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HEMANGIOSSARCOMA MULTICÊNTRICO CANINO COM METÁSTASE MUSCULAR: RELATO DE CASO

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Academic year: 2021

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HEMANGIOSSARCOMA MULTICÊNTRICO CANINO COM METÁSTASE MUSCULAR: RELATO DE CASO

Roana Cecília dos Santos RIBEIRO1; Iara Macedo de Melo GOMES2; Talles Monte

de ALMEIDA3; Erick Platiní Ferreira de SOUTO4; Almir Pereira de SOUZA5 1 Médica Veterinária Residente em Clínica Médica de Pequenos Animais no Hospital Veterinário da Universidade Federal de Campina Grande, campus Patos/PB; roanacecilia_rc@hotmail.com; 2 Médica Veterinária Residente em Diagnóstico por Imagem no Hospital Veterinário da UFCG, campus Patos/PB;

3 Médico Veterinário Residente em Patologia Clínica no Hospital Veterinário da UFCG, campus Patos/PB;

4 Médico Veterinário, Mestrando do Programa de Pós-graduação em Medicina Veterinária, na área de Patologia Animal, UFCG, campus de Patos/PB.

5 Médico Veterinário, Professor, Doutor, Universidade Federal de Campina Grande, campus Patos/PB.

Resumo

O hemangiossarcoma é uma neoplasia maligna que se origina nas células endoteliais. O diagnóstico definitivo deve ser realizado baseado nos achados histopatológicos e/ou imunohistoquímicos. O presente relato se refere a uma cadela atendida com aumentos de volume musculares firmes. O animal foi a óbito e ao realizar a necropsia observou-se a presença de massas nas musculaturas comprometidas, bem como nódulos e massas em diversos órgãos. Ao realizar o exame histopatológico dos fragmentos dos órgãos afetados chegou-se ao diagnóstico de hemangiossarcoma multicêntrico, com metástase muscular.

Palavras-chave: Cães, neoplasia, histopatologia, oncologia Keywords: Dogs, tumors, histopathology, oncology

Revisão de Literatura

O hemangiossarcoma (HSA) é uma neoplasia maligna, com origem nas células do endotélio vascular (FERNANDES; DE NARDI, 2008). Ocorre mais frequentemente em cães que em outras espécies e é caracterizado por alta taxa de mortalidade. Representa acima de 7% de todos os tumores e 12% a 21% de todas as neoplasias mesenquimais nos cães (MARTINS et al., 2013).

Afeta principalmente animais de meia-idade a idosos e raças de grande porte, tais como Pastor Alemão, Golden, Labrador Retriever, Schnauzer, Boxer, Pointer, Pitbull e Dálmata (FERRAZ et al., 2008; DANEZE; CAMPOS, 2012; MARTINS et al., 2013). Os machos apresentam maior incidência que as fêmeas (FERNANDES; DE NARDI, 2008).

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Os achados clínicos são inespecíficos e dependerão do local e do tamanho do tumor primário e de suas possíveis metástases (MOROZ; SCHWEIGERT, 2007).

O diagnóstico definitivo só é possível com o exame histopatológico (MACEWEN, 2007). Se a avaliação histopatológica não se mostrar suficiente, deve-se recorrer ao exame imunohistoquímico (FERRAZ et al., 2008).

O prognóstico para animais com HSA é sempre reservado (FERREIRA et al., 2011). O tempo médio de sobrevivência com lesão metastática sendo detectada ou não é cerca de quatro a seis meses (MARTINS et al., 2013).

O objetivo do presente trabalho foi descrever um caso de hemangiossarcoma canino multicêntrico, com envolvimento muscular.

Descrição do Caso

Foi atendida no setor de Clínica Médica de Pequenos Animais do Hospital Veterinário da Universidade Federal de Campina Grande, campus de Patos (HV-UFCG), uma cadela, sem raça definida, de seis anos de idade, pesando 19,6 quilos. O animal apresentava apatia, fraqueza, anorexia, andar rígido, cabeça em ventroflexão, presença de aumentos de volume de consistência firme nos músculos da região látero-proximal do membro pélvico esquerdo, região médio-proximal do membro torácico direito e na região dorsal próximo à 11ª vértebra torácica. Bem como ausência de propriocepção consciente do membro pélvico esquerdo, que apresentava aumento da temperatura local e edema na região distal.

Foram solicitados hemograma, bioquímica sérica (ALT, FA, AST, GGT, BT, BI, BD, LDH, CK, ureia, creatinina, albumina), urinálise, radiografia dos membros afetados e da região torácica afetada, ultrassonografia abdominal e biópsia por

punch dos aumentos de volume musculares.

O hemograma revelou anemia normocítica normocrômica; neutrofilia relativa e absoluta; linfopenia relativa e absoluta; leve hiperproteinemia e trombocitopenia severa. Foi observado ainda um aumento das enzimas aspartato aminotransferase, creatina quinase e lactato desidrogenase, demonstrando a presença de lesão muscular.

Durante o exame radiográfico foi visualizado aumento dos tecidos moles circundantes, porém não havia envolvimento ósseo. À ultrassonografia abdominal observou-se a presença de dois nódulos no parênquima esplênico e um nódulo no tecido subcutâneo.

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Foi realizada biópsia por punch das massas musculares, visando determinar a etiologia destas. Durante este procedimento observou-se presença de necrose e degeneração muscular, com o músculo apresentando-se friável e enegrecido. As amostras obtidas durante a biopsia foram encaminhadas ao Laboratório de Patologia Animal (LPA) do HV/UFCG para realização de exame histopatológico.

Diante da visualização de degeneração muscular a suspeita clínica foi direcionada para miosite imunomediada ou neoplásica. Foi então iniciado tratamento com Prednisona 20 mg (2mg/Kg, a cada 12 horas, durante 10 dias, VO) e Azatioprina 50 mg (2mg/Kg, a cada 12 horas, durante 14 dias, VO). No início deste protocolo o animal apresentou discreta melhora do quadro clínico. Durante novos exames hematológicos foi observada a ocorrência de coagulação intravascular disseminada (CID) e hemólise intravascular. Foi então incluída à terapêutica a administração de Enoxaparina 40mg/0,4mL (1mg/Kg, a cada 24 horas, durante 4 dias, SC), para prevenção da formação de trombos.

Cinco dias após o início deste tratamento, o animal teve piora clínica significante, apresentando-se muito apático, com abdômen distendido, dispneico e com mucosas extremamente pálidas. Diante da evolução do quadro clínico e do péssimo prognóstico o animal foi a óbito. O cadáver foi encaminhado ao LPA/HV/UFCG para realização da necropsia e histopatologia.

No exame histopatológico dos fragmentos obtidos durante a biópsia por punch das massas musculares verificou-se necrose muscular e coágulos, não sendo possível chegar a um laudo conclusivo. Na necropsia observaram-se três grandes massas infiltrando a musculatura na porção proximal do membro torácico direito, membro pélvico esquerdo e região torácica dorsal. Ao corte, estas massas apresentavam-se de consistência firme, avermelhadas e com múltiplas cavitações irregulares contendo coágulos.

Verificou-se também hemoperitôneo (510 ml) e múltiplos nódulos, pápulas e massas vermelho-enegrecidos, firmes, no baço, fígado, omento, mesentério, bexiga, cápsula renal, diafragma, mediastino, pulmão, pericárdio, musculatura intercostal e tecido subcutâneo.

As lesões presentes nos órgãos citados acima possuíam características histológicas semelhantes. Microscopicamente observaram-se células neoplásicas formando arranjos, frouxamente agrupados, em forma de leitos vasculares mal definidos e infiltrativos, características de células endoteliais neoplásicas. As células

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neoplásicas apresentavam acentuado pleomorfismo celular, anisocitose, com núcleos grandes e pequenos, redondos, ovoides e fusiformes, com cromatina esparsa e ausência de nucléolo; sustentadas por delicado estroma colagenoso. Diante destes achados histopatológicos chegou-se ao diagnóstico de hemangiossarcoma multicêntrico canino, com metástase muscular.

Discussão

Segundo MacEwen (2007) e Freire (2009), quando o HSA infiltra-se na musculatura esquelética, o paciente poderá apresentar claudicação aguda, aumento de volume muscular firme e edema na porção distal.

Os demais sinais clínicos do presente caso corroboram com a literatura consultada, incluindo anorexia, fraqueza, distensão abdominal, aumento do pulso e frequência respiratória, mucosas hipocoradas e perda de peso, como descritos por Fernandes e De Nardi (2008).

Hemorragias intracavitárias ou hemólise microangiopática podem causar anemia regenerativa normocítica normocrômica. Ainda pode ser detectada leucocitose neutrofílica, porém a anemia é o achado hematológico mais comum. Hemorragias espontâneas, trombocitopenia e CID podem ocorrer. A trombocitopenia pode ser vista em 30 a 60% dos cães com HSA (FERRAZ et al., 2008). As alterações bioquímicas estarão relacionadas com as possíveis metástases ou locais do tumor primário (MOROZ; SCHWEIGERT, 2007).

O estadiamento clínico do presente caso é o estádio III, de acordo com Fernandes e De Nardi (2008), visto que apresenta metástases à distância.

O diagnóstico definitivo foi obtido a partir do exame histopatológico dos fragmentos dos órgãos afetados. Os achados histopatológicos estão de acordo com os descritos por Ferreira e colaboradores (2011) para hemangiossarcomas.

O animal deste relato foi a óbito por provável choque hipovolêmico, secundário à ruptura de algum nódulo, com subsequente formação de hemoperitôneo, justificando o aumento de volume abdominal e a intensa dispneia observados durante a evolução do quadro. A hemorragia intracavitária com desenvolvimento de choque hipovolêmico é uma das maiores causas de óbito nos animais acometidos (DANEZE; CAMPOS, 2012).

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O hemangiossarcoma canino é uma neoplasia maligna, apresentando elevada morbidade e mortalidade. Tem elevado potencial metastático, podendo apresentar-se na forma multicêntrica. O envolvimento músculo-esquelético por hemangiossarcoma não é um achado comum, alertando ao clínico a necessidade de incluir entre os diferenciais de miopatias e neuropatias as possibilidades neoplásicas.

Referências

DANEZE, E. R.; DE CAMPOS, A. G. Ruptura de hemangiossarcoma hepático em canino idoso: relato de caso. Veterinária em Foco, v.9, n.2, p.189-198, 2012.

FERNANDES, S. C.; DE NARDI, A. B. Hemangiossarcoma. In: DALECK, C. R.; DE NARDI, A. B.; RODASKI, S. (Eds.). Oncologia em cães e gatos. São Paulo: Roca, 2008. p. 526-537.

FERRAZ, J. R. S.; ROZA, M. R.; CAETANO JÚNIOR, J.; DA COSTA, A. C. Hemangiossarcoma canino: revisão de literatura. Jornal Brasileiro de Ciência Animal, v.1, n.1, p.35-48, 2008.

FERREIRA, A. R. A.; ORIÁ, A. P.; MOREIRA, E. L. T.; SILVEIRA, C. P. B.; MARINHO, T. C. M. S.; VIEIRA FILHO, C. H. C. V.; BURGUER, C. P.; COSTA NETO, J. M. Hemangiossarcoma cardíaco em cão: relato de caso. Medicina Veterinária, Recife, v.5, n.4, p.17-25, 2011.

FREIRE, G. P. Z. Hemangiossarcoma Canino: Revisão de Literatura. Curitiba, 2009. 30 f. Monografia (Especialização em Clínica Médica de Pequenos Animais). Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA).

MACEWEN, E.G. Hemangiosarcoma. In: WITHROW, S. J.; MACEWEN, E. G. Small Animal Clinical Oncology. (Eds.). Philadelphia: W. B. Saunders Company, 2007. p.785-794.

MARTINS, B. D. C.; TORRES, B. B. J.; RODRIGUEZ, A. A. M.; GAMBA, C. O.; CASSALI, G. D.; LAVALLE, G. E.; MARTINS, G. D. C.; MELO, E.G. Clinical and pathological aspects of multicentric hemangiosarcoma in a Pinscher dog. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v.65, n.2, p.322-328, 2013.

MOROZ, L. R.; SCHWEIGERT, A. Hemangiossarcoma em cão. Campo Digital, Campo Mourão, v.2, n.1, p.50-55, 2007.

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