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ANÁLISE ACERCA DA TESE DO CONSTITUCIONALISMO DIRIGENTE

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Academic year: 2021

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VIII SEPE- Seminário de Ensino, Pesquisa e Extensão do CERES-UFRN Período-15 a 17/05/2017 Local- Caicó/UFRN/CERES Inscrições e informações sepeceres2017@gmail.com

ANÁLISE ACERCA DA TESE DO CONSTITUCIONALISMO DIRIGENTE

DIAS, Vitória Flaudísia Morais1; ROLIM, Giulia Leideg Pereira Dutra2, MENEZES NETO, Elias Jacob de3.

RESUMO: O presente trabalho teve por objetivo fazer uma análise acerca da Tese do

Constitucionalismo Dirigente proposta por José Joaquim Gomes Canotilho bem como o contraponto sugerido por Lênio Streck no que se refere à sua aplicação nos países ditos de “modernidade tardia”. O método utilizado no trabalho foi o dedutivo, onde inicialmente foi realizada uma pesquisa de base teórica, como também de normas constitucionais referentes ao tema da pesquisa e posteriormente um estudo para a realização da pesquisa, através de pesquisa doutrinária e jurisprudencial. Acerca do exposto, questiona-se a aplicabilidade das chamadas normas programáticas em países como o Brasil e os possíveis desafios encontrados dentro do próprio Estado Democrático de Direito.

PALAVRAS-CHAVES: Constitucionalismo dirigente, teoria dos sistemas de Luhmann, “países de

modernidade tardia”

ABSTRACT: The present work had as objective to make an analysis on the Thesis of the

Directional Constitutionalism proposed by José Joaquim Gomes Canotilho as well as the counterpoint suggested by Lênio Streck with respect to its application in the countries called "late modernity". The method used in the work was the deductive, where initially a theoretical research was carried out, as well as constitutional norms referring to the research topic and later a study for conducting the research, through doctrinal and jurisprudential research. Regarding the above, it is questioned the applicability of the so-called program norms in countries such as Brazil and the possible challenges found within the Democratic State of Law itself.

KEY WORDS: Leading constitutionalism, Luhmann's theory of systems, "countries of late

modernity"

INTRODUÇÃO

1 Vitória Flaudísia Morais Dias, aluna do 5º período do curso de Bacharelado em Direito pela Universidade do Rio

Grande do Norte, campus Caicó, vitoriaflaudisia@hotmail.com.

2 Giulia Leideg Pereira Dutra Rolim, aluna do 5º período do curso de Bacharelado em Direito pela Universidade do Rio

Grande do Norte, campus Caicó, giulialpdutra@gmail.com.

3 Orientador: Professor adjunto do curso de direito da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), campus

Caicó/RN. Mestre e doutor em direito público (UNISINOS), contato@eliasjacob.com.br.

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A tese do Constitucionalismo Dirigente, concebida por José Joaquim Gomes Canotilho, fundamenta-se na necessidade da criação de normas programáticas dentro da Constituição como guias de direcionamento para o legislador a fim de garantir o mínimo existencial à sociedade.

Diante disso, o presente trabalho busca realizar uma análise acerca desta tese bem como os contrapontos apontados pelo jurista Lênio Streck no que diz respeito à sua aplicabilidade em países denominados de “modernidade tardia”.

METODOLOGIA

O método utilizado no trabalho foi o dedutivo, onde inicialmente foi realizada uma pesquisa de base teórica, como também de normas constitucionais referentes ao tema da pesquisa e posteriormente um estudo para a realização da pesquisa, através de pesquisa doutrinária e jurisprudencial.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Criada por José Joaquim Gomes Canotilho em 1976, a Tese do Constitucionalismo Dirigente, tratou-se inicialmente da sua tese de doutorado intitulada Constituição Dirigente e Vinculação do Legislador e foi publicada em 1982. Em seu texto, defendeu a tese de que os direitos de segunda dimensão teriam condições de obrigar o legislador a complementar o texto constitucional, fixando políticas públicas geradoras de prestações estatais positivas. Tratava-se de defender a constitucionalização dos direitos sociais como verdadeiras imposições desencadeadoras de ações estatais e, portanto, direitos fundamentais sociais. A sustentação dessa tese transfere para a Constituição a decisão entre capitalismo e socialismo como sistemas econômicos possíveis, bem como a definição das extensões das tarefas do Estado. (VAZ, 2010)

Na concepção de Anderson Rosa Vaz (2010), através desta tese proposta a Constituição deixaria de ser uma carta de boas intenções para se transformar um uma Lei transformadora de sociedades mais justas. Outrossim, a Constituição dirigente pressupõem, nessa perspectiva, uma autossuficiência normativa, de forma que suas imposições normativas prima facie – bem como as ordens para legislar e administrar – adquirem, imediatamente, força normativa.

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No entanto, alguns anos depois, Canotilho achou por necessário a realização de alguns reparos e atualizações a respeito do seu posicionamento em sua obra inicial e publica seu novo entendimento no referente ao tema, reconhecendo a “morte” do Constitucionalismo Dirigente. O que acaba por originar o surgimento de fortes críticas sobre seu novo posicionamento advindo por parte dos doutrinadores defensores da tese do Constitucionalismo Dirigente.

Tal alteração no entendimento do autor lusitano acerca do tema teria sido influenciado pela teoria da diferenciação funcional dos sistemas de Niklas Luhmann, onde as alterações que ocorrem no interior de uma sociedade findam por reproduzir funcionalidade típicas que, consequentemente, resultam em evoluções sociais. Em decorrência disso, surgem ”sistemas funcionais” como sistemas da sociedade capazes de auto produzir-se distintos no cerne da ordem social em sua totalidade. São eles, ciência, direito, política, religião, sistema educacional, arte, amor, movimentos sociais, entre outros. Nesse sentido, parte-se da compreensão da dinâmica formadora dos sistemas sociais como um processo de diferenciação funcional, o que significa que "a partir de si mesmo, um sistema se diferencia produzindo subsistemas parciais, os quais, a partir do sistema original, são agora entorno". Desta forma, tem-se o ponto fundamental da teoria de Luhmann: ao tempo em que os subsistemas sociais constituem entornos uns para os outros, a estrutura de relações entre eles define a própria forma como a sociedade organiza suas comunicações. E o aumento da complexidade sistêmica é o elemento que promove a diferenciação da sociedade. (LUHMANN, 1983)

Em dissonância com o defendido por Canotilho, Lênio Streck (2014) afirma que deve-se buscar a criação de uma nova Teoria de Constituição, haja vista ser inadmissível que a sociedade se modifique em torno de normas constitucionais autoritárias. Deste modo, é válido ressaltar que as conhecidas fontes do direito, incluída a Constituição, revelam-se em tamanho desacordo funcional, que a sua aplicabilidade na ordem jurídica se mostra inadequada para servir de impulso e construção de bases juridicamente fortes e formadoras de uma sociedade singular. O ideal dirigente se coaduna com uma lógica material de valores, mas pouco se compatibiliza com a razão lógica dos discursos analíticos. Com isso, pretende-se afirmar que a construção de uma nova teoria constitucional deve fundamentalmente focar-se no fato de que as sociedades modernas pluralistas se firmam em termos de complexidade que, precipuamente não se busca constituir-se politicamente, fixa-se antes na auto-organização. A complexidade com que se move a sociedade concebe sistemas e códigos funcionais distintos, sendo utópico tentar, por intermédio de um único código unitário dos vários sistemas sociais, direcionar constitucionalmente o meio social. (STRECK, 2013)

Neste diapasão, no cenário político, jurídico e social atual, o próprio Canotilho revê os conceitos propostos na criação de uma Constituição dirigente e denota sua fragilidade consoante a sua maneira de concretização. De acordo com o jurista, as constituições ditas dirigentes padecem

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não somente da má utopia do sujeito projetante, mas do próprio Estado que, através das normas constitucionais programáticas transformou-se em “homem de direção”, convertendo o direito em mero instrumento funcional desses direcionamentos. Ademais, outra das dificuldades sentidas na epistemologia das constituições programático-dirigentes vincula-se ao seu ideal nacionalista e patriótico, isto é, faz-se necessário vislumbrar a hodierna complexidade do mundo e das implicações decorrentes da maior integração existente entre as nações para a construção de uma real Constituição, fato não apreciado pelo constitucionalismo dirigente-programático. (CANOTILHO, 1993)

Assim como assevera Lênio Streck (2013), “não se pode esquecer os fatores reais de poder da sociedade, no interior da qual um novo texto constitucional provoca confronto e reações [...]” Deve-se anexar os fundamentos da Constituição em consonância com a sociedade a qual está deriva. As formas de adequação necessitam ser estudadas, considerando-se o meio social como algo transmutável, que ganha novas performances constantemente e precisa ser regulamentado seguindo com as suas necessidades precípuas.

No Brasil, é nítido que a não efetividade de seus princípios e regras constitucionais está relacionada justamente com as divergências existentes entre o real e o utópico. Visto que o texto constitucional é excessivamente analítico e utópico, o que influencia posteriores reformas constitucionais com o conteúdo desregulamentador, arruinando, com isso, a essência política da Carta Magna, no que se compreende como relação de pertinência entre as normas, fator que pode ser estendido à discussão referente à força vinculativa dos princípios constitucionais, que tendem a fracassar entre os fortes ventos sistêmicos e procedimentalistas. (STRECK, 2014)

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante do exposto, conclui-se que com os questionamentos postos em debate sobre a efetividade das normas programáticas constitucionais, vinculadas à existência de uma Constituição dirigente, ressalta a importância do estudo da concepção, de fato, de uma nova Teoria da Constituição, pois assim como declara o jurista Lênio Luiz Streck (2013), “não se pode falar que há um único constitucionalismo, e, sim, vários constitucionalismos”. Cada Constituição se delineia com base nas limitações, nas especificidades e nas necessidades fundamentais encontradas no bojo de cada país, esse pensamento é primordial para a criação de normas jurídicas constitucionais dotadas de verdadeira efetividade.

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REFERÊNCIAS

BERCOVITI, Gilberto. A problemática da constituição dirigente: algumas considerações sobre o caso brasileiro. Revista de Informação Legislativa. Brasília a. 36 n. 142 abr./jun. 1999.

Disponível em:

<http://staticsp.atualidadesdodireito.com.br/marcelonovelino/files/2012/08/Constitui%C3%A7%C3 %A3o-dirigente-e-garantia.pdf >. Acesso em: 07 mar. 2017.

BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. 24. ed. São Paulo: Malheiros, 2009. CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Rever ou romper com a Constituição Dirigente? Defesa de

um constitucionalismo moralmente reflexivo. Cadernos de Direito Constitucional e Ciência

Política, São Paulo: Revista dos Tribunais, n. 15, jan./jun. 1998.

CARVALHO, Cláudia Paiva. Desafios democráticos para a Constituição dirigente: entre vinculação e abertura constitucional. Revista Jurídica da Presidência. Brasília, v. 14, n. 103, jun./set. de 2012, p.357-381.

GUEDES, Néviton. Professor Canotilho e sua Constituição Dirigente. Revista Consultor Jurídico, nov. 2012. Disponível em: <http://www.conjur.com.br/2012-nov-12/constituicao-poder-professor-canotilho-constituicao-dirigente>. Acesso em: 7 mar. 2017.

LUHMANN, Niklas. Sociologia do Direito. Rio de Janeiro: Edições Tempo Brasileiro, 1983. 2 v. MELO JUNIOR, Luiz Cláudio Moreira. A teoria dos sistemas sociais em Niklas Luhmann. Soc. estado. [online]. 2013, vol.28, n.3, pp.715-719. ISSN 0102-6992. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-69922013000300013.

SCHOLZE, Victor. Teoria da constituição dirigente adequada ao Brasil. Revista Jus Navigandi, ISSN 1518-4862, Teresina, ano 19, n. 4129, 21 out. 2014. Disponível em: <https://jus.com.br/artigos/30277>. Acesso em: 7 mar. 2017.

STRECK, Lenio Luiz. Jurisdição constitucional e decisão jurídica. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2013.

VAZ, Anderson Rosa. Canotilho: da Constituição Dirigente à Constituição Dirigida. Política,

Estado e Direito. Out. 2010. Disponível em:

<http://andersonrosavaz.blogspot.com.br/2010/10/canotilho-da-constituicao-dirigente.html>. Acesso em: 07 mar. 2017.

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