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Enciclopédia - Estudos de Teologia - VoL 02

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(1)

ESTUDOS DE TEOLOGIA

AS P R I N C I P A I S D O U T R I N A S C R I S T Ã S C O M

E X P L A N A Ç Ã O D E T A L H A D A E O B J E T I V I D A D E

l í Á י ( . « ' . V -י י ג

(2)

-ENCICLOPÉDIA

(3)

ENCICLOPÉDIA

ESTUDOS DE TEOLOGIA

AS PRINCIPAIS DOUTRINAS

CRISTÃS COM EXPLANAÇÃO

DETALHADA E OBJETIVIDADE

\ C I I IC IC

v-/ C

uritiba

(4)

Copyright © 2013 por Editora Semeie Ltda.

Categoria: Teologia / Bíblia / Igreja / Religião / Educação

Registro ISBN: 9 7 8 0 ־8־566804־01״

1o Edição 2013

Diretor Geral: William A. Santos Editor Geral: Jamierson Oliveira

Assessoria editorial: www.sotexto.com Revisores: João Lira e Charlotte Mendez Diagramador: Valdinei Gomes

Consultores: Waldo E. Newton, Dilma Camargo, William Santos, Jamierson Oliveira,

Márcio Falcão.

Autores: Uma obra resultado de coletividade - ISETE - Instituto Semeie de Educação

Teológica

Publicado originalmente no Brasil por: EDITORA SEMEIE

Rua Presidente Olegário Maciel, 1555 Araxá, MG - Cep 38183-186

Site: www.editorasemeie.com.br E-mail: editora@editorasemeie.com.br

(5)

“Por isso, deixando os rudimentos da doutrina de Cristo,

prossigamos até a perfeição, não lançando de novo o funda-

mento do arrependimento de obras mortas e de fé em Deus,

e da doutrina dos batismos, e da imposição das mãos, e da

ressurreição dos mortos, e do juízo eterno. E isto faremos, se

Deus o permitir”

(Hb 6.1-3)

Embora não seja uma preocupação dos autores bíblicos

provar a existência de Deus, o ser humano, por si só, já pos-

sui uma percepção de Deus. Paulo diz, a respeito dos gentios:

“Porquanto, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como

Deus, nem lhe deram graças, antes em seus discursos se desva-

neceram, e o seu coração insensato se obscureceu” (Rm 1.21).

E, aqui, está a maior lição que podemos aprender do estu-

do de Deus, ou do estudo teológico: conhecer o Senhor, para

poder glorificá-lo. Não estudamos para sermos os melhores.

Não estudamos para vencermos debates doutrinários! O pró-

prio Deus nos capacitou de razão, para que fôssemos capazes

de sondá-lo e conhecê-lo!

Inclusive, o próprio Deus se automanifesta por meio da

natureza, do evangelho e da Pessoa bendita de Jesus Cris-

to. Tudo isso como se o Senhor mesmo insistisse em nosso

contato com Ele: “Os céus declaram a glória de Deus e o

(6)

firmamento anuncia a obra das suas mãos” (SI 9.1). Isto é, a

história (a preservação do povo de Israel) e a personalidade

do ser humano.

Mas, sempre haverá alguém se recusando a glorificá-lo. O

Salmo 14.1 afirma o seguinte: “Disse o néscio no seu coração:

Não há Deus. Têm-se corrompido, fazem-se abomináveis em

suas obras, não há ninguém que faça o bem”.

Os cristãos, porém, não podem se conformar apenas com

um conhecimento mediano, superficial. Como no texto aci-

ma, de Hebreus 6.1-3, somos desafiados a ir um passo além, a

mergulharmos mais fundo, a escavarmos mais e mais, até gri-

tarmos como o grande apóstolo dos gentios: “Ó profundidade

das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus!

Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis os

seus caminhos!” (Rm 11.33,34)

Nesta obra, amado leitor e aluno, você é convidado a dar

esse passo mais largo, a mergulhar nessas águas mais profun-

das! Estude-a com um espírito reverente, com um coração

humilde e como se tivesse pedindo: “Fala, Senhor, que o teu

servo ouve”.

Tenha sempre uma Bíblia em mão. Leia todas as referências.

Os editores e os colaborares deste compêndio têm a fir-

me convicção de que, fazendo assim, você será grandemente

abençoado, terá sua vida edificada e estará mais bem capaci-

tado para o ministério e a missão de compartilhar o evange-

lho com os pecadores!

Deus seja louvado!

—Jamierson Oliveira

(7)

O objetivo desta obra é apresentar, ao estudioso da Bí-

blia, um acervo teológico com ênfase principal na exegese.

E

n c ic lo p é d ia

E

st u d o s de

T

eo lo g ia

abrange vários temas

importantes e contemporâneos.

Sua temática abrange assuntos da teologia sistemática e

acadêmica. Apresenta ao leitor uma visão panorâmica sobre

as divisões da teologia tais como:

Teologia natural

Restrita aos fatos a respeito de Deus, que se revelou no

Universo ao nosso redor.

Teologia bíblica

Restrita à revelação bíblica de Deus. Sua única fonte é a

Bíblia, independente de qualquer sistema filosófico ou idéias.

Teologia dogmática

Refere-se aos elementos da verdade teológica, pois são

absolutamente certo.

Teologia prática

Função real da verdade na vida das pessoas. Certas cren-

ças e doutrinas são consideradas verdadeiras se tão-somente

funcionarem na vida de pessoas reais.

(8)

Teologia própria

É o estudo da pessoa de Deus, além de suas obras.Trata-se

da existência de Deus e, também, da capacidade de as pessoas

para conhecê-lo, de seus vários atributos e da natureza da

Trindade.

São, aproximadamente, quarenta matérias, apresentadas

de forma objetiva, de fácil leitura e compreensão. Em verda-

de, são assuntos estudados diariamente nas melhores facul-

dades e seminários de teologia do Brasil e do mundo.

Para os leitores primários, “leigos”, ou seja, aqueles que

não tiveram a oportunidade, ainda, de frequentar as salas de

aula de um seminário bíblico ou de uma faculdade, ou, até

mesmo, nunca tiveram contato com obras teológicas,

E

n c i

-

c l o p é d ia

E

st u d o s d e

T

eo lo g ia

é perfeita. Sua apresenta-

ção dos temas e abordagem dos assuntos hão de despertar

nos leitores a busca pelo conhecimento mais profundo da

Palavra de Deus.

Aos estudantes de teologia, professores, pastores em geral,

esta obra veio para agregar e reforçar um profundo conheci-

mento sobre Deus e seu reino.

Queremos que, no final, o leitor, seja leigo ou intelectual,

esteja disposto e encorajado a colocar em prática tudo aquilo

que leu e aprendeu. Se conseguirmos alcançar esse propósito,

seremos gratos a Deus e ficaremos felizes, porque este traba-

lho, de fato, não terá sido em vão!

— William A. Santos

Diretor-geral

Editora Semeie

(9)

Capítulo 1

Título

25

Autor

26

Capítulo 2

Teoria documentária da alta crítica

29

Capítulo 3

Gênesis

35

Evidência arqueológicas

49

Capítulo 4

Êxodo

51

Capí tulo 5

Levítico

69

Capítulo 6

Números

79

Capítulo 7

Deuteronômio

93

(10)

H

istoria

de

I

srael

Introdução

Capítulo 1

As origens

107

111

ס Capítulo 2

A formação da nação

113

Capí tulo 3

O governo teocrático

117

Capí tulo 4

O período da monarquia

119

Capítulo 5

A divisão do reino

123

Capítulo 6

O período do cativeiro babilônico

125

Capítulo 7

O retorno do exílio

129

Capítulo 8

O período intertestamentário

131

Capítulo 9

Transformações religiosas

141

Capítulo 1o

Período neotestamentário

143

Capítulo 11

0 cerco e a queda de Jerusalém

151

Capítulo 12

(11)

Introdução ... 175

Capítulo 1

A Igreja nos planos de Deus

177

Capítulo 2

A Igreja apostólica (30 d. C

90 d.C.)

181

Capítulo 3

A expansão da Igreja

193

Capítulo 4

As perseguições imperiais

197

Capítulo 5

Os pais da Igreja

211

Capítulo 6

0 aparecimento das seitas

225

Capítulo 7

A Igreja imperial

239

Capítulo 8

A Igreja medieval

243

Capítulo 9

Crescimento do poder maometano

247

Capitulo 10

As Cruzadas

249

Capítulo 11

A Reforma religiosa

253

Capítulo 12

A contrarreforma católica

265

(12)

A

rqueologia

bíblica

Introdução 273

Capítulo 1

Funções da arqueologia bíblica

277

Capítulo 2

História da arqueologia bíblica

281

Capítulo 3

Datação dos achados arqueológicos

289

Capítulo 4

(13)

Introdução 313

Capítulo 1

Origem da hermenêutica

317

Capítulo 2

Diferença entre hermenêutica e exegese

319

Capítulo 3

Histórico da hermenêutica cristã

321

Capítulo 4

A possibilidade de Compreedermos as Escrituras

325

Capítulo 5

Regras fundamentais para interpretar as Escrituras

327

357

Capítulo 6

(14)

E

xegese

bíblica

3»5

387

389

399

403

411

415

423

427

Introdução Capítulo 1

Definição do termo

Capítulo 2

Métodos de interpretação

Capítulo 3

Porque a interpretação bíblica é importante

Capítulo 4

Os problemas da interpretação bíblica

Capí tulo 5

Correlação entre hermenêutica, exegese e eisegese

Capí tulo 6

Crítica textual

Capítulo 7

Tipos de alterações efetuadas pelos copistas

Capítulo 8

(15)

437

443

447

451

455

459

463

467

471

475

479

483

435

487

Introdução Capítulo 1

Cristianismo bíblico

Capítulo 2

Islamismo

Capítulo 3

Fé Bahaí

Capítulo 4

Budismo

Capítulo 5

Hinduísmo

Capítulo 6

Judaísmo

Capítulo ך

Mormonismo

Capítulo 8

Testemunhas de Jeová

Capítulo 9

Adventistas do sétimo dia

Capítulo 10

Espiritismo

Capítulo 11

Legião da boa vontade (LBY)

Capítulo 12

Igreja Local de Witness Lee

Capítulo 13

(16)

Capítulo 14

Hare krishna

Capí tulo 15

Meditação Transcendental

Capítulo 16

Igreja da Unificação

Capí tulo 17

(17)

Introdução 515 Capítulo 1

Definição dos termos

519

Capítulo 2

Principais seitas dos dias de Jesus

525

Capítulo 3

Por que estudar as falsas doutrinas?

531

Capítulo 4

Aspectos históricos

535

Capítulo 5

Características doutrinárias de uma seita

545

Capítulo 6

(18)

S

eitas

proféticas

Introdução Capítulo 1

Testemunha de Jeová

Capítulo 2

Mormonismo

(19)

Introdução 615 Capitulo 1

Maçonaria

617

Capítulo 2

(20)

S

eitas

espíritas

e

afros

Introdução

Capí tulo 1

Escravos, índios e negros

Capítulo 2

As origens do Candomblé, da Umbanda e da Quimbanda

Capítulo 3

Espiritismo kardecista

Capí tulo 4

Espiritismo no Brasil

Capítulo 5

Doutrina espírita

(21)

Capí tulo 1

Hare Krishna

705

Capítulo 2

Igreja Messiânica Mundial

715

Capí tulo 3

(22)

SEITAS UNICISTAS

Introdução 745

Capítulo 1

Histórico do unicismo

747

Capítulo 2

Igreja Local de Witness Lee

751

Capítulo 3

Tabernáculo da Fé

761

Capítulo 1

Período pré-socrático

783

Capítulo 2

O nascimento da filosofia ocidental

791

Capítulo 3

Escola Milésia

801

Capítulo 4

Heráclito, de Éfeso

807

Capítulo 5

Escola Eleática

811

Capí tulo 6

Metafísica

821

Capítulo 7

Os atomistas

823

Capí tulo 8

Sofistas

835

(23)
(24)

C

a p ít u l o

l

TÍTULO

O termo “pentateuco” deriva do grego

pentateuchos

(penta

= cinco e

teuchos

= volumes ou livros), e é aplicado aos cinco

primeiros livros da Bíblia: Gênesis, Êxodo, Levítico, Núme-

ros e Deuteronômio, usando seus nomes greco-latinos. Na

tradição judaica, esses livros são conhecidos pela sua primeira

palavra: “No principio” (

bereshit

), etc. Juntos, eles constituem

a lei (no hebraico:

torá,

que, originalmente, significa “ensi-

no”). Os judeus atribuem àTorá maior autoridade e santida-

de que ao restante das Escrituras.

Nesses cinco primeiros livros, encontramos um perfil his-

tórico, desde a criação do mundo e da humanidade até os

discursos de Moisés, nas planícies de Moabe, onde ocorreu a

morte e sepultamento de Moisés (Dt 34).

O Pentateuco pode ser resumido da seguinte forma: his-

tória primeva (Gn 1 1 1 ־); período patriarcal (Gn 12-36);

história de José (Gn 37-50); libertação do Egito e jornada

ao Sinai (Êx 1 1 8 ־); entrega das leis no Sinai (Ex 19; Nm

10); jornada do Sinai a Moabe (Nm 10-36); três discursos de

Moisés nas planícies de Moabe, com apêndices (Dt 1-34).

(25)

AUTOR

Por quase dois milênios, o Pentateuco foi atribuído a

Moisés, tanto pela tradição judaica quanto pela cristã. Em-

bora questões importantes sobre a autoria tenham surgido

ao longo do caminho, isto não aconteceu até o século 18,

data em que a questão foi levantada por alguns opositores

das Escrituras.

O Pentateuco dá evidências interna de que Moisés foi o

escritor de tal compêndio. Há seis passagens nele que de-

ciaram especificamente a autoria de Moisés: “Então, disse o

S

e n h o r

a Moisés: Escreve isto para memória num livro e

relata-o aos ouvidos de Josué: que eu totalmente hei de riscar

a memória de Amaleque de debaixo dos céus” (Ex 17.14).

“E Moisés escreveu todas as palavras do

S

e n h o r

,

e le-

vantou-se pela manhã de madrugada, e edificou um altar ao

pé do monte e doze monumentos, segundo as doze tribos

de Israel; e enviou certos jovens dos filhos de Israel, os quais

ofereceram holocaustos e sacrificaram ao

S

e n h o r

sacrifícios

pacíficos de bezerros. E Moisés tomou a metade do sangue

e o pôs em bacias; e a outra metade do sangue espargiu so-

bre o altar. E tomou o livro do concerto e o leu aos ouvidos

do povo, e eles disseram: Tudo o que o

S

e n h o r

tem falado

faremos e obedeceremos. Então, tomou Moisés aquele san-

gue, e o aspergiu sobre o povo, e disse: Eis aqui o sangue do

concerto que o

S

e n h o r

tem feito convosco sobre todas estas

palavras” (Êx 24.4-8).

Es t u d o s de Te o l o g i a

(26)

VOLUME 2

“Disse mais o

S

e n h o r

a Moisés: Escreve estas palavras;

porque, conforme o teor destas palavras, tenho feito concerto

contigo e com Israel” (Ex 34.27).

“Estas são as jornadas dos filhos de Israel, que saíram da

terra do Egito, segundo os seus exércitos, pela mão de Moisés

e Arão. E escreveu Moisés as suas saídas, segundo as suas jor-

nadas, conforme o mandado do

S

e n h o r

;

e estas são as suas

jornadas, segundo as suas saídas” (Nm 33.1,2).

“E Moisés escreveu esta lei, e a deu aos sacerdotes, filhos

de Levi, que levavam a arca do concerto do

S

e n h o r

,

e a todos

os anciãos de Israel [...] E aconteceu que, acabando Moisés

de escrever as palavras desta lei num livro, até de todo as aca-

bar, deu ordem Moisés aos levitas que levavam a arca do con-

certo do

S

e n h o r

,

dizendo: Tomai este livro da lei e ponde-o

ao lado da arca do concerto do

S

e n h o r

,

vosso Deus, para que

ali esteja por testemunha contra ti” (Dt 31.9,24-26).

“Assim, Moisés escreveu este cântico naquele dia e o ensi-

nou aos filhos de Israel” (Dt 31.22).

Outros livros do Antigo Testamento citam-no como obra

de Moisés (Js 1.7,8; 23.6; lR s 2.3; 2Rs 14:6; Ed 3.2; 6.18;

Ne 8.1; Dn 9.11-13). Os escritores do Novo Testamento es-

tão de pleno acordo com os autores do Antigo Testamento

quanto à autoria mosaica. Não deixaram dúvidas aos seus ou-

vintes de que foi Moisés quem escrevera os primeiros livros

das Escrituras. Eles falam dos cinco livros em geral como

“a lei de Moisés” (At 13.39; 15.5; Hb 10.28). Para eles, “ler

Moisés” equivale a ler o Pentateuco: “E até hoje, quando é

27

(27)

lido Moisés, o véu está posto sobre o coração deles” (2C0

3.15). Finalmente, as palavras do próprio Senhor Jesus dão

testemunho de que Moisés foi o autor destes livros: “Por-

que, se vós crésseis em Moisés, crerieis em mim; porque de

mim escreveu ele” (Jo 5.46; Mt 8.4; 19.8; Mc 7.10; Lc 16.31;

24.27,44).

Moisés, mais do que qualquer outro homem, tinha prepa-

ro e experiência para escrever o Pentateuco. Considerando-

-se que foi criado no palácio dos faraós, “foi instruído em

toda a ciência dos egípcios e era poderoso em suas palavras e

obras” (At 7.22). Foi testemunha ocular dos acontecimentos

do Êxodo e da peregrinação no deserto. Mantinha a mais

íntima comunhão com Deus e recebia revelações especiais.

Como hebreu, Moisés tinha acesso às genealogias e às tra-

dições orais e escritas de seu povo, e, durante os longos anos

da peregrinação de Israel, teve o tempo necessário para me-

ditar e escrever. E, sobretudo, possuía notáveis dons e gênio

extraordinário, o que testemunham em seu papel como líder,

legislador e profeta.

Es t u d o s de Te o l o g i a

(28)

C

a p ít u l o

2

TEORIA DOCUMENTÁRIA DA ALTA CRÍTICA

Há dois séculos, eruditos de tendência racionalista puse-

ram em dúvida a paternidade mosaica do Pentateuco. Cria-

ram a “teoria documentária da alta crítica”, segundo a qual

os primeiros cinco livros da Bíblia são uma compilação de

documentos redigidos, em sua maior parte, no período de

Esdras (444 a.C.)■ No entender desses autores, o documento

mais antigo que se encontra no Pentateuco data do tempo de

Salomão. Julgam que Deuteronômio é uma “fraude piedosa”

escrita pelos sacerdotes no reinado de Josias, tendo como fi-

nalidade promover um avivamento, e que Gênesis consiste

mormente em lendas nacionais de Israel.

Muitos estudiosos conservadores acham provável que

Moisés, ao escrever o livro do Gênesis, tenha empregado

genealogias e tradições escritas (Moisés menciona, especifi-

camente, “o Livro das gerações de Adão”, em Gênesis 5.1).

Provavelmente, essas valiosas memórias foram transmitidas

de uma geração para outra desde tempos remotos. Não nos

cause estranheza que Deus possa ter guiado Moisés a incor-

porar tais documentos em seus escritos.

(29)

in-livro dos rabinos, o atribui a Josué). Gênesis 36.31 indica que

havia rei em Israel, algo que não existia na época de Moisés.

Em Gênesis 14.14, chama-se “D a ’ a antiga cidade de “Laís”,

nome que lhe foi dado depois da conquista. Pode-se atribuir

isto às notas esclarecedoras, ou às mudanças de nomes geo-

gráficos arcaicos, introduzidas para tornar mais claro o relato.

Provavelmente, foram agregados pelos copistas das Escritu-

ras, ou por algum personagem (como o profeta Samuel). Não

obstante, estes retoques não seriam de grande importância

nem afetariam a integridade do texto. Assim, pois, são con-

tundentes tanto a evidência interna como a externa de que

Moisés escreveu o Pentateuco. Muitos trechos contêm frases,

nomes e costumes do Egito, indicativos de que o autor tinha

conhecimento pessoal de sua cultura e de sua geografia, algo

que dificilmente teria outro escritor em Canaã, vários sécu-

los depois de Moisés. Por exemplo, consideremos os nomes

egípcios: Potifar, “dom do deus do sol”; Ra; Zafenate-Paneá,

“Deus fala”; “ele vive”; Asenate, “pertencente à deusa Neit”; e

Om: antigo nome de Heliópolis (Gn 37.36; 41.45,50).

Notemos, também, que o autor menciona até os vasos de

madeira e os de pedra que os egípcios usavam para guardar

a água que tiravam do rio Nilo. O célebre arqueólogo W. F.

Albright diz que no Êxodo se encontram, em forma correta,

tantos detalhes arcaicos que seria insustentável atribuí-los a

invenções posteriores.

(30)

VOLUME 2

Também, pelas referências feitas com relação a certos

materiais do tabernáculo, deduzimos que o autor conhecia

a península do Sinai. Por exemplo, as peles de texugos se

referem, segundo certos eruditos, às peles de um animal da

região do mar Vermelho; a “onicha”, usada como ingrediente

do incenso (Ex 30.34), era da concha de um caracol da mes-

ma região. Evidentemente, as passagens foram escritas por

alguém que conhecia a rota da peregrinação de Israel e não

por um escritor no cativeiro babilônico, ou na restauração,

séculos depois.

Do mesmo modo, os conservadores mostram que o Deu-

teronômio foi escrito no período de Moisés. O ponto de re-

ferência do autor do livro é o de uma pessoa que ainda não

entrou em Canaã. A forma em que está escrito é a dos tra-

tados entre os senhores e os seus vassalos do Oriente Médio,

no segundo milênio antes de Cristo. Por isso, estranhamos

que a alta crítica tenha dado como data desses livros setecen-

tos ou mil anos depois.

A arqueologia também confirma que muitos dos aconte-

cimentos do livro de Gênesis são realmente históricos. Por

exemplo, os pormenores da tomada de Sodoma, descrita no

capítulo 14, coincidem com assombrosa exatidão com o que

os arqueólogos descobriram. Nisto se incluem: os nomes dos

quatro reis, o movimento dos povos e a rota que os invasores

tomaram, chamada “caminho real”. Depois do ano 1200 a.C,

a condição da região mudou radicalmente, e essa rota das

caravanas deixou de ser utilizada. O arqueólogo Albright

de-31

(31)

clarou que alguns detalhes do capítulo 14 nos levam de volta

à idade do bronze (período médio, entre 2100 e 1560 a. C.).

Não é muito provável que um escritor que vivesse séculos

depois conhecesse tais detalhes.

Além do mais, nas ruínas de Mari (sobre o rio Eufrates) e

de Nuzi (sobre um afluente do rio Tigre) foram encontradas

tábuas de argila da época dos patriarcas. Nelas, se descrevem

leis e costumes, tais como as que permitiam que o homem

sem filhos desse sua herança a um escravo (Gn 15.3) e uma

mulher estéril entregasse sua criada ao seu marido para sus-

citar descendência (Gn 16.2). Do mesmo modo, as tábuas

contêm nomes equivalentes ou semelhantes aos de Abraão,

Naor (Nacor), Benjamim e muitos outros. Por isso, tais pro-

vas refutam a teoria da alta crítica de que o livro do Gênesis

é uma coletânea de mitos e lendas do primeiro milênio antes

de Cristo.

A arqueologia demonstra, cada vez mais, que o Pentateu-

co apresenta detalhes históricos exatos, e que foi escrito na

época de Moisés.

Há razão, ainda, para se duvidar que o grande líder do

Exodo foi seu autor?

Ambiente em que o Pentateuco foi escrito

Quando Abraão chegou à Palestina, esta já era uma pon-

te importante entre os centros culturais e políticos daquela

época. Ao Norte, achava-se o império hitita; ao Sudoeste, o

Egito; ao Oriente e ao Sul, Babilônia; e, ao Nordeste, o

im-e s t u d o s de Te o l o g i a

(32)

VOLUME 2

pério assírio. Ou seja, os israelitas estavam localizados em um

ponto estratégico e não isolado geograficamente das grandes

civilizações.

A maioria dos historiadores acha que a planície de Sinar,

situada entre os rios Eufrates e Tigre, foi o berço da primeira

civilização importante, chamada Suméria. No ano 2800 a.C.,

os sumérios já haviam edificado cidades florescentes e organi-

zado o governo em cidades-estados; também haviam utilizado

metais e aperfeiçoado um sistema de escrita chamada cunei-

forme. Quase ao mesmo tempo, desenvolvia-se, no Egito, uma

civilização brilhante. E provável que quando Abraão se dirigiu

para o Egito, tenha visto pirâmides que já contavam mais de

quinhentos anos.

A região onde se desenvolveu a primeira civilização é cha-

mada “fértil crescente” (pela forma do território que abran-

ge). Estende-se de forma semicircular entre o Golfo Pérsico

e o mar Mediterrâneo até o Sul da Palestina. O território é

regado constantemente por chuvas e rios caudalosos, como o

Eufrates, o Tigre, o Nilo e o Orontes, o que possibilita uma

agricultura produtiva. No interior desta região está o deserto

da Arábia, onde há escassas chuvas e pouca população. Ali,

no fértil crescente, surgiram os grandes impérios dos amor-

reus, dos babilônios, dos assírios e dos persas.

O mais importante para nós, todavia, é que ali habitou o

povo escolhido de Deus e ali nasceu o Salvador do mundo.

Toda a região compreendida entre os rios Eufrates e Ti-

gre chama-se Mesopotâmia (

meso\

“entre”;

potamos׳.

“rio”).

33

(33)

No princípio, denominava-se “Caldeia” à planície de Sinar,

desde a cidade de Babilônia, ao Sul, até o Golfo Pérsico; mas,

posteriormente, o termo “Caldeia” passou a designar toda a

região da Mesopotâmia (a mesma área chamava-se, também,

Babilônia).

Abrangia muito do território do atual Iraque, e era,

pro-*

vavelmente, o local do jardim do Eden e da torre de Babel.

O território da Palestina é relativamente pequeno. Desde Dã

até Berseba, pontos extremos no Norte e no Sul, respectiva-

mente, a uma distância de apenas 250 quilômetros. O terri-

tório tem, desde o mar Mediterrâneo até o mar Morto, 90

quilômetros de largura; e o lago de Genesaré (mar da Ga-

lileia) dista, aproximadamente, 50 quilômetros do mar Me-

diterrâneo. A área total de Canaã equivale, em tamanho, à

sétima parte do Uruguai ou a um terço do Panamá. Contudo,

nesta porção tão pequena do globo terrestre, Deus revelou-

-se ao povo israelita, e ali o Verbo eterno habitou entre os

homens e realizou a redenção da raça humana.

Es t u d o s de Te o l o g i a

(34)

C

a p ít u l o

3

GÊNESIS

Gênesis é o primeiro livro do Pentateuco e seu nome vem

da Septuaginta (LXX) — “Versão dos Setenta”, antiga versão

grega. Significa “princípio”, “origem” ou “nascimento”, pois

relata o princípio de todas as coisas - o germe de todas as

formas de vida e de todas as instituições e relações huma-

nas. Tem sido chamado de “viveiro ou sementeiro da Bíblia”,

porque nele estão as sementes de todas as grandes doutrinas.

Encontramos a origem do mundo, do planeta, do homem,

do casamento, do pecado, do governo humano, de diversos

povos, dos diferentes idiomas e, principalmente, do povo de

Israel. Nele, está registrada a primeira mensagem de reden-

ção (3.15), depois de o homem ter pecado e caído nas trevas.

As primeiras alianças de Deus com os homens surgem

nesse livro, como a aliança de Deus com Adão, com Noé e

com Abraão. Apresenta fatos que têm influenciado bilhões

de pessoas durante milhares de anos, como a queda, o dilú-

vio, a torre de Babel, a intriga entre judeus e árabes, o papel

distintivo de Israel e a destruição de Sodoma e Gomorra.

Gênesis é um dos livros mais citados no Novo Testamento,

servindo de base para todo o restante das Escrituras Sagradas.

(35)

dos no Gênesis. A antiga serpente’, que engana todo mundo’,

está derrotada; cai babel [Babilônia] e os redimidos levados de

novo ao paraíso têm acesso à arvore da vida”.1

Deus é Deus e preocupa-se unicamente com os seres hu-

manos. Ele coloca, à disposição da humanidade, um gran-

de plano de benefício revelado no chamado de Abraão, de-

monstrando, com isso, a maravilha do seu infinito e redentor

amor.

Esboço de Gênesis

O começo da humanidade

(

1.1

-

11

.

32

)

a) A criação do mundo (1.1 - 2.3).

b) O lugar do homem no mundo (2.4 - 25).

c) A entrada do pecado e a queda resultante (3.1 - 4.26).

d) As raças antediluvianas e os patriarcas: Adão a Noé

(5 .1 -3 2 ).

e) A pecaminosidade do mundo expurgada pelo dilúvio

(6.1-9.29).

f) A posteridade de Noé e as raças primitivas do Oriente

Próximo (10.1 - 11.32).

(36)

V O L U M E 2

A vida de Abraão

(12A

-

25AS)

a) A chamada de Abraão e sua aceitação da aliança pela

fé (12.1-14.24).

b) Renovação e confirmação da aliança (15.1-17.27).

c) Ló é poupado de Sodoma (18.1-19.38).

d) Abraão e Abimeleque (20.1-18).

e) Nascimento e casamento de Isaque, o filho da promessa

(21.1-24.67).

f) A posteridade de Abraão (25.1-18).

A vida de Isaque e sua fa m ília

(25 A 9

-

26.35)

a) Nascimento de Esaú e Jacó (25.19 - 28).

b) Esaú vende a primogenitura a Jacó (25.29 - 34).

c) Isaque e Abimeleque II (26.1 - 16).

d) A disputa em Berseba (26.17 - 33).

e) Os casamentos de Esaú (26.34,35).

A vida de Jacó

(27A - 3 7 A)

a) Jacó no lar paterno (27.1 - 46).

b) Exílio e viagem de Jacó (28.1 - 22).

c) Jacó com Labão na Síria (29.1 - 33.15).

d) Jacó volta à terra da promissão (33.16 -35.20).

e) A posteridade de Jacó e Esaú (35.21 -37.1).

37

(37)

A vida de José

(37.2 - 50.26)

a) José como menino (37.2 - 36).

b) Judá e Tamar (38.1 - 30).

c) José promovido no Egito (39.1 - 41.57).

d) José e seus irmãos (42.1 - 45.15).

e) José recebe Jacó no Egito (45.16 - 47.26).

f ) Últimos dias de Jacó e suas profecias finais (47.27 -

50.14).

g) José garante a seus irmãos o seu perdão completo (50.15

-2 6 ).

Aspectos teológicos

O livro fornece inúmeras respostas para os questionamen-

tos da mente humana. Ele confirma doutrinas fundamentais

da fé cristã, como, por exemplo: o Universo como resultado

da ação de Deus a partir do nada —

ex-nihilo

— (Gn 1.1);

o Espírito Santo presente no processo da criação do mundo

(Gn 1.2); a criação do homem à imagem e semelhança de

Deus (Gn 1.26); o homem como um ser especial, superior às

demais criaturas (Gn 1.28); a pluralidade divina (Gn 1.26); a

vinda de um redentor por meio da própria raça humana (Gn

3.15); a queda do homem pela sua desobediência (Gn 3);

o sofrimento e a morte como consequência do pecado (Gn

3.17-19); a transmissão do pecado para toda a raça humana

por Adão (Gn 5.3); e a aliança de Deus com Abraão (Gn 15

e 17), estabelecendo a primazia de Israel.

E

s t u d o s d e

T

e o l o g i a

(38)

VOLUME 2

A pluralidade da divindade (Gn 1.26), sua soberania sobre

toda a terra (Gnl4.19), sua providência (Gn 22.14) e sua

função como juiz (Gn 18.25), já estava aqui estabelecida.

Teríamos uma lacuna instransponível sem esta obra mo-

saica. Diversas doutrinas do Novo Testamento vão procurar,

em Gênesis, sua base, como, por exemplo, o novo nascimento

(2Co 4.6); a justificação pela fé (Rm 4.3); a eleição divina

(Rm 9.11,12); o juízo divino (Jd 7); e a importância da fé

(Hb 11.4-12).

Quando Jesus foi procurar a base ética para o casamento,

não o fez na lei mosaica, mas, sim, na narrativa de Gênesis

2. Gênesis é, também, o livro que Jesus vai recorrer para pin-

tar o quadro dos tempos finais por ocasião de seu retorno

(Lc 17.26-37). Dos dezesseis heróis da fé enumerados em

Hebreus 11, pelo menos oito são personagens do livro de

Gênesis.

O peso teológico do livro se torna ainda maior quando

a questão das alianças é posta em pauta. Muitos apontam

Gênesis 12.1 como o início da nossa história da salvação. O

plano de Deus começa a ser executado quando Ele faz uma

aliança direta com Abraão e a sua descendência. A partir

deste pacto, Deus começa a desenvolver um relacionamento

irrevogável com Abraão e seus descendentes com implica-

ções salvíficas universais (Rm 11.28,29). O desenvolvimento

histórico dos descendentes de Abraão está estreitamente li-

gado com a execução do plano divino, desde a revelação de

sua palavra (Rm 3.2), a entrega da lei, das promessas e de-

mais alianças (Rm 9.4), até o surgimento do Messias (Rm).

(39)

Aspectos tipológicos

Também neste aspecto, a riqueza de Gênesis se sobressai,

apesar das grandes porções de Exodo e Levítico ilustrarem

verdades espirituais de forma tipológica. Diversos perso-

nagem e situações encontradas no livro vão ter o seu cum-

primento em Jesus e na vida revelada no Novo Testamento.

Mesmo se tratando de personagens históricos, mas que vi-

veram situações reais, essas pessoas e fatos ilustram verdades

espirituais futuras, reveladas na morte, ressurreição e ascen-

são de Cristo.

Alguns desses

tipos

foram reconhecidos pelos escritores do

Novo Testamento. Outros, apesar de sua clara indicação tipo-

lógica apontando para Jesus e o evangelho, não são referidos

diretamente. Podemos até dizer que este conteúdo seja ines-

gotável porque novas compreensões são percebidas à medida

que estudamos o livro.

A começar por Adão, que se torna uma ilustração de Cris-

to, que é chamado de “segundo Adão” ou “Adão celestial”,

sendo colocado, também, em contraste com Cristo e sua obra

(Rm 5; ICo 15).

Temos Noé e a arca como representando a salvação de

Deus na atual dispensação da graça (lPe).Temos Melquise-

deque, um personagem que só aparece em uma curta narrati-

va e cujo significado espiritual é de uma profundidade ímpar,

tornando-se o tema central da epístola aos Hebreus (Gn 14;

SI 110; Hb 4-8).Temos Ismael e Agar simbolizando a antiga

Es t u d o s d e Te o l o g i a

(40)

VOLUME 2

aliança em contraste com a nova (Gn 16, 21; G1 3). Temos

Abraão sacrificando seu filho Isaque, um claro tipo do Pai

sacrificando seu único Filho, que o escritor de Hebreus con-

segue relacionar tão magistralmente (Gn 22). Temos Isaque

como o noivo aguardando ansioso o momento de encontrar a

noiva que estava sendo preparada (Gn 26; 2Co 11.2). Temos

José rejeitado pelos seus irmãos que, em figura, o lançam na

cova e, futuramente, o reencontram (Gn 37).

Essas são apenas algumas notas sobre o valor

tipológi-co desse primeiro livro da Bíblia. Os detalhes são de uma

riqueza espiritual enorme, a tal ponto que fica difícil

com-preender certas colocações do Novo Testamento sem uma

*

leitura atenta do livro de Gênesis. E possível perceber que

todas estas situações que apontam para valores espirituais fu-

turos não são fruto de mentes criativas, capazes de encontrar

similaridades nos textos bíblicos. Foram colocas por Deus no

intuito de gravar a sua verdade para a humanidade desde esta

obra inicial.

Aspectos apologéticos

Embora muitos tenham buscado negar o sentido literal

dos capítulos iniciais de Gênesis, nós vemos que tanto Jesus

como os apóstolos colocam todas as narrativas como verda-

deiros acontecimentos e não como mera representação ou

simbolismo. A teologia modernista, influenciada pelo cien-

tismo do século 19, tentou reinterpretar ou mesmo ignorar

41

(41)

completamente muitas narrativas do livro, pois julgavam que

estariam em desacordo com o conhecimento científico. Mas

ele permanece como um livro fundamental para o entendi-

mento de toda teologia. Uma má interpretação pode alterar

drasticamente os fundamentos da fé cristã e, por isso, não

deve ser tratado com negligência.

Os capítulos 1 a 3, principalmente, requerem uma forte

análise apologética, visto que muitas seitas e movimentos he-

réticos fazem interpretações e inferências distorcidas dessas

passagens. Entre essas distorções, podemos citar: a tradução

de Gênesis 1.2 na Tradução do Novo Mundo (a Bíblia das

Testemunhas de Jeová), referindo-se ao Espírito Santo como

“força ativa de Deus”; os ufólatras interpretam o nome de

Deus,

Elohim,

como se referindo aos extraterrestres, devido

à pluralidade por ele expressada; os mórmons veem na “ima-

gem e semelhança” uma referência ao aspecto físico de Deus;

os adventistas usam o descanso de Deus, no sétimo dia, como

argumento para a guarda do sábado; outros grupos interpre-

tam o primeiro pecado como o conhecimento sexual e a ser-

pente como sendo o órgão sexual masculino; os mórmons

também defendem a queda como algo positivo para a huma-

nidade, sem a qual a divindade não seria alcançada, etc.

Pelo fato deste texto ser um dos mais expressivos e conhe-

cidos da literatura universal sobre a origem do homem, sofre

ataques e interpretações erradas diversas. O trabalho apoio-

gético em torno destes capítulos não tem fim, uma vez que

estarão na base do desenvolvimento da doutrina da salvação.

Es t u d o s de Te o l o g i a

(42)

VOLIJME 2

Aspectos históricos

A história é um livro que começou a ser escrito pelo meio,

conforme disse o historiador e filósofo Will Durant. Os his-

toriadores se debatem com vestígios humanos uma vez que

se recusam a aceitar a simples narrativa deste livro. Todavia,

é ele o único escrito inspirado e revelado que fala um pouco

desses primeiros passos do homem sobre a terra.

Ao abordarmos Gênesis como um livro que contém a his-

tória da humanidade de fato, é preciso aceitar certas limitações.

Na verdade, se excluirmos a parte que começa com o chamado

de Abraão (capítulo 12) até o final, nos resta apenas onze ca-

pítulos que expõe algo como 2000 anos de história, embora tal

conta não seja precisa.

O que temos nestes capítulos são pequenas pinceladas,

narrativas microscópicas diante de tanta coisa ocorrida nesse

período. Mas, nem por isso, perdem a sua importância como

narrativa histórica. Tudo ali descrito, embora resumido,

aconteceu de fato. Os personagens e eventos não podem ser

relegados à categoria de lenda ou mero símbolo. Só podem

ser aceitos como acontecimentos reais da história humana

naqueles primórdios. Do contrário, todo o restante desmoro-

na, uma vez que o plano divino se desenrola sobre ela.

Adão, por exemplo, foi uma pessoa real que, juntamente

com sua esposa, Eva, deu origem à toda a raça humana. Paulo

confirmou isto diante dos filósofos gregos no Areópago de

Atenas, dizendo: “E de um só fez todas as raças dos homens,

para habitarem sobre toda a face da terra...” (At 17.26).

Eno-43

(43)

que foi identificado como o sétimo depois de Adão (Jd 14),

o que situa sua existência como algo real.

De igual monta, o dilúvio é um fato histórico, como ates-

tam inúmeras histórias similares à de Gênesis entre diversos

povos, inclusive aborígenes da América. Quando ouvimos a

palavra “dilúvio”, pensamos quase imediatamente na Bíblia e

na história da arca de Noé. Essa história maravilhosa do An-

tigo Testamento viajou com o cristianismo através do mun-

do. Nos povos de todas as raças, existem diferentes tradições

de uma inundação imensa e catastrófica. Os gregos contavam

a lenda do dilúvio de Deucalião. Já muito antes de Colombo,

corriam, entre os primitivos habitantes do continente ame-

ricano, numerosas histórias a respeito de uma grande inun-

dação. Na Austrália, na índia, na Polinésia, no Tibete, em

Caxemira e na Lituânia há histórias de uma grande inunda-

ção que vêm sendo transmitidas de geração a geração até os

nossos dias. Serão todas lendas, mitos ou produtos da imagi-

nação? Ou simplesmente um fato histórico que sofreu alte-

rações conforme foi sendo contado pelos descendentes que

sobreviveram do dilúvio?

A chamada Tábua das Nações, no capítulo 10, é de uma

precisão impressionante. Apesar da dificuldade em identificar

cada povo, a maioria deles é bem clara. As fontes utilizadas

por Moisés, provavelmente, remontam do tempo da torre de

Babel, quando ainda era possível identificar o destino dos des-

cendentes de Noé.

Da mesma sorte, a existência da torre de Babel e sua cc ns-

trução, como sendo a causa da diversidade de línguas r o

ESTUDOS DE T EOLOGIA

(44)

VOLUME 2

mundo, só é desconsiderada pelos estudiosos porque se re-

cusam a reconhecer a ação divina na história. Eles, também,

não possuem nenhuma explicação razoável e definitiva para

este problema. Inclusive, o linguista Hans Joachim Storig,

em seu famoso livro

A aventura das línguas

(Melhoramentos,

2003), após ter feito uma longa viagem através do mundo

dos idiomas, termina por narrar a história bíblica da torre de

Babel como a origem da diversidade linguística.

Talvez, possamos dizer que as genealogias sejam o elo mais

forte para testificar os fatos de Gênesis.Todos os personagens

bíblicos se ligam por meio desses fatos, que funcionam como

uma espécie de certidão de nascimento, indicando a origem

de cada pessoa. Logo, toda a história posterior de Israel vai

ser conectada ao primeiro homem e seus descendentes por

essas listas genealógicas.

Aspectos arqueológicos

Certos arqueólogos encontraram dois selos antigos perto

de Nínive representativos de uma cena que sugere a história

da tentação. No centro, há uma árvore; à direita, um homem;

à esquerda, uma mulher; e, atrás, uma serpente erguida, em

atitude de falar-lhe. Embora não tenham encontrado ne-

nhum texto babilônico que descreva a tentação, acredita-se

indicar que a raça ainda se lembrava da tentação no Éden.

Diferentes epopeias da criação, escritas sobre tabuinhas de

barro, foram encontradas nas ruínas de Babilônia, Nínive,

45

(45)

Nipur e Assur. Contêm certas semelhanças com o relato do

livro de Gênesis. São sete tabuinhas que descrevem um “abis-

mo” de águas; contam que, no quarto dia, foram ordenadas as

estrelas; e que o homem foi feito de barro. Mas, há grandes

diferenças entre essas epopeias e o relato do livro de Gênesis.

Os expoentes da alta crítica apresentaram a teoria de que

a história primitiva do Gênesis, talvez, tivesse tido sua ori-

gem nessas epopeias. Não obstante, os relatos das tabuinhas

são grosseiramente politeístas e muito absurdos. Por exemplo,

o relato babilônico narra que a mãe dos deuses, Tiamate (o

“abismo das águas”), foi morta por seu filho, Marduque. De-

pois, ele dividiu em duas partes seu cadáver e empregou uma

metade para formar a terra e a outra, para cobrir os céus.

A existência das epopeias da criação, de nenhum modo,

comprova que o livro de Gênesis esteja baseado nas tradi-

ções mesopotâmicas; antes, ressaltam a inspiração do relato

do Gênesis, já que está livre de idéias absurdas e indignas

de serem cridas.

Henry Halley sugere que se pode tomar a semelhança entre

os relatos pagãos e o relato bíblico como evidência de que “al-

gumas das idéias do Gênesis foram gravadas na memória dos

primeiros habitantes da terra, e as diferentes raças humanas, ao

apartarem-se da linhagem escolhida de Deus e cairem na ido-

latria, herdaram e transmitiram relíquias de verdades antigas

que entreteceram em suas culturas nacionais”.2

Ao longo dos anos, muitas críticas têm sido levantadas

quanto à confiabilidade histórica da Bíblia. Esses criticismos

Es t u d o s de Te o l o g i a

(46)

VOLUME 2

são, usualmente, baseados na falta de evidência de fontes ex-

ternas que confirmem o registro bíblico. E, sendo a Bíblia um

livro religioso, muitos eruditos tomam a posição de que ela é

parcial e não é confiável, a menos que haja evidência externa

confirmando-a. Em outras palavras, a Bíblia é culpada até que

ela seja provada inocente, e a falta de evidências externas colo-

ca o registro bíblico em dúvida.

Esse padrão é extremamente diferente do aplicado a ou-

tros documentos antigos, mesmo que muitos deles, se não a

maioria, contêm um elemento religioso. Eles são considera-

dos acurados, a menos que a evidência demonstre o contrário.

Embora não seja possível verificar cada incidente descrito na

Bíblia, as descobertas arqueológicas, feitas desde a metade do

século 18, têm demonstrado a confiabilidade e plausibilidade

da narrativa bíblica, conforme podemos demonstrar com al-

guns exemplos. Vejamos:

A descoberta do arquivo de Ebla no norte da Síria nos anos

70 tem mostrado que os escritos bíblicos concernentes aos pa-

triarcas são de todo viáveis. Documentos escritos em tabletes

de argila, de, aproximadamente, 2300 a.C., mostram que os

nomes pessoais e de lugares mencionados nos registros histó-

ricos sobre os patriarcas são genuínos. O nome “Canaã” estava

em uso em Ebla — um nome que críticos já afirmaram não ser

utilizado naquela época e, portanto, incorretamente emprega-

do nos primeiros capítulos da Bíblia. A palavra

tehom

(“abis-

mo”), usada em Gênesis 1.2, era considerada uma palavra re-

cente, demonstrando que a história da criação fora escrita

47

(47)

bem mais tarde do que o afirmado tradicionalmente.

Tehom,

entretanto, era parte do vocabulário usado em Ebla, cerca de

oitocentos anos antes de Moisés. Costumes antigos, refleti-

dos nas histórias dos patriarcas, também foram descritos em

tabletes de argila encontrados em Nuzi e Mari.

O evento bíblico mais documentado é o dilúvio universal,

descrito em Gênesis 6-9. Diversos documentos babilônicos

foram descobertos e descrevem o mesmo dilúvio. A lista de

reis sumérios, por exemplo, indica que todos eles reinaram

por longos anos. E, então, veio uma grande inundação e, após

este acontecimento, os reis sumérios reinaram por períodos

bem menores. Esse é o mesmo padrão de acontecimento en-

contrado na Bíblia. Os homens tinham uma maior longevi-

dade antes do dilúvio e menor após o mesmo. 0 11° tablete

do Épico de Gilgamesh descreve uma arca, animais levados

até a arca, pássaros sendo soltos durante a grande inundação,

a arca repousando sobre uma montanha e um sacrifício ofe-

recido após a arca estar parada.

Os tabletes de argila sumérios registram a confusão de lín-

guas assim como se observa no histórico bíblico da torre de

Babel (Gn 11.1-9). “Existiu uma era de ouro em que toda a

humanidade falava a mesma língua. As línguas foram, então,

confundidas pelo deus Enki, “senhor da sabedoria”. Os ba-

bilônios têm registros similares onde os deuses destruíram a

torre do templo e dispersaram-nos e tornaram suas línguas

estranhas”.

Es t u d o s de t e o l o g i a

(48)

VOLUME 2

EVIDÊNCIA ARQUEOLÓGICAS

Siquém

“Escavações foram empenhadas em Siquém, primeiro pe-

las expedições austríaco e alemãs, em 1913 e 1914; posterior-

mente, no período de 1926 a 1934, sob a responsabilidade de

vários arqueólogos; e, por fim, por uma expedição americana,

no período de 1956 a 1972 [...] A escavação na área sagrada

revelou uma fortaleza na qual havia um santuário e um templo

dedicado a El-berith, o deus do concerto’.

“Este templo foi destruído por Abimeleque, filho do juiz Gi-

deão (Jz 9) e nos proporcionou uma data confiável acerca do perí-

odo teocrático. Recentemente, nas proximidades do monte Ebal

(Dt 27.13), foi encontrada uma estrutura que sugere identificar

um altar israelita. Datado do 13° ou 12° século a.C., o altar pode

ser considerado contemporâneo de Josué, indicando a possibili-

dade de ter sido construído pelo próprio líder hebreu, conforme é

descrito em Deuteronômio 27 e 28”.3

Tum ba dos p a tria rc a s

A Bíblia relata que Sara, Abraão, Isaque, Rebeca, Lia e

Jacó foram enterrados em Hebrom, numa caverna denomi-

nada a cova do Campo de Macpela, adquirida por Abraão

(Gn 23). Segundo a tradição, essa caverna está localizada

abaixo de Haram el-Khalil (que significa: “recinto sagrado

do amigo do Deus único misericordioso”) em Hebrom, e é,

49

(49)

atualmente, uma mesquita muçulmana. Algumas referências,

datadas do período helênico (século 2° d.C), atestam que este

é o local autêntico de sepultamento dos patriarcas.

A caverna foi explorada pelos agostinianos, em 1119, fican-

do declarado que os ossos dos patriarcas foram descobertos

nessa data.

Es t u d o s de Te o l o g i a

(50)

C

a p ít u l o

4

ÊXODO

Tal como Gênesis, é um título que não tem origem he-

braica, mas grega. A Septuaginta o chama de livro de Exo-

dos, que significa “saída, partida” - um título apropriado para

a descrição da saída do povo escolhido da terra onde sofreu

a escravidão total durante gerações. Esta redenção do Egito

foi realizada por intervenção divina, portanto, milagrosa, exi-

gindo da parte dos israelitas apenas fé na eficácia do sangue

derramado (12.1-3).

Como no Novo Testamento, a redenção tem o propósito

de tornar possível a comunhão entre as pessoas remidas de

Deus. Depois da realização da redenção do Egito, foi dada a

lei, seguida pela revelação de grandes verdades do culto acei-

tável a Deus quando prestado no tabernáculo, com os seus

sacrifícios concomitantes e o sacerdócio assistente.

No Exodo, Deus, até então ligado ao povo israelita apenas

por sua aliança com Abraão (Gn 12.2), atrai-os, agora, para

si, nacionalmente, pela redenção, coloca-os sob a aliança mo-

saica (19.5) e habita no meio deles na nuvem de glória. Gála-

tas, explica o relacionamento da lei com a aliança abraâmica.

(51)

Por meio dos inúmeros mandamentos, Deus ensinou a Israel

suas justas exigências. A experiência convenceu Israel do seu

pecado; e a provisão do sacerdócio e os sacrifícios (cheios de

tipos preciosos de Cristo) ofereceram a um povo culpado um

meio de obter perdão, purificação e restauração da comunhão

e adoração.

Esboço de Êxodo

O treinamento do homem de Deus para a tarefa de Deus

(

1.1

-

4

.

31

)

a) O passado de Moisés; a perseguição tirânica (1.1- 22).

b) Sua adoção e instrução, os primeiros 40 anos (2.1- 14).

c) Seu caráter disciplinado, os segundos 40 anos (2.15 - 25).

d) Sua vocação da parte de Deus, em Horebe (3.1- 4.31).

A graça triunfante: opovo de Deus libertado da escravidão

(

5

.

1

-

18

.

27

)

a) O triunfo de Deus sobre a potência mundial, pelas dez

pragas (5.1 - 11.10).

b) Seis tipos da salvação (12.1 - 18.27).

c) A Páscoa: símbolo e apropriação do Calvário (12.1 -

13.22).

d) Travessia do mar Vermelho: o mergulho pela fé: batis-

mo (14.1-15.27).

e) Maná dos céus: pão da vida (16.1- 36).

Es t u d o s de Te o l o g i a

(52)

VOLUME 2

f) A rocha fendida: a água da vida (17.1 - 7).

g) Refidim: antegozo da vitória sobre o mundo (17.8-16).

h) Nomeação dos anciãos: organização da comunidade

religiosa (18.1 - 27).

O selo da santidade

(

19

.

1

-

31

.

18

)

a) A promessa da aliança: absoluta submissão à vontade

de Deus revelada, como “nação santa, propriedade pe-

culiar de Deus” (19.1 - 25).

b) Princípios básicos de uma vida santificada, segundo a

aliança: o decálogo (20.1-26).

c) A vida santa na sua conduta para com os outros (21.1

-23.33).

d) A vida santa no culto e na comunhão com Deus, a ti-

pologia do sacerdócio, do sacrifício e dos móveis do

tabernáculo (24.1 - 31.18).

O fracasso da carne e 0 arrependimento pelo pecado

(

32.1

-

33

.

23

)

a) Rebelião, apostasia, idolatria: quebra da comunhão com

Deus (32.1 - 35).

b) Arrependimento, castigo e a intercessão de Moisés, o

mediador (33.1 - 23).

53

(53)

A provisão divina pelo pecado: 0perdão contínuo pelo sacrifício

(

34

.

1

-

40

.

38

)

a) Reafirmação da aliança da graça e a advertência divi-

na contra a idolatria (34.1- 35).

b) Meios para evitar a apostasia: o sábado e o tabernácu-

lo (35.1- 19).

c) A congregação promete obedecer ao plano divino

(35.20-39.43).

d) Formas de culto que Deus santifica e aceita (40.1 - 38).

Aspectos teológicos

E de grande relevância, para a história da salvação, a teo-

fania do capítulo 3 de Exodo, onde o próprio Deus se mani-

festa a Moisés em uma sarça ardente. Teofania é uma palavra

grega usada no meio teológico que significa: “a manifestação

da glória de Deus diante dos homens”.

Este episódio se torna importante devido ao conteúdo

teológico nele envolvido. Primeiro, temos a identificação de

Deus. Ao perguntar seu nome, a resposta de Deus a Moisés

foi: “Eu Sou o que Sou”. Um conceito de divindade mui-

to diferente do usual entre os povos. Deus é quem Ele é e

pronto. E quase impossível informar, pela linguagem, quem é

Aquele que é o único portador de existência própria. Eu Sou

o

q u e

Sou.

Este livro apresenta aspectos teológicos e morais de uma

enorme importância para Israel e para o mundo. O monote-

ísmo nele expresso tornou-se marca exclusiva de Israel, bem

ESTUDOS DE TEOLOGI A

(54)

VOLUME 2

como a proibição do uso de imagens. Os mandamentos re-

lacionados à ordem moral da sociedade têm um valor in-

questionável para a vida humana, protegendo a propriedade

privada, o respeito filial, a integridade matrimonial, a integri-

dade da vida humana e a verdade nos relacionamentos.

O simples fato de possuir uma legislação própria foi um

passo essencial na história e formação da nação de Israel. Até

então, eles eram apenas um povo. Agora, um povo com sua pró-

pria Legislação. Logo, acrescentariam a estes dois elementos

um território geograficamente delimitado, tornando-se, assim,

uma nação de fato e de direito.

A libertação do Egito, apor meio dos milagres e sinais re-

alizados por Moisés, estabelecia a descendência de Abraão

como a nação prometida e estabelece sua aliança por inter-

médio do Cordeiro Pascal.

Aspectos tipológicos

A palavra de Deus a Moisés trouxe esta ordem: “Este mes-

mo mês vos será o princípio dos meses; este vos será o primeiro

dos meses” (Ex 12.2). O calendário comum continua o seu

curso. Mas, quem se identifica com Deus começa uma nova

contagem de tempo. Por isso, Jesus disse a Nicodemos: “Ne-

cessário vos é nascer de novo” (Jo 3.7

b).

Nesta nova contagem

de vida, cada um devia tomar um cordeiro para sua casa (v. 3).

O sangue do cordeiro era posto nos umbrais e vergas de

cada casa. À meia-noite, viria o castigo pela morte dos pri-

mogênitos de cada família (v. 12,13,29). Onde houvesse o

55

(55)

sangue na porta, o primogênito permanecería vivo. O sangue

era sinal de obediência a Deus e de que um substituto mor-

reu em lugar do primogênito. O sangue de Jesus é um refúgio

para quem obedece ao evangelho.

A carne do cordeiro era assada no fogo (Ex 12.8). O Sal-

vador, para realizar a sua missão, teve de ser tentado, per-

seguido e maltratado pelos homens. O cordeiro era comi-

do com pães asmos (sinceridade de acordo com lC o 5.8) e

ervas amargas (Ex 12.8 — simbolizando arrependimento).

Tinham de estar com os trajes completos, prontos para viajar

(Ex 12.11). O crente tem de estar pronto, esperando a hora

de partir para a eternidade. Isto se expressa pela palavra “vi-

giai” (Mc

13.37b).

João mostra Jesus como antítipo da Páscoa, aplicando a

frase: “Nenhum osso será quebrado” (Ex 12.46$; Jo 19.36$),

já o apóstolo Paulo, iluminado pelo Espírito Santo, enten-

deu claramente a obra salvífica de Cristo e declarou: “Porque

Cristo, nossa páscoa” (lC o 5.7$).

Simbolismo no livro de êxodo

O simbolismo do tabernáculo, cuja descrição se encontra

no livro de Exodo, é uma rica fonte de simbolismo espiri-

tual. Na verdade, é uma fonte inesgotável. Durante séculos,

milhares de cristãos têm extraído dessa construção inúmeras

lições para suas vidas. Por isso, vale a pena estendermos um

pouco o assunto.

Em comparação com os templos pagãos, a tenda da

congre-e s t u d o s de Te o l o g i a

(56)

VOLUME 2

gação era muito pequena. Não foi projetada para que o povo

israelita se reunisse em seu interior para adorar a Deus, mas

com o fim de que seus representantes, os sacerdotes, oficiassem

como mediadores. Evidentemente, cada objeto e sua locali-

zação tinham grande valor simbólico. O escritor da carta aos

Hebreus mostra o simbolismo do tabernáculo e do sacerdócio

da antiga aliança dizendo que são “sombra das coisas celestiais”

(8.5). Não nos convém sermos dogmáticos ao interpretar os

pormenores, mas devemos buscar, na medida do possível, a in-

terpretação neotestamentária. Nota-se certo simbolismo cer-

cado de devida importância patente no tabernáculo. Vejamos:

a)

A presença de Deus. Para os israelitas, o lugar santíssi-

mo e, em especial, o propiciatório, que representava a imediata

presença de Deus. Ali, se manifestava a

shekina

(em hebreu

“habitar”), a glória de Deus, que representava sua própria pre-

sença. As figuras dos querubins, com as asas estendidas para

cima, e o rosto de cada um voltado para o rosto do outro, re-

presentavam reverência e culto a Deus. A arca continha as

duas tábuas da lei, um vaso com maná e, mais tarde, se in-

cluiu a vara de Aarão. Todos esses objetos lembravam a Israel

o concerto e o amor de Deus. As tábuas da lei simbolizavam a

santidade de Deus e a pecaminosidade do homem. Também,

lembrava aos hebreus que não se pode adorar a Deus em ver-

dade sem se dispor a cumprir sua vontade revelada. O véu, que

separava o lugar santíssimo do lugar santo e excluía todos os

homens, com exceção do sumo sacerdote, acentuava que Deus

é inacessível ao homem pecador. Somente por via do mediador

57

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