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FACULDADE DE
MEDICINA
Dl
BAHIA.
THÉSE
DE
Frederico
Augusto
de
Moura
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>8
1935FACULDADE
DE MEDICINA
DA
BAHIA.
THESE
QUE SUSTENTA
ipiíiaii (dibv
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<Dq&jíi
DE
DOUTOR
Sl£
3^CESE)IC!IXT-A-EM NOV3^CESE)IC!IXT-A-EMBRO
DE
1864
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eao?HCG
*yfouauà£o
de<^rv\
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natural decaxias (província do maranhão)E
FILHO LEGITIMO
de Wtaymundo
Jfosé
de
Moura
e
19.Angélica
ftoza
da
Silva
Moura*
BAHIA.
TYPOGRAPHIA
CONSTITUCIONAL
DE FRANÇA
GUERRA.
Ao
Aljube
11. 1.O
E\ni. Sr. Cous. Dr. J<,ão Baptista dos Anjos. VICE-DIRECTORO
E\m.
Sr.Conselheiro
Vicente
Ferreirade
.llngallincs.1ENTES
PROPRIETÁRIOS./.»
ANNO.
OS SENHORES DOUTORES. MATÉRIAS QUE LECCIONÃO.
Cous. Vicente Ferreira de Magalhães . Physica ein geral, c particularmente cm «tia»
a|i|ilicarõesa Medicina.
Fancisco Rodrigues da Silva
....
Gbimica eMineralogia.Adriano Alves de LimaGordilho. . . Anatomia dtsciiptiva. 2.°
ANNO.
António Mariano do RomPim
....
Botânica e Zoologia António de Cerqueira Tinto Chimica organ.ca.Pliysiologia.
AdrianoAlvesde Lima Gordilho. . . Anatomiadescriptiva, sendo osalumnos
obri-gadosdissecções anatómicas.
3."
ANNO.
1'hysiologia.
Elias José Pedroza Anatomiageralc pathologica.
José de Coes Siqueira Pathologiageral.
4."
ANNO,
Cous. Manoel Ladisláo Aranha Dantas . Pathologia externa.
AlexandreJoséde Queiroz Pathologia interna.
Matinas Moreira Sampaio Partos, moléstias de mulneics pejadas euc
meninorecem-nascidos.
5."
ANNO.
Alexandre José de Queiroz
....
Pathologia interna.JoséAntónio de Freitas Anatomia topogiaphica, Medicina operatória c
Bpparelhos.
Joaquim António d*01iveira Botelho. . Matéria medica etherapeutica.
6.°
ANNO.
Domingos RodriguesSeixas Hygiene, e Historiada Medicina.
Salustiano Ferreira Souto Medicinalegal.
António José Ozorio Pharmacia.
Autonio José Alves. . . Clinicaexterna do3.ei.
António Januário deFaria Clinica interna do5.c 6.
UNTES
OPPOSITORXS.José Aflonso Paraizo de Moura. . .
Augusto Gousalves Martins
-Domingos Carlos da Silva
...
A SecçãoCirúrgica.Ignacio Joséda Cunha
....
Pedro Nibeiro de Araújo
....
Rozendo Aprigio Pereira Guimarães. .^ SecçSo Accessoria.
José Ignaciode Barros Pimentel. .
Virgílio Climaco Dainazio
...»
AntónioAlvares daSilva....
Demétrio Cjiiaco Tourinho . . .
Luiz Alvaresdos Santos {Secção Medica.
João Pedro daCunha Valle. . . .
JerónimoSodré Pereira
SECRETARIO—
O
Sr. Dr.Cincinnato Pinto
da
Silva.OFFICIALDASECRETARIA—
O
Sr.Br.Thomaz
d
Aquino
Gaspar.
SECÇÃO
DE
SCIENC1AS
CIRMGICAS.
INFECÇÃO
PURULENTA, SUAS CAUSAS
EMODO
DEPRQDUZIR-SE.
M8MâQ&D<
PRIMEIRA PARTE
'EFIMÇÃO.—
Infecção purulentaéum
estadomór-bido grave, produzido pela mistura do pus
com
osangue, e caracterisado porabscessos múltiplos,
dis-seminados
em
differentespontosda economia, e porsymptomas
ataxo-adynamicos ordinariamente mortaes.
Anatomia
Patnologica.
Existindosomente emPathologia
uma
moléstiacapazdeformar o producto mórbidosem
análogo na economia,denominado
pus;sendoa infecçãopurulenta produsidapela presença deste liquidona
torrentecirculatória, e caracterisada por abscessos metastaticos,
se-gue-seque omedico, paraestabelecer post-mortem o diagnosticoda
infecçãopurulenta, deve indagartrêsfactosfundamentaes:
DISSERTAÇÃO
1 .° Ascircumstancias,
em
queamoléstia sedeclara:2.°
A
presença do pus no sangue, querpela inspecção directa,querpela microscópica:
3.°
A
existência dascollecções purulentasTratarei da primeira parte,
quando
fallardaEthiologia. PelainspecçãodirectaYelpeauachouosanguesemelhanteá
uma
papaes•cura;Castelneau, eDucrest fluido,negro,e incompletamente
coagu-lavel. Affirma-se que,se tirando sangue de
uma
veia, edeixando-oem
repouso, obtem-seum
coalho pequeno, diffluente, cobertodeuma
côdea molle, esverdinhada, ou semeada de granulações»fibri-nosas; affirma-se ainda que, para descobrir apresença do pus
no
sangue,basta batel-oao sahirdaveia, porque neste cazo formam-se
grumos
íibrinosos,aoenvezdcuma
membrana
elástica, etenaz,como
quando
o sangueestánormal;mas cumpre
confessarapoucaimpor-tância destescaracteres,
uma
vezquesepodeencontral-osem
outrosestados mórbidos, contentando-nos porora
com
dizercom
Nelatonque
sóse reconhecea existência do pusno
sangue,quando
osgló-bulos são mui numerosos, ou
quando
elles se temreunidoem
focosno
centrodeum
coalho. Peloexame
microscópicoe pela analysechymicaaquestãodo diagnostico
muda
de face«
O
quequerem
dizercom
esta expressão:presençado pusno
sangue? (dizemosSrs. Becquerel e Rodier); éque opussepode achar no
sanguecom todos osseos elementos?E'
um
facto impossíveldedemons-trar,eeis-aquí porque:
A
maior parte dasmatérias,que
constituem opus,seachanormalmente nosangue. . . Ora,
como
determinaroquepertenceaopus,eoquepertenceaosangue?
Em
geralcomo
hasomen-te
uma
pequenaquantidade depusno sangue,nadasepoderia concluirdo
augmentode
proporção doselementos chimicos, quenormalmen-tecontém. Resta
um
elemento, elementoqueéo principioconstitu-tivodopus; éo glóbulo.
Toda
aquestão,pois, pode reduzir-seáisto:Tem-se achadoglóbulosdepusnosangue?Responderemos: Sim,
pro-vavelmente.
Misturando-se artificialmente pus e sangue, e examinando-se
com
omicroscópio o resultadodamistura, encontram-se unidososPRIMEIRA
PARTE
5Só
hauma
observação afazer, éque os glóbulos depus temgrande semelhançacom
osquesetemchamado
osgrandesglóbulosbrancosdo
sangue, semelhança tal, que quasi semprese confundem. Ora,nocaso deque falíamos,estamos prevenidos damisturaartificial, e,
prevenido o espirito,os olhos difíicilmente se
enganam.
Porém quando
uma
pequena quantidade de glóbulos de pusexiste accidentalmente no sangue, a difficuldade é excessiva, e,
apezar do maior habito, affirmamos;quesósepôde emittir
proba-bilidades, e que impossivelé decidir se os glóbulos, que se acham,
são antes glóbulos de pus, do que grandes glóbulos brancos do
sangue. »
«O
Sr.Donné
indicouum
processo muitoengenhoso,consis-tindo
em
pôrnocampo
do microscópiouma
gotta de sangueem
contacto
com
outra deammoniaco.
Os glóbulos vermelhos, e osgrandes glóbulos brancos do sangue, se dissolvem quazi
instan-taneamente;
mas
pondo-seuma
gottadepus e outrade ammoniaco,os glóbulos de pusse dissolvem
também
no ammoniaco,mas
com
difficuldade muito maior, e sobretudo muito mais lentamente. E'
nesta distincçàoque ellefundao diagnosticodopus. Este processo
é engenhoso,
porém
muitas vezes infiel, porque não dá caracterpositivo, esimdifferença demais amenos, e além disso pôde
acon-tecerque se acheglóbulos de sangue, quesedissolvam mais
lenta-mente no ammoniaco,
entretanto que os de pus ahi se dissolvam mais rspidamcnte.» Concluamos, pois,com
os Srs. Becquerel e Rodier, a presença dos glóbulos de pus no sangue éum
factomui
provável, se não certo; a sua demonstração positiva de extrema
difficuldade.
COLLECÇÕES PURULENTAS.—
O
caracter anatómicoespe-cial á moléstia
em
questão é a existência de abscessos metastaticosem
diflferentes pontos do organismo. Quazi todos os tecidosem
geralpodem
seroccupadosporelles,aftectando-os todavia deprefe-rencia na
ordem
seguinte: Pulmões, fígado, baço, rins, cérebro,coração, tecido cellubar, músculos, articulações,
membranas
syno-viaes, sorosas e finalmente banhas tendinosas, e tecido esponjoso
como
ainda a porção d'elles, que encerra maiornumero
de vasos;com
effeito, no cérebroe nos rins,invadem
ordinariamente asub-stancia cortical; se a vísceraé dupla,
como
o pulmão, de preferenciaoccupam
amais volumosa,seemíim
ella édivididaem
muitos lobos,o maisgrosso é asua sede de predilecção.
Como
quer queseja, cllesexistem sobretudo na pcripheriados órgãos, logo abaixo da
mem-branade envolucro,eacontece muitasvezesqueesta sendodenatu-reza sorosa, ellesirritam-na, e d'ahi o apparecimento de diversas
phlegmasias.
O
numero
d'ellesnada tem de fixo; o volume variad'esde o dacabeça de
um
alfinete até o deum
ovo.O
desenvol-vimentoé, naexpressãode Nelaton, constantementeo resultado de
uma
elaboraçãolocal análoga aquepreside ao desenvolvimento dosabscessosphlegmonososordinários,desorte que, prosegue o
mesmo
autor, sua evolução apresenta asuecessão dos
phenomenos
seguin-tes, claramente formulados pelo Sr. Tessier: Io Injecção
vascu-lar; 2.
°infiltraçãosanguínea
com
amollecimentodo tramaorgânico; 5.° infiltração purulenta; 4.° collecção do pusem
fococom
des-apparição do tramaorgânico; 5.° circumscripçãodo foco por
uma
membrana
pyogenica. Feito esteresumo, ipso facto, temos aponta-doo ponto de partida, o desenvolvimento, emíim, dos abscessosem
geral; entretanto seguiremos a
marcha
d'essa evoluçãoem
algunsórgãos, apresentaremos certas diíTerenças e concluiremos
com
aprimeira partedonosso trabatho. Os abscessos dos pulmões,
fíga-do, ebaço, tem
em
geral osmesmos
caracteres anatómicos;princi-piam
poruma
ecchymose,uma
infiltração sanguínea, que, combi-nada intimamentecom
os tecidos, forma núcleos duros, que, corta-dos, apresentam, segundo Grisolle,uma
superfície uniforme,decòrnegra, mais carregada no centro do que na peripheria: mais tarde
vè-se disseminados aqui, e alli, pequenos pontos opacos e
puru-lentos, que vão cada vezse tornando maissensíveis, até que por fim
o núcleo,amollecendo do centro para a superfície, se converte
em
um
abscesso.Os
do baço são pouco numerosos, extensos,irregu-lares, e encerram
uma
mistura depus, sangue, e detrito do órgão,cujas diíTerençastem asua razão de ser na própria textura da
PRIMEIRA
PARTE
O
pus occupandoa substancia celebrai, forma abscessosmui
diminuitos e multiplicados, infiltradosá maneira de pequenas
got-taspurulentas na substanciacortical.
No
coração elles existemquer na espessura das paredesventriculares, quer na dos septros, quer nascolumnascarnudas.No
tecido cellular os abscessos, seguindo a lei geral, existemora disseminados, ora tãoapproximados, que dão
em
consequênciavastassuppurações;emfim,paraconcluir,diremosquesetem
encon-tradopusnas cavidades sorosas, articulações, tecido ósseo, bainhas
lendinosas, bolsas synoriaesetc. , onde elle se apresenta
sem
parti-cularidade notável.
SEGUNDA
PARTE.
Etliiologia,
Duas
theorias, diametralmente oppostas, apparecem na arenascicntifica, cada qualquerendo explicar a ethiologia dainfecção
pu-rulenta.
Uma
créem
causas imaginarias, nageração espontânea dopus; aoutra attribueamoléstia á introducçãodo pus nacirculação.
Tessier, querepresenta aprimeira theoria,define a infecção
puru-lenta nestes termos: «
Uma
modificação do organismo caracterisadapelatendênciaáproducçãodo pus nos sólidos, elíquidosda
econo-mia
com
ausência de todaphlegmasia local.»Pus
sem
inflamniaçãopreliminar, eiso ponto capital, de cujasolução dependeasortebòa, ou
má
do edifício construído porTes-sier.
Boehmer
e Murray, defensorestambém
dageração espontâneado pus, justificam-na
com
argumentosdedusidos doscasos,em
quea formação do pus não temsidoprecedida defebre, dosexemplosde tuberculosamollecidos,esuppuradossemsymptomas de phlegmasia, dosfactos
emfim
deabscessoscríticosoumetastaticos produsidosim-mediatamenle, esem
trabalholocal.Com
semelhantes alicerces decerto, que
bem
cedo se teriade lamentara queda do grande edificio.ComeíTeito, quantas plilogmasiaslatentes, insidiosas, e apyreticas,
não existem disfarçadas, e traiçoeiramente circumscriplas
em
um
pequeno ponto daeconomia, illudindomuitas vezesa perspicáciado medico?Pelo simples factoda necroscopianão demonstrar algumasvezes vestígio deinflammaçàoao redor do foco purulento, deve-se
concluir
com
toda a lógica que não houve precedentementetraba-lho
algum
phlegmasico?Quem
desconheceque
estesestadossesue-cedem
e que ordinariamente,quando
o pus está formado, desap-paraceaphlegmasia? Seem uma
pleuresia,acompanhada
dederra-mamento,
a necroscopia denunciar perfeita integridade da pleura, direisque ellanunca soffreo de inílammação,e queas falsasmem-branas, e a collecção sero-purellenta, testemunhas delia, se tem gerado
sem
phlegmasia? Quantas inftammações,como
cita Houel,se terminam
em
doze horas pela suppuração?Não
é pois deadmi-rar que o facto inicial escape á abserração.
Em
conclusãodire-mos com
Berard que não ha pussem
inílammação.Analysando agora a theoria dos que attribuem a moléstia á
introducção do pus na circulação, afirmamosdesde ja que é esta
a causa única da infecção purulenta, firmando-nos nas quatro
proposições seguintes, formuladas por Sedillot: l.a
a
preexistên-cia constante de
um
foco de suppuração 2.a a relaçãoobserva-da entre a formação do pus nas veias, a passagem deste liquido
no
sangue e o desenvolvimento da pyoemia; 5." apresença
veri-ficada do pus no sangue; 4.a os resultados das injecções de pus
nas veias dos animaes, que apresentam os
mesmos
symptomas, eas
mesmas
lesões anatomo-pathologicas, que se encontra nos fe-ridos.Finalmente resta ainda saber:
uma
vez introduzido nacir-culação,
em
virtude de que elementos obra o pus? Sedillotvem
ainda esta vez dar a solução do problema.
A
serosidade do pusque não tem soffrido a fermentação pútrida, não exerce acção
toxica sobre a economia, e pode ser injectada nas veias
em
do-sesenormes
sem
determinar accidente; os glóbulos ao contrarioSEGUNDA PARTE
oecasionam immediatamente os accidcntes e todas as lesões ana-tómicas da infecção purulenta. Era fácil de prever este resulta-do, diz Monneret
em
sua obra de pathologia geral, considerandoque todos os dias abscessos consideráveis se esvasiam,
suppura-ções se estancam porvia de reabsorpção,
sem
quenenhum
sym-ptomn pyemico se manifeste.Somos
levados a crerqueos glóbulosde pusficampresosnos tecidos, e ahi soffrem mais tarde
um
tra-balho de dissolução ou de distruiçào. Sabido que a causa
deter-minante da infecção purulenta é a presença do pus no sangue, sabido
que
o elemento globular representa o principal papel na sua manifestação, é natural perguntar-se: Por ondepenetrouopusnacirculaçãoparair produzir tantos estragos, e devastações? Talé
a questão que
convém
analysar; ella é filha de duas doutrinas,que
sedisputampara explicar a infecção purulenta, e quepodem
ser denominadas doutrina daphlebite, e doutrina da absorpção.
DOUTRINA
DA PHLEBITE.—
Hunter, que construio aspri-meiras bases da historia da phlebite, disse:
Em
todos os casosem
que
otecido cellular seinílamma, asmembranas
dos grossos vasos,que
atravessama parte inílammada. . . seinílammam
também
e. . .a cavidade das veias
me
tem
apresentadoem
certos pontosadhe-rencias
em
outros pus, eem
outros ulcerações. Então seforma-riam abscessos nas veias, se o pus não fosse levado muitas veses
para o coração
com
o sangue. . .E
examinando-se o vaso destelugar para a extremidade peripherica ou para o coração, acha-se
opus misturado
com
o sangue.
Ribes vio igualmente pus nas veias, e alémdisso assígnalou algumasalleraçõas,queestes vasosapresentavam.
Reynaud
refere oexemplode
uma
phlebite seguida de abscesso nofígado epulmões e dederramamento
pleuritico. Valleix,em
suaobra—
Guiado
medicopratico, citando Kinsbourg, apresenta
um
caso dephlebiteespon-tânea seguida de infecção purulenta. Dance, apoiado
em
grandenumero
deobservações,examinando
com
minuciosidade o útero de mulheresmortas de metritepuerperal, e vendo as veias, quepar-tiam deste órgão,inflammadas, cheiasde pus, ecoalhos, estabeleceo
que a inflammação da
madre
se transmittindo ás veias visinhas,<
i
Verificada ainda sobre o coto dos amputados, na
circumvisi-nhança dos abscessos, e após
uma
sangriade precaução, aexistên-ciade inflammação nasveias, coincidindo
com
todos os accidentesda infecção purulenta, a theoria da phlebite se tem generalisado
tanto que Cruveilhier, Blandin e Berard estabeleceram,
como
uma
lei,quea phlebite não só é a causa a mais ordinária,
porém
aindaa condição indispensável, a razão única da introdução do pus na
circulação. Tessier, partidário da geração espontânea do pus,
tem
procurado refutar vivamente a theoria da phlebite, apresentando
para issoduas objecções: 1.°
Um
dosprimeiros, se não oprimeiroeffeito da phlebite, é determinar a formação de
um
coalho, que, circumscrevendoo foco purulento, detém o cursodo sangue, e por conseguinte não permitteao pusde iralém doponto de suaforma-ção; 2.° a observaçãomostra
um
grandenumero
de casos,em
que
se tem visto abscessos metastaticos
com
todos ossymptomas
dainfecção perulenta,
sem
que se tenhaencontradovestígioalgum
dephlebite. Acceitando o primeiro facto,
negamos
porém
o valor daobjecção; se algumas vezes,
com
efieito, a porção deveia doenteestásequestrada da circulaçãoporcoalhos adherentes, deve-sc
con-cluirsempre que não houve misturado pus
com
o sangue?Repugna
admittir-sequeesta misturasetenhadado antes daorganisaçãodos
coalhos?
Repugna
admittir-sequeestescoalhos,aindamesmo
existin-do desde o começo da moléstia, se descollem, ou se
rompão
em
uma
certa epochadando
assim passagem ao pus?Repugna emíim
admittir-se que as veias collateraes se encarreguem de tão triste
missão? Se pois, nãoéprovável a primeiraobjecção,é
porém
incon-testávelo valorda segunda, e o próprio Berard, procurando resol-vel-a,reconheceadifficuldade,
quando
diz: ces casneseprésen-tentpas souventauxanatomistes,qui font des recherchespatientes
enprocédant aux autopsies des cadavres, et nous ajouterons que, danslescas
mèmes
oú l'on n'a rien trouvé d'aprésune
dissectionattentive, ilyavait eu néanmoins sécrétion
du
pus dans quelquesveinules. Responder quenestes casosa phlebiteestálimitada
nas-radiculas as mais delgadas, subtrahindo-se d'esta sorte aos nossos
SEGUNDA PARTE
O
mento
para encobrir nossa ignorância. Admiltindo por tanto queella não abranja a totalidadedoscasos, queellanãodè oexemplo de
uma
lei tão absoluta,convém
todaviareconhecerasua importância.Basta
com
effeito observar, segundo Berard, a suecessão dosphenomenos
locaes, e dosphenomenos
geraesda plilebite,em
casostodos particulares, paraque se não possa duvidar que a infecção
purulenta não seja
uma
simples consequência da inflammação dasveias.
Quando
se vê, continua omesmo
autor,um
homem
no meio deuma
saúde perfeita, praticaruma
sangria de precaução, e que immediatamente depois,em
ausência de todas as causaspredis-ponentes indicadas pelos autores,sobrevêm
uma
inflammaçãolocal,seguida dos
phenomenos
geraes quecaracterisam a infecçãopuru-lenta, não se poderia deixar de admittir
uma
relação de causa aeffeito tãoevidente.
Factos positivos, ainda que pouco numerosos para constituir
uma
theoria,demonstram
que a infecção depende algumas vesesde
uma
lymphangite. Gintrac,em
sua obra dePathologia, fornece algunsdados que, parecendojustificar esta proposição,devem
oc-cuparpor alguns
momentos
a nossa attenção. Castelnau e Ducrest affirmam que,em uma
de suas observações,em
que as pesquisas anatómicas foram feitascom
o maior cuidado,não teemencontra-do, para explicar apresença dos abscessos metastaticos, senão a
in-filtração purulenta de
um
grandenumero
de lymphaticos.Du-puytren vio,
em
consequência deum
abscesso da coxa, pus nos lymphaticosdabaciaedoslombos e até no canal thoracico. Jobertprovou que
em
virtude deum
abscesso phlegmonoso do braço,acompanhado
de todos os accidentes dainfecção purulenta, oslym-phaticos da axillacontinham pus,
em
quanto queas veiasestavamillesas. Monneret e Fleury referem oexemplo de
um
abscesso dopeito do pé, seguido de accidentes graves e
mesmo
mortaes;ha-via
derramamento
de pus noabdómen;
os lymphaticosdomem-broinferior doente estavam distendidos por este fluido; as veias
não apresentavam alteração alguma. Sedillot finalmente tem en-contrado lymphangites ao redor de focos purulentos,
sem
vestígiode plilebite.
Podendo
aindamultiplicaronumero
defactos,oquese-riadecerto fastidioso, limitar-nos-hemossomente
com
observarquenão éprovável a opinião dos que acreditamque o pus existente nos lymphaticos soja o simples eífeíto de
uma
absorpcão.A
inflammaeão do systema de sangue vermelho,como
causada infecção purulenta, é negada pela maioria dos anidros; todavia
Monneret, reconhecendo a sua raridade, cita o caso seguinte, qoie
parecedegrande importância: «Nous venonsd'être témoin d'undes
faits les plus décisifsqu'on puisseciter dartérite suivic d'infeclion
purulente. Le malade, qui était dans
une
de nos sales á 1'hòpilalNeckcr (12 mai 1856) fut pris de cinq accés de íiévro fccllemente réguliers, qu'on dut croire á 1'existence d'une ílevre
intermit-tente. Bientôt elle devint continue; des
symptômes
de pneumonii'survirent accompagnés de
phénomónes
adynamiqueset desauntressignes de pyémie. Le malade moutrut avec sa pleine
connais-sance, huit jours aprés avoir cesse son traváil. Les
poumons
renfermaient
un
trés-grandnombre
de petits abcés métastiquos,sans aucuue trace de
pneumonie
lobairc, etpour les expliquer-on ne peut trouver autre chose qu'unearteritegeneral chronique,et
notamment
des ulcérations grises ardoisées, couvertesdune
matiére purulenteconcréte avec soulévementde lamembrane
in-terne, dans 1'aorte ventrale, au-dessous
du
trone cceliaque. Lecceur et ses valvules étaient sains: on voyait
une
ulcération, dedeuxmillimétresenviron, au-dessusd'une desvalvules sygmoidrs,
et1'aorte était,dans toute sa portion thoracique, lesiéged'incrusta,
tions de matiére jaunâtre etealeaire. Tous les parenchymes, sans
exception, étaient congestionnés; la rate molle, difíluente,
vo^u-mineuse.
Doutrinada absorpcão. Alguns médicos, impressionados de dous factos capitães: 1.° a coincidência, que existe entre a demí-nuição notável naquantidade do pus fornecido por
uma
chaga eapparição de collecções purulentas
em
pontos affastados de suasede; 2.° a ausência de inflammaeãoao redor dos abscessos, cuja
prova é dedusida, segundo elles, dos próprios doentes, que
du-rante a vida não aceusam
nem
dor,nem
symptoma, quereve-lem
a sua existência delia; explicam a natureza dos accidentes,admittindo que o pus é absorvido
em
natureza na superfície daSEGUNDA PARTE
H
uma
palavra de reputação aos argumentos dos partidários destatheoria; basta saber que a absorpção do pus
em
natureza é o seufacto essencial, e neste sentido seja ella encarada, e analysada. Se esta absorpção,diz Nelaton, é real, estamos autorisadosá
altribuir-lbc todos os
phenomenos
dainfecçãopurulenta, se éil-lusoria, toda esta theoria cáe por terra. «Dosde
um
certonu-mero
de annos, diz Berard, a maior parte das escholas deme-decina, e sobre tudo a de Paris,
empregam
uma
linguagembar-bara para exprimir doutrinas mais barbaras ainda, á respeito da reabsorpção do pus. Comefifeito se
uma
collccção purulentacir-cumscripta, que o ferro do cirurgião tem respeitado,
vem
ades-apparecer pouco á pouco,
sem
ter proseguido o seu curso para oexterior, e
sem
que a saúde do doente tenha soffrido omenor
damno,
pela absorpção do puz explica-se esta feliz, e rarater-minação do abscesso. Se oito ou deis dias depois de
uma
ope-ração sangrenta, veias divididas
vem
a se iuílammar; se ellaspro-duzem
em
sua própria cavidade pus, que a torrente circulatóriaarrasta á proporção que se vai produzindo; se abcessos
metas-taticos seformam; se ao
mesmo
tempo observa-se calefrios e acces-sosfebris, simulando a intermittencia, a côr amarelladapelle,um
estadodeílaccidcz da chaga,
um
leve delírio, diz-se ainda que so•breveio
symptomas
de reabsorpção purulenta.
Se
algum
tempodepis daabertura deum
abscesso porconges-tão ou de
um
vasto deposito, o pus, á principiosem
cheiro,corrom-pe-se, e altera-se debaixo da influencia do ar, se princípios
puni-dos
em
dissolução penetrando por embebição as paredesvascu-lares, vc-sc sobrevir a perturbação das digestões, a febre, a
dyar-rhca, e o depericimento progressivo do doente,
sem
que todaviaentre
um
só glóbulo de pus nos vasos, esem
formação deabs-cessos metastaticos, queixa-se ainda da reabsorpção purulenta.
Assim eis a
mesma
expressão servindo para designarum
pheno-meno,
cuja innocuidade é completa, e dousmodos
de intoxicaçãodo sangue, que não se assemelham,
como
oenvenenamento
peloarsénico não seassemelha ao envenenamento pelo ópio ou
bella-dona.» Estes três casos sendo na verdade inteiramente distinctos,
numerosos accideutes, c que
no
primeiro e ultimo deu-se aab-sorpção do pus,
porém
não do pusem
natureza, cujos eíTeilosso-bre a economia diversificaram pela circumstancia,
em
que elle seachava.
Com
cffeito, sebem
queem
um
abscesso fechado, epre-servado de todas as partesdocontacto do ar, a observação
demons-treque a regra éque estacollecção persiste em quanto o pus não tem
aberto
um
caminho para a superfície tegumentar, quer directamente,quer por intermédio dealgum órgão oco, communicando com o exterior,
todavia casos ha de desapparecimento de abscessos
em
queevi-dentemente o cirurgião tinha percebido a íluetuação, e que deve
ter
alguma
explicação.A
absorpção neste caso se exerce aprin-cipio sobre as partes liquidas, e os materiacs que existem
em
dis-solução no pus, e mais tarde sobre os glóbulos;
mas
resta saber,sobre osglóbulos
em
natureza? Não, responde Berard, seriaum
gros-seiro erro acreditar
em
um
igual mechanismo. phenomeno daabsor-pção não tem muitos modos. Se oglóbulo desapparece, é que elle é
an-tes de tudodissolvido. Nãoénomechanismo da absorpção que épreciso
procuraro que ha de excepcionalnos casosquenósexaminamos, é neste trabalho de dissolução que liquefaz osglóbulos, e que permilte a reso-luçãocompleta dotumor. Esta maneira de considerar a absorpção é
ainda sustentada por Cruvilhier,
quando
assimse exprimeem
sua obra de Anatomia Palhologica:...A
absorpção pathologica, damesma
sorte quea absorpção physiologica, não se exerce sobre oscorpos
em
massa,porem
suecessivamente sobre os diversosele-mentos destes corpos, que ella modifica talvez.
Opus
em
parti-cular parece a principio despojado de sua parte a mais liquida;
sua parte solida não é absorvidasenão mais tarde, e muitas vezes
depois deter adquirido a consistência caseosa, e depois de se ter
desnaturado. E' desnecessário dizer que esta absorpção
quando
opus está isento do contactodo ar, não éprejudicial a constituição.
O
estado anatómicodas paredesdos abscessos, c a composiçãodo pus
—
aindademonstram
deuma
maneira evidente aimpossibi-lidadeda absorpção do pus
em
natureza. Sabe-secom
eííeitoque
amembrana
pyogenica é dotada deuma
grande vascularidade,mas
ter-se-ha encontrado ahi estas boccas absorventes,admittidaspelos
demons-SEGUNDA
PARTE
13
trado, é claro que esta
membrana
só é susceptível de receber osmateriaes solúveisdo abscesso; formando
porém
uma
grandebar-reira para a entrada dosglóbulos.
A
composição anatómica do pusexplica, segundo Berard, a maneira porque este liquido semostra
refractárioás forcas da absorpção. As dimensões dos glóbulos são
taes, continua elle, que seriapreciso serestúpido para suppòrque
elles possam penetraratra vez das paredes vasculares. Ainda não é
tudo: reflexõesde outra
ordem
porsua vez protestam solemnementecontraaimaginaria reabsorpçãodo pus
em
natureza. Bouvier,parti-dário d'ella, querendo sustental-a, estabelece as três proposições
seguintes: 1.°
Que
a desapparição dos abscessos symptomaticosdo
mal
vertebral pela reabsorpção éum
modo
de curamuito maisfrequentedo que se o cré
commumente;
2.°Que
omesmo
resul-tadopode ser obtidopor meio de medicaçõesque constituem então
o
methodo
curativo por absorpção; 3.°Que
este methodo, queconsiste
em
activar a absorpção do pus, deve tomar na pratica olugar,quelheassignasua superioridade sobretodos os outros
metho-dos. Ora, se é admissível a ideiade Bouvier, se éincontestávelque
apresença do pus
em
natureza no sangue é a causa productoradainfeeção purulenta,
quem
iria provocar voluntariamente estareab-sorpção?
Que
medico sensato, sabedor de similhante resultado,lançaria
mão
do recurso extremo de introduzir o pus no domínioda circulação?
Não
se conciliarámelhor este feliz successo,admit-tindo a reabsorpção do pus não
em
natureza?O
desapparecimentode vastas collecções purulentas
sem
perturbaçãoalguma no
orga-nismo não é
um
documento
poderosoem
favor da proposição,que
sustentamos? Se elle fosse absorvido
em
natureza, nãomanifestar-se-iaainfecção purulenta
em
todos os individuos, quetem
asuper-fícies
em
suppuração, e por conseguinteem
contactocom
o ar?Mas
quantos feridos são curadossem
apresentarnenhum
indiciodeinfecçãopurulenta? Dizerqueareabsorpção temlugar
em
alguns,e não
em
outros, é, aindauma
vez, dizBerard, perder devistaasleis da absorpção. Alguns práticos sustentam que a moléstia
em
questão só se desenvolve nos individuos, que absorvemum
pusfétido, enão naquelles, cujo pus não
tem
experimentado alteraçãoantesdeserabsorvido. Argumentard'estamaneira, importa
14
DISSERTAÇÃO
dirduasmoléstiasinteiramente distinctaspelanatureza dos
pheno-menos
que as caracterizam,como
por sua gravidade.Ninguém
decerto ignora que
um
focopurulento aberto, expostoao ar, altera-semuitasvezes, adquire
um
cheiro repugnante, e entretanto osinfe-lizes, victimas d'elle, não apresentam abscessos metastaticos,
nem
accidente algum, que revelem a existência dainfecção purulenta.
E' porque elles foramvictimas de
uma
intoxicação diversa da queresulta dapresença do pus
em
naturezano
sangue; é porque ellesforamvictimas de infecção pútridas, e não de infecção purulenta!
Basta. Já
podemos
concluir, e ainda esta vezcom
Berard:A
absorpção, que se effectua nos focos purulentos, ou na superfície
daschagas,não pôdeproduziro
modo
de intoxicação, quenosoceu-pa,
nem
os abscessos metastaticos: que o pus seja ou não alterado.Entremos
agorano
desenvolvimento deuma
outra questão, que debem
perto se liga áprecedente.Berard, tendo demonstradoque
um
grandenumero
de veiasadherentes pela sua face externa á aponevroses, ficavam abertas,
quando
se as devedia transversalmente; tendo demonstrado aindaque
estadisposiçãoanatómicafavorecia a acção aspirante do peitosobre o sangue venoso, alguns práticos, aproveitando-se destes
da-dos, admittiram que opus achado nasveias era aspirado
em
natu-reza pelosorifícios das veias divididas
Marechalsustenta vivamente esta theoria,
quando
dizem
suathése:
Quando
muitasveias tem sido largamente cortadas, as suas extremidades abertas na superfície das feridas,em
que se forma ese
demora
o pus,devem
se encherfacilmente deste liquido; porque
pelo eífeitodadilatação do peito sefaz, assim
como
temdemons-trado as experiênciasdoSr. Barry, nos principaes troncos do
sys-temavenoso, e até nas veiasdos
membros
um
movimento
deaspi-ração, o qual noestado natural favorece singularmente o curso do
sanguevenoso; o qual nasexperiências occasiona a ascensãode
um
liquido corado
em
um
tubo collocadoem uma
das veias;—o qualnascircumstancias, de qnefalíamos, deve produsir o
mesmo
resul-tado. Esta opiniãoé hoje refutada de
uma
maneira tão victoriosaquanto a absorpção atravésda espessura das paredes. As
SEGUNDA PARTE
15que esta acçãonão se estende atéos capillares directamente:
em
14 centímetrosdo peito cilajá 6 fraca; é nullaem uma
veia do braço,como
nas domembro
inferior, emesmo
na illiaca. E' essauma
condiçãoindispensável á circulação venosa?
Não
certosani-maes, que engolemo ar, não tem
uma
circulação perfeitamentees-tabelecida?Esta influencia pois é apenas secundaria, é adjuvante.
Berard, negando
também
aos vasos distantesdo peitoaacçãx)aspi-rante, acerescenta,queainda
quando
as veias divididas estejam navisinhancado peito, cilasattrahem oar,
ea
morte tem logar antesdo estabelecimento da suppuração.
Emfim
comprchende-sefacil-mente
que, seuma
veia ficar aberta no meiodeuma
chaga, é con-sequência darou
não lugaráuma
hemorrhagia; si der,ninguém
admitirá de certo a possibilidade daentradadopus; se não der, é
racional admiltir
também
que cila temsoffridoum
trabalhooblite-rados, e por conseguinte impossivel é ainda o ingresso do liquido
mórbido
.
TERCEIRA
PARTE
Hochanisnio,
ou
niodo
d©
urodusir-se
a
infecção
pu-rulenta.
Qual o
modo
de produsir-se a infecçãopurulenta? Qual o seomechanismo?
Qual a explicação da formação dosabscessosmetasta-ticos? Eis
uma
questãodifficil; eisuma
questão diversamenteinter-pretada pelos auetores; eis
uma
questão sobre que setem
elevado numerosas discussões;eisuma
questãoem summa
que a scienciaainda procuraresolver, e dar a sua ultima palavra. Este simples
enunciadofazprevero embaraço,
em
quenos achamos, esem
pre-tender darasolução do problema, limitarnos-hemos á apresentar
as principaes theorias, analysal-as
como
podermos, e concluiremospor fim abraçando aquellaquejulgarmosmelhor, edemais acordo
Marechale Velpeau sustentam que os abscessos múltiplos são
constituídos pelo próprio pus, que, existindo no foco primitivo, é
levadopela circulação,edeposto
em
natureza nos diversos órgãos.Esta doutrina,
denominada
theoria damclastase, contrariaá todasasleisda absorpção, é regeitada
com
razãopelamaioria dos autores.Sem
lembraras reflexõesja expendidas n'este trabalho á respeitodaimpossibilidadedaabsorpçãodo pus
em
natureza; econseguinte-mente
de seu depositocomo
tal nos differentes órgãos, perguntai aindaaosdefensoresd'esta theoria, porquerazão o pusdepreferen-ciacircumscreve-se
em
foco,aoenvez de distribuir-seem
todo orga-nismo? Porque razãouma
chaga tãopequena, que forneceapenas algumasgottasdepusem
tão poucas horas, hade dar lugarem
al-gunsdias a
um
numero
consideráveldeabscessos, ás vezes tãovas-tos?Perguntai-lhes
emfim
se a necroscopia não nosdemonstra queestespequenosabscessos
começam
poruma
congestão sanguínea?Cruveilhiertendo introduzido
uma
certa quantidade demer-cúriona cavidade medullar dofémur, notando que osglóbulos
mer-curiaes
eram
arrastados pela circulaçãovenosa até as cavidadesdi-reitasdo coração, e dahiaos pulmões, onde, detidos
no
systemaca-pillar, determinavão a formação de
uma
multidão defocosinflam-matorios, que tinham cada
um
por centroum
glóbulo de mercúrio;notandoaindaqueestes focospassavam suecessivamente do estado de induraçãovermelhaaoestadode puslouvável reunido
em
foco, emesmo
aoestado depusconcreto; julgou avista d'esta experiênciaterdemonstrado amaneirade obrardo pus, e admitte
que
o glóbulo purulento, detidonosystema capillar de todos os órgãos, obra,não
como
pus,porem
á maneiradeum
corpoestranho, ecada gottinhade pustorna-se acausamaterialde
uma
inflammação,deuma
phle-bite capillar;inílammação circumscripta necessariamente
suppura-tiva, porqueexisteahi
um
corpo estranho aeliminar, eque percorre seus períodoscom
excessiva rapidez. Se é verdade que, durante o primeiro períododaformaçãodosabscessos,em
vez depus,encon-tra-se
um
derramamento
sanguíneo; se éincontestávelque
asexpe-riências de Castelnan, eDucrest
demonstram
quea introdução doscorpos estranhosno sangue não determina anatomicamente as
TERCEIRA
PARTE
17rentesdosda infecçãopurulenta,segue-seque a theoria mechanica
deve ter a
mesma
sorte quea primeira.Quem
dirá, perguntamosainda,que
uma
gottinhadepusvarioloso, inoculado debaixodaepi-darme, reproduzindo depois de
um
certotempo
de incubaçãouma
centena de phlegmasias suppurativas, obrou deuma
maneirame-chanica?
Dance
também
creou a sua theoria, eorê queo sangue, de misturacom
opus, torna-se extremamentefluidoapontodesein-filtrarnosparenchy mas, onde, representando o papel de corpo
es-tranho, determina
uma
phlegmasiaimmediatamenteseguida de sup-puração, e formação deum
abscesso.
Tessier,cujar ideiasja
expendemos
no
principio d'estetraba-lho,admitte
uma
causa geraldesconhecida,em
virtude da qualha tendência aprodução depusem
diversos órgãos.Aqui terminamoso nossoimperfeito trabalho; e para
satisfa-zermosa nossapromessa,diremos
com
Lebert: queo pusmitusradocom
osangue ovicia, oaltera, o modifica deuma
maneiraespecial,dando
em
resultado apyoemia.SECÇÃO
DE
SCIENCIAS
CIRÚRGICAS.
ORIGEM,
SÉOE
EMODO
DEPRODUCÇÃO
DOSOPRO
DE FOLES,QUE
SE
OUVE
NO
VENTRE
DAS
MULHERES
PEJADAS.
PROPOSIÇÕES.
I.
—
Foi Kergaraclecqueem
1822, escutandoo ventredeuma
mulher
pejada,annuncioupelaprimeiraveza existênciadoruido do sopro.
II.
—
A
epocha,em
quedeordináriosepercebeoruido de sopro,édofim doquarto
mez
em
diante,quando
o úterosetemtornadoac-cessivelao stetóscopio .
III.
—
O
pontodoabdómen,
em
queelle semanifesta, é muitovariável; todavia, percebido raras vezes parao fundo doútero, o é
mais frequentementeparaas regiões inguinaes, podendo
mesmo
es-tender-sesobre toda a superfície anteriordoútero
.
IV.
—Durante
amarcha
daprenhez elle apresenta modificações importantes relativamente aorhythmo, timbre, sede e extençãoem
que
épercebido.
V.
—
Modificaçõesnãomenos
importantes, relativasásuainten-sidade, são reveladasdurante o trabalho,
quando
acontracção ére-gular, eenérgica
.
VI.
—
Sebem
quehaja divergênciadeopiniõessobreasedepre-cisado ruido
em
questão, todavia é incontestável que elle se dá no systemavascular materno20
PROPOSIÇÕES
VII.
—
E'
insustentávelaopiniãode Kergaradec, que,
conside-randoo ruido de sopro devido á circulaçãoda placenta,o
denomina
porissoruidoplacentario
VIII.
—
Uma
sorte idêntica áde Kergaradec; deve tera opiniãodoprofessorDubois, que, attribuindoo ruido ápassagemdirectado
sanguedasartériasparaasveiasdoútero,o
denomina
também
soprouterino.
IX.—
A
opinião de Bouillaud, quecolloca a sededo ruidode sopro nosgrossos vasos, situadosna parede posteriordoventre, éaquenos parece actualmente sustentável
X.
—
Ascausasdesteruido, quepodem
obrar simultânea,eiso-ladamente, sãoa compressão,[que o
tumor
uterino exercesobre osvasosjámencionados,eas modificações,que soffrea composição do
sangue durante aprenhez
XI
.—
Seéverdadeiraaproposiçãosupra, nãoé deadmirar queo ruidode soprosedê igualmente nos vasos próprios das paredes ute-rinas.
XII.
—
Per si só elle não tem valorno
diagnosticodaprenhez,nãoservepara reconhecer,siellaé simples,
ou
dupla, não dáconhe-cimento das apresentações, eposições, nada
emfim
deixa inferir,pelofactode sua existência, ou nãoexistência,davida,ou morte do
SECÇÃO
DE
SCiEMIAS
MEDICAS.
DA
PATHOGENIA.
ETRATAMENTO
DA GLYCOSURIA.
PROPOSIÇÕES.
I.
—
Glycosuria éuma
moléstia caracterisada pelapresença deassuear nas urinas
.
II.
—Além
da importância da còr, clieiro e sabor, as urinasdiabéticas sãosobre tudonotáveis pela suagrande abundância, e pezo
especifico superior aodoestadonormal
.
III.
—A
existênciadoassuear nas urinas,queéoseo caracter
es-sencial, émais,ou
menos
facilmentereconhecida pelo pratico.
IV.
—Os
meiosdequeelle lançamão
paraattingir estefimsão
jiumerosos,e alguns de evidenciapalpável.
Y.
—
Boccasecea,eárida, appetite voraz,sedeviva,constipação,suppressão detranspiração,pellcrugosa, diminuição, e atéas vezes,
extinção de sua sensibilidade, enfraquecimento das funeções
gera-doras, e davista, cmmagrecimento,edeperecimentogeral, tale
em
Tesumo
oqueordinariamenteacompanha
a glycosuria.VI.—
Bouehardat, para explicar a pathogenia da glycosuria,creou
uma
theoria, que nãoésustentável.
Vil.
—
Mialhedácomo
causaa faltadealcalinidade do sangue
.
Viu.—
Claude Bernardcrèem uma
exageraçãoda formação doassuearnofígado,eíTcito de
uma
lesãodo systema nervoso.
22
PROPOSIÇÕES
IX.
—
As duasultimas theorias, aindaquesejamasmaisprová-veis,nãoestão todavia isemptasde objecções, eacausa orgânica da
glycosuria,podemol-a aílirmar,ainda nãoestá
bem
determinada.X.
—
Sibem
queatherapeutica ainda não possuaum
medica-mento
poderoso paradebellarsempreamoléstiaem
questão; todavia aobservação mostra queos alcalinos são os que tem dado maispro-veito.
XI.
—
Os sudoríficos, quer internos, quer externos, ospurga-tivosevomitivos, os narcóticos, os tónicos adstringentes, c nevros"
tenicos, são adjuvantes poderosos,dequeomedicodeve lançar
mão
segundoasindicações
XII.
—A
alimentaçãododoenteélambem
objectodegrande im-portância.f
irunfii
fo
o
ifQi
nir
Qiirii
ia
rcTdTr
n'
otroi
oítooi
SECÇÃO
DE
SCIENCIAS
ACCESSORIAS.
DAS
TINCTURAS
ALCOÓLICAS E
SUA PREPARAÇÃO.
PROPOSIÇÕES.
T.
—
Tincturasalcoólicas sãomedicamentos que resultamdaso-lução de
uma,
ou maissubstanciasnoálcool.
II.
—
Eliassedividemem
simplese compostas.III.
—
As substancias destinadas ã sua preparaçãodevem
serseccas,econvenientemente divididas.
IV.
—
No
emprego do álcoolé desumma
importânciaattender-seao seo gráo de concentração.
V.
—
Personne admittea relação de 1:5naproporção dasma-tériasmedicamentosas,edoálcoolparao maior
numero
dassubstan-cias.
VI.
—
A
solução simples, amaceração, a digestão,adecocção, ealixiriacão, eis os processos ordinariamente empregados na
prepa-rarão dastincturas.
VII.
—
A
decocçãoé poucousada, e alixiviação, despresada por Soubciran, é acceitaporGuibourt.VIII.
—
Paraobteruma
tinctura composta,épreciso submetteráacçãodissolventedoaleool as substancias na
ordem
de suamenor
2í
PROPOSIÇÕES
IX.
—
O
álcool nestas preparaçõesobranão
sóeomo
dissolven-te,
porém
aindacomo
conservador ccoadjuvante.X.
—
Alcoolaturas são soluçõesprovenientes daacção doálcoolsobreplantas frescas.
XI.
—
Ha
donsprocessospara sua preparação, sendo preferíveloque fazobrar directamente oálcool sobre amatéria confusa
XII.
—
O
álcool deveserconcentrado, c haverparles iguaes, de1UFMUVIIS
AMUSBIl
I. Vita brevis, ars longa, occasio preceps, experientiafallax,
judicium difficile.
(Sect. l.a Aph. l.°)
II.
Dum
pusfit, dolores, etfebresaccidunt magis,quâm
puré confecto.
(Sect. 2.a Aph. 47.)
III. Vulneri convulsio superveniens,
malum.
{Sect. 5.a Aph. 2.°)
IV.
Ad
extremosmorbos, extrema remedia exquisite óptima.(Sect. l.a Aph. 6.)
V. Gibi, potus, vénus,
omnia
moderata sint. {Sect. 2.a Aph. 6.)VI. Ubi