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Alimentação de Cabras leiteiras

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Academic year: 2021

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Alimentação de Cabras leiteiras

Marcelo Teixeira Rodrigues 1

Universidade Federal de Viçosa- Departamento de Zootecnia Av. P.H. Rolfs - Campus universitário -36570-000 – Viçosa – MG Fone +55 31 - 9965-0165 / 3899-3311. e-mail: mtrodrig@ufv.br Introdução

As bases de nosso atual conhecimento sobre o metabolismo de mamíferos tiveram sua fundação a partir das descobertas feitas pelo do brilhante cientista francês Antoine Lavoisier (Prentice, 1995), considerado o pai da química moderna. Lavoisier deu uma grande contribuição ao reconhecer que os processos vitais envolviam o consumo de um novo elemento ao que chamou ‘oxigênio’. Em conjunto com o matemático Pierre-Simon Laplace, devotou considerável atenção aos problemas físicos, em especial aqueles conectados ao calor, desenvolvendo alguns dos primeiros trabalhos em termoquímica. Combinaram calorimetria direta (perda de calor) e indireta (trocas de gases) para mostrar que a quantidade de calor produzida era diretamente proporcional à quantidade de ‘oxigênio’ consumida.

Lavoisier estudou o metabolismo humano e em 1790 determinou que o consumo do ‘oxigênio’ aumentava com o a ingestão de alimentos, trabalho muscular e exposição ao frio. Fez então uma ligação entre seu trabalho em química e o metabolismo com a frase ‘La vie est une fonction chimique’. Infelizmente o mundo prematuramente perdeu o gênio em 1794 quando foi condenado por adulteração de tabaco com água, pela convenção da Revolução francesa, e guilhotinado (Hartman, 1998).

Mais tarde, em trabalhos executados nos EUA, na Universidade da Califórnia - Davis, Max Kleiber e seu grupo, conceituou o metabolismo de energia nos mamíferos e documentou a relação entre a demanda metabólica da glândula mamaria e a economia de energia no animal em lactação, contribuindo de maneira decisiva para o nosso atual conhecimento sobre a partição dos nutrientes no organismo.

As pesquisas dos caminhos bioquímicos que levam à síntese e secreção do leite tiveram seus trabalhos pioneiros com Folley (1956), na Universidade de Reading, UK, ao

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(UW-utilizar substratos radioativamente marcados tais como a glicose e o acetato para investigar os precursores na síntese da gordura do leite. Mais tarde as cabras leiteiras foram usadas como modelo para os estudos dos animais em lactação. Linzell na Universidade de Cambridge, UK (1974), quantificou as absorções de metabólitos utilizados na síntese do leite.

Na Universidade de Cornell - Ithaca, Bauman e Currie (1980), desenvolveram o conceito de homeorresia, como sendo ‘as mudanças orquestradas ou coordenadas no metabolismo dos tecidos corporais para dar suporte a um estado fisiológico considerado dominante’. Esta definição foi utilizada para explicar as prioridades dos diferentes tecidos para a partição dos nutrientes circulantes durante os diferentes estágios de desenvolvimento e fisiológicos tais como a gestação e a lactação.

Esta pequena introdução é um reconhecimento ao trabalho árduo e silencioso de grandes pesquisadores que nos permite avançar no entendimento desta complexa maquina animal e tentar utilizar o nosso ainda incipiente conhecimento na tentativa de otimizar os sistemas produtivos ao mesmo tempo em que se procura o bem estar dos animais em coordenação com o meio ambiente.

Tentaremos fazer uma breve discussão sobre apenas 3 tópicos considerados de grande importância na alimentação das cabras, quais sejam, o período do periparto, a importância da fibra no estabelecimento do consumo, e estratégias utilizadas no fornecimento de rações. Não entraremos em detalhes sobre métodos de cálculos de rações e nem mesmo abordagens sobre exigência nutricional de caprinos, assuntos estes muito bem abordados em livros textos (Ribeiro, 1997) e em encontros científicos e teses (Resende, 1989, 2001, Moulin, 1991; Fandiño, 1989; Batista, 1991, Teixeira, 2004).

Pedimos licença e compreensão dos colegas pesquisadores para o fato de apresentar, no presente artigo, na maioria das vezes, resultados obtidos em estudos elaborados por nossos estudantes de pós-graduação, como um reconhecimento e agradecimento ao trabalho desenvolvido por eles, apesar de considerar a grande contribuição que dezenas de instituições, neste país e no exterior, têm feito em prol do desenvolvimento da caprinocultura.

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O manejo alimentar no período de transição ou do periparto

Ao período correspondente entre o final da gestação e o inicio da lactação, em especial as 3 semanas anteriores e posteriores ao parto, denomina-se periparto ou de transição (Grummer 1995). Embora alguns autores possam classificar o comprimento de tempo de forma diferente, este tem sido o período considerado na maioria dos trabalhos na literatura.

Um enfoque especial para o periparto é de particular importância uma vez que a maioria das doenças infecciosas e desordens metabólicas ocorrem durante este período, como a febre do leite, a cetose, a retenção de placenta, a metrite, e outros, causando grande impacto na resposta das cabras durante toda a lactação. Imunodepressão tem sido relatada (Mallard, 1998) em estudo com vacas, levando a um aumento da susceptibilidade a mastite.

Estudos sobre o manejo e nutrição de animais no período de transição têm recebido atenção durante os anos recentes uma vez que quando comparado a outros estágios do ciclo da lactação, pouco ainda se conhece sobre os processos biológicos fundamentais que coordenam as mudanças metabólicas envolvidas durante este período, marcado, em especial por regulação e coordenação do metabolismo de lipídio entre o tecido adiposo, hepático, intestino e glândula mamaria.

A primeira pergunta a ser respondida é: Qual a importância de um manejo alimentar diferenciado para as cabras, se é que existe esta necessidade, no período de transição?

Muitos dos problemas citados anteriormente são mais comuns quando se trabalha com animais de melhor potencial produtivo. Historicamente os problemas relatados começaram a ser mais prevalentes à medida que o potencial de produção de leite aumentou nos paises mais desenvolvidos. Concomitantemente foi verificada menor eficiência reprodutiva de animais de alta produção e hoje sabemos que o desconhecimento sobre manejo alimentar durante o período de transição é o maior responsável por estes problemas.

O desafio primário encontrado pelas cabras é uma queda significativa no consumo de alimentos com a aproximação do parto ao mesmo tempo em que a demanda por nutrientes está em progresso a cada dia.

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Rodrigues (2001) observou uma redução de consumo de matéria seca (CMS) da ordem de 16% nos últimos 30 dias que antecedem ao parto, enquanto a demanda de proteína é acrescida em 40,5% e 53,3% acima da exigência de mantença, para o crescimento de 1 e 2 fetos, respectivamente (Fandiño, 1989). Ao mesmo tempo a demanda de energia metabolizável (kcal/kg0,75), somente para o crescimento fetal, é acrescida de 78,1 kcal/kg0,75 e 83,5 kcal/kg0,75 diariamente, para 1 e 2 fetos, respectivamente, entre os dias 100 a 140 de gestação (Moulin, 1991). Deve-se lembrar que a exigência de mantença de cabras, em manejo intensivo é de aproximadamente 127 kcal EM/kg0,75 (NRC, 1981). Isto significa um aumento na demanda energética entre 61,5 a 65,7 %.

Após o parto o desafio continua, uma vez que a demanda por nutrientes aumenta mais rapidamente do que o acréscimo no consumo de matéria seca e, portanto com um suprimento de nutrientes inferior ao necessário causando o que se denomina balanço negativo.

Uma grande dificuldade que os produtores têm ao lidar com os animais no periparto é o monitoramento dos fatores que poderiam indicar a possibilidade do aparecimento de desordens metabólicas. A obtenção destas informações é feita pela coleta de sangue ou mesmo biopsias de fígado, para que se monitorem os níveis de ácidos graxos não esterificados, glicose, corpos cetônicos, triglicérides, enzimas, etc, o que na grande maioria dos casos está fora do alcance dos produtores. Existem, no entanto ferramentas que podem ser utilizadas como indicadores destes problemas, e entre elas deve-se destacar a avaliação do escore da condição corporal (ECC) como também o monitoramento do consumo de alimentos pelos animais, e quando possível, as variações de peso no período.

Um estudo foi desenvolvido por Rodrigues (2001) com o objetivo de avaliar as relações entre diferentes níveis de energia em dietas, durante o período de transição. Utilizou-se 48 cabras gestantes e posteriormente 45 cabras lactantes, alojadas em baias individuais em período experimental de 90 dias, sendo 30 dias antes do parto previsto até 60 dias de lactação. Os animais apresentavam escore da condição corporal (ECC) dentro do intervalo de 2,5 a 4 (mediana = 3,25). Durante o período pré-parto, foram oferecidas às cabras dietas isoprotéicas (13% de PB), com diferentes níveis de energia (1,1; 1,4 e 1,6 Mcal de EL/kg de MS), e, durante o período pós-parto, as dietas também foram isoprotéicas

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(16% de PB), com dois níveis de energia (1,4 e 1,6 Mcal de EL/kg de MS). Durante 21 dias anteriores ao parto previsto até 21 dias após o parto, foram coletadas amostras de sangue a cada sete dias para análise de ácidos graxos não-esterificados (AGNE). Os AGNE são utilizados para quantificar a quantidade de gorduras deixando o tecido adiposo em direção ao fígado, o que significa uma mobilização de energia pelo animal.

Valores de consumo e energia no período pré-parto são apresentados na tabela 1. Tabela 1. Médias de consumo de matéria seca e energia para cabras alimentadas com três níveis de energia durante os 30 dias anteriores ao parto.

Nível de energia liquida da dieta (Mcal/kg MS) Variável

1,1 1,4 1,6

CMS g/kg0,75 40,53b 48,93a 48,48a

CEL kcal/kg0,75 46,25c 69,69b 78,53a

As médias seguidas de pelo menos uma mesma letra, na linha, não diferem entre si pelo teste de Student-Newman Keuls, a 5% de probabilidade.

Ao se aumentar o nível de energia líquida das dietas, houve aumento (P<0,05) no consumo de MS e EL. Considerando que a exigência de energia liquida para atendimento da gestação nesta fase é estimada em 79,8 kcal/kg0,75 (Ribeiro, 1998), verifica-se que esta demanda é atendida somente quando as cabras estiverem recebendo uma ração com uma concentração de 1,6 kcal EL/kg MS, isto por causa do baixo consumo observado nesta fase. Espera-se um consumo de MS entre 55 a 60 g/kg0,75 durante o período seco, anterior aos 30 finais da gestação.

Valores de consumo e energia no período pós-parto são apresentados na tabela 2. Tabela 2. Médias de consumo de matéria seca e energia para cabras alimentadas com dois níveis de energia durante os 60 dias posteriores ao parto.

Nível de energia liquida da dieta (Mcal/kg MS) Variável

1,4 1,6

CMS g/kg0,75 88,98 99,96

CEL kcal/kg0,75 123,28b 159,40a

As médias seguidas de pelo menos uma mesma letra, na linha, não diferem entre si pelo teste de Student-Newman Keuls, a 5% de probabilidade.

As cabras apresentaram consumo semelhante no período pos parto com conseqüente maior suprimento de energia para aquelas consumindo a dieta mais energética.

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As cabras consumindo a ração mais energética apresentaram uma produção diária de 3,5 kg durante os primeiros 60 dias, um valor superior (P<0,05) ao alcançado por aquelas consumindo a ração com 1,4 Mcal/kg, que foi de 2,88 kg/dia. O pico da lactação com as cabras recebendo a ração mais energética ocorreu aos 37 dias (3,69 kg/dia) enquanto que cabras recebendo a dieta com 1,4 Mcal/kg, produziram 3,16 kg/dia, aos 39 dias, portanto, com uma redução de 14,5%.

Os dados relativos aos níveis de AGNE no plasma são apresentados nas tabelas 3 e 4. Tabela 3. Médias da concentração de AGNE no plasma (uM) de cabras alimentadas com dietas contendo diferentes níveis de energia liquida durante o período pré-parto.

Dias relativos ao parto Nível de EL

-21 -14 -7 Parto

1,1 kcal/kg 556 563 a 510 805a

1,4 kcal/kg 455 290 b 345 559b

1,6 kcal/kg 299 347 b 339 502b

As médias seguidas de pelo menos uma mesma letra, na coluna, não diferem entre si pelo teste de Student-Newman Keuls, a 5% de probabilidade.

Em relação aos níveis de AGNE, durante o período pré-parto, apenas aos 14 dias antes do parto e no dia do parto houve influência (P<0,05) dos níveis de energia líquida, sendo que as cabras que consumiram a ração menos energética apresentaram maiores concentrações de AGNE.

Tabela 4. Médias da concentração de AGNE no plasma (uM) de cabras alimentadas com dietas contendo diferentes níveis de energia liquida durante o período pós-parto.

Dias relativos ao parto Nível de EL

0 7 14 21

1,4 kcal/kg 675 556 496 392

1,6 kcal/kg 569 434 404 304

As médias seguidas de pelo menos uma mesma letra, na coluna, não diferem entre si pelo teste de Student-Newman Keuls, a 5% de probabilidade.

Verifica-se que os níveis de energia das dietas oferecidas durante o período pós-parto não influenciaram (P>0,05) a concentração de AGNE no plasma sanguíneo das cabras. O pico de AGNE, durante o período de transição, ocorre quando o CMS está reduzido, próximo ao parto, sendo a relação entre consumo e AGNE associada ao aumento de mobilização de gordura durante os períodos em que o consumo é limitado.

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A analise dos dados levou a sugerir que cabras, com potencial de produção semelhante ao do nível estudado (3 kg/dia) e ECC entre 2,5 e 4,0, apresentam uma boa tolerância quanto à possibilidade de aparecimento de problemas metabólicos. Isto porque a demanda por nutrientes, necessária para atender o crescimento fetal como também a manutenção e produção de leite, foi bem tolerada mesmo no caso do fornecimento de uma ração com concentração inadequada de energia, inferior aos valores recomendados pelo NRC (1981).

As limitações impostas por um consumo deficiente em conjunto com fatores que possam causar stress tais como os hormonais e mesmo aqueles causados pelo manejo, ao ajustar os animais para a nova fase de lactação, sem duvidas contribuem para a alta incidência de desordens de saúde neste período de transição.A incidência de problemas metabólicos nos rebanhos será portanto, uma função do potencial produtivo das cabras e também do manejo adotado em cada propriedade.

Observe que os animais que receberam rações com reduzida concentração de energia apresentaram durante todo o período de transição níveis elevados de AGNE, assim como, um menor consumo de matéria seca e menor produção de leite. Se considerarmos que o mecanismo de partição energética será similar em animais com maior potencial de produção, mas com a diferença na magnitude dos valores de consumo, bem como nos valores de AGNE sendo mobilizados, é possível imaginar os efeitos negativos que um desequilíbrio desta ordem poderá causar. A demanda por nutrientes neste caso poderá ser superior à capacidade de reserva das cabras.

Uma observação digna de nota é que níveis de AGNE acima de 500 mM, duas semanas após o parto, têm sido considerados como indicadores de que o suprimento de aminoácidos e compostos gliconeogênicos pode estar abaixo do ótimo considerado, enquanto os componentes cetogênicos e ácidos graxos de cadeia longa podem estar em excesso. Este desequilíbrio no metabolismo de fontes de energia pode potencializar o decréscimo no consumo de matéria seca com conseqüente redução na resposta produtiva das cabras, conforme evidenciado em uma serie de trabalhos sobre o metabolismo dos tecidos hepático e extra-hepático em caprinos e bovinos (Drackley, 1999, Grummer, 1995).

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Estudos com cabras apresentando níveis de produção mais elevada e com condição de escore corporal numa faixa mais ampla são ausentes na literatura atual, e devem ser objeto de pesquisa uma vez que a cada dia estes animais estão representando proporção significativa dos rebanhos especializados.

O que se deve observar para um bom manejo das cabras no periparto? Dois pontos básicos serão aqui ressaltados:

1. Conferir o Escore de condição corporal.

Animais deverão parir com ECC entre 3 a 4 (Ribeiro, 1997). Deve-se lembrar, no entanto, que a avaliação do ECC não deve ser feita somente ao separar os animais para o parto. Em um rebanho adequadamente manejado o ECC torna-se uma das ferramentas essenciais para que o produtor possa avaliar o comportamento dos animais quanto a eficiência com a qual está utilizando o alimento. Duas cabras poderão estar utilizando uma mesma ração, produzindo quantidades semelhantes de leite, mas com variações de peso diferentes o que irá conferir a elas diferentes ECC. Uma poderá estar ganhando peso, portanto, aumentando seu ECC. Este é um caso típico, onde a partição de energia esta sendo conduzida para acumulo de gorduras na carcaça ao invés de produção de leite. Nesta condição o produtor poderá reduzir a quantidade de concentrados sendo oferecida ou, não sendo possível, uma vez que a ração está sendo oferecida em grupos, poderá lançar mão de técnicas como o uso de modificadores metabólicos como, por exemplo, o fornecimento de hormônio do crescimento fazendo com que o animal venha mobilizar gorduras para a produção ao invés de depositá-la no tecido adiposo.

Um cuidado a ser tomado, entretanto, é que a redução total de concentrados ou mesmo aplicação de hormônios visando redução de ECC nos últimos 30 dias anteriores ao parto, para animais que se apresentam gordos, não é a melhor conduta a ser tomada uma vez que nesta fase as cabras estarão mobilizando grande quantidade de glicose para o crescimento fetal, e como verificado anteriormente, estarão reduzindo o CMS. Portanto, este será um momento de se ter garantia que o equilíbrio de nutrientes seja positivo.

De maneira oposta, cabras que chegam próximo ao parto com ECC abaixo de 2,5 serão candidatas a problemas futuros, em especial aquelas de maior potencial produtivo, em função do fenômeno fisiológico da homeorresia, ou seja, as mudanças coordenadas no

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metabolismo dos tecidos corporais para dar suporte à gestação. Assim, neste período as cabras dificilmente terão capacidade de acumular tecido de reserva, mesmo com o fornecimento destas, tais como uso de óleos nas rações aumentando a concentração de energia disponível. Temos o que se denomina de resistência a ação da insulina nos tecidos adiposos, ação esta conhecida como potencializadora de lipogênese, que se torna limitada temporariamente. O uso de dietas com grande quantidade de precursores de açucares pode contribuir para a manutenção da glicemia no animal, e o crescimento fetal, o que é positivo, mas não estará contribuindo para a reposição das reservas corporais.

2. Alterar a concentração de nutrientes das dietas de cabras secas

A dieta a ser calculada para o período de 3 a 4 semanas anteriores ao parto previsto deverá receber um aumento nos níveis de energia e proteína, para que os animais atendam as necessidades do crescimento fetal em momento de decréscimo no consumo de MS, sem contudo aumento exagerado no uso de concentrados.

Morand- Fehr e Sauvant, (1978) recomendam um suprimento máximo de concentrados de 8 g de MS/kg de peso do animal. Para uma cabra com 55 kg isto representa 440 g/dia. Este é um valor é recomendado para situações onde as cabras estejam em boa condição corporal e além disto, recebendo uma forrageira de boa qualidade, condição bastante comum em regiões temperadas. Deve-se lembrar contudo que, apesar da menor quantidade de concentrados utilizados nesta fase final da gestação, a concentração de energia e de proteína deverá ser similar a de cabras iniciando o período de lactação.

Um aumento no uso de misturas concentradas irá auxiliar a adaptação das cabras para rações com maior participação desta fração ao iniciar a lactação ajudando a preparar a papila do rúmen e também os microrganismos para a nova fase, alem de reduzir a possibilidade de stress nutricional e desordens metabólicas, fatores estes que podem levar a uma redução ainda maior no consumo diário, o que é o único cenário que tentamos minimizar neste momento.

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O consumo alimentar e sua relação com a concentração de fibra nas dietas de cabras leiteiras

O consumo voluntário é definido como sendo a quantidade máxima de matéria seca (MS) ingerida por um animal ou grupo de animais durante um determinado período de tempo no qual há livre acesso ao alimento (Forbes, 1995).

No caso de ruminantes a ingestão de matéria seca é controlada por fatores fisiológicos, físicos, e psicogênicos (Mertens, 1994). A chamada ação fisiológica é regulada primariamente pela demanda de energia do organismo conforme demonstrado nos trabalhos clássicos de Kleiber (1962). Assim, a principio os animais terão seu consumo regulado pela satisfação da demanda energética.

O segundo mecanismo refere-se à distensão física do rúmen-retículo, caracterizada pelo fenômeno da repleção ruminal. Este fenômeno de controle de consumo tem grande importância para os animais ruminantes como a cabra, onde o uso de forrageiras implica em adicionar grande quantidade de fibra, material este com capacidade para exercer atividade de repleção, podendo, portanto, sobrepor o consumo de energia como fator limitante primário.

A regulação psicogênica envolve o comportamento animal em resposta a fatores inibidores ou estimuladores no alimento, ou no manejo alimentar, que não são relacionados ao valor energético do alimento, nem ao efeito de repleção.

A presença da entidade nutricional chamada fibra, nos alimentos, é determinada em laboratório pela analise de fibra em detergente neutro (FDN). A fibra é caracterizada por apresentar lenta degradação no rúmen ou mesmo indigestibilidade. Como os componentes químicos da fibra fazem parte da parede celular das plantas, o tempo necessário para reduzir o tamanho destas estruturas biológicas é dependente da ação física da mastigação. Assim, na maioria das vezes a fibra apresenta uma reduzida taxa de transito, aumentando a quantidade de resíduos não digeridos que permanecem no rúmen, levando ao efeito da repleção. A conseqüência disto é que alimentos que apresentam alta concentração de FDN, como os volumosos, poderão afetar o consumo com reflexos sobre a resposta animal.

Tem sido demonstrado que a fibra apresenta uma razão inversa com a disponibilidade de energia (Mertens, 1994). A relação entre a ingestão de MS e o conteúdo de FDN da

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ração apresenta uma natureza quadrática, sendo o ponto de inflexão o momento onde as ações do controle físico e fisiológico são semelhantes. O calculo da concentração de fibra da dieta no ponto de inflexão informará a quantidade máxima possível de forrageira para que o consumo de energia pelo animal seja maximizado. As recomendações de níveis de fibras nas dietas de bovinos, em especial para o gado leiteiro, já são rotineiras em função do vasto material publicado nos últimos anos.

Mertens (1983) sugeriu que uma dieta apresentando 35% de FDN seria capaz de estimular o máximo consumo de MS e fibra para vacas produzindo entre 25 a 30 litros de leite. Maiores concentrações de FDN irão limitar o consumo devido aos efeitos da repleção no rúmen-reticulo, enquanto que o consumo de dietas, com menor concentração em FDN, será limitado ao se atingir o requerimento de energia do animal. As atuais recomendações do NRC (2001), sugerem um mínimo de 25 a 33% de FDN na dieta, dependendo da proporção de FDN que é oriunda da forragem.

Em 1987 Mertens sugeriu um valor médio de 1,25% do peso do animal para expressar a ingestão ótima de FDN na ração de animais em lactação. Esta recomendação é sugerida com base no principio de que animais ruminantes teriam um consumo de fibra constante, após atingir o limite físico do rúmen.

Atualmente, não existem na literatura dados suficientes sobre recomendações de níveis ótimos de fibra para a espécie caprina. Em função da limitação desta informação, tem-se seguido, portanto, orientações fornecidas de material específico para o gado bovino, como o NRC (1989) e NRC (2001). Sabe-se que, alem das diferenças nas exigências por energia, proteína e minerais, as atividades de mastigação, tempo de retenção de partículas no rúmen e produção de substâncias tamponantes pela saliva são diferentes entre caprinos e bovinos, o que torna o uso de dados daquelas tabelas teoricamente errado e, portanto temerário.

O efeito de dietas apresentando diferentes concentrações de fibra sobre o consumo e a produção de leite de cabras, a fim de estabelecer limites máximos e mínimos recomendáveis nas rações foi estudado por Carvalho (2002), utilizando 25 cabras da raça Alpina com aproximadamente 50 dias de lactação ao inicio de um experimento com duração de 60 dias. Foram testadas cinco dietas constituídas por diferentes níveis de FDN provenientes da forragem (FDNF), sendo os níveis de FDNF utilizados de 20, 27, 34, 41 e

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48% da MS. A ração foi oferecida em mistura completa constituída de feno de Tifton-85 (Cynodon sp.) + mistura concentrada. O feno de Tifton utilizado naquele experimento foi considerado de excelente qualidade, com valores de FDN de 69% e 16% em PB.

Na figura 1 são apresentados os valores de consumo de MS e de FDN para os diferentes níveis de fibra da dieta, como também a produção de leite observada nos respectivos níveis de fibra. A adição de níveis crescentes de FDNF à dieta produziu efeito linear decrescente (P<0,05) no consumo de matéria seca.

Ocorreu, no entanto, um efeito linear crescente (P<0,01) no consumo de FDNF. Verifica-se que o consumo de fibra variou linearmente de 1,06 a 1,94% do PV, demonstrando que as cabras apresentaram capacidade de acomodar quantidades crescentes de fibra no rúmen, não sendo observado um valor limite para os animais até o nível estudado, mesmo apresentando um consumo de MS decrescente. O valor médio observado para a ingestão de FDN de 1,53 ± 0,4% do PV, encontra-se acima do recomendado pelo NRC (1989), que sugere o valor máximo de 1,2% ± 0,1%PV para gado leiteiro.

A adição de fibra às dietas resultou em um efeito linear decrescente sobre a produção de leite, após o nível de 27 % de FDNF. Ao se analisar a eficiência com a qual a energia metabolizável da ração foi utilizada para produção de leite verificou-se uma resposta crescente até o nível de 35,4% de FDNF, onde esta atingiu um plateau. Com base na produção de leite, no consumo de MS, de fibra e da Energia (não apresentado na figura 1), foi sugerido o nível de 35% de FDNF como sendo a concentração onde se obteria a melhor eficiência biológica no uso de forrageiras em rações de cabras leiteiras com níveis de produção semelhante ao estudado.

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Fig 1 Produção de leite e consumo de cabras em função do nivel de fibra da dieta

4,0 4,7 3,5 3,4 3,9 5,0 4,7 4,2 4,4 4,6 1,1 1,4 1,6 1,7 1,9 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 15 20 25 30 35 40 45 50 FDNF (%MS) CM S , CF DN , P L PL (kg/dia) CMS (%PV) CFDN (%PV)

Publicações especializadas sobre exigências nutricionais de caprinos tais com NRC (1981) e AFRC (1993), apresentam a energia como o fator regulador do consumo, mas deixam de reconhecer a interferência da fibra em dietas com maior participação de forrageiras.

O efeito da qualidade da forrageira sobre a resposta animal

Experimentos vêm sendo conduzidos atualmente com o objetivo de avaliar a interação existente entre os efeitos dos níveis de fibra e sua qualidade sobre a resposta produtiva em cabras leiteiras. Em estudo utilizando cabras aos 60 dias em lactação no inicio do experimento, Branco (2004a), avaliou o efeito da qualidade da forrageira, utilizando o feno de Tifton colhido em diferentes idades em rações isoprotéicas e com níveis de 20, 28, 36, 44 e 50% FDNf. A forrageira mais nova apresentava valor de 82,4% de FDN e 11,5% PB, sendo considerada como de mediana qualidade. A gramínea colhida em período posterior apresentou um valor médio de 87,9 % de FDN e 6,5% de PB, sendo considerada de baixa qualidade. Ao se analisar o consumo de matéria seca dos animais (CMS), verificou-se uma

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resposta quadrática com ponto de inflexão ocorrendo, em ambos os experimentos, com o nível de 28% de FDNf, conforme apresentado na tabela 5.

Tabela 5. Consumo de matéria seca por cabras em função dos níveis de Fibra oriunda da forragem e da maturidade da forrageira utilizada.

Nível de FDNf (%)

Variável 20 28 36 44 50

Feno de tifton (Qualidade mediana)

Consumo de MS (kg.dia-1) 2,11a 2,15a 1,82ab 1,72ab 1,49b Feno de tifton (Baixa qualidade)

Consumo de MS (kg.dia-1) 1,54b 1,87a 1,74ab 1,50b 1,49b Médias seguidas pelas letras iguais nas linhas não diferem entre si pelo teste de Student de Newman Keuls, a 5% de probabilidade.

Na comparação entre os valores observados verifica-se que o uso da forrageira de maior maturidade causou uma redução no consumo quando o nível de 20% de FDNf foi utilizado, provavelmente em função da grande quantidade de concentrados na ração. O uso de forrageira com melhor qualidade permite uma maior participação na composição da ração, resultando em manutenção do consumo.

Qual a importância desta observação?

O uso de uma forrageira com maturidade avançada será limitante caso seja necessário alimentar cabras com grande capacidade para produção de leite, isto porque a participação da forrageira em dietas com níveis reduzidos de fibra, para garantir alto consumo de energia disponível, deverá ser pequena. Existe, no entanto, uma dificuldade do animal lidar com níveis elevados de concentrado em dietas, uma vez que a estabilidade de ambiente ruminal ficará prejudicada, o tempo gasto em ruminação será reduzido, contribuindo com menor tamponamento do rúmen levando a maior variação de pH, podendo provocar uma queda no consumo, o que não é desejável. A observação de quadros de acidose é bastante comum nos casos onde níveis elevados de concentrados são utilizados. A própria redução de consumo pelos animais pode ser um reflexo de um quadro de acidose subclinica, ou de outras complicações metabólicas relativas ao uso demasiado de concentrados. Nível elevado de carboidratos de fácil digestão como os açúcar têm também limitação em uma dieta. O uso destes nutrientes será abordado em seção subseqüente.

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O uso de níveis mais elevados de forrageira em geral será benéfico, do ponto de vista econômico quando a forrageira apresentar custos menores de energia disponível do que o custo da energia dos alimentos concentrados. Note que neste caso, ao se utilizar o feno com mediana qualidade, o fornecimento da ração com 44% de FDNf não foi suficiente para reduzir o consumo de MS de maneira significativa, quando comparado ao nível de consumo da ração com 28% de FDNf. Ao se fazer uma comparação semelhante com a forrageira com maior maturidade verifica-se uma queda significativa no CMS ao nível de 44% de FDNf. Isto implica dizer que o uso de uma forrageira de menor qualidade limita sua utilização pelo produtor. Ao se tentar utilizar uma maior quantidade daquele alimento com o objetivo de se reduzir custo o produtor poderá na realidade promover uma resposta contraria uma vez que reduções no consumo representam também quedas em produção.

Uma comparação entre os dados observados nos experimentos citados anteriormente.

O comportamento das curvas de consumo e produção de leite dos animais utilizados nos experimentos já citados de Carvalho (2002) e Branco (2004b) serão apresentados em conjunto, na tabela 6 e nas figuras 2 e 3, para apreciação e discussão.

Os dois experimentos citados foram executados utilizando-se cabras do mesmo rebanho, com potencial de produção semelhante, as forrageiras foram obtidas em um mesmo campo de produção, e os niveis de fibra utilizados nas dietas foram bastante semelhantes. A grande diferença nos estudos foi que a graminea utilizada por Carvalho (2002), apresentou 69,4% de FDN e 16% de PB, podendo ser considerada como de alta qualidade.

No experimento de Carvalho (2002) as cabras foram capazes de consumir uma maior quantidade de fibra (tabela 6), expressa como um porcentual do peso das cabras, provavelmente por melhor acomodação no rumen, atingindo a 1,9% do peso do animal. No experimento conduzido por Branco (2004b), a capacidade de consumo de fibra apresentou valores que sugerem uma menor magnitute, apesar de não se poder fazer qualquer inferência estatística em comparar os diferentes experimemtos. Uma maior acomodação de fibra no rumen reflete em valores mais elevados de consumo de MS.

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Tabela 6. Consumo da fibra por cabras, em função da maturidade de forrageiras. Nível de FDNf (%) Experimento de Carvalho (2002)

Variável 20 27 34 41 48

Consumo de FDN (% do PV) 1,1 1,4 1,6 1,7 1,9

Nível de FDNf (%) Experimento de Branco (2004)

20 28 36 44 50

Feno de Mediana qualidade

Consumo de FDN (% do PV) 1,2 1,3 1,4 1,6 1,6

Feno de Baixa qualidade

Consumo de FDN (% do PV) 0,9 1,2 1,4 1,4 1,5

Verifique nas figuras 2 e 3 que o comportamento dos animais ao se adicionar fibra às dietas é bastante semelhante, tanto no consumo quanto na produção de leite. A magnitude dos valores encontrados faz no entanto a grande diferença. No experimento de Carvalho (2002) foi possivel manter niveis de produção superior a 3,5 kg de leite, durante os 60 dias de experimento mesmo quando se ofereceu uma ração com níveis próximos a 50% de fibra.

O uso de forrageiras de melhor qualidade torna o manejo da alimentação, ao longo da lactação, mais simplificado. Uma eventual retirada de concentrados, em função de alteração de custos na propriedade e mesmo por uma redução na produção de leite das cabras, reduz a possibilidade de que mudanças bruscas no comportamento animal tais como queda no consumo e na produção de leite sejam observados.

Um outro aspecto a ser considerado é a economia no uso da mistura concentrada, em geral mais economica quando se faz uso de forrageiras de melhor qualidade. As forrageiras de qualidade inferior apresentam tambem menor concentração em PB. Será, portanto necessario compensar esta deficiência elevando-se a concentração de PB nos concentrados, o que representa um custo mais alto destas mistruras.

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Figura 2. Efeito da qualidade e quantidade da fibra da forragem sobre o CMS em caprinos

1 1,3 1,6 1,9 2,2 2,5 2,8 3,1 15 20 25 30 35 40 45 50 FDN da dieta (%) C M S ( kg.dia -1 )

Feno 88%FDN Feno 82%FDN Feno 69%FDN

Figura 3. Efeito da qualidade e quantidade de fibra da forragem sobre a Produção de leite em

caprinos 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5 5 15 20 25 30 35 40 45 50 FDN (%) P roduç ão ( kg. dia -1 )

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A efetividade da fibra

A utilização da FDN como única forma de mensurar a contribuição da fibra de um alimento ou ração é insuficiente para se predizer a resposta animal. Para quantificar as diferentes respostas, quando uma mesma concentração em FDN é utilizada em rações contendo fontes de fibras distintas, criou-se o termo efetividade.

A efetividade tem sido particularmente estudada em duas classes de alimentos, sendo estas: as forragens processadas em diferentes formas físicas, e os de subprodutos da indústria, ricos em fibra (em geral obtidos do processamento de produtos concentrados como o milho, aveia, cevada, citrus, soja, etc.). A natureza da parede celular nos subprodutos confere propriedades físicas e químicas diferentes daquelas de plantas forrageiras o que torna sua degradação e passagem pelo rúmen diferenciada.

Existem varias maneiras de se avaliar o valor de efetividade da fibra, sendo que a capacidade em manter o teor de gordura do leite e a estimulação da ruminação as duas formas mais utilizadas. Em função disso dois novos termos foram sugeridos, a FDN efetiva (FDNe) e a FDN fisicamente efetiva (FDNfe). A FDN efetiva (FDNe) é relacionada com a habilidade de um alimento em substituir a forragem de forma que o teor de gordura no leite seja mantido. A resposta do animal associada à FDNe é a variação no teor de gordura do leite (Armentano & Pereira, 1997). A FDN fisicamente efetiva (FDNfe) é relacionada com as propriedades físicas da fibra (tamanho da partícula) que estimulam a ruminação, (Mertens, 1997). Através da ingestão de partículas grandes, os ruminantes mantêm uma manta de fibra entrelaçada flutuante no rúmen, que estimula a ruminação através do contato com sua parede e retém as partículas de menor tamanho, proporcionando tempo suficiente para sua digestão. Após vários ciclos de ruminação, as partículas fibrosas são reduzidas a um tamanho que permite sua saída do rúmen; isto está intimamente ligado a FDNfe.

Os valores de efetividade da fibra para caprinos são muito reduzidos na literatura atual. Dados obtidos com bovinos têm sido utilizados para o preparo das rações. Ensaios experimentais para avaliar a efetividade da fibra de fontes não forrageiras em cabras leiteiras foram conduzidos por Campos (2003). A efetividade da fibra de quatro alimentos foi avaliada, a saber, o resíduo de cervejaria, o milho com palha e sabugo (MDPS), o farelo

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de trigo, e o caroço de algodão sendo encontrados os valores 14,9% e 55,3%, 0% e de 100%, respectivamente. Estes valores são condizentes com os encontrados na literatura para a espécie bovina. Para a fibra existente nos alimentos ditos concentrados tem-se utilizado o valor zero para a efetividade.

O problema de uso de dietas com grande participação de concentrados

Os carboidratos representam a principal fonte de energia em dietas formuladas para ruminantes, podendo representar, em alguns casos, mais de 80% da MS destas rações. Nutricionalmente, esta fração é constituída de carboidratos fibrosos (CF), de lenta e parcial digestão, que exercem efeito de repleção no trato gastrintestinal, e de carboidratos solúveis em detergente neutro (CSDN), também chamados de carboidratos não-fibrosos (CNF), que representam a fração prontamente disponível à digestão.

O aumento na concentração de CSDN nas dietas, de maneira geral, resulta em maior consumo de energia metabolizável, fluxo de proteína microbiana e, conseqüentemente, maior produção de leite. Entretanto, alta proporção destes nutrientes pode alterar o perfil de fermentação, reduzindo o pH ruminal, a digestibilidade da fibra e a eficiência de síntese de células microbianas, além da possibilidade de reduzirem a concentração de constituintes lácteos, notadamente gordura.

Neste grupo de carboidratos estão incluídos não só o amido e açúcares solúveis, mas também um grupo de carboidratos denominados fibra solúvel em detergente neutro (FSDN) ou polissacarídeos não amiláceos (PNA) constituídos de pectina, (1→3) (1→4) β-glicanos, e frutosanas.

Esta diversidade de carboidratos não tem sido levada em consideração pelos atuais sistemas de avaliação de alimentos que consideram a fração CSDN como uniforme, não reconhecem as qualidades contrastantes entre a fibra solúvel em detergente neutro (FSDN), encontradas em maior concentração nos grãos de soja, leguminosas, polpa de citros; os açúcares; e os componentes amiláceos, que representam a maior parte da fração de CSDN na maioria dos grãos de cereais, como o milho ou o sorgo. Assim, a resposta animal tem sido estimada de maneira semelhante, quando utilizados alimentos contendo estas diferentes formas de carboidratos constituintes dos CSDN.

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A cinética de fermentação da FSDN é rápida e extensa, de maneira semelhante ao amido e açúcares solúveis, mas, com possível exceção das frutosanas, sua fermentação ruminal não tende a produzir ácido láctico, tendo sido observada maior relação acetato:propionato no fluido ruminal. Contudo, devido a sua composição de carboidratos e suas ligações químicas, os componentes da FSDN não são digeridos por enzimas de animais mamíferos e, provavelmente, não contribuem de maneira significativa para o aporte de energia a partir do intestino delgado.

Dietas com maior concentração de energia resultam em maior eficiência de utilização da energia metabolizável para produção de leite (Carvalho, 2002). Assim, parece lógico que a nutrição das cabras leiteiras de maior potencial produtivo seja direcionada à formulação de rações com maior proporção de CSDN. Portanto, é importante conhecer os aspectos produtivos e digestivos de cabras leiteiras alimentadas com dietas de alta concentração de CSDN e as implicações de diferentes relações entre os componentes desta fração.

Bomfim (2003) verificou as respostas de cabras leiteiras em lactação alimentadas com dietas de alta proporção de CSDN com diferentes perfis, caracterizados por diferentes quocientes entre.amido + açúcares solúveis em relação à fibra solúvel em detergente neutro (AmAs:FSDN). O estudo envolveu dois tipos de forrageiras, a saber, o feno de alfafa (Medicago sativa) e o feno de capim-Tifton 85 (Cynodon spp).

Com a alfafa foi possível estudar a razão entre AmAs:FSDN de 0,89; 1,05; 1,24; 1,73; e 2,92, enquanto que para o estudo com feno de capim-Tifton 85 (Cynodon spp) as razões entre AmAs:FSDN estudadas foram: 1,34; 1,94; 2,08; 3,95; e 9,04. Verifique que as diferenças existentes no perfil de CSDN se devem à presença de grande quantidade de FSDN (pectinas) nas rações onde a alfafa estava presente.

Em dietas com alta concentração de CSDN à base de alfafa, a manutenção dos teores de amido e açúcar solúvel em relação à FSDN, entre 0,89 e 2,92, não influiu no consumo de matéria seca, energia ou proteína e, dessa maneira, não alterou a produção de leite em cabras leiteiras.

De maneira inversa, o uso da forrageira Tifton 85 (Cynodon spp.) determina uma maior razão entre AmAs:FSDN o que poderia maximizar a produção de leite ao atingir o

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valor de 6,07. O aumento na concentração de FSDN, em substituição ao amido e açúcares, resulta em menor eficiência de síntese e fluxo de proteína microbiana para o abomaso, aumentando a excreção de nitrogênio e reduzindo o percentual de proteína bruta do leite.

A analise dos resultados obtidos no trabalho de Bomfim (2003) sugere que em dietas com alta proporção de CSDN, o perfil dos carboidratos deve ser observado, especialmente quando a base forrageira for de gramíneas, associando os efeitos positivos da FSDN sobre a manutenção do pH ruminal e do amido sobre a eficiência e fluxo de proteína microbiana para o abomaso.

Estratégias de alimentação das cabras

O fornecimento de nutrientes na seqüência, proporção e freqüência apropriada é a estratégia utilizada para que se consiga maximizar o consumo de matéria seca (CMS), otimizar a fermentação ruminal e minimizar os problemas de saúde. Em adição a isto, uma estratégia de alimentação devidamente planejada irá provavelmente resultar em economia nos custos de alimentos, aumento de produção, acréscimos na composição do leite, redução de mão de obra com um aumento de tempo disponível para o gerenciamento da atividade, independente do tamanho do rebanho.

A crescente participação de animais com maior potencial para produção e componentes do leite, rebanhos com maior numero de animais, técnicas de manejo mais modernas e uma economia que requer constante mudança exige que as estratégias de manejo de alimentação tais como o emprego de novas tecnologias como o uso de modificadores metabólicos (a exemplo do BST, enzimas, tampões, sabões de Ca-AG, ionóforos, etc.), sejam também um reflexo destas mudanças.

Uma consideração nutricional importante que ajuda a atingir uma produção lucrativa está relaciona a alocação dos alimentos durante o dia. Uma meta a ser buscada no manejo alimentar é manter um balanço apropriado de nutrientes que minimize as flutuações no rúmen, maximize a digestão e assegure uma dinâmica estável no fluxo de nutrientes para a glândula mamaria. Em teoria isto somente seria possível caso os animais consumissem os alimentos de forma uniforme durante as 24 horas.

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consomem cerca de 10 a 13 refeições por dia. Carvalho (2002) verificou que cabras gastam, para alimentar, de 95 a 152 minutos/kg de MS, dependendo do nível de fibra na ração, com uma média de cerca de 20 minutos por refeição, quando o alimento é fornecido à vontade. Caso as dietas estejam corretas em termos de nutrientes exigidos, este comportamento alimentar fornecerá um suprimento constante de nutrientes para o rúmen e tecidos. O método de oferecimento de rações que melhor tem se adequado a estes princípios é o uso de misturas completas (RMC), apesar de não ser uma técnica de uso comum no Brasil.

Uma RMC é definida como sendo uma mistura de todos os ingredientes de uma dieta formulada para uma especifica concentração em nutrientes, visando reduzir a chance de separação, e fornecida em condição ‘ad libitum’ de tal maneira que se tenha uma garantia de um consumo balanceado de nutrientes a cada bocada. Vantagens e desvantagens sobre os sistemas de alimentação em TMR foram delineadas por Muller, (1992).

A titulo de discussão alguns aspectos serão aqui listados sobre as vantagens deste sistema de alimentação: 1. A RMC assegura que proporções pré-estabelecidas entre duas ou mais forrageiras ou grãos sejam consumidas pelo animal; 2 Animais que estão habituados a consumir RMC apresentam menores riscos de problemas digestivos ao se modificar de uma dieta com grande participação de forrageiras para dietas com maior participação de misturas concentradas logo após o parto; 3. A RMC permite uma maior exatidão na formulação de dietas e na alimentação. Uma maior sincronização entre proteínas e energia (carboidratos) pode ser alcançada com a RMC do que quando os ingredientes são oferecidos separadamente; 4 Uma maior variação de alimentos poderá ser utilizada reduzindo chances de seleção pelos animais. Uma outra vantagem está no fato de que a troca entre alimentos, em função de condições de mercado e disponibilidade nas propriedades é mais facilmente ajustada ao animal. Alem disto, controla-se o inventário de alimentos na propriedade de forma mais conveniente

Entre as desvantagens listadas pelo sistema de RMC está o fato de que mais do que uma formulação ter de ser preparada, e que o agrupamento em dois ou mais grupos de manejo é geralmente recomendável. Mas agrupar animais com base em produção de leite, condição corporal, avaliação rigorosa do controle reprodutivo, e talvez por outras razões de manejo, tão comum em grandes rebanhos, requer planejamento de instalações, uso de

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balanças, e uma boa coordenação na movimentação dos animais no sistema de produção, o que representa um aumento na mão de obra.

Um outro desafio na implantação das RMC para as cabras tem sido o fato dos animais se apresentarem mais seletivos que os bovinos. Uma forma de minimizar o problema é o oferecimento de rações mais vezes ao dia para estimular o consumo aumentando a competição ao se oferecer os alimentos. Deve-se lembrar que animais apresentam preferências por determinada categoria de alimentos. Quando deixado a total escolha pelas cabras a chance de redução em consumo pode ser desastrosa do ponto de vista de produção e mesmo para o controle do inventario na propriedade. Portanto, o pensamento de que a cabra é ‘sabia’ o suficiente para adequar as dietas às suas necessidades de produção, mesmo em sistemas confinados, onde as opções de escolha por alimentos são reduzidas, pode ser um engano que irá ter reflexos na produção de leite e carne e mesmo nos aspectos de reprodução. Quando a forrageira é de boa qualidade, a seleção exercida pelo animal não é tão problemática uma vez que a resposta animal não irá ser tão prejudicada, ao contrario do que ocorre quando a qualidade do alimento forrageiro é baixa.

Não existe um sistema único que se possa recomendar como sendo o mais eficiente para se fornecer alimentos aos caprinos. A experiência e o cuidado na observação do comportamento dos animais é peça fundamental para a obtenção de sucesso na atividade. É importante ressaltar que ao se calcular uma dieta para os animais o trabalho não termina na impressão do relatório dos programas de calculo de rações nos computadores, mesmo porque os sistemas ora vigentes não são capazes de estimar a resposta animal de maneira tão exata e precisa. Por esta razão é necessário o acompanhamento do comportamento dos animais e sua resposta àquilo que foi programado. Nada melhor do que a convivência diária e a troca de experiências para se adequar o melhor manejo para cada sistema de produção.

Independente do estagio da lactação dos animais, o CMS é o fator independente que maior relação mantém com a produção de leite, portanto, é imperioso verificar sempre se o consumo está dentro das estimativas fornecidas pelos programas de cálculo de rações. Um aspecto importante é, a presença de alimentos frescos em frente aos animais por todo o tempo além de se oferecer um espaço de cocho adequado. Para cabras adultas o espaço

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mínimo recomendado tem sido em torno de 38,5 cm para cochos de livre acesso. Este valor deverá ser aumentado caso animais com chifres estejam presentes nas baias.

A divisão de animais por grupos de idades, em especial no inicio da lactação é bastante desejável e importante para reduzir a competição e o stress nos animais menores, mesmo que se tenha um mesmo tipo de dieta sendo formulada para os dois grupos. Quando possível, esta prática auxilia na entrada dos animais em linhas de ordenha o que permitirá uma retirada do leite dos animais mais jovens em primeiro lugar por medidas de manejo sanitário.

As principais variáveis utilizadas para agrupar animais são o tamanho e a idade, o nível de produção de leite, dias em lactação, condição de escore corporal, tipo de salas de ordenha e áreas de espera, tamanho do rebanho, tamanho das instalações, numero de baias ou áreas para se agrupar as cabras, e condição reprodutiva. Para uma apropriada alimentação e manejo, os dias em lactação, e nível de produção devem ser os fatores primários quando se toma uma decisão de agrupar os animais, sendo os outros fatores determinantes para se estabelecer o tamanho dos grupos.

Cabras deverão alcançar sua máxima produção na lactação entre 4 a 6 semanas após o parto. Existe uma alta correlação entre valores de produção no pico e produção total na lactação. Deve-se portanto tentar buscar maximizar esta produção, mesmo porque ela irá nos fornecer o potencial genético da cabra. Um gasto em alimentação um pouco acima da resposta do animal neste período será compensado durante a lactação.

É conveniente separar um grupo de cabras recém paridas durante as duas primeiras semanas reduzindo-se o stress existente entre o período que antecede o parto e a fase em que o animal será alocado no grupo de inicio de lactação. O estabelecimento de pelo menos dois grupos após o período inicial de 5 semanas é importante uma vez que deverão existir diferenças em potencial de produção dentro do rebanho. Kroll et al (1987), citado por Muller, (1992) propõem a divisão em um grupo de baixo e outro de maior potencial após o pico da lactação. Em geral o estabelecimento de outro grupo de produção ocorrerá quando as cabras passarem o período de perda de peso e melhoria na condição corporal, considerado como período onde o balanço energético é positivo, ou seja o consumo de energia pelo animal supera sua demanda energética para manutenção e produção de leite. O

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manejo de animais é desejável neste ponto uma vez que animais supercondicionados ao final do período de lactação serão mais sujeitos a apresentarem problemas metabólicos e complicações ao parto.

A pesagem dos animais ao longo da lactação bem como as avaliações da condição de escore corporais são as ferramentas mais eficientes para se evitar alterações significativas de nutrientes no corpo (perda ou ganho) que venham a prejudicar a performance dos animais e a rentabilidade do negócio. Para o inicio da lactação uma perda de até 1 kg por semana é tida como o máximo admissível para a grande maioria de caprinos adultos. Considera-se que animais com ECC acima de 4 ao final do período de lactação estarão mais sujeitos aos problemas metabólicos a que se fez referência anteriormente.

Considerações finais

A otimização da produção na lactação das cabras irá depender da eficiência com a qual o produtor é capaz de lidar com os desafios existentes no período de transição.

A qualidade das forrageiras irá definir o consumo de matéria seca e a eficiência de produção microbiana no rúmen, que contribuem com a maior proporção de aminoácidos utilizados pelo animal. Maximização de CMS e produção, de forma econômica, não são alcançadas através do fornecimento de grande quantidade de concentrados mas sim pelo uso eficiente da fonte de fibra disponível.

A capacidade de gerenciamento de um sistema de produção é o maior diferencial entre as propriedades lucrativas e aquelas deficitárias. Todo o esforço em utilizar técnicas mais avançadas de reprodução, uso de alimentos de alta qualidade, e excelente genética será em vão se a capacidade gerencial do produtor for limitada. Parodiando o velho ditado: ´O olho do dono é que aumenta o leite da cabra´.

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