Painel 14
Tributação do Setor Elétrico
Chair: Stael Freire
stael@staelfreire.com.br
Palestrantes: Donovan Mazza Lessa
donovan@maneira.adv.br
Rodrigo Brunelli Machado
rbrunelli@ulhoacanto.com.br
Jonathan Barros Vita
jbvita@gmail.com
Secretária: Taís Gruzdiv Capitanio
tais.capitanio@utumilaw.com
O Sistema Elétrico Brasileiro
Tributação do Setor Elétrico
Stael Freire
Setor Elétrico - Governança
Capacidade Instalada no SIN em 2018
Fonte: Operador Nacional do Sistema Elétrico “ONS” – “Plano de Ampliações e Reforços nas Instalações de Transmissão do SIN – PAR Executivo 2019 - 2023
Marco Regulatório
• Situação do setor elétrico - 1990 a 1995;
• Reestruturação do setor elétrico – 2004;
• Medida Provisória n° 579/2012 e a Lei n° 12.783/2013;
• Lei Complementar n° 158/2017;
Tributos e Encargos do Setor Elétrico
• Tributos FEDERAIS PIS COFINS ESTADUAIS ICMS MUNICIPAIS COSIP/CIP ITBI ISS TAXASVAF – Geração e Distribuição
Tributos e Encargos do Setor Elétrico
• Encargos Setoriais:
• CCC – Conta de Consumo de Combustíveis;
• TFSEE – Taxa de Fiscalização dos Serviços de Energia Elétrica;
• CDE – Conta de Desenvolvimento Energético;
• PROINFA – Programa de Incentivo às Fontes Alternativas;
• P & D –Pesquisa e Desenvolvimento;
Muito Obrigada!
Stael Freire
stael@staelfreire.com.br
Tributação
Federal
no
Setor
Elétrico:
divergências
de
interpretação entre o Fisco e os
contribuintes quanto ao conceito de
receita em relação à CVA e à CDE.
Tributação do Setor Elétrico
Donovan Mazza Lessa
CDE – Conta de Desenvolvimento Energético
• Fundo setorial controlado pela Eletrobrás (Lei nº 10.438/02); parte
de seus recursos são repassados às distribuidoras para cobrir custos extraordinários em determinadas situações previstas na legislação;
• Origem dos Recursos: pagamentos anuais por uso de bens públicos,
multas da ANEEL, créditos da União e quotas anuais pagas por agentes comercializadores mediante encargo tarifário incluído nas tarifas;
• Em síntese: a) as concessionárias cobram na fatura de energia um valor
a título de CDE (encargo tarifário) e repassam integralmente este valor ao fundo; b) posteriormente, o Fundo repassa valores às distribuidoras a serem utilizados no custeio de determinadas atividades (subvenção para custeio).
CDE – Conta de Desenvolvimento Energético
• RFB – SC COSIT nº 04/14: a) os valores cobrados dos usuários pela distribuidora e repassados à CDE sofrem a incidência do PIS/COFINS; b) os recursos recebidos pelas distribuidoras da Eletrobrás, através da CDE, também sofrem a incidência do PIS/COFINS;
• Não incidência do PIS/COFINS sobre os valores arrecadados pelas distribuidoras e repassados à CDE: receita de terceiros;
• Conceito jurídico de receita para fins de tributação: ingresso de recursos decorrentes da atividade empresarial que se agregue definitivamente ao patrimônio (exemplo do ICMS na BC do PIS/COFINS).
CVA – Conta de compensação de variação de
valores de itens da “Parcela A”
• Equilíbrio econômico-financeiro e revisão tarifária (anual);
• CVA: conta contábil para registro da variação de custos da Parcela “A” da tarifa de energia (encargos tarifários e preço da energia adquirida para distribuição); para concretização do reajuste tarifário, a CVA deverá ser fiscalizada e aprovada pela ANEEL;
• Os custos superiores aos previstos serão registrados como um ativo a ser recuperado pela distribuidora, gerando o registro de receita em conta de resultado; os custos inferiores serão registrados como passivo, gerando despesa em conta de resultado;
CVA – Conta de Compensação de Variação de
valores de itens da “Parcela A”
• RFB – SC COSIT nº 101/16: as receitas reconhecidas em contrapartida aos valores registrados na CVA integram a base de cálculo do PIS/COFINS;
• CVA: ativo contábil-regulatório, que representa uma receita apenas para a contabilidade, e não para fins tributários;
• Receita provisória: (i) a “receita” da CVA em função do aumento dos custos de um mês pode ser absorvida nos meses seguintes pela redução dos custos; (ii) a “receita” da CVA pode não ser reconhecida pela ANEEL;
CVA – Conta de Compensação de Variação de
valores de itens da “Parcela A”
• Ao contrário do IRPJ/CSLL, em que a variação negativa da CVA irá neutralizar a variação positiva, no PIS/COFINS isto não ocorre, pois haverá a incidência das contribuições na “receita da CVA” mas não haverá dedução da “despesa de CVA”, por falta de previsão legal;
• Bis in idem: a “receita de CVA” já tributada por competência no mês do registro contábil será novamente tributada quando do ingresso da receita da venda de energia com a tarifa atualizada.
Mês Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro Saldo Variação CVA R$ 100,00 R$ 100,00 R$ 100,00 R$ 100,00 R$ 100,00 R$ 100,00 -R$ 100,00 -R$ 100,00 -R$ 100,00 -R$ 100,00 -R$ 100,00 -R$ 100,00 R$
-Conta CVA R$ 100,00 R$ 200,00 R$ 300,00 R$ 400,00 R$ 500,00 R$ 600,00 R$ 500,00 -R$ 400,00 -R$ 300,00 -R$ 200,00 -R$ 100,00 R$ - R$ -IRPJ/CSLL (34%) R$ 34,00 R$ 34,00 R$ 34,00 R$ 34,00 R$ 34,00 R$ 34,00 -R$ 34,00 -R$ 34,00 -R$ 34,00 -R$ 34,00 -R$ 34,00 -R$ 34,00 R$ -PIS/COFINS (9,25%) R$ 9,25 R$ 9,25 R$ 9,25 R$ 9,25 R$ 9,25 R$ 9,25 R$ - R$ - R$ - R$ - R$ - R$ - R$ 55,50
Muito Obrigado!
Donovan Mazza Lessa
Temas
controvertidos
na
Tributação do Setor Elétrico
Tributação do Setor Elétrico
Rodrigo Brunelli Machado
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Tributação na subvenção para
consumidores de baixa renda
Relevância da Subvenção
• O acesso à energia elétrica é um direito indispensável à dignidade humana;
• Proposta de Emenda Constitucional nº 44/2017:
• “Art. 6º. São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o
trabalho, a moradia, o acesso à energia elétrica, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.”
Relevância da Subvenção
• Abrangência (base 12/2018): 8.554.606 unidades consumidoras residenciais, de um total de 72.498.007 (11,79%);
• Redução mensal em torno de R$200 milhões
• Fonte:www.aneel.gov.br/indicadores-da-distribuição, acesso em 12.03.2019. Base dezembro/2018.
Região Percentual Valor do benefício
Centro-Oeste 7,55 R$10.174.491,98 Sudeste 6,38 R$50.900.674,69 Sul 5,00 R$11.906.448,80 Nordeste 24,59 R$101.975.446,60 Norte 18,82 R$22.094.768,39 Total 11,79% R$197.051.830,46
Natureza Jurídica da Subvenção
• Subvenção econômica para promoção da modicidade da tarifa de fornecimento de energia elétrica aos consumidores finais da subclasse residencial baixa renda (Lei nº 10.604/02, art. 5º);
• Atualmente, os recursos da Subvenção provêm da Conta de Desenvolvimento Energético – CDE (Lei nº 10.438/02, art. 13);
• Controvérsia acerca da natureza da Subvenção: custeio ou investimento;
• Três relações jurídicas:
- Subvenção: Distribuidora (polo ativo) – Poder concedente (polo passivo) - Energia: Consumidor (polo ativo) – Distribuidora (polo passivo)
- Tributos: União, Estados e DF (polo ativo) – Distribuidora (polo passivo)
Tributação da Subvenção
• IRPJ, CSL, PIS e COFINS: Para RFB, trata-se de subvenção para custeio, passível de incidência de IRPJ, CSL, PIS e COFINS (Solução de Consulta Interna COSIT nº 04/2017);
• ICMS: Subvenção não é preço por circulação de mercadoria, logo, não é base de cálculo do imposto
- nesse sentido, Parecer nº 00500/2014/PFANEEL/PGF/AGU, de 11.12.2014; - em sentido contrário, STJ, REsp nº 1.286.705-SP (15.12.2015) e REsp nº
1.667.780-SP (03.08.2017);
Incidência de ICMS sobre TUST e TUSD
Incidência do ICMS sobre TUST e TUSD
• Incide ICMS sobre os valores pagos pelos consumidores a título de Tarifa de Uso do Sistema de Distribuição (“TUSD”) e Tarifa de Uso do Sistema de Transmissão (“TUST”)?
• Art. 9º da Lei nº 9.648, de 27.05.1998:
“Art. 9º Para todos os efeitos legais, a compra e venda de energia elétrica entre concessionários ou autorizados, deve ser contratada separadamente do acesso e uso dos sistemas de transmissão e distribuição.
Parágrafo único. Cabe à ANEEL regular as tarifas e estabelecer as condições gerais de contratação do acesso e uso dos sistemas de transmissão e de distribuição de energia elétrica por concessionário, permissionário e autorizado, bem como pelos consumidores de que tratam os arts. 15 e 16 da Lei no 9.074, de 1995.”
• Art. 5º da Resolução ANEEL nº 281, de 1.10.1999:
“Art. 5º As concessionárias e permissionárias do serviço público de distribuição deverão:
III - negociar e celebrar os Contratos de Conexão e Uso dos Sistemas de Distribuição, com os usuários que venham conectar-se às suas instalações de distribuição;
IV - efetuar a medição nos pontos de conexão do usuário e faturar os encargos decorrentes da conexão e do uso dos sistemas de transmissão e distribuição, discriminando as parcelas referentes aos sistemas de transmissão e de distribuição;
• TUST e TUSD são cobradas pelas concessionárias permissionárias do serviço de distribuição de energia elétrica pela disponibilização dos sistemas de distribuição e transmissão aos usuários.
Incidência do ICMS sobre TUST e TUSD
• Posicionamento do Fisco:
• Incide ICMS, pois as tarifas pagas devem ser consideradas como parte
integrante do preço da própria energia elétrica, base de cálculo do imposto;
• Não seria possível dissociar os custos de transmissão e distribuição do
preço praticado na venda de energia elétrica adquirida pelo consumidor, pois, em virtude de sua natureza física unitária, a geração, transmissão e distribuição ocorrem simultaneamente.
Incidência do ICMS sobre TUST e TUSD
• Posicionamento dos Contribuintes:
• TUST e TUSD não configuram preço pago pelo consumo de energia elétrica, logo, não podem compor a base de cálculo do ICMS;
• A contratação do sistema de distribuição e transmissão é autônoma em relação à compra de energia elétrica (Lei nº 9.648/98, art. 9º);
• O fato gerador do ICMS é a circulação da mercadoria (energia elétrica), e não a disponibilização do sistema de distribuição e transmissão;
• Solução de Consulta nº 036, de 11.07.2007, proferida pela Secretaria da Fazenda do Estado de Santa Catarina:
• “ICMS. O fornecimento de energia elétrica e o acesso e uso dos sistemas de transmissão e distribuição
constituem negócios distintos. O mero uso de rede de distribuição de energia elétrica pelo fornecedor,
Incidência do ICMS sobre TUST e TUSD
• Supremo Tribunal Federal
• Negou provimento ao Recurso Extraordinário por se tratar de controvérsia infraconstitucional. (Ag.Rg RE com Ag n.º 1.046.896; AgRg RE n.º 1.049.104; AgRg RE n.º 1.030.939);
• Superior Tribunal de Justiça
• O STJ decidiu pela sujeição do tema ao rito do Recursos Repetitivos nos termos do art. 1.036, §5º do CPC/15. Atualmente, aguarda-se decisão nos Recursos Especiais nºs 1.692.023, 1.699.851 e 1.163.020;
• Tribunais de Justiça de São Paulo e Rio de Janeiro
• A posição majoritária do TJSP defende a não inclusão do TUST e TUSD na base de cálculo do ICMS.
Incidência do ICMS sobre Perdas
Incide ICMS sobre perdas, técnica ou não?
• Ao longo da cadeia de geração e distribuição de energia elétrica, parte da energia em circulação sofre perdas, classificadas como técnicas e não-técnicas;
Produção Transmissão Distribuição Consumo
• Perdas técnicas constituem a quantidade de energia elétrica dissipada entre os suprimentos de energia da distribuidora e os pontos de entrega nas instalações das unidades consumidoras ou distribuidoras supridas;
• Perdas não-técnicas (comerciais) são aquelas apurada pela diferença entre as perdas totais e as perdas técnicas, considerando, portanto, todas as demais perdas associadas à distribuição de energia elétrica, tais como furtos de energia, erros de medição, etc. Essas perdas estão diretamente associadas à gestão comercial da distribuidora.
Incidência do ICMS sobre Perdas
• Posicionamento do fisco:
• Incide ICMS sobre os valores relativos às perdas técnicas, pois o fato gerador ocorre no momento da saída da energia da geradora/distribuidora;
• De acordo com o art. 155, II, da Constituição Federal c/c o art. 12, I, da Lei Complementar nº 87/96, o critério temporal do ICMS é a saída da mercadoria do estabelecimento do contribuinte, o que acontece quando há perda de energia ao longo da cadeia de geração e distribuição.
Incidência do ICMS sobre Perdas
• Posicionamento dos contribuintes:
• Não incide ICMS, pois, nos casos em que a energia elétrica sai da geradora/distribuidora mas não chega ao destinatário, por perda técnica ou comercial, a operação de circulação da mercadoria não se efetiva, logo, não ocorre o fato gerador do ICMS;
• Na medida em que as perdas são consideradas na determinação da recomposição periódica da tarifa de energia elétrica, a cobrança de ICMS sobre as perdas caracteriza dupla incidência do imposto.
Incidência do ICMS sobre Perdas
• Superior Tribunal de Justiça
• Súmula 391: “O ICMS incide sobre o valor da tarifa de energia elétrica correspondente à demanda de potência efetivamente utilizada.”;
• Tribunais de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios
• “(...) 3. Os valores indicados sobre perdas técnicas ou não técnicas não integram a base de cálculo do ICMS, bem como as tarifas de utilização do sistema de distribuição TUSD ou de transmissão TUST. (...)” (Apelação nº 2016.0110904304, 6ª Turma Cível, DJE de 29.08.2017)
Muito Obrigado!
Rodrigo Brunelli Machado
rbrunelli@ulhocanto.com.br
Regulação e Tributação do
Setor Elétrico: das energias
fósseis às renováveis
Tributação do Setor Elétrico
Jonathan Barros Vita
Regulação e Tributação do Setor Elétrico: das
energias fósseis às renováveis
Matriz energética e fases até o consumo
• Formas de classificação da produção de energia: por origem, por equipamento ou por renovabilidade;
• Geração, transmissão e consumo de eletricidade no contexto brasileiro;
• O Balanço Energético Nacional (BEN) da Empresa de Pesquisa Energética (EPE).
Sustentabilidade das energias fósseis e
renováveis
• Sustentabilidade da matriz energética e elétrica brasileiras;
• O índice do Trilema energético do World Energy Council e suas dimensões:
• Energy security;
• Energy equity (accessibility and affordability); e
• Environmental sustainability.
• O Brasil no cenário mundial da sustentabilidade energética.
ICMS Ecológico
• Contornos atuais do ICMS Ecológico;
• Abrangência do ICMS Ecológico no Brasil;
• ICMS Ecológico e sua possível expansão no campo da Energia Elétrica de fontes renováveis.
Gargalos tributários e regulatórios
• Tributação multinível = impossibilidade de uma regulação coerente e efetiva do sistema e/ou de suas fases;
• Incentivos nos insumos não refletidos totalmente no preço da energia;
• Desonerações setoriais à energia solar e eólica inefetivas;
• Inexistência de regulação ou tributação sobre o retorno de energia elétrica às redes de energia através de painéis solares.
Muito Obrigado!
Jonathan Barros Vita
Painel 14
Tributação do Setor Elétrico
Chair: Stael Freire
stael@staelfreire.com.br
Palestrantes: Donovan Mazza Lessa
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