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(1)

No contexto do MDP a supervisão clínica surge como um processo formal de acompanhamento da prática profissional, que visa promover a tomada de decisão autónoma, valorizando a protecção da pessoa e a segurança dos cuidados, através de processos de reflexão e análise da prática clínica.

Pode-se afirmar -se que o processo de supervisão, num período de prática acompanhada de forma contínua, visa a autonomização gradual do supervisado, em contexto de trabalho, centrado na prática clínica, nos processos de tomada de decisão autónoma. A acção, a reflexão e a colaboração entre supervisor e supervisado são eixos centrais na supervisão clínica (Ordem dos Enfermeiros, 2010).

(2)

Ser supervisor

Ser supervisor clínico requer o cumprimento de um perfil e a vontade em

querer ser supervisor. Por isso diz – se que é da vontade do próprio, que se

voluntaria ou é proposto por terceiros com o seu consentimento. Tem de

associar -se a posse do perfil adequado em termos profissionais e a

disponibilidade pessoal, a vontade, de querer acompanhar outros (Ordem

dos Enfermeiros, 2010).

(3)

O percurso da profissão

O percurso realizado pela Enfermagem, desde a década de 70, é fundamental

para o entendimento do desenvolvimento da profissão, do seu ensino e da

relação entre ambos no contexto da realidade portuguesa.

(4)

O percurso da profissão

Quando do 1º Congresso Nacional, em 1973, foram considerados três pontos

relevantes no programa, para o desenvolvimento da profissão: uma

carreira única profissional, a educação de enfermagem integrar o sistema

nacional de ensino e a criação de uma Ordem dos Enfermeiros.

Destacam-se assim alguns marcos significativos no percurso da profissão,

que vão desde a existência de um único nível de educação em

enfermagem, a uma carreira única para todos os enfermeiros e à

integração, em 1988, do ensino de enfermagem no sistema nacional de

educação, no Ensino Superior, no subsistema politécnico.

(5)

O percurso da profissão

A publicação do Decreto-lei 480/88 de 27 de Agosto cria o curso superior de

Enfermagem (CSE) e os cursos de estudos superiores especializados em

Enfermagem (CESEE). Esses cursos, quando formassem entre si um

conjunto coerente, podiam conduzir à obtenção do grau de licenciado. É

esta condição que permite que em 1991 se inicie o Mestrado em Ciências

de Enfermagem do ICBAS e da Universidade Católica Portuguesa.

(6)

O percurso da profissão

Na década de 90, a publicação do Regulamento do Exercício Profissional dos Enfermeiros (REPE), vem configurar o exercício de enfermagem, clarificando conceitos, intervenções e áreas de actuação assim como os direitos e deveres. No Preâmbulo do REPE (1996), considera-se que: “A enfermagem registou entre nós, no decurso dos últimos anos, uma evolução, quer ao nível da respectiva formação, quer no que diz respeito à complexificação e dignificação do seu exercício profissional, que torna imperioso reconhecer como de significativo valor o papel do enfermeiro no âmbito da comunidade científica de saúde e, bem assim, no que concerne à qualidade e eficácia da prestação de cuidados de saúde”.

(7)

O percurso da profissão

Menos de dois anos depois, o Estado devolveu aos enfermeiros os poderes de

regulação e foi criada a Ordem dos Enfermeiros (Decreto-lei nº 104/98 de 21

de Abril), sendo afirmado

(8)

O percurso da profissão

A enfermagem passa assim a ter a auto-regulação como uma garantia da protecção do interesse público e do bem comum, tanto no acesso à prática profissional (CD) como na monitorização e desenvolvimento da prática (CD e CE), na regulamentação (CE e CJ) e no controlo do exercício (CE e CJ). No que concerne à regulação do acesso pode dizer-se, em síntedizer-se, que ele deve decorrer da análise da competência e capacidade do candidato. Já no que diz respeito à regulação do exercício – cumprimento de normas deontológicas e dos standards da profissão – reporta-se a:

• Código deontológico

• Competências dos enfermeiros de cuidados gerais e dos enfermeiros especialistas

(gerais e específicas)

(9)

O percurso da profissão

Decorrente do reconhecimento profissional que caracterizou a década de 90, em 1999 o Decreto-Lei nº 353/99 de 3 de Setembro fixou as regras gerais a que ficou subordinado o ensino de enfermagem.

A mudança da formação de nível de bacharelato para licenciatura, então verificada não se tratou de uma mera alteração de duração do curso. Respondendo às exigências entretanto surgidas com o REPE, nomeadamente as relativas ao seu capitulo V (Exercício e Intervenção dos Enfermeiros), o objecto do curso foi então profundamente alterado, passando a incluir aspectos até ali contemplados nos CESEE.

(10)

O percurso da profissão

Esse diploma legal estabelece que cabe à licenciatura “assegurar a formação científica, técnica, humana e cultural para a prestação e gestão de cuidados de enfermagem gerais” (nº 1, art.º 5º) e ainda a participação na gestão, na formação de profissionais e ao desenvolvimento da prática da investigação no seu âmbito.

O mesmo diploma cria os cursos de pós-licenciatura de especialização, que só virão a ser regulamentados em 2002. Aprova ainda “as regras gerais a que fica subordinado o ensino da Enfermagem no âmbito do ensino superior politécnico” mas afirma que “a formação na área da Enfermagem ao nível do mestrado e do doutoramento será naturalmente desenvolvida pelas instituições de ensino universitário…”

(11)

O percurso da profissão

A enfermagem foi reconhecida como área disciplinar no meio académico português pela primeira vez pelo ICBAS em 2001, consequência natural do Mestrado em Ciências de Enfermagem, passando a oferecer a possibilidade de realização do Doutoramento em Enfermagem. O primeiro doutoramento em Enfermagem foi atribuído em Março de 2002. Em 2004, inicia-se uma nova etapa neste percurso, aprovando a Universidade de Lisboa a área disciplinar “Enfermagem” e a abertura de um Programa de Doutoramento em Enfermagem

(12)

O percurso da profissão

Nos finais da década de 90 e início deste século, o país vê-se confrontado com

fortes pressões de oferta formativa, em processos insuficientemente

regulados, pelo menos no que respeita aos mecanismos de avaliação e

acreditação dos diferentes cursos.

(13)

O percurso da profissão

Alterações no âmbito da empregabilidade, como a possibilidade de celebração de

contrato individual de trabalho, permitiu a introdução de novas regras na

relação enfermeiro / SNS.

Se, por um lado, permitiu mais flexibilidade na gestão, também trouxe problemas,

tais como: a maior rotatividade de pessoal, insegurança laboral, falta de

perspectivas futuras, incerteza, défice de socialização profissional, etc. - que

acarretarão mais custos para os enfermeiros, para a qualidade dos cuidados,

para os serviços e para o sistema de saúde (Ferrinho e Neto, 2006)

(14)

O percurso da profissão

As carreiras profissionais do Serviço Nacional de Saúde são as estruturas

conhecidas, até ao momento, que asseguram a existência de marcos de

avaliação da qualidade técnica do trabalho desenvolvido (garantia de

desenvolvimento profissional), permitindo passar a patamares de

responsabilização técnica e de remuneração superiores e permitindo , ainda,

algum grau de hierarquia técnica entre os profissionais. Para os utilizadores

dos serviços de saúde não são ainda visíveis os mecanismos que garantirão a

qualificação técnica dos profissionais após a licenciatura. (OPSS, 2003)

(15)

O percurso da profissão

Prevê-se que os cuidados prestados sejam cada vez mais diferenciados e em contextos cada vez mais complexos o que obrigará (já obriga) a uma crescente especialização dos enfermeiros.

O MDP também procura dar resposta a este desiderato , pretendendo adequar as respostas em cuidados às actuais necessidades da pessoa, família e grupos específicos e do próprio ambiente.

Uma profissão liberal caracteriza-se pela prática com base em qualificações profissionais relevantes, na capacidade pessoal, responsável e profissionalmente independente , daqueles que prestam serviços intelectuais e conceptuais , no interesse do cliente e do público.

(16)

O percurso da profissão

A Directiva 2005 / 36 / CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 7 de Setembro de 2005, relativa a reconhecimento das qualificações profissionais rege o reconhecimento mútuo das qualificações no domínio das profissões regulamentadas.

O objectivo fulcral da directiva é consolidar as 15 directivas adoptadas entre 1975 e 1999, que instauram os diferentes regimes de reconhecimento e promover a reforma do regime das qualificações profissionais a fim de criar um quadro jurídico único e coerente, liberalizar mais a prestação de serviços, facilitar o reconhecimento das qualificações e simplificar os procedimentos administrativos e de actualização.

(17)

O percurso da profissão

Este processo de consolidação legislativa destinou-se, por conseguinte, a agrupar num único texto as 3 directivas relativas ao sistema geral (Directivas 89/48/CEE e 92/51/CEE do Conselho, a Directiva 1999/42/CE do Parlamento Europeu e do Conselho), a Directiva 2001/19/CE e as doze directivas sectoriais, abrangendo as 7 profissões seguintes: enfermeiro responsável por cuidados gerais, médico, dentista, parteira, veterinário, farmacêutico e arquitecto. A consolidação destas quinze directivas conduz à sua revogação e a Directiva 2005/36/CE impõe obrigações juridicamente vinculativas às autoridades dos Estados-Membros.

(18)
(19)

Os referenciais conceptuais

Definição dos cuidados de enfermagem

O exercício profissional da enfermagem centra-se na relação interpessoal entre um enfermeiro e uma pessoa, ou entre um enfermeiro e um grupo de pessoas (família ou comunidades).

Quer a pessoa enfermeiro, quer as pessoas clientes dos cuidados de enfermagem, possuem quadros de valores, crenças e desejos da natureza individual – fruto das diferentes condições ambientais em que vivem e se desenvolvem.

Assim, no estabelecimento das relações terapêuticas, no âmbito do seu exercício profissional, o enfermeiro distingue-se pela formação e experiência que lhe permite entender e respeitar os outros, num quadro onde procura abster-se de juízos de valor relativamente à pessoa cliente dos cuidados de enfermagem (Ordem dos Enfermeiros).

(20)

Os referenciais conceptuais

A relação terapêutica promovida no âmbito do exercício profissional de

enfermagem caracteriza-se pela parceria estabelecida com o cliente, no

respeito pelas suas capacidades.

Várias são as circunstâncias em que a parceria deve ser estabelecida

envolvendo as pessoas significativas do cliente individual (família,

convivente significativo). No sentido de optimizar o exercício profissional,

frequentemente os enfermeiros alargam o conceito de cliente, e portanto a

relação de parceria, à família e à comunidade.

(21)

Os referenciais conceptuais

Será utilizado o termo cliente como forma de referir a pessoa que é alvo dos cuidados de enfermagem. Em todo o caso, designações como "utente", "doente" ou "consumidor de cuidados", dependendo do contexto da utilização, não colidem.

A opção pelo termo "cliente" relaciona-se com a conotação que este termo tem com a noção de papel activo no quadro da relação de cuidados. "Cliente" como participante activo. "Cliente“ como aquele que troca algo com outro e não necessariamente aquele que, numa visão meramente economista, paga. Cliente-pessoa-individual ou cliente-família ou cliente-comunidade.

(22)

Os referenciais conceptuais

Os cuidados de enfermagem tomam por foco de atenção a promoção dos projectos de saúde que cada pessoa vive e persegue. Neste contexto, procura-se, ao longo de todo o ciclo vital, prevenir a doença e promover os processos de readaptação após a doença.

Procura-se, também, a satisfação das necessidades humanas fundamentais e a máxima independência na realização das actividades da vida diária, bem como se procura a adaptação funcional aos défices e a adaptação a múltiplos factores – frequentemente através de processos de aprendizagem do cliente.

(23)

Os referenciais conceptuais

As intervenções de enfermagem são frequentemente optimizadas se toda a

unidade familiar for tomada por alvo do processo de cuidados,

nomeadamente, quando as intervenções de enfermagem visam a alteração

de comportamentos, tendo em vista a adopção de estilos de vida

compatíveis com a promoção da saúde.

(24)

Os referenciais conceptuais

Os cuidados de enfermagem ajudam a pessoa a gerir os recursos da

comunidade em matéria de saúde, prevendo-se vantajoso o assumir de um

papel de pivot no contexto da equipa.

Na gestão dos recursos de saúde, os enfermeiros promovem, paralelamente, a

aprendizagem sobre a forma de aumentar o repertório dos recursos

pessoais, familiares e comunitários para lidar com os desafios de saúde.

(25)

Os referenciais conceptuais

O exercício profissional dos enfermeiros insere-se num contexto de actuação multiprofissional. Assim, distinguem-se dois tipos de intervenções de enfermagem: as iniciadas por outros técnicos da equipa (intervenções interdisciplinares), i. e. prescrições médicas, e as iniciadas pela prescrição do enfermeiro (intervenções autónomas).

Relativamente às intervenções de enfermagem que se iniciam na prescrição elaborada por outro técnico da equipa de saúde, o enfermeiro assume a responsabilidade técnica (desenvolvimento técnico)pela sua implementação. Relativamente às intervenções de enfermagem que se iniciam na prescrição elaborada pelo enfermeiro (o processo de enfermagem: diagnóstico, implementação, re-avaliação, continuidade – desenvolver conhecimento e competências em cada área), o enfermeiro assume a responsabilidade pela prescrição e pela implementação técnica da intervenção.

(26)

Os referenciais conceptuais

A tomada de decisão do enfermeiro que orienta o exercício profissional

autónomo implica uma abordagem sistémica e sistemática. Na tomada de

decisão o enfermeiro identifica as necessidades de cuidados de

enfermagem da pessoa individual ou do grupo (família e comunidade).

Após efectuada a correcta identificação da problemática do cliente, as

intervenções de enfermagem são prescritas de forma a evitar riscos,

detectar precocemente problemas potenciais e resolver ou minimizar os

problemas reais identificados.

(27)

Os referenciais conceptuais

No processo da tomada de decisões em enfermagem e na fase de implementação das intervenções o enfermeiro incorpora os resultados da investigação na sua prática (formar para a acção-reflexão-investigação-reflexão-acção).

Para tal, reconhece-se que a produção de guias orientadores da boa prática de cuidados de enfermagem baseados na evidência empírica – guidelines – constituem uma base estrutural importante para a melhoria contínua da qualidade do exercício profissional dos enfermeiros.

(28)

Os referenciais conceptuais

Do ponto de vista das atitudes que caracterizam o exercício profissional dos enfermeiros, os princípios humanistas de respeito pelos valores, pelos costumes, pelas religiões e por todos os demais previstos no Código Deontológico enformam a boa prática da enfermagem.

Neste contexto, os enfermeiros têm presente que "bons cuidados" significam coisas diferentes para diferentes pessoas, e, assim, o exercício profissional dos enfermeiros requer sensibilidade para lidar com estas diferenças perseguindo-se os mais elevados níveis de satisfação dos clientes (e quando tal não é valorizado pela organização ou conflitua com as orientações hierárquicas – como lidar com estas situações e como formar outros profissionais para lidarem com elas?).

(29)

Os referenciais conceptuais

No exercício das suas funções, os enfermeiros deverão adoptar uma conduta

responsável e ética e actuar no respeito pelos direitos e interesses,

legalmente protegidos, dos cidadãos.

O exercício da actividade profissional dos enfermeiros tem como objectivos

fundamentais a promoção da saúde, a prevenção da doença, o tratamento,

a reabilitação e a reinserção social.

Os enfermeiros têm uma actuação de complementaridade funcional

relativamente aos demais profissionais de saúde, mas dotada de idêntico

nível de dignidade e autonomia de exercício profissional.

(30)

Os referenciais conceptuais

Em conformidade com o diagnóstico de enfermagem, os enfermeiros, de acordo com as suas qualificações profissionais:

a) organizam, coordenam, executam, supervisionam e avaliam as intervenções de enfermagem nos três níveis de prevenção;

b) decidem sobre técnicas e meios a utilizar na prestação de cuidados de enfermagem, potenciando e rentabilizando os recursos existentes, criando a confiança e a participação activa do indivíduo, da família, dos grupos e da comunidade;

c) utilizam técnicas próprias da profissão de enfermagem, com vista à manutenção e recuperação das funções vitais, nomeadamente, respiração, alimentação, eliminação, circulação, comunicação, integridade cutânea e mobilidade;

(31)

Os referenciais conceptuais

d) participam na coordenação e dinamização das actividades inerentes à situação de saúde / doença, quer o utente seja seguido em internamento, ambulatório ou domicílio;

e) procedem à administração da terapêutica prescrita, detectando os seus efeitos e actuando em conformidade, devendo, em situação de emergência, agir de acordo com a qualificação e os conhecimentos que detêm, tendo como finalidade a manutenção ou recuperação das funções vitais;

f) Participam na elaboração e concretização de protocolos referentes a normas e critérios para administração de tratamentos e medicamentos;

g) procedem ao ensino do utente sobre a administração e utilização de medicamentos ou tratamentos.

(32)

Os referenciais conceptuais

Os enfermeiros contribuem, no exercício da sua actividade na área de gestão, investigação, docência, formação e assessoria, para a melhoria e evolução da prestação dos cuidados de enfermagem, nomeadamente:

a) organizando, coordenando, executando, supervisionando e avaliando a formação dos enfermeiros;

b) avaliando e propondo os recursos humanos necessários à prestação dos cuidados de enfermagem, estabelecendo normas e critérios de actuação e procedendo à avaliação do desempenho dos enfermeiros;

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Os referenciais conceptuais

d) dando parecer técnico acerca de instalações, materiais e equipamentos utilizados na prestação de cuidados de enfermagem;

e) colaborando na elaboração de protocolos entre as instituições de saúde e as escolas, facilitadores e dinamizadores da aprendizagem dos formandos;

f) participando na avaliação das necessidades da população e dos recursos existentes em matéria de enfermagem e propondo a política geral para o exercício da profissão, ensino e formação em enfermagem;

g) promovendo e participando nos estudos necessários à reestruturação, actualização e valorização da profissão de enfermagem. (os supervisores têm que desenvolver contratos de aprendizagem que lhes permitam afirmar no fim do processo que o enfermeiro possui as competências necessárias para assumir estas funções, o que é diferente de dominá-las, como demonstra a Benner)

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Os referenciais conceptuais

Domínios

Prática profissional, ética e legal Prestação e gestão de cuidados Desenvolvimento profissional

Responsabilidade Prática segundo a

ética

Prática legal

Prestação de cuidados Gestão de cuidados Promoção da saúde Colheita de dados Planeamento Execução Avaliação Comunicação e relações interpessoais Ambiente seguro Cuidados de saúde interprofissionais Delegação e supervisão Valorização profissional Melhoria da qualidade Formação contínua

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Os referenciais conceptuais

A saúde

A saúde é o estado e, simultaneamente, a representação mental da condição individual, o controlo do sofrimento, o bem-estar físico e o conforto emocional e espiritual. Na medida em que se trata de uma representação mental, trata-se de um estado subjectivo; portanto, não pode ser tido como conceito oposto ao conceito de doença.

A representação mental da condição individual e do bem-estar é variável no tempo, ou seja, cada pessoa procura o equilíbrio em cada momento, de acordo com os desafios que cada situação lhe coloca. Neste contexto, a saúde é o reflexo de um processo dinâmico e contínuo; toda a pessoa deseja atingir o estado de equilíbrio que se traduz no controlo do sofrimento, no bem-estar físico e no conforto emocional, espiritual e cultural.

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Os referenciais conceptuais

A pessoa

A pessoa é um ser social e agente intencional de comportamentos baseados nos valores, nas crenças e nos desejos da natureza individual, o que torna cada pessoa num ser único, com dignidade própria e direito a autodeterminar-se.

Os comportamentos da pessoa são influenciados pelo ambiente no qual ela vive e se desenvolve. Toda a pessoa interage com o ambiente: modifica-o e sofre a influência dele durante todo o processo de procura incessante do equilíbrio e da harmonia. Na medida em que cada pessoa, na procura de melhores níveis de saúde, desenvolve processos intencionais baseados nos valores, crenças e desejos da sua natureza individual, podemos atingir um entendimento no qual cada um de nós vivencia um projecto de saúde.

A pessoa pode sentir-se saudável quando transforma e integra as alterações da sua vida quotidiana no seu projecto de vida, podendo não ser feita a mesma apreciação desse estado pelo próprio e pelos outros (transições de Meleis).

(39)

Os referenciais conceptuais

A pessoa é também centro de processos não intencionais.

As funções fisiológicas, enquanto processos não intencionais, são factor importante no processo de procura incessante do melhor equilíbrio. Apesar de se tratar de processos não intencionais, as funções fisiológicas são influenciadas pela condição psicológica das pessoas, e, por sua vez, esta é influenciada pelo bem-estar e conforto físico. Esta inter-relação torna clara a unicidade e indivisibilidade de cada pessoa; assim, a pessoa tem de ser encarada como ser uno e indivisível.

(40)

Os referenciais conceptuais

O ambiente

O ambiente no qual as pessoas vivem e se desenvolvem é constituído por elementos humanos, físicos, políticos, económicos, culturais e organizacionais, que condicionam e influenciam os estilos de vida e que se repercutem no conceito de saúde. Na prática dos cuidados, os enfermeiros necessitam de focalizar a sua intervenção na complexa interdependência pessoa / ambiente.

(41)

Os referenciais conceptuais

Os cuidados de enfermagem

O exercício profissional da enfermagem centra-se na relação interpessoal de um enfermeiro e uma pessoa ou de um enfermeiro e um grupo de pessoas (família ou comunidades). Quer a pessoa enfermeiro, quer as pessoas clientes dos cuidados de enfermagem, possuem quadros de valores, crenças e desejos da natureza individual – fruto das diferentes condições ambientais em que vivem e se desenvolvem.

sim, no âmbito do exercício profissional, o enfermeiro distingue-se pela formação e experiência que lhe permite compreender e respeitar os outros numa perspectiva multicultural, num quadro onde procura abster-se de juízos de valor relativamente à pessoa cliente dos cuidados de enfermagem.

(42)

Os referenciais conceptuais

A relação terapêutica

A relação terapêutica promovida no âmbito do exercício profissional de enfermagem caracteriza-se pela parceria estabelecida com o cliente, no respeito pelas suas capacidades e na valorização do seu papel.

Esta relação desenvolve-se e fortalece-se ao longo de um processo dinâmico, que tem por objectivo ajudar o cliente a ser proactivo na consecução do seu projecto de saúde.

Várias são as circunstâncias em que a parceria deve ser estabelecida, envolvendo as pessoas significativas para o cliente individual (família, convivente significativo).

(43)

Os referenciais conceptuais

Os enunciados descritivos de qualidade do exercício profissional dos enfermeiros visam explicitar a natureza e englobar os diferentes aspectos do mandato social da profissão de enfermagem. Pretende-se que estes venham a constituir-se num instrumento importante que ajude a precisar o

papel do enfermeiro junto dos clientes, dos outros profissionais, do público e dos políticos. Trata-se de uma representação dos cuidados que deve ser conhecida por todos os clientes (cf. Bednar, 1993 2), quer ao nível dos resultados mínimos aceitáveis, quer ao nível dos melhores resultados que é aceitável esperar (Grimshaw & Russel, 19933).

Nesta fase, foram definidas seis categorias de enunciados descritivos, relativas à satisfação dos clientes, à promoção da saúde, à prevenção de complicações, ao bem-estar e ao autocuidado dos clientes, à readaptação funcional e à organização dos serviços de enfermagem.

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O cerne da questão

Existe o perigo da representação abstracta da actividade de prestação de cuidados, que origina um fosso entre os que intelectualizam e idealizam a prática de cuidados e a “encerram numa prisão teórica” e o prestador de cuidados que lida quotidianamente com a realidade da vida profissional com interrogações, com inquietações e com o sofrimento do doente e dos seus familiares. Cuidar é, portanto, não apenas uma ciência mas também uma arte, que articula as dimensões da conceptualização e da intervenção em situações reais de trabalho (Hesbeen, 2000).

(53)

O cerne da questão

A concentração em tarefas diversificadas a executar mostra a discrepância e

os limites do sistema de trabalho actual em enfermagem. Esta

concentração, apesar do seu baixo custo ao nível das organizações gera

tanto a insatisfação, expressa cada vez com mais frequência pelos doentes

e pelos seus familiares, como o cansaço, a fadiga e o stress pelos

prestadores de cuidados (Hesbeen, 2000).

(54)

O cerne da questão

As tarefas dos profissionais de saúde dirigem-se, frequentemente, a corpos-objectos ao passo que a realidade dos cuidados confronta cada pessoa com a inesgotável riqueza da complexidade do ser humano, ou seja com o corpo-sujeito. O corpo-objecto ou corpo que se

tem é aquele em que se baseou a medicina científica de hoje. O corpo-sujeito ou corpo que se é, é aquele que não se pode limitar a um conjunto de orgãos, de membros e de funções.

É diferente da soma das partes que o compõem. É aquele em que a abordagem sistemática não pode dominar porque é animado de uma vida particular feita de projectos, de desejos, de prazeres e de motivação.

O corpo que se é é aquele que não pode submeter-se inteiramente à racionalidade, nem corresponder perfeitamente às teorias e aos instrumentos utilizados pelos profissionais (Hesbeen, 2000).

(55)

O cerne da questão

Assim, será função dos enfermeiros “ajudar os seres humanos a viver o corpo

que são apesar das vicissitudes do corpo que têm”.

Assim, a montante e a jusante do tratamento da doença, que depende da

decisão médica estão a iniciativa e a decisão da enfermagem, baseadas na

análise das deficiências funcionais provocadas pela doença (Hesbeen,

2000).

(56)

O cerne da questão

O conceito de saúde/doença remete para a explicitação das deficiências funcionais e das suas manifestações, relacionadas com a consciencialização da forma como isso se revela à pessoa que se depara com a incapacidade.

Compete também aos enfermeiros, em complementaridade com outros elementos da equipa, no domínio dos cuidados de manutenção de vida e de acompanhamento, o que é da ordem do “remédio”: remediar significa evitar transpor um limiar de não regresso, evitar o agravamento. Exemplifica-se com o que se passa no domínio do alívio da dor por relaxamento, por massagem;

ou então para facilitar o sono, tendo em conta diferentes meios socioculturais. Porém, os remédios só ganham sentido se enraizados nos cuidados; situam-se entre os cuidados e os tratamentos (Collière, 2001). (os enfermeiros devem ou não ser livres de decidir utilizar determinado tipo de terapêuticas?)

(57)

O cerne da questão

Neste quadro, é a partir da valorização e da utilidade social de todo o acto que constitui cuidados de enfermagem e das qualidades profissionais exigidas para lhes dar sentido que se poderá esclarecer e firmar a identidade da enfermagem, provando o seu contributo essencial para a saúde dos indivíduos. (já conseguimos definir exactamente o que constitui os cuidados de enfermagem? Já conseguimos avaliar quantitativamente e qualitativamente de forma sistemática o impacto dos cuidados na saúde dos indivíduos? Os contratos terão que ser explícitos…)

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O cerne da questão

O que é mais duro para os enfermeiros na prática profissional é a ausência de

conteúdo significativo da tarefa efectuada (Carpentier-Roy, 1991).

(59)

O cerne da questão

Existem três intenções da acção de cuidar:

1) a intenção de reparar;

2) a intenção de satisfazer, de contentar;

3) a intenção de formar, de educar, de acompanhar em desenvolvimento.

A primeira diz respeito mais especificamente ao sofrimento, a segunda ao prazer e a terceira ao suporte e à plenitude no percurso de vida de cada pessoa (Honoré, 2001).

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O cerne da questão

A necessidade de valorizar o conteúdo dos cuidados de enfermagem, antes mesmo de valorizar os profissionais que os exercem, não é tarefa fácil. Deparamo-nos, no interior da profissão, com dois grandes fenómenos associados: por um lado, a representação que os enfermeiros têm de si próprios e da sua profissão e por outro, os efeitos induzidos pelo processo de profissionalização (Hesbeen, 2000:75).

A identidade da enfermagem desenvolve-se através dos cuidados de enfermagem que se prestam à população, constituindo-se e afirmando-se no grupo de pertença dos enfermeiros e necessitando de ser clarificada com simplicidade e de ser expressa na intervenção quotidiana da prática profissional.

A identidade profissional dos enfermeiros, por seu lado, afirma-se através do acto de cuidar de pessoas singulares com necessidades específicas, em situações complexas.

(61)

O cerne da questão

Neste quadro, Petit (2000) defende que cuidar é uma tarefa difícil

que só se poderá encarar sob uma perspectiva ética. Por sua

vez, o cuidado exige inúmeras competências e aptidões e, como

tal, é uma conduta ética que consiste em descobrir no outro a

sua singularidade e em acompanhá-lo com a finalidade de

proteger a sua vida, respeitando-o sempre, sem exercer sobre

ele qualquer tipo de poder

(62)

O cerne da questão

Collière (2003) reforça estes conceitos no sentido em que “nenhum tratamento se pode substituir aos cuidados. Pode-se viver sem tratamentos mas não se pode viver sem

cuidados. Mesmo quando se está doente, nenhum tratamento se pode substituir aos

cuidados”.

Os tratamentos substituíram-se maciçamente aos cuidados, tornando-se prioritários, enquanto os cuidados são considerados como acessórios, já que são executados como tarefas e se encontram desligados das suas finalidades. (Collière, 2003). (pode uma técnica invasiva ser vista como parte de um cuidado? Ex: colocar um central ou epicutâneo para promover equilíbrio hidro-electrolítico ou dar terapêutica de emergência para evitar um EAP)

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O cerne da questão

Para a mesma autora cuidar é aprender a discernir o que necessita de

estimulação, de desenvolvimento de forças e de capacidades de vida, mas

também o que exige manter as capacidades existentes, atenuar ou

compensar as perdas e acompanhar o que é incerto, ou debilita.

Partir das preocupações das pessoas, das suas inquietações, da expressão dos

seus desejos, das suas expectativas, dá a possibilidade de apreender o que

indicam como prioritário, o que mais as toca.

(64)

O cerne da questão

Nesta perspectiva, ao nível da prestação de cuidados, se aprendemos a procurar o sentido, descobre-se o significado e dá-se a orientação do que deve ser procurado com os doentes para ultrapassar esta ou aquela dificuldade. Por outro lado, se a função médica tem por objectivo delimitar a doença, a finalidade da função de enfermagem é esclarecer as manifestações de disfuncionamento a fim de compreender quais os efeitos a compensar pelos cuidados e a dominar pelos tratamentos (Collière, 2003).

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