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Palavras-chave: Educação Inclusiva. Necessidades Especiais. Oficina.

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Academic year: 2021

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EDUCAÇÃO INCLUSIVA: RELATO DE EXPERIÊNCIA A PARTIR DA APLICAÇÃO DE UMA OFICINA ENTRE PROFESSORES DA EDUCAÇÃO

BÁSICA.

Silvana Aparecida Gonçalves da Mota (Universidade Federal de Uberlândia-Programa de Pós-graduação em Ensino de Ciências e Matemática-PPGECM-UFU) Neusa Elisa Carignato Sposito (Universidade Federal de Uberlândia- Faculdade de Ciências Integradas do Pontal – FACIP)

RESUMO

A Educação Inclusiva tem sido muito discutida pela sociedade em geral, tendo como enfoque o acesso e a integração dos educandos com Necessidades Educacionais Especiais (NEE) no contexto escolar. Nesse sentido, tendo como base a proposta de elaboração e aplicação de oficinas durante uma disciplina do curso de Mestrado Profissional, o presente artigo tem por objetivo apresentar a oficina Necessidades Especiais como sugestão pedagógica na abordagem do tema com os alunos, e, ainda, relatar as experiências vivenciadas pelas mestrandas no decorrer da aplicação da oficina. Assim, ao analisarmos os resultados da aplicação da oficina notamos que a mesma possibilitou às mestrandas conhecimentos acerca de alguns dos recursos que podem ser utilizados com os educandos com NEE e, ainda, propiciou um olhar mais atento e sensível à inclusão dos educandos com NEE na escola, bem como, com as questões da Educação Inclusiva. Também, destacamos que durante a realização das atividades propostas na oficina, tivemos um ambiente descontraído, curioso e agradável entre as participantes.

Palavras-chave: Educação Inclusiva. Necessidades Especiais. Oficina.

1. INTRODUÇÃO

Atualmente a Educação Inclusiva tem sido muito discutida pela sociedade em geral, tendo como enfoque o acesso e a integração dos educandos com Necessidades Educacionais Especiais (NEE) no contexto escolar.

Sabemos que o acesso ao ensino regular desses educandos possui amparo legal, pois, conforme a Declaração de Salamanca (1994) “as pessoas com necessidades especiais devem ter acesso às escolas comuns que deverão integrá-las numa pedagogia centralizada na criança, capazes de atender a essas necessidades” (UNESCO, 1994, p. 10).

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Assim, o acolhimento e a permanência dos educandos com NEE também estão respaldados no art. 3º, I da Lei 9394/96 LDB, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, que determina como um dos princípios a "igualdade de condições para o acesso e permanência na escola” (BRASIL, 1996).

Em continuidade, no que se refere à Educação Especial, encontramos também na Lei nº 9394/96 LDB, em seu capítulo V, princípios norteadores que preconizam a da modalidade Educação Especial. Assim, nesse documento, destacamos o Art. 59, I, que assegura ao aluno com NEE, “currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específicos, para atender às suas necessidades”.

Diante do exposto, a escola deve estar preparada para receber esses alunos com NEE, propiciando momentos de inclusão junto aos demais alunos, visto que, todos os educandos possuem direito a uma educação de qualidade, conforme estabelece a Constituição Federal de 1988, em seu artigo 205 que estabelece:

A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho (BRASIL, 1988).

E, ainda, o mesmo documento, no Art. 208, III, garante “atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência preferencialmente na rede regular de ensino”. Sendo assim, mediante aos documentos oficiais, os educandos com NEE possuem o direito de serem inseridos na escola.

Portanto, no que se refere à escola, é necessário que todos adotem posturas de inclusão, e ainda, conforme nos diz Valdez (2014, p.18), “é preciso desenvolver culturas inclusivas”. Diante disso, Valdez define que:

Desenvolver culturas inclusivas supõe a criação de uma comunidade escolar segura, acolhedora, colaborativa e estimulante, em que cada um seja valorizado como o fundamento primordial, de modo que todos os alunos obtenham ganhos maiores (VALDEZ, 2014, p. 19).

Nesse cenário, é preciso que haja reflexões acerca dos papéis de cada um, gestores, professores, alunos e família, em favorecer o desenvolvimento dessas culturas inclusivas, necessitando assim, de mudanças estruturais e de organização das escolas e também dos planejamentos pedagógicos desenvolvidos pelos professores.

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Nesse sentido, tendo como base a proposta de elaboração e aplicação de oficinas durante uma disciplina do curso de Mestrado Profissional, o presente artigo tem por objetivo apresentar a oficina Necessidades Especiais como sugestão pedagógica na abordagem do tema com os alunos, e, ainda, relatar as experiências vivenciadas pelas mestrandas no decorrer da aplicação da oficina.

2. BREVE RELATO DA APLICAÇÃO DA OFICINA.

A oficina Necessidades Especiais foi proposta e realizada durante uma disciplina do curso de Mestrado Profissional da Universidade Federal de Uberlândia. Essa proposta foi idealizada pela professora da disciplina e contou com a participação das quatro alunas devidamente matriculadas na disciplina. Essas alunas são todas, professoras de Ciências da Educação Básica.

A oficina foi apresentada a essas alunas no formato de uma sequência didática, dividida em 4 (quatro) momentos:1. apresentação do assunto, 2. conhecendo o alfabeto Braille, 3. descobrindo a linguagem Libras, e 4. sensibilização.

As mestrandas foram questionadas sobre o que elas sabiam sobre necessidades especiais, acessibilidade e inclusão. Após elas responderem e discutirem sobre as questões foi utilizado um vídeo (https://www.youtube.com/watch?v=fubKmh6HDIo) como recurso didático que contemplava esses termos. Em seguida, uma aluna com os olhos tapados, tinha que identificar alguns objetos, o número de acertos foi menor do que os erros. O momento foi propício para uma discussão acerca da importância da visão e vivenciar de forma simples a falta dela.

Na sequência, foi distribuída uma folha de sulfite para cada aluna e uma cola colorida com gliter, e pediu-se que cada aluna, em segredo, escrevesse na folha usando a cola, uma palavra relacionada à disciplina de Ciências. Logo após, assistiram um vídeo (https://www.youtube.com/watch?v=Ct51VxH6go4) feito pelo jornal Futura que trouxe depoimentos de pessoas que usam o método braille de escrita e algumas explicações. Depois, foi apresentado o alfabeto Braille (figura nº 1), o qual era desconhecido pelas alunas.

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Figura 1. Alfabeto Braille

Fonte: http://curiosidades.batanga.com/4659/como-funciona-el-sistema-brailleAcesso em: 10 de jun. 2016 Para finalizar esse momento, foi pedido às alunas que vedassem os olhos com um lenço, e foram distribuídas de forma aleatória, as folhas escritas pelas alunas com a palavra escolhida e, pediu-se que cada uma passasse a ponta dos dedos na escrita, a fim de tentarem identificar a palavra escrita. O objetivo dessa atividade foi proporcionar as alunas um momento no qual elas percebessem a importância do tato e, nesse caso, específico para o deficiente visual.

Também, foi apresentado às alunas o alfabeto em Libras (figura nº2) oriundo de um site que ao ser apresentado, as alunas puderam conhecer todas as possibilidades oferecidas pelo mesmo, com o intuito de pesquisar e usar como apoio metodológico e pedagógico no planejamento de futuras aulas.

Figura 2. Libras - Letras

Fonte:

http://www.dicionariolibras.com.br/website/portifolio_imagem.asp?cod=124&idi=1&moe=6&id_categoria=2. Acesso em: 10 de jun. 2016

Para o encerramento da oficina, novamente, foi utilizado um vídeo (https://www.youtube.com/watch?v=70EvnSfn0Tk) como recurso didático, o qual possibilitou uma reflexão, por meio das imagens e da música, acerca da Educação Inclusiva.

Assim, após participarem da oficina, as alunas responderam um questionário semiestruturado contendo questões abertas, relacionadas às atividades propostas como

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3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Com base na participação das alunas na oficina e nas respostas do questionário aplicado, podemos observar de modo geral, que as alunas gostaram de participar das atividades propostas na oficina e também acharam interessante o material pedagógico apresentado no formato de sequência didática, pois, nenhuma delas havia participado de alguma formação voltada a essa temática.

Ao analisarmos algumas respostas das alunas do questionário aplicado, adotaremos o critério de identificá-las através das letras do alfabeto, de modo a preservar a identidade de cada uma. Logo, a identificação será da seguinte forma: aluna A, aluna B, aluna C e aluna D.

Assim, verificamos que todas as alunas explicitaram que as atividades desenvolvidas na oficina foram válidas e que as ajudaram na construção do conhecimento e sensibilização sobre as questões de inclusão, bem como, o conhecimento de materiais utilizados pelos alunos com necessidades especiais, como podemos verificar em algumas falas:

Aluna A “Não conhecia o alfabeto braille e nem o de libras, achei interessante. Gostei também da palavra escrita com relevo, um recurso legal para usar com os alunos”.

Aluna B “Gostei de conhecer o site apresentado, que trouxe o alfabeto em libras, acho que dá para ser usado com os alunos, tem muitas opções”.

Aluna C “Os vídeos que vimos são muito bons, linguagem clara, e que trazem relato das pessoas, como o do jornal futura. Penso que sensibilizam os alunos”.

Quando perguntadas acerca da experiência em que tinham que descobrir o que estava escrito no papel, percebemos que a atividade possibilitou uma reflexão acerca das dificuldades, mesmo que por momentos, enfrentadas pelos educandos com NEE, e também insegurança frente ao desconhecido, como vemos nos relatos abaixo:

Aluna B “Me senti insegura ao tentar adivinhar aquilo que era colocado em minhas mãos, e imaginei o quanto deve ser difícil para aqueles que não enxergam o mundo como nós”.

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Aluna C “Percebi o quanto é complicado descobrir o que estava no papel, e também achei importante o relevo nas letras para tatear a palavra, um recurso muito bom para os alunos com necessidades especiais”.

Aluna D “A princípio fiquei com medo de falar errado, achei muito difícil e complicado, não consegui identificar a palavra”.

Por fim, analisamos a pergunta sobre o preparo dos professores e da escola em receberem os alunos com necessidades especiais e, percebemos que há uma sensibilização e preocupação em acolher e ensinar esses alunos, no entanto, todas as alunas apontaram há necessidade de formação dos docentes, e um preparo estrutural das escolas para receberem esses alunos, e ainda, que a escola deva promover ações reflexivas sobre o assunto da inclusão. Vejamos os trechos:

Aluna A: “Infelizmente não temos nenhuma formação continuada para lidar com os alunos especiais”.

Aluna B: “Penso que a escola é direito de todos, e que nós professores devemos olhar esses alunos como portadores de direitos à aprendizagem, porém, me sinto incapaz e despreparada para atender esses alunos”.

Aluna C: “Não estamos preparados para receber esses alunos, apesar da lei que os ampara e respalda o direito deles, acho que todo o profissional deva passar por formação, preparo e construção de materiais que possibilitem o ensino”.

Aluna D: “Sei que algumas escolas possuem uma estrutura física melhor do que as outras, e que também possuem um profissional capacitado em educação especial, mas, isso não é realidade de todas as escolas. È preciso melhorar muita coisa e também capacitar mais professores”.

4. CONSIDERAÇÕES

A partir da aplicação da oficina e após a sua análise, constatamos que a mesma possibilitou às mestrandas conhecimentos acerca de alguns dos recursos, até então

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Assim, vemos que esse trabalho poderá contribuir para que os docentes possam refletir sobre sua prática pedagógica ao elaborarem seus planos de ensino e, ainda, proporcionar momentos de diálogos entre os educandos acerca do tema exposto, a fim de despertá-los quanto à sua importância, destacando o respeito, a dignidade e o direito de todos à educação.

Também, destacamos que durante a realização das atividades propostas na oficina, tivemos um ambiente descontraído, curioso e agradável entre as participantes.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Imprensa Oficial, 1988.

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional: Lei 9.394 de 20 de dezembro de 1996. São Paulo: Ed. Esplanada.

UNESCO. DECLARAÇÃO DE SALAMANCA Sobre Princípios, Políticas e Práticas na Área das Necessidades Educativas Especiais. Espanha, 1994. Disponível em:

<http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/salamanca.pdf>>. Acesso em: 30 jun. 2015 VALDEZ, D. É preciso desenvolver culturas inclusivas. Pátio Ensino Médio, Profissional e Tecnológico. Grupo A Educação S.A., Porto Alegre, ano 6, n.22, p. 18-21, set./nov. 2014.

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