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Seleção de Variantes Resistentes a Thielaviopsis Basicola na Alface Lucy Brown.

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Academic year: 2021

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Seleção de Variantes Resistentes a Thielaviopsis Basicola na Alface Lucy

Brown.

Fernando C. Sala1; Cyro P. da Costa1; Liliane De D. T. Yañez2; Sally F. Blat1

1 USP/ESALQ – Departamento de Produção Vegetal, Piracicaba-SP; 2 USP/ESALQ – Departamento de Entomologia, Fitopatologia e Zoologia Agrícola, C. Postal 9, 13418-900: e-mail: fcsala@esalq.usp.br

RESUMO

A alface é a hortaliça folhosa de maior importância no Brasil. A murchadeira causada por Thielaviopsis basicola tem limitado o cultivo da alface americana Lucy Brown. O presente trabalho teve como objetivo a seleção de alface americana resistente a T. basicola a partir de variantes que ocorrem na Lucy Brown. Cerca de oito variantes (S0) da alface Lucy Brown resistentes a T. basicola foram coletados de um campo com alta incidência do patógeno. As progênies (S1) foram testadas quanto suas reações ao patógeno. Mudas com 35 dias foram transplantadas para bandejas de 128 células preenchidas com 1/3 de substrato colonizado com 1,1 x 106 endoconídios/g/substrato. Após o transplante, inoculou-se 3 mL de suspensão de esporos de concentração 2 x 106 endoconídios/mL, próximo ao colo de cada planta. A reação do hospedeiro ao patógeno e sua avaliação foi realizada utilizando escala de nota de 1 a 5, com base nas raízes necrosadas. Adotaram-se três grupos de classificação quanto à reação ao patógeno, baseado na freqüência de notas. A variedade comercial Lucy Brown apresentou mais de 80 % de suscetibilidade a T. basicola. As progênies apresentaram variação entre 60 % e 100 % quanto à resistência ao patógeno.

Palavras-Chave: Lactuca sativa L., Chalara elegans, podridão negra das raízes, reação

varietal, alface americana

ABSTRACT

Selection of variants of resistant to Thielaviopsis basicola in the Lucy Brown iceberg lettuce.

Lettuce is the most important leafy crop in Brazil. Lettuce black root rot (LBRR) caused by Thielaviopsis basicola is one the most limiting factor for the Lucy Brown iceberg lettuce. This papper aim the selection of variants of resistant Lucy Brown to T. basicola. About 8 variants (S0) of Lucy Brown were identified and collected from a high LBRR pressure grower field. The S1 progenies were tested for their reaction to the pathogen. Seedlings with 35

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days were transplanted to the stirfoam tray of 128 cells filled with 1/3 of colonized substrate with 1,1 x 106 endoconidia/g/substrate. After transplant, seedlings were also inoculated with a spore suspension with 2 x 106 endoconidia/mL near of the seedling stem. Host reaction to the pathogen and its evaluation was carried out, based on a severity scale from 1 to 5 based on roots rot degree damage. Reaction was classified also in three categories according with severity scale frequency. The Lucy Brown iceberg lettuce variety had more than 80 % of susceptibility to T. basicola. The selected S1 had variability ranging from 60 % up to 100 % resistance.

Keywords: Lactuca sativa L., Chalara elegans, lettuce black root rot, reaction varietal,

iceberg lettuce

A alface (Lactuca sativa L.) é a hortaliça folhosa de maior importância no Brasil com uma área estimada de aproximadamente 31.000 ha. O segmento de alface do tipo crespa representa 70 % do mercado, enquanto o tipo lisa representa somente 10 % da área cultivada. O segmento que mais aumenta atualmente é a alface americana com 15 % do mercado. A “murchadeira” causada por Thielaviopsis basicola tem sido fator limitante para o cultivo da alface americana Lucy Brown. Lucy Brown tem sido líder do mercado por 10 anos consecutivos e considerada a mais tropicalizada do grupo americana cultivada no país (Sala et al., 2003). Segundo Pearson (1968), a alface americana Great Lakes e 465 apresentaram um fenômeno de instabilidade na formação de cabeça associado às mutações de genes dominantes ou possíveis deleções cromossômica. Os variantes ocorriam na proporção 1:1000 e apresentavam coloração verde escura, folhas mais grossas, largas e produziam cinco a oito vezes mais de sementes. Este fenômeno de instabilidade tem sido observado nos campos de produção comercial de Lucy Brown quanto ao tipo de folha, coloração, não formação de cabeça e principalmente diferenças na coloração de semente além da ocorrência de variantes resistentes a murchadeira. O presente trabalho teve como objetivo selecionar variantes resistente a T. basicola que ocorrem na alface americana Lucy Brown, pelo método genealógico.

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MATERIAL E MÉTODOS

Numa área de produção comercial da alface americana Lucy Brown, com alta incidência da murchadeira, em Paulínia, SP, observou-se a ocorrência de variantes da alface Lucy Brown aparentemente resistentes a Thielaviopsis basicola, em janeiro de 2002. De aproximadamente 10.000 plantas foram observados oito variantes. Um total de oito variantes (S0) foram transplantados para vasos de 5 L e mantidos em casa de vegetação, para obtenção de sementes. Os variantes (S0) apresentavam diferenças quanto ao tipo de folha, não formação de cabeça e, principalmente, diferença na coloração de semente. A semente comercial da Lucy Brown é de coloração preta, enquanto que quatro variantes (S0) foram de coloração branca. A designação para cada variante (S0) bem como a coloração da semente são: LB # 1 (semente preta), LB # 2 (semente preta), LB # 4 (semente preta), LB # 5 (semente branca), LB # 6 (semente preta), LB # 7 (semente branca), LB # 8 (semente branca) e LB # 9 (semente branca). As progênies (S1) derivadas dos variantes originais S0, foram testadas quanto suas reações a T. basicola. A variedade comercial Lucy Brown foi utilizada como testemunha suscetível. O ensaio foi conduzido em casa de vegetação na Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz", na área experimental do Departamento de Produção Vegetal, Piracicaba, SP. As mudas foram obtidas em bandejas de 200 células, preenchidas com substrato Plantimax. O preparo do inóculo foi feito segundo a metodologia de O’Brien & Davis (1994). Mudas com 35 dias foram transplantadas para bandejas de 128 células preenchidas com 1/3 de substrato Plantimax colonizado com 1,1 x 106 endoconídios/g/substrato. Logo após o transplante, inoculou-se 3 mL de suspensão de esporos de concentração 2 x 106 endoconídios/mL, próximo ao colo de cada planta. O experimento foi inteiramente casualizado e cada progênie (S1) recebeu 4 repetições, composta por oito plantas em cada repetição. A avaliação foi feita 18 dias após a inoculação, utilizando uma escala de notas de 1 a 5 (1= ausência de sintomas, 2= presença de pequenas lesões necróticas sobre as radicelas, 3= < 50% das radicelas necrosadas, 4= >50% e < 90% das radicelas necrosadas e 5= > 90% das radicelas necrosadas), numa adaptação a escala de O’Brien & Davis (1994). Visando a classificação das progênies (S1) em categoria de resistência, adotou-se 3 grupos de classificação quanto à reação do hospedeiro ao patógeno, baseado na freqüência (%) das notas obtidas (Tabela 1). As progênies (S1) avaliadas e classificadas na categoria de resistência ao patógeno (nota 1 e 2) foram transplantadas para vasos de 5 L, preenchidos com substrato e mantidos em casa de vegetação, para obtenção de sementes. As progênies S2 e S3 derivadas dos variantes da Lucy Brown foram avaliadas e validadas quanto à resistência a murchadeira, ao nível de

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campo, numa área com alta incidência do patógeno, em Paulínia, SP, nos meses de janeiro a março e de setembro a novembro de 2003, respectivamente. As progênies mais uniformes foram selecionadas pelo seu valor hortícola pelos critérios proposto por Rubatzky (1999). As melhores e mais uniformes progênies S4 estão em fase avançada de avaliação no cultivo anual de alface americana. Essas progênies estão sendo caracterizadas pelo mérito hortícola, adaptação ao cultivo de verão e resistência a T. basicola.

Tabela 1. Categoria para classificação das progênies (S1) da alface Lucy Brown quanto à

reação a Thielaviopsis basicola, baseado na freqüência (%) de notas obtidas.

Categoria Freqüência de notas (1 a 5)

Resistente 1 – 2

Intermediário 3

Suscetível 4 - 5

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A variedade comercial Lucy Brown apresentou mais de 80 % de plantas suscetíveis ao patógeno o que explica sua limitação nas áreas endêmicas da doença. Esse resultado foi semelhante aos observados por Sala et al. (2003). O variante LB # 2 comportou-se como suscetível a T. basicola e possivelmente um escape, enquanto que os variantes LB # 6 e LB # 8 foram 100 % resistentes. Os demais variantes (LB # 1, LB # 4, LB # 5, LB # 7 e LB # 9) apresentaram variabilidade quanto à reação da resistência ao patógeno numa amplitude de 60 % até 90 % (Figura 1).

Pearson (1968) estudou o fenômeno de variabilidade e instabilidade na formação de cabeça da alface americana Great Lakes e 465. Os variantes ocorreram na proporção 1:1000 e apresentavam coloração verde escura, folhas mais grossas, largas e produziam cerca de 5 a 8 vezes mais de sementes. A hipótese é que os variantes são devidos a mutações de genes dominantes ou possíveis deleções cromossômicas. Esse fenômeno de instabilidade genética ocorre em outras culturas como sorgo, arroz, tomate, feijão, milho e ervilha (Pearson, 1968).

Pearson (1968) não descreveu outras características como mudança na coloração da semente nos mutantes da alface americana, mas este fato foi observado nos variantes (S0) da alface Lucy Brown. A coloração da semente comercial da Lucy Brown é preta, enquanto quatro variantes apresentam coloração branca (LB # 5, 7, 8 e 9). A explicação de mistura mecânica com sementes brancas de outras variedades não é plausível devido ao rigoroso controle de qualidade de pureza de sementes das empresas. A ocorrência de semente

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branca poderia ser explicada pela falta de manutenção de um eficiente programa de semente genética. Muitas progênies segregaram no modelo mendeliano a coloração de sementes na proporção de três plantas com sementes pretas x um planta com semente branca, o que sugere a hipótese de mutação.

As linhagens S2 e S3 derivadas do variante LB # 4 foram as de melhor mérito quanto à uniformidade e compacidade de cabeça, número de folhas basais e adaptabilidade no cultivo de verão. A seleção dessas linhas possibilitará o desenvolvimento varietal de uma alface tropicalizada com a notável adaptabilidade para o cultivo de alface americana no verão e resistente a murchadeira.

Figura 1. Freqüência de plantas (%) das progênies S1 derivadas dos variantes da alface

Lucy Brown, avaliadas e classificadas nas categorias de reação ao patógeno.

LITERATURA CITADA 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 Lucy Bro wn LB # 1 LB # 2 LB # 4 LB # 5 LB # 6 LB # 7 LB # 8 LB # 9 F re q u ê n c ia d e p la n ta s ( % ) Resistente Interm ediário Suscetível

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O`BRIEN, R.G.; DAVIS, R.D. Lettuce black root rot – a disease caused by Chalara elegans.

Australasian Plant Pathology, v.23, p.106-111, 1994.

PEARSON, O.H. Unstable gene systems in vegetable crops and implications for selection.

HortScience, v.3 (4), p.33-36, 1968.

RUBATZKY, V.E. Crisphead lettuce cultivar field performance trials and demonstrations.

California Lettuce Research Board. Annual Report, p.93-109, 1999.

SALA, F.C.; COSTA, C.P.; YAÑEZ, L.D.D.T.; BLAT, S.F. Reação de alface à murchadeira (Thielaviopsis basicola). Horticultura Brasileira, v.21, n.2, p.336, julho 2003, Suplemento 1.

AGRADECIMENTO

À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), CNPq e ao alfacicultor Sr. Antônio Nakagawa de Paulínia, SP.

Referências

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