• Nenhum resultado encontrado

EDUCAÇÃO FÍSICA INCLUSIVA: UM DESAFIO PARA O SÉCULO XXI

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "EDUCAÇÃO FÍSICA INCLUSIVA: UM DESAFIO PARA O SÉCULO XXI"

Copied!
6
0
0

Texto

(1)

Curso de Educação Física – N.6, JAN/JUN 2009.

EDUCAÇÃO FÍSICA INCLUSIVA: UM DESAFIO PARA O SÉCULO XXI

EDMAR MIRANDA DOS SANTOS1 MÔNICA BARRA BELO ROQUETTE2 ROSEMARY ZENERATO LEITE3 ALICE ALMERITA MACHADO BURKOWSKI4

RESUMO

O presente trabalho acadêmico foi desenvolvido na forma de resenha, para a disciplina Metodologia Científica I, cujo objetivo foi iniciar os estudantes no caminho da busca científica pelo conhecimento, de forma sistematizada. A resenha trata da questão da inclusão na Educação Física escolar, tema escolhido pelos estudantes, e destaca o papel da Educação Física como meio e espaço apropriado a uma prática inclusiva. O trabalho teve como suporte uma pesquisa bibliográfica com revisão da literatura sobre o tema inclusão e Educação Física escolar, seguindo a trajetória histórica destas áreas. Como resultado, ressalta-se a necessidade do professor de Educação Física capacitar-se para atuar nesta área, não bastando conteúdos teóricos, mas a absorção dos princípios sócio-político-pedagógicos que compreendem o portador de deficiência como um cidadão a quem devem garantir os direitos assegurados pela Constituição Brasileira e a educação inclusiva como um princípio básico da educação nacional.

Palavras-chave: Educação inclusiva. Educação Física adaptada. Deficiência.

1 Acadêmico do primeiro período do curso graduação em Educação Física da Faculdade Metodista Granbery, Juiz

de Fora.

2 Acadêmica do primeiro período do curso graduação em Educação Física da Faculdade Metodista Granbery, Juiz de

Fora.

3 Acadêmica do terceiro período do curso Pedagogia da Faculdade Metodista Granbery, Juiz de Fora.

rosezenerato@speedx.com.br.

4 Professora da disciplina Metodologia Científica I, do curso de graduação em Educação Física, da Faculdade

(2)

ABSTRACT

The present article is a developed academic work in the summary form, for disciplines Scientific Methodology I, whose objective was to initiate the students in the way of the scientific search for the knowledge, of systemize form. The summary deals with the question of the inclusion in the pertaining to school Physical Education, subject chosen for the students, and detaches the paper of the Physical Education as half and practical appropriate space to one inclusive one. The work had as it has supported a bibliographical research with revision of literature on the subject inclusion and pertaining to school Physical Education, following the historical trajectory of these areas. As result, it is standed out necessity of the professor of Physical Education to enable itself to act in this area, not being enough theoretical contents, but the absorption of the principles partner-politician-pedagógicos that understand the deficiency carrier as a citizen to who must guarantee the rights assured for the Brazilian Constitution and the inclusive education as a basic principle of the national education.

Word-key: Inclusive education. Adapted Physical education. Deficiency.

INTRODUÇÃO

A presente resenha trata da apreciação crítica do texto “Educação Física escolar e inclusão: limites e possibilidades de uma prática concreta” escrita por Régis Henrique Reis Silva

et al, em 2005. O texto versa sobre a questão da inclusão de portadores de necessidades especiais

na Educação Física discutindo os limites e as possibilidades da pessoa com necessidades especiais na Educação Física.

O autor coloca que a política de inclusão surgiu nos Estados Unidos da América, na segunda metade dos anos 70, com o objetivo de inserir todas as pessoas excluídas da escola e da sociedade.

Já no território brasileiro, uma discussão mais aflorada surgiu nos anos 90 estendendo-se até os dias atuais.

(3)

Vale ressaltar que, historicamente, alguns fatos marcaram o desenvolvimento da educação inclusiva, como a Declaração Mundial dos Direitos Humanos, que foi preconizado, legalmente a mais de 60 anos. No final do século XX, a Conferência Mundial de Educação para Todos, realizada em Joimtiem, na Tailândia, em Março de 1990, que veio reforçar esses direitos, cujo objetivo foi refletir e enfrentar o desafio da exclusão escolar de milhões de alunos, entre eles as pessoas com deficiência. E, ainda mais recente destacamos a Declaração de Salamanca, que é resultado de uma reunião de vários países, realizada na Espanha em 1994, inspirada nos princípios de integração e no reconhecimento da necessidade de ação para conseguir “escola para todos”, buscaram um consenso mundial sobre os futuros rumos dos serviços educativos especiais: combater a exclusão escolar e reduzir a taxa de analfabetismo. (SILVA; SOUZA E VIDAL, 2004, p. 70).

A Educação Especial passou por três momentos: o da discussão pela normalização, o da integração e o da inclusão.

A discussão em torno do paradigma da normalização teve início na Dinamarca em 1950, e começa a ser discutida em 1959, no Brasil. Ela previa que os indivíduos com deficiência tinham direito de ter uma vida normal, semelhante ao das outras pessoas. O desigual, que é o portador de necessidades especiais, deveria ser tratado de forma igual aos ditos normais, portanto o ambiente seria o mais normal possível para que todos pudessem se adaptar a ele.

Mais tarde, em 1970, começou-se a discutir a integração das pessoas com necessidades especiais na sociedade, e pouco tempo depois, em 1975, já se pensava na inclusão, buscando incluir todas as pessoas excluídas do ensino.

A integração e a inclusão parecem ser sinônimas, pois elas passam a idéia de juntar, inserir, reunir pessoas, porém o termo inclusão é bem mais amplo, uma vez que tende a incluir todos os excluídos e não apenas aqueles portadores de alguma deficiência. Já na integração, podemos dizer, que vamos integrar os desiguais, os portadores de alguma necessidade especial, os diferentes. O ambiente não precisa se preparar para recebê-los, pois eles devem se integrar a este ambiente.

Atualmente, tem-se discutido muito os termos integração e inclusão em congressos, seminários, eventos e publicações de caráter nacional e internacional, porém, quando se trata especificamente da escola, percebe-se um distanciamento entre os dois termos.

(4)

No que diz respeito à perspectiva da escola e da educação constatamos que, para a integração, o que se pretende é inserir o aluno no sistema de ensino, o que pode ocorrer em classes regulares, com o apoio especial (por exemplo: salas de recurso ou de apoio; professor itinerante, etc.). A proposta da inclusão não se restringe às pessoas com deficiência. A perspectiva é que todos tenham garantido os direitos de acesso e permanência à educação escolar. (SILVA, SOUZA E VIDAL, 2004, p. 69).

Sendo assim, pode-se perceber que ao se tratar de inclusão escolar, podemos dizer que esta deixa de ser especial, de atender somente uma parte da população, para atender com qualidade a todos, com igualdade de direitos e oportunidades. E para que a inclusão ocorra efetivamente há necessidade de se reformar as escolas, “promovendo mudanças tais como: adaptações arquitetônicas, adequação dos conteúdos curriculares, preparação dos professores e outras alterações de caráter metodológico”. (SILVA, SOUZA E VIDAL, 2004, p. 70). Também alterações no projeto político-pedagógico de forma que este possa organizar o espaço escolar, incluindo todos os excluídos, respeitando à individualidade presente entre as pessoas.

Ao pensar na participação desses excluídos dentro da escola, mais precisamente nas aulas de Educação Física, faz-se necessário buscar a compreensão do processo de consolidação do esporte adaptado no Brasil.

Vale ressaltar que se reportando ao contexto histórico da Educação Física no Brasil, enquanto disciplina do curso regular, os conteúdos estavam apenas voltado para o aspecto físico dos alunos, aqueles que possuíam corpo saudável, dotado de talentos e aptidões. Esta forma de pensar e agir justifica-se pela herança militar nas décadas de 20 e 30, através da incorporação dos princípios e valores disseminados nas instituições militares. O professor de Educação Física era visto como um preparador físico. Os não-aptos ficavam de lado.

No livro Desporto Adaptado no Brasil: origem, institucionalização e atualidade, o autor, Araújo (1998), aborda que a origem desta prática esportiva no Brasil ocorreu a partir de iniciativas das próprias pessoas com deficiência, por volta dos anos de 1950, na busca de complementar o trabalho de reabilitação, passando um longo período sem que houvesse um engajamento efetivo por parte do governo. O autor cita ainda que:

(5)

Somente nos últimos dez anos o governo federal passou a se preocupar com este segmento. Neste período, ocorreu uma série de ações, através de decretos, portarias e realizações voltadas para o desporto adaptado, que se tornou preocupação do governo. Este período é compreendido por nós como processo de institucionalização do desporto adaptado brasileiro. (p. 121).

A disciplina “Educação Física adaptada” ou “Atividade motora adaptada” foi criada, segundo Ribeiro; Araújo (2004, p. 57), em 1992 nos currículos dos cursos de graduação em Educação Física, abordando conteúdos voltados ao atendimento de pessoas com necessidades especiais.

Geralmente a Educação Física adaptada é relacionada aos portadores de deficiência física, mental, auditiva ou visual e mesmo múltipla. No entanto esta disciplina, no olhar da inclusão, tem um enfoque mais abrangente ao buscar transmitir informações relacionadas aos indivíduos que têm alguma limitação, seja por deficiência ou ligados ao ambiente e ao estilo de vida do indivíduo (portadores de asmas, obesidade, idosos, crianças com atraso na escolarização, com dificuldades escolares não permanentes, com atraso ou disfunção na fala, com baixa concentração nas atividades escolares, dificuldades de relacionamento com os colegas e aquelas crianças apáticas ou até mesmo agressivas).

No entanto, colocar o conteúdo de atividade física e o desporto adaptado na disciplina não assegura a inclusão do aluno com deficiência nas aulas de Educação Física, é importante que, os profissionais repensem, façam uma reflexão acerca da articulação entre tempo, espaço e conhecimento, de forma que contemple não só o aluno com deficiência, mas o princípio da diversidade, da diferença, podendo analisar e compreender os limites e possibilidades da inclusão destes alunos, auxiliando-os nos problemas psicomotores que limitam o sucesso do movimento independente de sua natureza.

Segundo González (2002) apud Zarth, Siqueira e Lebedeff (p. 19, 2008)

com a Educação Física inclusiva os professores têm possibilidades de: a. criar clima adequado para a interação e cooperação; b. motivar os alunos produzindo expectativas positivas e utilizando esforços de auto-estima e reconhecimento; c. aceitar a diferença como componente da normalidade; d. fomentar a convergência de todos os educadores por meio da atividade em equipe.

(6)

O profissional de Educação Física deve, pois, buscar além da qualidade no atendimento aos alunos portadores de necessidades especiais, uma constante qualificação profissional e também uma interação com a família, a sociedade e a escola, mostrando a responsabilidade de cada um perante a inclusão.

Sendo assim, poder-se-á compreender que a Educação Física Inclusiva envolve uma prática sócio-política-pedagógica que abre caminhos para uma nova Educação Física, capaz de enfrentar os desafios da inclusão dando oportunidades iguais para todos.

REFERÊNCIA

RIBEIRO, Ms. Sônia Maria; ARAÚJO, Dr. Paulo Ferreira de. A formação acadêmica refletindo na expansão do desporto adaptado: uma abordagem brasileira. Revista Brasileira Ciência

Esporte, Campinas, v. 25, n. 3, p. 57-69, maio.2004.

SILVA, Régis Henrique dos Reis; SOUSA, Sônia Bertoni; VIDAL, Maria Helena Candelori. Educação Física escolar e inclusão: limites e possiblidades de uma prática concreta. Anais do IV Simpósio de Estratégias de Ensino em Educação/Educação Física Escolar – 7a 9 de dezembro de 2004. Revista Especial de Educação Física – Edição Digital nº 2, 2005.

ZARTH, Ana Paula; SIQUEIRA, Patrícia Carlesso Marcelino; LEBEDEFF, Tatiana Bolívar. O profissional de Educação Física e sua responsabilidade frente ao processo de inclusão. Revista

Digital. Buenos Aires, ano 13, n. 122, julho. 2008. Disponível em: http://www.efdeportes.com.

Referências

Documentos relacionados

Para o processo de formação da moralidade, Kant (2011) assegura que tudo vai depender da definição e prática de bons princípios, pois o homem torna-se moral quando

[r]

Conclui-se, portanto, que o processo de implementação da nova organização curricular, que traz o Trabalho de Conclusão de Curso como requisito obrigatório para obtenção do

Refletem sobre a experiência de um curso de formação de mulheres desempregadas do Movimento dos Trabalhadores Desempregados (MTD), na periferia de Canoas, trazendo

Nesta perspectiva este artigo tem como objetivo afirmar a importância do uso das tecnologias para uma nova visão da educação brasileira, para tal a conjuntura

À vista disso, escrevo este texto com o objetivo de colaborar para a difusão do conhecimento sobre a Renda Básica Universal, uma proposta de política social para alcançar uma

Corograpliiu, Col de Estados de Geografia Humana e Regional; Instituto de A lta C ultura; Centro da Estudos Geográficos da Faculdade de Letras de Lisboa.. RODRIGUES,

Apesar disto, é premente enfrentar as causas históricas e graves do desperdício, como a infraestrutura e armazenamento precários, bem como fatores políticos e