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AULA 01 INQUÉRITO POLICIAL

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Academic year: 2021

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AULA 01 – INQUÉRITO POLICIAL

Caros alunos de todo o Brasil, sejam bem-vindos a nossa primeira aula!

Hoje veremos um tema importante e que é objeto de questionamento por praticamente todas as bancas de prova: O inquérito policial.

É um assunto interessante e que constantemente lemos nos jornais e escutamos falar nos telejornais... O problema é que muitas vezes tal tema é tratado de uma maneira incorreta e esses erros acabam ficando na cabeça.

Observe o texto publicado pelo jornal “o globo”:

“A origem das balas com cocaína que levaram 17 crianças e adolescentes a passar mal em uma escola municipal de Santo Antonio da Posse vai ficar sem resposta. A polícia decidiu nesta quinta-feira arquivar o inquérito que apurava o caso.”

Será que este texto está correto? Será que a autoridade policial pode arquivar o inquérito?

Bom, estas e outras perguntas serão respondidas no decorrer da aula e, ao final, você começará a prestar mais atenção nas notícias... Afinal, só mesmo concurseiros “de carteirinha” ficam procurando (e encontrando) erros que quase ninguém acha nos jornais!!!

Dito isto, vamos ao que interessa? Bons estudos!!!

*****************************************************************

1.1 CONCEITO

Constantemente vemos na sociedade fatos que são claramente infrações penais, entretanto não é possível, de pronto, a determinação da autoria e a configuração correta do delito.

Assim, surge no ordenamento jurídico, mais precisamente no Código de Processo Penal (CPP), a figura do inquérito policial, um PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO que tem por finalidade o levantamento de informações a fim de servir de base à ação penal ou às providências cautelares.

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Você deve lembrar-se do triste caso da menina Isabella Nardoni onde ouvimos falar muito no inquérito. Qual era a real finalidade deste procedimento?

A finalidade era a apuração dos autores do delito e a definição de como efetivamente ele ocorreu, a fim de propiciar a atuação do Ministério Público.

Conforme lição do saudoso Prof. Mirabete, o “inquérito policial é todo procedimento policial destinado a reunir os elementos necessários à apuração da prática de uma infração penal e de sua autoria. Trata-se de uma instrução provisória, preparatória, informativa em que se colhem elementos por vezes difíceis de obter na instrução judiciária...“.

Regra geral, os inquéritos são realizados pela Polícia Judiciária (Polícias Civis e Polícia Federal) e são presididos por delegados de carreira, entretanto o art. 4º, parágrafo único, do Código de Processo Penal deixa claro que existem outras formas de investigação criminal como, por exemplo, as investigações efetuadas pelas Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI) e o inquérito realizado por autoridades militares para apurar infrações de competência da Justiça Militar (IPM).

Art. 4º A polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no território de suas respectivas circunscrições e terá por fim a apuração das infrações penais e da sua autoria.

Parágrafo único. A competência definida neste artigo não

excluirá a de autoridades administrativas, a quem por lei seja cometida a mesma função. (grifo nosso)

1.2 CARACTERÍSTICAS

PROCEDIMENTO ESCRITO

Conforme dito anteriormente, a grande finalidade do inquérito é servir de base para uma posterior ação penal.

Desta forma o art. 9º do CPP deixa claro que as peças do inquérito serão reduzidas a escrito ou datilografadas, não sendo possível a ocorrência de uma investigação verbal.

Art. 9o Todas as peças do inquérito policial serão, num só

processado, reduzidas a escrito ou datilografadas e, neste caso, rubricadas pela autoridade.

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OBSERVAÇÃO: Algumas vezes você encontrará a expressão “o depoimento foi REDUZIDO A TERMO”. Isso só quer dizer que foi escrito ou datilografado.

PROCEDIMENTO SIGILOSO

O CPP no seu art. 20 nos diz:

Art. 20. A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade.

O sigilo é um elemento de que dispõe a autoridade policial para facilitar seu trabalho na elucidação do fato.

Tal sigilo encontra-se extremamente atenuado, pois, segundo entendimento do STF, é um direito do advogado examinar, em qualquer repartição policial, mesmo sem procuração, autos de flagrante e de inquérito, findos ou em andamento.

É importante ressaltar que para os atos que dependem de autorização judicial, segundo a CF (escuta, interceptação telefônica etc.), o advogado só terá acesso se possuir PROCURAÇÂO ESPECÍFICA. Neste sentido já se pronunciaram por diversas vezes o STF e o STJ.

Também é permitido o acesso total aos autos ao Ministério Público e ao Juiz.

O sigilo deverá ser observado também como uma forma de preservar a intimidade do investigado, resguardando-se seu estado de inocência. Devido a esta presunção, dispõe o CPP em seu Art. 20, Parágrafo Único:

Art. 20 [...]

Parágrafo único. Nos atestados de antecedentes que Ihe forem solicitados, a autoridade policial não poderá mencionar quaisquer anotações referentes a instauração de inquérito contra os requerentes.

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INDISPONIBILIDADE

Nos termos do art. 17 do CPP, a autoridade policial não poderá mandar arquivar autos de inquérito.

Este é um ponto que gera inúmeras dúvidas, pois se contrapõe ao que normalmente imaginamos como válido. Entretanto, fique tranquilo que tudo ficará claro quando tratarmos, especificamente, do arquivamento.

OFICIOSIDADE

O início do inquérito independe de provocação e DEVE ser determinado de ofício quando houver a notícia de um crime. A oficiosidade decorre do princípio da legalidade (ou obrigatoriedade) da ação pública.

Existem algumas ações para as quais o inquérito não segue este princípio, mas voltaremos neste assunto quando tratarmos das espécies de ação. É importante frisar que não é por toda notícia que deverá ser instaurado imediatamente o inquérito, sendo razoável uma avaliação preliminar para determinar se o ato noticiado realmente constitui crime. Entretanto, a requisição de instauração do inquérito por parte do Ministério Público ou do

O inquérito policial é público, não podendo a autoridade policial impor sigilo, ainda que necessário à elucidação do fato.

Gabarito: ERRADA

CAIU EM PROVA!

***A autoridade policial poderá promover o arquivamento do IP, desde que comprovado cabalmente que o indiciado agiu acobertado por uma causa excludente da ilicitude ou da culpabilidade

Gabarito: ERRADA

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Juiz tem natureza de ordem e não deve ser questionada ou verificada pela autoridade policial.

OFICIALIDADE

Somente órgãos de direito público podem realizar o inquérito policial. Ainda quando a titularidade da ação penal é atribuída ao particular ofendido (ação penal privada), não cabe a este a efetuação dos procedimentos investigatórios.

INQUISITIVO

ATENÇÃO  ESTA É A CARACTERÍSTICA MAIS EXIGIDA EM PROVA!!!

É inquisitivo o procedimento em que as atividades visando à elucidação do fato e à determinação da autoria ficam concentradas em uma única autoridade, no caso a figura do Delegado de Polícia. Este poderá, discricionariamente, decidir como vai proceder para alcançar a finalidade do inquérito.

Durante o inquérito não há que se falar em contraditório e ampla defesa, pois ainda não existe acusado e o indiciado não é sujeito de direitos, mas objeto de investigação.

O ilustre mestre Alexandre de Moraes dispõe que:

"O contraditório nos procedimentos penais não se aplica aos inquéritos policiais, pois a fase investigatória é preparatória da acusação, inexistindo, ainda, acusado, constituindo, pois, mero procedimento administrativo, de caráter investigatório, destinado a subsidiar a atuação do titular da ação penal, o Ministério Público".

***A requisição do MP para instauração do IP tem a natureza de ordem, razão pela qual não pode ser descumprida pela autoridade policial, ainda que, no entender desta, seja descabida a investigação.

Gabarito: CORRETA

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Do exposto podemos resumir:

1.3 INCOMUNICABILIDADE

A incomunicabilidade do investigado está regulamentada no art. 21 do Código de Processo Penal nos seguintes termos:

Art. 21. A incomunicabilidade do indiciado dependerá sempre de despacho nos autos e somente será permitida quando o interesse da sociedade ou a conveniência da investigação o exigir.

Parágrafo único. A incomunicabilidade, que não excederá de três dias, será decretada por despacho fundamentado do Juiz, a requerimento da autoridade policial, ou do órgão do Ministério Público, respeitado, em qualquer hipótese, o disposto no artigo 89, inciso III, do Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil.

***Pelo fato de o IP ser um procedimento administrativo de natureza inquisitorial, a autoridade policial tem discricionariedade para determinar todas as diligências que julgar necessárias ao esclarecimento dos fatos, pois a persecução concentra-se, durante o inquérito, na figura do delegado de polícia.

GABARITO: CORRETA

CAIU EM PROVA!

ATENÇÃO!!!

O ÚNICO INQUÉRITO QUE ADMITE O CONTRADITÓRIO É O INSTAURADO PELA POLICIA FEDERAL, A PEDIDO DO MINISTRO DA JUSTIÇA, OBJETIVANDO A EXPULSÃO DE ESTRANGEIRO. (LEI Nº. 6.815/80).

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A jurisprudência majoritária inclina-se para a inconstitucionalidade do dispositivo. O mais forte argumento no sentido da não recepção deste dispositivo tem por base o art. 136, § 3º, IV, da CF, segundo o qual, na vigência do estado de defesa é vedada a incomunicabilidade do preso.

Parece evidente que se a Constituição proíbe a incomunicabilidade até mesmo na vigência de um "estado de exceção" não seria nada razoável admiti-la em condições normais como conseqüência de um simples inquérito policial.

Ademais, a incomunicabilidade afigura-se incompatível com as garantias insculpidas no art. 5º da CF/88, mormente com as plasmadas em seus incisos LXII ("a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada") e LXIII ("o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado").

Apesar das divergências, um aspecto é indiscutível: a incomunicabilidade prevista no art. 21 do Código de Processo Penal não pode impedir o contado do advogado com o preso. Prevê o art. 7º, III do Estatuto da Advocacia que sempre será facultado ao advogado comunicar-se com seu cliente de forma pessoal e reservada.

1.4 VALOR PROBATÓRIO

Digamos que determinado indivíduo, durante um inquérito, confessou ao delegado de polícia a participação em um crime e tal confissão foi reduzida a termo. Será que a decisão condenatória poderia ser apoiada exclusivamente nesta confissão extrajudicial?

A resposta é não, pois, segundo o STF, não se justifica sentença condenatória baseada unicamente no inquérito policial.

Realmente, agora que já sabemos que o inquérito policial é um procedimento inquisitivo, não seguindo os princípios da ampla defesa e do contraditório, fica fácil entender o VALOR PROBATÓRIO RELATIVO atribuído a tal procedimento administrativo pela Suprema Corte.

Como peça meramente informativa, destinada tão somente a autorizar o exercício da ação penal, não pode por si só servir de lastro à sentença condenatória, sob pena de se infringir o princípio do contraditório, garantia constitucional.

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1.5 VÍCIOS

Os vícios do inquérito não contaminam ou ocasionam nulidades no processo. Tal fato tem por base o caráter meramente informativo da fase inquisitorial.

Assim, se uma confissão foi obtida mediante tortura na fase do inquérito, esta situação não será passível de gerar a anulação da ação penal.

1.6 A NECESSIDADE DO INQUÉRITO

Para se chegar à conclusão da obrigatoriedade ou não do inquérito policial basta pensar na real finalidade de tal procedimento. Se, sem nenhuma investigação policial, for possível a determinação da autoria e do fato, é razoável que esta fase preliminar seja dispensada. O art. 39 § 5o , do CPP deixa claro esta não

obrigatoriedade:

Art. 39.[...]

§ 5o O órgão do Ministério Público dispensará o inquérito, se com a

representação forem oferecidos elementos que o habilitem a promover a ação penal, e, neste caso, oferecerá a denúncia no prazo de quinze dias. (grifo nosso)

No mesmo sentido já definiu o STF:

***Eventuais nulidades ocorridas no curso do inquérito policial contaminam a subseqüente ação penal.

GABARITO: ERRADA

CAIU EM PROVA!

"O inquérito policial não é imprescindível ao oferecimento de denúncia ou queixa, desde que a peça acusatória tenha fundamento em dados de informação suficiente à caracterização da materialidade e autoria da infração penal (STF, RTF 76/741).

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1.7 “NOTITIA CRIMINIS”

É a fase preliminar do inquérito policial. Conforme leciona o professor Fernando Capez, dá-se o nome de notitia criminis (notícia do crime) ao conhecimento espontâneo ou provocado, por parte da autoridade policial, de um fato aparentemente criminoso. É com base nesse conhecimento que a autoridade dá início às investigações.

1.7.1 CLASSIFICAÇÃO:

1. NOTITIA CRIMINIS DE COGNIÇÃO DIRETA OU IMEDIATA

Também chamada de espontânea ou inqualificada, caracteriza-se pela inexistência de um ato jurídico formal de comunicação da ocorrência do delito Ocorre quando a autoridade policial toma conhecimento direto do ilícito através de suas atividades de rotina, de jornais, pela descoberta do corpo do delito, por comunicação da polícia preventiva, por investigações da polícia judiciária, etc.

Nestes casos, a autoridade policial deve proceder a uma investigação preliminar, com a máxima cautela e discrição, a fim de verificar a verossimilhança da informação, somente devendo instaurar o inquérito na hipótese de haver um mínimo de consistência nos dados informados.

2. NOTITIA CRIMINIS DE COGNIÇÃO INDIRETA OU MEDIATA

Também chamada de notitia criminis provocada ou qualificada. Ocorre quando a autoridade policial toma conhecimento do ilícito por meio de algum ato jurídico de comunicação formal do delito.

São exemplos de notitia criminis de cognição indireta:

Delatio criminis simples  É a comunicação por escrito ou verbal, prestada por pessoa identificada. (CPP, art. 5º, § 3o ).

§ 3o Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da existência de

infração penal em que caiba ação pública poderá, verbalmente ou por escrito, comunicá-la à autoridade policial, e esta, verificada a procedência das informações, mandará instaurar inquérito.

Requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Público (CPP, art. 5º, II)

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 Requisição do Ministro da Justiça  (CP, art. 7º, §3º, b)

 Representação do ofendido  (CPP, art. 5º, §4º)

3. NOTITIA CRIMINIS DE COGNIÇÃO COERCITIVA

Ocorre no caso de prisão em flagrante. Nesta hipótese, a comunicação do crime é feita mediante a própria apresentação de seu autor por servidor público no exercício de suas funções ou por particular.

O assunto pode ser resumido através do quadro abaixo que facilita a memorização: C COOGGNNIIÇÇÃÃOO D DIIRREETTAA OOUU I IMMEEDDIIAATTAA C COOGGNNIIÇÇÃÃOO I INNDDIIRREETTAA OOUU M MEEDDIIAATTAA C COOGGNNIIÇÇÃÃOO C COOEERRCCIITTIIVVAA 1-ATIVIDADES ROTINEIRAS 2-JORNAIS 3-INVESTIGAÇÕES 4-CORPO DO DELITO 5-DELAÇÃO APÓCRIFA I INNEEXXIISSTTÊÊNNCCIIAADDEEUUMMAATTOO J JUURRÍÍDDIICCOOFFOORRMMAALL!!!!!! 1-DELATIO CRIMINIS 2-REQUISIÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO 3-REQUISIÇÃO DO MINISTRO DA JUSTIÇA 4-REPRESENTAÇÃO DO OFENDIDO E EXXIISSTTÊÊNNCCIIAADDEEUUMMAATTOO J JUURRÍÍDDIICCOOFFOORRMMAALL!!!!!! PRISÃO EM FLAGRANTE N NOOTTIITTIIAA C CRRIIMMIINNIISS

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1.8 O INÍCIO DO INQUÉRITO POLICIAL

O início do inquérito dependerá do tipo de ação penal.

Sobre este tema, para a compreensão deste tópico, faz-se necessário apresentar alguns breves apontamentos sobre a ação penal. Posteriormente, aprofundaremos os conceitos.

1.8.1 ESPÉCIES DE AÇÃO PENAL

No nosso país as ações penais são divididas em dois grandes grupos:

1. AÇÃO PENAL PÚBLICA 2. AÇÃO PENAL PRIVADA

Essa divisão atende a razões de exclusiva política criminal e é isso que entenderemos agora através de exemplos.

Imaginemos que um indivíduo comete um homicídio. Este delito, obviamente, importa sobremaneira a toda sociedade, pois, a partir de tal fato, fica claro que há um indivíduo no mínimo desequilibrado solto na sociedade.

Desta forma, a ação recebe a classificação de PÚBLICA INCONDICIONADA

e não depende de qualquer pedido ou condição para ser iniciada bastando o conhecimento do fato pelo Ministério Público.

Pensemos agora em outra situação em que uma mulher chega para um homem e diz que ele é “mais feio que briga de foice no escuro”.

Neste caso, temos claramente um crime contra a honra e eis a pergunta: O que este delito importa para a sociedade?

Na verdade, ele fere a esfera íntima do indivíduo e, devido a isto, o Estado concede a possibilidade de o ofendido decidir se inicia ou não a ação penal, atribuindo a este a titularidade. Temos ai a AÇÃO PENAL PRIVADA.

Em um meio termo entre a Pública Incondicionada e a Privada temos a

PÚBLICA CONDICIONADA.

Neste caso, o fato fere imediatamente a esfera íntima do indivíduo e mediatamente (secundariamente) o interesse geral. Desta forma, a lei atribui a titularidade da ação ao Estado, mas exige que este aguarde a manifestação

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do ofendido para que possa iniciar a ação. Tal fato ocorre, por exemplo, no delito de ameaça.

É IMPORTANTE RESSALTAR QUE A REGRA GERAL É A AÇÃO PENAL PÚBLICA, SENDO A PRIVADA, A EXCEÇÃO.

1.8.1.1 AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA

É a ação que pode ser iniciada logo que o titular para impetrá-la tiver conhecimento do fato, não necessitando de qualquer manifestação do ofendido.

Exemplos de crimes perseguidos por ação pública incondicionada: roubo, corrupção, seqüestro.

Sobre a titularidade para iniciar a ação dispõe o Código de Processo Penal:

Art. 24. Nos crimes de ação pública, esta será promovida por

denúncia do Ministério Público, mas dependerá, quando a lei o

exigir, de requisição do Ministro da Justiça, ou de representação do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo. (grifo

nosso)

Conforme o CPP a titularidade da ação pública incondicionada é do Ministério Público, podendo instaurar o processo criminal independente da manifestação de vontade de qualquer pessoa e até mesmo contra a vontade da vítima ou de seu representante legal.

1.8.1.2 AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA

É a ação PÚBLICA cujo exercício está subordinado a uma condição. Essa condição tanto pode ser a demonstração de vontade do ofendido ou de seu representante legal (REPRESENTAÇÂO), como a REQUISIÇÃO do Ministro da Justiça.

Neste tipo de ação, a TITULARIDADE, assim como na ação pública incondicionada, é do Ministério Público.

São exemplos previstos no Código Penal: Perigo de contágio venéreo (art. 130), ameaça (art. 147), violação de correspondência comercial (art. 152),

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divulgação de segredo (art. 153), furto de coisa comum (art. 156), o estupro e o atentado violento ao pudor quando a vítima não tem dinheiro para financiar a ação privada (art. 225, §1º e 2º) etc.

1.8.1.3 AÇÃO PENAL PRIVADA

Neste tipo de ação, o delito afronta tão intimamente o indivíduo que o ESTADO transfere a legitimidade ativa da ação para o ofendido. Perceba que nesta transferência de legitimidade reside a diferença fundamental entre a ação penal PÚBLICA E PRIVADA.

Neste tipo de ação o Estado visa impedir que o escândalo do processo provoque um mal maior que a impunidade de quem cometeu o crime.

Exemplo de crime perseguido por ação privada: todos os crimes contra a honra (calúnia, injúria, difamação - Capítulo V do Código Penal), exceto em lesão corporal provocada por violência injuriosa (art. 145).

1.8.2 FORMAS DE INICIAR O INQUÉRITO POLICIAL NOS CRIMES DE AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA (CPP, art. 5º, I e II, §§ 1º, 2º e 3º)

1- Portaria da autoridade policial de ofício, mediante simples notícia do crime.

Art. 5o Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado:

I - de ofício;

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Art. 5o Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado:

[...]

II - mediante requisição da autoridade judiciária ou do Ministério

Público

3- Requisição do juiz de Direito

4- Requerimento de qualquer pessoa do povo

Art. 5o Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado:

[...]

II – [...] ou a requerimento do ofendido ou de quem tiver

qualidade para representá-lo.

§ 1o O requerimento a que se refere o no II conterá sempre que

possível:

a) a narração do fato, com todas as circunstâncias;

b) a individualização do indiciado ou seus sinais característicos e as razões de convicção ou de presunção de ser ele o autor da infração, ou os motivos de impossibilidade de o fazer;

c) a nomeação das testemunhas, com indicação de sua profissão e residência. (grifo nosso)

Neste caso a autoridade policial não precisa “cumprir” o que é solicitado pelo indivíduo caso entenda descabido o requerimento. Entretanto, a fim de dar garantias ao solicitante e impedir indeferimentos arbitrários, preceitua o parágrafo 2º do art. 5º do CPP:

OBSERVAÇÃO IMPORTANTE

A REQUISIÇÃO DO JUIZ E DO MINISTÉRIO PÚBLICO POSSUI CONOTAÇÃO DE EXIGÊNCIA, DETERMINAÇÃO.

DESTA FORMA, NÃO PODERÁ SER DESCUMPRIDA PELA AUTORIDADE POLICIAL.

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§ 2o Do despacho que indeferir o requerimento de abertura de

inquérito caberá recurso para o chefe de Polícia .

Mas quem é o chefe de polícia? Para a prova de vocês é o SECRETÁRIO DE SEGURANÇA PÚBLICA.

5- Auto de prisão em flagrante (APF)  Apesar de não mencionado expressamente no artigo 5º o APF é forma inequívoca de instauração de inquérito policial, dispensando a portaria subscrita pelo delegado de polícia.

1.8.3 FORMAS DE INICIAR O INQUÉRITO POLICIAL NOS CRIMES DE AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA (CPP, art. 5º, § 4º)

1- Mediante

R

R

E

E

P

P

R

R

E

E

S

S

E

E

N

N

T

T

A

A

Ç

Ç

Ã

Ã

O

O

do ofendido ou de seu representante legal

Art. 5º [...]

§ 4o O inquérito, nos crimes em que a ação pública depender de

representação, não poderá sem ela ser iniciado.

Por representação, também conhecida como delatio criminis postulatória, compreende-se a manifestação pela qual a vítima ou seu representante legal autoriza o Estado a desenvolver as providências necessárias à investigação e apuração judicial nos crimes que a requerem.

Nada impede que a representação esteja incorporada na comunicação de ocorrência policial e neste sentido já se manifestou, por diversas vezes, o STJ. Observe o julgado:

A representação nos crimes de ação penal pública condicionada prescinde de qualquer formalidade, sendo necessário apenas a vontade inequívoca da vítima ou de seu representante legal, mesmo que realizada na fase policial.

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2- Mediante requisição do Ministro da Justiça.

Art. 24. Nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia do Ministério Público, mas dependerá, quando a lei o exigir, de requisição do Ministro da Justiça[...].

Existem alguns delitos que, por questões de política, necessitam da manifestação do Ministro da Justiça para que possam ser investigado. Como exemplo podemos citar os crimes cometidos por estrangeiro fora do País e os crimes contra a honra cometidos contra o Presidente da República.

3- Mediante requisição do Juiz ou do Ministério Público  Desde que exista representação da vítima ou do Ministro da Justiça, dependendo do caso.

4- Auto de Prisão em Flagrante  Desde que exista representação da vítima ou do Ministro da Justiça, dependendo do caso.

1.8.4 FORMAS DE INICIAR O INQUÉRITO POLICIAL NOS CRIMES DE AÇÃO PENAL PRIVADA (CPP, art. 5º, § 5º)

5- Mediante requerimento escrito ou verbal, reduzido a termo neste último caso, do ofendido ou de seu representante legal.

Art. 5º[...]

§ 5o Nos crimes de ação privada, a autoridade policial somente

poderá proceder a inquérito a requerimento de quem tenha qualidade para intentá-la.

***Em todas as espécies de ação penal, o IP deve ser instaurado de ofício pela autoridade policial, isto é, independentemente de provocação, pois tem a característica da oficiosidade.

GABARITO: ERRADA

(17)

1- Mediante requisição do Juiz ou do Ministério Público  Desde que exista requisição da vítima ou do representante legal.

2- Auto de Prisão em Flagrante  Desde que exista requisição da vítima.

Podemos resumir o tema da seguinte forma:

CRIMES DE AÇÃO PENAL PÚBLICA

INCONDICIONADA

CRIMES DE AÇÃO PENAL PÚBLICA

CONDICIONADA

CRIMES DE AÇÃO PENAL PRIVADA

 Ex officio pela autoridade policial, através

de portaria;

 Requisição do Ministério Público ou Juiz;  Requerimento de qualquer do povo, não

importando a vontade da vítima;

 Auto de prisão em flagrante;

 Representação da vítima ou do

representante legal;

 Requisição do ministro da justiça;

Requisição do juiz ou ministério público,

desde que acompanhada da representação da vítima ou da requisição do ministro da justiça;

 Auto de prisão em flagrante, desde que instruído com a representação da vítima.

 Requerimento do ofendido ou

representante legal

Requisição do Ministério Público ou Juiz,

desde que acompanhada do requerimento do ofendido ou de seu representante legal;

 Auto de prisão em flagrante, desde que instruído com o requerimento da vítima ou do representante legal.

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1.9 PROVIDÊNCIAS – ART. 6º DO CPP

Imaginemos um inquérito policial para apurar um homicídio duplamente qualificado e outro para averiguar um furto de galinhas no quintal do vizinho. O inquérito será exatamente igual? Ou melhor, será que seria possível definir um rito procedimental exato a ser executado pela autoridade policial em qualquer situação?

É claro que a resposta é negativa, e o que encontramos no art. 6º do CPP é uma série de procedimentos que, via de regra, deverão ser executados, entretanto para cada caso será uma ritualização diferente, conveniente e oportuna. Observe o disposto:

Art. 6o Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a

autoridade policial deverá:

I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conservação das coisas, até a chegada dos peritos criminais;

II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos criminais

III - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas circunstâncias;

IV - ouvir o ofendido;

V - ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável, do disposto no Capítulo III do Título Vll, deste Livro, devendo o respectivo termo ser assinado por duas testemunhas que Ihe tenham ouvido a leitura;

VI - proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a acareações; VII - determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a quaisquer outras perícias;

VIII - ordenar a identificação do indiciado pelo processo datiloscópico, se possível, e fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes;

IX - averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista individual, familiar e social, sua condição econômica, sua atitude e estado de ânimo antes e depois do crime e durante ele, e quaisquer outros elementos que contribuírem para a apreciação do seu temperamento e caráter.

(19)

Agora resumindo o que importa para sua PROVA:

O inciso I do supracitado artigo nos traz que a autoridade policial deverá dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e a conservação das coisas, até a chegada dos peritos criminais.

Para esta regra existe uma exceção na lei nº. 5.970/73 que nos diz que para acidentes de trânsito a autoridade ou o agente policial que primeiro tomar conhecimento do fato poderá autorizar a imediata remoção dos feridos, bem como dos veículos se estiverem prejudicando o tráfego.

Seguindo no artigo 6º, a autoridade deverá apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos criminais. Esta busca e apreensão poderá ocorrer:

1- No local do crime; 2- Em domicílio;

3- Na própria pessoa.

A autoridade policial ouvirá o ofendido e o indiciado, que poderão ser conduzidos coercitivamente para prestar esclarecimentos caso não atendam às intimações. Poderão ser realizadas acareações e o reconhecimento de pessoas e coisas.

Deverá ser determinada a realização do exame de corpo de delito sempre que a infração deixar vestígios.

No decorrer de nosso curso trataremos mais detalhadamente sobre algumas das citadas providências.

1.9.1 REPRODUÇÃO SIMULADA DOS FATOS

Reza o art. 7º do CPP:

Art. 7o Para verificar a possibilidade de haver a infração sido

praticada de determinado modo, a autoridade policial poderá proceder à reprodução simulada dos fatos, desde que esta não contrarie a moralidade ou a ordem pública.

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A reprodução simulada é um instrumento importante de que dispõe a autoridade policial para elucidar um crime.

Desde que não contrarie a moralidade ou a ordem pública, todos os passos do delito podem ser refeitos com acompanhamento de peritos, possibilitando um maior número de informações para o inquérito.

O indiciado poderá ser forçado a comparecer, mas não a participar da reconstituição, pois, segundo a Constituição Federal, ninguém é obrigado a produzir prova contra si.

1.9.2 IDENTIFICAÇÃO DATILOSCÓPICA

Datiloscopia é o processo de identificação humana por meio das impressões digitais.

O art. 6o, VIII do CPP trata da identificação datiloscópica, dizendo que a

autoridade policial deverá determiná-la.

Aqui há um ponto importantíssimo que precisa ser deixado bem claro:

Dispõe a súmula 568 do STF que a identificação criminal não constitui constrangimento ilegal, ainda que o indiciado já tenha sido identificado civilmente.

Entretanto, tal dispositivo foi editado pela Suprema Corte em 1977 e encontra-se superado pela Constituição de 1988 que traz expressamente no art. 5º LVIII o seguinte texto:

Art. 5º [...]

***A reprodução simulada dos fatos ou reconstituição do crime pode ser determinada durante o inquérito policial, caso em que o indiciado é obrigado a comparecer e participar da reconstituição, em prol do princípio da verdade real.

GABARITO: ERRADA

(21)

LVIII - o civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei;

Isso quer dizer então que NUNCA o civilmente identificado será submetido à identificação criminal? A resposta é negativa, pois o próprio texto constitucional deixa claro que salvo nas hipóteses previstas em lei.

1.10 PRAZO DO INQUÉRITO

O art. 10 do CPP assim dispõe:

Art. 10. O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado tiver sido preso em flagrante, ou estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia em que se executar a ordem de prisão, ou no prazo de 30 dias, quando estiver solto, mediante fiança ou sem ela.

A partir deste artigo podemos definir a seguinte regra geral para a conclusão do inquérito:

INDICIADO PRESO 10 DIAS.

INDICIADO SOLTO 30 DIAS.

O parágrafo 3º do supracitado artigo admite a prorrogação do prazo quando o fato for de difícil elucidação, e o indiciado estiver solto:

§ 3o Quando o fato for de difícil elucidação, e o indiciado estiver

solto, a autoridade poderá requerer ao juiz a devolução dos autos, para ulteriores diligências, que serão realizadas no prazo marcado pelo juiz.

Tal prorrogação não encontra um limite definido no CPP, entretanto, segundo entendimento doutrinário e jurisprudencial deve ser razoável à elucidação dos fatos.

(22)

Conforme enfatizado, o previsto no art. 10 do CPP é a regra e esta é excepcionada por algumas leis especiais que fixam outros prazos. Vamos, agora, conhecer os prazos definidos pelas leis extravagantes:

1.10.1 PRAZOS ESPECIAIS

1

1-- CRCRIIMMEESS CCOONNTTRRAA AA EECCOONNOOMMIIAA PPOOPPUULLAARR –– LLeeii nnºº.. 11..552211//5511::

INDICIADO PRESO OU SOLTO  10 DIAS.

2

2-- LELEII DDEE TTÓÓXXIICCOOSS –– LLeiei nnºº.. 1111..334433//0066 ::

INDICIADO PRESO 30 DIAS.

INDICIADO SOLTO 90 DIAS

3- IINNQQUUÉÉRRIITTOO PPOOLLIICCIIAALL MMIILLIITTAARR::

INDICIADO PRESO 20 DIAS.

INDICIADO SOLTO PRAZO DE 40 DIAS PRORROGÁVEL POR MAIS 20 DIAS.

4- PPOOLLÍÍCCIIAA FFEEDDEERRAALL –– LLeeii 55..001100//6666::

INDICIADO PRESO PRAZO DE15 DIAS PRORROGÁVEL POR MAIS 15.

INDICIADO SOLTO 30 DIAS

***O inquérito policial não pode ter seu prazo de conclusão prorrogado.

GABARITO: ERRADA

(23)

1.10.2 CONTAGEM DO PRAZO

O prazo para o término do inquérito segue a regra do art. 798 § 1º do CPP, ou seja, despreza-se o dia inicial e inclui-se o dia final. Como exemplo, se determinado inquérito teve início no dia 15 de fevereiro às 16:00h, completará a contagem do primeiro dia às 24:00 do dia 16.

É importante ressaltar que para a contagem do prazo do inquérito não há que se falar em sábados, domingos e feriados, pois a Polícia Judiciária possui expediente em tempo integral.

1.11 O FIM DO INQUÉRITO

Concluídas as investigações, a autoridade policial deverá fazer um relatório detalhado de tudo o que foi apurado no inquérito, indicando, se necessário, as testemunhas que não foram ouvidas e as diligências não realizadas.

Art. 10[...]

§ 1º A autoridade fará minucioso relatório do que tiver sido apurado e enviará autos ao juiz competente.

§ 2º No relatório poderá a autoridade indicar testemunhas que não tiverem sido inquiridas, mencionando o lugar onde possam ser encontradas.

A autoridade não deve emitir opiniões ou qualquer juízo de valor sobre os fatos narrados, os indiciados, ou qualquer outro aspecto relativo ao inquérito ou à sua conclusão.

Concluído o relatório, os autos do inquérito serão remetidos ao juiz competente, acompanhados dos instrumentos do crime e dos objetos que interessam à prova.

Art. 11. Os instrumentos do crime, bem como os objetos que interessarem à prova, acompanharão os autos do inquérito.

Deverá também a autoridade policial enviar informações relativas ao inquérito ao Instituto de Identificação e Estatística, nos termos do art. 23 do CPP.

(24)

Art. 23. Ao fazer a remessa dos autos do inquérito ao juiz competente, a autoridade policial oficiará ao Instituto de Identificação e Estatística, ou repartição congênere, mencionando o juízo a que tiverem sido distribuídos, e os dados relativos à infração penal e à pessoa do indiciado.

1.12 ARQUIVAMENTO

Agora será tratado um tema importantíssimo para concurso público e que consequentemente deve ser muito bem estudado. O art. 28 do CPP assim dispõe:

Art. 28. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a denúncia, requerer o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer peças de informação, o juiz, no caso de considerar improcedentes as razões invocadas, fará remessa do inquérito ou peças de informação ao procurador-geral, e este oferecerá a denúncia, designará outro órgão do Ministério Público para oferecê-la, ou insistirá no pedido de arquivamento, ao qual só então estará o juiz obrigado a atender.

1.12.1 COMPETÊNCIA PARA O ARQUIVAMENTO

O primeiro ponto que deve ser deixado claro é que a autoridade competente para o arquivamento de um inquérito é o Juiz. Diferentemente do que muitos pensam, a autoridade policial (Delegado)

não pode determinar tal ato,

conforme expressamente previsto no já analisado art. 17 do CPP.

Outro ponto importante é a participação do Procurador Geral quando ocorre divergência de entendimento entre o MP e a autoridade judicial quanto ao cabimento ou não do arquivamento.

1.12.2 DESARQUIVAMENTO

Dispõe o art. 18 do CPP:

Art. 18. Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela autoridade judiciária, por falta de base para a denúncia, a autoridade

(25)

policial poderá proceder a novas pesquisas, se de outras provas tiver notícia.

Perceba que a autorização é SOMENTE para a realização de novas pesquisas, se surgirem NOVAS PROVAS. Embora tal artigo trate especificamente da autoridade policial, o STF, na súmula 524, amplia a abrangência consolidando a jurisprudência:

SÚMULA 524: Arquivado o inquérito policial, por despacho do juiz, a requerimento do Promotor de Justiça, não pode a ação penal ser iniciada, sem novas provas.

Assim, podemos concluir que o despacho que arquivar o inquérito é irrecorrível, sendo excetuada tal regra somente nos casos de crime contra a economia popular, onde cabe recurso oficial e no caso das contravenções penais previstas nos art. 58 e 60 do Decreto-Lei nº. 6.259/44, quando caberá recurso em sentido estrito.

OBSERVAÇÕES:

1- Não existe número máximo de desarquivamentos, mas, por ser evidente, se ocorrer a prescrição, decadência ou outra causa extintiva da punibilidade, não será possível o desarquivamento.

2- Quando o arquivamento é determinado em virtude da atipicidade do fato, não é possível o desarquivamento constituindo, excepcionalmente, coisa julgada material.

***Por entender inexistente o crime apurado em inquérito policial, o representante do Ministério Público requereu ao juiz competente o arquivamento dos autos. Em tal caso o juiz, aceitando o pedido do Ministério Público e arquivando o inquérito policial, não poderá desarquivá-lo diante de novas provas.

GABARITO: ERRADA

(26)

3- O Juiz não pode arquivar o inquérito sem a manifestação neste sentido do titular da ação.

4- Segundo o STJ, o Juiz não pode desarquivar o inquérito policial de ofício, ou seja, se o IP foi arquivado a requerimento do Ministério Público, e este não concorda com a reabertura, a autoridade judicial não poderá reabri-lo para determinar novas diligências.

Podemos compreender o trâmite do arquivamento através do seguinte quadro esquematizado:

1.12.3 ARQUIVAMENTO IMPLÍCITO

Embora seja muito comum sua prática do dia a dia forense, não está previsto em nenhuma norma expressa, pois se trata de uma construção doutrinária e jurisprudencial. DELEGADO MINISTÉRIO PÚBLICO JUIZ Oferecer denúncia Solicitar arquivamento Solicitar diligências complementares ARQUIVAMENTO PROCURADOR GERAL Determinar ou oferecer a denúncia D Deetteerrmmiinnaarr ao Juiz o arquivamento SIM NÃO

(27)

O arquivamento implícito é fenômeno no qual o Ministério Público, deixa de mencionar na denúncia algum (uns) fato (os) criminoso que estava contido no inquérito ou peça de informação, ou ainda, deixa de denunciar algum (uns) indiciado, sem se manifestar expressamente os motivos que o levaram a tal omissão.

Vindo o arquivamento implícito a ser consumado, quando o magistrado ao exercer sua fiscalização sobre o principio da obrigatoriedade da ação penal (art. 28 – CPP), deixa de se pronunciar em relação aos fatos que foram omissos na denúncia.

Para ficar mais fácil a compreensão, observe como alguns autores tratam do tema:

“Entende-se por arquivamento implícito o fenômeno de ordem processual

decorrente de o titular da ação penal deixar de incluir na denúncia algum fato investigado ou alguns dos indiciados, sem expressa manifestação ou justificação deste procedimento. Este arquivamento se consuma quando o Juiz não se pronuncia na forma do art. 28 com relação ao que foi omitido na peça acusatória” (JARDIM).

“o arquivamento implícito ocorre sempre que há inércia do promotor de

justiça e do juiz, que não exerceu a fiscalização sobre o princípio da obrigatoriedade da ação penal” (RANGEL).

O arquivamento implícito poderá ser analisado diante de um duplo aspecto. No aspecto subjetivo; quando tratar-se de omissão de indiciados. E no aspecto objetivo; quando tratar-se de omissão a fatos investigados. Exemplo: omissão de outros crimes ou omissão de qualificadoras.

Parte da doutrina ainda prevê uma terceira modalidade de arquivamento implícito, que ocorrerá quando estiverem sendo investigados vários fatos criminosos em um único inquérito, e o Ministério Público se pronuncia pelo arquivamento de todo conteúdo do inquérito, no entanto, se referia apenas a um dos fatos que foi apurado no inquérito, alegando que este não era passível de oferecimento de denúncia.

Caso o Juiz homologue totalmente o requerimento, e não se manifeste em relação aos outros fatos criminosos, estará também configurado o arquivamento implícito do inquérito policial. É o também chamado de arquivamento expresso, mas lacunoso.

(28)

1.12.4 ARQUIVAMENTO INDIRETO

O arquivamento indireto ocorre na hipótese de o promotor, simplesmente, manifestar-se no sentido de não oferecer a denúncia sob o fundamento de que o juízo é incompetente para a ação penal.

Tal situação não é considerada admissível pela doutrina e poderá ocasionar a responsabilidade disciplinar do promotor. Explico: Se o membro do Ministério Público entender que o juízo é incompetente deve solicitar ao magistrado a remessa dos autos ao juízo competente e não deixar de oferecer a denúncia quando há justa causa.

No caso de haver divergência entre o promotor e o magistrado, por analogia com o art. 28 do CPP, a “palavra final” será do procurador-geral.

1.13 REGRAS PROCEDIMENTAIS REFERENTES AO INQUÉRITO

Há no CPP algumas regras meramente procedimentais, mas que são exigidas em PROVA. Citarei aqui as que são importantes:

 Os instrumentos do crime, bem como os objetos que interessarem à prova, acompanharão os autos do inquérito.

 O inquérito policial acompanhará a denúncia ou queixa, sempre que servir de base a uma ou outra.

 O ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado poderão requerer qualquer diligência, que será realizada, ou não, a juízo da autoridade.

 Se o indiciado for menor, ser-lhe-á nomeado curador pela autoridade policial.

 O Ministério Público não poderá requerer a devolução do inquérito à autoridade policial, senão para novas diligências, imprescindíveis ao oferecimento da denúncia.

(29)

Futuros aprovados,

Chegamos ao término da nossa primeira aula e, sem dúvida, você encontrará em sua PROVA questões versando sobre os assuntos aqui apresentados.

Sendo assim, releia os conceitos, reveja os pontos sobre os quais ainda restam dúvidas e, assim, esteja cada vez mais perto de sua aprovação.

Abraços, bons estudos e até a próxima aula.

(30)

PRINCIPAIS ARTIGOS TRATADOS EM AULA

Art. 4º A polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no território de suas respectivas circunscrições e terá por fim a apuração das infrações penais e da sua autoria.

Parágrafo único. A competência definida neste artigo não excluirá a de autoridades administrativas, a quem por lei seja cometida a mesma função.

Art. 5o Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado:

I - de ofício;

II - mediante requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Público, ou a requerimento do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo.

§ 1o O requerimento a que se refere o no II conterá sempre que possível:

a) a narração do fato, com todas as circunstâncias;

b) a individualização do indiciado ou seus sinais característicos e as razões de convicção ou de presunção de ser ele o autor da infração, ou os motivos de impossibilidade de o fazer;

c) a nomeação das testemunhas, com indicação de sua profissão e residência. § 2o Do despacho que indeferir o requerimento de abertura de inquérito caberá

recurso para o chefe de Polícia.

§ 3o Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da existência de infração

penal em que caiba ação pública poderá, verbalmente ou por escrito, comunicá-la à autoridade policial, e esta, verificada a procedência das informações, mandará instaurar inquérito.

§ 4o O inquérito, nos crimes em que a ação pública depender de representação,

não poderá sem ela ser iniciado.

§ 5o Nos crimes de ação privada, a autoridade policial somente poderá proceder

a inquérito a requerimento de quem tenha qualidade para intentá-la.

Art. 7o Para verificar a possibilidade de haver a infração sido praticada de

determinado modo, a autoridade policial poderá proceder à reprodução simulada dos fatos, desde que esta não contrarie a moralidade ou a ordem pública.

Art. 9o Todas as peças do inquérito policial serão, num só processado, reduzidas

a escrito ou datilografadas e, neste caso, rubricadas pela autoridade.

Art. 10. O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado tiver sido preso em flagrante, ou estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia em que se executar a ordem de prisão, ou no prazo de 30 dias, quando estiver solto, mediante fiança ou sem ela.

(31)

Art. 11. Os instrumentos do crime, bem como os objetos que interessarem à prova, acompanharão os autos do inquérito.

Art. 12. O inquérito policial acompanhará a denúncia ou queixa, sempre que servir de base a uma ou outra.

Art. 14. O ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado poderão requerer qualquer diligência, que será realizada, ou não, a juízo da autoridade.

Art. 15. Se o indiciado for menor, ser-lhe-á nomeado curador pela autoridade policial.

Art. 16. O Ministério Público não poderá requerer a devolução do inquérito à autoridade policial, senão para novas diligências, imprescindíveis ao oferecimento da denúncia.

Art. 17. A autoridade policial não poderá mandar arquivar autos de inquérito. Art. 18. Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela autoridade judiciária, por falta de base para a denúncia, a autoridade policial poderá proceder a novas pesquisas, se de outras provas tiver notícia.

Art. 19. Nos crimes em que não couber ação pública, os autos do inquérito serão remetidos ao juízo competente, onde aguardarão a iniciativa do ofendido ou de seu representante legal, ou serão entregues ao requerente, se o pedir, mediante traslado.

Art. 20. A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade.

Parágrafo único. Nos atestados de antecedentes que Ihe forem solicitados, a autoridade policial não poderá mencionar quaisquer anotações referentes a instauração de inquérito contra os requerentes, salvo no caso de existir condenação anterior.

Art. 21. A incomunicabilidade do indiciado dependerá sempre de despacho nos autos e somente será permitida quando o interesse da sociedade ou a conveniência da investigação o exigir.

Parágrafo único. A incomunicabilidade, que não excederá de três dias, será decretada por despacho fundamentado do Juiz, a requerimento da autoridade policial, ou do órgão do Ministério Público, respeitado, em qualquer hipótese, o disposto no artigo 89, inciso III, do Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil.

(32)

EXERCÍCIOS

Veremos os exercícios em nossa próxima aula, após analisarmos o tema ação penal. Os dois assuntos estão bem interligados!

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