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Pau-brasil em São Paulo: um exemplo de cidadania e amor à vida.

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Academic year: 2021

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PROJETO DE

EXTENSÃO

UNIVERSITÁRIA

Pau-brasil em São Paulo:

um exemplo de cidadania e amor à vida.

MÓDULO 5

CARACTERÍSTICAS ECOLÓGICAS DO PAU-BRASIL

COORDENADOR: Prof. Dr. Sérgio Valiengo Valeri

DEPARTAMENTO: Produção Vegetal

BOLSISTA: Ebson Silva

COAUTORES: Dan Érico Vieira Petit Lobão

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Rodrigo Tenório de Vasconcelos

Ariadne Felício Lopo de Sá

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OCORRÊNCIA NATURAL

1 Dan Érico Lobão, Engenheiro Florestal, Especialista em Manejo de Florestas Tropicais, MSc em Ciências

Florestais, Doutor em Agronomia – Produção Vegetal pela FCAV/Unesp.Pesquisador do Centro de Pesquisas do Cacau (Cepec), da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac), Órgão do Ministério da Agricultura. Chefiou a Estação Ecológica do Pau-brasil em Porto Seguro (BA) e o Setor de Recursos Ambientais do Cepec. Professor na Universidade Estadual Santa Cruz – Uesc (Ilhéus - BA), leciona nas disciplinas Silvicultura e Recuperação de Áreas Degradadas, e como Professor Convidado na Face e na Ênfase na disciplina Gestão Ambiental.

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Segundo Carvalho (2003), a espécie Paubrasilia echinata é nativa do Brasil e ocorre nos seguintes estados: Alagoas, Bahia, Espírito Santo, Paraíba, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Sergipe e costa norte do estado de São Paulo, na divisa com o estado do Rio de Janeiro. De acordo com a Reserva da Biosfera da Mata Atlântica (RBMA)2, devido a grande devastação da mata Atlântica no período de colonização, além da urbanização, aumento populacional, dentre outros, a árvore de pau-brasil raramente é encontrada em seu estado natural, sendo que a maior parte de árvores remanescentes da espécie se encontra na Bahia ou em áreas de preservação localizadas no litoral de determinados estados.

Todavia, pesquisas feitas pelo Instituto de Botânica em 2002, que consistiram no exame de documentos do Arquivo Histórico Ultramarino português à procura de informações sobre os locais de extração da árvore de pau-brasil no Brasil Colônia, que pudessem indicar, exatamente, as áreas de ocorrência natural da árvore, não obtiveram sucesso. Assim, os locais de ocorrência natural do pau-brasil ainda são incertos (PIVETTA, 2003).

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Autoria: Prof. Dr. Dan Érico Lobão

Qual sistema de agricultura salvou as árvores de pau-brasil?

As árvores de pau-brasil com mais de 500 anos estão no sistema agroflorestal, conhecido como cacau-cabruca.

O termo regional cacau-cabruca é empregado para caracterizar a forma de plantio do cacau, que foi desenvolvida há mais de 250 anos pelos desbravadores da região sudeste da Bahia (CEPLAC, 2003).

Esse sistema de agricultura, onde havia espécies arbóreas com a finalidade de sombrear o cultivo de cacau, garantiu a permanência de remanescentes de Mata

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Atlântica significativos, possibilitando a conservação de várias espécies de árvores, dentre elas, o pau-brasil. Dessa forma, o modelo cacau-cabruca foi capaz de aliar a conservação de espécies arbóreas à produção (CEPLAC, 2003).

Sistema cacau-cabruca em Barro Preto, Bahia

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Árvore centenária de pau-brasil protegendo as plantas de cacau do sol. As folhas da figura são de cacau.

Aspectos Ecológicos

Grupo sucessional: espécie clímax.

Características sociológicas: o pau-brasil ocupa o estrato médio da floresta. É árvore longeva, atingindo cerca de 300 anos de idade (CARVALHO, 2004).

Regiões fitoecológicas: Paubrasilia echinata é uma espécie característica da Floresta Estacional Semidecidual das Terras Baixas (Veloso et al., 1991), denominada por Lima (1961) de Floresta Estacional Caducifólia Costeira. Também habita a Floresta Ombrófila Densa (Floresta Atlântica), chegando até as Matas das Dunas em Natal - RN (Tavares, 1960). É uma espécie típica das Restingas do Rio de Janeiro (Rizzini, 1979; Schneider et al., 1997). Encontra-se distribuída na faixa litorânea, de forma bastante reduzida e esporádica. Em Pernambuco e na Bahia, avança 50 km a 75 km, respectivamente, da costa para o interior. Recentemente, foi encontrado um núcleo remanescente em Vitória

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da Conquista - BA, a 200 km da costa; é a primeira vez que a espécie é localizada tão longe da costa brasileira (CARVALHO, 2004).

Clima

Precipitação pluvial média anual: desde 1.100 mm (Rio de Janeiro) a 2.500 mm (Pernambuco). No planalto de Vitória da Conquista, na Bahia, os índices pluviais são superiores a 750 mm (Mello, 1973).

Regime de precipitações: chuvas periódicas, concentradas no verão.

Deficiência hídrica: nula ou pequena, na faixa costeira da Bahia e áreas menores de Alagoas e Pernambuco; de pequena a moderada, na faixa costeira de Alagoas, Pernambuco, Paraíba e partes do Rio Grande do Norte.

Temperatura média anual: 20,2ºC (Vitória da Conquista, BA) a 26,2ºC (Natal, RN). Temperatura média do mês mais frio: 17,8ºC (Vitória da Conquista, BA) a 24,4ºC (Natal, RN).

Temperatura média do mês mais quente: 21,8ºC (Vitória da Conquista, BA) a 27,3ºC (Natal, RN).

Temperatura mínima absoluta: 7,3ºC (Vitória da Conquista, BA). Número de geadas por ano: ausentes.

Tipos climáticos (Koeppen): tropical: Af, Am, As e Aw (no planalto de Conquista, na Bahia).

Ocorrência Natural

Latitude: 5º39' S (Rio Grande do Norte) a 23º S (Rio de Janeiro).

Variação altitudinal: normalmente de 10 m a 320 m de altitude. Contudo, em Vitória da Conquista – BA, essa espécie é encontrada entre montes com altitudes variando entre 500 m e 600 m.

Distribuição geográfica: Paubrasilia echinata é encontrada em sua forma nativo no Brasil em Alagoas (Tavares et al., 1975; Aguiar & Aoki, 1982), na Bahia ( Mello, 1973), no Espírito Santo (Ruschi, 1950;), em Minas Gerais, na Paraíba (Ducke, 1953), em Pernambuco (Ducke, 1953;), no Rio de Janeiro (Aguiar & Aoki, 1982; Maio et al., 1996; Schneider et al., 1997), no Rio Grande do Norte (Tavares, 1960; Aguiar & Aoki, 1982;) e em Sergipe. Aguiar & Aoki (1982) não encontraram pau-brasil nativo em Sergipe, mas segundo informações fornecidas pela professora Gilvane Viana Souza, da Universidade Federal de Sergipe, a ocorrência da espécie naquele estado é muito rara, dando-se principalmente na Serra de Itabaiana. O pau-brasil ocorre na costa norte de São Paulo, divisa com o Rio de Janeiro. Vários autores citam o Ceará e até mesmo o Maranhão como área de ocorrência natural da espécie, mas naqueles estados não existe o verdadeiro pau-brasil. No Ceará, é conhecido com esse nome vulgar a morácea Maclura tinctoria (ver Nº 56). Luetzelburg (1922/1923) registra a ocorrência desta espécie para o Piauí, mas não confirmada por Castro et al., (1982); é pouco provável sua ocorrência naquele estado, consideradas evidências de natureza fitogeográfica e ecológica.

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Conservação de Recursos Genéticos: O pau-brasil era vendido para a produção de corantes destinados ao tingimento de tecidos. Para conter essa destruição, em 12 de dezembro de 1.605, o soberano Felipe II, rei de Portugal e Espanha, assinou a primeira lei de proteção florestal brasileira, batizada de "Regimento Pau-Brasil", proibindo a extração daquela madeira vermelha sem autorização real. A lei vetou também o corte de árvores jovens de qualquer espécie e criou uma guarda de fiscalização. As razões dessas medidas, porém, não eram beneméritas. É que o pau-brasil, na época, era o principal item da pauta de exportação da Colônia, seguido do açúcar e do ouro, e os portugueses não podiam permitir que ele se esgotasse. De pouco adiantou, porém, a determinação real. Por isso, em 1843, o governo imperial proibiu o corte no Rio Grande do Norte e no norte da Bahia, embora nestes locais já não existisse quase nada para ser cortado (Costa & Oliveira,1996). Paubrasilia echinata está na lista oficial de espécies da flora brasileira ameaçadas de extinção (Brasil, 1992). Segundo Schneider et al. (1997) o pau-brasil está ameaçado de extinção nas restingas do Rio de Janeiro. Explorado ostensivamente deste o descobrimento do Brasil, quando era encontrado com abundância, já em 1920 o pau-brasil era considerado raro, em conseqüência da devastação da Mata Atlântica. Segundo Bueno (1998) já em 1502, em alguns pontos do litoral nordestino, essa espécie só era encontrada a 20 km da costa. Atualmente, restam, na sua área de ocorrência natural, pequenos fragmentos em alguns pontos do sul da Bahia, no Parque Nacional de Monte Pascoal, e na Reserva Ecológica do Pau-brasil, em Porto Seguro; em Pernambuco e no Rio de Janeiro (entre Itaboraí e Macaé). Recentemente, foi encontrado um núcleo populacional fora da área conhecida de ocorrência natural, na Chapada da Conquista, na Bahia. Nos outros estados, a sua ocorrência é muito rara. Necessita-se estabelecer, com urgência, um amplo trabalho de conservação para a espécie, principalmente in-situ (CEPLAC, 2003).

REFERÊNCIAS

AGUIAR, F.F.A.; AOKI, H. Regiões de ocorrência natural do pau-brasil (Caesalpinia echinata Lam.). In: CONGRESSO FLORESTAL BRASILEIRO, 4., 1982, Belo Horizonte. Anais. São Paulo: Sociedade Brasileira de Silvicultura, 1982. p.1-5. Publicado na Silvicultura, v.8, n.28, 1982.

BRASIL. Ministério da Agricultura e Reforma Agrária. Secretaria Nacional de Irrigação. Departamento Nacional de Meteorologia. Normais climatológicas (1961-1990). Brasília, 1992. 84p.

BUENO, E. Náufragos, traficantes e degredados: as primeiras expedições ao Brasil 1500-1531. Rio de Janeiro: Objetiva, 1998. 200p. (Coleção Terra Brasilis, 2).

CARVALHO, P. E. Espécies arbóreas brasileiras. Brasília, DF: Embrapa Informações Tecnológicas; Colombo, Embrapa Florestas, 2003. p.719-725.

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CASTRO, A.A.J.F.; DEL'ARCO, M.R.; FERNANDES, A. Leguminosas do Estado do Piauí. In: CONGRESSO NACIONAL DE BOTÂNICA, 32., 1981, Teresina. Anais. Teresina: Sociedade Botânica do Brasil, 1982. p.27-37.

CEPLAC; IPCI; ABA; ICC, et al. Programa Pau-brasil. Bahia: nov. 2003. p.4. COSTA, T.; OLIVEIRA, L. de. Para salvar o pau-brasil. Globo Ciências, São Paulo, dezembro/1996.

DUCKE, A. As leguminosas de Pernambuco e Paraíba. Memória do Instituto Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, v.51, p.417-461, 1953.

EMBRAPA. Potencialidades e uso da madeira. EMBRAPA-CNPF, Brasília-DF.1994.640p.

LIMA, D. de A. Tipos de floresta de Pernambuco. Anais da Associação dos Geógrafos Brasileiros, Rio de Janeiro, v.12, p.69-85, 1961.

LUETZELBURG, P. Estudo botânico do Nordeste. Rio de Janeiro: Inspetoria Federal de Obras Contra as Secas, 1922/1923. (Publicação, 57. Série I, A.).

MAIO, F.R.D.; MENEZES, L.F.T. de.; PEIXOTO, A.L. Estado de desenvolvimento de uma população de pau-brasil (Caesalpinia echinata Lam.) na Serra da Capoeira Grande, Rio de Janeiro - RJ. In: CONGRESSO NACIONAL DE BOTÂNICA, 47., 1996, Nova Friburgo. Resumos. Rio de Janeiro: Sociedade Botânica do Brasil, 1996. p.354.

MELLO, M.O. de A. Ecologia da Bahia e o reflorestamento. In: SIMPÓSIO FLORESTAL DA BAHIA, 1., 1973, Salvador. Anais. Salvador: Secretaria da Agricultura, 1973. p.45-118.

RIZZINI, C.T. Tratado de fitogeografia do Brasil. São Paulo: Universidade de São Paulo, 1979. v.2.

RUSCHI, A. Fitogeografia do Estado do Espírito Santo. Boletim do Museu de Biologia Prof. Mello Leitão: Série Botânica, Santa Tereza, n.1, p.2-353, 1950.

SCHNEIDER, S.M.; SAAVEDRA, M.M.; FEREIRA, R. de C.N.; MELLO FILHO, L.E. de. Espécies ornamentais ameaçadas de extinção das restingas do Estado do Rio de Janeiro: dados preliminares - II. In: CONGRESSO NACIONAL DE BOTÂNICA, 48., 1997, Crato. Resumos. Crato: Universidade Regional do Cariri / Sociedade Botânica do Brasil, 1997. p.128

TAVARES, S. Estudos geobotânicos no Rio Grande do Norte. Arquivos do Instituto de Pesquisas Agronômicas, Recife, v.5, p.39-51, 1960.

TAVARES, S.; PAIVA, F.A.F.; TAVARES, E.J. de S.; CARVALHO, G.H. de. Inventário florestal na Paraíba e no Rio Grande do Norte: I. estudo preliminar das matas remanescentes do vale do Piranhas. Recife: SUDENE, 1975. 31p. (SUDENE. Série Brasil Recursos Vegetais, 4).

VELOSO, H.P.; RANGEL FILHO, A.L.R.; LIMA, J.C.A. Classificação da vegetação brasileira, adaptada a um sistema universal. Rio de Janeiro: Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 1991. 123p.

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