• Nenhum resultado encontrado

Proposta de plano de gerenciamento de resíduos sólidos na implantação de pequenas centrais hidrelétricas. Estudo de caso: PCH Santa Luzia Alto

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Proposta de plano de gerenciamento de resíduos sólidos na implantação de pequenas centrais hidrelétricas. Estudo de caso: PCH Santa Luzia Alto"

Copied!
68
0
0

Texto

(1)

Universidade Federal de Santa Catarina

Curso de Graduação em Engenharia Sanitária e Ambiental

PROPOSTA DE PLANO DE GERENCIAMENTO INTEGRADO DE

RESÍDUOS SÓLIDOS NA IMPLANTAÇÃO DE PEQUENAS

CENTRAIS HIDRELÉTRICAS. ESTUDO DE CASO: PCH SANTA

LUZIA ALTO

Daniel Carvalho Passos Cardoso

FLORIANÓPOLIS, (SC)

JULHO/2009

(2)

Universidade Federal de Santa Catarina

Curso de Graduação em Engenharia Sanitária e Ambiental

PROPOSTA DE PLANO DE GERENCIAMENTO INTEGRADO DE

RESÍDUOS SÓLIDOS NA IMPLANTAÇÃO DE PEQUENAS

CENTRAIS HIDRELÉTRICAS. ESTUDO DE CASO: PCH SANTA

LUZIA ALTO

Daniel Carvalho Passos Cardoso

Trabalho apresentado à Universidade Federal de Santa Catarina para Conclusão do Curso de Graduação em Engenharia Sanitária e Ambiental

Orientador

Prof. Armando Borges de Castilhos Jr.

FLORIANÓPOLIS (SC) JULHO/2009

(3)
(4)

AGRADECIMENTOS

Agradeço a todos que contribuíram com a minha formação pessoal e profissional e na realização desse trabalho.

Aos meus pais pela dedicação, apoio e companheirismo em todos os momentos, mesmo a uma distância tão grande, as minhas irmãs pelo carinho e amizade e ao restante dos meus familiares pela união e amparo.

Aos colegas e amigos da Terra Ambiental por todas as experiências compartilhadas e conhecimentos transmitidos que enriqueceram bastante a minha formação.

Ao Engenheiro Rodrigo Chiesa por ter aberto as portas da PCH Santa Luzia Alto, auxiliando imensamente na realização do trabalho.

Aos funcionários envolvidos na implantação da PCH Santa Luzia Alto pela paciência e colaboração.

Ao Professor Armando Borges pela orientação e amizade.

Ao Professor Wellington Repette pela atenção e contribuições ao estudo. Aos meus amigos que foram como uma família durante todos esses anos.

Muito Obrigado.                                      

(5)

 

RESUMO

As Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCH) vêm sendo uma das principais alternativas do Brasil para suprir a crescente demanda de energia elétrica no país. A implantação desses empreendimentos gera uma série de impactos ambientais que devem ser mitigados e reduzidos, dentre eles a geração de resíduos sólidos. Por se tratar de uma atividade de construção civil, o gerenciamento dos resíduos gerados nesses empreendimentos deve seguir os preceitos da Resolução CONAMA n° 307/2002. Este estudo consistiu no levantamento de normas, legislações vigentes e experiências profissionais pertinentes ao gerenciamento dos resíduos sólidos em empreendimentos hidrelétricos, de modo a balizar a determinação de ações e procedimentos adequados ao manejo dos resíduos gerados na implantação de PCH. Na elaboração deste trabalho, inicialmente foram realizadas visitas em campo ao canteiro de obras da PCH Santa Luzia Alto de forma a caracterizar o empreendimento, identificando as fontes geradoras; caracterizar os resíduos qualitativa e quantitativamente; e diagnosticar os procedimentos atuais de gerenciamento. Em seguida, os resíduos identificados foram classificados segundo a NBR 10004:2004 e a Resolução CONAMA n° 307/2002, e os procedimentos adequados relativos à segregação, acondicionamento, coleta, armazenamento, transporte e disposição final foram determinados. Verificou-se que há grandes possibilidades de reutilização e reciclagem dos resíduos gerados, além da redução destes em casos específicos.

Palavras-chave: resíduos sólidos, gerenciamento, pequenas centrais hidrelétricas.

ABSTRACT

The Small Hydroelectric Power Plants (SHPP) has been one of the main alternatives in Brazil to supply an increasing demand of electric energy in the country. Those enterprises’s implantation involves a range of environmental impacts that must be mitigated and reduced, among them a solid waste generation. As an activity of civil construction, the management of all solid waste generated in those enterprises must follow the precepts of Resolution CONAMA 307/2002. This study consisted in a survey of regulations, legislations and professional experiences concerned to solid waste management in hydroelectric enterprises, applying these acquirements in the determination of suitable actions and procedures to handle the solid waste generated in SHPP´s implantation. In this work’s elaboration, initially were organized field inspections in the construction site of Santa Luzia Alto SHPP to describe the enterprise, identifying generator’s source; characterize solid waste in quality and quantity; and diagnoses actual procedures of management. After that, the solid wastes indentified were classified alike NBR 10004:2004 and the suitable procedures related to segregation, disposition, collection, storage, transportation and final disposal were determined. It was verified that are great possibilities of reuse and recycling of the solid waste generated, besides the reduction in specific cases.

(6)

SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ... 8 2. OBJETIVOS ... 10 3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ... 11 3.1. Resíduos Sólidos ... 11 3.1.1. Conceituação Básica ... 11

3.1.2. Classificação dos Resíduos Sólidos ... 11

3.1.3. Caracterização Qualitativa e Quantitativa dos Resíduos Sólidos ... 14

3.1.4. Gerenciamento de resíduos sólidos ... 15

3.1.4.1. Acondicionamento ... 16

3.1.4.2. Coleta e Transporte ... 19

3.1.4.3. Tratamento e Disposição Final ... 19

3.2. Legislação Aplicável aos Resíduos Sólidos ... 21

3.2.1. Gerenciamento de Resíduos Sólidos ... 21

3.1.2. Acondicionamento ... 24

3.1.3. Coleta e Transporte ... 24

3.1.4. Tratamento e Destinação Final ... 25

4. METODOLOGIA ... 27

4.1. Caracterização do Empreendimento ... 27

4.2. Diagnóstico Situacional ... 27

4.2.1. Caracterização dos resíduos gerados ... 27

4.2.2. Classificação dos Resíduos ... 28

4.2.3. Procedimentos atuais de gerenciamento ... 28

4.3. Prognóstico ... 28

5. RESULTADOS ... 30

5.1. Caracterização do Empreendimento ... 30

5.2. Caracterização dos Resíduos ... 35

5.2.1. Resíduos Sólidos Urbanos ... 35

5.2.2. Resíduos da Manutenção de Máquinas e Equipamentos ... 36

5.2.3. Resíduos do Serviço de Saúde ... 38

5.2.4. Resíduos de Construção Civil ... 38

5.2.5. Resíduos Eventualmente gerados ... 39

5.3. Classificação dos Resíduos ... 40

5.4. Procedimentos Atuais de Gerenciamento dos Resíduos ... 41

5.4.1. Resíduos Classe A ... 41 5.4.2. Resíduos Classe B ... 41 5.4.3. Resíduos Classe D ... 45 5.5. Prognóstico ... 49 5.5.1. Resíduos Classe A ... 49 5.5.2. Resíduos Classe B ... 51 5.5.3. Resíduos Classe D ... 56

5.5.4. Equipamentos de Proteção Individual ... 62

5.5.5. Programa de Educação Ambiental ... 62

5.5.6. Registro de armazenamento e movimentação dos resíduos ... 63

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 65

(7)

 

LISTA DE SIGLAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas AEH – Aditivo Estabilizador de Hidratação  

ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica ANTT – Agência Nacional de Transportes Terrestres   ASTM – American Society for Testing and Materials  CCR – Concreto compactado com Rolo 

CNEN – Comissão Nacional de Energia Nuclear CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente  ELETROBRAS – Centrais Elétricas Brasileiras S.A. 

FATMA – Fundação do Meio Ambiente do Estado de Santa Catarina FINEP – Financiadora de Estudos e Projetos 

IBAM – Instituto Brasileiro de Administração Municipal  IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas

MINTER - Ministério de Estado do Interior  MME – Ministério de Minas e Energia NBR – Norma Brasileira 

PCH – Pequena Central Hidrelétrica RSS – Resíduos do Serviço de Saúde 

SINDUSCON - Sindicato da Indústria da Construção Civil                       

(8)

1. INTRODUÇÃO

O atendimento à crescente demanda de energia elétrica no Brasil tem exigido do Ministério de Minas e Energia - MME uma atuação constante no sentido de garantir condições para que a iniciativa privada venha a implementar novas unidades geradoras, de modo que a expansão da oferta de energia possa se dar de forma rápida e eficiente.

As Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCH) são uma das prioridades atuais da Agência Nacional de Energia Elétrica - ANEEL, devido ao grande potencial hidrelétrico do Brasil, pelas características de menor impacto ambiental em relação a outras fontes, e pelo pequeno prazo de maturação (cerca de dois anos para a implementação). Para estimular a construção de novas PCH, a ANEEL criou condições de incentivo aos investidores como: autorização não-onerosa para explorar o potencial hidráulico; descontos superiores a 50% nos encargos de uso dos sistemas de transmissão e distribuição; livre comercialização de energia para consumidores de carga igual ou superior a 500 kw; e garantia da compra de energia elétrica pela ELETROBRAS por 20 anos.

Entretanto, a implantação desses empreendimentos acarreta numa série de impactos ambientais que devem ser evitados e reduzidos. A legislação brasileira determina através da Resolução CONAMA n° 001/1986 que atividades modificadoras do meio ambiente devem ser submetidas a um processo de licenciamento ambiental. Os estudos ambientais para PCH culminam num Plano Básico Ambiental, que é o documento que contém o escopo dos programas ambientais a serem desenvolvidos durante a fase de implantação e operação.

Devido aos diversos processos geradores de resíduos, inerentes à construção de uma Pequena Central Hidrelétrica, a gestão ambiental dos resíduos sólidos é parte integrante do Plano Básico Ambiental a ser executado durante a fase de implantação desses empreendimentos.

Por se tratar de uma atividade de construção civil, o gerenciamento dos resíduos sólidos gerados nesses empreendimentos deve seguir as diretrizes da Resolução CONAMA nº 307, de 5 de julho de 2002.

A Resolução CONAMA n° 307/2002 cria instrumentos para que o poder público atue sobre o gerenciamento dos resíduos sólidos da construção civil, definindo responsabilidades e deveres, tornando obrigatória, a todos os empreendimentos geradores desses resíduos, a elaboração de um Plano de Gerenciamento dos Resíduos Sólidos. Segundo essa resolução, nas atividades sujeitas ao licenciamento ambiental, o plano deve ser analisado dentro do processo de licenciamento, junto ao órgão competente.

O Plano de Gerenciamento Integrado dos Resíduos Sólidos é um documento que aponta e descreve as ações relativas ao manejo de resíduos sólidos, contemplando os aspectos referentes à geração, segregação, acondicionamento, coleta, armazenamento, transporte, tratamento e disposição final.

Nesse trabalho foi realizado um estudo de caso nas obras de implantação da PCH Santa Luzia Alto, localizada no oeste catarinense, especificamente no Rio Chapecó, limite dos municípios de São Domingos e Ipuaçu.

A finalidade do estudo é estabelecer e orientar práticas de manejo dos resíduos sólidos gerados na implantação de pequenas centrais hidrelétricas, estabelecendo um planejamento detalhado, com o objetivo de cumprir a legislação específica, assegurar a

(9)

proteção da saúde pública e ocupacional, propiciar a manutenção da qualidade do meio ambiente e trazer benefícios econômicos; além de auxiliar na melhoria dos atuais métodos de gestão empregados na PCH Santa Luzia Alto. Dessa forma, pretende-se subsidiar informações para a elaboração de Planos de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos em outros empreendimentos que venham a ser implantados.

(10)

2. OBJETIVOS

Objetivo geral

Esse trabalho tem o objetivo geral de elaborar um Plano de Gerenciamento Integrado dos Resíduos Sólidos para Pequenas Centrais Hidrelétricas, realizando um estudo de caso na PCH Santa Luzia Alto. As ações propostas serão fundamentadas na legislação vigente relativa aos resíduos sólidos e nas normas técnicas específicas.

Objetivos específicos

Os objetivos específicos do trabalho são:

• Levantar qualitativa e quantitativamente os resíduos gerados na PCH Santa Luzia Alto;

• Descrever os atuais procedimentos de gerenciamento dos resíduos sólidos na PCH Santa Luzia Alto;

• Determinar as formas corretas de segregação, acondicionamento, manuseio e transporte para cada resíduo ou classe de resíduos gerados nesse tipo de empreendimento;

• Dar sugestões de tratamento ou disposição final adequada para cada resíduo, focando na valorização do mesmo e apresentando alternativas viáveis em termos custo-benefício.

(11)

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1. Resíduos Sólidos

3.1.1. Conceituação Básica

A palavra lixo origina-se do latim lix, que significa cinzas ou lixívia. No Brasil, atribui-se ao lixo, segundo a NBR 10004:1987 – Resíduos Sólidos – Classificação, da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) – a denominação de Resíduo Sólido; residuu, do latim, significa o que sobra de determinadas substâncias, e sólido é incorporado para diferenciá-lo de líquidos e gases (Bidone & Povinelli, 1999).

A NBR 10004 passou por uma reformulação em 2004. De acordo com a norma atualizada, “Resíduos Sólidos são todos aqueles resíduos nos estados sólido e semi-sólido, que resultam de atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas articularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água, ou exijam para isso soluções técnica e economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia disponível”.

3.1.2. Classificação dos Resíduos Sólidos

São várias as maneiras de se classificar os resíduos sólidos. As mais comuns são quanto aos riscos potenciais de contaminação do meio ambiente e quanto à natureza ou origem. Este trabalho contempla o gerenciamento dos resíduos gerados na implantação de uma Pequena Central Hidrelétrica, caracterizada como uma obra de construção civil. Portanto, também se faz pertinente a classificação dos resíduos de acordo com a Resolução CONAMA n° 307/2002, que trata do gerenciamento de resíduos sólidos da construção civil.

- Quanto à natureza ou origem

Segundo o Manual de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos do IBAM, os diferentes tipos de resíduos sólidos podem ser agrupados em cinco classes, a saber: - Resíduo doméstico ou residencial;

- Resíduo comercial; - Resíduo público;

- Resíduo domiciliar especial: • Entulho de obras • Pilhas e baterias

• Lâmpadas fluorescentes • Pneus;

- Resíduo de fontes especiais: • Lixo industrial

• Lixo radioativo

• Lixo de portos, aeroportos e terminais ferroviários • Lixo agrícola

(12)

• Resíduos de serviços de saúde Resíduo doméstico ou residencial

São os resíduos gerados nas atividades diárias em casas, apartamentos, condomínios e demais edificações residenciais.

Resíduo comercial

São os resíduos gerados em estabelecimentos comerciais, cujas características dependem da atividade ali desenvolvida.

Resíduo público

São os resíduos presentes nos logradouros públicos, em geral resultantes da natureza, tais como folhas, galhadas, poeira, terra e areia, e também aqueles descartados irregular e indevidamente pela população, como entulho, bens considerados inservíveis, papéis, restos de embalagens e alimentos.

Resíduo domiciliar especial

Grupo que compreende os entulhos de obras, pilhas e baterias, lâmpadas fluorescentes e pneus.

- Entulho de obras: Os resíduos sólidos da construção são aqueles gerados nos canteiros de obras, popularmente chamados de “entulho” e são provenientes de construções novas, reformas, reparos, demolições ou os resultantes da preparação e da escavação de terrenos.Normalmente podem incluir: tijolos, blocos cerâmicos, concreto em geral, solos, rochas, metais,resinas, colas, tintas, madeiras e compensados, forros, argamassa, gesso, gesso acartonado,telhas, pavimento asfáltico, vidros, plásticos, tubulações, fiação elétrica, sacos de cimento, , caixas de papelão, etc.

- Pilhas e baterias: Apresentam-se sob várias formas (cilíndricas, retangulares, botões), podem conter um ou mais dos seguintes metais: chumbo (Pb), cádmio (Cd), mercúrio (Hg), níquel (Ni), prata (Ag), lítio (Li), zinco (Zn), manganês (Mn) e seus compostos. - Lâmpadas Fluorescentes: o pó que se torna luminoso encontrado no interior das lâmpadas fluorescentes contém mercúrio. As lâmpadas fluorescentes liberam mercúrio quando são quebradas, queimadas ou enterradas em aterros sanitários, o que as transforma em resíduos perigosos Classe I, uma vez que o mercúrio é tóxico para o sistema nervoso humano e, quando inalado ou ingerido, pode causar uma enorme variedade de problemas fisiológicos.

- Pneus: são muitos os problemas ambientais gerados pela destinação inadequada dos pneus. Se deixados em ambiente aberto, sujeito a chuvas, os pneus acumulam água, servindo como local para a proliferação de mosquitos. Se encaminhados para aterros de lixo convencionais, provocam "ocos" na massa de resíduos, causando a instabilidade do aterro. Se destinados em unidades de incineração, a queima da borracha gera enormes quantidades de material particulado e gases tóxicos, necessitando de um sistema de tratamento dos gases extremamente eficiente e caro.

Resíduo de fontes especiais

São resíduos que, em função de suas características peculiares, passam a merecer cuidados especiais em seu manuseio, acondicionamento, estocagem, transporte ou disposição final.

(13)

- Resíduo industrial: segundo a resolução CONAMA n° 313 de 29 de outubro de 2002, resíduo sólido industrial é todo o resíduo que resulte de atividades industriais e que se encontre nos estados sólido, semi-sólido, gasoso - quando contido, e líquido - cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgoto ou em corpos d`água, ou exijam para isso soluções técnica ou economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível

- Resíduo radioativo: assim considerados os resíduos que emitem radiações acima dos limites permitidos pelas normas ambientais. No Brasil, o manuseio, acondicionamento e disposição final do lixo radioativo está a cargo da Comissão Nacional de Energia Nuclear – CNEN.

- Resíduo de portos, aeroportos e terminais rodoviários: resíduos gerados tanto nos terminais, como dentro dos navios, aviões e veículos de transporte. Os resíduos dos portos e aeroportos são decorrentes do consumo de passageiros em veículos e aeronaves e sua periculosidade está no risco de transmissão de doenças já erradicadas no país. - Resíduo agrícola: formado basicamente pelos restos de embalagens impregnados com pesticidas e fertilizantes químicos, utilizados na agricultura, que são perigosos.

- Serviços de Saúde: compreendendo todos os resíduos gerados nas instituições destinadas à preservação da saúde da população.

- Quanto aos riscos potenciais de contaminação ao meio ambiente

A NBR 10004, de 2004: Resíduos Sólidos – Classificação, classifica os resíduos sólidos quanto aos seus riscos ao meio ambiente e à saúde pública, com exceção dos resíduos radioativos que são de competência exclusiva da Comissão Nacional de Energia Nuclear.

Esta norma define a periculosidade como característica apresentada por um resíduo que, em função de suas propriedades físicas, químicas ou infecto-contagiosas, pode apresentar:

a) risco à saúde pública, provocando mortalidade, incidência de doenças ou acentuando seus índices;

b) riscos ao meio ambiente, quando o resíduo for gerenciado de forma inadequada. De acordo com esta norma, os resíduos são classificados em: Classe I – resíduos perigosos e Classe II – resíduos não perigosos. A classe II é subdividida em Classe II A – Não-inertes e Classe II B – Inertes.

O enquadramento dos resíduos perigosos é determinado através da análise das características de periculosidade: inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade e patogenicidade, ou presença nos anexos A (Resíduos perigosos de fontes não específicas) ou B (Resíduos perigosos de fontes específicas).

Os resíduos classe II B são os resíduos que quando amostrados de uma forma representativa, segundo a ABNT NBR 10007, e submetidos a um contato dinâmico e estático com água destilada ou desionizada, à temperatura ambiente, conforme ABNT NBR 10006, não tiverem nenhum de seus constituintes solubilizados a concentrações superiores aos padrões de potabilidade de água, excetuando-se aspecto, cor, turbidez, dureza e sabor.

(14)

Os resíduos classe II A são aqueles que não se enquadram nas classificações de resíduos classe I - Perigosos ou de resíduos classe II B.

- Resíduos de Construção Civil

Segundo a Resolução CONAMA 307/2002, resíduos sólidos de construção civil são os provenientes de construções, reformas, reparos e demolições de obras de construção civil, e os resultantes da preparação e da escavação de terrenos, tais como: tijolos, blocos cerâmicos, concreto em geral, solos, rochas, metais, resinas, colas, tintas, madeiras e compensados, forros, argamassa, gesso, telhas, pavimento asfáltico, vidros, plásticos, tubulações, fiação elétrica etc., comumente chamados de entulhos de obras, caliça ou metralha.

O artigo 3° desta resolução classifica os resíduos da construção civil:

• Classe A - são os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados, tais como:

a) de construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e de outras obras de infra-estrutura, inclusive solos provenientes de terraplanagem;

b) de construção, demolição, reformas e reparos de edificações: componentes cerâmicos (tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento etc.), argamassa e concreto;

c) de processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-moldadas em concreto (blocos, tubos, meios-fios etc.) produzidas nos canteiros de obras;

• Classe B - são os resíduos recicláveis para outras destinações, tais como plásticos, papel/papelão, metais, vidros, madeiras e outros;

• Classe C - são os resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias ou aplicações economicamente viáveis que permitam a sua reciclagem/recuperação, tais como os produtos oriundos do gesso;

• Classe D - são os resíduos perigosos oriundos do processo de construção, tais como: tintas, solventes, óleos e outros, ou aqueles contaminados oriundos de demolições, reformas e reparos de clínicas radiológicas, instalações industriais e outros.

3.1.3. Caracterização Qualitativa e Quantitativa dos Resíduos Sólidos

A geração de resíduos é quantificada através do volume gerado em um período de tempo específico. No caso dos resíduos sólidos urbanos esses índices estão relacionados ao número de habitantes, materializando a denominada produção “per capita de lixo”.

A quantificação é de fundamental importância para orientar o planejamento de instalações e equipamentos que farão parte componente do serviço de coleta e transporte de resíduos de determinada comunidade ou instalação (Bidone & Povinelli, 1999).

A composição qualitativa dos resíduos sólidos apresenta as porcentagens (geralmente em peso) das várias frações dos materiais constituintes do lixo. Essas frações normalmente distribuem-se em matéria orgânica, papel, papelão, trapos, plástico duro, plástico mole, entulho, metais ferrosos, metais não-ferrosos, vidro, borracha, madeira e outros. O conhecimento dessa composição é essencial para a definição das

(15)

providências a serem tomadas com os resíduos, desde a sua coleta até o seu destino final, de uma forma sanitária e economicamente viável (Bidone & Povinelli, 1999).

3.1.4. Gerenciamento de resíduos sólidos

O gerenciamento de resíduos sólidos envolve um conjunto articulado de ações normativas, operacionais, financeiras e de planejamento (com base em critérios sanitários, ambientais e econômicos), para coletar, segregar, tratar e dispor os resíduos da melhor forma possível (IPT, 2000).

O gerenciamento ambiental promovido por qualquer organização traz benefícios como: conhecimento exato da situação; segurança no cumprimento da legislação; controle e tratamento das emissões para o meio ambiente; mecanismos e programas de melhoria contínua da atuação ambiental; minimização de impactos; melhoria na imagem e prestígio frente a clientes, colaboradores, administração e sociedade em geral e, economia e rentabilidade econômica (Frankenberg et al., 2000).

De acordo com Bidone (2001), a tríade “redução, reutilização e reciclagem” representa a moderna visão na direção da diminuição da quantidade de resíduos sólidos gerados e de seu potencial poluidor. A redução na origem é uma forma paliativa de solução do problema de geração de resíduos, que requer modificações em processos e equipamentos de produção de materiais, substituição destes, além de alterações de hábitos e até produtos a adquirir; a reutilização, que consiste no aproveitamento do material nas condições em que é descartado, submetendo-o a pouco ou nenhum tratamento; e a reciclagem, na qual o resíduo passa por um beneficiamento para que possa ser utilizado ou no empreendimento ou pela comunidade local.

Segundo White et al. (1995) um sistema de gerenciamento de resíduos sólidos economicamente e ambientalmente sustentável deve ser integrado, orientado para o mercado e flexível.

Um sistema integrado de gerenciamento de resíduos sólidos engloba todos os tipos e fontes de resíduos sólidos envolvidos na área delimitada para a gestão desses resíduos. A gestão integrada dos resíduos contempla a segregação, acondicionamento e coleta, apresentando como etapa final o tratamento e disposição final destes. As principais alternativas de tratamento e disposição final são a reciclagem, a compostagem, a incineração e os aterros sanitários.

Um plano de gerenciamento de resíduos sólidos ao incorporar as alternativas de tratamento e disposição final deve reconhecer que a efetividade da reciclagem de materiais, da produção de composto e da geração de energia por incineração depende da assimilação desses produtos pelo mercado. Estes mercados provavelmente serão sensíveis ao preço e consistência em quantidade e qualidade do fornecimento. Os gestores desses planos devem fazer sua parte para inserir seus produtos no mercado, trabalhando com os processadores de materiais secundários e estabelecendo um padrão de qualidade para esses materiais (White et. al., 1995).

É necessário que haja flexibilidade para designar, adaptar e operar um sistema em alternativas que melhor atendem às atuais condições sociais, econômicas e ambientais para que o plano seja realmente efetivo. As alternativas podem mudar de local para local, de acordo com os aspectos culturais e sociais da população a ser atendida, ou com as necessidades de mercado de uma região.

(16)

3.1.4.1. Acondicionamento

Acondicionar os resíduos sólidos significa prepará-los para a coleta de forma sanitariamente adequada, como ainda compatível com o tipo e a quantidade de resíduos (Monteiro et al., 2001).

A importância do acondicionamento adequado está em evitar acidentes, evitar a proliferação de vetores, minimizar o impacto visual e olfativo, reduzir a heterogeneidade dos resíduos e facilitar a realização da etapa da coleta (Monteiro et al., 2001).

Resíduo Domiciliar

Os recipientes mais utilizados no acondicionamento do lixo domiciliar são os sacos plásticos, os contêineres plásticos e contêineres metálicos.

Os sacos plásticos a serem utilizados no acondicionamento devem possuir as seguintes características: ter resistência para não se romper por ocasião do manuseio; ter volume de 20, 30, 50 ou 100 litros; possuir fita para fechamento da "boca"; ser de qualquer cor, com exceção da branca. Estas características acham-se regulamentadas pela norma técnica NBR 9.190 da ABNT.

Os contêineres plásticos são recipientes fabricados em polietileno de alta densidade (PEAD), nas capacidades de 120, 240 e 360 litros (contêineres de duas rodas) e 760 e 1.100 litros (contêineres de quatro rodas), constituídos de tampa, recipiente e rodas. Esses contêineres destacam-se pela praticidade no transporte e resistência.

Os contêineres metálicos são recipientes providos normalmente de quatro rodízios, com capacidade variando de 750 a 1.500 litros, que podem ser basculados por caminhões compactadores. São utilizados por grandes geradores como shoppings, grandes condomínios, aeroportos, indústrias, etc.

Resíduo Público

Na coleta dos resíduos sólidos públicos são utilizadas cestas coletoras plásticas ou metálicas. As cestas coletoras são responsáveis pelo acondicionamento dos resíduos em locais onde haja grande fluxo de pessoas com o objetivo de impedir que os resíduos sejam dispostos no solo. Sua capacidade volumétrica varia de 50 a 100 litros.

Resíduos da Construção Civil

Segundo o SINDUSCON/SP (2005), devem ser estabelecidas condições específicas para acondicionamento inicial e acondicionamento final de cada resíduo identificado e coletado.

O acondicionamento inicial deverá acontecer o mais próximo possível dos locais de geração dos resíduos, dispondo-os de forma compatível com seu volume e preservando a boa organização dos espaços nos diversos setores da obra. Em alguns casos, os resíduos deverão ser coletados e levados diretamente para os locais de acondicionamento final.

Na definição do tamanho, quantidade, localização e do tipo de dispositivo a ser utilizado para o acondicionamento final dos resíduos deve ser considerado este conjunto de fatores: volume e características físicas dos resíduos, facilitação para a coleta, controle da utilização dos dispositivos (especialmente quando dispostos fora do canteiro), segurança para os usuários e preservação da qualidade dos resíduos nas condições necessárias para a destinação (SINDUSCON/SP, 2005).

(17)

Tabela 01 – Condições específicas para acondicionamento inicial e final dos resíduos de construção civil

Tipos de Resíduo Acondicionamento Inicial Acondicionamento Final

Madeira

Em bombonas sinalizadas e revestidas internamente por saco de ráfia (pequenas peças) ou em pilhas formadas nas proximidades da própria bombona e dos dispositivos para transporte vertical (grandes peças)

Preferencialmente em baias sinalizadas, podendo ser utilizadas caçambas estacionárias

Metal (ferro, aço, fiação revestida, tc.)

Em bombonas sinalizadas e revestidas

internamente por saco de ráfia ou em fardos. Em baias sinalizadas

Serragem Em sacos de ráfia próximo ao local de geração Baia para acúmulo dos sacos contendo o resíduo

Solos

Eventualmente em pilhas e, preferencialmente, para imediata remoção (carregamento dos caminhões ou caçambas estacionárias logo após a remoção dos resíduos de seu local de origem

Em caçambas estacionárias, preferencialmente separados dos resíduos de alvenaria e concreto Blocos de concreto, blocos

cerâmicos, argamassas, outros componentes cerâmicos, concreto, tijolos e assemelhados

Em pilhas formadas próximas aos locais de geração, nos respectivos pavimentos.

Preferencialmente em caçambas estacionárias.

Fonte: SINDUSCON/SP (2005)

Um aspecto relevante do armazenamento dos resíduos classe A (solos, concreto, agregados, etc) é a necessidade de se ter dispositivos de fechamento (tampa) para evitar a “contaminação dos resíduos”. Ressalta-se que a contaminação é ocasionada pela indisciplina de se misturar resíduos, principalmente, orgânicos, gesso ou materiais perigosos, com resíduos classe A, o que poderia comprometer a qualidade do material processado e sua posterior aplicação (Blumenschein, 2007).

Pilhas e Baterias

O acondicionamento inicial de pilhas e baterias portáteis é feito numa cesta coletora, disposta em locais com grande fluxo de pessoas. A cesta coletora plástica de pilhas e baterias, tem capacidade volumétrica útil de 50 litros, devendo ser na cor verde, fabricada em polietileno de alta densidade, protegido contra a ação de raios ultravioleta, constituída de recipiente inferior e tampa. Destina-se ao recebimento de pilhas e baterias, através de furo circular ou oblongo na parte frontal da tampa (Monteiro et. al., 2001).

Depois de acondicionadas em cestas coletoras, devem ser estocados em contêineres selados ou vedados. O armazenamento dos contêineres deve ser feito em local arejado e protegido de sol e chuva, devendo ficar sobre estrados ou pallets para que as baterias se mantenham secas.

Lâmpadas Fluorescentes

Os procedimentos para o manuseio de lâmpadas que contêm mercúrio incluem as seguintes exigências, segundo Monteiro et.al. (2001):

• estocar as lâmpadas que não estejam quebradas em uma área reservada, em caixas, de preferência em uma bombona plástica para evitar que se quebrem; • rotular todas as caixas ou bombonas;

• não quebrar ou tentar mudar a forma física das lâmpadas;

(18)

• no caso de quebra de alguma lâmpada, os cacos de vidro devem ser removidos e área deve ser lavada;

• armazenar as lâmpadas quebradas em contêineres selados e rotulados da seguinte forma: "Lâmpadas Fluorescentes Quebradas – Contém Mercúrio"

Pneus

Um dos maiores problemas encontrados no armazenamento de pneus para a coleta ou reciclagem está no fato de propiciar o acúmulo de água quando estocado em áreas sujeitas a intempéries.

Nesse sentido, recomenda-se que o acondicionamento de pneus para a coleta siga as seguintes recomendações: nunca acumule pneus, dispondo-os para a coleta assim que se tornem sucata; se precisar guardá-los, faça-o em ambientes cobertos e protegidos das intempéries; jamais os queime.

Resíduos Sólidos Industriais

Segundo Monteiro et al. (2001), as formas mais usuais de se acondicionar os resíduos sólidos industriais são:

• tambores metálicos de 200 litros para resíduos sólidos sem características corrosivas;

• bombonas plásticas de 200 ou 300 litros para resíduos sólidos com características corrosivas ou semi-sólidos em geral;

• contêineres estacionários de 5 a 7 m³.

Grande parte dos resíduos industriais são considerados perigosos, de acordo com a NBR 10004, e devem ser armazenados seguindo os preceitos da NBR 12.335 – Armazenamento de resíduos perigosos.

Resíduos de Serviços de Saúde

Os resíduos de serviços de saúde - RSS devem ser manuseados de acordo com a NBR 12809 – Manuseio de serviços de saúde.

Cada grupo dos RSS possui características próprias e deve ser acondicionado de maneira peculiar. A Tabela 02 apresenta as condições específicas de acondicionamento para cada grupo

Tabela 02 – Condições específicas de acondicionamento para os RSS

Grupo Acondicionamento

Grupo A (Resíduos com risco biológico)

Saco branco leitoso, resistente, impermeável, de acordo com a NBR 9190, devidamente identificado com rótulo de fundo branco, desenho e contorno preto, contendo o símbolo universal de substância infectante, baseado na NBR 7500. Sugere-se a inscrição "Risco Biológico". Os sacos plásticos devem ser acomodados no interior de contenedores (cestos de lixo) na cor branca, com tampa e pedal.

Grupo B (Resíduos com risco químico)

Saco branco leitoso, resistente, impermeável, de acordo com a NBR 9190, devidamente identificado com rótulo de fundo branco, desenho e contorno preto, contendo o símbolo universal de substância tóxica, baseado na NBR 7500. Sugere-se a inscrição "Risco Químico". Os sacos plásticos devem ser acomodados no interior de contenedores (cestos de lixo) na cor branca, com tampa e pedal.

(19)

Grupo D (Resíduos Comuns)

Os resíduos comuns têm a mesma característica dos resíduos domésticos. Portanto, podem ser acondicionados em sacos plásticos comuns de acordo com a NBR 9190. Resíduos recicláveis devem ser separados dos não recicláveis. Grupo E (Resíduos perfurocortantes)

Devem ser descartados separadamente, no local de sua geração, imediatamente após o uso ou necessidade de descarte, em recipientes rígidos, resistentes à punctura, ruptura e vazamento, com tampa, devidamente identificados, atendendo aos parâmetros referenciados na norma.

Fonte: Ministério da Saúde (2002)

O armazenamento temporário consiste no acondicionamento dos resíduos em abrigo, em recipientes coletores adequados, em ambiente exclusivo e com acesso facilitado para os veículos coletores, no aguardo da realização da etapa de coleta externa. Segundo NAGASHIMA (2004), deve ser respeitada a segregação dos resíduos de acordo com os grupos, estando os coletores identificados com a nomenclatura dos mesmos.

3.1.4.2. Coleta e Transporte

Coletar o lixo significa recolher o lixo acondicionado por quem o produz para encaminhá-lo, mediante transporte adequado, a uma possível estação de transferência, a um eventual tratamento e à disposição final. Coleta-se o lixo para evitar problemas de saúde que ele possa propiciar (Monteiro et al., 2001).

Os roteiros devem ser planejados de tal forma que as guarnições comecem seu trabalho no ponto mais distante do local de destino do lixo e, com a progressão do trabalho, se movam na direção daquele local, reduzindo as distâncias (e o tempo) de percurso.

Os itinerários de coleta devem ser projetados de maneira a minimizar os percursos improdutivos, isto é, ao longo dos quais não há coleta.

3.1.4.3. Tratamento e Disposição Final

Compostagem

Compostagem é a decomposição e estabilização biológica de substratos orgânicos, sob condições que permitem o desenvolvimento de temperaturas termofílicas como resultado do calor produzido biologicamente, para produzir um produto final que é estável, livre de patógenos e sementes de plantas, e que pode ser beneficamente aplicado no solo. Assim, a compostagem é uma forma de estabilização dos resíduos, que requer condições especiais de mistura e aeração para produção de temperaturas termofílicas (45 a 65°C). A manutenção da temperatura termofílica é o mecanismo primário para a inativação de patógenos e sementes (Haug, 1993).

Normalmente o processo é realizado em pátios, onde o material é disposto em montes de forma cônica, conhecidos como pilhas de compostagem, ou em montes de forma prismática com seção similar à triangular, denominados leiras de compostagem. Durante o processo, alguns componentes da matéria orgânica são utilizados pelos próprios microorganismos (aeróbios e facultativos), outros são volatilizados e outros, tranformados biologicamente em uma substância escura, de aspecto amorfo, rica em partículas coloidais, denominada húmus (Bidone, 2001).

Reciclagem

De acordo com o IPT (2000), a reciclagem é o resultado de uma série de atividades, pela qual, materiais que se tornariam lixo, ou estão no lixo, são desviados,

(20)

separados e processados para serem utilizados como matéria prima na manufatura de novos produtos. Grande parte dos materiais descartados como resíduos podem ser reciclados, dentre eles destacam-se os diversos tipos de papel (com exceção dos descartáveis) vidros, metais, plásticos, borrachas e outros.

Segundo John & Agopyan (2001), do ponto de vista técnico as possibilidades de reciclagem dos resíduos de construção civil variam de acordo com a sua composição. Quase a totalidade da fração cerâmica pode ser beneficiada como agregado com diferentes aplicações conforme sua composição específica. As frações compostas predominantemente de concretos estruturais e de rochas naturais podem ser recicladas como agregados para a produção de concretos estruturais. A presença de fases mais porosas e de menor resistência mecânica, como argamassas e produtos de cerâmica vermelha e de revestimento, provoca uma redução da resistência dos agregados e um aumento da absorção de água. Assim agregados mistos tem sua aplicação limitada à concretos de menor resistência, como blocos de concreto, contra-pisos, camadas drenantes, etc. Uma aplicação já tradicional no mercado – embora ainda apresente problemas técnicos – é a reciclagem destes resíduos mistos na produção de argamassas em canteiro, através de equipamento específico.

Incineração

A incineração pode ser definida como um processo de redução de volume e periculosidade de um resíduo, a partir de um conjunto de fenômenos físicos (evaporação e sublimação, por exemplo) e químicos (pirólise e oxiredução → combustão). A escolha dependerá dos parâmetros técnicos e regulamentares a que cada tipo de resíduo está sujeito (Bidone, 2001).

Os resíduos que normalmente recebem como tratamento a incineração são os provenientes de estabelecimentos de saúde ou afins (sépticos) e alguns resíduos industriais classe I (Schneider, 2004).

Aterros Sanitários

O aterro sanitário é uma forma de disposição final dos resíduos sólidos urbanos no solo, considerando critérios de engenharia e normas operacionais específicas, proporcionando o confinamento seguro dos resíduos (normalmente, recobrimento com argila selecionada e compactada em níveis satisfatórios), evitando dans ou riscos à saúde pública e minimizando os impactos ambientais. Os critérios de engenharia mencionados materializaram-se no projeto de sistemas de drenagem periférica e superficial para afastamento das águas de chuva, de drenagem de fundo para a coleta do lixiviado, de tratamento para o lixiviado drenado e de drenagem e queima dos gases gerados durante o processo de bioestabilização da matéria orgânica (Bidone, 2001). Aterros Industriais

Constitui-se uma técnica de disposição de resíduos industriais perigosos no solo, sem causar danos ou riscos à saúde pública e à sua segurança, minimizando os impactos ambientais. Este método utiliza princípios de engenharia para confinar os resíduos sólidos à menor área possível e reduzí-los ao menor volume permissível, cobrindo-os com uma camada de terra na conclusão de cada jornada de trabalho ou a intervalos menores, se necessário (NBR 8418, 1983).

Uma questão chave a ser considerada quando se decide optar por este tipo de tratamento é a periculosidade do resíduo. Caso o resíduo a ser disposto tenha características que lhe conferem periculosidade, algumas precauções são necessárias,

(21)

incluindo cobertura da célula do aterro com uma camada de material impermeável, a fim de reduzir a infiltração de água da chuva, a drenagem de águas superficiais, o isolamento do contato dos resíduos com as águas subterrâneas, por impermeabilização do fundo do aterro com materiais impermeáveis, coleta e tratamento do percolado, bem como medidas de segurança necessárias a este tipo de empreendimento.

3.2. Legislação Aplicável aos Resíduos Sólidos

O Brasil ainda não possui uma Política Nacional de Resíduos Sólidos que define e reúna normas relativas à prevenção, geração, minimização, reutilização, manejo, acondicionamento, coleta, reciclagem, transporte, tratamento, reaproveitamento e disposição final dos resíduos sólidos (Bidone, 2001).

Entretanto, alguns textos regulamentares estabelecem diretrizes isoladas para certos procedimentos associados ao gerenciamento de resíduos sólidos (Juras, 2000). Esses textos estão agrupados em legislações e normas técnicas formando um arcabouço legal não consolidado, dificultando a aplicação das normas legais causando grande insegurança jurídica.

Desde 1991, tramita no Congresso Nacional o Projeto de Lei 203, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, seus princípios, objetivos e instrumentos e estabelece diretrizes e normas de ordem pública e interesse social para o gerenciamento de diferentes tipos de resíduos sólidos. A Política Nacional de Resíduos Sólidos deve ser um instrumento que regularize a matéria, mas devido a vários pontos conflitantes ainda não foi aprovada no Congresso.

As leis, decretos, resoluções e normas técnicas aplicáveis à gestão dos resíduos sólidos num empreendimento hidrelétrico foram levantadas e estão descritas a seguir. Para melhor compreensão estes textos regulamentares foram relacionados com a fase do processo de gerenciamento em que são aplicáveis. Inicialmente, estão relacionados os textos associados ao gerenciamento de modo geral. Os outros tópicos definem a legislação e normas técnicas para acondicionamento; coleta e transporte; e tratamento e disposição final.

3.2.1. Gerenciamento de Resíduos Sólidos

O primeiro indício de preocupação com os resíduos sólidos na legislação brasileira deu-se sob o enfoque da saúde humana, com a edição da Lei Federal n°2.312, de 3 de setembro de 1954, a qual estabelecia que a coleta, o transporte e o destino final dos resíduos deveriam se dar em condições que não provocassem inconvenientes à saúde e ao bem-estar públicos.

A Lei n° 6938/1981, que institui a Política Nacional do Meio Ambiente não se refere diretamente aos resíduos sólidos, mas estabelece diretrizes aplicáveis ao seu gerenciamento. O artigo 2° determina que seu principal objetivo é a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida. O artigo 4° dispõe que a Política Nacional do Meio Ambiente visará, dentre outras disposições, à compatibilização do desenvolvimento econômico-social com a preservação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico; ao estabelecimento de critérios e padrões de qualidade ambiental e de normas relativas ao uso e manejo de recursos ambientais; e impor ao poluidor a obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados.

(22)

A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 23, inciso VI, estabelece que a proteção ao meio ambiente e o combate à poluição em qualquer de suas formas é de competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. O artigo 24, inciso VI, estabelece que compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre a conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição.

A Lei n° 9.605 de 12 de fevereiro de 1998 (Lei de Crimes Ambientais) dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente. O inciso V do artigo 54 estabelece uma pena de um a cinco anos de reclusão para o lançamento de resíduos sólidos, líquidos ou gasosos, ou detritos, óleos ou substâncias oleosas, em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou regulamentos. O artigo 56 determina pena de um a quatro anos de reclusão para quem produzir, processar, embalar, importar, exportar, comercializar, fornecer, transportar, armazenar, guardar, ter em depósito ou usar produto ou substância tóxica, perigosa ou nociva à saúde humana ou ao meio ambiente, em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou nos seus regulamentos.

A Resolução CONAMA nº 307, de 5 de julho de 2002 estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil. Esta resolução separa os resíduos de contrução civil em classes e estabelece que os geradores deverão ter como objetivo prioritário a não geração de resíduos e, secundariamente, a redução, a reutilização, a reciclagem e a destinação final. Os resíduos da construção civil não poderão ser dispostos em aterros de resíduos domiciliares, em áreas de "bota fora", em encostas, corpos d`água, lotes vagos e em áreas protegidas por lei. O artigo 10° determina a destinação adequada para cada classe de resíduos da construção civil.

No que se refere ao licenciamento ambiental, é estabelecido que seja elaborado um Projeto de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil de atividades e empreendimentos potencialmente poluidores que gerem esse tipo de resíduo, sendo analisado dentro do processo de licenciamento, junto aos órgão ambiental competente.

A Resolução CONAMA n° 358, de 29 de abril 2005 dispõe sobre o tratamento e a disposição final dos resíduos dos serviços de saúde e dá outras providências. Os resíduos de saúde são classificados quanto aos riscos potenciais ao meio ambiente e à saúde pública e os procedimentos para o gerenciamento adequado para cada grupo são estabelecidos. De acordo com essa resolução os resíduos de saúde são classificados em:

• GRUPO A: Resíduos com a possível presença de agentes biológicos que, por suas características de maior virulência ou concentração, podem apresentar risco de infecção.

• GRUPO B: Resíduos contendo substâncias químicas que podem apresentar risco à saúde pública ou ao meio ambiente, dependendo de suas características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade e toxicidade.

• GRUPO C: Quaisquer materiais resultantes de atividades humanas que contenham radionuclídeos em quantidades superiores aos limites de eliminação especificados nas normas da Comissão Nacional de Energia Nuclear-CNEN e para os quais a reutilização é imprópria ou não prevista.

• GRUPO D: Resíduos que não apresentem risco biológico, químico ou radiológico à saúde ou ao meio ambiente, podendo ser equiparados aos resíduos domiciliares.

(23)

• GRUPO E: Materiais perfurocortantes ou escarificantes, tais como: lâminas de barbear, agulhas, escalpes, ampolas de vidro, brocas, limas endodônticas, pontas diamantadas, lâminas de bisturi, lancetas; tubos capilares; micropipetas; lâminas e lamínulas; espátulas; e todos os utensílios de vidro quebrados no laboratório (pipetas, tubos de coleta sanguínea e placas de Petri) e outros similares.

A Resolução CONAMA n° 362, de 23 de junho de 2005, norteia o gerenciamento, armazenamento, transporte, coleta e reciclagem de óleo lubrificante usado ou contaminado. Esta resolução estabelece que os óleos lubrificantes utilizados no Brasil devem observar, obrigatoriamente, o princípio da reciclabilidade. O produtor, o importador e o revendedor de óleo lubrificante acabado, bem como o gerador de óleo lubrificante usado, são responsáveis pelo recolhimento do óleo lubrificante usado ou contaminado. O produtores e importadores passam a ser responsáveis pela coleta e destinação final de forma proporcional ao volume total de óleo lubrificante que tenham comercializado.

Esta resolução determina que é obrigação do gerador recolher os óleos lubrificantes usados ou contaminados de forma segura, em lugar acessível à coleta, em recipientes adequados e resistentes a vazamentos, de modo a não contaminar o meio ambiente; alienar os óleos lubrificantes usados ou contaminados exclusivamente ao ponto de recolhimento ou coletor autorizado; adotar as medidas necessárias para evitar que o óleo lubrificante usado ou contaminado venha a ser misturado com produtos químicos, combustíveis, solventes, água e outras substâncias, evitando a inviabilização da reciclagem

A Lei n ° 11445, de 5 de janeiro de 2007 (Lei do Saneamento Básico), estabelece diretrizes nacionais para o saneamento básico e para a política federal de saneamento básico. O artigo 5° determina que ações e serviços de saneamento básico de responsabilidade privada, incluindo o manejo de resíduos de responsabilidade do gerador, não constituem serviço público.

Além de leis e resoluções, as normas técnicas elaboradas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas normatizam e instruem alguns procedimentos relativos à gestão dos resíduos sólidos e são citadas abaixo:

- NBR 10004, de 2004: Resíduos Sólidos – Classificação. Classifica os resíduos sólidos quanto aos seus riscos ao meio ambiente e à saúde pública, com exceção dos resíduos radioativos que são de competência exclusiva da Comissão Nacional de Energia Nuclear.

- NBR 10005, de 2004 – Procedimento para obtenção de extrato lixiviado de resíduos sólidos. Ensaio que visa verificar a potencialidade de liberação de elementos solúveis do resíduo sob a influência de água em agitação.

- NBR 10006, de 2004 – Procedimento para obtenção de extrato solubilizado de resíduos sólidos. Esta norma fixa os requisitos exigíveis para obtenção de extrato solubilizado de resíduos sólidos, visando diferenciar os resíduos classificados na ABNT NBR 10004 como classe II A - não inertes – e classe II B – inertes

- NBR 10007, de 2004 – Amostragem de Resíduos Sólidos. Esta norma tem como objetivo fixar as condições exigíveis para amostragem, preservação e estocagem de amostras de resíduos sólidos.

(24)

- NBR 12808, de 1993 – Resíduos de Serviço de saúde. Classifica os resíduos de serviços de saúde quanto aos riscos potenciais ao meio ambiente e à saúde pública, para que tenham gerenciamento adequado.

3.1.2. Acondicionamento

A Resolução CONAMA n° 275, de 25 de abril de 2001, estabelece o código de cores para os diferentes tipos de resíduos, a ser adotado na identificação de coletores e transportadores.

As normas da ABNT que tratam sobre acondicionamento e/ou armazenamento de resíduos sólidos são:

- NBR 11174, de 1990 – Armazenamento de resíduos classes II - não inertes e III – inertes. Esta norma fixa as condições exigíveis para obtenção das condições mínimas necessárias ao armazenamento dos resíduos supracitados.

- NBR 12235, de 1992 – Armazenamento de resíduos perigosos. Dispõe sobre as condições exigíveis de armazenamento de resíduos perigosos necessárias para a proteção da saúde pública e do meio ambiente.

- NBR 9195, de 1993 – Sacos plásticos para acondicionamento de lixo – Determinação da resistência à queda livre.

- NBR 12809 de 1993 – Manuseio de resíduos de serviços de saúde. Dispõe sobre os procedimentos exigíveis para garantir condições de higiene e segurança no manuseio dos serviços de saúde infectantes. Esta norma determina como devem ser acondicionados os diferentes tipos de resíduos infectantes.

- NBR 13055, de 1993 – Sacos plásticos para acondicionamento de lixo – Determinação da capacidade volumétrica.

- NBR 9191, de 2002 – Sacos plásticos para acondicionamento de lixo – Requisitos e métodos de ensaio.

3.1.3. Coleta e Transporte

A Resolução CONAMA n° 023, de 12 de dezembro de 1996, estabelece critérios para o controle do movimento transfronteiriço de resíduos, de acordo com sua classificação (NBR 10004 e Convenção de Basiléia).

A Resolução n° 420 da Agência Nacional de Transportes Terrestres – ANTT, de 11 de fevereiro de 2004, aprova as instruções complementares ao Regulamento do Transporte Terrestre de Produtos Perigosos.

As normas técnicas relacionadas com o manuseio, coleta e transporte dos resíduos sólidos são:

- NBR 12810, de 1993 – Coleta de resíduos de serviço de saúde. Estabelece os procedimentos exigíveis para coleta interna e externa dos resíduos de serviço de saúde, sob condições de higiene e segurança. Esta norma traz especificações dos EPI’s (Equipamentos de Proteção Individual), dos equipamentos de coleta e transporte e dos procedimentos a serem adotados em caso de acidente.

(25)

- NBR 13221, de 2003 – Transporte terrestre de resíduos. Esta Norma especifica os requisitos para o transporte terrestre de resíduos, de modo a evitar danos ao meio ambiente e a proteger a saúde pública.

- NBR 7500, de 2007 – Identificação para o transporte terrestre, manuseio, movimentação e armazenamento de produtos. Esta Norma estabelece a simbologia convencional e o seu dimensionamento para produtos perigosos, a ser aplicada nas unidades de transporte e nas embalagens, a fim de indicar os riscos e os cuidados a serem tomados no transporte terrestre, manuseio, movimentação e armazenamento, de acordo com a carga contida.

3.1.4. Tratamento e Destinação Final

A Portaria MINTER - Ministério de Estado do Interior n° 53, de 01 de março de 1979, dispões sobre o destino e tratamento de resíduos sólidos. Esta portaria determina que deverão ser extintos os lixões, vazadouros ou depósitos de lixo a céu aberto, no menor prazo possível. Fica estabelecido que os projetos específicos de tratamento e disposição de resíduos sólidos, bem como a fiscalização de sua implantação, operação e manutenção, ficam sujeitos à aprovação do órgão estadual de controle da poluição e de preservação ambiental.

A Resolução CONAMA n° 002, de 22 de agosto de 1991, dispõe sobre o tratamento a ser dado às cargas deterioradas, contaminadas ou fora de especificações.

A Resolução CONAMA nº 257, de 30 de junho de 1999, determina em seu artigo 1°, que as pilhas e baterias que contenham em suas composições chumbo, cádmio, mercúrio e seus compostos, necessárias ao funcionamento de quaisquer tipos de aparelhos, veículos ou sistemas, móveis ou fixos, bem como os produtos eletro-eletrônicos que as contenham integradas em sua estrutura de forma não substituível, após seu esgotamento energético, serão entregues pelos usuários aos estabelecimentos que as comercializam ou à rede de assistência técnica autorizada pelas respectivas indústrias, para repasse aos fabricantes ou importadores, para que estes adotem, diretamente ou por meio de terceiros, os procedimentos de reutilização, reciclagem, tratamento ou disposição final ambientalmente adequada.

A Resolução CONAMA n° 258, de 26 de agosto de 1999, alterada pela Resolução CONAMA n° 301, de 21 de março de 2002, estabelece que as empresas fabricantes e as importadoras de pneumáticos são obrigadas a coletar e dar destinação adequada, aos pneus inservíveis existentes no território nacional, na proporção definida nessa resolução relativamente às quantidades fabricadas e/ou importadas.

A Resolução CONAMA nº 283, de 12 de julho de 2001, dispõe sobre o tratamento e a destinação final dos resíduos dos serviços de saúde.

As normas técnicas da ABNT associadas direta ou indiretamente ao tratamento e destinação final de resíduos sólidos são:

- NBR 8418, de 1983 – Apresentação de projetos de aterros para resíduos industriais perigosos – Procedimento.

- NBR 10157, de 1987 – Aterros de resíduos perigosos – Critérios para projeto, construção e operação.

- NBR 11175, de 1990 – Incineração de resíduos sólidos perigosos – Padrões de desempenho – Procedimento.

(26)

- NBR 8419, de 1992 – Apresentação de projetos de aterros sanitários para resíduos sólidos urbanos – Procedimento.

- NBR 13896, de 1997 – Aterros de Resíduos Não Perigosos – Critérios para projeto, implantação e operação.

(27)

4. METODOLOGIA

Na elaboração do Plano de Gerenciamento Integrado dos Resíduos Sólidos da PCH Santa Luzia Alto foram realizadas, seqüencialmente, as seguintes etapas:

• Caracterização do Empreendimento; • Diagnóstico situacional;

• Prognóstico.

4.1. Caracterização do Empreendimento

A caracterização do empreendimento foi a primeira etapa realizada. Buscou-se nessa fase, identificar todas as instalações presentes no canteiro de obras e a compreensão de sua função no processo de implantação da hidrelétrica.

Primeiramente, documentos internos foram levantados, identificando as características da hidrelétrica em si, a previsão de duração das obras, a quantidade de colaboradores trabalhando e a atual fase das obras.

Todas as instalações foram visitadas e os funcionários de cada setor, entrevistados, para que se tivesse a definição dos trabalhos executados.

À partir destas visitas, foi possível delimitar a área de abrangência do empreendimento e identificar todas as possíveis fontes geradoras de resíduos sólidos.

4.2. Diagnóstico Situacional

O diagnóstico situacional consistiu no levantamento qualitativo e quantitativo dos resíduos, classificação desses resíduos e descrição dos atuais procedimentos de gerenciamento dos resíduos sólidos. Dessa forma, é possível identificar a dimensão do problema e subsidiar informações para o prognóstico.

4.2.1. Caracterização dos Resíduos Gerados

A etapa de caracterização dos resíduos sólidos gerados na implantação desse empreendimento buscou identificar quais são esses resíduos e em que quantidade são gerados.

O levantamento qualitativo e quantitativo dos resíduos sólidos gerados na obra foi efetuado in loco, analisando todos os processos e entrevistando os colaboradores da obra.

Devido às características específicas dos tipos de resíduos gerados, foram utilizados métodos diferentes na caracterização dos mesmos.

A caracterização dos resíduos sólidos urbanos foi realizada ao final de um dia de coleta em toda a área de abrangência do empreendimento. Todos os resíduos coletados nesse dia fizeram parte da amostra, representando de forma fidedigna a geração diária dessa classe de resíduos. A amostragem analisada foi segregada em 6 classes pré-definidas: matéria orgânica, metal, plástico, papel, vidro e rejeitos. Depois de anotados e separados em classes, os resíduos foram pesados em uma balança, para que se tivesse uma estimativa da geração de cada classe.

(28)

Os resíduos gerados na manutenção de máquinas e equipamentos foram identificados em seus locais de armazenamento temporário. Esses resíduos são coletados periodicamente por empresas terceirizadas. A quantificação desses resíduos foi feita a partir dos documentos emitidos por estas empresas no ato da coleta, onde são discriminados os volumes coletados.

Dentre os resíduos de construção civil, apenas solo e materiais pétreos estão sendo gerados. A quantidade gerada desses resíduos foi obtida com a equipe de topografia, responsável pelos cálculos do volume total a ser escavado.

Os funcionários mais experientes foram consultados para a identificação dos resíduos de construção civil que serão gerados nas fases subseqüentes.

Os resíduos do serviço de saúde foram levantados através de entrevista à enfermeira responsável pela operação do ambulatório.

4.2.2. Classificação dos Resíduos

Depois de identificados, os resíduos foram classificados quanto ao risco potencial de contaminação ao meio ambiente, segundo a NBR 10004 da ABNT, e de acordo com a Resolução CONAMA n° 307/2002, que dispõe sobre critérios, diretrizes e procedimentos de gerenciamento de resíduos sólidos da construção civil.

Tabela 03 – Modelo da tabela utilizada na classificação dos resíduos Tipo de

resíduo

Classificação dos Resíduos

Res. CONAMA 307/2002 NBR 10.004/2004

A B C D I II A II B

4.2.3. Procedimentos Atuais de Gerenciamento

Os procedimentos atuais de gerenciamento dos resíduos sólidos na implantação da PCH Santa Luzia Alto foram levantados a partir de visitas em campo, levantamento de documentos internos e entrevistas com funcionários.

4.3. Prognóstico

A partir do diagnóstico dos resíduos sólidos foi iniciada a fase de prognóstico. O prognóstico foi realizado através de consultas a legislações, normas técnicas e bibliografias especializadas, alem da aplicação de conhecimentos técnicos específicos. Também foram realizadas entrevistas com alguns profissionais envolvidos na construção de hidrelétricas e no gerenciamento de resíduos. Os conhecimentos adquiridos foram aplicados num plano de forma a orientar a segregação, acondicionamento, manuseio, coleta, transporte e destinação final dos resíduos diagnosticados.

O acondicionamento dos resíduos seguiu os preceitos da Resolução CONAMA 275/01, que orienta as cores a serem utilizadas para a identificação dos diferentes tipos de resíduos; das NBR’s 9190 e 9191, que tratam da classificação e especificação de sacos de lixo; da NBR 11174 que determinas as condições de armazenamento de resíduos não-perigosos; da NBR 12235 que dispões sobre as condições mínimas exigíveis para armazenamento de resíduos perigosos. Também foram consultadas a

(29)

NBR 7500, que determina rótulos de risco para armazenamento e transporte de materiais; a Resolução CONAMA 362/2005, que norteia o gerenciamento de óleos lubrificantes usados; e a NBR 12809 que orienta no acondicionamento e manuseio de resíduos do serviço de saúde

As ações previstas na coleta e transporte de resíduos foram baseadas na NBR 12809, na Resolução CONAMA 362/2005, nas orientações de Monteiro et al. (2001) e em procedimentos adequados já adotados em empreendimentos dessa categoria.

As alternativas de destinação final foram apresentadas focando a valorização dos resíduos, de maneira a reaproveitá-los no próprio empreendimento ou nas comunidades e empreendimentos locais. Foram sugeridos métodos técnicos, ambientais e economicamente viáveis. Na definição desses métodos foram levantadas alternativas eficazes já empregadas no gerenciamento dos resíduos diagnosticados e consultadas as Resoluções CONAMA 258/99 e 362/2005.

Para que o Plano de Gerenciamento Integrado dos Resíduos Sólidos otimize as oportunidades de gerenciamento e valorize os resíduos gerados na obra, ele foi fundamentado no conceito dos 3 R’s: Redução, Reutilização e Reciclagem.

(30)

5. RESULTADOS

5.1. Caracterização do Empreendimento

O trabalho proposto foi realizado na Pequena Central Hidrelétrica Santa Luzia Alto, localizada no Rio Chapecó, limite dos municípios de São Domingos e Ipuaçu, Estado de Santa Catarina. As obras de implantação foram iniciadas em setembro de 2008 e têm previsão de duração de 24 meses. O projeto de implantação da PCH Santa Luzia Alto apresenta um barramento formado por uma barragem com vertedouro em concreto CCR situada no leito do rio e por duas barragens de terra laterais, completando o fechamento nas margens esquerda e direita do rio. O reservatório formado cobrirá uma área de aproximadamente 700 hectares e a potência total instalada será de 28,5 MW. Atualmente 237 funcionários trabalham no empreendimento.  

Figura 01 – Tomada d’água (frente) e área de bota-fora (ao fundo)

Durante a execução deste trabalho as obras encontravam-se em sua fase inicial, onde os principais serviços executados são: perfuração e escavação da casa de força, tomada d’água e canal de adução; desmatamento das áreas a serem inundadas pelo reservatório; escavação do canal de desvio e das adufas.

(31)

Estão sendo utilizados dois canteiros de obras na implantação da PCH Santa Luiza Alto. O Canteiro 01, também chamado de canteiro administrativo, está localizado na SC-480 Km 54,2, próximo à zona urbana de São Domingos. Este canteiro foi construído para a implantação da PCH Ludesa e foi mantido devido à previsão de implantação da PCH Santa Luzia Alto. As estruturas construídas nesse canteiro são:

• Administração; • Escritórios; • Almoxarifado ; • Refeitório; • Alojamento; • Carpintaria; • Oficina Mecânica; • Britador;

• Rampa de Lavação e Lubrificação; • Pátio Geral.

Na administração situam-se a recepção e o escritório da chefia e ocorrem as principais reuniões. Nos escritórios, são efetuados os serviços de gerenciamento das obras, confecções de plantas, mapas, relatórios, dentre outros.

No refeitório do Canteiro 01 são servidas cerca de 100 refeições diariamente. A cozinha industrial que prepara a refeição de todos os colaboradores da obra está acoplada a esse refeitório. Vale ressaltar que parte dos colabores almoça no Canteiro 01 e outra parte no Canteiro 02, para onde a comida é encaminhada diariamente.

Figura 03 – Refeitório e Cozinha

Nem todos os colaboradores da obra estão alojados no canteiro de obras visto que boa parte é natural dos municípios de São Domingos e Ipuaçu. Destaca-se também que várias residências foram alugadas em São Domingos para a instalação da mão de obra qualificada. Atualmente, 52 colaboradores residem no alojamento do Canteiro 01.

Na carpintaria são confeccionadas placas, bancos, mesas, fôrmas para concretagem e outros diversos produtos provenientes de madeira que possam ser utilizados na obra.

(32)

Figura 04 – Carpintaria

Na oficina mecânica realiza-se a manutenção do maquinário, como troca de pneus, troca de peças, alguns serviços de lubrificação, troca de bateria, dentre outros. Nessa oficina estão estocados os pneus que não apresentam mais condições de recapagem.

Figura 05 – Oficina Mecânica

O britador está localizado nesse canteiro devido à proximidade da pedreira de onde é feita a lavra do basalto, matéria-prima para a confecção da brita.

A rampa de lavação e lubrificação é utilizada para a lavação de todo o maquinário do empreendimento. As trocas de óleo e lubrificação também são realizados nessa instalação. O efluente gerado na rampa de lavação é enviado para um decantador, para remoção dos sólidos sedimentáveis e segue para uma caixa separadora de água e óleo que remove óleos e graxas. Esse efluente final é disposto no solo através de valas de infiltração.

No pátio geral estão dispostos os locais de armazenamento de óleos novos e usados do empreendimento.

(33)

Figura 06 – Pátio Geral

O Canteiro 02, também chamado de canteiro industrial, está localizado à margem direita do Rio Chapecó, ao lado do futuro barramento da PCH Santa Luzia Alto, a aproximadamente 18 quilômetros do município de São Domingos. Nesse canteiro de obras estão instalados:

• Alojamento; • Escritório Técnico; • Almoxarifado; • Refeitório; • Ambulatório;

• Oficina de Manutenção e Montagem; • Depósito de Combustíveis;

• Área de bota-fora

• Pátio de armazenamento de agregados; • Laboratório de Concreto;

• Depósito de Cimento em Sacos; • Central de Concreto e Câmara Úmida; • Rampa de Lavação das Betoneiras; • Central de Fôrma;

• Central de Armação;

O alojamento do Canteiro 02 ainda não está sendo utilizado. Foi projetado para abrigar 200 pessoas durante o período de pico das obras.

No escritório do Canteiro 02 estão locadas as equipes de supervisão das obras e topografia.

Referências

Documentos relacionados

No período de primeiro de janeiro a 30 de junho de 2011, foram encaminhadas, ao Comitê de Segurança do Paciente da instituição sede do estudo, 218 notificações de

Basicamente o projeto é dividido na parte de Software, denominado “Cliente” para um usuário final (Interface por smartphone ou tablet com Android), e a parte de Hardware, em

O uso de jogos para este grupo se torna uma ferramenta eficaz, pois muitos destes profissionais tem baixa formação escolar além de estarem há muito tempo fora das salas

Sabe-se que o desempenho de um animal é consequência da expressão de um conjunto de características reprodutivas (idade ao primeiro parto, intervalo de partos, probabilidade de

Sendo assim, a escola de samba entendida como instrumento pedagógico de diversos saberes também pode ser pensada como um dispositivo concreto de reontologização.. Onde está

No presente documento descrevemos o método desenvolvido pelo Laboratório de Ecologia Espacial e Conservação – LEEC (UNESP-Rio Claro) para identifi car áreas com alto potencial

Dois modelos foram utilizados para inferir o potencial de regeneração. Em cada QSHIPSEWIWXVEXɯKMEWEHSXEHEWJSVEQ.. Além de considerar o tamanho e a conectividade entre os fragmentos

SELEÇÃO AO 7º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL EM 2018 DO COLÉGIO DE APLICAÇÃO DA UFPE Caderno de Provas: MATEMÁTICA E PORTUGUÊS (PRODUÇÃO TEXTUAL)..