K (c, c0) = 1 4π ∞ X n=0 n X m=0 (2n + 1) (2 − δ0,m) Pnm(µ 0 ) Pnm(µ) kn(c0, c) cos m (χ0 − χ) , (2.11)

(24)

onde Pnm(µ) = (n − m)! (n + m)! 1/2 1 − µ2m/2 d m dµmPn(µ), n ≥ m (2.12)

s˜ao as fun¸c˜oes normalizadas de Legendre e, Pn(µ), s˜ao os polinˆomios de Legendre de ordem

n.

Ainda, em rela¸c˜ao `a Eq. (2.11) salienta-se que s˜ao usadas as coordenadas esf´ericas (c, arccos µ, χ) para definir o vetor velocidade. Na mesma equa¸c˜ao, os termos kn(c0, c),

pre-sentes na expans˜ao do n´ucleo s˜ao apresentados por Barichello e Siewert [Barichello e Siew-ert, 2003] para n = 0, 1, 2, 3. Tais express˜oes caracterizam-se pelo fato de a igualdade kn(c0, c) = kn(c, c0) ser v´alida para todo n e por possu´ırem derivadas descont´ınuas em c = c0.

Estas singularidades imp˜oem dificuldades do ponto de vista anal´ıtico e num´erico, para re-solver a ELB. Por esta raz˜ao, outras abordagens tˆem sido propostas na teoria cin´etica dos gases no sentido de simplificar a express˜ao do n´ucleo de espalhamento, mas que conservem as propriedades f´ısicas do processo de colis˜ao, tais como a conserva¸c˜ao de massa, momento e energia. Tais aproxima¸c˜oes d˜ao origem `as chamadas equa¸c˜oes cin´eticas ou equa¸c˜oes modelo

[Cercignani, 1988; Barichello e Siewert, 2003; Scherer et al., 2010].

Entre os modelos cin´eticos usados com mais frequˆencia, pode-se citar os modelos: • BGK [Bhatnagar et al., 1954], Gross-Jackson [Gross e Jackson, 1959], S [Shakhov,

1968] e MRS [Garcia e Siewert, 2006] para um g´as com frequˆencia de colis˜ao constante; • CLF [Cercignani, 1966; Loyalka e Ferziger, 1968], CES e CEBS [Barichello e Siewert,

2003] para um g´as com frequˆencia de colis˜ao vari´avel;

• o modelo de McCormack [McCormack, 1973] para misturas gasosas.

Segundo Siewert [Siewert, 2002], o n´ucleo de espalhamento do modelo cin´etico BGK, utilizado neste trabalho, ´e definido pela express˜ao

K (c0, c) = 1 + 2c0 · c +2 3  c02−3 2   c2− 3 2  . (2.13)

(25)

11 2.3 Equa¸c˜ao Cin´etica do Modelo BGK para Geometrias Cil´ındricas

De acordo com Williams [Williams, 1971], em geometria cil´ındrica, a equa¸c˜ao ´ıntegro-diferencial do modelo cin´etico BGK, ´e dada pela equa¸c˜ao

ξ  cos φ ∂ ∂r − 1 rsen φ ∂ ∂φ  g(r, ξ, φ) + g(r, ξ, φ) = 1 π Z 2π 0 Z ∞ 0 e−ξ 02 g(r, ξ0, φ0)ξ0dξ0dφ0+ Q(ξ), (2.14)

na qual ξ ∈ [0, ∞) e φ ∈ [0, 2π] correspondem `as componentes de magnitude e ˆangulo da proje¸c˜ao do vetor velocidade c, de uma part´ıcula do g´as, sobre o plano perpendicular `a dire¸c˜ao axial de um duto cil´ındrico de raio R e comprimento infinito, conforme evidenciado na Fig.(2.1). Ainda na Eq. (2.14), Q(ξ) ´e o termo fonte.

Ainda na Eq. (2.14), r ∈ [0, R] simboliza a distˆancia radial em rela¸c˜ao ao centro do duto cil´ındrico e a express˜ao g(r, ξ, φ) representa a fun¸c˜ao de distribui¸c˜ao de part´ıculas, definida por g(r, ξ, φ) = Z ∞ −∞ e−c2zh(r, c)c zdcz, (2.15)

em que h(r, c) ´e a fun¸c˜ao de perturba¸c˜ao, c = (ξ, cz, φ) ´e o vetor velocidade e, cz ´e a

componente de c paralela ao eixo central do duto.

Nesta formula¸c˜ao, assume-se que o termo fonte n˜ao homogˆeneo Q(ξ) da Eq. (2.14) seja conhecido e, que a condi¸c˜ao de contorno tenha a forma

g(R, ξ, φ) = f (ξ, φ), φ ∈ (π/2, 3π/2) e ξ ∈ [0, ∞), (2.16)

na qual f (ξ, φ) tamb´em deve ser conhecida. Impondo a condi¸c˜ao de simetria

f (ξ, 2π − φ) = f (ξ, φ), φ ∈ (π/2, π], (2.17)

tem-se

(26)

Figura 2.1 – Vetor velocidade c de uma part´ıcula de g´as

para todo r e ξ. E, al´em disso, promovendo as substitui¸c˜oes µ = cos φ, para φ ∈ [0, π], e

G(r, ξ, µ) = g(r, ξ, arc cos µ), (2.19)

para µ ∈ [−1, 1], as Eqs. (2.14) e (2.16) podem ser reescritas por

ξ  µ ∂ ∂r + 1 − µ2 r ∂ ∂µ  G(r, ξ, µ) + G(r, ξ, µ) = Z 1 −1 Z ∞ 0 Ψ(ξ0, µ0)G(r, ξ0, µ0)dξ0dµ0+ Q(ξ), (2.20) para µ ∈ [−1, 1], ξ ∈ [0, ∞) e r ∈ (0, R), e G(R, ξ, −µ) = F (ξ, µ), µ ∈ (0, 1] e ξ ∈ [0, ∞). (2.21)

Nas Eqs. (2.20) e (2.21), tem-se ainda

Ψ(ξ, µ) = 2ξe

−ξ2

(27)

13 e

F (ξ, µ) = f (ξ, π − arc cos µ), µ ∈ (0, 1]. (2.23)

A equa¸c˜ao apresentada na Eq. (2.20), juntamente com a condi¸c˜ao de contorno indicada pela Eq. (2.21), correspondem `a formula¸c˜ao ´ıntegro-diferencial usualmente utilizada nas aplica¸c˜oes do modelo BGK em geometria cil´ındrica.

2.4 Formula¸c˜ao Integral do Modelo BGK para Geometrias Cil´ındricas

Nesta se¸c˜ao apresenta-se a formula¸c˜ao integral associada ao modelo BGK, usada para descrever o comportamento de escoamentos de gases rarefeitos na dire¸c˜ao axial em dutos cil´ındricos retos de raio R e comprimento infinito, conforme deduzida por Barichello et al. [Barichello et al., 2002].

Barichello et al. [Barichello et al., 2002] fizeram uso do m´etodo das caracter´ısticas [Debnath, 1997], para a obten¸c˜ao da formula¸c˜ao integral do modelo cin´etico BGK a partir das Eqs. (2.20) e (2.21). A dedu¸c˜ao da equa¸c˜ao integral ´e feita enfatizando a inclus˜ao de um termo fonte n˜ao homogˆeneo geral, na equa¸c˜ao de balan¸co e, um termo n˜ao homogˆeneo geral na condi¸c˜ao de contorno. Deste modo, a forma geral da equa¸c˜ao integral para o modelo BGK ´e dada por

G(r) = B(r) + C(r) + Z R

0

tG(t)K(t → r)dt. (2.24)

Nela, a componente radial r ∈ [0, R] est´a adimensionalizada de modo que R corresponde ao parˆametro de rarefa¸c˜ao, ou seja, [Siewert e Valougeorgis, 2002]

R = √ 2 2 1 Kn . (2.25)

Na Eq. (2.24), G(r) corresponde `a fun¸c˜ao inc´ognita, a partir da qual podem ser determinadas as quantidades de interesse f´ısico, tais como a velocidade macrosc´opica e a taxa de fluxo do g´as. O n´ucleo da equa¸c˜ao integral, K(t → r) ´e definido de modo que

K(t → r) = 2 π1/2 Z ∞ 0 e−τ2F0(t/τ, r/τ ) dτ τ2, (2.26)

(28)

sendo F0(t/τ, r/τ ) =    I0(t/τ )K0(r/τ ), t < r K0(t/τ )I0(r/τ ), t > r , (2.27)

onde I0(x) e K0(x) s˜ao as fun¸c˜oes de Bessel modificadas de ordem zero, de primeira e segunda

classe, respectivamente [Abramowitz e Stegun, 1965].

Ainda na Eq. (2.24), os dois termos n˜ao homogˆeneos s˜ao definidos por

B(r) = Z 1 −1 Z ∞ 0 Ψ(ξ, µ)F [ξ, µ0(R, r, µ)]exp{−s0(r, ξ, µ)}dξdµ (2.28) e C(r) = 4 π Z R 0 t Z ∞ 0 F0(t/τ, r/τ ) τ2 Z ∞ r ξQ(ξ)e−ξ2 (ξ2− τ2)1/2dξdτ dt. (2.29)

Assim sendo, o termo B(r) depende da condi¸c˜ao de contorno F [ξ, µ0(R, r, µ)], enquanto

que C(r) depende do termo fonte Q(ξ) do problema considerado. E, segundo a mesma formula¸c˜ao, na Eq. (2.28), faz-se uso das express˜oes

Ψ(ξ, µ) = 2ξe −ξ2 π(1 − µ2)1/2, (2.30) µ0(R, r, µ) = 1 R(R 2− r2+ r2µ2)1/2 (2.31) e s0(r, ξ, µ) = [(R2− r2+ r2µ2)1/2+ rµ]/ξ. (2.32)

2.4.1 Fluxo de Poiseuille e Creep T´ermico

Ap´os ter sido feita uma breve apresenta¸c˜ao da formula¸c˜ao geral da equa¸c˜ao integral associada ao modelo BGK para escoamentos de gases rarefeitos em dutos cil´ındricos retos de raio R, faz-se, agora, a apresenta¸c˜ao da formula¸c˜ao para dois casos especiais, conhecidos na literatura como fluxo de Poiseuille e creep t´ermico. No primeiro o escoamento do g´as deve-se exclusivamente `a existˆencia de um gradiente de press˜ao na dire¸c˜ao axial do duto,

(29)

15 enquanto que no segundo deve-se `a existˆencia de um gradiente de temperatura tamb´em na dire¸c˜ao axial.

Segundo [Williams, 1971], o termo fonte dos dois problemas citados pode ser ex-presso na forma

Q(ξ) = 1/2[k1− k2(ξ2− 1)], (2.33)

em que k1 e k2 s˜ao constantes que, para o problema de Poiseuille assumem os valores k1 = 1

e k2 = 0, enquanto que para o problema creep t´ermico correspondem aos valores k1 = 0 e

k2 = 1.

Substituindo o termo fonte da Eq. (2.33) na Eq. (2.29) e, fazendo uso da identidade das fun¸c˜oes modificadas de Bessel,

x[K0(x)I1(x) + I0(x)K1(x)] = 1, (2.34)

´

e poss´ıvel reescrever a Eq. (2.29) na forma:

C(r) = k1 2 − R π1/2 Z ∞ 0 e−τ2K1(R/τ )I0(r/τ )k1− k2(τ2− 1/2)  dτ τ . (2.35) Segundo Barichello et. al [Barichello et al., 2002], para o caso em que se assume a reflex˜ao das part´ıculas do g´as na superf´ıcie s´olida que delimita o escoamento perfeitamente difusa, a condi¸c˜ao de contorno remete o termo B(r), indicado na Eq. (2.28), a zero. Este fato simplifica consideravelmente a formula¸c˜ao apresentada.

Barichello et. al [Barichello et al., 2002] no intuito de simplificar ainda mais a formula¸c˜ao integral apresentada na Eq. (2.24), prop˜oe reescrevˆe-la em termos de uma nova fun¸c˜ao inc´ognita, Z(r), de modo que se tenha

G(r) = 1

π1/2Z(r) −

1

4(2k1+ k2), (2.36)

onde k1 e k2 correspondem `as constantes j´a mencionadas anteriormente no termo fonte.

(30)

forma Z(r) = Z R 0 tZ(t)K(t → r)dt + S(r), (2.37) na qual S(r) = π 1/2 2 k1+ k2R Z ∞ 0 τ e−τ2K1(R/τ )I0(r/τ )dτ (2.38) ´ e o termo fonte.

Desse modo, a formula¸c˜ao integral do problema de Poiseuille ´e escrita a partir das Eqs. (2.37) e (2.38), tomando-se k1 = 1 e k2 = 0. Logo, para o problema de Poiseuille,

tem-se ZP(r) = Z R 0 tZP(t)K(t → r)dt + SP(r) (2.39) sendo SP(r) = 1 2π 1/2. (2.40)

Assim sendo, a fun¸c˜ao inc´ognita ZP(r), que satisfaz a equa¸c˜ao integral (2.39), possibilita a

avalia¸c˜ao das quantidades de interesse f´ısico do problema de Poiseuille, tais como o perfil de velocidade macrosc´opica das part´ıculas do g´as

uP(r) = π−1/2ZP(r) −

1

2 (2.41)

e a taxa de fluxo (do inglˆes flow rate, cuja tradu¸c˜ao mais correta seria taxa de escoamento, por´em, aqui denominado de taxa de fluxo, tendo em vista que esta denomina¸c˜ao j´a foi usada em trabalhos anteriores) UP = 4 R3 Z R 0 uP(r)rdr. (2.42)

(31)

17 Do mesmo modo, a formula¸c˜ao integral do problema de creep t´ermico ´e obtida a partir das Eqs. (2.37) e (2.38), tomando-se k1 = 0 e k2 = 1. Diante disso, tem-se

ZT(r) = Z R 0 tZT(t)K(t → r)dt + ST(r) (2.43) com ST(r) = R Z ∞ 0 τ e−τ2K1(R/τ )I0(r/τ )dτ. (2.44)

Sendo que a fun¸c˜ao inc´ognita ZT, que satisfaz a Eq. (2.43), permite a avalia¸c˜ao da velocidade

macrosc´opica e da taxa de fluxo do problema creep t´ermico, a partir da express˜oes

uT(r) = π−1/2ZT(r) − 1 4 (2.45) e UT = 4 R3 Z R 0 uT(r)rdr, (2.46) respectivamente.

(32)

SOLUC¸ ˜OES DE CAR ´ATER ANAL´ITICO

Com o intuito de apresentar solu¸c˜oes de car´ater anal´ıtico para os problemas de Poiseuille e creep t´ermico, a partir da formula¸c˜ao integral do modelo BGK apresentada no cap´ıtulo anterior, prop˜oe-se, neste trabalho, a utiliza¸c˜ao de uma metodologia j´a empregada anteriormente por Kamphorst [Kamphorst, 2009]. Kamphorst, em seu trabalho de tese de doutorado, apresenta as solu¸c˜oes dos dois problemas considerados a partir da aplica¸c˜ao de um m´etodo espectral baseado na utiliza¸c˜ao de uma expans˜ao truncada em termos de splines c´ubicas de Hermite [Schultz, 1973]. A mesma metodologia tamb´em j´a foi empregada em outros trabalhos, entre eles, [Rodrigues et al., 2009; Kamphorst et al., 2009; Russi et al., 2011; Sokoloski et al., 2011].

3.1 Aplica¸c˜ao do M´etodo Espectral

Denomina-se m´etodo espectral a metodologia de resolu¸c˜ao de equa¸c˜oes que tem por base iniciar o processo propondo uma solu¸c˜ao na forma de uma expans˜ao truncada em termos de fun¸c˜oes de base conhecidas.

Assim sendo, no intuito de obter a solu¸c˜ao da equa¸c˜ao integral indicada na Eq.(2.37), inicialmente, prop˜oe-se escrever a fun¸c˜ao inc´ognita Z(r) na forma de uma expans˜ao truncada em termos de splines c´ubicas de Hermite,

Z(r) = L X α=0 aα=α r R. (3.1)

Nela, =α(x) corresponde `a spline c´ubica de Hermite de ordem α, que consiste em uma fun¸c˜ao

(33)

19 conforme definida por Schultz [Schultz, 1973] e apresentada no Apˆendice A deste trabalho. Nesse contexto, os subintervalos n˜ao nulos das splines c´ubicas s˜ao definidos em termos do valor de α a partir de um n´umero pr´e-fixado de n´os no intervalo x ∈ [0, 1].

Na Eq. (3.1) tem-se ainda, os termos aα que representam os coeficientes constantes

que devem ser determinados de modo que a expans˜ao Z(r) satisfa¸ca a formula¸c˜ao integral indicada na Eq. (2.37).

Deste modo, promovendo a substitui¸c˜ao da expans˜ao proposta, bem como, a reali-za¸c˜ao das trocas de vari´aveis:

x = r R (3.2) e y = t R, (3.3) ´

e poss´ıvel reescrever a Eq. (2.37), na forma

L

X

α=0

aα=α(x) − R2{U (x) + V (x)} = S(Rx). (3.4)

Na Eq. (3.4), tem-se as express˜oes

U (x) = Z x

0

y=α(y) K(Ry → Rx)dy (3.5)

e

V (x) = Z 1

x

y=α(y) K(Ry → Rx)dy. (3.6)

Nelas o n´ucleo da equa¸c˜ao integral, j´a definido na Eq. (2.26), ´e reescrito por

K(Ry → Rx) = 2 π1/2 Z ∞ 0 e−τ2F0(Ry/τ, Rx/τ ) dτ τ2, (3.7) sendo F0(Ry/τ, Rx/τ ) =    I0(Ry/τ )K0(Rx/τ ), y < x K0(Ry/τ )I0(Rx/τ ), y > x . (3.8)

(34)

As express˜oes indicadas nas Eqs. (3.5) e (3.6) correspondem `a integral presente na Eq. (2.37), reescrita nestes termos com o intuito de facilitar sua avalia¸c˜ao, tendo em vista que esta depende do n´ucleo da equa¸c˜ao (definido conforme indicado na Eq. (3.7)) que possui uma descontinuidade em y = x, decorrente da defini¸c˜ao do termo F0(Ry/τ, Rx/τ ).

Avaliando a Eq. (3.4) nos pontos de coloca¸c˜ao aqui escolhidos como

xi =  i L 2 , i = 0, 1, 2, . . . , L, (3.9) obt´em-se L X α=0 aα=α(xi) − R2{U (xi) + V (xi)} = S(Rxi), (3.10)

que, ap´os a avalia¸c˜ao da integrais envolvidas na formula¸c˜ao, corresponde a um sistema linear de ordem L + 1, cuja solu¸c˜ao ´e o conjunto de coeficientes aα da expans˜ao proposta na Eq.

(3.1).

A solu¸c˜ao Z(r) determinada atrav´es da metodologia aqui apresentada ´e dita de car´ater anal´ıtico, tendo em vista que ela ´e v´alida para todo r ∈ [0, R], embora a avalia¸c˜ao das integrais presentes na formula¸c˜ao seja realizada mediante a aplica¸c˜ao de m´etodos num´ericos, como ser´a especificado no pr´oximo cap´ıtulo.

3.2 Quantidades de Interesse F´ısico

A resolu¸c˜ao do sistema linear indicado na Eq. (3.10) torna poss´ıvel a obten¸c˜ao das quantidades de interesse f´ısico dos problemas em quest˜ao, tais como as velocidades macrosc´opicas uP(r) = π−1/2 L X α=0 aα=α r R − 1 2 (3.11) e uT(r) = π−1/2 L X α=0 aα=α r R − 1 4, (3.12)

para os problemas de Poiseuille e creep t´ermico, respectivamente. Do mesmo modo, torna-se poss´ıvel ainda, a obten¸c˜ao das taxas de fluxo do g´as mediante a utiliza¸c˜ao das Eqs. (2.42) e

(35)

21 (2.46).

Salienta-se ainda, que tanto para o problema de Poiseuille quanto para o creep t´ermico, os coeficientes aα das Eqs. (3.11) e (3.12) s˜ao dados pela solu¸c˜ao do sistema linear

indicado na Eq. (3.10). O que diferencia os sistemas obtidos para os dois problemas em quest˜ao ´e a presen¸ca do termo n˜ao homogˆeneo S(Rxi), que para o problema de Poiseuille ´e

(36)

ASPECTOS COMPUTACIONAIS E RESULTADOS NUM´ERICOS

Com o intuito de obter resultados num´ericos para as velocidades macrosc´opicas e as taxas de fluxo em escoamentos de gases rarefeitos em dutos cil´ındricos que se devem `a existˆencia de um gradiente de press˜ao na dire¸c˜ao axial do duto (problema de Poiseuille) e, `

a existˆencia de um gradiente de temperatura tamb´em na dire¸c˜ao axial do duto (problema creep t´ermico), optou-se por realizar uma implementa¸c˜ao da solu¸c˜ao de car´ater anal´ıtico apresentada no Cap´ıtulo anterior em Matlab.

Na implementa¸c˜ao a resolu¸c˜ao do sistema dado pela Eq. (3.10) e consequentemente a determina¸c˜ao dos coeficientes da expans˜ao indicada na Eq. (3.1) depende da avalia¸c˜ao de suas integrais. Do mesmo modo como fora feito no trabalho de Kamphorst [Kamphorst, 2009], optou-se por utilizar o esquema de quadratura de Gauss-Legendre. E, como Loyalka e Thompson [Loyalka e Thompson, 2009] afirmam que o esquema de quadratura de Gauss-Kronrod pode ser mais preciso na avalia¸c˜ao de integrais com singularidades, optou-se ainda, por avaliar as integrais usando tamb´em este outro esquema de quadratura.

Entretanto, a formula¸c˜ao apresentada imp˜oe algumas dificuldades decorrentes da forma de defini¸c˜ao do n´ucleo. De fato, esses aspectos podem acarretar um esfor¸co computa-cional muito elevado ou a perda de precis˜ao. Nesse sentido, ´e importante considerar algumas simplifica¸c˜oes e trocas de vari´aveis com o intuito de possibilitar a avalia¸c˜ao das integrais com boa precis˜ao e de reduzir o esfor¸co computacional, bem como, para evitar problemas de overflow na avalia¸c˜ao de algumas fun¸c˜oes presentes na formula¸c˜ao. Tais aspectos s˜ao abordados a seguir na se¸c˜ao Aspectos Computacionais.

(37)

23 4.1 Aspectos Computacionais

O primeiro aspecto a ser considerado ´e a presen¸ca das fun¸c˜oes modificadas de Bessel na defini¸c˜ao do n´ucleo da equa¸c˜ao integral. A avalia¸c˜ao da fun¸c˜ao I0(x) causa problemas

de overflow para valores de x muito grandes, enquanto que K0(x), para valores de x muito

pr´oximos de zero. Uma alternativa, tamb´em j´a utilizada em trabalhos anteriores [Rodrigues et al., 2009; Kamphorst et al., 2009; Russi et al., 2011; Sokoloski et al., 2011] consiste na utiliza¸c˜ao das express˜oes

ˆ

I0(x) = I0(x)e−x (4.1)

e

ˆ

K0(x) = K0(x)ex. (4.2)

Promovendo-se ainda a utiliza¸c˜ao do esquema do pontos de coloca¸c˜ao sugerido na Eq. (3.9), a Eq. (3.8) passa a ser reescrita na forma

ˆ F0(Ry/τ, Rxi/τ ) =    ˆ I0(Ry/τ ) ˆK0(Rxi/τ )e(y−xi)R/τ, y < xi ˆ K0(Ry/τ ) ˆI0(Rxi/τ )e(xi−y)R/τ, y > xi . (4.3)

E, consequentemente, o n´ucleo da equa¸c˜ao integral, K(Ry → Rxi), definido na Eq. (3.7), ´e

reescrito por K(Ry → Rxi) = 2 π1/2 Z ∞ 0 e−τ2Fˆ0(Ry/τ, Rxi/τ ) dτ τ2, (4.4)

A fim de avaliar as integrais presentes no sistema linear indicado na Eq. (3.10) mediante a aplica¸c˜ao dos esquemas de quadratura de Gauss-Legendre ou Gauss-Kronrod usuais, com pontos de quadratura µ ∈ [−1, 1] e seus respectivos pesos ωn faz-se necess´aria a

utiliza¸c˜ao de algumas trocas de vari´aveis, entre elas

x∗ = 2x − a − b

(38)

ou

x∗ = 2e−x− 1, para x ∈ [0, ∞). (4.6)

4.1.1 Avalia¸c˜ao do N´ucleo da Equa¸c˜ao

O n´ucleo da equa¸c˜ao integral, conforme definido na Eq. (4.4), tamb´em apresenta uma divis˜ao por τ2, o que imp˜oe dificuldades na avalia¸c˜ao num´erica desta integral nas

proxi-midades de τ = 0, particularmente quando os valores dos argumentos Ry e Rxi estiverem

bastante pr´oximos. Por´em, tal dificuldade n˜ao se manifesta quando a vari´avel τ tende a zero e os valores de Ry e Rxi n˜ao estiverem bastante pr´oximos, como por exemplo quando

|Ry − Rxi| ≥ 0, 05. Nesses casos, as dificuldades num´ericas impostas pela singularidade,

oriunda da divis˜ao por τ2, s˜ao minimizadas pelo comportamento num´erico das fun¸c˜oes

mo-dificadas de Bessel.

Uma alternativa utilizada para amenizar os efeitos num´ericos provindos da presen¸ca desta singularidade e, consequentemente, evitar problemas na avalia¸c˜ao das integrais, foi usada nos trabalhos [Kamphorst, 2009; Rodrigues et al., 2009; Kamphorst et al., 2009; Russi et al., 2011], consiste em somar e subtrair uma outra integral (sem evidentemente alterar o integrando final), que possa ser avaliada analiticamente de forma que a integral resultante seja mais f´acil de ser avaliada. Segundo esta metodologia, a avalia¸c˜ao da integral K(Ry → Rxi) ´e realizada mediante a considera¸c˜ao de dois casos, um quando |Ry − Rxi| ≥

0, 05 e outro quando |Ry − Rxi| < 0, 05.

No primeiro caso a avalia¸c˜ao do n´ucleo ´e realizada atrav´es da troca de vari´aveis especificada na Eq. (4.6) e a consequente aplica¸c˜ao de um esquema de quadratura, o que resulta em K(Ry → Rxi) = 2 π1/2 Nτ X n=1 ωn e−zn2Fˆ 0(Ry/zn, Rxi/zn) (µn+ 1)zn2 . (4.7) onde zn = − ln  µn+ 1 2  (4.8)

(39)

25 pesos ωn, usados na avalia¸c˜ao desta integral.

Para o caso em que |Ry − Rxi| < 0, 05, optou-se por utilizar uma metodologia que

consiste em somar e subtrair um novo termo na Eq. (4.4), de forma a possibilitar que a integral resultante possa ser avaliada mais facilmente. Portanto, promovendo a subtra¸c˜ao e a soma da integral S1(y, xi) = 2 π1/2 Z ∞ 0 ˆ F0(Ry/τ, Rxi/τ ) dτ τ2 (4.9) ` a Eq. (4.4), tem-se K(Ry → Rxi) = 2 π1/2 Z ∞ 0  e−τ2 − 1 ˆF0(Ry/τ, Rxi/τ ) dτ τ2 + S1(y, xi). (4.10)

Prop˜oe-se ent˜ao, a realiza¸c˜ao da troca de vari´avel

s = 1

1 + τ, (4.11)

que possibilita reescrever a Eq. (4.10) na forma

K(Ry → Rxi) = 2 π1/2 Z 1 0 H(y, xi, s)ds + S1(y, xi), (4.12) em que H(y, xi, s) = e−τ (s)2 − 1 (1 − s)2 Fˆ0  Ry/τ (s), Rxi/τ (s)  , (4.13) sendo τ (s) = 1 s − 1. (4.14)

Efetuando ainda a soma e a subtra¸c˜ao de

S2 = 2 π1/2 Z 1 0 e−sKˆ0(s) ds (4.15)

junto `a Eq. (4.12), obt´em-se

K(Ry → Rxi) = 2 π1/2 Z 1 0 n H(y, xi, s) + e−sKˆ0(s) o ds + S1(y, xi) − S2. (4.16)

(40)

A avalia¸c˜ao num´erica da primeira integral da Eq. (4.16) pode ser realizada atrav´es da troca de vari´aveis indicada na Eq. (4.5) e posterior uso de um esquema de quadratura. Desse modo, obt´em-se

K(Ry → Rxi) = 1 π1/2 Nτ X n=1 ωn n H(y, xi, sn) + e−snKˆ0(sn) o + S1(y, xi) − S2, (4.17) em que sn = µn+ 1 2 . (4.18)

Diante disso, o termo S1(y, xi) pode ser avaliado no software Maple, resultando em

S1(y, xi) = 2π−1/2 Rxi EK(y/xi) se y < xi (4.19) ou S1(y, xi) = 2π−1/2 Ry EK(xi/y) se y > xi, (4.20) sendo EK(x) a integral el´ıptica completa de primeira ordem [Abramowitz e Stegun, 1965],

a qual pode ser avaliada com aux´ılio de uma fun¸c˜ao do pr´oprio Matlab (ellipke(x)). Ainda, o termo S2, presente na Eq. (4.17), ´e avaliado no software Maple como sendo igual a

1, 40202222809807033.

4.1.2 Avalia¸c˜ao dos Termos U (xi) e V (xi)

Ainda, do ponto de vista do esfor¸co computacional requerido, ´e importante avaliar os termos U (xi) e V (xi), definidos nas Eqs. (3.5) e (3.6), apenas nos subintervalos [dα, eα]

para os quais as splines c´ubicas =α(y) assumem valores n˜ao nulos, de forma que

=α(y) = 0, se y /∈ [dα, eα] . (4.21)

Pode-se, ent˜ao, escrever

(41)

27 e,

Uα(xi) =

Z mα,i

y=α(y) K(Ry → Rxi)dy, se xi > dα, (4.23)

sendo

mα,i= min{xi, eα}. (4.24)

Do mesmo modo, tem-se

Vα(xi) = 0, se xi ≥ eα (4.25)

e,

Vα(xi) =

Z eα

nα,i

y=α(y) K(Ry → Rxi)dy, se xi < eα, (4.26)

sendo

nα,i = max{xi, dα}. (4.27)

Diante disso, prop˜oe-se efetuar a troca de vari´avel indicada na Eq. (4.5) a fim de avaliar os termos Uα(xi) e Vα(xi), mediante o uso de um esquema de pontos de quadratura.

Desse modo, ap´os a aplica¸c˜ao do esquema de quadratura, obt´em-se

Uα(xi) = 0, se xi ≤ dα (4.28) e, Uα(xi) = mα,i− dα 2 Ny X m=1

ωmpα,i,m=α(pα,i,m) K(Rpα,i,m → Rxi), (4.29)

se xi > dα, sendo

pα,i,m =

(mα,i− dα) µm+ dα+ mα,i

(42)

Bem como, Vα(xi) = 0, se xi ≥ eα (4.31) e, Vα(xi) = eα− nα,i 2 Ny X m=1

ωmqα,i,m=α(qα,i,m) K(Rqα,i,m → Rxi), (4.32)

se xi < eα, sendo

qα,i,m=

(eα− nα,i) µm+ nα,i+ eα

2 . (4.33)

Nas Eqs. (4.29) e (4.32), a constante Ny corresponde ao n´umero de pontos de

quadratura usados para a avalia¸c˜ao da integral, enquanto que os termos K(Rpα,i,m → Rxi)

e K(Rqα,i,m → Rxi) s˜ao avaliados pela Eq. (4.7) ou pela Eq. (4.17), dependendo se o valor

absoluto da diferen¸ca de seus argumentos ´e maior ou menor do que 0.05.

4.1.3 Avalia¸c˜ao dos Termos Fonte

Nesse contexto, tamb´em faz-se necess´ario avaliar o termo fonte, S(Rxi), presente na

Eq. (3.10). Para o problema de Poiseuille, de acordo com a Eq. (2.40), tem-se

SP(Rxi) =

1 2π

1/2, (4.34)

para i = 0, 1, 2, · · · , L. Enquanto que para o problema creep t´ermico, o termo fonte dado pela Eq. (2.44) ´e avaliado mediante a aplica¸c˜ao de um esquema de quadratura. Entretanto, primeiramente faz-se necess´ario promover a troca de vari´avel indicada pela Eq. (4.5). Desse modo, tem-se ST(Rxi) = R Nτ X n=1 ωn zne−z 2 nK 1(R/zn)I0(Rxi/zn) µn+ 1 , (4.35)

(43)

29 4.1.4 Obten¸c˜ao do Sistema Linear

Diante de tudo o que foi exposto anteriormente, neste cap´ıtulo, o sistema linear indicado na Eq. (3.10) pode ser reescrito na forma matricial

Ta = S, (4.36) em que T =            t1,1 t1,2 t1,3 · · · t1,L+1 t2,1 t2,2 t2,3 · · · t2,L+1 t3,1 t3,2 t3,3 · · · t3,L+1 .. . ... ... . .. ... tL+1,1 tL+1,2 tL+1,3 · · · tL+1,L+1            , (4.37) a =            a0 a1 a2 .. . aL            (4.38) e S =            S(Rx0) S(Rx1) S(Rx2) .. . S(RxL)            , (4.39) sendo ti+1,α+1 = =α(xi) − R2{Uα(xi) + Vα(xi)} . (4.40)

Neste trabalho, para a avalia¸c˜ao dos termos ti+1,α+1, da matriz T, implementou-se

(44)

as splines c´ubicas, =α(xi), s˜ao avaliadas conforme definidas no Apˆendice A, enquanto que

os termos Uα(xi) e Vα(xi) s˜ao avaliados mediante a utiliza¸c˜ao das Eqs. (4.28) ou (4.29) e

(4.31) ou (4.32), respectivamente. Nesse contexto, os pontos e pesos de quadratura, µn e ωn,

usados neste trabalho correspondem aos pontos e pesos dos esquemas de Gauss-Legendre e Gauss-Kronrod, apresentados nos Apˆendices B e C, respectivamente.

A Eq. (4.38) refere-se ao vetor solu¸c˜ao do sistema linear, o qual disp˜oe dos coefi-cientes constantes que devem ser usados na expans˜ao proposta na Eq. (3.1) de modo que esta satisfa¸ca a equa¸c˜ao integral usada para modelar os dois problemas estudados.

Na Eq. (4.39) a avalia¸c˜ao do termo fonte S(Rxi) ´e realizada mediante a Eq. (4.34)

para o problema de Poiseuille e, pela Eq. (4.35) para o problema creep t´ermico.

4.1.5 Obten¸c˜ao das Quantidades de Interesse F´ısico

Uma vez conhecida a solu¸c˜ao do sistema linear descrito anteriormente, torna-se poss´ıvel a obten¸c˜ao das quantidades de interesse f´ısico, sendo elas, as velocidades macrosc´ opi-cas e as taxas de fluxo dos dois problemas estudados.

As velocidades macrosc´opicas s˜ao determinadas a partir da utiliza¸c˜ao das Eqs. (3.11) e (3.12), respectivamente, para os problemas de Poiseuille e creep t´ermico.

As taxas de fluxo, dadas em unidades de volume por unidade de tempo, s˜ao obtidas mediante a aplica¸c˜ao da troca de vari´aveis indicada na Eq. (4.5) e a posterior aplica¸c˜ao de um esquema de pontos de quadratura, nas Eqs. (2.42) e (2.46). Desse modo, para o problema de Poiseuille tem-se

UP = 2 R2 Nr X h=1 ωhuP(rh∗)r ∗ h, (4.41)

enquanto que para o problema creep t´ermico

UT = 2 R2 Nr X h=1 ωhuT(r∗h)r ∗ h, (4.42) sendo r∗h = R 2(µh+ 1). (4.43)

(45)

31 4.1.6 Coment´arios sobre a Implementa¸c˜ao

A fim de obter resultados num´ericos para as quantidades de interesse f´ısico dos problemas estudados, optou-se por realizar uma implementa¸c˜ao em Matlab, visto que este software disponibiliza recursos de programa¸c˜ao que possibilita a resolu¸c˜ao de sistemas lin-eares e, oferece comandos para avalia¸c˜ao de algumas das fun¸c˜oes que necessitam ser avaliadas, entre elas: as fun¸c˜oes modificadas de Bessel e as integrais el´ıpticas.

Assim sendo, a implementa¸c˜ao realizada faz uso dos seguintes parˆametros de entrada: • a magnitude R do raio;

• o valor de L que estabelece a ordem L + 1 da expans˜ao e do sistema linear obtido; • as constantes Nτ, Ny e Nr que indicam o n´umero de pontos de quadratura usados na

avalia¸c˜ao das integrais;

Bem como foram criadas sub-rotinas para:

• calcular os pontos e os respectivos pesos das quadraturas de Legendre e Gauss-Kronrod;

• determinar os pontos de coloca¸c˜ao xi;

• avaliar as splines c´ubicas de Hermite =α(xi);

• determinar os elementos das matrizes que comp˜oem o sistema linear; • obter resultados para o perfil de velocidade;

• obter resultados para a taxa de fluxo.

4.2 Resultados Num´ericos

A seguir s˜ao apresentados alguns resultados num´ericos obtidos mediante a utiliza¸c˜ao da implementa¸c˜ao realizada em Matlab. Paralelamente, ´e realizado um comparativo entre os esquemas de quadratura de Gauss-Legendre e Gauss-Kronrod, utilizados neste trabalho. Do mesmo modo, tamb´em s˜ao comparados os resultados obtidos mediante a utiliza¸c˜ao da implementa¸c˜ao em Matlab, aqui utilizada, e a implementa¸c˜ao em Fortran empregada por

(46)

Kamphorst [Kamphorst, 2009], na qual se faz uso do esquema de quadratura de Gauss-Legendre. Al´em disso, ´e realizada uma an´alise dos perfis de velocidade dos problemas de Poiseuille e creep t´ermico, para escoamentos de gases rarefeitos em diferentes estados de rarefa¸c˜ao.

4.2.1 Compara¸c˜ao dos Esquemas de Quadratura

Neste trabalho optou-se por implementar, em Matlab, esquemas de quadratura de Gauss-Legendre e Gauss-Kronrod, apresentados nos Apˆendices B e C, respectivamente.

Ambos os esquemas de quadratura mostraram-se muito eficientes, sendo que nos casos em que a singularidade ´e mais acentuada, o esquema de quadratura de Gauss-Kronrod pode ser mais preciso, sobretudo para as menores ordens de quadratura, conforme pode ser visto no gr´afico da Fig. 4.1, que apresenta os erros relativos (em %) cometidos ao avaliar o termo K(0.00003, 0.00002), em fun¸c˜ao do n´umero de pontos e pesos de quadratura de cada um dos dois esquemas utilizados.

Figura 4.1 – Erro relativo ao avaliar K(0.00003, 0.00002)

Assim sendo, a utiliza¸c˜ao do esquema de quadratura de Gauss-Kronrod tamb´em possibilita a obten¸c˜ao de resultados num´ericos mais precisos para as grandezas de interesse

(47)

33 f´ısico, se comparado `a utiliza¸c˜ao do esquema de Gauss-Legendre, mediante a utiliza¸c˜ao de esquemas de quadratura da mesma ordem. Fato este, que pode ser constatado nas Tabelas 4.1 e 4.2.

A coluna “Siewert”, das Tabelas 4.1 e 4.2, referem-se aos valores das taxas de fluxo determinadas por Siewert [Siewert, 2000], obtidos mediante o emprego da transforma¸c˜ao proposta por Mitzis [Mitsis, 1963] e a posterior aplica¸c˜ao do m´etodo das ordenada discretas [Barichello e Siewert, 1999]. E, os resultados num´ericos para as taxas de fluxo, indicadas nas outras duas colunas destas tabelas, s˜ao obtidas na implementa¸c˜ao realizada em Matlab usando-se cinquenta pontos de quadratura para a avalia¸c˜ao de todas as integrais envolvidas mediante a utiliza¸c˜ao do esquema de Gauss-Legendre e, quarenta e nove no esquema de Gauss-Kronrod, visto que o primeiro esquema ´e aqui implementado de modo a permitir o c´alculo de um n´umero par de pontos e pesos, enquanto que o segundo, um n´umero ´ımpar. No entanto, observando os resultados num´ericos obtidos a partir da utiliza¸c˜ao de expans˜oes truncadas em termos das splines c´ubicas de Hermite de ordem L = 100 e L = 200, constata-se uma boa convergˆencia dos resultados obtidos mediante a aplica¸c˜ao dos dois esquemas de quadratura. Contudo, a utiliza¸c˜ao do esquema de quadratura de Gauss-Kronrod mostrou-se ligeiramente mais preciso.

Tabela 4.1 – Taxas de fluxo: Poiseuille com R = 0, 01 L = 100 L = 200 Siewert Gauss-Legendre 1.476270 1.476299 1.476313 Gauss-Kronrod 1.476272 1.476301 1.476313

Tabela 4.2 – Taxas de fluxo: creep t´ermico com R = 0, 01

L = 100 L = 200 Siewert

Gauss-Legendre 7.178126(-1) 7.178272(-1) 7.178339(-1) Gauss-Kronrod 7.178137(-1) 7.178281(-1) 7.178339(-1)

4.2.2 Compara¸c˜ao das Implementa¸c˜oes em Matlab e Fortran

Conforme j´a mencionado anteriormente, Kamphorst [Kamphorst, 2009] implemen-tou a solu¸c˜ao anal´ıtica apresentada neste trabalho em Fortran, utilizando o esquema de quadratura de Gauss-Legendre. Comparando os resultados obtidos da implementa¸c˜ao

(48)

reali-zada em Matlab, mediante a utiliza¸c˜ao do esquema de quadratura de Gauss-Legendre, com os respectivos resultados obtidos mediante a utiliza¸c˜ao da implementa¸c˜ao realizada em For-tram, por Kamphorst (atrav´es da utiliza¸c˜ao dos mesmos parˆametros de entrada), constata-se que os seis primeiros d´ıgitos significativos obtidos s˜ao idˆenticos, entretanto o tempo com-putacional requerido atrav´es do Matlab ´e extremamente superior, principalmente `a medida em que os sistemas obtidos tornam-se maiores. No caso da obten¸c˜ao dos resultados indicados nas Tabelas 4.1 e 4.3 para L = 200, por exemplo, em Fortran os resultados s˜ao obtidos em cerca de cinco minutos, enquanto que no Matlab em aproximadamente duas horas.

4.2.3 Resultados Num´ericos para as Quantidades de Interesse F´ısico

Nas Tabelas 4.3, 4.4 e 4.5 s˜ao apresentados alguns resultados num´ericos para as quantidades de interesse f´ısico dos problemas de Poiseuille e creep t´ermico obtidos com a utiliza¸c˜ao da implementa¸c˜ao em Matlab usando-se como parˆametros de entrada L = 300, Nτ = 49, Ny = 79 e Nr = 49 e, mediante a utiliza¸c˜ao do esquema de quadratura de

Gauss-Kronrod.

Kamphorst [Kamphorst, 2009] apresenta em seu trabalho os respectivos resultados das Tabelas 4.3, 4.4 e 4.5 com precis˜ao de seis d´ıgitos ao inv´es dos cinco aqui apresentados (devido ao tempo computacional requerido), por´em fazendo uso de parˆametros de entrada maiores. Salienta-se, no entanto, que os cinco d´ıgitos aqui apresentados concordam com os resultados apresentados por Kamphorst.

Tabela 4.3 – Velocidades para o problema de Poiseuille

r/R R = 0.1 R = 0.2 R = 0.5 R = 1.0 R = 2.0 0.0 8.4868(-2) 1.6981(-1) 4.4197(-1) 9.7186(-1) 2.3533(0) 0.1 8.4624(-2) 1.6928(-1) 4.4035(-1) 9.6764(-1) 2.3408(0) 0.2 8.3885(-2) 1.6767(-1) 4.3546(-1) 9.5492(-1) 2.3032(0) 0.3 8.2636(-2) 1.6497(-1) 4.2720(-1) 9.3348(-1) 2.2399(0) 0.4 8.0844(-2) 1.6109(-1) 4.1539(-1) 9.0295(-1) 2.1503(0) 0.5 7.8461(-2) 1.5593(-1) 3.9976(-1) 8.6269(-1) 2.0329(0) 0.6 7.5407(-2) 1.4934(-1) 3.7983(-1) 8.1170(-1) 1.8856(0) 0.7 7.1554(-2) 1.4103(-1) 3.5486(-1) 7.4829(-1) 1.7046(0) 0.8 6.6668(-2) 1.3052(-1) 3.2348(-1) 6.6933(-1) 1.4826(0) 0.9 6.0238(-2) 1.1673(-1) 2.8258(-1) 5.6767(-1) 1.2025(0) 1.0 4.9705(-2) 9.4175(-2) 2.1620(-1) 4.0481(-1) 7.6517(-1)

(49)

35

Tabela 4.4 – Velocidades para o problema creep t´ermico

r/R R = 0.1 R = 0.2 R = 0.5 R = 1.0 R = 2.0 0.0 3.6510(-2) 6.5888(-2) 1.3366(-1) 2.1014(-1) 2.9703(-1) 0.1 3.6402(-2) 6.5679(-2) 1.3320(-1) 2.0940(-1) 2.9609(-1) 0.2 3.6073(-2) 6.5045(-2) 1.3181(-1) 2.0718(-1) 2.9325(-1) 0.3 3.5517(-2) 6.3970(-2) 1.2943(-1) 2.0337(-1) 2.8833(-1) 0.4 3.4717(-2) 6.2422(-2) 1.2600(-1) 1.9783(-1) 2.8107(-1) 0.5 3.3649(-2) 6.0351(-2) 1.2138(-1) 1.9030(-1) 2.7102(-1) 0.6 3.2275(-2) 5.7679(-2) 1.1537(-1) 1.8039(-1) 2.5743(-1) 0.7 3.0530(-2) 5.4273(-2) 1.0764(-1) 1.6742(-1) 2.3906(-1) 0.8 2.8300(-2) 4.9899(-2) 9.7574(-2) 1.5019(-1) 2.1361(-1) 0.9 2.5333(-2) 4.4035(-2) 8.3810(-2) 1.2592(-1) 1.7575(-1) 1.0 2.0370(-2) 3.4061(-2) 5.9391(-2) 8.0243(-2) 9.6627(-2)

Tabela 4.5 – Resultados para as taxas de fluxo R Poiseuille Creep T´ermico 0.1 1.4040(0) 5.9748(-1) 0.2 1.3816(0) 5.2937(-1) 0.5 1.3867(0) 4.1707(-1) 1.0 1.4583(0) 3.2173(-1) 2.0 1.6577(0) 2.2712(-1)

(50)

4.2.4 An´alise Gr´afica dos Perfis de Velocidade

O modelo matem´atico utilizado [Siewert e Valougeorgis, 2002] faz uso de uma adimensionaliza¸c˜ao que torna o raio f´ısico, R, equivalente ao parˆametro de rarefa¸c˜ao definido nas Eqs. (2.1), (2.2) e (2.3). Logo, nesse caso, o valor de R ´e inversamente proporcional ao n´umero de Knudsen, sendo que

Kn= √ 2 2 1 R. (4.44)

Assim sendo, optou-se por analisar graficamente o perfil de velocidade dos pro-blemas de Poiseuille e creep t´ermico, em cada um dos estados de rarefa¸c˜ao definidos por Karniadakis e Beskok [Karniadakis e Beskok, 2002] e, apresentados no in´ıcio do cap´ıtulo 2 deste trabalho.

Nesse contexto, os gr´aficos apresentados nas figuras a seguir foram constru´ıdos a partir dos resultados num´ericos obtidos na implementa¸c˜ao em Matlab.

(51)

37 A primeira linha de gr´aficos da Figura 4.2 apresenta os perfis de velocidade para o escoamento de um g´as rarefeito em dutos cil´ındricos com R = 150 e R = 50 que corres-pondem, respectivamente, a escoamentos em regimes cont´ınuo e slip-flow. No primeiro, a velocidade do g´as na parede ´e inferior a 0, 1% da velocidade m´axima do escoamento, o que torna vi´avel sua modelagem mediante a utiliza¸c˜ao das equa¸c˜oes de Navier-Stokes [Shames, 1982] com condi¸c˜ao de n˜ao deslizamento na parede. No segundo gr´afico, este percentual aumenta para aproximadamente 2, 7%, o que inviabiliza a utiliza¸c˜ao da condi¸c˜ao de n˜ao deslizamento.

Na segunda linha de gr´aficos da Figura 4.2, s˜ao apresentados os perfis de veloci-dade para R = 1 e R = 0, 001 que equivalem, respectivamente, a escoamentos nos regimes de transi¸c˜ao e de mol´eculas livres. Neles, as velocidades do g´as na parede correspondem aproximadamente a 41, 7% e 63, 5% da velocidade m´axima do escoamento, resultados esses decorrentes dos efeitos de maior rarefa¸c˜ao do g´as.

Figura 4.3 – Perfis de velocidade do creep t´ermico

A primeira linha de gr´aficos da Figura 4.3 apresenta os perfis de velocidade para o escoamento de um g´as rarefeito em dutos cil´ındricos com R = 150 e R = 50 que corres-pondem, respectivamente, a escoamentos nos regimes cont´ınuo e slip-flow. No primeiro, a velocidade do g´as na parede ´e inferior a 0, 1% da velocidade m´axima do escoamento,

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o que torna vi´avel sua modelagem mediante a utiliza¸c˜ao das equa¸c˜oes de Navier-Stokes [Shames, 1982] com condi¸c˜ao de n˜ao deslizamento na parede. No segundo gr´afico, este percentual aumenta para aproximadamente 3%, o que inviabiliza a utiliza¸c˜ao da condi¸c˜ao de n˜ao deslizamento.

Na segunda linha de gr´aficos da Figura 4.2 s˜ao apresentados os perfis de veloci-dade para R = 1 e R = 0, 001 que equivalem, respectivamente, a escoamentos nos regimes de transi¸c˜ao e de mol´eculas livres. Neles, as velocidades do g´as na parede correspondem a aproximadamente a 38% e 63% da velocidade m´axima do escoamento, resultados esses decorrentes dos efeitos de maior rarefa¸c˜ao do g´as.

Logo, pode-se concluir que, quanto maiores os efeitos de rarefa¸c˜ao (para os menores valores de R) menores s˜ao as varia¸c˜oes do perfil em fun¸c˜ao da componente radial, conforme pode ser visualizado nos gr´aficos com os menores valores de R.

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CAP´ITULO 5

CONCLUS ˜OES

A realiza¸c˜ao deste trabalho de Disserta¸c˜ao de Mestrado possibilitou, entre outros, o desenvolvimento de uma pesquisa na ´area da Modelagem de Processos de Transporte que pode contribuir para o desenvolvimento de uma metodologia de car´ater anal´ıtico aplic´avel a uma classe mais ampla de problemas da DGR em geometria cil´ındrica.

As solu¸c˜oes apresentadas para os problemas de Poiseuille e creep t´ermico a partir da aplica¸c˜ao de um m´etodo espectral baseado na utiliza¸c˜ao de uma expans˜ao truncada em termos de splines c´ubicas de Hermite, na equa¸c˜ao integral do modelo cin´etico BGK, usada para descrever o comportamento do escoamento de um g´as rarefeito em um duto cil´ındrico de raio R, possibilitaram a obten¸c˜ao de resultados num´ericos para as quantidades de interesse f´ısico dos problemas estudados mediante a realiza¸c˜ao de uma implementa¸c˜ao em Matlab.

A implementa¸c˜ao em Matlab possibilitou a obten¸c˜ao de resultados num´ericos al-tamente significativos. Entretanto, apesar de facilitar a realiza¸c˜ao da implementa¸c˜ao por possuir comandos pr´e-programados para a avalia¸c˜ao de algumas fun¸c˜oes, a obten¸c˜ao de re-sultados mais precisos acarreta a demanda de um tempo computacional muito elevado se comparado com o Fortran, por exemplo.

Contudo, o emprego de um esquema da quadratura de Gauss-Kronrod na avalia¸c˜ao num´erica das integrais mostrou ser algo que pode contribuir para o desenvolvimento da metodologia, tendo em vista que, atrav´es dele, ´e poss´ıvel obter resultados mais precisos do que mediante a aplica¸c˜ao do esquema de Gauss-Legendre, por exemplo.

Diante da observa¸c˜ao dos resultados num´ericos apresentados, pˆode-se confirmar al-guns dos aspectos te´oricos citados nas bibliografias da ´area da dinˆamica de gases rarefeitos. Entre eles, o efeito da rarefa¸c˜ao do g´as sobre o perfil de velocidade.

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Referências

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