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Continuação da velocidade em família de ponto imagem comum em profundidade

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Academic year: 2021

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(1)

FACULDADE DE ENGENHARIA MEC ˆ

ANICA

E INSTITUTO DE GEOCIˆ

ENCIAS

PETER AMERICO PENY MACHADO

Continua¸c˜

ao da Velocidade em Fam´ılia de Ponto

Imagem Comum em Profundidade

CAMPINAS 2019

(2)

Continua¸c˜

ao da Velocidade em Fam´ılia de Ponto

Imagem Comum em Profundidade

Disserta¸c˜ao de Mestrado apresentada `a Faculdade de Engenharia Mecˆanica e Instituto de Geociˆencias da Universidade Estadual de Campinas como parte dos requisitos exigidos para obten¸c˜ao do t´ıtulo de Mestre em Ciˆencias e Engenharia de Petr´oleo, na ´area de Reservat´orios e Gest˜ao.

Orientador: Profa. Dra. Maria Am´elia Novais Schleicher

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE `A VERS ˜AO

FINAL DA DISSERTAC¸ ˜AO DEFENDIDA PELO

ALUNO Peter Americo Peny Machado E

ORIEN-TADA PELA Profa. Dra. Maria Am´elia Novais

Schleicher.

CAMPINAS 2019

(3)

Biblioteca da Área de Engenharia e Arquitetura Luciana Pietrosanto Milla - CRB 8/8129

Machado, Peter Americo Peny,

M18c MacContinuação da velocidade em família de ponto imagem comum em profundidade / Peter Americo Peny Machado. – Campinas, SP : [s.n.], 2019.

MacOrientador: Maria Amélia Novais Schleicher.

MacDissertação (mestrado) – Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Engenharia Mecânica.

Mac1. Geofísica. 2. Prospecção sísmica - Processamento de dados. 3. Migração. 4. Ondas sísmicas. 5. Inversão (Geofísica). I. Schleicher, Maria Amélia Novais, 1967-. II. Universidade Estadual de Campinas. Faculdade de Engenharia Mecânica. III. Título.

Informações para Biblioteca Digital

Título em outro idioma: Velocity continuation in a common image gather in depth Palavras-chave em inglês:

Geophysics

Seismic prospecting - Data processing Migration

Seismic waves

Inversion (Geophysics)

Área de concentração: Reservatórios e Gestão

Titulação: Mestre em Ciências e Engenharia de Petróleo Banca examinadora:

Maria Amélia Novais Schleicher [Orientador] Maria Aparecida Diniz Ehrhardt

Walter Eugênio de Medeiros Data de defesa: 24-07-2019

Programa de Pós-Graduação: Ciências e Engenharia de Petróleo Identificação e informações acadêmicas do(a) aluno(a)

- ORCID do autor: https://orcid.org/0000-0002-2154-1098 - Currículo Lattes do autor: http://lattes.cnpq.br/7102451308078257

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E INSTITUTO DE GEOCIˆENCIAS

DISSERTAC¸ ˜AO DE MESTRADO ACADˆEMICO

Continua¸c˜

ao da Velocidade em Fam´ılia de Ponto

Imagem Comum em Profundidade

Autor: Peter Americo Peny Machado

Orientador: Profa. Dra. Maria Am´elia Novais Schleicher

A Banca Examinadora composta pelos membros abaixo aprovou esta Disserta¸c˜ao:

Profa. Dra. Maria Am´elia Novais Schleicher, Presidente

IMECC/UNICAMP

Profa. Dra. Maria Aparecida Diniz Ehrhardt

IMECC/UNICAMP

Prof Dr. Walter Eugˆenio de Medeiros

DGEF/UFRN

A Ata da defesa com as respectivas assinatura dos membros encontra-se no processo de vida acadˆemica do aluno.

(5)

`

A Deus, `a minha esposa e fam´ılia, por tudo o que fizeram e fazem por mim.

Aos meus orientadores, Profa. Am´elia Novais e Prof. Joerg Schleicher, pelos ensinamentos, orienta¸c˜oes, conselhos e paciˆencia ao longo deste caminho.

Aos demais professores do Grupo de Geof´ısica Computacional, Prof. L´ucio Tunes e Prof.

Ricardo Biloti, por todo o conhecimento transmitido durante as disciplinas ministradas. `

A todos os membros da banca examinadora, tanto da qualifica¸c˜ao como da sess˜ao p´ublica,

Profa. Am´elia Novais, Prof. Ricardo Biloti, Profa. Maria Aparecida e Prof. Walter de Medeiros, pelas orienta¸c˜oes e questionamentos que contribu´ıram para o desenvolvimento deste trabalho.

Aos amigos do Laborat´orio de Geof´ısica Computacional, Jo˜ao Magalh˜aes, Alexandre Ca-margo, Bruno Camerano, Carlos Assis e Joan Guastala, por todos os momentos

comparti-lhados, d´uvidas esclarecidas e aux´ılio concedido durante toda a jornada do mestrado.

`

A PETROBRAS, atrav´es do PRH-PB 230, pelo apoio financeiro.

Ao CNPq via INCT-GP, `a FEM, ao IMECC e `a Unicamp e todos os seus funcion´arios, por possibilitar a realiza¸c˜ao deste sonho.

(6)

Comparamos duas abordagens iterativas para an´alise de velocidade por migra¸c˜ao em profundidade atrav´es da continua¸c˜ao da onda-imagem em fam´ılias de ponto imagem comum (Common-Image Gathers - CIGs). Sendo elas, a Atualiza¸c˜ao Global, que visa atualizar todo o modelo de uma vez em cada itera¸c˜ao e o Layer Stripping, que atualiza o modelo uma camada por vez, de cima para baixo. Investiga¸c˜oes anteriores mostraram que a atualiza¸c˜ao global das velocidades produz um modelo de velocidade razo´avel na primeira itera¸c˜ao, mas apresenta problemas de convergˆencia nas itera¸c˜oes subsequentes. Por este motivo implementamos a abordagem Layer Stripping. Comparamos as duas abordagens iterativas numericamente, testando as implementa¸c˜oes em dados sint´eticos, a partir de um modelo bastante simples (mas representativo), que simula duas camadas sedimentares entre uma camada de ´agua no topo e uma camada de sal no fundo. Nossos exemplos num´ericos demonstram que a abordagem Layer Stripping melhora consideravelmente a convergˆencia, tanto com, como sem o silenciamento dos afastamentos longos nos CIGs continuados. Sendo este um procedimento barato, que come¸ca sem nenhum conhecimento a priori do meio, ele pode ser usado para construir modelos iniciais para t´ecnicas de invers˜ao mais sofisticadas.

Palavras Chave: An´alise de Velocidade, Migra¸c˜ao, Profundidade, Imageamento,

(7)

We compare two iterative approaches for depth-migration velocity analysis by image-wave continuation in Common-Image Gathers (CIGs). These are the Global Update im-plementation, which updates the whole model in each iteration, and the Layer Stripping implementation, which updates the model one layer at a time, from top to bottom. Previous investigations found that the first iteration of the global velocity update provides a reason-able model, but it presents convergency problems in subsequent iterations. For this reason we implement here the Layer Stripping strategy. We compare both iterative approaches numerically, testing the two implementations on synthetic data from a rather simple (but representative) model which simulates two sedimentary layers between a water layer at the top and a salt layer at the bottom. Our numerical examples demonstrate that the Layer Stripping approach considerably improves convergence, both with or without the muting of long o↵sets in the continued CIGs. Since this is a rather inexpensive procedure which starts at no a-priori knowledge of the medium, it can be used to build initial models for more sophisticated inversion techniques.

Key Word: Velocity Analysis, Migration, Depth, Imaging, Seismic, Residual Moveout.

(8)

1 INTRODUC¸ ˜AO . . . 10

2 FUNDAMENTAC¸ ˜AO TE ´ORICA . . . 14

2.1 Onda-imagem . . . 14

2.1.1 Propaga¸c˜ao da Onda F´ısica . . . 16

2.1.2 Encontrando a Equa¸c˜ao da Onda Ac´ustica Homogˆenea a Partir de sua Cinem´atica 17 2.2 Common Image Gather - CIG . . . 20

2.3 Onda-imagem no CIG . . . 22

3 METODOLOGIA E APLICAC¸ ˜OES . . . 26

3.1 Propaga¸c˜ao da Onda-imagem no CIG . . . 26

3.2 Semblance . . . 28

3.3 Construindo o Modelo de Velocidade . . . 29

3.4 Atualiza¸c˜ao Global . . . 31

3.5 Layer Stripping . . . 32

3.6 Modelo suavizado . . . 33

4 RESULTADOS E DISCUSS ˜OES . . . 34

4.1 Modelagem Direta . . . 34

4.2 Migra¸c˜ao . . . 36

4.3 Continua¸c˜ao de Velocidade . . . 38

4.4 An´alise de Velocidade . . . 40

4.5 T´ecnicas de Atualiza¸c˜ao do Modelo de Velocidade . . . 42

4.5.1 Atualiza¸c˜ao Global . . . 43

4.5.2 Layer Stripping . . . 47

4.5.3 Layer Stripping com Supress˜ao de Afastamentos Longos . . . 54

(9)
(10)

1 INTRODUC

¸ ˜

AO

Entre os v´arios m´etodos f´ısicos empregados para investigar o interior da terra, o m´etodo s´ısmico tem um papel fundamental. Este m´etodo se baseia na propaga¸c˜ao de energia em

forma de ondas el´asticas ou ac´usticas na Terra. Tais ondas s˜ao geradas por fontes naturais

(terremotos) ou artificiais (explos˜oes, caminh˜oes vibradores, etc) e o seu registro em um receptor ´e conhecido como tra¸co s´ısmico. Cada tra¸co s´ısmico ´e associado a uma fonte e a um receptor. Um conjunto de tra¸cos s´ısmicos forma uma se¸c˜ao s´ısmica e esta ´e como uma imagem distorcida da situa¸c˜ao geol´ogica no subsolo. Existem algumas configura¸c˜oes poss´ıveis para as se¸c˜oes s´ısmicas, ou seja, algumas formas de ordenar o dado s´ısmico, tais quais: fonte comum, ponto m´edio comum, afastamento comum, afastamento nulo, etc. Para a exposi¸c˜ao deste trabalho, a configura¸c˜ao mais relevante ´e a de afastamento comum (mais conhecida como common o↵set). Na se¸c˜ao de afastamento comum todos os tra¸cos s´ısmicos possuem o mesmo afastamento fonte-receptor.

O objetivo principal da s´ısmica ´e a reconstru¸c˜ao da melhor imagem poss´ıvel n˜ao distor-cida na profundidade a partir da imagem distordistor-cida no tempo. Para este objetivo, empregam-se os chamados m´etodos de imageamento, entre eles principalmente o da migra¸c˜ao. A mi-gra¸c˜ao visa reposicionar os eventos temporais diretamente em seus pontos de reflex˜ao no modelo em profundidade, colapsando as difra¸c˜oes e proporcionando uma imagem da sub-superf´ıcie pass´ıvel de interpreta¸c˜ao. Migrar um dado s´ısmico ´e equivalente a transformar o dado do dom´ınio de aquisi¸c˜ao (tempo) para o dom´ınio do modelo (profundidade, no nosso caso) (Hubral et al., 1996a).

De acordo com Robinson e Treitel (2008), na migra¸c˜ao, cada reflex˜ao prim´aria (valor de amplitude registrado) em um tra¸co deve ser movida (ou migrada) para a posi¸c˜ao espa-cial do seu ponto de reflex˜ao em profundidade. Muitos pontos admiss´ıveis em profundidade podem contribuir para o valor de amplitude da reflex˜ao prim´aria (Figura 1a) e todos esses pontos devem ser levados em conta para a migra¸c˜ao (Figura 1b). A migra¸c˜ao posiciona o valor da amplitude da reflex˜ao prim´aria em cada ponto admiss´ıvel de profundidade. Este processo ´e feito para todas as amplitudes em cada tra¸co e as elipses resultantes s˜ao somadas, fornecendo as estruturas geol´ogicas em subsuperf´ıcie (imagem da subsuperf´ıcie). Aqui

(11)

uti-Figura 1: (a) Fonte, receptor e ponto em profundidade. (b) Em um meio de velocidade constante, os pontos admiss´ıveis em profundidade se encontram na elipse que tem fonte e receptor como focos. Modificado de Robinson e Treitel (2008).

lizamos o princ´ıpio de Huygens, em que a soma de todas as respostas individuais permite o resultado que esperamos.

O objetivo do imageamento s´ısmico ´e gerar uma imagem migrada (em tempo ou em profundidade) que possibilite a interpreta¸c˜ao da subsuperf´ıcie estudada. Contudo, para pro-duzir essa imagem migrada ´e necess´ario ter um bom modelo de velocidade do subsolo. Para um meio relativamente simples, supondo refletores horizontais e homogeneidade lateral, a an´alise de velocidade NMO (Normal Moveout Velocity Analysis) baseada no moveout resi-dual (Dix, 1955) providencia um modelo de velocidade satisfat´orio. Todavia, para meios mais complexos se faz necess´ario o uso de m´etodos de An´alise de Velocidade por Migra¸c˜ao (Migration Velocity Analysis - MVA). M´etodos MVA utilizam Fam´ılias de Ponto Imagem

(12)

Co-mum (Common Image Gathers - CIGs), que imageam a mesma posi¸c˜ao a partir de diferentes partes do dado (assim fazendo uso da redundˆancia do mesmo) e s˜ao sens´ıveis ao modelo de velocidade (Al-Yahya, 1989). De acordo com Sattlegger (1975), a ideia b´asica da an´alise de velocidade em um CIG ´e: se a velocidade de migra¸c˜ao for correta, os eventos de reflex˜ao devem se mostrar horizontais no CIG, e se a velocidade de migra¸c˜ao n˜ao estiver correta, os eventos apresentar˜ao um Moveout Residual (RMO) (veja tamb´em Zhu et al., 1998).

In´umeros trabalhos de pesquisa tˆem sido dedicados a MVA para obter um modelo de

velocidade para migra¸c˜ao. An´alise RMO passou a ser a ferramenta preferida para MVA devido a sua clareza e simplicidade. Schleicher et al. (2008) desenvolveram um m´etodo para an´alise RMO usando uma implementa¸c˜ao por diferen¸cas finitas de uma equa¸c˜ao diferencial parcial (EDP), chamada equa¸c˜ao da onda-imagem (Hubral et al., 1996b). Equa¸c˜oes dife-renciais desse tipo descrevem o deslocamento de eventos a partir da varia¸c˜ao da velocidade de migra¸c˜ao (Goldin, 1994; Fomel, 1994, 1997, 2003). A ideia de Schleicher et al. (2008) foi usar uma equa¸c˜ao da onda-imagem para deslocar eventos dentro de um CIG at´e que eles se tornem horizontais. Ent˜ao, para cada evento ´e poss´ıvel encontrar um valor de velocidade que o horizontaliza no CIG. Em seguida deve-se migrar o dado novamente, mas agora com esse novo valor de velocidade. Como esta situa¸c˜ao lida com uma aproxima¸c˜ao, ´e preciso realizar algumas itera¸c˜oes at´e que um modelo de velocidade aceit´avel seja encontrado.

A grande vantagem da an´alise de velocidade por migra¸c˜ao atrav´es da propaga¸c˜ao da onda-imagem no CIG ´e sua capacidade de construir uma boa imagem migrada a partir de um modelo inicial bastante simples, como por exemplo um modelo de velocidade constante (Schleicher et al., 2008). Os experimentos de Schleicher et al. (2008) lidam apenas com migra¸c˜ao em tempo, que, por sua vez, funciona bem para meios com varia¸c˜oes laterais de velocidade baixas a moderadas. Neste mesmo artigo tamb´em se discute a teoria para uma equa¸c˜ao da onda-imagem no CIG para migra¸c˜ao em profundidade.

Em sua disserta¸c˜ao de mestrado, Gomes (2016) apresenta uma implementa¸c˜ao e os primeiros testes num´ericos para a vers˜ao em profundidade da equa¸c˜ao da onda-imagem no CIG (ver tamb´em Gomes et al., 2016a,b). Nessa implementa¸c˜ao, o modelo ´e atualizado por inteiro em cada itera¸c˜ao, de modo semelhante ao procedimento em tempo empregado por Schleicher et al. (2008). O resultado da primeira itera¸c˜ao da implementa¸c˜ao de Gomes

(13)

(2016), que tamb´em se inicia com um modelo de velocidade constante, se mostrou promissor, fornecendo uma boa primeira impress˜ao da estrutura do modelo, com as profundidades dos refletores e as velocidades das camadas n˜ao muito distantes das verdadeiras. Contudo, as itera¸c˜oes subsequentes n˜ao funcionaram satisfatoriamente, convergindo muito lentamente ou at´e mesmo n˜ao convergindo para um modelo pr´oximo ao real.

Neste trabalho, assim como Gomes (2016), discorremos sobre a vers˜ao em profundidade da equa¸c˜ao da onda-imagem no CIG, mas aqui apresentamos uma t´ecnica chamada Layer Stripping para atualizar o modelo de velocidade no decorrer das itera¸c˜oes. Nossos testes num´ericos no modelo simples de Gomes (2016) demonstram que o Layer Stripping melhora a convergˆencia do m´etodo. Deve-se salientar que esse novo procedimento muda a interpreta¸c˜ao dos valores de velocidade usados no processo de atualiza¸c˜ao. Na abordagem de atualiza¸c˜ao do modelo completo (Atualiza¸c˜ao Global) de Gomes (2016), as velocidades encontradas no pro-cesso de an´alise de velocidade eram, na verdade, velocidades m´edias equivalentes ao inverso das vagarosidades m´edias do meio. Assim, um passo adicional era necess´ario para converter essas vagarosidades m´edias em velocidades de camadas. Na abordagem Layer Stripping aqui desenvolvida, as velocidades encontradas j´a s˜ao velocidades intervalares e podem ser usadas diretamente para atualizar o modelo.

No Cap´ıtulo 2, apresentamos a ideia geral da onda-imagem. Para tal, discorremos brevemente sobre a propaga¸c˜ao da onda f´ısica e como encontrar a equa¸c˜ao desta onda partindo da parte cinem´atica da propaga¸c˜ao, explicamos o que ´e o common image gather (CIG) e por fim explicitamos a dedu¸c˜ao da equa¸c˜ao da onda-imagem no CIG em profundidade.

No Cap´ıtulo 3, vemos como ´e realizada a propaga¸c˜ao da onda-imagem no CIG, falamos sobre a medida de coerˆencia (Semblance) utilizada para a an´alise de velocidade e explicamos as duas t´ecnicas (Atualiza¸c˜ao Global e Layer Stripping) usadas neste trabalho para a cons-tru¸c˜ao do modelo de velocidade.

No Cap´ıtulo 4, apresentamos o modelo e a modelagem direta usados para gerar o dado s´ısmico sint´etico, explicamos como fazemos a migra¸c˜ao do dado, a continua¸c˜ao de velocidade e a an´alise de velocidade, para ent˜ao mostrarmos os resultados obtidos com a Atualiza¸c˜ao Global e com o Layer Stripping.

(14)

2 FUNDAMENTAC

¸ ˜

AO TE ´

ORICA

2.1 Onda-imagem

Usamos a Figura 2, adaptada de Hubral et al. (1996b), para facilitar a compreens˜ao do conceito de onda-imagem. A Figura 2a traz, de forma esquem´atica, a situa¸c˜ao bem conhecida da propaga¸c˜ao de uma onda (f´ısica) de volume. Nela, trˆes frentes de onda se mostram em trˆes instantes de tempo distintos. Na Figura 2b ´e mostrada, tamb´em de forma esquem´atica, uma situa¸c˜ao familiar em an´alise de velocidade por migra¸c˜ao. No entanto, este caso n˜ao ´e comumente visto como um exemplo de propaga¸c˜ao de onda. Nesta imagem vemos trˆes imagens migradas de um refletor s´ısmico, cada uma obtida com uma velocidade de migra¸c˜ao diferente. Ao comparar a Figura 2a com a Figura 2b ´e f´acil aceitar que a segunda situa¸c˜ao pode ser entendida conceitualmente como uma forma de “propaga¸c˜ao de onda” (poder´ıamos chamar de propaga¸c˜ao de imagem). Neste caso, ´e a imagem do refletor s´ısmico que se “propaga”. Hubral et al. (1996b) chamam esse fenˆomeno de onda-imagem e dizem que uma onda-imagem n˜ao ´e uma onda f´ısica, mas se comporta de forma an´aloga. Ent˜ao, assim como a Figura 2a apresenta uma frente de onda f´ısica em trˆes instantes de tempo, a Figura 2b representa uma frente de onda-imagem em trˆes “instantes” de velocidade de migra¸c˜ao. Neste trabalho tratamos de uma onda-imagem que se propaga em um CIG. Inicialmente, no entanto, vemos brevemente que ondas-imagem podem ser deduzidas para diversos problemas de imageamento s´ısmico.

A Figura 2c mostra uma generaliza¸c˜ao das situa¸c˜oes vistas nas Figuras 2a e 2b. Nela vemos um conjunto de curvas no dom´ınio (a, b) e, para cada curva, o parˆametro c ´e constante. Assim, por exemplo, se fizermos c igual `a vari´avel de tempo t e as coordenadas (a, b) iguais a (x, z), temos a mesma situa¸c˜ao da Figura 2a. Por outro lado, se identificarmos c como a velocidade de migra¸c˜ao v e as coordenadas (a, b) como (x, z), vemos a mesma situa¸c˜ao da Figura 2b. Para os que trabalham com imageamento s´ısmico, ´e poss´ıvel perceber que a Figura 2c pode servir para descrever uma s´erie de outras situa¸c˜oes. Por exemplo, se identificarmos c como v e (a, b) como (x, t), podemos interpretar as curvas como uma imagem de um refletor migrado em tempo, para trˆes instantes diferentes de velocidade de migra¸c˜ao,

(15)

(a) (b)

(c)

Figura 2: (a) Propaga¸c˜ao de uma frente de onda em trˆes diferentes instantes de tempo. (b) Imagem do refletor migrado em profundidade para trˆes velocidades de migra¸c˜ao. (c) Gr´afico com eixos cartesianos a e b que definem um conjunto de curvas, em que o parˆametro c ´e constante para cada um. Modificado de Schleicher et al. (2008).

ou ent˜ao, se identificarmos c como o afastamento comum entre fonte e receptor e (a, b) como (x, z), podemos interpretar as curvas como uma imagem de um refletor migrado em profundidade, para trˆes instantes diferentes de afastamento fonte-receptor comum.

O deslocamento de uma onda f´ısica ´e descrito pela reposi¸c˜ao de sua frente de onda, i.e., o conjunto de pontos no espa¸co nos quais a onda tem o mesmo tempo de propaga¸c˜ao. A fun¸c˜ao que descreve o tempo de propaga¸c˜ao em todos os pontos do espa¸co, recebe o nome de iconal e ao obtermos a taxa de varia¸c˜ao desta fun¸c˜ao em rela¸c˜ao `a posi¸c˜ao, encontramos a equa¸c˜ao iconal, que descreve para onde e em que taxa movimenta-se a frente de onda. Ou seja, a equa¸c˜ao iconal lida com a parte cinem´atica da propaga¸c˜ao da onda. Por´em, para realizar a propaga¸c˜ao da onda corretamente, ´e preciso tamb´em levar em conta a parte dinˆamica da propaga¸c˜ao (propagar a onda com a amplitude devida), o que ´e obtido atrav´es da equa¸c˜ao do transporte.

(16)

Para cada onda-imagem proveniente de um dos problemas de imageamento s´ısmico citados acima, pode ser deduzida a equa¸c˜ao da imagem associada. A equa¸c˜ao da onda-imagem descreve a propaga¸c˜ao dessa onda como uma fun¸c˜ao da vari´avel de propaga¸c˜ao. Al´em disso, para cada equa¸c˜ao de onda-imagem, existe tamb´em uma equa¸c˜ao iconal da onda-imagem (que propaga as frentes de onda-imagem) e a solu¸c˜ao desta equa¸c˜ao iconal. Em seu trabalho, Hubral et al. (1996b) descrevem alguns tipos distintos de onda-imagem e em todos sup˜oem uma fonte pontual. Assim, na metodologia geral que sugerem para derivar equa¸c˜oes de onda-imagem, utilizam uma solu¸c˜ao (ou onda) de Huygens, que ´e a solu¸c˜ao da equa¸c˜ao iconal para uma fonte pontual. Estes conceitos s˜ao essenciais para a obten¸c˜ao das equa¸c˜oes das ondas-imagem para diversos problemas de imageamento. Uma pequena ressalva deve ser feita: n˜ao ´e necess´ario utilizar uma solu¸c˜ao de uma fonte pontual para se obter uma equa¸c˜ao da onda-imagem. Pode-se usar qualquer solu¸c˜ao cinem´atica conhecida. Assim, no caso da onda-imagem no CIG, n˜ao utilizamos uma fonte pontual, mas sim um evento plano. Ent˜ao nossa solu¸c˜ao n˜ao pode ser chamada de onda de Huygens.

2.1.1 Propaga¸c˜ao da Onda F´ısica

Antes de entrarmos no m´erito da onda-imagem propriamente dita, que ´e nosso principal objetivo, revisamos, assim como feito por Hubral et al. (1996b), a situa¸c˜ao bem conhecida da propaga¸c˜ao de uma onda de corpo, como na Figura 2a. Realizar esta revis˜ao ´e relevante para n´os, pois mostramos que ondas-imagem podem ser derivadas usando uma abordagem geral

(Hubral et al., 1996b), e esta abordagem ´e exemplificada para o caso da onda ac´ustica (onda

longitudinal, em que o deslocamento das part´ıculas ocorre paralelo `a dire¸c˜ao de propaga¸c˜ao da onda) homogˆenea (termo fonte ´e nulo), dada por

@2p @x2 + @2p @z2 + 1 v2 @2p @t2 = 0, (1)

que descreve a propaga¸c˜ao de um campo de press˜ao ac´ustico p(x, z, t) em um meio com

velocidade constante v. Nesta equa¸c˜ao (1), x corresponde ao eixo horizontal, z ´e o eixo vertical e t representa tempo, que ´e a vari´avel de propaga¸c˜ao neste caso.

(17)

✓ @T @x ◆2 + ✓ @T @z ◆2 = 1 v2, (2)

onde T (x, z) ´e conhecido como iconal. Esta equa¸c˜ao iconal (2) pode ser obtida ao inserir na equa¸c˜ao da onda (1) o seguinte Ansatz (ou palpite) da teoria de raios (ver Bleistein et al., 2001)

p(x, z, t) = p0(x, z)f (t T (x, z)). (3)

Neste caso p0(x, z) diz respeito a um valor de amplitude do campo de onda em uma

certa posi¸c˜ao, ou no espa¸co (x, z), e f (t T (x, z)) representa um pulso de alta frequˆencia

ao longo da frente de onda t = T (x, z). A necessidade de trabalharmos com um pulso de alta frequˆencia surge por estarmos fazendo uso da teoria de raios, que modela ondas apenas no regime de alta frequˆencia e ´e onde as equa¸c˜oes iconal e do transporte s˜ao v´alidas. O uso dessa aproxima¸c˜ao ´e justificado pelo fato de que muitos fenˆomenos de onda observ´aveis em dados s´ısmicos s˜ao satisfatoriamente descritos.

2.1.2 Encontrando a Equa¸c˜ao da Onda Ac´ustica Homogˆenea a Partir de sua Cinem´atica

Nesta se¸c˜ao descrevemos, para o caso da onda ac´ustica, como encontrar a equa¸c˜ao da

onda partindo da solu¸c˜ao da equa¸c˜ao iconal (ou solu¸c˜ao de Huygens). Em outras palavras, fazemos o processo reverso da teoria de raios. Como vimos na Se¸c˜ao 2.1.1, normalmente

partimos da equa¸c˜ao da onda ac´ustica, usamos um Ansatz do tipo raios e obtemos a equa¸c˜ao

iconal. Aqui seguimos o caminho contr´ario, ou seja, partimos da solu¸c˜ao de Huygens, que leva at´e a equa¸c˜ao iconal e a partir dela obtemos a equa¸c˜ao da onda. Esta explica¸c˜ao para a onda f´ısica nos ajuda a entender o processo usado para encontrar a onda-imagem no CIG, que ´e de fato o nosso objetivo.

A solu¸c˜ao da equa¸c˜ao iconal (2) para uma fonte pontual localizada em (x0, z0) em um

meio homogˆeneo com velocidade v, dada por

t = T (x, z) = t0+

1 v

p

(18)

´e nada mais, nada menos, que a descri¸c˜ao cinem´atica de uma onda elementar de Huygens

originada em (x0, z0). Num espa¸co (x, z) esta equa¸c˜ao descreve um c´ırculo com raio igual a

v(t t0), centrado em (x0, z0).

Agora, se tivermos um conjunto de ondas de Huygens, originadas em todos os pontos

ao longo de uma frente de onda t0 = T (x, z), de acordo com o princ´ıpio de Huygens, cada

frente de onda t = T (x, z) para um valor constante t > t0´e simplesmente o envelope de todas

as ondas de Huygens elementares (4) que surgiram da frente de onda t0 = T (x, z). Este

procedimento ´e um resultado fundamental da propaga¸c˜ao de ondas, que como vimos, pode ser obtido a partir da equa¸c˜ao da onda (1). Mas podemos pensar que este comportamento ´e observado em experimentos e o nosso objetivo aqui ´e, a partir da equa¸c˜ao (4), encontrar a equa¸c˜ao diferencial que descreve essa propaga¸c˜ao da onda.

O passo seguinte, para chegar `a equa¸c˜ao da onda, ´e encontrar a equa¸c˜ao iconal (2) associada. Para tanto, encontramos as derivadas parciais da equa¸c˜ao iconal ao derivar a equa¸c˜ao (4) com rela¸c˜ao a x e z,

@T @x = (x x0) vp(x x0)2+ (z z0)2 , @T @z = (z z0) vp(x x0)2+ (z z0)2 . (5)

Tamb´em podemos denotar as derivadas parciais (@T /@x e @T /@z) por Tx e Tz.

O pr´oximo passo para obter a equa¸c˜ao iconal ´e usar estas express˜oes (5) para eliminar

os termos (x x0) e (z z0) da equa¸c˜ao (4). Ao fazer isso podemos encontrar exatamente a

equa¸c˜ao iconal (2). Vamos, a seguir, detalhar este procedimento. Inicialmente rearranjamos a equa¸c˜ao (4) (t t0) = 1 v p (x x0)2+ (z z0)2. (6)

Agora, colocamos as derivadas parciais (Tx e Tz) em fun¸c˜ao de t t0

Tx = (x x0) v2(t t 0) , Tz = (z z0) v2(t t 0) (7)

e, em seguida, isolamos os termos (x x0) e (z z0)

(19)

Por fim, substitu´ımos (x x0) e (z z0), que encontramos em (8), na solu¸c˜ao da equa¸c˜ao iconal em (6) (t t0) = 1 v p [Txv2(t t0)]2+ [Tzv2(t t0)]2. (9)

Ent˜ao desenvolvemos a equa¸c˜ao (9) e encontramos finalmente

Tx2+ Tz2= 1

v2, (10)

que ´e a equa¸c˜ao iconal (2). Agora que deduzimos a equa¸c˜ao iconal a partir de sua solu¸c˜ao, podemos encontrar a equa¸c˜ao da onda associada.

Qualquer equa¸c˜ao diferencial parcial da forma @2p @x2 + @2p @z2 1 v2 @2p @t2 + F ✓ @p @x, @p @z, @p @t, p, x, z, t ◆ = 0 (11)

fornecer´a a equa¸c˜ao iconal (2) como resultado da substitui¸c˜ao do Ansatz (3), independente de qual fun¸c˜ao F determinamos para compor a equa¸c˜ao, pois apenas as derivadas de maior ordem da equa¸c˜ao da onda levam `a equa¸c˜ao iconal. Ou seja, escolhemos especificamente esta equa¸c˜ao (11), pois j´a sabemos que a equa¸c˜ao da onda tem de ser tal que, ao substituir nela o Ansatz (3), obtenha-se a equa¸c˜ao iconal (2). Portanto, por exemplo, a escolha do termo da

derivada de segunda ordem de (3) com rela¸c˜ao a x (ou @2p/@x2), nessa equa¸c˜ao da onda (11),

faz surgir o termo (@T /@x)2 na equa¸c˜ao iconal (2). Todos os termos de (11), com exce¸c˜ao da

fun¸c˜ao F , s˜ao escolhidos de forma que a equa¸c˜ao iconal derivada desta equa¸c˜ao da onda (11) seja exatamente igual a (2). A fun¸c˜ao F , que pode conter apenas os argumentos listados, fica “livre”, pois ela n˜ao influencia na forma¸c˜ao da equa¸c˜ao iconal (2). Todas as equa¸c˜oes da onda do tipo (11) possuem o mesmo comportamento cinem´atico da propaga¸c˜ao da onda feita pela equa¸c˜ao (1). A fun¸c˜ao F tem influˆencia somente sobre o comportamento dinˆamico, i.e., sobre as amplitudes da onda.

A forma mais simples da equa¸c˜ao da onda (11) ´e a que apresenta F = 0 (que ´e

exata-mente o caso da onda ac´ustica), ou seja, quando a fun¸c˜ao F ´e nula. Ao encontrar a equa¸c˜ao

da onda pelos passos aqui descritos, temos uma equa¸c˜ao cinematicamente correta (mas que poderia estar dinamicamente imprecisa, o que n˜ao ´e o caso), que propaga uma ou diversas

(20)

ondas da forma da equa¸c˜ao (3), do instante t0 ao t > t0. Assim, mostramos que ´e poss´ıvel obter a equa¸c˜ao da onda partindo da cinem´atica do problema e ´e exatamente isso que ser´a feito para o caso da onda-imagem no CIG.

2.2 Common Image Gather - CIG

A fam´ılia de ponto imagem comum (mais conhecida por common image gather - CIG) ´e uma ferramenta que faz uso da redundˆancia do dado s´ısmico. Essa redundˆancia ´e relevante, pois permite analisar a mesma por¸c˜ao do modelo por diferentes pontos de vista, isto ´e, por diferentes afastamentos fonte-receptor ou ainda, diferentes ˆangulos. Com as diferentes perspectivas ´e poss´ıvel aplicar uma t´ecnica conhecida como an´alise de velocidade por migra¸c˜ao (Migration Velocity Analysis - MVA) para construir um modelo de velocidade.

O CIG ´e constru´ıdo da seguinte forma:

1. Separa-se o dado s´ısmico em se¸c˜oes de afastamento comum (common o↵set section). 2. Migra-se cada uma dessas se¸c˜oes de afastamento comum.

3. Seleciona-se o tra¸co de uma coordenada espec´ıfica em todas as se¸c˜oes migradas. 4. Os tra¸cos selecionados das se¸c˜oes migradas formam ent˜ao o CIG daquela posi¸c˜ao do

dado.

A Figura 3 ilustra, esquematicamente, o processo de constru¸c˜ao do CIG descrito acima. Na parte superior da figura aparecem quatro se¸c˜oes de afastamento comum migradas em profundidade com a mesma velocidade errada, cada uma delas com um afastamento diferente

(h1, h2, h3 e h4). Todas as se¸c˜oes migradas imageam a mesma regi˜ao da subsuperf´ıcie e por

fins did´aticos apresentamos apenas um refletor nessa ´area. Neste caso ilustramos a situa¸c˜ao da migra¸c˜ao em profundidade e por isso temos o espa¸co (x, z). Para construir o CIG, que est´a representado na parte inferior da figura, selecionamos uma mesma posi¸c˜ao no eixo x

(xCIG) para todas as quatro se¸c˜oes migradas e montamos o CIG com os respectivos tra¸cos

(21)

Figura 3: Esquema de constru¸c˜ao de um CIG. Na parte superior est˜ao quatro se¸c˜oes migradas

em profundidade, com afastamentos h1, h2, h3 e h4. O CIG, que aparece na parte inferior, ´e

formado com os tra¸cos da posi¸c˜ao xCIGde cada se¸c˜ao migrada. Retirado de Gomes (2016).

Analisando a Figura 3 ´e poss´ıvel perceber dois fatos interessantes. O primeiro deles ´e que, nas se¸c˜oes migradas, vemos que o mesmo refletor est´a aparecendo em profundidades

maiores `a medida que observamos o dado por afastamentos mais longos (h1< h2< h3< h4).

O segundo fato interessante, que por sinal est´a relacionado ao primeiro, ´e que os eventos no CIG tamb´em aparecem mais profundos `a medida que o afastamento aumenta. Isto acontece porque a velocidade de migra¸c˜ao usada foi maior do que a velocidade real do meio (maiores informa¸c˜oes em Zhu et al., 1998). Se a velocidade de migra¸c˜ao fosse igual `a velocidade do meio, as imagens do refletor nas se¸c˜oes migradas seriam iguais e, portanto, o CIG apresentaria os eventos na mesma profundidade. Portanto, atrav´es desta sucinta explica¸c˜ao sobre o CIG, j´a ´e poss´ıvel entender a ideia b´asica por tr´as da an´alise de velocidade por migra¸c˜ao (MVA): o fato do refletor na mesma posi¸c˜ao x n˜ao aparecer na mesma profundidade z em todas as imagens redundantes indica um erro no modelo de velocidade utilizado para efetuar a migra¸c˜ao.

(22)

2.3 Onda-imagem no CIG

Para conseguirmos realizar a propaga¸c˜ao da onda-imagem no CIG ´e preciso encontrar a equa¸c˜ao da onda-imagem nesse ambiente. Fazemos aqui um desenvolvimento semelhante ao elaborado na Se¸c˜ao 2.1.2. A dedu¸c˜ao da equa¸c˜ao da onda-imagem que ser´a apresentada foi feita originalmente por Schleicher et al. (2008).

Come¸camos pelo equivalente em profundidade da equa¸c˜ao (1) de Al-Yahya (1989), que descreve a posi¸c˜ao migrada de um refletor horizontal abaixo de uma camada com velocidade

constante vm. Em outras palavras, a equa¸c˜ao a seguir fornece a profundidade z do refletor

migrado no CIG em fun¸c˜ao do meio afastamento h, velocidade do meio vm, velocidade de

migra¸c˜ao v e da profundidade verdadeira do refletor z0:

z(h) = s v2 v2 m z2 0+ ✓ v2 v2 m 1 ◆ h2. (12)

Nesta equa¸c˜ao v, vm e z0 s˜ao fixos e apenas h varia. Podemos avaliar o comportamento do

CIG para trˆes situa¸c˜oes distintas na equa¸c˜ao (12). Quando v < vm, v > vm e v = vm:

• v < vm: o termo v2/vm2 passa a ser menor do que 1 e ent˜ao, `a medida que h aumenta, z

diminui. Assim o CIG apresentar´a uma curva voltada para cima, como na Figura 4a;

• v > vm: o termo v2/v2m´e maior do que 1 e ent˜ao, `a medida que h aumenta, z tamb´em

aumenta. Assim o CIG apresentar´a uma curva voltada para baixo, como na Figura 4b;

• v = vm: o termo v2/vm2 ´e igual a 1 e ent˜ao, `a medida que h aumenta, z permanece

constante. Nesta situa¸c˜ao o CIG apresentar´a uma curva horizontal, como na Figura 4c.

Como j´a foi visto, para o caso da onda f´ısica, a vari´avel de propaga¸c˜ao ´e o tempo t. Ou seja, as frentes de onda podem ser descritas por uma fun¸c˜ao t = T (x, z), onde T (x, z) ´e conhecido como iconal. No caso da onda-imagem, como exemplificado na Se¸c˜ao 2.1, `a medida que migramos o dado com diferentes velocidades, os eventos de reflex˜ao aparecem em profundidades distintas (ver Figura 2b). Consideramos esses eventos de reflex˜ao como sendo frentes de onda, analogamente `a situa¸c˜ao da onda f´ısica, mas agora as frentes de onda

(23)

x h1 h2 h3 h4 CIG em xCIG z x h1 h2 h3 h4 CIG em xCIG z x h1 h2 h3 h4 CIG em xCIG z (a) (b) (c)

Figura 4: Esbo¸co esquem´atico para as poss´ıveis curvaturas nos CIGs: (a) v < vm, (b) v > vm

e (c) v = vm.

passam a ser descritas por uma fun¸c˜ao v = V (x, z), onde V (x, z) ´e conhecido como iconal da onda-imagem. Ou seja, a vari´avel de propaga¸c˜ao passa a ser a velocidade v e n˜ao o tempo t, como acontece na situa¸c˜ao da onda f´ısica. Para o caso da onda-imagem no CIG especificamente, como estamos no espa¸co (z, h), o iconal da onda-imagem passa a ser V (z, h) e pode ser encontrado ao resolvermos a equa¸c˜ao (12),

v = V (z, h) = vm s h2+ z2 h2+ z2 0 . (13)

Como pode ser visto, z e h s˜ao os eixos do nosso CIG. Percebe-se ainda que V tamb´em

depende de vme z0, que pertencem a um meio espec´ıfico e, portanto, essa n˜ao ´e uma equa¸c˜ao

gen´erica.

Agora, precisamos encontrar a equa¸c˜ao iconal da onda-imagem no CIG, que descreve a varia¸c˜ao da posi¸c˜ao dos eventos de forma gen´erica. Para isso fazemos uma analogia com a j´a descrita situa¸c˜ao da onda f´ısica. Para o caso da onda f´ısica, vimos que a equa¸c˜ao iconal (2) continha, entre outros termos, as derivadas do iconal T com rela¸c˜ao `as vari´aveis espaciais. Portanto, para a equa¸c˜ao iconal desta onda-imagem tamb´em devemos calcular as derivadas do iconal V com rela¸c˜ao `as vari´aveis espaciais, que agora s˜ao z e h. Entretanto, como fizemos uso da hip´otese do refletor horizontal, s´o existe propaga¸c˜ao na dire¸c˜ao vertical, ou seja, V s´o varia em z. Assim, apenas precisamos calcular a derivada de V com respeito a z, j´a que

(24)

n˜ao existe varia¸c˜ao em h. Para calcularmos a derivada de V com rela¸c˜ao a z reorganizamos a equa¸c˜ao (13) como V (z, h)2 h2+ z2 = v2 m h2+ z2 0 . (14)

Derivando a equa¸c˜ao (14) com rela¸c˜ao a z e substituindo na equa¸c˜ao (13), encontramos a equa¸c˜ao iconal da onda-imagem,

@V @z

vz

h2+ z2 = 0. (15)

Sabemos que a equa¸c˜ao iconal (2) (no caso da onda f´ısica) cont´em a norma do gradiente do iconal (ou as derivadas do iconal com rela¸c˜ao `as vari´aveis espaciais) elevada ao quadrado,

krT k2, devido ao fato de, na equa¸c˜ao da onda f´ısica (1) existir o laplaciano do campo p ( p)

(ou as derivadas segundas do campo p com rela¸c˜ao `as vari´aveis espaciais). Como na equa¸c˜ao iconal da onda-imagem no CIG (15), o termo @V /@z n˜ao est´a elevado ao quadrado, j´a ´e poss´ıvel inferir que a equa¸c˜ao da onda-imagem ter´a apenas derivadas de ordem primeira. Na realidade, o que determina se essas equa¸c˜oes da onda s˜ao de primeira ou de segunda ordem ´e a natureza (ou a f´ısica) do problema.

A equa¸c˜ao da onda f´ısica que vimos inicialmente ´e de segunda ordem (conhecida como two-way wave equation), pois a onda pode se propagar tanto expandindo como contraindo. J´a no caso da onda-imagem que se propaga no CIG, sabemos que, por exemplo, se um determinado refletor foi migrado com uma velocidade de migra¸c˜ao menor do que a velocidade do meio, sua imagem se encontrar´a acima da posi¸c˜ao verdadeira. Portanto, no caso desta onda-imagem, sabemos sempre a dire¸c˜ao de propaga¸c˜ao e ent˜ao j´a nos ´e suficiente obter uma equa¸c˜ao da onda-imagem de primeira ordem. Assim, fazendo uma analogia com a situa¸c˜ao da onda f´ısica mostrada na Se¸c˜ao 2.1.2, percebemos que a forma mais simples da equa¸c˜ao desta onda-imagem deve ser

@p @z + vz h2+ z2 @p @v = 0. (16)

Provamos isto ao substituir a candidata do tipo raios p(z, h, v) = p0(z, h)f (v V (z, h))

(25)

representa um pulso de alta frequˆencia posicionado ao longo da frente de onda v = V (z, h)) na equa¸c˜ao (16) e recuperar a equa¸c˜ao iconal (15). Percebe-se que a equa¸c˜ao 16 tem a forma de uma equa¸c˜ao de advec¸c˜ao, por´em com coeficiente n˜ao constante. Esquemas de diferen¸cas finitas para essa equa¸c˜ao existem na literatura. Neste trabalho fazemos a propaga¸c˜ao da onda-imagem no CIG atrav´es da discretiza¸c˜ao por um esquema de diferen¸cas finitas implementado por Schleicher et al. (2008) para o caso do CIG em tempo e adaptado ao caso do CIG em profundiade por Gomes (2016).

(26)

3 METODOLOGIA E APLICAC

¸ ˜

OES

3.1 Propaga¸c˜ao da Onda-imagem no CIG

Ap´os a determina¸c˜ao da equa¸c˜ao da onda-imagem (16), que ´e simplesmente uma equa¸c˜ao da onda “one-way”, ´e poss´ıvel realizar a propaga¸c˜ao desta onda no CIG. Para realizar essa tarefa precisamos discretizar esta equa¸c˜ao (16). Ent˜ao, fazemos uma aproxima¸c˜ao da mesma ao substituir as derivadas nela presentes por diferen¸cas finitas. Desta forma, utilizamos um esquema impl´ıcito, de segunda ordem e incondicionalmente est´avel, como descrito em Schleicher et al. (2008).

Para realizar a propaga¸c˜ao da onda-imagem, ou seja, propagar esta onda no CIG para novas velocidades, desenvolvemos o esquema de diferen¸cas finitas tra¸co a tra¸co, at´e

propa-garmos todos os tra¸cos do CIG para uma nova velocidade vn+1. Portanto, neste esquema,

o campo escalar p varia em z e v apenas. Desta forma, o ponto com coordenadas (zk, vn) ´e

descrito por zk = z0+ k z e vn = v0+ n v, onde k e n s˜ao os ´ındices ao longo de z e v,

respectivamente, com k = 1, 2, 3, ..., M 1, M (aqui, M ´e o ´ındice correspondente ao ´ultimo

ponto da malha em z), e n = 1, 2, 3, ..., N 1, N (N ´e o ´ındice correspondente ao ´ultimo

ponto da malha em v). Este esquema ´e centrado em zk e vn+1/2. A Figura 5 auxilia no

entendimento da geometria deste esquema de diferen¸cas finitas. Para discretizar a derivada @p/@z utilizamos o m´etodo de Crank-Nicolson (Crank e Nicolson, 1947), isto ´e, aproximamos

a derivada de p com rela¸c˜ao a z atrav´es da m´edia das aproxima¸c˜oes em vn e vn+1,

@p(zk, vn+1/2) @z ⇡ 1 2  1 2 z(p n k+1 pnk 1) + 1 2 z(p n+1 k+1 p n+1 k 1) , (17)

onde z representa o intervalo de amostragem. Agora, discretizando a derivada @p/@v,

@p(zk, vn+1/2)

@v ⇡

pn+1k pn

k

v . (18)

Aqui v representa o intervalo de velocidade, ou seja, a diferen¸ca entre os valores da

veloci-dade em n + 1 e n. Como o esquema ´e centrado em vn+1/2, precisamos calcular o valor da

(27)

Figura 5: Stencil do esquema de Diferen¸cas Finitas usado para obter a imagem continuada em n + 1 a partir da imagem em n. Retirado de Gomes (2016).

Substituindo estas aproxima¸c˜oes (equa¸c˜oes (17) e (18)) na equa¸c˜ao da onda-imagem (16) e rearranjando temos pn+1 k + (h2+ z2 k) v vn+1 2zk4 z pn+1 k+1 pn+1k 1 = pnk (h2+ z2 k) v vn+1 2zk4 z pn k+1 pnk 1 . (19) Ent˜ao, definindo ↵nk = (h 2+ z2 k) v vn+1 2zk4 z , (20) temos pn+1k + ↵nk pn+1k+1 pn+1k 1 = pnk ↵nk pnk+1 pnk 1 , (21)

que ´e a vers˜ao discretizada da equa¸c˜ao (16). As condi¸c˜oes de fronteira s˜ao pn+10 = 0, pn

0 = 0

e pn

M +1 = 0. Repare que o lado esquerdo da equa¸c˜ao (21) cont´em apenas os valores que

queremos descobrir (em vn+1) e o lado direito possui os valores que j´a conhecemos (em vn).

Ao desenvolver a equa¸c˜ao (21) para os diferentes k, temos um sistema de equa¸c˜oes que pode ser escrito em forma matricial como

(28)

2 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 4 1 ↵n 1 ↵n 2 1 ↵n2

0

↵n 3 1 ↵n3 . .. . .. . ..

0

↵n M 1 1 ↵nM 1 ↵n M 1 3 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 5 2 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 4 pn+11 pn+12 pn+13 pn+1 4 ... pn+1M 2 pn+1M 1 pn+1 M 3 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 5 = 2 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 4 pn 1 ↵n1pn2 pn 2 ↵n2(pn3 pn1) pn 3 ↵n3(pn4 pn2) ... pn M 1 ↵nM 1 pnM pnM 2 pn M+ ↵nMpnM 1 3 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 5 . (22)

A equa¸c˜ao (21) n˜ao nos d´a cada pn+1k explicitamente, mas a equa¸c˜ao (22) os fornece

implicita-mente atrav´es da solu¸c˜ao do sistema linear. Como se pode ver, a matriz ´e quadrada, esparsa (a maioria dos elementos ´e zero) e tridiagonal (exceto pelas trˆes diagonais centrais, todos os elementos s˜ao nulos). Computacionalmente, este sistema linear ´e resolvido por decomposi¸c˜ao LU. Ao aplicar este esquema de diferen¸cas finitas, o CIG ´e continuado de uma velocidade inicial para uma nova velocidade, sem a necessidade de realizar uma outra migra¸c˜ao.

3.2 Semblance

Em nosso processo de an´alise de velocidade, a ferramenta mais utilizada para conferir a horizontalidade do CIG na continua¸c˜ao de velocidade ´e o painel semblance, semelhante ao usado em an´alise NMO convencional (e.g., Yilmaz, 1987). Semblance ´e uma medida de coerˆencia (ou seja, ´e uma fun¸c˜ao que visa quantificar se as amplitudes coletadas ao longo de um evento de reflex˜ao s˜ao coerentes), que ´e extensivamente usada em processamento s´ısmico. Para construir o painel semblance dos CIGs continuados em profundidade e assim determinar as velocidades e profundidades (aproximadamente corretas) de horizontaliza¸c˜ao dos eventos, fazemos uso da express˜ao do semblance (Neidell e Taner, 1971). O semblance na amostra k

(29)

em profundidade ´e dado por s(k) = k+JP j=k J ✓L 1 P l=0 p(j, l) ◆2 L k+JP j=k J L 1P l=0 p(j, l)2 , (23)

onde p(j, l) ´e a amplitude do tra¸co na profundidade zj e afastamento hl do CIG continuado.

Os somat´orios internos corridos em l correspondem a L tra¸cos do CIG continuado com um certo valor de velocidade, enquanto os somat´orios externos corridos em j correspondem a uma janela em profundidade, mais conhecida como janela de coerˆencia, de comprimento 2J + 1, centrada no ´ındice de profundidade k. Idealmente, o valor de J e, consequentemente, o com-primento da janela de coerˆencia s˜ao escolhidos de maneira que, ao multiplicar o comcom-primento da janela (2J + 1) pelo intervalo de amostragem, tenhamos aproximadamente a dura¸c˜ao do pulso. Em nossos experimentos num´ericos utilizamos o valor de J = 5.

Para identificarmos eventos horizontalizados, procuramos m´aximos nos espectros de velocidade com a Semblance calculada ao longo de linhas horizontais nos CIGs continuados. No entanto, quando os eventos n˜ao se apresentam bem focados no painel Semblance, com-binamos a informa¸c˜ao do Semblance com uma inspe¸c˜ao visual dos CIGs continuados para obtermos o melhor resultado poss´ıvel. Denominamos de velocidade de horizontaliza¸c˜ao a velocidade que, nestes crit´erios, produz o evento mais perto da horizontal.

3.3 Construindo o Modelo de Velocidade

Em nossos experimentos num´ericos demonstramos dois procedimentos distintos para construir modelos de velocidade. Ambas implementa¸c˜oes s˜ao procedimentos iterativos e usam a vers˜ao em profundidade da propaga¸c˜ao da onda-imagem no CIG. Na primeira abordagem que trabalhamos, nomeada Atualiza¸c˜ao Global, atualizamos todo o modelo de velocidade em cada itera¸c˜ao. Esta foi a abordagem utilizada por Gomes (2016). J´a em nossa segunda abordagem utilizamos uma t´ecnica conhecida como Layer Stripping. Nela atualizamos o modelo camada por camada, a partir da camada superior, at´e preencher todo o modelo.

(30)

que determina a posi¸c˜ao do evento migrado em profundidade, atrav´es da continua¸c˜ao de velocidade, ´e dada pelo inverso da vagarosidade m´edia. Ent˜ao, de acordo com Gomes (2016),

para um modelo com camadas planas, a velocidade intervalar VIj na j-´esima camada pode

ser calculada a partir das velocidades m´edias

VIj= (zj zj 1)

(zj z0) /VMj (zj 1 z0) /VMj 1

, (24)

onde zj e zj 1 s˜ao as profundidades de dois eventos consecutivos abaixo da profundidade z0

e VMj e VMj 1 s˜ao as velocidades m´edias associadas a esses dois eventos.

Este c´alculo de velocidades intervalares s´o ´e necess´ario para a estrat´egia Atualiza¸c˜ao Global. Ao executar o Layer Stripping, este c´alculo n˜ao ´e realizado, porque os valores de velocidade que encontramos com a an´alise de velocidade no CIG j´a representam os valores de velocidade das camadas.

Iniciamos o procedimento iterativo para ambas implementa¸c˜oes com uma velocidade de migra¸c˜ao constante. Desta forma, a atualiza¸c˜ao de velocidade na primeira itera¸c˜ao ´e realizada simplesmente com as velocidades de horizontaliza¸c˜ao do CIG. J´a nas itera¸c˜oes subsequentes, ´e necess´ario aplicar uma corre¸c˜ao adicional, uma vez que o modelo de velocidade passa a ser heterogˆeneo. O fato de trabalharmos com um modelo de velocidade heterogˆeneo est´a em conflito com o desenvolvimento te´orico, que usa uma velocidade constante como vari´avel de

propaga¸c˜ao. Por isso, utilizamos uma velocidade de referˆencia VRconstante para inicializar a

propaga¸c˜ao. Assim, os valores de velocidade que horizontalizam um evento no CIG passam a ser relativos a esta velocidade de referˆencia. Precisamos ent˜ao de um passo de atualiza¸c˜ao das velocidades do modelo que utilize esses valores relativos de velocidade usados na propaga¸c˜ao. Na estrat´egia Atualiza¸c˜ao Global, idealmente, as vagarosidades m´edias devem ser atu-alizadas da seguinte forma:

1/VM,i+1j = 1/VM,ij + 1/VFj 1/VR , (25)

onde VM,i+1j e VM,ij s˜ao os valores das velocidades m´edias do j-´esimo evento em duas itera¸c˜oes

subsequentes, VFj´e o valor de velocidade que horizontaliza o j-´esimo evento na itera¸c˜ao atual

(31)

A velocidade m´edia VM,i+1j ´e atribu´ıda a todos os pontos entre as profundidades zj e zj 1. Por´em, nos experimentos de Gomes (2016), atualizar a velocidade m´edia por

VM,i+1j = VM,ij + VFj VR , (26)

produziu melhores resultados. Esta observa¸c˜ao motivou a investiga¸c˜ao da estrat´egia Layer Stripping, na qual atualizamos diretamente as velocidades intervalares, de acordo com

VI,i+1j = VI,ij + VFj VR , (27)

onde VI,i+1j e VI,ij s˜ao os valores da velocidade intervalar em duas itera¸c˜oes subsequentes, sendo

VI,i+1j a velocidade intervalar a ser determinada na presente itera¸c˜ao e VI,ij ´e a velocidade

intervalar que foi determinada na itera¸c˜ao passada e utilizada para migrar o dado nesta

itera¸c˜ao. A velocidade intervalar VI,i+1j ´e atribu´ıda a todos os pontos entre as profundidades

zj e zj 1. Note que na primeira itera¸c˜ao de ambas as estrat´egias, o modelo inicial tem uma

velocidade constante, i.e., VR = VM,0 = VI,0, de forma que as velocidades de atualiza¸c˜ao j´a

s˜ao as velocidades de horizontaliza¸c˜ao do CIG.

3.4 Atualiza¸c˜ao Global

O algoritmo iterativo da estrat´egia de remigra¸c˜ao em profundidade Atualiza¸c˜ao Global ´e muito semelhante ao algoritmo da remigra¸c˜ao em tempo apresentado por Schleicher et al. (2008). Basicamente, muda-se apenas a f´ormula de atualiza¸c˜ao de velocidade de acordo com o dom´ınio de migra¸c˜ao. Mais especificamente, os passos s˜ao:

1. Migre o dado usando um modelo de velocidade constante e separe o dado em CIGs. 2. Aplique o processo de continua¸c˜ao de imagem ao resolver a equa¸c˜ao (16).

3. A partir dos CIGs continuados, determine as velocidades de horizontaliza¸c˜ao e profun-didades para todos os eventos.

(32)

itera¸c˜ao.

5. Calcule as novas velocidades intervalares usando a equa¸c˜ao (24). 6. Migre o dado com esse novo modelo de velocidade.

7. Repita os passos 2 a 6 at´e que os eventos estejam satisfatoriamente horizontalizados nos CIGs.

3.5 Layer Stripping

Nesta estrat´egia determinamos as velocidades intervalares uma camada por vez. Aqui usamos o algoritmo para uma determinada camada at´e que o seu evento no CIG esteja ho-rizontal e ap´os isso partimos para o pr´oximo evento em profundidade, continuando assim at´e que todos os eventos estejam horizontais. Dessa forma, atualizamos diretamente as veloci-dades locais e ´e isso que nos permite usar a equa¸c˜ao (27). Uma vez que esse procedimento reduz o erro de velocidade para eventos mais rasos antes de proceder para camadas mais profundas, ocorre uma redu¸c˜ao da acumula¸c˜ao de erro, o que favorece a convergˆencia nas

camadas mais profundas. Nossos experimentos n´umericos confirmam esta expectativa. Os

passos do algoritmo do Layer Stripping s˜ao:

1. Migre o dado usando um modelo de velocidade constante e separe o dado migrado em CIGs.

2. Aplique o processo de continua¸c˜ao de imagem ao resolver a equa¸c˜ao (16).

3. A partir dos CIGs continuados, determine as velocidades de horizontaliza¸c˜ao e profun-didades para o evento atual.

4. Atualize a velocidade intervalar usando a equa¸c˜ao (27). 5. Migre o dado com esse novo modelo de velocidade.

6. Repita os passos 2 a 5 at´e que o evento atual esteja satisfatoriamente horizontal. 7. V´a para o pr´oximo evento.

(33)

8. Repita os passos 2 a 7 at´e que todos os eventos estejam satisfatoriamente horizonta-lizados nos CIGs.

3.6 Modelo suavizado

Os processos de atualiza¸c˜ao do modelo de velocidade descritos acima fornecem um mo-delo com contrastes nas camadas detectadas. Um momo-delo assim apresenta certas desvantagens quando utilizado para migra¸c˜ao. Por este motivo, Gomes (2016) utilizava, na migra¸c˜ao, um modelo suavizado. A atualiza¸c˜ao das velocidades m´edias, por´em, sempre era efetuada no modelo com camadas.

Observamos em nossos testes num´ericos que parte das dificuldades de convergˆencia do processo de atualiza¸c˜ao global do modelo se deve ao procedimento descrito acima. Portanto, optamos pela seguinte modifica¸c˜ao do procedimento da atualiza¸c˜ao do modelo. Ao inv´es de aplicar a suaviza¸c˜ao somente para fins da migra¸c˜ao, mas atualizando sempre o modelo acamadado como feito em Gomes (2016), aqui consideramos o modelo suavizado como mo-delo final de cada itera¸c˜ao. Utilizamos este momo-delo suavizado n˜ao somente para a pr´oxima migra¸c˜ao, mas, ap´os a pr´oxima propaga¸c˜ao dos CIGs, atualizamos ent˜ao as velocidades in-tervalares diretamente nesse modelo suavizado. Uma vez que este procedimento introduz novamente contrastes de velocidade, suavizamos o modelo atualizado outra vez para obter o modelo final da pr´oxima itera¸c˜ao. Utilizamos um filtro Gaussiano para realizar a suaviza¸c˜ao do modelo.

(34)

4 RESULTADOS E DISCUSS ˜

OES

Para testar a estrat´egia Layer Stripping e compar´a-la com a estrat´egia Atualiza¸c˜ao Global de Gomes (2016), aplicamos ambas ao primeiro modelo usado por Gomes (2016) em sua disserta¸c˜ao de mestrado, mostrado na Figura 6. Este modelo possui duas camadas sedi-mentares (com velocidades 2000 e 3000 m/s) envolvidas por uma lˆamina d’´agua (1500 m/s) e uma camada de sal (4500 m/s) com topografia relativamente acentuada. O modelo tem extens˜ao de 25850 metros e sua profundidade m´axima ´e 3000 metros. Como o modelo n˜ao possui refletor abaixo do topo do sal, a velocidade do sal n˜ao pode ser extra´ıda dos dados de reflex˜ao s´ısmica, pois nesta camada n˜ao existe propaga¸c˜ao de onda em dire¸c˜ao `a superf´ıcie.

4.1 Modelagem Direta

Geramos nosso dado sint´etico atrav´es do modelador por tra¸camento de raios csmodel-ing, de autoria de Ricardo Biloti. O csmodelcsmodel-ing, por sua vez, faz uso do modelador CShot (Cohen e Stockwell, 2008), um tra¸cador de raios distribu´ıdo como parte do pacote de c´odigo aberto Seismic Un*x. Usamos uma wavelet de fase zero (Figura 7b) que ´e uma fun¸c˜ao banda-limitada padr˜ao do modelador CShot, constru´ıda a partir da Transformada Inversa de Fourier do seguinte filtro passa-banda (Figura 7a) no dom´ınio da frequˆencia:

f (!) = 8 > > > > > > > > < > > > > > > > > : df, !1< ! < !2 0, ! < !0 ou ! > !3 sen2⇣⇡(! !0) 2(!1 !0) ⌘ df, !0< ! < !1 sen2⇣⇡(!3 !) 2(!3 !2) ⌘ df, !2< ! < !3 , (28)

onde ! representa frequˆencia, df ´e o valor do incremento de frequˆencia e !0, !1, !2e !3s˜ao

os n´umeros das amostras que delimitam o espectro de frequˆencia deste filtro passa-banda (ou

nossa fonte no dom´ınio da frequˆencia). Para !0, !1, !2e !3, usamos respectivamente 10, 25,

35 e 50 Hz.

(35)

afasta-0 5 10 15 20 25 Distância (km) 0 1 2 3 Profundidade (km) (a) 5 10 15 20 25 Distância (km) 0.5 1 1.5 2 2.5 3 Profundidade (km) 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500 (b)

Figura 6: Modelo de velocidade usado para gerar o dado s´ısmico (Gomes, 2016). (a) modelo com propor¸c˜oes verdadeiras; (b) modelo com propor¸c˜oes modificadas para melhor identi-fica¸c˜ao das camadas.

(36)

(a) (b)

Figura 7: (a) Fonte no dom´ınio da frequˆencia, (b) wavelet, no dom´ınio do tempo. mento de 50 metros entre eles e para cada tiro foram posicionados 99 receptores, um a cada 50 metros, num arranjo end-on. Selecionamos 50 se¸c˜oes de afastamento comum espa¸cadas a cada 100 metros, onde o menor o↵set ´e 50 m e o maior ´e 4950 m. Modelamos somente as reflex˜oes prim´arias (eventos que representam o caminho direto de uma onda s´ısmica saindo da fonte para o ponto em profundidade onde ocorre a reflex˜ao e do ponto de reflex˜ao para o receptor) de ondas P (ondas longitudinais, tamb´em chamadas de prim´arias; o fato de

estar-mos modelando somente ondas P implica que estaestar-mos lidando com um meio ac´ustico), sem

levar em conta perdas por transmiss˜ao, absor¸c˜ao nem por espalhamento geom´etrico. Mode-lar o dado s´ısmico somente com as reflex˜oes prim´arias nos permite partir diretamente para a etapa de migra¸c˜ao, sem a necessidade de aplicar outras etapas de processamento comumente necess´arias em dados reais, como corre¸c˜ao est´atica, deconvolu¸c˜ao e etc.

4.2 Migra¸c˜ao

Dentre os diversos m´etodos de migra¸c˜ao dispon´ıveis, utilizamos a migra¸c˜ao Kirchho↵ (Schneider, 1978) pr´e-empilhamento. A equa¸c˜ao integral da migra¸c˜ao Kirchho↵ pode ser numericamente implementada como uma soma sobre as curvas de difra¸c˜ao. Por curva de difra¸c˜ao entenda-se a “imagem cinem´atica” no dom´ınio do tempo de um ponto no dom´ınio

(37)

da profundidade (Hubral et al., 1996a). Na migra¸c˜ao Kirchho↵ em profundidade a curva de

difra¸c˜ao ´e encontrada por tra¸camento de raios paraxiais (Beydoun e Keho, 1987; ˇCerven´y,

1985). Portanto, constru´ımos tabelas de tempo de trˆansito para obter as curvas de difra¸c˜ao e colecionar as amplitudes nessas curvas, que ser˜ao usadas para realizar o empilhamento Kirchho↵.

Geramos as tabelas de tempo de trˆansito com o programa rayt2d

(Cohen e Stockwell, 2008), distribu´ıdo atrav´es do pacote Seismic Un*x. Os tempos de trˆansito s˜ao calculados por tra¸camento de raio paraxial. As tabelas contˆem os tempos de trˆansito para cada par fonte-receptor, sendo uma tabela para cada fonte. Todas as tabelas de tempo de trˆansito criadas pelo programa rayt2d s˜ao ent˜ao armazenadas num arquivo que ser´a acessado durante a migra¸c˜ao.

Realizamos a migra¸c˜ao Kirchho↵ atrav´es do programa sukdmig2d

(Cohen e Stockwell, 2008), distribu´ıdo com o pacote Seismic Un*x. Para realizar a mi-gra¸c˜ao, o sukdmig2d acessa as tabelas de tempo de trˆansito no arquivo que foi gerado pelo

rayt2d. ´E importante salientar que os headers dos tra¸cos do dado s´ısmico devem conter

as posi¸c˜oes da fonte (sx) e do receptor (gx). Caso essas posi¸c˜oes n˜ao sejam indicadas, o sukdmig2d assumir´a que todos os tra¸cos tem as posi¸c˜oes de fonte e receptor iguais a zero e consequentemente, nossa migra¸c˜ao n˜ao funcionar´a como esperado.

Realizamos a etapa de migra¸c˜ao da seguinte forma:

1. Separamos o dado em se¸c˜oes de afastamento comum (common o↵set) com susort/suwind (Cohen e Stockwell, 2008);

2. Constru´ımos as tabelas de tempo de trˆansito com o rayt2d; 3. Migramos as se¸c˜oes de afastamento comum usando o sukdmig2d; 4. Constru´ımos os CIGs.

Na realidade, n˜ao existe diferen¸ca em come¸car esse processo por 1 ou 2. Utilizamos este mesmo esquema de migra¸c˜ao para ambas implementa¸c˜oes (Atualiza¸c˜ao Global e Layer Strip-ping). Come¸camos os dois procedimentos iterativos usando um modelo de velocidade cons-tante (2000 m/s) para realizar a primeira migra¸c˜ao em profundidade, de acordo com o

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0 5 10 15 20 25 Distância (km) 0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 Profundidade (km)

Figura 8: Se¸c˜ao de afastamento comum de 50 m migrada, obtida a partir do modelo inicial de velocidade constante 2000 m/s.

primeiro passo de ambos algoritmos. A Figura 8 apresenta a se¸c˜ao de afastamento comum de 50 metros resultante desta primeira migra¸c˜ao com modelo de velocidade constante 2000 metros por segundo, comum para as duas implementa¸c˜oes.

4.3 Continua¸c˜ao de Velocidade

Realizamos a continua¸c˜ao de velocidade com o c´odigo Cigcont, implementado por Schleicher et al. (2008) para continua¸c˜ao em tempo e adaptado por Gomes (2016) para continua¸c˜ao em profundidade.

Para a continua¸c˜ao de velocidade e posterior an´alise de velocidade, selecionamos em todas as itera¸c˜oes 52 CIGs (um a cada 500 metros do nosso dado) para serem continuados para velocidades entre 1400 m/s e 4000 m/s (faixa de velocidades da continua¸c˜ao), come¸cando com a velocidade de referˆencia de 2000 m/s.

Basicamente, nosso algoritmo funciona da seguinte maneira: inicia-se o processo de continua¸c˜ao de velocidade nos CIGs pela velocidade de referˆencia (2000 m/s), em seguida

(39)

0 2000 4000 Offset (m) 500 1000 1500 2000 2500 3000 Profundidade (m) v = 1450 m/s 0 2000 4000 Offset (m) 500 1000 1500 2000 2500 3000 v = 1790 m/s 0 2000 4000 Offset (m) 500 1000 1500 2000 2500 3000 v = 2470 m/s (a) (b) (c)

Figura 9: CIGs continuados a partir do CIG 7525 para trˆes velocidades que horizontalizam cada evento. No eixo horizontal temos afastamento e no vertical temos profundidade. continua-se a velocidade, de acordo com o incremento de velocidade, para velocidades menores do que 2000 m/s, at´e 1400 m/s (em outras palavras, temos um “retrocesso” de velocidade). Quando atinge a velocidade de continua¸c˜ao de 1400 m/s, o programa come¸ca a realizar a continua¸c˜ao para velocidades maiores que 2000 m/s (sempre a cada 1 m/s e gravando a cada 10 m/s), at´e a velocidade 4000 m/s (chamemos de “avan¸co” de velocidade). A Figura 9 mostra trˆes imagens do processo de continua¸c˜ao de velocidade no CIG da posi¸c˜ao 7525 m, continuado para 1450, 1790 e 2470 m/s. Ela foi obtida na primeira itera¸c˜ao, onde a continua¸c˜ao de velocidade ´e exatamente a mesma para as duas implementa¸c˜oes (Atualiza¸c˜ao Global e Layer Stripping).

Vale salientar que, `a medida que fazemos a continua¸c˜ao de velocidade para velocidades mais distantes da velocidade de referˆencia, acreditamos que o erro num´erico se torna maior

(40)

em nosso experimento. Outra observa¸c˜ao relevante ´e que a escolha do valor do incremento dos instantˆaneos fica a crit´erio do usu´ario. Ou seja, ´e poss´ıvel escolher se faremos nossa an´alise de velocidade com muitos ou poucos CIGs continuados e esta escolha, obviamente, ´e feita ao analisar a rela¸c˜ao custo-benef´ıcio. Ainda, quanto menor o valor do incremento, maior ser´a o tempo para realizar o processo de continua¸c˜ao completo.

Uma forma de diminuir o tempo de execu¸c˜ao do processo de continua¸c˜ao de velocidade seria paralelizar parte de nosso c´odigo Cigcont. Este ´e um c´odigo que, em boa parte,

neces-sita ser serial, uma vez que, por exemplo, para avan¸car um passo de velocidade (em vn+1), ´e

preciso ter o campo de velocidade em vn. Atualmente o c´odigo procede serialmente realizando

primeiro o “retrocesso” de velocidade e em seguida o “avan¸co” de velocidade. Perceba que esses s˜ao dois processos independentes, que no momento s˜ao executados serialmente por um ´

unico processador, mas podem ser realizados paralelamente por dois processadores. Pode-mos ainda paralelizar a continua¸c˜ao dos CIGs selecionados que cobrem toda a extens˜ao do modelo. Atualmente a continua¸c˜ao do dado todo ´e feita serialmente: faz-se a continua¸c˜ao do primeiro CIG, em seguida continua-se o segundo, at´e continuar todos os CIGs seleciona-dos. Ou seja, podemos fazer a continua¸c˜ao de cada CIG em um processador diferente, o que tamb´em aceleraria o processo de continua¸c˜ao do dado todo.

Paralelizar a etapa de continua¸c˜ao de imagem (que ´e o passo 2 de ambas imple-menta¸c˜oes) certamente diminuir´a o tempo de cada itera¸c˜ao, por´em, esta n˜ao ´e a etapa que demanda mais tempo em nossas estrat´egias de MVA (o passo 3, que ´e a an´alise de veloci-dade propriamente dita, ´e a etapa mais extensa). A automatiza¸c˜ao da determina¸c˜ao das velocidades de horizontaliza¸c˜ao teria muito mais impacto sobre o tempo total de execu¸c˜ao do m´etodo.

4.4 An´alise de Velocidade

A an´alise de velocidade que realizamos faz uso primordialmente do painel Semblance, como visto na Figura 10, que mostra o painel obtido na primeira itera¸c˜ao do processo de continua¸c˜ao para o CIG na posi¸c˜ao 7525 m (tamb´em chamado de CIG 7525). Secundaria-mente, tamb´em analisamos os CIGs continuados. Na inspe¸c˜ao visual dos CIGs continuados,

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1500 2000 2500 3000 3500 Velocidade (m/s) 500 1000 1500 2000 2500 3000 Profundidade (m) 0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6

Figura 10: Painel Semblance do CIG continuado na posi¸c˜ao 7525 m, com velocidade no eixo horizontal e profundidade no eixo vertical.

´e preciso analisar cada um dos instantˆaneos, buscando a velocidade e a profundidade de horizontaliza¸c˜ao de cada evento de reflex˜ao. J´a para a an´alise do painel Semblance, fazemos o picking (ou, do portuguˆes, sele¸c˜ao) nas regi˜oes do espectro de velocidade que apresen-tam maior amplitude, pois essas regi˜oes indicam as velocidades e profundidades onde temos eventos horizontais no CIG daquela posi¸c˜ao.

Atrav´es deste painel Semblance, fica evidente uma das raz˜oes pela qual a abordagem Atualiza¸c˜ao Global enfrenta dificuldades: em situa¸c˜oes como a do painel da figura 10 ´e complicado identificar e fazer o picking dos trˆes eventos de reflex˜ao. Enquanto existem pain´eis mais bem focados para outros CIGs, muitos pickings errˆoneos ir˜ao existir e produzir˜ao erros de velocidade. Observar diretamente os CIGs continuados ajuda a resolver ambiguidades, mas torna o processo de an´alise de velocidade mais demorado. Por exemplo, a Figura 9 mostra o CIG 7525 (obtido na primeira itera¸c˜ao de ambas implementa¸c˜oes) continuado para trˆes velocidades que, aproximadamente, horizontalizam os trˆes eventos para afastamentos curtos. Na abordagem Atualiza¸c˜ao Global, as velocidades de horizontaliza¸c˜ao dos trˆes eventos s˜ao os valores de velocidade m´edia nas profundidades onde cada evento aparece horizontal.

(42)

J´a para a abordagem Layer Stripping, como estamos no in´ıcio do processo iterativo, usamos apenas o primeiro evento (que por sinal, ´e o mais bem focado) para definir a velocidade da camada at´e aquela profundidade. Ao realizar a an´alise de velocidade em cada um dos 52 CIGs que selecionamos para cobrir o dado todo, podemos definir um novo modelo de velocidade. Valores de velocidade entre as posi¸c˜oes dos CIGs escolhidos s˜ao preenchidos por interpola¸c˜ao.

A principal raz˜ao de obtermos eventos desfocados nos pain´eis Semblance, como ocorre no painel da Figura 10, ´e o fato de que a velocidade que determina o posicionamento dos eventos de reflex˜ao migrados n˜ao ´e igual para o↵sets distintos. Isso se deve ao fato de

que, para refletores inclinados, os eventos em um ´unico CIG n˜ao correspondem ao mesmo

ponto de reflex˜ao. Em consequˆencia disto, num mesmo CIG temos uma certa velocidade de horizontaliza¸c˜ao do evento para afastamentos curtos e outra velocidade para afastamentos longos. Essa situa¸c˜ao pode ser facilmente observada nos CIGs continuados da Figura 9. Uma solu¸c˜ao para este problema ´e suprimir as imagens discrepantes nos afastamentos longos dos CIGs continuados, uma vez que a informa¸c˜ao mais confi´avel se encontra nos afastamentos curtos, pois estes pertencem a pontos de reflex˜ao na mesma regi˜ao do refletor.

4.5 T´ecnicas de Atualiza¸c˜ao do Modelo de Velocidade

Construir o modelo de velocidade final ´e, na realidade, um processo iterativo que envolve todas as etapas descritas acima. Entretanto, a cada itera¸c˜ao j´a encontramos um modelo de velocidade “provis´orio” que ´e utilizado para gerar o modelo da itera¸c˜ao seguinte.

Na abordagem Atualiza¸c˜ao Global (seguindo a implementa¸c˜ao de Gomes, 2016), ap´os concluir a an´alise de velocidade, atualizamos todo o modelo de velocidade e preenchemos a

regi˜ao abaixo da posi¸c˜ao do ´ultimo refletor identificado com a velocidade do sal (4500 m/s).

Em seguida aplicamos uma suaviza¸c˜ao para evitar a dispers˜ao de raios durante o tra¸camento, que ´e feito para a cria¸c˜ao das tabelas de tempo de trˆansito usadas na migra¸c˜ao seguinte.

Na estrat´egia Layer Stripping, atualizamos uma camada do modelo de velocidade por vez, estendemos a velocidade dessa camada para todo o resto do modelo abaixo dela e o suavizamos antes de prosseguirmos para a pr´oxima itera¸c˜ao. Neste caso do Layer Stripping, a

(43)

atualiza¸c˜ao das velocidades do modelo atual ´e feita com as velocidades do modelo suavizado (o mesmo utilizado para migrar o dado nessa itera¸c˜ao) encontrado na itera¸c˜ao anterior. Come¸camos pela primeira camada, onde iteramos at´e considerarmos que obtemos um bom resultado (mais detalhes a seguir). Em seguida partimos para a segunda camada e assim

por diante, at´e obtermos o modelo final com todas as camadas definidas, a menos da ´ultima

(neste caso, o sal), que n˜ao pode pode ter sua velocidade determinada pois n˜ao possui um refletor delimitando seu fim. Nas se¸c˜oes a seguir, al´em de exibir os modelos de velocidade em cada itera¸c˜ao, apresentamos as se¸c˜oes migradas com cada um dos modelos, tendo em vista que o objetivo final deste processo de imageamento ´e obter a imagem migrada da regi˜ao estudada.

4.5.1 Atualiza¸c˜ao Global

Como explicado anteriormente, nesta abordagem atualizamos todo o modelo a cada itera¸c˜ao. A Figura 11 mostra, juntamente com o modelo real (Figura 11a), os modelos suavizados resultantes (os mesmos modelos usados para realizar as migra¸c˜oes) de cinco itera¸c˜oes desta abordagem. Nas figuras dos modelos de velocidade as linhas brancas trace-jadas representam as posi¸c˜oes verdadeiras das interfaces, enquanto que as linhas pretas demonstram a posi¸c˜ao exata das interfaces determinadas em cada itera¸c˜ao.

J´a na primeira itera¸c˜ao (Figura 11b), conseguimos obter uma impress˜ao geral do modelo real, embora as velocidades das camadas estejam bem distantes das verdadeiras. Na segunda itera¸c˜ao (Figura 11c) percebe-se uma melhora significativa nas velocidades e posi¸c˜oes das interfaces das duas camadas superiores, mas n˜ao h´a melhora significativa na terceira camada. A partir da terceira itera¸c˜ao (Figura 11d, 11e e 11f), os resultados das velocidades das camadas e posi¸c˜ao das interfaces pioram cada vez mais, principalmente na terceira camada. Este resultado ´e consistente com o de Gomes (2016). Decidimos finalizar as itera¸c˜oes desta abordagem na quinta itera¸c˜ao, uma vez que ´e not´avel a piora na convergˆencia com o aumento

do n´umero de itera¸c˜oes.

Esses modelos de velocidade suavizados obtidos em cada uma das itera¸c˜oes s˜ao em-pregados para realizar a migra¸c˜ao na itera¸c˜ao seguinte deste processo iterativo. A Figura

(44)

5 10 15 20 25 Distância (km) 0.5 1 1.5 2 2.5 3 Profundidade (km) 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500 (a) 5 10 15 20 25 Distância (km) 0.5 1 1.5 2 2.5 3 Profundidade (km) 2000 2500 3000 3500 4000 4500 (b) 5 10 15 20 25 Distância (km) 0.5 1 1.5 2 2.5 3 Profundidade (km) 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500 (c) 5 10 15 20 25 Distância (km) 0.5 1 1.5 2 2.5 3 Profundidade (km) 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500 (d) 5 10 15 20 25 Distância (km) 0.5 1 1.5 2 2.5 3 Profundidade (km) 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500 (e) 5 10 15 20 25 Distância (km) 0.5 1 1.5 2 2.5 3 Profundidade (km) 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500 (f)

Figura 11: Evolu¸c˜ao dos modelos em cada itera¸c˜ao consecutiva para a implementa¸c˜ao At-ualiza¸c˜ao Global. (a) modelo usado para gerar o dado s´ısmico, (b) primeira itera¸c˜ao, (c) segunda itera¸c˜ao, (d) terceira itera¸c˜ao (e) quarta itera¸c˜ao e (f) quinta itera¸c˜ao.

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