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SUSTENTABILIDADE DA FORMA URBANA Aplicação do Modelo de Salat Caso de Estudo: Odivelas

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Academic year: 2021

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SUSTENTABILIDADE DA FORMA URBANA –

Aplicação do Modelo de Salat

Caso de Estudo: Odivelas

Carla Patrícia Oliveira Andrade Pereira

Dissertação para a obtenção do Grau de Mestre em

ARQUITETURA

Orientador: Professor Doutor António Salvador de Matos Ricardo da Costa

JURI

Presidente: Professor Doutor Manuel de Arriaga Brito Correia Guedes

Orientador: Professor Doutor António Salvador de Matos Ricardo da Costa

Vogal: Professor Doutor Manuel Guilherme Caras Altas Duarte Pinheiro

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AGRADECIMENTOS

Ao Professor António Ricardo da Costa pela orientação, pelas oportunidades e pela disponibilidade.

À Camara Municipal de Odivelas pelo apoio e disponibilidade, em especial ao Arq. David Gil e ao Vereador Carlos Bodião.

Aos meus pais, por estarem sempre ao meu lado e pelo apoio, tornando possível a conclusão desta etapa.

Ao meu irmão pela confiança e incentivo. Aos meus tios e primos pelo apoio incondicional. Ao meu padrinho e madrinha pelo apoio e confiança.

Aos amigos, pelo incentivo, compreensão, sorrisos, conversas e brincadeiras, em especial ao Nelo, ao Hugo, ao Ricardo e ao Samuel.

Ao Telmo, ao Diogo, à Maria e à Ana por serem a “melhor equipa de sempre”. À Inês que desde sempre e para sempre, como uma irmã.

MUITO OBRIGADO A TODOS

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RESUMO

O processo histórico-evolutivo do desenvolvimento das grandes cidades europeias encontra-se ligado aos princípios capitalistas da revolução industrial. Este rápido desenvolvimento da indústria, que levou a um aumento da produção e do consumo melhorando o nível de vida da população, provocou profundas alterações no meio ambiente, devido à exploração irracional dos recursos naturais e ao processo de ocupação dos ambientes urbanos, devido à necessidade de mão-de-obra para as industrias. O aumento da população e a falta de visão no desenvolvimento das cidades tem enfatizado a pressão colocada nas mudanças efetuadas no ambiente construído pondo em risco a diversidade das formas existentes.

A morfologia, enquanto disciplina, encontra-se particularmente bem posicionada para a abordagem desta questão, notando-se a necessidade da preservação do ambiente no seu contexto urbano. Assim, a morfologia urbana é responsável pelo conhecimento do ambiente construído e a sua relação com a envolvente, podendo tornar este conhecimento mais acessível de forma a diminuir a tensão existente entre o núcleo histórico e a construção nova. Para tal, é necessário ter em conta a componente temporal do núcleo urbano para que os valores da identidade e da memória, característicos dos núcleos históricos, não se percam.

Com base no estudo das metodologias desenvolvidas, pelos autores que estabeleceram as bases teóricas da análise morfológica: Conzen, Caniggia, Whitehand, Kropf, Osmond e Salat, pretende criar-se uma metodologia de análise da cidade consolidada, tanto no espaço construído como no espaço não construído. Esta metodologia será aplicada à cidade. Posteriormente, os princípios da cidade ecológica desenvolvidos por Serge Salat são analisados, juntamente com a regulamentação existente referente aos planos da cidade, o que permitirá a criação de orientações relativas à sustentabilidade da área urbana, conservação da área consolidada e à construção de novos edifícios, de modo a integrar as preocupações ecológicas e da arquitetura atual, procurando a revitalização da imagem urbana, não comprometendo decisões futuras, nem rompendo com o passado.

A gestão do ambiente urbano representa um desafio complexo para as sociedades contemporâneas, não só atendendo a preocupações ecológicas, mas também garantindo a satisfação das necessidades da população, propiciando o desenvolvimento das áreas urbanas.

Palavras-chave: Morfologia Urbana; Salat; Avaliação de Sustentabilidade; Desenvolvimento Sustentável

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ABSTRACT

The historical and evolutionary process of the development of major European cities is connected to the capitalist principles of the industrial revolution. The industry’s fast development, which led to an increase in production and consumption improving the standard of living of the population, caused profound changes in the environment due to the irrational exploitation of natural resources and the occupation process of urban environments, cause by the need of hand labor in industries. The increase in population ally to the lack of vision in the development of cities has emphasized the pressure on the changes made in built environment endangering the forms diversity.

As discipline, the morphology is in a good position to address this issue. Due to the need for the preservation of buildings in its urban context. The urban morphology is responsible for the knowledge of the built environment and its relationship with its surroundings that can make it more accessible in order to reduce the tension between the historic core and new construction. For this, it is necessary to take into account the temporal component of the urban core to ensure the preservation of the identity and memory values, a characteristic of the historic core.

Based on the methodologies developed studied by the authors who established the theoretical basis of morphological analysis: Conzen, Caniggia, Whitehand, Kropf, Osmond and Salat. The author create a methodology of analysis of the consolidated city, both in space built and unbuilt. Which was applied to the city. Subsequently, the ecological city presented by Serge Salat is analyzed along with existing regulations regarding the city's plans. This will allow the creation of guidelines for the sustainability of the urban area, conservation of the consolidated area and the construction of new buildings, to integrate environmental concerns and the current architecture. Aiming to the revitalization of urban image, without either compromising future decisions and breaking with the past.

The management of the urban environment is a complex challenge for contemporary societies, not only attending to environmental concerns but also ensuring the population needs satisfaction, leading to the development of urban areas.

Keywords: Urban Morphology; Salat; Sustainability Assessment; Sustainable development

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ÍNDICE

Agradecimentos I Resumo III Abstract IV Índice V

Índice de figuras VII

Índice de Tabelas XI

Siglas e Abreviaturas XIII

Introdução 1

1. Motivações 2

2. Objetivos 4

3. Estrutura e Metodologia Utilizada 5

4. Estado da Arte 6

PARTE I

1. Análise da forma urbana 9

1.1 A Forma Urbana 10

1.2 Escola Inglesa 12

1.2.1 Análise Morfológica de M. R. G. Conzen 13

1.2.2 Karl Kropf 20

1.2.2.1 Análise Morfológica de Krarl Kropf 20

1.2.3 Paul Osmond 26

1.2.3.1 Análise Morfológica de Paul Osmond 26

1.3 Escola Italiana 33

1.3.1 Análise Morfológica de Saverio Muratori 33 1.3.2 Análise Morfológica Gianfranco Caniggia 34

1.4 Escola Francesa 43

1.4.1 Serge Salat 43

1.4.2 A forma do Núcleo Sustentável 45

1.4.3 Avaliação da Forma Urbana 46

PARTE II

2. Proposta de um Método de Avaliação 53

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2.1 Metodologia 54

3. Caso de Estudo 56

3.1 Fase 1: Seleção de um caso de estudo 57

3.2 Fase 2: Estudo do desenvolvimento histórico 58 3.2.1 Odivelas – Caracterização Histórico-Patrimonial 59

3.2.2 Odivelas – Caracterização Urbana 60

3.3 Fase 3: Aplicação do modelo hierárquico 63

3.4 Fase 4:Caracterização de USU’s 65

3.4.1 Caracterização da classe Sedes - Aplicação da Matriz de Salat 70 3.4.2 Classificação dos Resultados Referentes à Classe Sedes 71 3.4.3 Caracterização da Classe Textus – Aplicação da Matriz de Salat 76 3.4.4 Classificação dos Resultados Referentes à Classe Textux 78

PARTE III

4. Conclusões 83

Bibliografia 93

Anexos 94

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ÍNDICE DE FIGURAS

1 Análise da forma urbana

Figura 1.1 – Adaptação de esquema de Anne Moudon sobre diferentes níveis de resolução da estrutura urbana

Fonte: Moudon, A. V., 1994 13

Figura 1.2 – Planta de distribuição funcional dos solos da cidade de Alnwick (1964)

Fonte: Conzen, M. R. G., 1966 14

Figura 1.3 – Linhas de rua e, consequentemente, são visíveis os sistemas de ruas e os quarteirões

Fonte: Kropf, K., 1993, Volume II 15

Figura 1.4 – Limitação dos lotes no interior dos quarteirões

Fonte: Kropf, K., 1993, Volume II 15

Figura 1.5 – Tipologia de edifícios implantados nos lotes

Fonte: Kropf, K., 1993, Volume II 15

Figura 1.6 – Representação hierárquica em planta, das regiões morfológicas de Alnwick

Fonte: Conzen, M. R. G., 1960 16

Figura 1.7 – Representação das unidades tipo-morfológicas de Alnwick

Fonte: Conzen, M. R. G., 1960 17

Figura 1.8 – Ilustração de Teasdale’s Yard mostrando o Burgage Cycle e a variedade de formas de ocupação do lote

Fonte: Conzen, M. R. G., 1960 17

Figura 1.9 – Fringe Belts de Berlim

Fonte: Whitehand, J. W. R., 1987 18

Figura 1.10 – Fringe Belts de Alnwick

Fonte: Conzen, M. R. G., 1960 19

Figura 1.11 – Quatro níveis da hierarquia da forma construída de Kropf:

Aedes, Fines, Sertum e Textus

Fonte: Osmond, P., 2008 23

Figura 1.12 – Área de estudo (Whitehand 1990) Os exemplos mostram as fronteiras correspondentes a formas identificáveis, neste caso: lotes e séries de lotes

Fonte: Kropf, K., 1993, Volume II 24

Figura 1.13 – Padrões do espaço urbano a diferentes níveis de resolução dentro de uma unidade de plano/ USU

Fonte: Osmond, P, 2008 29

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12

Figura 1.14 – Comparação de um padrão de rua/ bloco hipotético

Fonte: Osmond, P., 2008 30

Figura 1.15 – Decomposição da USU

Fonte: Osmond, P., 2008 32

Figura 1.16 – Esquema síntese da hierarquia de Caniggia

Fonte: Crespo, R., 2013 36

Figura 1.17 – Materiais de parede em construção vernacular inglês (após Brunskill 1971)

Fonte: Kropf, K., 1993, Volume II 37

Figura 1.18 – Estrutura de materiais em arranjo interno de edifícios segundo Caniggia

Fonte: Kropf, K., 1993, Volume II 38

Figura 1.19 – O tipo base e variantes sincrônicas de posição em relação ao declive. Diagrama de Caniggia 1984

Fonte: Kropf, K., 1993, Volume II 39

Figura 1.20 – Diagrama de Caniggia 1984 mostrando variações das células elementares distinguidas de acordo com funções específicas

Fonte: Kropf, K., 1993, Volume II 39

Figura 1.21 – Estrutura de um lote segundo Caniggia 1974

Fonte: Kropf, K., 1993, Volume II 40

Figura 1.22 – Delimitação de uma série de lotes segundo Caniggia

Fonte: Crespo, R., 2013 41

Figura 1.23 – Relação entre quarteirão, série de lotes e tecido de enchimento

Fonte: Osmond, P., 2008 41

Figura 1.24 – Delimitação de um quarteirão segundo Caniggia 1979

Fonte: Kropf, K., 1993, Volume II 41

Figura 1.25 – Diagrama de evolução de um tecido urbano

Fonte: Kropf, K., 1993, Volume II 42

2 Proposta de um Método de Avaliação

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3 Caso de Estudo

Figura 3.1 – Extrato da carta chorographica dos terrenos em volta de Lisboa. O trajeto da estrada real vindo de Lisboa, passando pelo Sr. Roubado, Odivelas e Caneças

Fonte: Almeida, Durão, 2012 59

Figura 3.2 – Desenho de Reconstituição do território da região de Odivelas

Fonte: Almeida, Durão, 2012 61

Figura 3.3 – Delimitação da área de estudo

Fonte: Autora, adaptado de Google Maps 63

Figura 3.4 – Delimitação de USU’s

Fonte: Autora, adaptado de Google Maps 64

Figura 3.5 – Delimitação de USU’s

Fonte: Autora, adaptado de Google Maps 75

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14 X

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ÍNDICE DE TABELAS

1. Análise da forma urbana

Tabela 1.1 – Hierarquia de Kropf

Fonte: Autora. Adaptado de Osmond 2008 22

Tabela 1.2 – Comparação entre modelos de Kropf, Cozen e Caniggia

Fonte: Crespo, R., 2013 23

Tabela 1.3 – Hierarquia dos espaços abertos proposta por Osmond

Fonte: Autora. Adaptado de Osmond 2008 28

Tabela 1.4 – Classes estruturais de vegetação urbana que suportam a delimitação das USU

Fonte: Autora. Adaptado de Osmond 2008 29

Tabela 1.5 – Comparação entre hierarquia de Kropf e de Salat

Fonte: Autora. 47

Tabela 1.6 – Matriz de análise de Sustentabilidade de Salat

Fonte: Autora. Adaptado de Salat 2011 48

2. Proposta de um Método de Avaliação

3. Caso de Estudo

Tabela 3.1 – Matriz de Salat – Parâmetros Selecionados

Fonte: Autora. 68

Tabela 3.2 – Aplicação da Matriz de Salat

Fonte: Autora. 69

Tabela 3.3 – Aplicação da Matriz de Salat aos dados da classe Sedes

Fonte: Autora. 70

Tabela 3.4 – Tabela de Valores de Índices Urbanísticos

Fonte: Adaptado de Lobo 1995. 71

Tabela 3.5 – Avaliação da aplicação da Matriz de Salat aos dados da classe Sedes

Fonte: Autora. 75

Tabela 3.6 – Aplicação da Matriz de Salat aos dados da classe Textus

Fonte: Autora. 76

Tabela 3.7 – Aplicação da Matriz de Salat aos dados da classe Textus

Fonte: Autora. 80

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16 XII

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1

SIGLAS E ABREVIATURAS

ISUF – International Seminar of Urban Form

UMRG – Urban Morphology Research Group

UTM – Unidades Tipo-Morfológicas

CISPUT – Centro Internacional pelo Estudo do Processo Urbano e Territorialização

ASBEC – Conselho Australiano Sustentável do Ambiente Construído

UNSW – University of New South Wales

USU – Urban Structural Unit

CRIL – Circular Rodoviária Interna de Lisboa

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2 XIV

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1

Introdução

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1. Motivações

A cidade constitui-se como a forma escolhida pelo Homem, para viver em sociedade satisfazendo as suas necessidades. É, assim, o produto mais complexo e variado da herança histórica humana, respondendo às necessidades de cada época e conjuntura histórica. No entanto, a vida humana e as áreas urbanas têm sido ameaçadas pelo aumento das incertezas da resposta do meio ambiente ao impacto das atividades do Homem.

A sustentabilidade urbana é um debate que surge da necessidade de entendermos o conjunto de problemas da qualidade de vida urbana, tais como: alterações climáticas, esgotamento de energias fósseis e minerais, desmatamento desenfreado, violência, desigualdade social, transportem público escasso, entre outros. São inúmeras as questões levantadas nesse contexto, assim como a pluralidade com que o termo é empregado na literatura e documentos, pois, além da discussão urbana inserida na dimensão ambiental, o conceito incorpora as dimensões econômica, social, cultural e política. [Sampaio 2009:1]

Esta dissertação pretende estabelecer a relação entre os discursos dos diferentes autores e propor orientações a aplicar nas políticas de planeamento urbano atuais, criando mecanismos e metodologias que permitam intervenções na cidade de modo a que esta não perca as suas características históricas e, ao mesmo tempo, promovam o seu desenvolvimento sustentável.

Uma correta análise morfológica das cidades apenas se torna possível através do relacionamento da teoria com a História da cidade de modo a entender-se a delimitação dos centros históricos e das unidades de planeamento e gestão, percebendo como a cidade se adaptou às necessidades de cada época. Apenas depois deste entendimento se torna possível a criação de modelos de intervenção que forneçam orientações tanto nas ações de conservação como na construção de novos edifícios em áreas edificadas na cidade, numa época em que as preocupações de sustentabilidade são crescentes.

O desenvolvimento sustentável constitui uma prioridade do séc. XX e implica que os membros de uma comunidade, os cidadãos, adquiram conhecimentos que contribuam para melhorar as suas perceções em relação aos problemas ambientais, sociais e económicos [...] [Ferreira 2005].

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3 As características de um núcleo são específicas de cada

contexto, no qual a energia e a vitalidade conduzem à inovação, podendo ser desafiadas e focadas em direções específicas. A tradição e a inovação não são entidades absolutas, a tradição de hoje foi a inovação de ontem e uma não pode existir sem a outra. Deste modo, a qualidade do ambiente construído, com especial enfoque nos espaços públicos é a principal preocupação.

Tanto a tradição como a inovação devem servir um ou mais propósitos da sociedade atual e encaixar no seu leque de atividades e interesses. Assim, a cidade deve ser encarada como um organismo vivo, em constante mutação, cuja adaptabilidade garante a sustentabilidade, aumentando a sua autonomia e criando um organismo vivo em vez de uma “cidade máquina”.

Assim, o novo desenvolvimento deve partilhar as características que definem o núcleo onde se localiza, bem como garantir a sustentabilidade do mesmo. Para tal, pretende elaborar-se um método quantitativo de avaliação. Para que os agentes envolvidos no processo de planeamento, considerem as características que promovem e garantem o desenvolvimento sustentável e a diminuição da pegada ecológica, não comprometendo as necessidades futuras de uma sociedade sustentável.

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2.Objetivos

Esta dissertação visa desenvolver estudos conducentes à sintetização dos princípios e conceitos relativos à morfologia urbana, operacionáveis nas ações de conservação e urbanização da cidade, aplicando-os à definição de uma metodologia de avaliação da sustentabilidade da forma urbana.

Tendo como objeto de estudo a cidade, a morfologia urbana estuda as formas e liga-as aos fenómenos que lhes deram origem. Assim, para uma análise morfológica, é necessário ter em conta a articulação do caracter histórico e geográfico de um aglomerado. A discrepância entre as definições conceptuais encontrada nos estudos efetuados pelos diversos autores gera a necessidade de clarificação dos métodos utilizados na análise da forma urbana.

O objetivo geral deste documento consiste na construção de uma metodologia de intervenção e conservação dos tecidos urbanos avaliando a sua sustentabilidade, através da análise da sua morfologia. Deste modo, definem-se como objetivos específicos:

 A compreensão dos conceitos e metodologias desenvolvidos por Conzen, Caniggia, Whitehand, Kropf, Osmond e Salat;

 Definição de uma metodologia de avaliação da forma urbana que permita uma articulação entre o planeamento e a sustentabilidade urbana, fornecendo linhas de orientação para a intervenção ou construção em núcleos consolidados da cidade, diminuindo a pegada ecológica e não perdendo o seu carácter;

 Verificar a viabilidade da aplicação da metodologia proposta num caso de estudo;

 Determinar parâmetros de orientação para ações de intervenção e conservação em áreas urbanas consolidadas.

As características de cada núcleo distinguem-no dos demais, e tanto as preocupações de salubridade, sustentabilidade ambiental, acessibilidade, como a redução dos níveis de poluição ambiental incluem os diversos níveis do

design, desde a localização dos edifícios, a sua orientação e a

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5

3 Estrutura e Metodologia

De modo a atingir os objetivos anteriormente elencados, a investigação apresentada divide-se em três partes:

Na primeira parte deste trabalho pretende estabelecer-se uma base teórica na qual se explicitam os conceitos e metodologias desenvolvidos pelos autores anteriormente mencionados, de forma a fundamentar uma proposta de análise morfológica e de avaliação da sustentabilidade da forma urbana. Para tal, pretende utilizar-se como fonte documental as publicações da revista inglesa Urban Morphology, que publica os resultados das pesquisas mais relevantes na área da morfologia urbana, bem como as publicações da responsabilidade de autores como Conzen, Whitehand, Caniggia, Kropf, Osmond e Serge Salat.

Na segunda parte propõe-se uma metodologia de avaliação da sustentabilidade da forma urbana, com base na análise morfológica e nas teorias apresentadas pelos autores estudados na primeira parte do documento. Pretende, ainda, verificar-se a viabilidade da proposta apresentada com recurso a um caso de estudo. Para tal, efetuar-se-á uma análise morfológica com recurso a cartografia histórica e atual, ortofotomapas, fotografias e visitas ao local, e, seguidamente, examinar-se-ão as implicações da proposta.

Na terceira parte, apresentam-se, as conclusões retiradas do cruzamento da informação apresentada na primeira e segunda partes da dissertação, de forma a clarificar o modelo de avaliação criado, para que o mesmo possa ser utilizado, pelos agentes responsáveis, no processo de planeamento.

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4 Estado da Arte

O estudo da morfologia urbana iniciou-se no final do séc. XIX, mas apenas se tornou conhecido mais tarde através do trabalho desenvolvido pelo criador da escola de pensamento Anglo-Germânica M.R.G. Conzen. O geografo desenvolve uma abordagem que fica conhecida como Escola Inglesa ou Tradição Conzeniana. Já na década de 50, do século passado em Itália, Saverio Muratori começa a desenvolver uma metodologia de análise da forma urbana baseada na tipologia, tendo como base o processo tipológico dos tipos de construção como produto de um processo de aprendizagem. Esta abordagem foi desenvolvida por Caniggia. Mais recentemente os estudos de K. Kropf e P. Osmond destacam-se.

M.R.G. Conzen – Estabeleceu uma hierarquia entre os três elementos constituintes da paisagem urbana: uso do solo, tecido construído e planta de cidade. Assim, admitiu que as relações espaciais entre os elementos se determinam da seguinte forma: o primeiro contem o segundo e, o segundo contem o terceiro. Demonstrou, ainda, a estratificação histórica da paisagem urbana, através de estudos efetuados em cidades britânicas. [Whitehand 2009].

G. Caniggia – Estuda as tipologias e os tipos, analisando os elementos urbanos com características comuns. Analisa ainda, o processo de formação da cidade de forma a compreender o ambiente construído, para tal, recorre à separação concetual entre espaço e tempo, e correlação espacial (copresence) e correlação temporal (derivação). A sua linha de pensamento visa a especificação de uma metodologia que permita a interpretação das cidades e dos seus elementos estruturais.

K. Kropf – Estabeleceu uma base teórica consistente e fundamentada para a subdivisão da forma urbana. Para tal, analisou as abordagens desenvolvidas por Conzen e Caniggia definindo uma taxonomia que define os diferentes níveis das

Urban Structural Units (USU). Estas consistem em áreas

relativamente homogéneas quanto ao seu tipo, densidade e disposição da área construída e não construída, delineando diferentes configurações dentro do ambiente construído [Osmond 2010].

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7 P. Osmond – Partindo do sistema desenvolvido por Kropf,

Osmond propõe uma definição mais rigorosa para USU, de forma a testar a sua dependência enquanto modelo de avaliação da forma urbana e para aumentar a sua utilidade geral no desenho urbano [Osmond 2008].

S. Salat – Investiga a questão da forma a dar às cidades para que estas sejam sustentáveis, estudando as cidades orientais e ocidentais através de desenhos, plantas e fotografias. Fornece uma dimensão científica mensurável das noções essenciais de urbanismo sustentável, explorando a qualidade dos tecidos urbanos. É enfatizada a importância da integração social e diversidade cultural, estruturada com o ecossistema. A morfologia urbana é encarada como uma alavanca fundamental para as cidades se adaptarem, aumentando a sua eficiência e reduzindo o consumo de energia. Desenvolve-se, assim, um método de desenho urbano fundamentado em qualidades percetíveis para o projeto de espaços abertos, ruas e sequências visuais, formando as bases para a cidade enquanto local de memória.

Para o desenvolvimento deste documento foi necessário recorrer a leituras que se mostraram indispensáveis para a estruturação e organização das ideias bem como na forma como estas são apresentadas. Relativamente à primeira parte destacam-se as monografias publicadas pelos autores, bem como os artigos da revista inglesa Urban Morphology. Na segunda parte, referente ao caso de estudo, destaca-se a obra de Rogério Vieira de Almeida e Vítor Durão [2012] ‘Análise Urbana – Odivelas, de aldeia a centro histórico da cidade’, bem como os estudos já efetuados para a elaboração do PDM de Odivelas.

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9

Para descrever ou analisar a forma física de uma cidade ou mesmo de um edifício, pressupõe-se já a existência de um instrumento de leitura que hierarquize a importância dos diferentes elementos da forma. Assim, os fios de eletricidade de uma rua não têm a mesma importância na descrição do espaço físico dessa rua como a altura dos edifícios, etc. Portanto, a leitura, mesmo querendo-se objetiva, passa já por uma operação da cultura que seleciona os elementos, os hierarquiza e lhes atribui valores.

[Lamas 2000:37]

1. Análise da Forma Urbana

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10

1.1 A Forma Urbana

De acordo com M. P. Conzen a morfologia urbana é o estudo da forma construída das cidades, procura explicar o seu

layout e a composição espacial das estruturas urbanas assim

como dos espaços não construídos, o seu caracter material e o seu significado simbólico à luz das forças que criaram, expandiram, diversificaram e transformaram a cidade [M. P. Conzen 2013:2].

A morfologia urbana estuda a evolução da cidade desde o inicio da sua formação até à atualidade identificando e dissecando cada elemento [ … ] Os morfologistas analisam os resultados tangíveis das forças sociais e económicas: estudam os resultados das ideias e intensões aplicadas e como estas moldam as cidades. Edifícios, jardins, ruas, parques e monumentos estão entre os principais elementos de análise morfológica, contudo são elementos em constante mutação, possuindo uma estreita e dinâmica inter-relação. [Moudon, 1997:3]

Neste contexto, surgem três ‘escolas’ de pensamento de morfologia urbana num contexto interdisciplinar.

ESCOLA INGLESA – ANÁLISE HISTÓRICO-GEOGRAFICA

A ‘escola’ inglesa ficou conhecida como Tradição

Conzeniana devido ao importante contributo de M. R. G.

Conzen no estudo da forma urbana, esta baseia-se mais em conceitos do que em teorias. Com o objetivo de desenvolver uma teoria de construção de cidade, esta abordagem histórico-geográfica analisa a conceção das cidades. O desenvolvimento das cidades é analisado com base em conceitos como período morfológico e região morfológica. Conzen descreve o seu trabalho em três fases: planta da cidade, tecido construído e uso do solo.

ESCOLA ITALIANA – ANÁLISE TIPO-MORFOLÓGICA

Ao contrário da escola inglesa que parte do tecido urbano e posteriormente procede à análise dos elementos morfológicos, a escola italiana seleciona um elemento morfológico e analisa o seu desenvolvimento ao longo do tempo.

Esta linha de pensamento foi desenvolvida por Saverio Muratori [1910 – 1973] e distingue-se pela atenção dada ao estudo das tipologias. A análise baseia-se na ideia de que as

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11 novas tipologias de construção assentam na adaptação de

tipologias de construção anteriores.

ESCOLA FRANCESA

A escola francesa surge como uma reação ao movimento moderno e à sua rejeição da história. Apesar de ter sido oficializada apenas na década de 60, do século XX, com a fundação da escola de arquitetura de Versalhes e a dissolução das Belas artes (Beaux-Arts), por Philippe Panerai e Jean Castex, teve origem em reflexões anteriores sobre a cidade apoiadas pelo sociólogo Henry Lefebvre [1901-1991].

A escola Francesa encontra-se entre as escolas inglesa e italiana analisando questões de design e de processo de construção de cidade. O seu objetivo é consolidar uma nova disciplina através do desenvolvimento de pesquisas descritivas multidisciplinares do espaço construído, e da identificação e crítica de modelos teóricos e práticos de desenho urbano.

Através das publicações e conferências do

International Seminar of Urban Form (ISUF) onde se debatem e

comparam teorias métodos e práticas, estas três escolas de pensamento têm vindo a destacar o papel da morfologia urbana enquanto campo de estudo a nível internacional.

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12

1.2 Escola Inglesa

A escola inglesa, ou tradição conzeniana, teve as suas origens no trabalho desenvolvido por Otto Schluter no qual se distingue ‘paisagem cultural’ (Kulturlandschaft), ‘paisagem natural’ (Naturlandschaft) e ‘paisagem primitiva’ (Urlandschaft), e se introduz o conceito de ‘ciência da paisagem’ (Landschaftkunde), tornando a paisagem o elemento central da geografia [Whitehand 2007:2]. Além da sua própria abordagem, Schluter teve influência através das dissertações que orientou na universidade onde lecionava. A mais marcante foi a desenvolvida por Geisler, sobre o interior de Danzing publicada em 1918.

M. R. G. Conzen, fundador da escola inglesa de morfologia urbana, iniciou os seus estudos no Instituto de Geografia da Universidade de Berlim em 1926 [Slater 1990c:26]. O seu trabalho, enquanto geografo, foi influenciado por Geisler, isto é evidente na sua tese apresentada em Berlim em 1932 onde dividiu por cores o tipo de edifícios em onze cidades alemãs a Oeste e Norte de Berlim [Slater 1990c:28]. Conzen desenvolveu o conceito de ‘paisagem cultural’ (Kulturlandschaft), estudando como a sociedade tem modificado o seu habitat de forma a responder às suas necessidades e situações históricas.

Em 1933, Conzen emigrou para Grã-Bretanha e tornou-se um ponto de referência na análitornou-se morfológica Alemã e Inglesa. Tal como Shluter, Conzen considerava que para a compreensão da paisagem era necessária a análise dos planos urbanos, a tipologia do edificado e o estudo do parcelamento e uso do solo, assim como é necessária uma análise histórica e evolutiva do espaço urbano [Whitehand 2009]. Assim, a análise de Conzen distingue as diferentes tipologias por cores, a delimitação das regiões morfológicas fornece uma análise do desenvolvimento histórico dos núcleos fornecendo pistas para o planeamento do desenvolvimento futuro.

J. W. R. Whitehand, o principal seguidor de Conzen, fundou o grupo de pesquisa de morfologia urbana da universidade de Birmingham (UMRG) juntamente com autores como Kropf, Larkham, Slater e Samuels seguindo esta forma de pensamento colocando-o em prática na avaliação e gestão de paisagens urbanas [Oliveira e Pinho 2007].

Recentemente, o estudo da morfologia urbana desenvolve-se em diversos campos, entre os quais o histórico. O interesse neste campo não é limitado a académicos com preocupações históricas. Grande parte dos estudos são desenvolvidos por geógrafos e outros interessados, os

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13

responsáveis pelo planeamento e gestão da paisagem urbana dão grande importância às formas criadas pelas gerações anteriores. Além disso, a sua atenção não se foca apenas na forma concebida, já que os morfologistas analisam também a sociedade e o processo que leva à criação da forma [Whitehand, Larkham 1992:2].

1.2.1 Análise Morfológica de M. R. G. Conzen

A análise morfológica derivada da Tradição Conzeniana estuda a evolução histórica dos núcleos urbanos, abordando a sua forma como uma sequência de acontecimentos sociais e económicos que deixam as suas marcas na forma construída das cidades. Conzen desenvolveu uma abordagem histórica e evolutiva baseada em conceitos como região morfológica, período morfológico, burgage cycle e fringe-belt, que estudaremos mais à frente.

Conzen reconheceu, ainda, a divisão tripartida da paisagem urbana: planta de cidade, tecido construído e uso do solo, [Whitehand 2001:104]. Esta divisão foi corroborada por vários geógrafos e urbanistas, entre eles Anne Moudon [Moudon 1994:295]. Esta divisão permite uma metodologia de análise da forma urbana a diferentes níveis de resolução dependendo da escala de aproximação que se pretende. Mas, a cidade apenas pode ser entendida historicamente se os elementos que a compõem sofrerem alterações. Deste modo após uma identificação dos elementos constituintes da paisagem seria possível a aplicação dos conceitos e desta forma analisar a cidade.

TOWNSCAPE | PAISAGEM URBANA

O conceito de townscape aproxima-se ao conceito português de paisagem urbana. É definido através da fisionomia da cidade, englobando a sua configuração física e o arranjo de recursos efetuado pelo homem. Assim, de forma a aprofundar a análise é necessário entender a natureza desses recursos individualmente e a sua relação nos arranjos efetuados. Conzen defende que a paisagem urbana é composta por três componentes: planta de cidade, tecido construído e uso do solo, e que o conjunto formado por estes três componentes fornece uma base para a investigação sistemática da morfologia urbana [Conzen 1960].

Figura 1.1 – Adaptação de esquema de Anne Moudon sobre diferentes níveis de resolução da estrutura urbana. Fonte: Moudon, A.V., 1994.

(32)

14

USO DO SOLO | LAND UTILIZATION

Para Conzen, este aspeto refere-se à distribuição espacial dos usos funcionais dos solos e dos edifícios dos núcleos urbanos. Os elementos descritos denominam-se unidades de uso de solo e são limitadas pelos lotes. O uso do

solo encontra-se dentro dos limites da unidade [Kropf 1993:44]. Para a análise deste aspeto é necessário o estudo das unidades do uso de solo, das funções ou grupos de funções que cada unidade possui e das relações espaciais entre as unidades através de um sistema de coordenadas.

TECIDO CONSTRUÍDO | BUILDING FABRIC

Este aspeto refere-se à composição tridimensional das formas físicas na cidade. [Conzen 1960] Conzen distingue tipos de edifícios com base em cinco critérios: posição relativamente a uma rua, intensidade de uso do solo, tipo de uso, período de origem e forma interna e externa. Assumindo a definição convencional de construção. [Kropf 1993:48].

Para Conzen, o fator temporal e a sua posição relativa à rua e na malha são identificativos do objeto. Conzen considera que os cinco fatores devem ser considerados individualmente mas, como componentes da mesma forma urbana.

PLANTA DE CIDADE | TOWNPLAN

Conzen define planta de cidade como a representação do núcleo urbano onde também são observáveis as características artificiais do mesmo. A planta de cidade é composta por: terreno, sistema de ruas, unidades homogéneas de lotes e unidades de implantação, [Conzen 1960] que possuem características individuais que devem ser tidas em conta tal como a relação espacial entre eles.

TERRENO | SITE – Caracteriza a localização da cidade e os seus recursos naturais.

SISTEMA DE RUAS | STREET SYSTEM – O sistema de ruas consiste no conjunto de blocos de rua, estes são circunjacentes e intercomunicantes. Conzen define ainda a rua como um espaço numa superfície construída, delimitado por

linhas de rua e reservado ao trafego de superfície [Conzen 1969:130]. As linhas de rua podem, assim, ser entendidas como as linhas de contorno dos quarteirões fazendo a separação entre o quarteirão e a rua.

Figura 1.2 – Planta de distribuição funcional dos solos da cidade de Alnwick (1964). Fonte: M. R. G.

(33)

15

Figura 1.5 – Tipologia de edifícios implantados nos lotes. Fonte: Kropf 1993,

volume II.

UNIDADES HOMOGÉNEAS DE LOTES | PLOT PATTERN – Uma unidade homogénea de lotes consiste num conjunto de lotes contínuo, numa área construída. Este complexo é constituído por blocos de rua e séries de lotes [Conzen 1960]. Conzen define, ainda, lote como ‘(…) uma parcela de terra

definida por fronteiras’ [Conzen 1969:130], constituinte das unidades homogéneas de lotes, é uma unidade tipo de uso de solo, sendo o seu limite uma soma de partes que se relacionam entre si e se lerem como uma entidade única. Anteriormente definiu-se a linha de rua como a linha de contorno de um quarteirão, deste modo conclui-se que ‘a linha de rua deve ser

vista como uma entidade separada, e a sua definição deve ser adicionada à definição de unidades de lotes, blocos de ruas e quarteirões’ [Kropf 1993:56].

UNIDADES DE IMPLANTAÇÃO | BUILDING PATTERN –

Building patern consiste no arranjo de edifícios, ou seja,

consiste na área ocupada por cada edifício no lote, os edifícios são limitados por paredes que definem a forma do mesmo [Kropf 1993:56].

Figura 1.3 – Linhas de rua e, consequentemente são visíveis os sistemas de ruas e os quarteirões. Fonte: Kropf 1993, volume II.

Figura 1.4 – Limitação dos lotes no interior dos quarteirões. Fonte: Kropf

(34)

16

REGIÃO MORFOLÓGICA | MORPHOLOGICAL REGION

Área de forma homogénea ao nível das tipologias de planta, de construção e de uso de solo mas, acima de tudo a nível gráfico [Conzen 1960:5].

As regiões morfológicas são áreas que possuem unidade na sua forma, dimensão e proporção de lotes, proporção cheios/vazios, materiais de construção, etc. Ao mesmo tempo estas áreas distinguem-se das circunvizinhas, embora os limites entre regiões variem em intensidade [Whitehand 2001:106].

Estas regiões morfológicas são identificadas a partir do levantamento histórico da cidade e organizam-se hierarquicamente conforme a dimensão e complexidade da cidade. O centro histórico, com ou sem fringebelt, forma uma divisão no plano de ordem superior composta por divisões de ordem menor [Conzen 1969].

As regiões morfológicas são conhecidas em Portugal como Unidades Tipo-Morfológicas (UTM) e a sua delimitação em trabalhos de conservação tem vindo a tornar-se fundamental pois o mapeamento das mesmas fornece uma apresentação visual da historicidade da cidade. Apesar destas manchas não serem estáticas, dado que se alteram ao longo do tempo, elas se justificam devido a diferentes influencias socioeconómicas, e diferentes periodos de construção [Conzen 1960:07].

Figura 1.6 – Representação hierárquica em planta das Regiões Morfológicas de Alnwick. Fonte: M. R. G.

(35)

17 PERIODO MORFOLÓGICO | MORPHOLOGICAL PERIOD

Qualquer período da história de uma área que cria formas materiais distintas na sua paisagem cultural para atender às necessidades socioeconómicas particulares da sua sociedade. Estas formas sobrevivem em grau variáveis como característica residual [Conzen 1960].

Um período morfológico é então, um período histórico que criou formas distintas das criadas noutras épocas devido às tecnologias e materiais utilizados nas construções. Whithand e Larkham defendem que a paisagem urbana incorpora a sua historicidade, sendo esta a sua característica mais proeminente.

BURGAGE CYCLE

O desenvolvimento cíclico de uma série de lotes medievais como resposta às novas exigências socioeconómicas. Este ciclo abrange desde o período de formação do lote, na idade média, até ao seu término contemporâneo. O seu desenvolvimento passa pela construção de novos edifícios no lote e pela sua demolição passando por fases de clímax mensuráveis em termos de área construída. O clímax é seguido por um período de pousio na fase final [Conzen 1960].

O Burgage Cycle é um ciclo que se desenvolve no Burgage, sendo este um lote medieval definido por burgueses na idade média. Este ciclo é de progressivo preenchimento por edifícios no lote e encontra-se associado a alterações funcionais. Analisando a imagem observamos um aumento da densidade de construção entre 1774 e 1921, através do parcelamento do lote e em 1956 o lote encontra-se em pousio.

Figura 1.7 – Representação das unidades tipo-morfológicas de Alnwick. Fonte: M. R. G. Conzen 1960.

Figura 1.8 – Ilustração de Teasdale’s yard mostrando a o Burgage Cycle e a variedade de formas de ocupação do lote. Fonte: M.R.G. Conzen 1960.

(36)

18

Slater desenvolveu um estudo deste tema a partir das suas medições parcelares [Whitehand 2001:105].

FRINGEBELT

Trata-se de uma zona originária num avanço muito lento do limite da cidade é composto por uma mistura característica de usos de solo, inicialmente procurando uma localização periférica [Conzen 1960].

O conceito de fringebelt foi introduzido em 1936 por Herbert Louis, mentor de Conzen, este caracterizou as fringebelts da cidade de Berlim, como podemos ver na figura, mas foi Conzen que desenvolveu este conceito mais aprofundadamente nos seus estudos de Alnwick e Newcastel upon Tyne [Whitehand 2001:105]. Estas zonas caracterizam-se por lotes de formas e dimensões irregulares sendo que as suas fronteiras seguem, geralmente, os limites das propriedades rurais.

As fringebelts formam-se a partir de impulsos que refletem o ambiente socioeconómico regional e nacional, assim nos períodos de crise os limites da paisagem urbana são marcados por edifícios institucionais possuindo usos muito distintos como parques ou serviços públicos.

Inicialmente, considerava-se que estas zonas estavam associadas às linhas de fixação decorrentes das zonas da antiga fortificação, contudo tornou-se percetível que estas zonas introduzem uma importante descontinuidade na expansão da cidade, sendo uma barreira que marca a tradicional franja estacionária de uma antiga cidade [Barke 1990:281].

O intercalar de fringebelts com as sucessivas zonas de expansão residencial torna as fronteiras indeterminadas dissolvendo a sua expressão de historicidade, já que as construções se encontram muito dispersas e existe pouca indicação sobre o período de construção dos seus elementos [Conzen 2004:52]. A importância destas áreas é reconhecida individualmente pelos seus edifícios, embora não se considere parte integrante do desenvolvimento histórico da cidade [Whitehand, Moudon 2003:819].

Figura 1.9 – Fringe Belts de Berlim. Fonte: Whitehand 2001.

(37)

19

(38)

20

1.2.2 Karl Kropf

O geografo Karl Kropf estudou na Oxford Polytechnic, onde terminou o seu mestrado em design urbano, em 1986, e concluiu o doutoramento na Universidade de Birmingham em 1993, no qual se baseou na análise morfológica urbana como uma forma de estabelecer uma base consistente para a definição e subdivisão da forma construída e a sua aplicação no planeamento e na arquitetura.

Assim, após uma análise dos trabalhos desenvolvidos por Conzen e por Caniggia, Kropf inicia o seu estudo com a

premissa de que a base fundamental para a definição da forma construída é a posição relativa, a relação da parte com a parte e da parte com o todo; as características base da definição da forma são o tipo, o número e o arranjo das partes. A sua pesquisa conclui que para uma descrição completa do ambiente construído é necessária uma observação do contexto humano, do ambiente natural envolvente e o contexto da sua construção, incluindo a produção, manutenção e transformação do uso dos edifícios. [Osmond 2008:57].

Atualmente, Karl Kropf leciona na Oxford Brookes University, é diretor do estúdio de design urbano REAL e pertence ao Urban Morphology Research Group (UMRG) estabelecendo interação entre as suas teorias e a prática de planeamento.

1.2.2.1 Análise Morfológica de Karl Kropf

Karl Kropf investigou as bases da teoria da análise morfológica de forma a encontrar uma base de referência para a definição e subdivisão da forma construída e examinar a possibilidade e aplicação das teorias propostas na aplicação das teorias propostas na prática do planeamento urbano, do design urbano e da arquitetura.

A teoria desenvolvida por Kropf é, então, baseada nos trabalhos desenvolvidos por Conzen e por Caniggia. Assim, é elaborada uma análise do trabalho de ambos os autores e feita uma comparação enfatizando as similaridades das subdivisões da forma urbana. As semelhanças fornecem uma base síntese para chegar a uma nova subdivisão mais consistente e coerente.

Para tal, Kropf começa por distinguir classe de relação e de propriedade. Uma entidade pertencente a uma determinada classe possui características semelhantes a outras entidades da mesma classe. Estas características são, então,

(39)

21 identificadas através de relações e propriedades. As relações

envolvem duas ou mais entidades que são comparadas pelo observador. As propriedades são características medidas através de comparações com outras entidades [Kropf 1993:213].

Kropf faz, ainda, a distinção entre espaço, tempo e energia. Estes são tidos como conceitos básicos co dependentes utilizados para descrever e compreender o mundo. Assim, o espaço refere-se a relações espaciais, o tempo refere-se a relações temporais e a energia a relações energéticas. Dado que a análise morfológica se foca no estudo da forma, Kropf enfatiza as relações espaciais tendo as restantes, apenas como referencia.

ESTRUTURA HIERARQUICA

A subdivisão das áreas urbanas assenta no conceito de complexidade, sendo este caracterizado por um grau que se determina a partir das relações da parte com o todo. Assim, a

complexidade assume a distinção de dois tipos de relação: a da parte com o todo e a das partes com outras partes.[…]

A forma é entendida como um arranjo de objetos considerados um todo. Isto envolve a distinção dos objetos como partes [Kropf 1993:225].

Deste modo, emerge uma hierarquia onde se denota que um determinado nível é ocupado por objetos e estes são formados por partes do nível inferior. Partindo desta síntese, Kropf define três conceitos:

NÍVEL DE ESPECIFICIDADE (adaptado de Caniggia)

Representa o grau de detalhe usado na definição de um objeto, dentro da mesma escala. Um menor nível de especificidade é o próprio objeto (ex: edifício), e o nível mais elevado é o objeto especifico que o constitui num único elemento (ex: Opera de Sidney) [Osmond 2008:59]. Assim, diferentes tipos específicos podem ser distinguidos a diferentes níveis de especificidade dependendo do nível de resolução da análise.

NÍVEL DE RESOLUÇÃO

Nível de resolução é a vista analítica em qualquer representação da forma urbana. Os diferentes níveis de

(40)

22

são designados pelo nome genérico correspondente [Kropf 1993:242], facilitando a comparação entre as características de cada classe.

CONTORNO

O contorno de uma forma é a combinação das suas dimensões externas (…) Estas dimensões, só por si, não definem a forma. O contorno da forma é constituído pelas dimensões da mesma, e pelas relações entre elas, isto é, as suas proporções

[Kropf 1993:243].

Baseado nestes conceitos, Kropf elaborou uma hierarquia da forma urbana constituída por nove níveis.

Kropf utilizou a nomenclatura em latim por esta ser uma língua morta e não sofrer alterações e para excluir ambiguidades terminológicas nas quais um elemento poderia pertencer a dois níveis distintos. Na figura encontram-se ilustrados esquematicamente os elementos pertencentes a cada nível.

Nível

Âmbito

Exemplos e comentários

Materia Materiais de construção Tijolo, betão, etc. Statio

Elementos Estruturais

Parede de alvenaria, parede de estrutura de madeira, fundações, cobertura

Tectum

Divisões dos edifícios Kropf inclui elementos como vãos de escadas, poços de elevador e chaminés tal como

divisões convencionais Aedes Edifícios

Moradia unifamiliar, edifício de habitação, igreja, teatro, centro comercial, edifício de escritórios Fines Lotes Pode não incluir nenhum, um

ou um arranjo de edifícios Sertum Série de Lotes /

Quarteirões / Ruas

Inclui seções de rua, interseções e praças e quarteirões de

diversas formas Textus Tecido Urbano / Unidades

de Plano

Combinações de séries de lotes/ quarteirões/ ruas com

formas semelhantes Sedes Combinações de

Unidades de Plano

Kropf sugere o núcleo, a fringe belt baseado em pesquisas

válidas

Complures Combinações de Sedes Não fornece exemplos

(41)

23 Partindo desta hierarquia é notório que as formas se

distinguem pelo seu nível de complexidade e pelo número de relações da parte com o todo, tendo como base os materiais

[Kropf 1993:228].

Esta hierarquia identifica os diferentes elementos constituintes da forma urbana. Para que a hierarquia seja consistente, Kropf, estabeleceu duas convenções: o termo

‘parte’ deve referir-se estritamente aos objetos mais complexos que compõem o arranjo [Kropf 1993:228], ou seja, pertencentes ao nível imediatamente inferior da hierarquia. E o termo

‘arranjo’ visto como um todo, incluindo os objetos, é visto como uma forma do nível a cima de complexidade, relativamente às partes. [Kropf 1993:229].

Nível de

resolução

Definição

Conzen

Caniggia

Materia Materiais de Construção - Materiais

Statio Elementos Estruturais - Estruturas

Tectum Divisões dos Edifícios - Células

Aedes Edifícios Unidades de

Implantação Edifícios

Fines Lotes Plot -

Sertum Série de lotes /

Quarteirão / Rua

Unidades Homogéneas de

Lotes

Série de Lotes

Textus Tecido Urbano / Unidades

de Planta

Unidades

Morfológicas Tecido

Sedes Combinações de Unidades

de Plano Regiões Morfológicas Organismo

Complures Combinações de Sedes - -

Figura 1.11 – Quatro níveis da hierarquia da forma construída de Kropf: aedes, fines, sertum e textus. Fonte: Osmond, 2008. A – textus: a1 – unidade de plano; a2 – rua/praça

B – sertum: b1 – quarteirão; b2 – segmento de rua; b3 – interseção/praça

C – fines: c1 – lote cum função de quarteirão; c2 – série de lotes

D – aedes

(42)

24

Tabela 1.12 – Área de estudo (Whitehand 1990) os exemplos a cima mostram as fronteiras correspondentes a formas identificáveis, neste caso lotes e séries de lotes. Fonte: Kropf 2003, volume II.

Na tabela é elaborada uma comparação dos termos utilizados por Conzen, Caniggia e Kropf de forma a tornar as divisões mais claras.

MÉTODO DE APLICAÇÃO

As classes hierárquicas definidas por Kropf correspondem a conjuntos de características comuns que podemos encontrar na generalidade das áreas urbanas. Assim, surge a necessidade de identificar as diferenças entre os tipos genéricos definidos nas classes e os tipos específicos das áreas urbanas.

Com o intuito de promover um procedimento analítico repetível e que permita uma análise comparativa, os tipos específicos devem ser distinguidos e descritos de acordo com os procedimentos estabelecidos [Kropf 1993:240].

ÁREA DE ESTUDO

Deve limitar-se uma área de estudo cuja forma poderá ser relativamente arbitrária ou com uma forma motivada pela forma do elemento em análise.

A definição da área de estudo permite uma análise comparativa entre as áreas e a identificação de elementos que podem ser considerados típicos da área de estudo [Kropf 1993:240].

(43)

25 RAIO DE AÇÃO

Tendo em conta os nove níveis da hierarquia é necessário estabelecer um raio de ação. A divisão dos tipos

genéricos a partir da qual os tipos específicos são identificados deve ser tida como raio de ação [Kropf 1993:240].

ANÁLISE CRONOLÓGICA COMPARATIVA

Após definir a área de estudo e o raio de ação é então necessário proceder à análise do estudo físico da área. Para isso é feita uma análise da evolução da forma da cidade ao longo do tempo, o que fornece uma sequência evolutiva da mesma.

Esta sequência não define as partes da cidade, mas

fornece um conjunto de limites que torna a estrutura das formas individuais e de toda a cidade compreensível. A análise cronológica comparativa, permite a identificação de mudanças internas da forma individual [Kropf 1993:241].

(44)

26

1.2.3 Paul Osmond

Paul Osmond é o seguidor de Kropf. Nas suas pesquisas centrou estudos no desenvolvimento sustentável, tanto teóricos como práticos. Assim, com base no modelo de Kropf, Osmond elaborou uma definição mais precisa da urban

structural unit (USU), de forma a integrar, na hierarquia de

Kropf, uma nova hierarquia referente aos espaços abertos/exterior.

As pesquisas de Osmond abrangem a sustentabilidade do ambiente construído, serviços de metabolismo dos ecossistemas urbanos, climatologia urbana e arquitetura.

Atualmente, Paul Osmond, desenvolve um quadro de indicadores de sustentabilidade urbana para o Conselho Australiano Sustentável do Ambiente Construído (ASBEC) e desenvolve formações de eficiência energética para gerentes, juntamente com a University of New Soulth Wales (UNSW).

1.2.3.1 Análise Morfológica de Paul Osmond

A partir da hierarquia de Kropf, Osmond elabora pesquisas no campo da morfologia urbana de forma a obter uma definição mais rigorosa de urban structural unit (USU), de forma a facilitar a subdivisão e descrição da forma urbana. A sua pesquisa resulta num quadro metodológico capaz de justificar as diretrizes fornecidas ao planeamento urbano.

Assim, para preencher a lacuna de conhecimento existente sobre as relações de metabolismo urbano e ambiente construído, Osmond desenvolve uma estrutura

metodológica prática, que através da investigação das relações entre estes dois domínios, possa ajudar na avaliação, design e desenvolvimento de núcleos urbanos sustentáveis [Osmond 2008:iii].

Dado que ‘sustentabilidade urbana’ é o objetivo deste documento, torna-se necessário começar pela definição dos termos ‘Espaço Urbano’ e ‘Desenvolvimento Sustentável’

[Osmond 2008:11].

ESPAÇO URBANO

Osmond [2008] diz que:

Uma área é definida como urbana se incorporar a seguinte combinação de características:

(45)

27

1. População mínima de 4000 habitantes dentro das fronteiras limitadas

2. Uma densidade populacional de 500 habitantes por km2 3. Pelo menos 25 hectares contínuos de terreno construído,

definido como local adjacente e coberto por: estruturas permanentes, corredores de transporte construídos de um ou ambos os lados, ou que liguem locais a menos de 50 metros de distância, e associada a superfícies pavimentadas. [Osmond 2008:14]

DESENVOLVIMENTO SUSTENTAVEL

Segundo Osmond [2008], o desenvolvimento sustentável deve combinar:

1. O meio através do qual os seres humanos conscientes se esforçam para a sustentabilidade, a coevolução dos sistemas humanos e ambientes que permitam a adaptação à mudança por tempo indeterminado;

2. O desenvolvimento qualitativo e não no crescimento quantitativo que está sujeito a limites termodinâmicos finitos;

3. A conservação e aumento dos recursos naturais que não podem ser substituídos;

4. A equidade social na melhoria da qualidade de vida com equilíbrio inter-geracional quanto ao atendimento das necessidades futuras

5. O reconhecimento, o desenvolvimento e a diversidade cultural (tal como acontece na biodiversidade) como questão central no processo de adaptação sustentável

[Osmond 2008:20].

UNIDADE ESTRUTURAL URBANA (USU)

Tendo em conta a existência de relações causais entre a estrutura física de uma área urbana e as suas características: funções ecológicas e sociais, surge o conceito de USU. Uma USU é definida como uma área relativamente homogénea no

que diz respeito ao tipo, densidade e arranjo da forma urbana e do espaço aberto, que delineia distintas configurações do ambiente construído [Osmond 2008:76]. Esta homogeneidade permite a comparação entre USUs através de uma ampla gama de métodos analíticos quantitativos.

A USU é morfologicamente equivalente aos elementos da classe textus da hierarquia de Kropf, embora, Osmond, além de considerar a forma construída, considere também o espaço

(46)

28

aberto, não construído e as infraestruturas das áreas urbanas [Osmond 2008:78-79].

HIERARQUIA DOS ESPAÇOS ABERTOS

Apesar de Kropf fazer uma clara distinção entre a forma construída e a forma não construída, não fornece qualquer orientação no que respeita a espaços não construídos. Este facto levanta a questão de um jardim ou um parque poderem ser considerados parte de um lote ou uma unidade de plano respetivamente. No entanto, dado que o espaço não construído é composto por partes distinguíveis pelas suas características de zonas não construídas, o método de Kropf é aplicável, construindo-se assim, a hierarquia dos espaços abertos.

Osmond [2008] propõe uma hierarquia dos espaços abertos que contem a forma construída, partilhando elementos

com a hierarquia de Kropf. Esta é também independente, o que significa que pode ser aplicada desde a escala do USU até à escala do tecido urbano [Osmond 2008:80]. A tabela seguinte mostra as classes da hierarquia proposta por Osmond, bem como os elementos pertencentes a cada classe:

Nível

Âmbito

Exemplos e

Comentários

4

Materiais de

Construção Betão, Tijolo, Madeira Espécies Vegetais Angosphera Constata, Wahlenbergia Stricta

3

Elementos Construídos Menores

Banco de Rua, Candeeiro de Rua, Caixote de Lixo Estrutura Vegetal Arvore, Arbusto, Relva

2 Superfície Pavimentada Rua, Caminho, Estacionamento Superfície não

Pavimentada Parque, Jardim, Lote Vago Corpos de Água Piscina, Canal

1 Espaço Urbano Aberto Matriz Global Aberta

A hierarquia é distinta e complementar à hierarquia

estabelecida por Kropf, e a metodologia de Kropf é aplicável

[Osmond 2008:80] assim, o nível de especificidade e o nível de resolução continuam a ser uteis ferramentas para a caracterização e descrição dos espaços abertos.

Tabela 1.3 – Hierarquia dos espaços abertos proposta por Osmond. Fonte: Adaptado de

(47)

29 Osmond propõe ainda uma hierarquia referente à

estrutura verde para que a distinção entre diferentes USU seja possível.

Tipo Estrutural

Descrição

Exemplos

Floresta

Plantas lenhosa com mais de dois metros de altura crescendo entre forma construída, ou em áreas vegetadas

cercadas por forma construída

Árvores de rua, Arvores em parques e jardins

residenciais

Matagal

Plantas lenhosas com menos de dois metros de altura crescendo entre forma

construída, ou em áreas vegetadas cercadas por forma construída

Cercas, Canteiros, Arbustos

Relvado Áreas relvadas crescendo na matriz do espaço aberto

Relvados, Campos de desporto, Vegetação de

beira de estrada Pantanal

Vegetação emersa e / ou submersa em paisagens urbanas sujeitas a inundação

periódica ou permanente

Zonas húmidas naturais remanescentes, áreas

húmidas cultivadas Terra Nua

Locais sem vegetação, recentemente desmatados ou degradados regularmente

cercado por forma construída

Pedreiras, Obras de construção, Aterros, Estradas desfeitas

Na tabela encontram-se descritas as propriedades funcionais das USU, fornecendo um método de identificação e diferenciação da forma urbana destinado ao apoio de métodos analíticos e desenvolvimento de orientações.

Figura 1.13 – Padrões do espaço urbano a diferentes níveis de resolução dentro de uma unidade de plano / USU. Fonte: Osmond,2008. Esquerda: contorno da forma urbana.

Centro: diferenciação entre superfície pavimentada e não pavimentada.

Direita: nível de resolução de arvore, distinguindo diferentes arranjos de vegetação.

Tabela 1.4 – Classes estruturais de vegetação urbana que suportam a delimitação das USU. Fonte: Adaptado

(48)

30

FRAGMENTO URBANO

Um fragmento urbano pode ser caracterizado pela sua arquitetura, morfologia, ou coerência sociológica (a área apresenta um conjunto interno de características que são claramente distintas daqueles fora da área): por exemplo, uma grelha de ruas (um velho padrão romano) pode definir um fragmento urbano. Um fragmento urbano também pode ser definido limites de paisagem (rio, montanha, lugar, parede, autoestrada, etc.) Um fragmento urbano não é necessariamente contínuo: um conjunto específico de pontos de referência na cidade, uma determinada paisagem urbana coerente, linha do horizonte, em perspetiva, etc., também pode ser considerado como um fragmento urbano, como a sua coerência e características pode ser desejável conservar. Como tal, o critério para a identificação de um fragmento urbano deve ser:

Uma existência amplamente reconhecida (mesmo a nível local), independente de qualquer plano proposto, programa ou projeto. [Ruelle 2003:4]

Deste modo, compreende-se que a chave para a compreensão do conceito de fragmento urbano desenvolvido por Kholer [2003] é o reconhecimento da importância das infraestruturas. Para tal, Kholer [2003] divide o ambiente construído em três classes procedendo à posterior subdivisão como podemos ver na figura.

SINTAXE ESPACIAL – ESPAÇO CONVEXO E LINHAS AXIAIS

A descrição da rua como parte de uma rede é considerada complementar à descrição da forma do elemento e oferece o acesso a métodos complementares de explicação e interpretação. Este método denomina-se sintaxe espacial que permite explicar o espaço funcionalmente [Osmond 2010:14].

Assim, a sintaxe espacial divide o espaço em duas classes não hierárquicas: Espaços convexos e linhas axiais. O mapa de espaços convexos decompõe o espaço aberto num conjunto de espaços convexos, o mapa axial corresponde ao conjunto de caminhos possíveis através de um ambiente. Da aplicação dos programas de análise da sintaxe espacial resultam três tipos de gráficos:

1. Gráfico de Conectividade: mede quantos nós estão ligados a cada nó fornecendo o número de interceções de cada rua

Figura 1.14 – comparação de um padrão de rua / bloco hipotético. Fonte: Osmond,

2008.

(A) - decomposto em seções, interseções e praças

(B) - com o mapa convexo (C) - e o mapa axial

(D) - e a mesma configuração O contraste entre B e D reflete a diferença fundamental entre a análise morfológica baseada na subdivisão hierárquica de forma e sintaxe espacial, que descrevem as propriedades topológicas de um espaço configurado.

Referências

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