• Nenhum resultado encontrado

IV PROSPECTO RECENTE DA DEGRADAÇÃO DO PRINCIPAL CORPO HÍDRICO DA REGIÃO METROPOLITANA DE FORTALEZA,CEARÁ

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "IV PROSPECTO RECENTE DA DEGRADAÇÃO DO PRINCIPAL CORPO HÍDRICO DA REGIÃO METROPOLITANA DE FORTALEZA,CEARÁ"

Copied!
8
0
0

Texto

(1)

22º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental 14 a 19 de Setembro 2003 - Joinville - Santa Catarina

IV-044 - PROSPECTO RECENTE DA DEGRADAÇÃO DO PRINCIPAL CORPO HÍDRICO DA REGIÃO METROPOLITANA DE FORTALEZA,CEARÁ

Rosa de Lisieux Urano de Carvalho Ferreira(1)

Bióloga pela Universidade Federal do Ceará. Especialista em Saúde, Trabalho e Meio Ambiente - UFC.

Magda Kokay Farias(2)

Engº Química pela Universidade Federal do Ceará.

Fernando José Araújo da Silva(3)

Engº Civil pela Universidade de Fortaleza. Mestre em Engenharia Civil - Universidade Federal da Paraiba.

Endereço(1): Rua Jaime Benevólo, 1400 - Fátima - Fortaleza - CE - CEP: 60050-081 - Brasil - Tel: (85) 488.7440-

e-mail: rlisieux@semace.ce.gov.br

RESUMO

O Rio Cocó, principal recurso hídrico da Região Metropolitana de Fortaleza, ao longo do seu percurso observa-se diversos tipos de degradação de origem antrópica nas Áreas de Preservação Permanente tais como: retirada de areia, retirada da mata ciliar, aterros e construções, destruição de mangue, disposição de lixo e esgotos (domiciliares e industriais), o lixão do Jangurussu, localizado à margem esquerda do rio contribuirá como uma das fontes pontuais mais significativas de comprometimento da qualidade das águas do Rio Cocó.

(2)

PALAVRAS-CHAVE: Degradação Ambiental – Ações Impactantes – Corpo Hídrico – Áreas de Preservação Permanente.

INTRODUÇÃO

Fortaleza é a quinta maior cidade do Brasil, com uma população aproximada de 2.235.000 habitantes, em sua região metropolitana (Brandão 1995). A cidade está localizada no litoral nordestino (30° 43’ Sul; 38° 32’ Oeste.

O rio Cocó, principal recurso hídrico da Região Metropolitana de Fortaleza – RMF, nasce na vertente oriental da serra de Aratanha, município de Pacatuba/Ce, oriundo de pequenos cursos d’água formadores do riacho Pacatuba que após receber outros contribuintes passa a ser denominado Gavião. A denominação Cocó é atribuída a partir do trecho em que recebe as águas do riacho Alegrete e tem como referência a ponte do 4º Anel Rodoviário.

O curso do rio Cocó tem cerca de aproximadamente 43 Km até o estuário, situado na costa leste de Fortaleza. O leito estende-se na direção SW-NE por longo trecho do seu percurso, formando em direção a foz, uma acentuada curva para E-SW. Após receber em seu trecho final o rio Coaçu, seu principal afluente, deságua no Atlântico na praia do Clube do Caça e Pesca, limite entre os município de Fortaleza (Caça e Pesca) e Eusébio (Sabiaguaba). A bacia do rio Cocó corresponde 2/3 da área do município de Fortaleza. O relevo da bacia é pouco acentuada, sendo grande porção de sua parte média e toda sua parte inferior situadas em cotas inferiores a 4,0 metros.

O local de estudo se encontra desde a nascente até a foz, havendo um maior destaque na área que abrange o município de Fortaleza.

O processo de urbanização tem gerado sérios problemas ambientais, como o aterramento de Áreas de Preservação Permanente (APP), retirada da mata ciliar, construções em área irregular, lançamento de efluentes, disposição irregular de resíduos sólidos, criações de animais em Área de Preservação Permanente, ocupação desordenadas nas dunas fixas e móveis, retirada de areia das dunas, construções de barracas as margens do rio, etc.

JUSTIFICATIVA E OBJETIVO

Levantamento das condições ambientais do rio Cocó e fazendo a avaliação hidro-sanitário do corpo lótico urbano que aflui nas cidades de Pacatuba/Fortaleza/Eusébio.

O diagnóstico objetivou apresentar um quadro com os principais problemas, identificando as ações impactantes responsáveis pela descaracterização do meio natural e o

(3)

comprometimento do equilíbrio ecológico da área, bem como avaliar a qualidade da água do citado rio.

A poluição das águas origina-se de várias fontes, dentre as quais se destacam os efluentes domésticos, os efluentes industriais, o deflúvio superficial urbano e o deflúvio superficial agrícola, estando portanto associada ao tipo de uso e ocupação do Solo.

Cada uma dessas fontes possui características próprias quanto aos poluentes que carream, sendo que os esgotos domésticos apresentam contaminantes orgânicos biodegradáveis, nutrientes e bactérias. Já a grande diversidade de indústrias crescentes nas duas últimas décadas no Estado do Ceará faz com que houvesse uma variabilidade mais intensa nos contaminantes lançados aos corpos d’água, incluindo-se os já citados e muitos outros que dependem das matérias-primas e dos processos industriais utilizados.

Em geral o deflúvio superficial urbano contém todos os poluentes que se depositam na superfície do solo. Quando da ocorrência de chuvas, os materiais acumulados em valas, bueiros, etc., são arrastados pela enxurrada para os cursos d’água superficiais, constituindo uma fonte de poluição tanto maior quanto mais deficiente for a limpeza pública.

METODOLOGIA

A região vistoriada é formada por um ecossistema que apresenta uma biodiversidade na qual destacm-se unidades fitoecológicas como: complexo vegetal da zona litorânea, mata ciliar de carnaúba, matas secas, matas úmidas e predominantemente caatinga xerófila, a qual já se encontra descaracterizada.

Geomorfologicamente encontramos unidades representadas por tabuleiros pré-litorâneos do grupo barreiras, maciços residuais e depressão sertaneja e ainda algumas unidades

ecológicas como estuário, campos de dunas e manguezal de relevante interesse ambiental. Na margem leste, a praia da Sabiaguaba compõe-se de cordões de dunas móveis e fixas, formações rochosas esculpidas pelo embate das águas e manguezais.

Na Praia do Caça e Pesca, margem oeste do rio, observa-se uma área de manguezal que tem início na foz adentrando alguns quilômetros pelo continente. Em torno desta faixa constata-se a existência de dunas fixas, onde a vegetação apreconstata-senta um porte arbústico.

TIPOS DE DEGRADAÇÕES CONSTATADAS

As degradações ocorrem por ações naturais e antrópicas. Em função dos ventos, do deslocamento das águas fluviais e do embate das marés, um processo erosivo ocorre no sopé das dunas, contribuindo para o assoreamento do rio. Além do que, os ventos

(4)

propiciam um deslocamento das dunas móveis sobre o mangue, causando soterramento do mesmo.

Das intervenções praticadas pelo homem pode-se destacar: Construção de barracas nas margens do rio;

Ocupação desordenada das dunas fixas, móveis e de faixa de praia; Retirada de vegetação, especialmente do mangue e de dunas fixas; Retirada de areia das dunas;

Disposição irregular de lixo em alguns trechos da área vistoriada; O antigo lixão do Jangurussu que funcionou durante 21 anos;

Construções de alvenaria em Áreas de Preservação Permanente, após a desativação do lixão do Jangurussu;

Lançamento de esgoto ao longo de todo o seu percurso;

Construções, lançamento de esgoto, desmatamento, aterro e disposição de resíduos sólidos na área de manguezal;

Lançamento de efluentes das lavagens de carros e pequenas oficinas, com troca de óleo; Drenagem sobre as dunas, direcionadas para o manguezal.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O Fontes pontuais de degradação do rio Cocó:

Bica das Andréias, município de Pacatuba (nascente do rio Cocó) :

Degradações constatadas: concentração de banhistas, pousadas e restaurantes sem sistema de esgotamento sanitário.

Açude Piripau (Contribuinte do rio Cocó):

Degradações constatadas: lavagem de roupas, presença de animais, lançamento de esgotos domiciliares "in natura" e construções na Área de Preservação Permanente.

(5)

Degradações constatadas: lançamento de efluentes "in natura" no solo, carreados para o riacho Timbó, contribuinte do rio Cocó.

Lixão do 4º Anel Viário (margem direita da rodovia, sentido Eusébio/Maracanaú): Degradações constatadas: disposição irregular de resíduos sólidos, com a presença de catadores.

Rio Coaçu (Contribuinte do rio Cocó), próximo ao Cemitério Jardim Metropolitano, na CE-040:

Degradações constatadas: retirada da mata ciliar e aterramento do manancial para construção do crematório e expansão do Cemitério Jardim Metropolitano.

Á montante do antigo Lixão do Jangurussu, na Av. Presidente Costa e Silva:

Degradações constatadas: disposição irregular de resíduos sólidos na Área de Preservação Permanente e tentativa de invasão, objetivando a construção de casas populares.

Antigo lixão do Jangurussu ( área interna0:

Degradações constatadas: área da Estação de Tratamento do Chorume ocupada por casas populares.

Lagoas de Estabilização do antigo lixão do Jangurussu, na Av. Castelo de Castro: Degradações constatadas: ausência de monitoramento da Estação de Tratamento de Efluentes.

À jusante do antigo lixão do Jangurussu, na Av. Paulino Rocha, margem direita do rio, sentido Maracanaú/Eusébio:

Degradações constatadas: vacaria, queimadas da mata ciliar, e invasão para construção de casas populares na Área de Preservação Permanente (APP).

Á jusante do antigo lixão do Jangurussu, na Av. Paulino Rocha, margem esquerda do rio, sentido Maracanaú/Eusébio:

Degradações Constatadas: disposição de resíduos sólidos na APP, retirada da mata ciliar e descarte de pneus no leito do rio.

Ponte da BR-116:

Degradações Constatadas: presença de animais e lançamento de esgotos "in natura", acarretando a eutrofização acentuada do rio Cocó.

(6)

Degradações constatadas: Galerias pluviais com aporte de óleos e graxas no rio Cocó, provenientes de lançamento das oficinas mecânicas à montante do corpo hídrico. Canal do Tauape, próximo à BR-116:

Degradações constatadas: lançamento de efluentes das residências do entorno do canal do Tauape e do rio Cocó, com proliferação de aguapés e consequentemente eutrofização do corpo hídrico. Construções em Área de Preservação Permanente e disposição irregular de resíduos sólidos, inclusive no leito dos mananciais.

Estação Elevatória Reversora do Rio Cocó (CAGECE), próximo ao Canal do Tauape: Degradações constatadas: lançamento de efluentes "in natura", ocasionando a eutrofização do rio, disposição irregular de resíduos sólidos e ocupação desordenada da Área de

Preservação Permanente, contribuindo para erosão e assoreamento do corpo hídrico. Galeria de águas pluviais localizada na Av. Rogaciano Leite, entre os números 200 e 250: Degradações constatadas: Estação de Tratamento de Esgotos dos condomínios localizados na faixa de 2ª Categoria, tendo o rio Cocó como corpo receptor. Existência de galeria de águas pluviais com ligações clandestinas de esgoto.

Ponte da Av. Washington Soares:

Degradações constatadas: lançamento do efluente da ETE do Shopping Center Iguatemi. Av. Antônio Sales c/ Av. Eng. Santana Júnior:

Degradações constatadas: Área de antigas salinas, portanto, solo improdutivo para cultivo agrícola, aterramento dos manguezais, especulação imobiliária e aporte de águas residuárias da lavagem de piscinas dos condomínios.

Foz do rio Cocó (Praia do Futuro – Caça e Pesca):

Degradações constatadas: assoreamento do corpo hídrico, ocupação desordenada da Área de Preservação Permanente, lançamento de esgotos "in natura", retirada da vegetação e disposição de resíduos sólidos na área de manguezal.

Rua Humaitá c/ rua Jamaica:

Degradações constatadas: obra de drenagem de águas pluviais com ligações clandestinas de esgotos direcionadas para os manguezais e disposição de resíduos sólidos nos mesmos. Praia do Futuro (Caça e Pesca):

(7)

Degradações constatadas: desmatamento dos manguezais, construção de barracas de praia na Área de Preservação Permanente, inclusive com exploração comercial e ocasionando o lançamento de esgotos "in natura" nesta área.

CONCLUSÕES

O rio Cocó atravessa a Região Metropolitana de Fortaleza, recebendo uma carga considerável de resíduos sólidos e de esgotos domésticos e industriais, o que torna a qualidade da suas águas bastante crítica.

A ocupação desordenada e o uso irracional do ecossistema em epígrafe têm propiciado danos, tais como, desmonte e desestabilização de dunas, degradação e diminuição de áreas de mangue, erosão assoreamento e poluição do rio, contaminação do solo e lençol freático pela disposição inadequada do lixo e esgotos, surgimento dos problemas sociais e de saúde, o que consequentemente compromete a qualidade de vida da população.

A existência de núcleos urbanos sem infra estrutura básica de saneamento e os problemas supracitados, têm contribuído substancialmente para a elevação dos índices de

contaminação orgânica, tornando o recurso hídrico em desacordo com os padrões estabelecidos pela Resolução CONAMA 20/86, para classe 2, que são destinadas à recreação de contato primário, proteção das comunidades aquáticas e outros usos.

Todas essas ações de degradação são decorrentes de um processo de urbanização acelerada, não sendo observados os Decretos Estaduais Nº 20.252 e Nº 20.253, de 05.09.89

(SDU,1993), os quais delimitam as faixas de preservação permanente do rio e protegem os manguezais (375 há), dunas e áreas inundáveis. Em face da extrema fragilidade desses ecossistemas, a delimitação das áreas de proteção garantem uma proteção mínima das margens do rio, dotando o município de Fortaleza de áreas de grande valor educativo, paisagístico e ecológico.

Os inúmeros impactos ambientais a que este ecossistema vem sendo submetido, tende a contribuir para a redução e/ou desaparecimento dessas áreas de grande importância na manutenção do equilíbrio do rio Cocó, impossibilitando à população de usufruir de benefícios de ordem social, econômica e ambiental.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FERREIRA, Rosa de Lisieux Urano de Carvalho. Degradação ambiental do rio Cocó – (Relatório Técnico nº 173/2000). Fortaleza: SEMACE, 2000. (Doc. Interno).j.

FERREIRA, Rosa de Lisieux Urano de Carvalho, SILVEIRA, Ana Gláucia Magalhães. Avaliação da qualidade da água do rio Cocó após a desativação do lixão do Jangurussu. In:

(8)

CONGRESSO BRASILEIRO DE MEIO AMBIENTE, 2000. Fortaleza. Resumos: Homem, mulher e meio ambiente: os desafios do terceiro milênio. Fortaleza: ESPLAR; Belém: UFPA, 2000.

CEARÁ. Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente. Programa de Infra-Estrutura Básica – Saneamento de Fortaleza. Fortaleza, 1992. V.6,tomo A – EIA, V.6, tomo B – RIMA.

ALMEIDA, Magda Marinho. SOUZA, José Wiliams Henrique de. Degradação ambiental do rio Cocó – (Relatório Técnico nº 156/99 – DIAPE/DETEC/DEFLO). Fortaleza: SEMACE, 1999. (Doc. Interno).

Referências

Documentos relacionados

insights into the effects of small obstacles on riverine habitat and fish community structure of two Iberian streams with different levels of impact from the

A versão reduzida do Questionário de Conhecimentos da Diabetes (Sousa, McIntyre, Martins & Silva. 2015), foi desenvolvido com o objectivo de avaliar o

Realizar a manipulação, o armazenamento e o processamento dessa massa enorme de dados utilizando os bancos de dados relacionais se mostrou ineficiente, pois o

Para devolver quantidade óssea na região posterior de maxila desenvolveu-se a técnica de eleva- ção do assoalho do seio maxilar, este procedimento envolve a colocação de

Más en concreto, argumentaré que el aprendizaje de la ciencia, en contra de lo que han supuesto algunos de los modelos dominantes del cambio conceptua l a partir de la propuesta

De acordo com o Consed (2011), o cursista deve ter em mente os pressupostos básicos que sustentam a formulação do Progestão, tanto do ponto de vista do gerenciamento

8- Bruno não percebeu (verbo perceber, no Pretérito Perfeito do Indicativo) o que ela queria (verbo querer, no Pretérito Imperfeito do Indicativo) dizer e, por isso, fez

e) Rose caminhou muito para encontrar um emprego. 1.ª Oração subordinante; 2.ª Oração subordinada adverbial final.. 6. Completa o quadro, transformando o discurso direto em indireto