Assunto:
Medidas de apoio aos trabalhadores e empresas no âmbito da pandemia
Setor: Económico
Caros Colegas,
Vimos dar nota que foi publicado ontem ao fim do dia, em 1º suplemento à I série do Diário da República, o Decreto-Lei n.º 23-A/2021, que, entre outros aspectos, vem dar resposta às diligências que esta Associação efetuou junto do senhor Ministro da Economia e Transição Digital e da senhora Ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social no sentido de permitir o acesso ao regime de Lay-off sim-plificado aquelas empresas cuja atividade não foi encerrada por via administrativa, nomeadamente no caso do encerramento dos estabelecimentos dos seus clientes(1).
O presente diploma vem estabelecer medidas de apoio aos trabalhadores e empresas, no âmbito da pandemia da doença COVID-19, introduzindo alterações a outros diplomas já anteriormente publicados nomeadamente ao Decreto-Lei n.º 46-A/2020, de 30 de julho (nosso mail datado de 31.04.2020 no qual reme-temos a circular 112/2020 da CCP sobre este diploma) na sua redação atual, e ao Decreto-Lei n.º 6-E/2021, de 15 de janeiro (nossa circular 17/2021) que estabelece mecanismos de apoio no âmbito do estado de emer-gência.
Indicamos de seguida os principais aspetos a ter em conta:
» Alteração ao Decreto-Lei n.º 46-A/2020, de 30 de julho, na sua redação atual Retribuição e compensação retributiva
• Durante a redução do PNT, o trabalhador tem direito à retribuição correspondente às horas de tra-balho prestadas, calculada nos termos do artigo 271.º do Código do Tratra-balho.
• Durante aquele período, o trabalhador tem ainda direito a uma compensação retributiva mensal correspondente às horas não trabalhadas, paga pelo empregador, no valor de quatro quintos da sua retribuição normal ilíquida, até ao triplo da retribuição mínima mensal garantida (RMMG).
• Se da aplicação conjunta do disposto nos pontos anteriores resultar montante mensal inferior à retribuição normal ilíquida do trabalhador, o valor da compensação retributiva pago pela segurança social é aumentado na medida do estritamente necessário de modo a assegurar aquela retribuição, até ao limite máximo de uma retribuição normal ilíquida correspondente a três vezes o valor da RMMG. (¹) Ver ponto "Alteração ao Decreto-Lei n.º 6-E/2021, de 15 de janeiro - Apoios à manutenção dos contratos de trabalho"
• A compensação retributiva é calculada proporcionalmente às horas não trabalhadas e entende-se como retribuição normal ilíquida o conjunto das componentes remuneratórias regulares normalmen-te declaradas à segurança social e habitualmennormalmen-te pagas ao trabalhador, relativas a:
- Remuneração base; - Prémios mensais;
- Subsídios regulares mensais, incluindo de trabalho por turnos;
- Subsídio de refeição, nos casos em que este integra o conceito de retribuição; - Trabalho noturno.
• O trabalhador que exerça ou venha a exercer atividade remunerada fora da empresa deve comunicar tal facto ao empregador, no prazo de cinco dias a contar do início dessa atividade, para efeitos de eventual redução da compensação retributiva, sob pena de perda do direito à mesma, de constituição do dever de restituição dos montantes recebidos a este título e, ainda, de prática de infração disci-plinar grave.
• O empregador deve comunicar à segurança social a situação referida no ponto anterior, no prazo de dois dias a contar da data em que dela teve conhecimento.
Apoio simplificado para microempresas à manutenção dos postos de trabalho
• O empregador que esteja em situação de crise empresarial, que seja considerado microempresa e que tenha beneficiado do apoio previsto no artigo 5.º do Decreto-Lei n.º 10-G/2020 (apoio extraordi-nário à manutenção de contrato de trabalho em situação de crise empresarial), de 26 de março, na sua redação atual, ou que beneficie do apoio extraordinário à retoma progressiva de atividade com redução temporária de período normal de trabalho, tem direito a um apoio financeiro à manutenção dos postos de trabalho, no valor de duas RMMG por trabalhador abrangido por aqueles apoios, pago de forma faseada ao longo de seis meses.
• O empregador que beneficie do presente apoio deve cumprir os deveres previstos no contrato de trabalho, na lei e em instrumento de regulamentação coletiva de trabalho aplicável, bem como:
- Manter, comprovadamente, as situações contributiva e tributária regularizadas perante a segu-rança social e a AT;
- Não fazer cessar, durante o período de concessão do apoio, bem como nos 60 dias seguintes, contratos de trabalho por despedimento coletivo, despedimento por extinção do posto de trabalho e despedimento por inadaptação, previstos nos artigos 359.º, 367.º e 373.º do Código do Trabalho, nem iniciar os respetivos procedimentos;
- Manter, durante o período de concessão do apoio, bem como nos 90 dias seguintes, o nível de emprego observado no mês anterior ao da candidatura.
• Para efeitos da verificação do nível de emprego, não são contabilizados os contratos de trabalho que cessem, mediante comprovação pelo empregador:
- Por caducidade nos termos do artigo 343.º do Código do Trabalho; - Por denúncia pelo trabalhador;
- Na sequência de despedimento com justa causa promovido pelo empregador.
• O empregador que, durante o primeiro semestre de 2021, tenha beneficiado do apoio acima referido, que, no mês de junho de 2021, se mantenha em situação de crise empresarial, e ainda que, em 2021, não tenha beneficiado do apoio extraordinário à manutenção de contrato de trabalho, nos termos do Decreto-Lei n.º 6-E/2021, de 15 de janeiro, ou do apoio extraordinário à retoma progressiva de ativida-de previsto no Decreto-Lei n.º 46-A/2020, ativida-de 30 ativida-de julho, tem direito a requerer uma RMMG adicional entre julho e setembro de 2021.
• Só pode beneficiar do apoio previsto acima o empregador que, no primeiro trimestre de 2021, não tenha beneficiado do apoio extraordinário à manutenção de contrato de trabalho, nos termos do De-creto-Lei n.º 6-E/2021, de 15 de janeiro, ou do apoio extraordinário à retoma progressiva de atividade previsto no o Decreto-Lei n.º 46-A/2020, de 30 de julho.
• É prorrogada até 30 de setembro de 2021 a sua vigência.
» Alteração ao Decreto-Lei n.º 6-E/2021, de 15 de janeiro
Apoios à manutenção dos contratos de trabalho
• A suspensão de atividades e o encerramento de instalações e estabelecimentos por determinação legislativa ou administrativa de fonte governamental, no âmbito do estado de emergência, confere ao empregador:
- O direito a requerer, pelo número de dias de suspensão ou de encerramento, o apoio extraordiná-rio à manutenção de contrato de trabalho em situação de crise empresarial, ao do Decreto-Lei n.º 10-G/2020, de 26 de março;
- O direito a desistir do período remanescente do apoio extraordinário à retoma progressiva, quan-do quan-do mesmo se encontre a beneficiar, e a requerer subsequentemente o apoio extraordinário à manutenção de contrato de trabalho pelo número de dias de suspensão ou de encerramento, nos termos previstos no Decreto-Lei n.º 10-G/2020, de 26 de março.
• Pode ainda aceder ao apoio extraordinário à manutenção do contrato de trabalho em situação de crise empresarial, nos termos do Decreto-Lei n.º 10-G/2020, de 26 de março, na sua redação atual, o empregador que se encontre em paragem total ou parcial da atividade da empresa ou estabe-lecimento superior a 40 %, no mês anterior ao do requerimento a efetuar no mês de março e abril de 2021, e que resulte da interrupção das cadeias de abastecimento globais, ou da suspensão ou cancelamento de encomendas, nas situações em que mais de metade da faturação no ano anterior tenha sido efetuada a atividades ou setores que estejam atualmente suspensos ou encerrados por determinação legislativa ou administrativa de fonte governamental.
• Nas situações acima referidas, é conferido aos membros de órgãos estatutários que exerçam fun-ções de gerência, com declarafun-ções de remunerafun-ções e registo de contribuifun-ções na segurança social e com trabalhadores a seu cargo, o direito a recorrer ao apoio extraordinário à manutenção do con-trato de trabalho em situação de crise empresarial, nos termos do Decreto-Lei n.º 10-G/2020, de 26 de março.
» Novo incentivo à normalização da atividade empresarial
• O empregador que, no primeiro trimestre de 2021, tenha beneficiado do apoio extraordinário à ma-nutenção de contrato de trabalho, nos termos do Decreto-Lei n.º 6-E/2021, de 15 de janeiro, ou do apoio extraordinário à retoma progressiva de atividade previsto no Decreto-Lei n.º 46-A/2020, de 30 de julho, na sua redação atual, tem direito a um incentivo extraordinário à normalização da atividade empresarial.
• O incentivo é concedido, por trabalhador abrangido pelos apoios, de acordo com os seguintes cri-térios:
a) Quando requerido até 31 de maio de 2021, tem o valor de duas vezes a remuneração mínima men-sal garantida (RMMG) e é pago de forma faseada ao longo de seis meses,
b) Quando requerido em data posterior à referida na alínea anterior e até 31 de agosto de 2021, tem o valor de uma RMMG, pago de uma só vez, correspondente ao período de três meses.
• O número de trabalhadores da empresa é aferido por referência ao mês anterior à apresentação do requerimento, tendo como limite o número de trabalhadores abrangidos pelos apoios no último mês da sua aplicação.
• Ao incentivo previsto na alínea a) acima acresce o direito à dispensa parcial de 50 % do pagamento de contribuições para a segurança social a cargo da entidade empregadora, com referência aos tra-balhadores abrangidos, durante os primeiros dois meses do incentivo.
• O empregador que beneficie do presente incentivo deve cumprir os seguintes deveres:
- Manter, comprovadamente, as situações contributiva e tributária regularizadas perante a segu-rança social e a Autoridade Tributária e Aduaneira;
- Não fazer cessar, durante o período de concessão do apoio, bem como nos 90 dias seguintes, contratos de trabalho por despedimento coletivo, despedimento por extinção do posto de trabalho e despedimento por inadaptação, previstos nos artigos 359.º, 367.º e 373.º do Código do Trabalho, nem iniciar os respetivos procedimentos;
- Manter, durante o período de concessão do apoio, bem como nos 90 dias seguintes, o nível de emprego observado no mês anterior ao da apresentação do requerimento.
cessem, mediante comprovação pelo empregador:
- Por caducidade, nas situações previstas no artigo 343.º do Código do Trabalho; - Por denúncia pelo trabalhador;
- Na sequência de despedimento com justa causa promovido pelo empregador.
• O incentivo previsto não é cumulável, em simultâneo, com os apoios previstos nos Decretos-Leis n.os 46-A/2020, de 30 de julho, e 10-G/2020, 26 de março, nem com as medidas de redução ou sus-pensão previstas nos artigos 298.º e seguintes do Código do Trabalho.
» Entrada em vigor e produção de efeitos
O presente decreto-lei entrou hoje, dia 25/03, em vigor.
A presente informação não dispensa a leitura integral do Decreto-Lei n.º 23-A/2021, cujo teor pode ser consultado em: https://dre.pt/application/file/a/159994254