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Direito Processual Penal - Apostila

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MATERIAL DIDÁTICO EXCLUSIVO PARA ALUNOS DO CURSO APROVAÇÃO

67 das 88 vagas no AFRF no PR/SC

Teoria

Prof. Maurilucio

Data de impressão:01/11/2006

Turma Área Policial

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150 das 190 vagas no TRF no PR/SC

Mais de 360

aprovados na

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Prof. Maurilucio

Direito Processual Penal

Atualizada 24/10/2006 Neste curso os melhores alunos estão sendo preparados pelos melhores Professores

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INQUÉRITO POLICIAL

1) CONCEITO: É um procedimento administrativo exercido pela Polícia Judiciária e que marca o início da 1º Fase da Persecução Penal. Consiste na tarefa Estatal de perseguir o crime, produzir provas e obtendo a punição do criminoso.

2) FINALIDADE: Visa a apuração da existência da infração penal e a respectiva autoria a fim de que o titular da ação penal disponha de elementos que autorizem a promovê-la. O art. 13 do CPP trata das funções secundárias da Polícia Judiciária, pois a sua função precípua é a elaboração do Inquérito Policial e a devida apuração da infração penal.

3) PROCEDIMENTOS EXTRAPOLICIAIS: O art. 4º do CPP dispõe que “a competência definida neste artigo não excluirá a de autoridades administrativas, a quem por lei seja cometida à mesma função”. O dispositivo ora citado prevê a existência de inquéritos extrapoliciais com a mesma finalidade dos inquéritos policiais. Por exemplo temos os Inquéritos Policiais Militares, IPMs.

CARACTERÍSTICAS DO INQUÉRITO POLICIAL: a) Dispensável: Art. 12 do CPP. O inquérito policial é um procedimento administrativo que tem por finalidade instruir a ação penal ou o ofendido nos casos da ação privada. Assim, se estes possuírem elementos imprescindíveis ao oferecimento da denúncia ou da queixa, é evidente que o inquérito se torna dispensável.

b) Escrito: Art. 9º do CPP. Sendo o Inquérito Policial uma peça meramente informativa, endereçada ao titular da ação penal, é inconcebível a existência de inquérito policial oral.

c) Sigiloso: O Art. 20 do CPP. O sigilo é a garantia da eficácia das investigações policiais, porém não se estende ao advogado, que tem livre acesso aos autos de inquérito policial, mesmo que se encontrem conclusos à Autoridade Policial, conforme dispõe o art. 7º, XIV da Lei 8.906/94 Estatuto do Advogado. O Advogado não tem o direito de se manifestar dos atos do Inquérito Policial, porém, pode ter vista dos respectivos Autos.

d) Inquisitivo: O Inquérito Policial é um procedimento unilateral da Polícia e tem por objetivo apurar uma infração penal. Deve-se levar em conta o Princípio do Contraditório, previsto no Art. 5º LV da CF. O Art. 14 do CPP quando fala das diligências requeridas pela vítima as quais devem passar pelo crivo da Autoridade Policial que se entender não serem necessárias tem o poder discricionário de negá-las, exceto no exame do corpo de delito.

e) Indisponível: Art. 17 do CPP. Instaurado o Inquérito Policial, a Autoridade Policial deverá concluí-lo no prazo, não podendo arquiva-lo. Tarefa esta de atribuição do Ministério Público.

f) Obrigatório: Art. 6º do CPP. A Autoridade Policial é obrigada a instaurar o I.P. nos casos de crime de Ação Penal Pública Incondicionada.

ATOS PRATICADOS NO INQUÉRITO POLICIAL: a) Preservação do local: Art. 6º, I, A Autoridade Policial deverá dirigir-se ao local, providenciando a preservação do mesmo até a chegada dos peritos criminais. A Lei 5.970/73 faculta a liberação do local nos casos de acidente de trânsito, com a remoção dos feridos e dos veículos que estiverem atrapalhando o trânsito ou causando risco de novos acidentes.

b) Busca e apreensão de objetos relacionados com o fato após liberado pelos Peritos Criminais: É um ato coercitivo, pois o Estado exerce o seu poder através da Polícia Judiciária. O Art. 11 do CPP determina o acompanhamento dos instrumentos de crime nos autos de Inquérito Policial.

c) Condução coercitiva: A autoridade policial, nos termos do Art. 201 do CPP parágrafo único, poderá conduzir coercitivamente, à sua presença, testemunhas, vítimas e indiciados.

d) Interrogatório do indiciado: A autoridade policial deverá identificar-se ao indiciado como seu interrogador. Após finalizado, o interrogatório deverá ser lido ao indiciado na presença de duas testemunhas, denominadas testemunhas de leitura ou instrumentárias. Ao interrogatório Policial se aplicam as mesmas regras do Interrogatório Judicial.

Com a Lei 10. 796/03 ocorreram algumas alterações ao art. 185 do CPP as quais são de suma importância. As principais alterações são:

• Será qualificado e Interrogado na presença do seu Defensor Constituído ou será nomeado um para o ato. A falta do defensor constituído ou dativo acarreta nulidade do ato.

• O Interrogatório de acusado preso será efetuado no estabelecimento prisional em que se encontra, em sala própria, desde que estejam garantidas as seguranças da Autoridade (Delegado ou Juiz) e dos seus Auxiliares, a presença do Defensor Constituído ou Dativo e a publicidade do ato. (portas abertas). Inexistindo a segurança o Interrogatório será nas formas do CPP. • Deverá ser cientificado do seu direito constitucional de se manter calado. E o seu silêncio não poderá ser interpretado como confissão ou em prejuízo da defesa. • O Interrogatório será em duas partes:

I-Sobre a pessoa do acusado:

• Residência, meio de vida, profissão, oportunidades sociais, lugar onde exerce a sua atividade laboral, vida pregressa, se já foi preso anteriormente e onde está sendo processado, se houve suspensão condicional ou condenação, qual a pena imposta, se a cumpriu e outros detalhes familiares.

II-Sobre os fatos:

• - Ser verdadeira a acusação que lhe é feita.

• - Não sendo verdadeira se conhece as pessoas a quem deva ser atribuída à prática do crime.

• Onde estava ao tempo em que foi cometido o crime e se teve notícia deste;

• As provas já apuradas;

• Se conhece a vítima e as testemunhas já inquiridas; • Se conhece o instrumento utilizado para a prática do crime ou qualquer outro usado para a prática da infração e tenha sido este apreendido;

• Se conhece todos os demais fatos e pormenores que conduzam a elucidação dos antecedentes e circunstâncias da infração;

• Se tem algo a mais a dizer em sua defesa; • Se o Interrogado nega a acusação que lhe é feita; • Se houverem mais de 1 acusados, estes serão interrogados em separado;

e) Reconhecimento de Coisas e pessoas: Os

reconhecimentos devem ser efetuados nos termos dos arts. 226, 227, e 228 do CPP e as acareações poderão ser feitas sempre que indiciados e testemunhas e ofendido divergirem em suas declarações sobre fatos ou circunstâncias relevantes;

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f) Acareações: Ocorrem quando houver divergência entre as declarações do acusado e da testemunha ou ofendido.

g) Exame de Corpo de Delito: É o aspecto material da infração. A qual demanda de autoria e materialidade. A autoridade policial poderá determinar a realização de qualquer perícia exceto aquelas que envolvam a saúde mental do acusado. Neste caso a autoridade deve representar ao magistrado competente para que se proceda como determina o art. 149 parágrafo 1º do CPP. As perícias poderão ser efetuadas em qualquer horário. h) Identificação do Indiciado: Art. 5º, LVIII da CF determina que “o civilmente identificado não será submetido à identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei”. Porém existem algumas previsões, dentre elas a Lei 9.034/95 e a Lei 10.254/00. A súmula 568 do STF anterior a atua CF ensinava que “a identificação criminal do indiciado pelo processo datiloscópico não constitui constrangimento ilegal, ainda que já identificado civilmente”.

i) Reprodução Simulada dos Fatos: O art. 7º do CPP fala da reprodução simulada dos fatos. Sua finalidade é a de apontar o modus operandi, empregado pelo agente quando da prática do crime. O indiciado não é obrigado a fazer a reconstituição do crime, da mesma maneira que não é obrigado a confessá-lo.

j) Outras providências: Existe a necessidade da obtenção de documentos ou provas, que possam estar amparados por sigilo constitucional, como no caso da interceptação telefônica e quebra de sigilo bancário. Estas provas dependem da autorização judicial no bojo do Inquérito Policial.

INCOMUNICABILIDADE DO ACUSADO:

Conforme previsão no Art. 21 do CPP, a incomunicabilidade do acusado pode ser decretada desde que não exceda o prazo de 3 dias. A incomunicabilidade será decretada pelo juiz competente a pedido da Autoridade Policial ou Ministério Público. A única pessoa que poderá comunicar-se com o acusado será o Advogado. Lei 8.906/94 Estatuto da Advocacia.

Para Tourinho Filho: O art. 21 do CPP foi revogado

pelo Art. 136, IV da CF o qual diz “Ora, se durante o Estado de Defesa, quando o Governo deve tomar medidas enérgicas para preservar a ordem pública ou a paz social, ameaçada por calamidades de grandes proporções na natureza, podendo determinar medidas coercitivas, destacando-se restrições aos direitos de reunião, ainda que exercida no seio de associações, o sigilo da correspondência e o sigilo de comunicação telegráfica e telefônica, havendo até prisão sem determinação judicial, tal como disciplina o art. 136 da CF; não se pode decretar a incomunicabilidade do preso (CF art. 136, parágrafo 3º), com muito mais razão não há que se falar em incomunicabilidade na fase de inquérito policial”.

Para Damásio de Jesus: Entende que não houve

revogação do Art. 21 pelo art. 136 da CF e ensina: “Em primeiro lugar, a proibição diz respeito ao período em que ocorrer a decretação do estado de defesa (art. 136 caput da CF), aplicável à prisão por crime contra o Estado (parágrafo 3º, I), infração de natureza política. Em segundo lugar, o legislador constituinte, se quisesse elevar tal proibição à categoria de princípio geral, certamente a teria inserido no art. 5º, ao lado de outros mandamentos que procuram resguardar os direitos do preso. Não o fez, relacionando a medida com os delitos políticos. Daí porque, segundo o nosso entendimento o art. 21 do CPP permanece em vigor”.

NOTITIA CRIMINIS:

Notitia criminis é a notícia da ocorrência de um crime. É

o conhecimento por parte da Autoridade Policial, da prática de um crime, de maneira espontânea ou provocada por terceiros.

Formas de Notitia criminis:

1) Imediata ou direta: Quando a Autoridade Policial vem tomar conhecimento da prática de um crime pessoalmente ou através dos seus agentes.

2) Mediata ou Indireta: Ocorre quando a Autoridade Policial é provocada formalmente por requisição do Ministério Público, do Juiz de Direito ou a requerimento do Advogado.

3) Coercitiva: Pela lavratura do Auto de Prisão em Flagrante Delito.

PRAZOS DO INQUÉRITO POLICIAL:

O prazo para a conclusão do Inquérito Policial é de 30 dias, podendo ser prorrogado a pedido da Autoridade Policial. Não existe limitação ao número de pedidos de prorrogação. No caso do acusado preso em flagrante ou preventivamente, o prazo é de 10 dias a contar da prisão ou decretação da prisão preventiva.

Entretanto se o inquérito for de competência da Policia Federal o prazo em se tratando de réu preso será de 15 dias podendo ser prorrogado por igual período, se o réu estiver solto por analogia aplica o prazo do Código de Processo Penal, ou seja, 30 dias.

CURADOR AO INDICIADO MENOR:

O Art. 15 do CPP fala na presença do Curador junto ao menor de 21 anos e maior de 18. Não foi revogado expressamente pela Lei 10.792/03, no que tange ao Inquérito Policial. No Interrogatório judicial é exigida a presença de Defensor constituído ou Defensor Público e dispensado o Curador. Assim sendo, não tem necessidade a manutenção da figura do Curador em Juízo, em função da revogação do art. 194, fato este que não ocorreu com o art. 15 que trata do Inquérito Policial e prevê a figura do Curador acompanhando o menor. Diante desta situação e considerando que o Inquérito Policial é a primeira fase da Persecução Penal e de caráter Administrativo foi mantido. Ao contrário da 2º fase da Persecução Penal que se inicia com o recebimento da Denúncia. Também é fato que a ausência do Curador na Fase de Inquérito Policial não gera nulidade, porém está prevista a sua participação.

BAIXA DO INQUÉRITO À DELEGACIA:

Está prevista em apenas uma situação, quando ocorre o pedido de prorrogação de prazo para a conclusão do Inquérito Policial, ou por Cota Ministerial. Depois de concluído ele não pode retornar a Delegacia e o MP terá o prazo de 5 dias no caso de acusado preso, para oferecer a denúncia ou de 15 dias no caso do acusado solto.

ARQUIVAMENTO DO INQUÉRITO POLICIAL: Está previsto no art. 17 do CPP. É uma medida privativamente do Poder Judiciário e a requerimento do Promotor de Justiça. Da decisão judicial que determina o seu arquivamento não cabe recurso exceto nos seguintes casos:

a) Art. 7º da Lei 1.521/51, nos casos de Crime Contra a Economia Popular, onde o magistrado deve recorrer ex

officio.

b) Crimes Contra a Saúde Pública contidos no CP onde recorre ex officio. Nos casos da Lei 6.368/76 repressão ao entorpecente, a Lei obriga o magistrado a recorrer de

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c) Lei 1.508/51 Art. 6º parágrafo único: que prevê o processo e julgamento das contravenções do jogo do bicho e das corridas de cavalo fora do hipódromo ( penca). Nesse caso, quando qualquer do povo provocar a iniciativa do MP e a representação for arquivada, poderá interpor recurso em sentido estrito.

PROCEDIMENTOS:

1) Se o magistrado determinar o arquivamento do inquérito policial sem o requerimento do Ministério Público, este deverá interpor Correição Parcial, pois esta medida provoca tumulto processual, por parte do magistrado. A Correição Parcial é regida pelo Decreto-Lei Complementar nº 3 de 27/08/1969 e tem o mesmo rito do Agravo de Instrumento do Processo Civil.

2) No caso do Ministério Público requerer o arquivamento e o Juiz descordar, o Juiz pode Recorrer ao Procurador

Geral de Justiça, o qual determinará outro membro do

MP para efetuar a denúncia ou manter o arquivamento, do qual não caberá recurso.

DESARQUIVAMENTO DO INQUÉRITO POLICIAL: De acordo com o STF, constitui constrangimento

ilegal o desarquivamento de inquérito policial e

conseqüente oferecimento de denúncia e o seu recebimento sem novas provas. Não obstante, o desarquivamento de inquérito policial, fundado em novas provas, não constitui constrangimento ilegal. Sendo perfeitamente cabível.

SUSPEIÇÃO DA AUTORIDADE POLICIAL: O art. 107 do CPP diz que não se poderá opor suspeição contra Autoridade Policial, mas estas deverão declarar-se suspeitas quando ocorrer motivo legal. Nesse sentido se Delegado de Polícia presidir IP contra acusado onde ele próprio ou familiar é vítima, nenhuma irregularidade acarretará (RTJ 61/49 e RT 512/406).

HIPÓTESES DE INDEFERIMENTO DE INSTAURAÇÃO DE INQUÉRITO POLICIAL:

A Autoridade Policial poder indeferir o requerimento de instauração de Inquérito Policial nos seguintes casos: 1) Quando estiver extinta a punibilidade;

2) Se o requerimento não oferecer elementos mínimos indispensáveis;

3) Se a autoridade a que se destina o requerimento for incompetente;

4) Se o fato narrado não constituir tipo penal, fato atípico; 5) Se o requerente for incapaz;

RECURSO AO INDEFERIMENTO:

No caso do indeferimento do requerimento, cabe recurso ao Chefe de Polícia, função esta exercida pelo Secretário de Segurança Pública, aqui no Estado do Paraná. Alguns Estados da Federação possuíam Secretário de Polícia Civil e de Polícia Militar, neste caso esta será a autoridade competente para apreciar o recurso o Secretário de Polícia Civil.

PARTICIPAÇÃO DO MP NO INQUÉRITO POLICIAL: Está prevista no Art. 47 do CPP e no art. 26, IV, da Lei 8.625/93 LONMP. O objetivo da participação do MP na realização do Inquérito é o acompanhamento da produção de provas. Quando o Inquérito Policial for para apurar delito praticado por Membro do MP, a Autoridade Policial deverá remeter os Autos de Inquérito Policial ao Procurador Geral de Justiça, a quem competirá dar prosseguimento à apuração do delito, conforme art. 41 parágrafo único da LONMP.

PRINCÍPIO DA DEVOLUÇÃO DO INQUÉRITO POLICIAL:

Previsto no Art. 28 do CPP, a devolução se trata no sentido de restituição, entrega, para prosseguimento. O juiz transfere a apreciação do Inquérito pelo Membro do MP, decidindo este pela denúncia ou não.

CONCLUSÃO DO INQUÉRITO POLICIAL: O Inquérito Policial se encerra com o Relatório da Autoridade Policial, conforme previsto no art. 10 parágrafos 1º e 2º do CPP.

No Relatório, o Delegado deverá fazer o seu enquadramento da conduta do acusado, porém esta classificação poderá ser modificada pelo Promotor de Justiça no seu entender, se houver indícios da prática de outros crimes. Bem como, o juiz poderá dar outra capitulação ao fato, correção independentemente de qualquer diligência, conforme Art. 383 do CPP,

Emendatio libelli. No caso de a denúncia ser pautada em

uma determinada prova e na instrução ficar evidenciada circunstância elementar nova que requeira uma pena mais grave o juiz baixa o processo para aditamento da denúncia ou queixa subsidiária, e para conseqüente defesa, conforme previsão no art. 384 parágrafo único do CPP Mutatio libelli.

A Autoridade Policial, poderá ainda no seu relatório ou antes deste, representar pela Prisão Preventiva, prevista no art. 311, desde que estejam presentes os seus requisitos.

LEGISLAÇÃO SOBRE INQUERITO POLICIAL

TÍTULO II

DO INQUÉRITO POLICIAL

Art. 4º A polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no território de suas respectivas circunscrições e terá por fim a apuração das infrações penais e da sua autoria. (Redação dada pela Lei nº 9.043, de 9.5.1995) Parágrafo único. A competência definida neste artigo não excluirá a de autoridades administrativas, a quem por lei seja cometida a mesma função.

Art. 5o Nos crimes de ação pública o inquérito policial

será iniciado: I - de ofício;

II - mediante requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Público, ou a requerimento do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo.

§ 1o O requerimento a que se refere o no II conterá

sempre que possível:

a) a narração do fato, com todas as circunstâncias;

b) a individualização do indiciado ou seus sinais

característicos e as razões de convicção ou de presunção de ser ele o autor da infração, ou os motivos de impossibilidade de o fazer;

c) a nomeação das testemunhas, com indicação de sua profissão e residência.

§ 2o Do despacho que indeferir o requerimento de

abertura de inquérito caberá recurso para o chefe de Polícia.

§ 3o Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da

existência de infração penal em que caiba ação pública poderá, verbalmente ou por escrito, comunicá-la à autoridade policial, e esta, verificada a procedência das informações, mandará instaurar inquérito.

§ 4o O inquérito, nos crimes em que a ação pública

depender de representação, não poderá sem ela ser iniciado.

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§ 5o Nos crimes de ação privada, a autoridade policial

somente poderá proceder a inquérito a requerimento de quem tenha qualidade para intentá-la.

Art. 6o Logo que tiver conhecimento da prática da

infração penal, a autoridade policial deverá:

I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conservação das coisas, até a chegada dos peritos criminais; (Redação dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994) (Vide Lei nº 5.970, de 1973)

II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos criminais; (Redação dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994)

III - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas circunstâncias;

IV - ouvir o ofendido;

V - ouvir o indiciado, com observância, no que for

aplicável, do disposto no Capítulo III do Título Vll, deste Livro, devendo o respectivo termo ser assinado por 2 (duas) testemunhas que Ihe tenham ouvido a leitura; VI - proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a acareações;

VII - determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a quaisquer outras perícias;

VIII - ordenar a identificação do indiciado pelo processo datiloscópico, se possível, e fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes;

IX - averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista individual, familiar e social, sua condição econômica, sua atitude e estado de ânimo antes e depois do crime e durante ele, e quaisquer outros elementos que contribuírem para a apreciação do seu temperamento e caráter.

Art. 7o Para verificar a possibilidade de haver a infração

sido praticada de determinado modo, a autoridade policial poderá proceder à reprodução simulada dos fatos, desde que esta não contrarie a moralidade ou a ordem pública.

Art. 8o Havendo prisão em flagrante, será observado o

disposto no Capítulo II do Título IX deste Livro.

Art. 9o Todas as peças do inquérito policial serão, num

só processado, reduzidas a escrito ou datilografadas e, neste caso, rubricadas pela autoridade.

Art. 10. O inquérito deverá terminar no prazo de 10 (dez) dias, se o indiciado tiver sido preso em flagrante, ou estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia em que se executar a ordem de prisão, ou no prazo de 30 (trina) dias, quando estiver solto, mediante fiança ou sem ela.

§ 1o A autoridade fará minucioso relatório do que tiver

sido apurado e enviará autos ao juiz competente.

§ 2o No relatório poderá a autoridade indicar testemunhas

que não tiverem sido inquiridas, mencionando o lugar onde possam ser encontradas.

§ 3o Quando o fato for de difícil elucidação, e o indiciado

estiver solto, a autoridade poderá requerer ao juiz a devolução dos autos, para ulteriores diligências, que serão realizadas no prazo marcado pelo juiz.

Art. 11. Os instrumentos do crime, bem como os objetos que interessarem à prova, acompanharão os autos do inquérito.

Art. 12. O inquérito policial acompanhará a denúncia ou queixa, sempre que servir de base a uma ou outra. Art. 13. Incumbirá ainda à autoridade policial:

I - fornecer às autoridades judiciárias as informações

necessárias à instrução e julgamento dos processos; II - realizar as diligências requisitadas pelo juiz ou pelo Ministério Público;

III - cumprir os mandados de prisão expedidos pelas autoridades judiciárias;

IV - representar acerca da prisão preventiva.

Art. 14. O ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado poderão requerer qualquer diligência, que será realizada, ou não, a juízo da autoridade.

Art. 15. Se o indiciado for menor, ser-lhe-á nomeado curador pela autoridade policial.

Art. 16. O Ministério Público não poderá requerer a

devolução do inquérito à autoridade policial, senão para novas diligências, imprescindíveis ao oferecimento da denúncia.

Art. 17. A autoridade policial não poderá mandar arquivar autos de inquérito.

Art. 18. Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela autoridade judiciária, por falta de base para a denúncia, a autoridade policial poderá proceder a novas pesquisas, se de outras provas tiver notícia.

Art. 19. Nos crimes em que não couber ação pública, os autos do inquérito serão remetidos ao juízo competente, onde aguardarão a iniciativa do ofendido ou de seu representante legal, ou serão entregues ao requerente, se o pedir, mediante traslado.

Art. 20. A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade.

Parágrafo único. Nos atestados de antecedentes que Ihe forem solicitados, a autoridade policial não poderá mencionar quaisquer anotações referentes a instauração de inquérito contra os requerentes, salvo no caso de existir condenação anterior. (Incluído pela Lei nº 6.900, de 14.4.1981)

Art. 21. A incomunicabilidade do indiciado dependerá sempre de despacho nos autos e somente será permitida quando o interesse da sociedade ou a conveniência da investigação o exigir.

Parágrafo único. A incomunicabilidade, que não excederá de 3 (três) dias, será decretada por despacho fundamentado do juiz, a requerimento da autoridade policial, ou do órgão do Ministério Público, respeitado, em qualquer hipótese, o disposto no art. 89, III, do Estatuto da

Ordem dos Advogados do Brasil (Lei no 4.215, de 27 de

abril de 1963). (Redação dada pela Lei nº 5.010, de 30.5.1966)

Art. 22. No Distrito Federal e nas comarcas em que houver mais de uma circunscrição policial, a autoridade com exercício em uma delas poderá, nos inquéritos a que esteja procedendo, ordenar diligências em circunscrição de outra, independentemente de precatórias ou requisições, e bem assim providenciará, até que compareça a autoridade competente, sobre qualquer fato que ocorra em sua presença, noutra circunscrição. Art. 23. Ao fazer a remessa dos autos do inquérito ao juiz competente, a autoridade policial oficiará ao Instituto de Identificação e Estatística, ou repartição congênere, mencionando o juízo a que tiverem sido distribuídos, e os dados relativos à infração penal e à pessoa do indiciado.

AÇÃO PENAL

O início da Ação Penal marca a segunda fase da Persecução Criminal ou Penal. Esta tarefa de punir é do Estado, após observados alguns princípios constitucionais: Devido Processo Legal, Presunção de Inocência, Ampla Defesa, Contraditório e Juiz Natural entre tantos outros. A titularidade do direito de punir é privativa do Estado, o qual é representado através do Ministério Público na acusação e pelo Juiz de Direito incumbido de dizer o direito através de uma sentença que pode ser absolutória ou condenatória.

Direito de Ação também é conhecido por: Jus

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O DIREITO DO ESTADO PUNIR: Este direito só pode ser exercido após Ter sido facultado o contraditório e a ampla defesa, conforme preceito constitucional inserido no art. 5º, LV. Este direito do estado Jus puniendi surge após a condenação do réu, pois anteriormente existe a Pretensão Punitiva do Estado, de certo só poderia ser exercido após a sentença transitada em julgado. Pois ao contrário estaríamos ressuscitando o Tribunal de Exceção e o Sistema Inquisitório, patrocinado pelo Estado. Este direito de punir é abstrato, uma vez que está à disposição do estado, genérico, autônomo, subjetivo e principalmente público.

FUNDAMENTO LEGAL DA AÇÃO PENAL: Encontra-se no Código Penal e no Código de Processo Penal:

a) Código Penal: Art. 100 a 106.

b) Código de Processo Penal: Art. 24 a 62. CONDIÇÕES DA AÇÃO PENAL

Considerando-se que existem algumas condições que podem ser específicas e outras genéricas. As específicas são aquelas que são exigidas em certos casos e ao serem necessárias à própria lei estabelecerá as exigências. Já as condições genéricas são aquelas exigidas em qualquer ação penal:

Condições Genéricas da ação:

a) POSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO: Na ação penal o pedido deve ser possível e admitido em direito. Deve tratar de um fato típico (um crime) o qual possui um preceito e uma sanção.

b) INTERESSE DE AGIR ou JUSTA CAUSA: Após ficar evidenciado indícios de autoria e materialidade da prática do crime, o Ministério Público pode efetivar a denúncia. Na acusação deve haver legitimidade individual e social e fundada suspeita sobre o indiciado.

c) LEGITIMAÇÃO PARA CAUSA: Divide-se em:

ATIVA: Diz respeito ao polo ativo. É a titularidade de exercer o direito de ação, representando o Estado nas ações penais públicas, por parte do Ministério Público. PASSIVA: Diz respeito ao polo passivo da ação penal, ou seja, ela pressupõe uma condição ao acusado que é ser maior de 18 anos. É a capacidade para ser réu. No caso dos menores de 18 anos, estes não podem estar no polo passivo de uma Ação Penal Pública por serem menor de 18 anos.

LEGITIMAÇÃO PROCESSUAL PARA ESTAR NO POLO PASSIVO:

Apesar da alteração no Código Civil, ainda não houve qualquer alteração no Código Penal e Processual Penal. com relação a maioridade penal. Assim sendo o maior de 18 anos e menor de 21 anos . No caso da vítima menor de 18 anos, esta é representada.

Condições Específicas da Ação

As ações penais mesmo que possuam possibilidade, legitimidade, e interesse, deverão possuir as condições específicas da ação, também chamadas de condições de procedibilidade.

São condições específicas da ação a representação, a requisição do Ministro da Justiça, pois jamais poderá haver denuncia do Ministério Público se não houverem esses pré-requisitos.

CLASSIFICAÇÃO DAS AÇÕES PENAIS:

É importante ressaltar que a classificação das ações penais se dá em face do sujeito ativo. Autor

a) PÚBLICA:

• Incondicionada ou plena: não depende da manifestação de vontade do ofendido.

• Condicionada: Está condicionada a manifestação do ofendido, através da sua representação.

• Secundária: É aquela que originariamente é privada, mas em casos previstos em lei, se torna pública. Ex: No caso dos crimes contra os costumes, quando a vítima é pobre. No caso do estado de pobreza, esta ação passa a ser pública.

b) PRIVADA:

• Privada; Aquela que se inicia mediante a manifestação de vontade do ofendido através da queixa-crime.

• Personalíssima:

• Subsidiária ou supletiva: É a ação intentada no caso do ministério Público não oferecer a denúncia no prazo previsto em lei.

• Adesiva: Segundo Frederico Marques, Existe no caso do Assistente de Acusação.

AÇÃO PENAL PÚBLICA:

Fundamenta-se na Constituição Federal. Está prevista no Código de processo Penal e Código Penal. O seu titular é o Ministério Público, conforme LONMP Lei 8.625/93. Prevista também na Lei Orgânica do Ministério Público Estadual.

SISTEMA ACUSATÓRIO: Após o Código do Império, o Ministério Público cresceu muito, sendo o fiscal da lei e o titular da Ação Penal Pública. O sistema acusatório vigente no Brasil, veio a suplantar o sistema anterior Inquisitivo herança das Ordenações e do Período da Idade Média. O sistema inquisitivo buscava a confissão a qualquer custo. Detinha o poder de acusar, julgar e defender.

Já no sistema acusatório atual, o Ministério Público tem o dever de acusar, uma vez que o juiz tem o dever de julgar e a polícia de investigar. Sendo estes poderes separados e harmônicos.

PRINCÍPIOS GERAIS DA AÇÃO PENAL PÚBLICA: A) Princípio da Obrigatoriedade: O Promotor de Justiça é obrigado a denunciar e movimentar o Sistema, através da Ação Penal, da qual é o titular. Para tanto, necessita da sua opinio delicti, isto é, formada a sua opinião sobre o crime e a sua tipicidade ele não pode dispor da Ação. É livre para formar o seu convencimento e após este concluído, deverá efetuar a denúncia ou opinar pelo arquivamento do feito. No Art. 28 do CPP, observamos que o juiz pode discordar do pedido de arquivamento, cabendo assim, recurso ao Procurador Geral de Justiça, no que concerne o cumprimento do princípio da obrigatoriedade.

B) Princípio da Indisponibilidade: Aplica-se este

princípio por uma questão de razoabilidade. No caso da Ação Penal Pública iniciada, o Promotor de Justiça não pode dela se desfazer ou desistir. Ver art. 42, 385 e 576 do CPP. Com o advento da Lei 9.099/95 este princípio tornou-se mutável uma vez que na Constituição Federal em seu art. 98, I, previu a transação penal. No art. 42 CPP “ O Ministério Público não poderá desistir da ação Penal”.

C) Princípio da Indivisibilidade: Ele ocorre no caso dos crimes que envolvam Concurso de Agentes. Neste caso, a ação penal não pode ser movida apenas contra um dos acusados e sim deverá ser contra todos. Neste caso é possível efetuar o aditamento da denúncia. Ver art. 48 do CPP. “A queixa contra qualquer dos autores do crime obrigará ao processo de todos, e o Ministério Público velará pela sua indivisibilidade”.

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D) Princípio da Oficialidade: No caso das Ações Penais os atos processuais são públicos, salvo quando for decretado o sigilo, quando a lei assim o permitir. Art. 779 do CPP “As audiências, sessões e os atos processuais serão, em regra, públicos e se realizarão nas sedes dos juízos e tribunais, com assistência dos escrivães, do secretário, do oficial de justiça que servir de porteiro, em dia e hora certos, ou previamente designados.

E) Princípio do in dubio pro societati; Após a conclusão do Inquérito Policial, com o devido relatório da Autoridade Policial, este será remetido a juízo. O Ministério Público será o seu destinatário, o qual terá a opinio delicti, e estando convencido dos requisitos de autoria e materialidade, o Promotor deverá denunciar o acusado. Ocorre que se houver uma dúvida na opinio delicti, o Promotor de Justiça não tem convicção mas denuncia assim mesmo, esperando obter mais provas durante a instrução, o Juiz é obrigado a absolver o réu, uma vez que o Princípio da Presunção de Inocência é soberano.

INICIO DA AÇÃO PENAL PÚBLICA

Todas as ações penais publicas iniciam mediante denúncia do Ministério Público, que por mandamento constitucional, CF art. 129, I, determina a competência privativa do Ministério Público para promover a ação penal pública.

DENÚNCIA:

Seus requisitos estão previstos no Art. 41 do CPP: “A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do crime e quando necessário, o rol das testemunhas”.

a) PARTE EXPOSITIVA: É uma minuta dos fatos. Aquelas indagações do Inquérito Policial: Quem, Quando, Como, Aonde e Por que? Deverá individualizar a conduta de cada um dos partícipes. Há uma discussão muito grande no que tange a “denúncia alternativa” os juristas com maior inclinação ao Direito Romano entendem que é possível. A outra corrente entende que não, que o réu deve se defender de um fato.

b) QUALIFICAÇÃO DO ACUSADO: É muito importante à correta qualificação na denúncia, para que não ocorram situações de acusações contra homônimos. O que pode ocorrer é a prática por um acusado em usar um nome falso. Neste caso aplica-se o art. 259 do CPP “A impossibilidade de identificação do acusado com o seu verdadeiro nome ou outros qualificativos não retardará a ação penal, quando certa a identidade física. A qualquer tempo, no curso do processo, do julgamento ou da execução da sentença, se for descoberta a sua qualificação, far-se-á a retificação, por termo, sem prejuízo da validade dos atos precedentes”.

A lei 10.054/2000 Dispõe sobre a identificação criminal e dá outras providências.

c) CLASSIFICATÓRIA: É o enquadramento do fato a norma penal (tipicidade). A classificação errônea do fato não poderá causar a inépcia da denúncia. Pois o réu se defende de um fato. Ex: Furto e Furto Qualificado, Roubo ou Extorsão.

d) ROL DE TESTEMUNHAS: É importante o rol de testemunhas para que se possa efetuar uma análise ou até contraditar uma testemunha.

e) USO DO VERNÁCULO: Consiste no correto linguajar. f) DEDICATÓRIA: A quem é endereçada a denúncia? Ela só pode ser dirigida ao Juiz Penal.

g) DATA DA DENÚNCIA: É importante, pois nesta fase temos uma das causas interrompem a prescrição.

2.5.1. PRAZO PARA O MP EFETUAR A DENÚNCIA: Os prazos estão previstos no art. 46 do CPP Estes prazos são considerados impróprios, pois não ocorre a preclusão se o MP não oferecer a denúncia dentro do prazo e enquanto não estiver extinta a punibilidade. Poderá ocorrer a ação penal subsidiária.

2.5.2. REJEIÇÃO DA DENÚNCIA OU QUEIXA:

O juiz poderá rejeitar a denúncia ou queixa quando estiverem ausente qualquer uma das condições genéricas da Ação.

O objeto no processo penal é o fato e a forma, devendo haver uma relação recíproca entre a denúncia e a sentença. O MP deve levar ao conhecimento do juiz o fato, produzindo a melhor descrição e deste deve o réu se defender. A ação é a pretensão da concessão da tutela jurisdicional, onde o juiz deverá informar o direito através da sentença.

No caso do juiz rejeitar a denúncia ou queixa, poderá o MP ou o querelante, inconformado com a decisão judicial, interpor recurso em sentido estrito nos termos do Art. 581, I do CPP. “Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença: I – que não receber a denúncia ou queixa” ver demais incisos II a XXIV”.

Em se tratando e crime de imprensa, o recurso oponível será apelação, conforme art. 44, § 2º da Lei 5.250/67. No caso do juiz receber a denúncia ou queixa, tratando-se de crime de imprensa, caberá recurso em sentido estrito, sem suspensão do curso do processo.

A DENÚNCIA, também é conhecida como: exordial, inicial, vestibular, proemial, prodrômica, dilucular, antelóquio.

AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA

É aquela em que o MP age de ofício, independentemente da autorização do ofendido. Constitui regra geral, sendo o maior número de ações penais é pública e incondicionada. No Código fica evidente, uma vez que neste ponto ele não faz menção à regra e tão somente as exceções. Na mesma situação a Autoridade Policial, deverá agir de ofício e não o fazendo incorrerá no crime de prevaricação. Pode ocorrer do inquérito policial ser instaurado por requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Público. O ofendido também poderá comparecer a presença da Autoridade Judiciária ou do Ministério Público, narrar os fatos e se for o caso, uma destas autoridades poderá requerer a instauração do Inquérito Policial.

Na A P P Incondicionada, não é necessário assistente de acusação, uma vez que o Ministério Público tem o dever de agir.

AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA

Desenvolvimento: Na ação penal pública condicionada o MP só pode oferecer a denúncia se houver representação da vítima ou requisição do Ministro da Justiça, conforme art. 24 do CPP: Nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia do Ministério Público, mas dependerá, quando a lei o exigir, de requisição do Ministro da Justiça, ou de representação do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo.

§ 1º No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão judicial, o direito de representação passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão.

§ 2º Seja qual for o crime, quando praticado em detrimento do patrimônio ou interesse da União, Estado e Município, a ação será pública.

Definição: A própria lei se incumbe de definir os crimes de ação pública condicionada.

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Representação do Ofendido: Existem certos crimes que além de imporem a agressão ao ofendido, ao Estado, causam uma Segunda violência que é a exposição do ofendido perante terceiros. O chamado Strepitus judicii, ou Escândalo do processo. Neste caso a lei condiciona a vontade do Poder Público exercido pelo Estado à vontade do ofendido. Da mesma forma o Inquérito Policial somente poderá ser instaurado mediante a representação do ofendido. Conforme art. 5º § 4º do CPP.

A Representação nada mais é do que a manifestação de vontade combinada com a autorização do ofendido a sua instauração.

NATUREZA JURÍDICA DA REPRESENTAÇÃO:

É uma condição de procedibilidade, ou seja, é uma autorização ao Ministério Público agir em nome do ofendido e processar o autor do delito. Esta representação é uma peça essencial nos casos previstos em lei.

Art. 564. A nulidade ocorrerá nos seguintes casos: III- por falta das fórmulas ou termos seguintes:

a- A denúncia ou a queixa e a representação e, nos

processos de contravenções penais, a portaria ou auto de prisão em flagrante.

A representação pode ser escrita ou verbal, pessoalmente ou através de procurador que não necessariamente seja Advogado, uma vez que não se trata da postulação processual e sim, de manifestação de vontade que antecede ao processo.

Art. 39: O direito de representação poderá ser exercido, pessoalmente ou por procurador com poderes especiais, mediante declaração, escrita ou oral, feita ao juiz, ao órgão do Ministério Público, ou à autoridade policial. Ver § 1º ao 5º.

PODEM REPRESENTAR AS SEGUINTES PESSOAS: a) Ofendido maior de 21 anos, no caso de ser maior de 18 e menor de 21 necessita de representante legal.

b) Ofendido alienado poderá exercer o seu direito através de curador nomeado no juízo cível.

c) Ofendido menor de 18 anos ou alienado mental sem representante legal, ou, se colidirem os interesses desta com daquela, o direito de queixa poderá ser exercido por procurador especial nomeado, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, pelo juiz competente, para o processo penal, conforme menciona o Art. 33 do CPP. Esse curador Ad hoc pode representar ou não, conforme a sua conveniência, pois é um substituto processual que fala em nome próprio, defendendo o direito alheio. Ao terceiro dá-se o nome de substituído. No caso da vítima Ter mais de 18 anos e menos de 21 anos, o direito de queixa ou de representação pode ser exercido, por ele ou por seu representante legal, conforme o Art. 34 do CPP. SUCESSÃO NO DIREITO DE REPRESENTAÇÃO:

No caso da morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão judicial, o direito de representação passará para o cônjuge, ascendente, descendente ou irmão, conforme a previsão do Art. 24 do CPP.

ENDEREÇAMENTO DA REPRESENTAÇÃO:

A representação poderá ser efetuada perante as autoridades: Policial, Judiciária ou Ministério Público. A representação efetuada perante o MP que contiver todos os elementos de prova da autoria e materialidade, o MP poderá dispensar o inquérito policial, oferecendo a denúncia em 15 dias. Caso contrário, deverá encaminhar as peças para Autoridade Policial, requerendo a instauração do Inquérito Policial, conforme Art. 39, § 5º do CPP.

Art. 39: O direito de representação poderá ser exercido, pessoalmente ou por procurador com poderes especiais, mediante declaração, escrita ou oral, feita ao juiz, ao órgão do Ministério Público, ou à autoridade policial. § 5º O órgão do Ministério Público dispensará o inquérito, se com a representação forem oferecidos elementos que o habilitem a promover a ação penal, e, neste caso, oferecerá a denúncia no prazo de 15 dias.

RETRATAÇÃO DA REPRESENTAÇÃO:

A retratação quer dizer voltar atrás. Aquele que representa pode retratar-se durante o inquérito policial. Porém, depois de iniciada a Ação Penal a representação se torna irretratável, conforme o art. 104 do CPP: Se for argüida a suspeição do órgão do Ministério Público, o juiz, depois de ouvi-lo, decidirá, sem recurso, podendo antes admitir a produção de provas no prazo de 03 (três) dias.

Pode haver retratação da retratação desde que haja boa fé e ainda esteja em curso o prazo para o direito da representação.

A retratação e a representação são indivisíveis, terão que representar ou retratar contra todos os autores do crime. No caso do ofendido representar contra um, o Ministério Público poderá aditar a denúncia contra os demais.

PRAZO PARA A REPRESENTAÇÃO:

O prazo é de seis meses para que o ofendido manifeste a sua vontade ou o seu representante legal. A contagem do prazo se inicia no dia em que tomou conhecimento da autoria do crime. Prazo este que é decadencial, contínuo e peremptório. É contínuo porque nada suspende, fatal e peremptório porque não se prorroga para o dia seguinte, extingue-se o direito. Há controvérsia se o prazo é uno ou duplo. A doutrina entende que o prazo é uno, isto é, o prazo é de 6 meses a contar da data que tomou conhecimento, porém, no caso do seu representante legal, caso não tenha conhecimento do fato nos 6 meses, passa a contar da data que vier a ter conhecimento. Nesse sentido já temos a Súmula 594. REQUISIÇÃO DO MINISTÉRIO DA JUSTIÇA:

É uma condição específica de procedibilidade, sendo também um ato administrativo, político e discricionário. É administrativo porque parte do Ministério da Justiça. Também é político, porque o cargo do Ministro da Justiça envolve questões políticas associadas à paz social. Também é discricionário porque ele pode exercê-lo ou não.

Quando exercido a requisição é encaminhada diretamente ao Ministério Público, que poderá oferecer denúncia ou requerer a instauração de inquérito policial. O prazo para o Ministro da Justiça é o mesmo da prescrição do crime. Depois de exercida a requisição do Ministro da Justiça, esta é irretratável.

AÇÃO PENAL PUBLICA SECUNDÁRIA

É aquela que era originariamente privada, mas passa a ser pública por circunstâncias previstas em lei. Como ocorre em relação aos crimes contra os costumes. Art. 213, que é de ação penal privada, porém, no caso de vítima pobre, passa a ser pública (condicionada), e no caso do crime ser cometido com o abuso do pátrio poder, tutela ou curatela, a ação penal passa também a ser pública só que (incondicionada)..

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AÇÃO PENAL PRIVADA

Trata-se da ação promovida pelo titular do direito que é a vítima do crime. Ex: Calúnia, Injúria, Difamação. Nestes casos a lei outorga poderes à vítima a processar o autor da infração, porém, não outorga poderes para a punição. Daí dizer-se legitimação extraordinária, uma vez que o Estado é o detentor da legitimidade para processar o criminoso. O Estado apenas estende o direito de ação e não de punição.

PRINCÍPIOS DA AÇÃO PENAL PRIVADA PROPRIAMENTE DITA:

a- Oportunidade ou conveniência: A ação penal privada é um direito e não um dever. O direito de queixa é privativo do ofendido. A vítima pode renunciar o seu direito de queixa, não podendo exercê-lo mais, conforme o art. 106 do CP. A renúncia ao direito de queixa extingue a punibilidade do crime art. 108, inciso V do CP.

b- Disponibilidade relativa: Iniciada a ação privada, a vítima pode dela dispor. Aplica-se durante a ação. A vítima dispõe da ação privada através da desistência prevista no art. 42 do CPP, perdão aceito art. 108,V do CP e pelo abandono do processo causando a perempção. Essa disponibilidade é relativa, uma vez que vai até o trânsito em julgado da sentença condenatória;

c- Princípio da Indivisibilidade: A queixa proposta contra um dos autores do crime obrigará o processo contra todos, conforme previsão do art. 48 do CPP, podendo o Ministério Público adita-la.

d- Princípio da Intranscendência: A ação penal só pode ser movida contra o responsável penal pelo delito. Já a ação civil pode ser movida tanto contra o autor do dano como contra um terceiro que a lei civil autorize.

INÍCIO DA AÇÃO PENAL PRIVADA: Inicia-se mediante oferecimento da queixa-crime (petição inicial privada). O direito de queixa é direito de ação, enquanto o direito de representação não possui direito de ação.

REQUISITOS DA QUEIXA-CRIME: Estão previstos no art. 41 do CPP. São os mesmos da denúncia porque ambos são uma petição inicial.

Se a vítima de um crime de ação penal for pobre, terá direito a assistência judiciária, desde que comprovada a sua pobreza, assim determina o art. 32 do CPP.

PRAZO:

Seis meses (art. 105 do CP e 38 do CPP).

O MINISTÉRIO PÚBLICO E A AÇÃO PENAL PRIVADA PRPRIAMENTE DITA:

O MP é parte ativa ilegítima nesses crimes, não podendo ser o autor, participando apenas como custus legis. No caso de não intervir em todos os termos da ação privada propriamente dita não acarreta nulidade, apenas mera irregularidade. O MP pode aditar a queixa-crime no prazo de 3 dias contados do recebimento dos autos, conforme art. 46 do CPP: “O prazo para oferecimento da denúncia, estando o réu preso, será de 5 (cinco) dias, contado da data em que o órgão do Ministério Público receber os autos do inquérito policial, e de 15 (quinze) dias, se o réu estiver solto ou afiançado. No último caso, se houver devolução do inquérito policial à autoridade policial (art. 16), contar-se-á o prazo da data que o órgão do Ministério Público receber novamente os autos.

§ 2 º “O prazo para o aditamento da queixa será de 3 (três) dias, contados da data em que o Órgão do Ministério Público receber os autos, e, se este não se pronunciar dentro do tríduo, entender-se-á que não tem o que aditar, prosseguindo-se nos demais termos do processo.”

No caso de aditar a queixa, o ministério Público ficará na condição de Assistente do Querelante, porém, não poderá alterar a classificação do crime. Na condição de fiscal da lei deverá fiscalizar inclusive a indivisibilidade processual, isto é, denunciar os demais acusados quando houverem, aditando a denúncia. Conforme art. 48 do CPP: “A queixa contra qualquer dos autores do crime obrigará ao processo de todos, e o Ministério Público velará pela sua indivisibilidade. Há uma Segunda corrente que entende que o MP não pode aditar a denúncia porque não é o titular desse tipo de ação, podendo apenas pedir ao juiz que declare extinta a punibilidade, pela renúncia ao direito de queixa”.

PEREMPÇÃO:

Significa a extinção. Trata-se de uma penalidade processual e produz os seguintes efeitos:

- Extingue o processo. - Extingue o direito de ação. - Extingue a punibilidade do crime. -

CASOS EM OCORRE A PEREMPÇÃO:

São regulados pelo art. 60 do CPP: Nos casos em que somente se procede mediante queixa, considerar-se-á perempta a ação penal:

I- quando iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamento do processo durante 30 (trinta) dias seguidos;

II- quando falecendo o querelante, ou sobrevindo a sua incapacidade, não comparecer em juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo de 60 (sessenta) dias, qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo, ressalvado o disposto no art. 36;

III- quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a qualquer ato do processo a que deva estar presente, ou deixar de formular o pedido de condenação nas alegações finais;

IV- quando sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem deixar sucessor.

OBS: A perempção só se opera na ação penal exclusivamente privada.

CABIMENTO:

A perempção só se vislumbra após o início da ação penal privada, pois antes de ser oferecida a queixa-crime pode ocorrer a prescrição, decadência ou a renúncia, uma vez que o direito não venha a ser exercitado. Pode ocorrer também a morte do querelante nos crimes de adultério e induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento, nos casos que envolvem a instituição do casamento.

AÇÃO PENAL PRIVADA PERSONALÍSSIMA

É o tipo de ação que só pode ser movida pelo ofendido, diferente da ação penal privada propriamente dita, pois neste caso o representante legal do ofendido não pode atuar, sendo esta uma faculdade que ode ser exercida somente pela vítima.

Do caráter personalíssimo: Observa-se através do art. 108 do CP:

1- Quando a vítima do crime for menor de 18 anos, terá que aguardar completar a idade.

2- Se a vítima falecer, extingue-se a punibilidade do crime (este caso não se encontra no art. 108 do CP).

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AÇÃO PRIVADA SUBSIDIÁRIA OU SUPLETIVA

Este tipo de ação só poder ser oferecida no caso do órgão do Ministério Público não oferecer a denúncia dentro do prazo. Porém, cabe ressaltar que, no caso do Ministério Público opinar pelo arquivamento, não cabe este tipo de ação.

Neste caso o Ministério Público não fica num plano secundário, apenas oferece a denúncia substitutiva e afasta o querelante, uma vez que este tipo de ação é utilizado nos crimes de ação penal pública incondicionada, onde o MP tem o dever de agir e por lapso não age. Com o afastamento do querelante, (desistência da ação subsidiária) o processo retoma o seu curso normal. Porém, se quiser continuar, neste caso, a vítima pode atuar como assistente de acusação. Cabe lembrar que não ocorre a perempção da ação privada subsidiária. O promotor deverá atuar em todos os atos processuais da ação penal privada subsidiária, sob pena de nulidade. Conforme o art. 564, III, e, do CPP;

Art. 564: A nulidade ocorrerá nos seguintes casos: III – por falta das fórmulas ou dos termos seguintes: e- a intervenção do Ministério Público em todos os termos da ação por ele intentada e nos da intentada pela parte ofendida, quando se tratar de crie de ação pública; AÇÃO PENAL PRIVADA ADESIVA

Segundo o doutrinador José Frederico Marques, onde ele entende a atuação do Assistente de

Acusação, que vêm atuar como um auxiliar do Ministério Público, na qualidade de procurador da vítima ou dos seus familiares.

Art. 268: Em todos os termos da ação pública, poderá intervir, como assistente do Ministério Público, o ofendido ou seu representante legal, ou na falta, qualquer das pessoas mencionadas no art. 31.

Art. 31: No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão judicial, o direito de oferecer queixa ou prosseguir na ação passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão.

JURISDIÇÃO

CONCEITO DE JURISDIÇÃO

É a função que tem o Estado de declarar com imparcialidade o Direito objetivo através do Poder Judiciário.

Jurisdição é poder, função e atividade do Estado de aplicar o direito ao fato concreto para solucionar os conflitos existentes. Há conflitos de interesse quando mais de um sujeito procura usufruir o mesmo bem. Como poder, é manifestação do poder estatal através da sua capacidade de decidir e impor as suas decisões. Tem a função de promover a pacificação de conflitos interindividuais, mediante a realização do direito justo e devido processo. E é atividade onde esta constitui os atos do juiz no processo. O poder, a função e a atividade somente transparecem legitimamente através do devido processo legal.

CARACTERES FORMAIS DA JURISDIÇÃO

• Notio: (conhecimento) é o poder de presidir a instrução; • Judicio (julgamento): é o poder de julgar a lide.

•Vocatio ( chamamento): é o direito de chamar as

pessoas para o processo.

•Coertio: (Coerção): é o poder de impor medidas

restritivas de direito.

•Executio: (executar): é o poder de executar a

condenação.

OUTRAS CARACTERÍSTICAS DA JURISDIÇÃO Outras características da jurisdição são:

a) lide; b) inércia; c) definitividade; d) secundária; e) instrumental; f) declarativa ou executiva.

Lide e litígio são vocábulos sinônimos e correspondem a um evento anterior ao processo. Para que haja a lide é necessário que ocorra "um conflito de interesses qualificado por um pretensão resistida", conforme a clássica lição de Carnelutti. Inércia: embora a jurisdição seja função ou atividade pública do Estado, versa sobre interesses privados - direitos materiais subjetivos das partes -, donde não ter cabimento a prestação jurisdicional, a não ser quando solicitada, nos casos controvertidos, pela parte interessada. Daí surge a inércia a que estão obrigados os órgãos jurisdicionais.

Definitividade: os atos jurisdicionais são suscetíveis de se tornar imutáveis. Art.5o, XXXVI, CF: "a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada".

Secundária: é atividade secundária porque através dela o Estado realiza coativamente uma atividade que deveria ter sido, primariamente exercida, de maneira pacífica e espontânea, pelos próprios sujeitos da relação jurídica.

Instrumental: porque tem objetivo de dar atuação prática às regras do direito, assim a jurisdição é um instrumento de que o próprio direito dispõe para impor-se à obediência dos cidadãos.

Declarativa ou executiva: a jurisdição não é fonte do direito, o órgão jurisdicional é convocado para remover a incerteza ou para reparar a transgressão, através de um juízo que se preste a reafirmar e restabelecer o império do direito, quer declarando qual seja a regra do caso concreto, quer aplicando as edidas de reparação ou de sanção previstas pelo direito.

PRINCÍPIOS BÁSICOS DA JURISDIÇÃO 1- Indeclinabilidade: A jurisdição é obrigatória.

O juiz não pode deixar de julgar sob nenhuma alegação, até mesmo pela lacuna da lei. O DPP admite a analogia. 2- Improrrogabilidade: A jurisdição de um juiz não pode envolver a de outro, exceto nos casos de conexão e continência;

3- Juiz Natural ou pré-constituído: O réu tem o direito de ser julgado por um órgão regular do Poder Judiciário. Esse princípio proíbe o juiz de exceção; A Constituição proíbe os chamados tribunais de exceção para o julgamento de determinadas pessoas e determinados casos (art.5o, inciso XXXVII, CF).

4- Unidade: A jurisdição é uma só, ou seja, é sempre a mesma. O que diferencia uma da outra é a atividade sobre a qual recai.

5- Iniciativa das partes: Baseado no princípio ne procedat judex ex officio, não pode haver jurisdição sem ação.

6- Relatividade ou co-relação entre pedidos e decisão. Está no brocado ne eat judex infra vel extra vel ultra petita portium ( não haja o juiz aquém ou fora ou além dos pedidos das partes).

7- In dubio pro reo: Na dúvida, o juiz deve julgar em favor da defesa. A defesa tem o benefício da dúvida. 8- Investidura: sendo a jurisdição um monopólio do Estado e este, que é uma pessoa jurídica, precisa exercê-la através de pessoas físicas que sejam seus órgãos ou agentes, essas pessoas são os juízes.

9- Indelegabilidade: quer dizer que o poder do juiz de julgar o caso concreto é indelegável não pode este, invertendo os critérios da Constituição e da lei, transferir a sua competência que lhe foi atribuída pelo Estado para outro.

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JURISDIÇÃO, LEGISLAÇÃO, ADMINISTRAÇÃO

Jurisdição difere da legislação, porque consiste na solução de conflitos de interesse apresentadas ao Estado-juiz, este fazendo justiça em casos concretos. Legislação são normas de caráter genérico e abstrato não destinada a um caso concreto.

As diferenças entre jurisdição e administração são: a) o administrador não possui o poder de atuar na realização do bem comum; b) não tem caráter substitutivo; c) os atos administrativos não são definitivos. Só na jurisdição reside o escopo social magno de resolver os conflitos entre as pessoas.

OBJETIVO DA JURISDIÇÃO

Segundo Pontes de Miranda, "o fim do processo é a entrega da prestação jurisdicional, que satisfaz à tutela jurídica".

Conforme Arruda Alvim podemos dividir a causa do processo em:

a) causa final: a atuação da vontade da lei, como instrumento de segurança jurídica e de manutenção da ordem jurídica;

b) causa material: o conflito de interesses, qualificado por pretensão resistida, revelado ao juiz através da invocação da tutela jurisdicional;

c) causa imediata ou eficiente: a provocação da parte, isto é, a ação.

Conclusão, a jurisdição, dando ao direito do caso concreto a certeza que é condição da verdadeira justiça e realizando a justa composição do litígio, restabelece a ordem jurídica, através da eliminação do conflito de interesses que ameaça a paz social.

ESPÉCIES DE JURISDIÇÃO

A jurisdição é una e indivisível assim como o poder soberano. A doutrina, porém fazendo tais ressalvas, costuma classificar a jurisdição em espécies, são elas: a) pelo seu objeto, jurisdição penal ou civil; b) pelos organismos judiciários que a exercem, especial ou comum; c) pela posição hierárquica do órgãos dotados dela, superior ou inferior; d) pela fonte do direito com base no qual é proferido o julgamento, jurisdição de direito ou de eqüidade.

a) Jurisdição penal ou civil: No processo, as atividades jurisdicionais têm por objeto uma pretensão, que varia conforme o direito objetivo material em se fundamenta. Há, então, causas penais, civis, comerciais, tributárias, etc. É comum dividir as pretensões de natureza penal das demais. Fala-se em jurisdição penal (causas penais, pretensões punitivas) e jurisdição civil (por exclusão, causas e pretensões não-penais).

A jurisdição penal é exercida pelos juízes estaduais comuns, pela Justiça Militar Estadual, pela Justiça Militar Federal, pela Justiça Federal e pela Justiça Eleitoral. Apenas a Justiça do Trabalho é desprovida de competência penal. A jurisdição civil é exercida pela Justiça Estadual, pela Federal, pela Trabalhista e pela Eleitoral, apenas a Militar não a exerce.

Relacionamento entre jurisdição penal e civil: por ex. quando alguém comete um furto, este ato gera duas conseqüências: obrigação de restituir o objeto furtado (natureza civil) e sujeição às penas do art. 155, CP. Outro exemplo: uma pessoa que se casa, já sendo casado com outra pessoa, o direito impõe duas penas: nulidade do segundo casamento (art.183, inciso VI, CC) e sujeição à pena de bigamia (art.235, CP).

Assim há na lei dispositivos que interagem entre a jurisdição penal e civil: · i) Suspensão prejudicial do processo-crime: se alguém está sendo processado

criminalmente e para o julgamento dessa acusação é relevante o esclarecimento de uma questão civil, suspende-se o processo criminal à espera da solução no caso cível (art.92-94, CPP). Ex: o réu acusado de bigamia alega que o casamento anterior era nulo. O art.91, I, CP dá como efeito da sentença penal "tornar certa a obrigação de indenizar o dano resultante do crime". Se o réu for absolvido no crime poderá ser absolvido em certos casos da ação cível (art.65 e 66, CPP). Resta observar o art.64, caput e parágrafo, CPP permite que seja intentada a ação civil na pendência do processo-crime;

b) Jurisdição especial ou comum: A doutrina costuma, levando em consideração as regras da Constituição, distinguir entre "Justiças" que exercem jurisdição especial e comum. As primeiras são: a Justiça Militar (arts.122-124, CF), a Justiça Eleitoral (arts.118- 121, CF), a Justiça do Trabalho (arts.111-116, CF) e as Justiças Militares Estaduais (art.125, §3o , CF); no âmbito da jurisdição comum estão a Justiça Federal (arts.106-110, CF) e as Justiças Estaduais ordinárias (arts.125-126, CF).

c) Jurisdição superior ou inferior: Os ordenamentos jurídicos em geral têm duplo grau de jurisdição, princípio que consiste na possibilidade de um mesmo processo após julgamento pelo juiz inferior, voltar a ser julgado por órgãos superiores do Poder Judiciário. Os órgãos de primeiro grau de jurisdição são denominados "primeira instância" e os de segundo grau de "segunda instância". d) Jurisdição de direito ou de eqüidade: O art.127, CPC diz que "o juiz só decidirá por eqüidade nos casos previstos em lei". Decidir por eqüidade significa decidir sem as limitações impostas pela lei (art.400 e 1.456, CC). No direito processual civil, sua admissibilidade é excepcional (art.127, CPC), mas nos processos arbitrais podem as partes convencionar que o julgamento seja realizado com eqüidade (art.1.075, inciso IV, CPC; art.1.040, inciso VI, CC). Na arbitragem de causas pequenas, o julgamento por eqüidade é sempre admissível, independente da autorização das partes (lei 9.099/95, art.25).

LIMITES DA JURISDIÇÃO

Existem limitações: internas de cada Estado, excluindo a tutela jurisdicional em casos determinados; e internacionais, pela necessidade de coexistência dos Estados e pelos critérios da conveniência e viabilidade.

Essas limitações não atingem o direito processual penal.

O legislador não leva muito longe a jurisdição de seu país, pois leva em consideração a experiência e a necessidade de coexistência com outros Estados soberanos: a) conveniência, o que interessa é a pacificação no seio da sua própria convivência social; b) viabilidade, porque se excluem os casos em que será impossível a imposição do cumprimento da sentença.

A doutrina sintetiza os motivos da observância essas regras acima: a) existência de outros Estados soberanos; b) respeito a convenções internacionais; c) razões de interesse do próprio Estado. Outros também considerados são submissão e da efetividade.

Em relação a jurisdição penal esta tem limites que correspondem precisamente aos de aplicação da própria norma penal material.

São imunes tanto à jurisdição civil como à penal, por respeito à soberania de outros Estados, à jurisdição de um país: a) os Estados estrangeiros (par in parem non habet judicium); b) os chefes de Estado estrangeiros; c) os agentes diplomáticos. Tem se estendido a imunidade também a organismos internacionais, como é o caso da ONU. Põe em dúvida sua aplicação à jurisdição trabalhista.

Referências

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