• Nenhum resultado encontrado

Design de cozinha para deficientes visuais: um estudo de caso para a APADEVI – Associação de Pais, Amigos e Deficientes Visuais de Ijuí

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Design de cozinha para deficientes visuais: um estudo de caso para a APADEVI – Associação de Pais, Amigos e Deficientes Visuais de Ijuí"

Copied!
105
0
0

Texto

(1)

UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL UNIJUÍ

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS E ENGENHARIAS - DCEEng CURSO DE DESIGN

RENATA DALLA ROSA

DESIGN DE COZINHA PARA DEFICIENTES VISUAIS: UM ESTUDO DE CASO PARA A APADEVI – ASSOCIAÇÃO DE PAIS, AMIGOS E DEFICIENTES VISUAIS

DE IJUÍ

Ijuí/RS 2016

(2)

RENATA DALLA ROSA

DESIGN DE COZINHA PARA DEFICIENTES VISUAIS: UM ESTUDO DE CASO PARA A APADEVI – ASSOCIAÇÃO DE PAIS, AMIGOS E DEFICIENTES VISUAIS

DE IJUÍ

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Curso de Design da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ, como requisito parcial à obtenção ao título de Bacharel em Design.

Ênfase: Design de Produto

Prof. Orientador: Me. José Paulo Medeiros da Silva

Ijuí/RS 2016

(3)

UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL UNIJUÍ

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS E ENGENHARIAS - DCEEng CURSO DE DESIGN

A Comissão Examinadora, abaixo assinada, aprova o Trabalho de Conclusão de Curso.

DESIGN DE COZINHA PARA DEFICIENTES VISUAIS: UM ESTUDO DE CASO PARA A APADEVI – ASSOCIAÇÃO DE PAIS, AMIGOS E DEFICIENTES VISUAIS

DE IJUÍ

Elaborada por

RENATA DALLA ROSA

Como requisito principal para obtenção de grau de Bacharel em Design

Comissão Examinadora

____________________________________________________________ Prof. Me. José Paulo Medeiros da Silva (Orientador) – DCEEng/UNIJUÍ

___________________________________________________________ Prof. Me.Carlos Alexandre Alves Colomé – DCEEng/UNIJUÍ.

(4)

Para meus pais, que não mediram esforços para realizar este sonho. E a meus irmãos.

(5)

Agradeço:

A Deus, por guiar o meu caminho.

Aos meus pais, pelo incentivo e dedicação, por acreditarem em mim e estarem sempre a meu lado.

Aos meus irmãos, por terem tido paciência e por me incentivarem.

Ao professor e orientador, José Paulo Medeiros, pela contribuição com seu conhecimento e experiência; pela paciência e motivação.

Aos meus amigos e colegas, pelo apoio e incentivo para nunca desistir.

A todos aqueles que, de certa forma, estiveram e estão próximos de mim. Vocês dão mais sentido a esta vitória e à minha vida.

(6)

RESUMO

Com base nos dados analisados no decorrer do presente estudo, observou-se que existe uma oportunidade com relação ao desenvolvimento de produtos para deficientes visuais, grupo mais representativo no Brasil, em relação às deficiências existentes. Portanto, o objetivo deste projeto foi desenvolver uma proposta de cozinha que permitisse o acesso do público de deficientes visuais com mais segurança e também que ficasse adequado às atividades realizadas no espaço. Foi realizado um levantamento de dados por meio de pesquisas bibliográficas, documentais e de campo, para contribuir com o entendimento do público e os elementos necessários para adaptação do espaço e, assim, desenvolver o projeto. Realizou-se entrevista com o público-alvo para compreender as necessidades e formar os requisitos do projeto. A pesquisa foi realizada na APADEVI – Associação de Pais, Amigos e Deficientes Visuais de Ijuí, abordando questões conexas às necessidades funcionais estéticas por parte dos usuários da cozinha. O projeto resultou em um ambiente acessível, adaptado aos deficientes visuais, para adequar a cozinha às necessidades e às normas, visando à segurança dos usuários. Com este estudo, espera-se, portanto, cooperar para a discussão a respeito da importância do design social, como forma de satisfazer às necessidades de seus usuários.

(7)

ABSTRACT

Based on the data analyzed in the course of this study, it was observed that there is an opportunity with regard to the development of products for the visually impaired, most representative group in Brazil, in relation to existing deficiencies. Therefore, the objective of this project was to develop a proposal for a kitchen that allow the disabled to public access visual safer and also to stay suited to activities in space. It conducted a data collection through bibliographic research, documentary and field to contribute to the understanding of the public and the necessary elements to adapt the space and thus develop the project. We conducted interviews with the target audience to understand the needs and form the project requirements. The survey was conducted in APADEVI - Association of Parents, Friends and Visually Impaired of Ijuí, addressing issues related to the aesthetic functional needs by the kitchen users. The project resulted in an accessible environment, adapted to the visually impaired, to adapt the kitchen to the needs and standards for the safety of users. With this study, it is hoped, therefore, cooperate for the discussion of the importance of social design as a way to meet the needs of its users.

(8)

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Alfabeto Braille (Leitura) – Disposição Universal dos 63 sinais simples do sistema

Braille ...17

Figura 2 – Reglete de mesa ...18

Figura 3 – Máquina de escrever braille ...19

Figura 4 – Coca-Cola ...20

Figura 5 – Marca Intel ...21

Figura 6 – O olfato permite que sentimos o cheiro das coisas ...21

Figura 7 – A utilização do Braille para a leitura ...22

Figura 8 – Colgate – Creme Dental ...23

Figura 9 – Dimensões recomendadas para alturas de mesas, conjugadas com alturas de cadeiras e apoio para os pés, a fim de acomodar as diferenças antropométricas dos usuários...27

Figura 10 – Alturas recomendadas para as superfícies horizontais de trabalho, na posição de pé, de acordo com o tipo de tarefa...27

Figura 11 – Sugestões de distancias e alturas nas cozinhas...29

Figura 12 – Layout de Cozinha característica do século XVIII...34

Figura 13 – Exemplo de cozinha integrada ...35

Figura 14 – Cozinha pequena...35

Figura 15 – Triângulo de trabalho para cozinhas...37

Figura 16 – Adaptações para cadeirante ...39

Figura 17 – Ambiente acessível para portadores de necessidades especiais ... 40

Figura 18 – Cozinha com teto de gesso rebaixado ...48

Figura 19 – Cooktop por indução ...49

Figura 20 – Piso tátil de alerta ...50

Figura 21 - Piso tatil direcional ...51

Figura 22 – Corrimão com indicação em braile e anel ...52

Figura 23 – Sinalização de Pavimento e corrimão em braille ...52

Figura 24 – Eletrodoméstico com identificação em braille ...53

Figura 25 – Fogão com identificação de temperatura em relevo ...53

Figura 26 – Levantamento fotográfico da cozinha – posicionamento das janelas ...56

Figura 27 – Levantamento fotográfico da cozinha – posicionamento dos móveis...56

(9)

Figura 29 – Painel Semântico 1 ...59

Figura 30 – Painel Semântico 2 ...60

Figura 31 – Geração de alternativas 1 ...61

Figura 32 – Geração de alternativas 2 ...62

Figura 33 – Geração de alternativas 3 ...63

Figura 34 – Geração de alternativas 4 ...64

Figura 35 – Geração de alternativas 5 ...64

Figura 36 – Vista superior do ambiente ...66

Figura 37 – Render parede 1 ...67

Figura 38 – Revestimento utilizado na parede 1 ...68

Figura 39 – Render parede 2 ...68

Figura 40 – Render parede 3 ...69

Figura 41 – Cor escolhida para a parede 3...69

Figura 42 – Render parede 4 ...70

Figura 43 – MDF com textura jateado ...71

Figura 44 – Granito Cinza Mauá ...71

Figura 45 – Detalhamento do Gesso ...72

Figura 46 – Calculo Luminotécnico ...73

Figura 47 – Lâmpada tubular T10 (REF87468290) ...74

Figura 48 – Luminária para forro de gesso ...74

Figura 49 – Fita LED IP 20 (REF 04060254) ...75

Figura 50 – Porcelanato acetinado com borda arredondada cetim branco ...75

Figura 51 – Exemplo de etiquetas em braille ...76

Figura 52 – Processo de produção da maquete ...77

Figura 53 – Processo de produção da maquete ...78

(10)

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Altura da mesa proporcional as medidas da mulher e do homem ...26

Tabela 2 – Variação de medidas para as bancadas ...28

Tabela 3 – Medidas para mobiliários da cozinha ...38

Tabela 4 – Iluminâncias por classe de tarefas visuais ...42

Tabela 5 – Fatores determinantes da iluminância adequada ...42

Tabela 6 – Iluminância indicada para cada ambiente ...43

(11)

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...11

2 REFERENCIAL TEORICO ...14

2.1 DEFICIENCIA VISUAL ...14

2.1.1 Relações com os sentidos ...19

2.2 ERGONOMIA ...24 2.2.1 Design universal ...30 2.3 DESIGN DE INTERIORES ...32 2.3.1 O ambiente cozinha ...33 2.3.2 Mobiliário acessível ...39 2.3.3 Iluminação ...41 2.3.4 Cores ...44 2.3.5 Gesso ...47

2.2.6 Necessidades no ambiente da cozinha ...48

3 RESULTADOS ...54 3.1 PESQUISA DE CAMPO ...54 3.2 DEFINIÇÃO DE REQUISITOS ...57 3.3 GERAÇÃO DE ALTERNATIVAS ...61 3.4 ESCOLHA DA ALTERNATIVA ...65 3.5 DETALHAMENTO DO PROJETO ...65 3.6 MEMORIAL DESCRITIVO ...65 3.7 MAQUETE ...76 4 CONCLUSÃO ...79 REFERENCIAS ...80 APÊNDICES ...88

APÊNDICE A – Coleta de dados – Questionário ...88

APÊNDICE B – Coleta de dados – Levantamento fotográfico do ambiente ...91

APÊNDICE C - Fotos da maquete ...93

APÊNDICE D – Desenhos técnicos ...100

(12)

1 INTRODUÇÃO

Com base nos dados do IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2015), 6,2% da população brasileira tem algum tipo de deficiência: auditiva, visual, física e intelectual. A visual é a mais representativa, pois atinge 3,6% dos brasileiros, e é mais comum entre as pessoas com mais de 60 anos. A região Sul do país é a que tem maior proporção de pessoas com deficiência visual e atinge o índice de 5,4%.

Ao mesmo tempo, observou-se que, em consequência disso, existe uma oportunidade com relação ao desenvolvimento de produtos para deficientes visuais, que é o grupo mais representativo no Brasil. No mercado, há produtos disponíveis, alguns para leitura, outros para comunicação, que auxiliam essas pessoas. Na área moveleira, porém, não foram encontrados produtos específicos, ou que possam ser utilizados com mais segurança.

Com foco no ambiente da cozinha, surge o seguinte questionamento: Como olhar a questão da ergonomia nas necessidades dos deficientes visuais e como facilitar o uso de equipamentos de forma segura? Pensando na importância que a cozinha tem em uma casa com o objetivo de reunir as pessoas, neste trabalho, foi proposto o desenvolvimento de um projeto que agregue em suas características, a função de minimizar riscos e que desperte a imaginação dos deficientes visuais para que se sintam motivadas a expressar-se livremente no ato de cozinhar e, por meio dessas atividades, possam desenvolver conhecimento próprio.

Quando o deficiente visual não se sente confortável no ambiente em que vive, podem ocorrer alguns problemas de adaptação como dificuldade na locomoção, o que pode comprometer o convívio familiar. O conhecimento ocorre por meio de uma série de estruturas construídas progressivamente por contínua interação entre o sujeito, e o meio físico e social. Dessa forma, o ambiente familiar deve estimular e favorecer essa interação (GIL, M, 2000).

Para o projeto de design, é essencial um estudo aprofundado dos objetos e elementos que serão aplicados. Esses elementos não podem, porém, ser escolhidos apenas por sua característica estética, pois é necessário levar em conta o efeito que se deseja produzir no espaço e as exigências e necessidades do usuário. Dentre outros fatores, um ambiente bem projetado pode evitar acidentes, aprimorar o senso de organização e aumentar a adaptação do deficiente. Partindo desse propósito, este projeto tem como objetivo desenvolver uma proposta de design de uma cozinha inclusiva para a APADEVI – Associação de Pais, Amigos e

(13)

sintam mais seguros, que seja organizado com a finalidade de promover a utilização. Portanto, serão analisadas cozinhas existentes no mercado, e levantamento de dados sobre as necessidades específicas dos deficientes visuais, com pesquisa de materiais que estimulem os outros sentidos, como o tato, o olfato e a audição. Além disso, serão analisados a ergonomia, e o design social e universal.

Para o projeto de design, é fundamental um estudo dos elementos a serem aplicados, escolhidos não apenas por sua característica estética, mas principalmente pelas exigências e necessidades do usuário. Esse estudo pode evitar acidentes, aperfeiçoar a organização e aumentar o desempenho, dentre outros fatores.

A cozinha é considerada um ambiente muito importante na casa, pois antes ela era isolada dos outros ambientes, e hoje se tornou uma peça importante, e, na maioria das vezes, está integrada à sala. Tornou-se um espaço de lazer, pois o que antes era uma obrigação, agora se tornou prazeroso. Afinal, cozinhar é visto hoje como uma arte.

Serão dados distintos e com vários temas que, de alguma forma, estarão se comunicando, para que seja possível desenvolver um ambiente adequado. Foi realizada uma pesquisa de caráter exploratório, utilizando documentação e livros, que trazem embasamento teórico ao projeto, para mais conhecimento do assunto e sobre as dificuldades dos deficientes visuais. Entretanto, a partir de um estudo de caso, o projeto propõe a inserção da adaptação de produtos como mobiliário e eletrodomésticos em um ambiente determinado.

Para o desenvolvimento do projeto, foi definida como base a metodologia de Munari (1981), que fornece uma orientação, apresentando técnicas e métodos que facilitam o processo projetual. O autor defende que o desenhista projetual deve ter liberdade relativa na seleção de alternativas para o projeto, podendo tomar decisões pessoais devido a sua competência profissional, adequando-se perfeitamente ao desenvolvimento de qualquer produto. A metodologia tem uma sequência de passos a serem seguidos para chegar a determinado fim: definição do problema, componentes do problema, coleta de dados, análise de dados, criatividade, materiais e tecnologias, experimentação, modelo, verificação, desenhos construtivos, e solução.

Dessa forma, o projeto será estruturado em quatro capítulos, partindo da introdução em que são apresentados alguns dados do projeto, os objetivos e a metodologia. A partir daí, apresenta-se o referencial teórico sobre os deficientes visuais, a relação com os sentidos, e, em

(14)

seguida, é introduzido o estudo sobre ergonomia, design universal e acessibilidade. Também consta um breve histórico do ambiente da cozinha, mobiliário acessível e necessidades nesse ambiente para os deficientes visuais.

No quarto capítulo, apresentam-se os resultados dessas pesquisas, que abrangem as análises, pesquisa de campo para levantamento de dados, definição de requisitos, geração e escolha da alternativa e a finalização do projeto. Na sequência, estão a conclusão do trabalho, as referências, os apêndices e anexos.

(15)

2 REFERENCIAL TEÓRICO

O referencial teórico teve o objetivo de fundamentar todo o estudo realizado e dar-lhe coerência. Com base nisso, foram abordados vários temas relacionados ao ambiente a ser desenvolvido, falando dos deficientes visuais, a relação com os sentidos, ergonomia, design universal e acessibilidade, o histórico do ambiente da cozinha, mobiliário acessível e as necessidades no ambiente da cozinha.

2.1 DEFICIÊNCIA VISUAL

Muitas vezes as pessoas associam deficiência com incapacidade, mas nem toda deficiência provoca limitação, ela pode comprometer algumas funções especificas, por exemplo, um deficiente visual não está impedido de ter uma vida independente, já que sua compreensão e vontade permanecem inalteradas.

A cegueira é uma deficiência sensorial que se caracteriza pelo fato de que as pessoas que dela padecem têm seu sistema visual de coleta de informações total ou seriamente prejudicado. Portanto, quando se fala de cegos, se faz referência a uma população muito heterogênea, que inclui não apenas as pessoas que vivem na escuridão total, mas também aquelas que têm problemas visuais suficientemente graves para serem consideradas legalmente cegas, embora tenham resquícios visuais que possam ser aproveitados para seu desenvolvimento (COLL, César et al., 2004, p.151).

A definição de deficiência visual é um comprometimento da visão, que pode ser parcial e total, congênita ou adquirida. O nível de deficiência pode variar, desde a baixa visão até a cegueira (FUNDAÇÃO DORINA, 2015):

 Baixa Visão: pode ser leve, moderada ou intensa, mas pode ser compensada com o uso de lentes, lupas, com o auxílio de bengalas e de treinamentos de orientação.

 Próximo à cegueira: a pessoa ainda consegue distinguir luz e sombra, mas se locomove com a bengala e precisa de treinamento de orientação e de mobilidade, já emprega o sistema braille para escrever e ler.

 Cegueira: quando a pessoa não tem mais percepção de luz, então é fundamental o uso do sistema braille para leitura, treinamento de orientação e de mobilidade, e uso da bengala.

A deficiência visual pode ser diagnosticada muito cedo, mas existe exceções, como nos casos de doenças raras como a catarata e o glaucoma, que evoluem com o passar dos anos. As

(16)

pessoas que perdem a visão ao longo dos anos conseguem se adaptar com mais facilidade, pois, de certa forma, já tiveram o contato visual com as cores, luz e sombra. Já as que têm cegueira congênita terão que conhecer o mundo de outra forma, utilizando os outros sentidos.

A cegueira, ou perda total da visão, pode ser adquirida, ou congênita (desde o nascimento). O indivíduo que nasce com o sentido da visão, perdendo-o mais tarde, guarda memórias visuais, consegue se lembrar das imagens, luzes e cores que conheceu, e isso é muito útil para sua readaptação. Quem nasce sem a capacidade da visão, por outro lado, jamais pode formar uma memória visual, possuir lembranças visuais (GIL, M. 2000, p. 9).

A deficiência visual, independente do grau, compromete a capacidade da pessoa, de se movimentar e de se orientar no espaço com segurança e independência. Por isso, desde cedo, os pais precisam dar apoio, para que as crianças cuja visão apresenta problemas consigam desenvolver sua capacidade, possam ir à escola, ter amigos, socializar-se. Se isso não acontece, a pessoa acaba ficando isolada e insatisfeita, e isso trará prejuízo a sua vida.

Existem algumas dicas básicas para adaptação de deficientes visuais, que são as (DEFICIENTE ONLINE, 2015):

 Nas áreas de circulação, é recomendado utilizar faixas nos pisos, com textura e cor diferenciada, para facilitar a identificação do percurso;

 Verificar os obstáculos existentes nas áreas de circulação e principalmente se tais sofrem mudança de localização periódica ou eventual;

 Nos elevadores, os botões e comandos devem ser acompanhados dos signos em braille;  Para um número de parada superior a dois andares, também deve haver comunicação auditiva dentro da cabine do elevador, indicando o andar aonde o elevador se encontra parado;

 Identificar os sinais luminosos que existem no ambiente de trabalho, para que sejam acompanhados por sinais sonoros.

Além disso, o sistema de leitura utilizada pelos deficientes visuais é o Braille, explorado de forma tátil. Formada por combinações de pontos em relevo, foi inventado na França por Louis Braille, um jovem cego, no ano de 1825. Essa invenção foi um marco de conquista para educação e integração dos deficientes visuais à sociedade.

Ainda jovem, Louis Braille, tomou conhecimento de uma invenção denominada sonografia ou código militar, desenvolvida por Charles Barbier, oficial do exército francês. O inventor tinha como objetivo possibilitar a comunicação noturna entre oficiais nas campanhas de guerra. Baseava-se em doze sinais, compreendendo linhas e pontos salientes, representando

(17)

sílabas da língua francesa. O invento de Barbier não logrou êxito no que se propunha inicialmente. O bem-intencionado oficial levou seu invento para ser experimentado entre as pessoas cegas do Instituto Real dos Jovens Cegos (INSTITUTO BENJAMIN CONSTANT, 2005).

A significação tátil dos pontos em relevo do invento de Barbier foi a base para a criação do Sistema Braille, aplicável tanto na leitura como na escrita por pessoas cegas e cuja estrutura diverge fundamentalmente do processo que inspirou seu inventor. O Sistema Braille, utilizando seis pontos em relevo, dispostos em duas colunas, possibilita a formação de 63 símbolos diferentes que são empregados em textos literários nos diversos idiomas, como também nas simbologias matemática e científica, em geral, na música e, recentemente, na informática. A partir da invenção do Sistema Braille, em 1825, seu autor desenvolveu estudos que resultaram, em 1837, em proposta que definiu a estrutura básica do sistema, ainda hoje utilizada mundialmente. Comprovadamente, o Sistema Braille teve plena aceitação por parte das pessoas cegas, tendo-se registrado, no entanto, algumas tentativas para a adoção de outras formas de leitura e escrita e, ainda outras, sem resultado prático, para aperfeiçoamento da invenção de Louis Braille (INSTITUTO BENJAMIN CONSTANT, 2005). A figura 1 ilustra o alfabeto braille, composto por 63 sinais.

(18)

Figura 1 - Alfabeto Braille (Leitura) – Disposição Universal dos 63 sinais simples do sistema Braille

Fonte: Dreamstime (2016)

A escrita braille é realizada com o auxílio de uma reglete e punção ou de uma máquina de escrever braille. A reglete é uma régua de madeira, metal ou plástico com um conjunto de celas braille dispostas em linhas horizontais sobre uma base plana. O punção é um instrumento em madeira ou plástico no formato de pera ou anatômico, com ponta metálica, utilizado para perfuração dos pontos na cela braille. O movimento de perfuração deve ser realizado da direita para a esquerda para produzir a escrita em relevo na forma não espelhada. Já a leitura é realizada da esquerda para a direta. Esse processo de escrita tem a desvantagem de ser lento devido à perfuração de cada ponto, exige boa coordenação motora e dificulta a correção de erros (DEFICIÊNCIA VISUAL, 2011). A figura 2 representa o reglete de mesa e a forma de utilizá-lo.

(19)

Figura 2 - Reglete de mesa

.

Fonte: TECE – Tecnologia e ciência educacional (2016)

A máquina de escrever tem seis teclas básicas correspondentes aos pontos da cela braille (Figura 3). O toque simultâneo de uma combinação de teclas produz os pontos que correspondem aos sinais e símbolos desejados. É um mecanismo de escrita mais rápido, prático e eficiente (DEFICIÊNCIA VISUAL, 2011).

(20)

Figura 3 - Máquina de escrever braille

Fonte: Deficiência Visual (2011)

2.1.1 Relação com os sentidos

Temos cinco sentidos fundamentais, o tato, a audição, olfato, paladar e visão. Eles nos proporcionam o relacionamento com o ambiente e com eles conseguimos perceber o que está ao nosso redor. E caso não tenhamos um deles, os outros acabam sendo mais desenvolvidos para suprir a necessidade do indivíduo (Revista Planeta, Construção do mundo, 2015). A seguir, será apresentado uma breve explicação sobre os sentidos e a relação deles com o Design.

 Visão

A visão é o sentido que permite sermos capazes de enxergar os objetos e as pessoas. Além de possibilitar a análise do ambiente, o olho permite diferenciar os objetos quanto a sua forma, se estão perto ou longe, se estão em movimento e se são coloridos. Além disso, é o responsável por fazer a captura das imagens obtidas e envio ao cérebro para que este as decifre. Uma forma de mostrar a ligação entre visão e design, é um exemplo de Lindstrom (2012). Examinando a marca da Coca-Cola do ponto de vista puramente visual, sempre que pensamos nela, encontramos duas cores, o vermelho e o branco, e isso forma a identidade da marca. Uma curiosidade, também trazida pelo autor de Brandsense, o Papai Noel tradicionalmente se vestia de verde até que a Coca-Cola começou promovê-lo maciçamente nos anos de 1950. Hoje em todos os lugares do mundo o Papai-noel veste as cores da Coca-Cola. O uso consistente de cores, a fita dinâmica, a tipografia e o logo da Coca-Cola, estabeleceram uma imagem clara que sobreviveu por décadas e é inconfundível a todos que já foram expostos à marca (Figura 4).

(21)

Figura 4 - Coca-Cola

Fonte: Coca-Cola Brasil (2016).

 Audição

É a audição que permite que o ser vivo tenha a sensação de ouvir vozes, música e barulho. O ouvido faz a captação das ondas sonoras e as encaminha para o cérebro que, mais uma vez, interpreta as informações obtidas.

Também a audição terá grande importância para o desenvolvimento e a aprendizagem dos cegos. Além de ser utilizada para a comunicação verbal, os não videntes empregam-na com uma função telerreceptora para a localização e a identificação de objetos e pessoas no espaço, função para as quais é menos precisa que a visão (COLL. C. et al. 2004, p.151).

Segundo Lindstrom (2012), o áudio é a segunda ferramenta mais usada pelos profissionais do marketing no processo de construção de uma marca. Um exemplo disso é a marca Intel, que se destaca com um som mais claro, característico, consistente e memorável. A melodia Intel Inside existe desde 1998, tornando o invisível visível por meio do som curto e distinto usando em todas as campanhas publicitarias da Intel (Figura 5).

(22)

Figura 5 - Marca Intel

Fonte: Intel (2016).

 Olfato

Podemos fechar os olhos, tapar os ouvidos, evitar o toque e rejeitar o sabor, mas o cheiro é um elemento essencial do ar que respiramos. É o sentido que não conseguimos desligar, cheiramos cada vez que respiramos (LIDSTROM, p.30. 2012). Figura 6 ilustrando um dos sentidos, o olfato.

Figura 6 - O olfato permite sentirmos o cheiro das coisas

Fonte: Estudo Kids (2016)

O olfato é o sentido responsável por sentir o cheiro e odores do meio externo. Cada tipo de cheiro é enviado para o cérebro que efetua a interpretação, e envia a mensagem de prazer ou estranhamento do que acabou de sentir. Também serve como uma espécie de sinalizador, que permite caracterizar o mundo, como reconhecer uma pessoa, identificar uma alimentação, e imediatamente classifica-la como boa ou ruim.

(23)

Apesar de sua aparência delicada, é o sentido mais completo e resistente, pois é a pele que consegue diferenciar as sensações como contato, pressão, frio, calor e dor. A pele leva as informações diretamente para o cérebro e ele é responsável por entender os efeitos de cada acontecimento (Figura 7).

O tato é a ferramenta da conexão, quando todo o resto falha, a pele pode ajudar. Essa foi a experiência de Hellen Keller, que se tornou surda e cega por causa de uma doença. A criança indisciplinada foi arrastada para a bomba d’água pela professora, Annie Sullivan, que segurou sua mão sob o fluxo d’água enquanto escrevia água na palma. Isso marcou o começo de uma jornada tortuosa e hoje lendária que acabou levando a alfabetização e abriu o mundo do Braille e dos livros que poderiam ser lidos com as pontas dos dedos (LINDSTROM, 2012, p. 33).

Figura 7 - A utilização do Braille para a leitura

Fonte: Rede de Leitura inclusiva (2014)

Segundo Coll et al (2004), o tato é um dos principais sistemas sensoriais que as crianças não videntes utilizam para conhecer o mundo a sua volta. Suas características podem explicar boa parte das peculiaridades do desenvolvimento e da aprendizagem dessas crianças. O tato permite uma coleta de informações bastante precisa sobre os objetos próximos, mas é muito mais lento que a visão, por isso, a exploração dos objetos grandes é fragmentada e sequencial. Assim, por exemplo, enquanto um vidente pode ter a imagem de uma mesa grande que vê pela primeira vez com três ou quatro “golpes de vista”, um cego, para ter acesso à imagem da mesa, terá de explorá-la muito mais lentamente e, depois, integrar essas percepções sucessivas em uma imagem total.

(24)

 Paladar

O paladar é um sentido ligado à sensação do gosto e do prazer. Assim podemos reconhecer os sabores dos alimentos e das bebidas. É na língua que tudo acontece, pois ela é formada por músculos revestidos por uma fina mucosa, coberta por saliências, as papilas gustativas, divididas em quatro regiões, cada uma dedicada a um tipo de sabor: as sensações de doce estão localizadas na ponta da língua, as de salgado, nas laterais, de azedo, nas porções posteriores, e a sensação do amargo, no meio.

A Colgate é um exemplo de marca que adicionou mais um sentido em seu produto, patenteando seu sabor característico, aplicou seu gosto único na pasta de dente. Dessa forma, a Colgate é considerada umas das poucas empresas que aplicam o gosto em seus produtos. Segundo Lindstrom (2012), somos todos íntimos dos sentidos, se não plenamente conscientes deles. Somente quando falta um, percebemos quão importante eles são. Por alguma razão, a indústria se comunica exclusivamente em um mundo composto por apenas um sentido, algumas vezes dois, o visual e o auditivo (Figura 8).

Figura 8 - Colgate – Creme Dental

Fonte: Colgate (2016)

Os sentidos são de grande importância neste projeto, pois o público alvo possui a deficiência em um deles que é a visão. Portanto, os outros quatro sentidos terão que fazer seus papeis de forma a facilitar os usuários do ambiente. O tato será utilizado na maior parte do tempo, pois o público alvo usa ele, como os videntes usam a visão. A audição, o paladar e o olfato também terão grande importância, tanto para escutar o preparo dos alimentos, como os

(25)

bips dos eletrodomésticos. O paladar terá a função de sentir o sabor dos alimentos e o olfato, sentir o cheiro do ambiente, dos alimentos sendo preparados. Enfim, cada um deles com um objetivo, terão que trabalhar juntos para que os usuários tenham mais facilidade em utilizar o ambiente e na produção de seu próprio alimento.

2.2 ERGONOMIA

A ergonomia surgiu logo após a II Guerra Mundial, fazendo a ligação homem-máquina, quando já se percebia a importância da adequação do produto ao usuário, na execução da tarefa. É bom lembrar que emoção, prazer, afeto, satisfação eram termos, até poucos anos, praticamente ausentes do vocabulário da ergonomia e do design. Hoje, ao olharmos sob a perspectiva ergonômica, a satisfação do usuário na interação com os produtos está ligada à usabilidade e a termos de conforto físico.

A ergonomia é o estudo da adaptação do trabalho ao homem. O trabalho aqui tem urna acepção bastante ampla, abrangendo não apenas aqueles executados com máquinas e equipamentos, utilizados para transformar os materiais, mas também toda a situação em que ocorre o relacionamento entre o homem e uma atividade produtiva. Isso envolve não somente o ambiente físico, mas também os aspectos organizacionais. A ergonomia tem urna visão ampla, abrangendo atividades de planejamento e projeto, que ocorrem antes do trabalho ser realizado, e aqueles de controle e avaliação, que ocorrem durante e após esse trabalho. Tudo isso é necessário para que o trabalho possa atingir os resultados desejados (IIDA, 2003, p. 1).

Quando falamos de ergonomia, a palavra usabilidade se tornou uma forma de agregar valor aos produtos, pois quanto mais e melhor o produto se adapta ao usuário, melhor ele será. Para isso, é necessário um estudo do público a que se destina determinado produto. É responsabilidade do profissional o estudo detalhado do ambiente, das características do usuário, das tarefas que serão realizadas, bem como de suas necessidades e limitações.

O estudo da ergonomia não está ligado somente à interação homem/máquina, mas também entre o homem e o ambiente físico, buscando reduzir a fadiga, os riscos que o usuário pode correr durante as tarefas efetuadas, e o aumento da qualidade de vida. Dessa forma, é responsabilidade do profissional que pratica a ergonomia, fazer o detalhamento do ambiente, as tarefas que serão realizadas, como também as características do usuário, as necessidades e limitações.

Segundo Iida (2005), frequentemente os ergonomistas trabalham em domínios especializados, abordando certas características específicas do sistema, tais como:

(26)

 Ergonomia Física: Ocupa-se das características da anatomia humana, antropometria, fisiologia e biomecânica, relacionados com a atividade física. Os tópicos relevantes incluem a postura no trabalho, manuseio de materiais, movimentos repetitivos, distúrbios músculo-esqueléticos relacionados ao trabalho, projeto de postos de trabalho, segurança e saúde do trabalhador.

 Ergonomia Cognitiva: Ocupa-se dos processos mentais, como a percepção, memória, raciocínio e resposta motora, relacionados com as interações entre as pessoas e outros elementos de um sistema. Os tópicos relevantes incluem a carga mental, tomada de decisões, interação homem-computador, estresse e treinamento.

 Ergonomia Organizacional: Ocupa-se da otimização dos sistemas sociotécnicos, abrangendo as estruturas organizacionais, políticas e processos. Os tópicos relevantes incluem comunicações, projeto de trabalho, programação do trabalho em grupo, projeto participativo, trabalho cooperativo, cultura organizacional, organizações em rede, teletrabalho e gestão da qualidade.

O estudo da ergonomia busca a redução da fadiga, os riscos que o usuário pode correr na execução de determinadas tarefas e o aumento da qualidade de vida. Logo, Iida (2005) relata que são diversos fatores que influenciam o sistema produtivo e, por consequência, o rendimento das tarefas a serem executadas dentre os quais:

 Saúde - a saúde do trabalhador é mantida quando as exigências do trabalho e do ambiente não ultrapassam suas limitações energéticas e cognitivas, de modo a evitar as situações de estresse, riscos de acidentes e doenças ocupacionais.

 Segurança - a segurança é conseguida com os projetos do posto de trabalho, ambiente e organização do trabalho, que estejam dentro das capacidades e limitações do trabalhador, de modo a reduzir os erros, acidentes, estresse e fadiga.

 Satisfação - satisfação é o resultado do atendimento das necessidades e expectativas do trabalhador. Contudo, há muitas diferenças individuais e culturais. Uma mesma situação pode ser considerada satisfatória para uns e insatisfatória para outros, dependendo das necessidades e expectativas de cada um. Os trabalhadores satisfeitos tendem a adotar comportamentos mais seguros e são mais produtivos que aqueles insatisfeitos.

 Eficiência - eficiência é a consequência de um bom planejamento e organização do trabalho, que proporcione saúde, segurança e satisfação ao trabalhador. Ela deve ser colocada dentro de certos limites, pois o aumento indiscriminado da eficiência pode implicar em prejuízos à saúde e segurança (IIDA, 2005, p. 4).

(27)

As cozinhas devem ser pensadas para atender as necessidades de cada habitação e seus moradores. Para isso, deve-se levar em conta o espaço a ser trabalhado, e também as características dos usuários, a fim de estabelecer melhor a relação entre o espaço e o homem, facilitando o uso do ambiente. Segundo Iida (2005), a ergonomia tem contribuído para melhorar a vida quotidiana, tornando os meios de transporte mais cômodos e seguros, a mobília doméstica mais confortável e os aparelhos eletrodomésticos mais eficientes e seguros.

Para Iida (2003), existe duas variáveis que influenciam na altura da mesa, para trabalho sentado, são a altura do cotovelo e o tipo de trabalho a ser executado. Quando o trabalhador está sentado, a altura do cotovelo depende da altura do assento e, dessa forma, deve-se dimensionar inicialmente a altura do assento usando-se a altura poplítea (parte inferior da coxa). Somando-se a esta a altura do cotovelo, obtém-se a altura da mesa. Usando os dados da tabela 1, temos:

Tabela 1 - Altura da mesa proporcional as medidas da mulher e do homem

Altura da mesa (cm) Mínimo

(5% mulheres)

Máximo (95% homens)

Altura poplítea (assento) 35,6 44,5

Altura do cotovelo (acima do assento) 18,0 29,5

TOTAL 53,6 74,0

Fonte: Adaptado de Iida (2003, p. 137)

Segundo Iida (2003), a altura ideal da bancada depende da altura do cotovelo, com a pessoa em pé, e do tipo de trabalho que executa. Em geral, a superfície da bancada deve ficar 5 a 10 cm abaixo da altura dos cotovelos (Figura 9 e 10).

(28)

Figura 9 – Dimensões recomendadas para alturas de mesas, conjugadas com alturas de cadeiras e apoio para os pés, a fim de acomodar as diferenças antropométricas dos usuários

Fonte: Iida (2003, p. 138)

Figura 10 – Alturas recomendadas para as superfícies horizontais de trabalho, na posição de pé, de acordo com o tipo de tarefa

Fonte: Iida (2003, p. 138)

Segundo Gurgel (2011), os buffets para louças e objetos relacionados com almoço ou jantar podem ter até 60 cm de profundidade. Mais do que essa medida, tornam-se demasiadamente fundos e de difícil acesso. É importante manter uma distância de, no mínimo, 120/ 130 cm entre o buffet e a mesa, caso tenha de ter acesso a ele durante o jantar, evitando incomodar as pessoas durante a refeição. Para as mesas quadradas ou retangulares, a altura também varia de 70 a 75 cm, dependendo da cadeira e do modelo. Podemos considerar 60 cm como espaço para cada pessoa e área mínima de 60 cm x 45 cm. Para cada cabeceira de mesa, adote o mínimo de 20 cm a mais no comprimento da mesa. O ideal, entretanto, seriam 45 cm. As cozinhas dever ser confortáveis e adaptadas a cada família. As alturas podem variar conforme a utilização das bancadas de apoio (GURGEL, 2011). Seguem informações na tabela 2 e figura 11.

(29)

Tabela 2 – Variação de medidas para as bancadas Bancada Altura mínima Altura máxima Variações

Pia 83 cm 90 cm 5 cm abaixo do cotovelo

dobrado a 90 graus

Preparação de alimentos 83 cm 90 cm 5 cm a 10 cm abaixo do

cotovelo dobrado a 90 graus

Utilização de eletrodomésticos de pequeno e médio porte

70 cm 75 cm 17 cm a 25 cm do cotovelo dobrado a 90 graus.

Bancada para refeição (Diferença de

aproximadamente 30 cm entre a bancada e o assento)

Altura média

Com cadeira ou banco baixo 75 cm

Com banco médio 90 cm

Com banco alto 100 cm/

110 cm

(30)

Figura 11 – Sugestões de distâncias e alturas nas cozinhas

Fonte: Gurgel (2011, p. 135)

Ainda segundo Iida (2005), para que os produtos tenham bom resultado em suas interações com os seus usuários ou consumidores, devem ter as seguintes qualidades básicas: qualidade técnica, qualidade ergonômica e qualidade estética.

 Qualidade técnica - é a que faz funcionar o produto, nos aspectos mecânico, elétrico, eletrônico ou químico, transformando uma forma de energia em outra, ou realizando operações como dobra, corte, solda e outras. Dentro da qualidade técnica deve ser considerada a eficiência com que o produto executa a função.

 Qualidade ergonômica - é a que garante uma boa interação do produto com o usuário. Inclui a facilidade de movimento, adaptação antropométrica, fornecimento claro de informações, facilidades de “navegação”, compatibilidades de movimentos e demais itens de conforto e de segurança.

 Qualidade estética - é a que proporciona prazer ao consumidor. Envolve a combinação de formas, cores, materiais, texturas, acabamento e movimentos, para que os produtos sejam considerados atraentes e desejáveis aos olhos dos consumidores.

(31)

 Qualidade ecológica – pode ser aplicada no desenvolvimento do produto, adotando procedimentos que não destruam o meio ambiente e o bem-estar do usuário. O produto ecológico é todo artigo que, artesanal, manufaturado ou industrializado, seja não poluente, não tóxico, notadamente benéfico ao meio ambiente e à saúde, contribuindo para o desenvolvimento de um modelo econômico e social sustentável (IIDA, 2005).

2.2.1 Design Universal

O design universal é uma ferramenta para garantir acessibilidade e promover a inclusão social. Bastante amplo, pode ser aplicado a diversos produtos consumidos diariamente, nos espaços públicos que frequentamos, nas moradias, nos meios de transporte, nos locais de trabalho e nos meios de comunicação. Para Gil (2006), quando o ambiente se torna acessível, adota os critérios e a filosofia do desenho universal, e possibilita a inclusão e, consequentemente, as pessoas com deficiência podem desfrutar de uma vida independente.

Segundo ABNT NBR 9050 (2015) o conceito de desenho universal está definido conforme legislação vigente na bibliografa e pelas normas técnicas. Esse conceito propõe uma arquitetura e um design mais centrados no ser humano e na sua diversidade. Estabelece critérios para que edificações, ambientes internos, urbanos e produtos atendam a maior número de usuários, independentemente de suas características físicas, habilidades e faixa etária, favorecendo a biodiversidade humana e proporcionando melhor ergonomia para todos. Para tanto, foram definidos sete princípios do Desenho Universal, apresentados a seguir, que passaram a ser mundialmente adotados em planejamentos e obras de acessibilidade:

 1) uso equitativo: é a característica do ambiente ou elemento espacial que faz com que ele possa ser usado por diversas pessoas, independentemente de idade ou habilidade. Para ter o uso equitativo deve-se: propiciar o mesmo significado de uso para todos; eliminar uma possível segregação e estigmatização; promover o uso com privacidade, segurança e conforto, sem

deixar de ser um ambiente atraente ao usuário;

 2) uso flexível: é a característica que faz com que o ambiente ou elemento espacial atenda a uma grande parte das preferências e habilidades das pessoas. Para tal, devem-se oferecer diferentes maneiras de uso, possibilitar o uso para destros e canhotos, facilitar a precisão e destreza do usuário e possibilitar o uso de pessoas com diferentes tempos de reação a estímulos;  3) uso simples e intuitivo: é a característica do ambiente ou elemento espacial que possibilita

(32)

uso de fácil compreensão, dispensando, para tal, experiência, conhecimento, habilidades linguísticas ou grande nível de concentração por parte das pessoas;  4) informação de fácil percepção: essa característica do ambiente ou elemento espacial faz com que seja redundante e legível quanto a apresentações de informações vitais. Essas informações devem se apresentar em diferentes modos (visuais, verbais, táteis), fazendo com que a legibilidade da informação seja maximizada, sendo percebida por pessoas com diferentes

habilidades (cegos, surdos, analfabetos, dentre outros);

 5) tolerância ao erro: é uma característica que possibilita que se minimizem os riscos e consequências adversas de ações acidentais ou não intencionais na utilização do ambiente ou elemento espacial. Para tal, devem-se agrupar os elementos que apresentam risco, isolando-os ou eliminando-os, empregar avisos de risco ou erro, fornecer opções de minimizar as falhas e

evitar ações inconscientes em tarefas que requeiram vigilância;

 6) baixo esforço físico: nesse princípio, o ambiente ou elemento espacial deve oferecer condições de ser usado de maneira eficiente e confortável, com o mínimo de fadiga muscular do usuário. Para alcançar esse princípio deve-se: possibilitar que os usuários mantenham o corpo em posição neutra, usar força de operação razoável, minimizar ações repetidas e

minimizar a sustentação do esforço físico;

 7) dimensão e espaço para aproximação e uso: essa característica diz que o ambiente ou elemento espacial deve ter dimensão e espaço apropriado para aproximação, alcance, manipulação e uso, independentemente de tamanho de corpo, postura e mobilidade do usuário. Desta forma, deve-se: implantar sinalização em elementos importantes e tornar confortavelmente alcançáveis todos os componentes para usuários sentados ou em pé, acomodar variações de mãos e empunhadura e, por último, implantar espaços adequados para uso de tecnologias assistivas ou assistentes pessoais (ABNT NBR 9050, 2015).

A acessibilidade é de fato a ausência de barreira que garante a igualdade de oportunidades, e deve estar presente nos transportes, no espaço físico, na informação e na comunicação. A acessibilidade serve para que as pessoas tenham alcance para utilização com segurança e autonomia, proporcionando maior independência, e para os deficientes ou as pessoas com dificuldade de locomoção, o direito de ir e vir a todos os lugares que necessitarem. Isso também ajudará a levar a reinserção à sociedade.

A ideia de um design universal nasceu depois da revolução industrial. E esse conceito surgiu em decorrência de reivindicações de dois segmentos sociais, o primeiro dos quais composto por pessoas com deficiência que não sentiam suas necessidades contempladas nos espaços projetados e construídos; e o segundo, formado por arquitetos, engenheiros, urbanistas

(33)

e designers que desejavam maior democratização do uso dos espaços e tinham uma visão mais abrangente da atividade projetual (SÃO PAULO, 2010).

O design universal respeita a diversidade humana e promove a inclusão de todas as pessoas em todas as atividades da vida, chegando até às moradias. Por isso, as casas estão tendo mais atenção, por ter usuários com incapacidade de locomoção, deficiência visual e auditiva entre outros. Dessa forma, os espaços devem ser adequados possibilitando que crianças brinquem sem correr riscos, idosos possam circular com autonomia e as pessoas com deficiência possam realizar as atividades com independência.

2.3 DESIGN DE INTERIORES

Segundo Gibbs (2014), o homem segue o instinto natural de embelezar seu entorno desde as primeiras pinturas. Para muitas pessoas, o design, a decoração e a reforma de uma casa representam um excelente meio de expressão de criatividade.

Com a crescente aceleração do ritmo de vida, a casa tem sido cada vez mais interpretada como refúgio, e a aparência e ambiência de seu entorno passaram a adquirir maior importância para os indivíduos. Em alguns setores da sociedade, a casa também é considerada um símbolo de status, a maior expressão de riqueza e estilo. Não é surpreendente, portanto, que as pessoas cada vez mais requisitem os serviços de designers de interiores e que esta carreira tenha se tornado uma opção de trabalho tão popular (GIBBS, 2014).

Ainda segundo Gibbs (2014), os designers de interiores têm algumas funções definidas pela Associação Internacional de Design de Interiores. Com o objetivo de melhorar a qualidade de vida, aumentar a produtividade e proteger a saúde, a segurança e o bem-estar público, o designer de interiores:

 Analisa as necessidades do cliente, seus objetivos e as exigências de segurança e de seu estilo de vida;

 Associa suas conclusões ao seu conhecimento como designer de interiores;  Formula conceitos preliminares de design adequados, funcionais e estéticos;

 Desenvolve e expõe recomendações finais de design em mídias apropriadas para a apresentação;

 Elabora o projeto executivo, e as especificações de elementos construtivos são estruturais, materiais, acabamento, layout, mobiliários, instalações e equipamentos;

(34)

 Colabora com os serviços de outros profissionais qualificados das áreas técnicas de mecânica, elétrica e cálculo estrutural de acordo com as normas para aprovação do projeto nos órgãos competentes;

 Organiza e administra orçamentos e contratos como representante do cliente;

 Revisa e avalia as soluções de design durante sua implementação até sua finalização (GIBBS, 2014).

Segundo Gurgel (2011), a pesquisa é a maior aliada de um projeto criativo e interessante. Sem ela, o resultado é previsível e limitado ao que conhecemos. Somente a pesquisa abre portas ao novo.

2.3.1 O ambiente: cozinha

Elaborar uma história propriamente dita das cozinhas seria um pouco difícil, pelo fato de que sempre existiu necessidade de preparar os alimentos, e o ambiente foi mudando junto com a evolução do homem, de forma a adequar-se às necessidades de seus usuários. Portanto, a cozinha era um local restrito a funcionários e serviçais da casa. Normalmente elas eram externas ou anexadas aos casarões e palácios, pois tinham grandes dimensões para abrigar os fogões a lenha, as bancadas de pedra ou madeira e também para armazenar os utensílios que ficavam pendurados (Blog Bem arranjado, 2012). Em sequência, um exemplo de cozinha com layout do século XVIII.

(35)

Figura 12 – Layout de Cozinha característica do século XVIII

Fonte: Papo de cozinha – Origem. Ziho (2012)

No Brasil, o conceito de cozinha mudou no período da abolição dos escravos. Esse foi o momento em que as senhoras esposas e as senhoritas assumiram a cozinha. Portanto, suas características foram mudando, a cozinha começou a fazer parte das casas.

A partir do início do século XIX, a cozinha é encarada como um espaço central da casa, central no sentido de que tem a mesma qualificação e importância dos outros espaços da casa. Nenhum dos outros espaços da casa, como quartos e sala, se sujeitou a tantas alterações em seu conceito de funcionalidade como a cozinha. Esta passa de um espaço multifuncional, na medida em que eram organizadas atividades quotidianas relacionadas com a alimentação, higiene e estar, para um espaço monofuncional onde unicamente se praticam as tarefas domésticas relacionadas com o ato de cozinhar (FLAMÍNIO, 2015).

Hoje, a cozinha é considerada um espaço de lazer, e geralmente está integrada com a sala, tornando-se um ponto de encontro. A cozinha tem diversas funções, como cozinhar, comer, beber e conversar. Antes, cozinhar era uma obrigação, e hoje já se torna um prazer, fazer pratos diferentes, descobrir temperos novos, reunir os amigos, familiares. Por isso, cada vez mais as pessoas têm o objetivo de tornar esta peça da casa um ambiente aconchegante e sofisticado (Figura 13).

(36)

Figura 13 - Exemplo de cozinha integrada

Fonte: Clik Interiores (2015)

Devido à redução de tamanho das cozinhas, foi necessário pensar em móveis multifuncionais e, no lugar das mesas convencionais, estão as bancadas e balcões. As mesas de jantar estão na sala de jantar que também pode estar compartilhando o ambiente com a sala de estar (Figura 14).

Figura 14 - Cozinha pequena

Fonte: Arquidicas (2015)

Em uma cozinha, praticidade é fundamental, uma boa distribuição dos móveis, eletrodomésticos, aproveitamento do espaço. Também deve ser considerada a altura de trabalho

(37)

para diferentes estaturas de pessoas e o chamado triângulo de trabalho, que orienta a distribuição ideal dos setores de trabalho. O triângulo de trabalho tem a função de orientar os equipamentos de uma cozinha – pia, geladeira e fogão – para que as ações sejam elaboradas de maneira funcional, evitando risco de acidentes (Figura 15).

Este tipo de alinhamento procura manter relacionadas as áreas de preparo (pia), armazenamento (refrigerador/freezer) e cozimento (fogão), sendo que as duas primeiras devem estas mais próximas de si. É importante lembrar que as pessoas deverão acessar a geladeira sem necessariamente ter de passar diante do fogão, principalmente se houver crianças na residência (GURGEL, 2011, p. 175).

(38)

Figura 15 - Triângulo de trabalho para cozinhas

Fonte: Blog Policenter casa (2012)

A regra do triângulo de trabalho busca facilitar a mobilidade no espaço da cozinha, posicionando os móveis e eletrodomésticos nos lugares mais adequados. O ideal é que a distância entre eles não ultrapasse seis metros.

Segundo Gurgel (2011), alguns elementos básicos devem ser levados em consideração em uma cozinha:

 Bancadas: podem representar uma grande área no projeto, e devem ser projetadas nas laterais do fogão, da pia e geladeira. Dependendo da finalidade, existe uma variedade de materiais. Áreas próximas ao forno, fogão ou micro-ondas devem ser resistentes a temperaturas altas.

(39)

 Cubas: são muito importantes e devem ser escolhidas com cuidado. Larga, estreita, rasa, funda, retangular, quadrada, redonda, simples ou dupla são algumas das alternativas a serem consideradas na hora da escolha, além, é claro, do material de que são feitas. Podem ser de aço inox, porcelana ou resina.

 Materiais: Deve-se optar por materiais não escorregadios e resistentes. As paredes, pelo menos atrás da pia e do fogão, devem ser revestidas com azulejo, granito, vidro ou qualquer outro material de fácil manutenção. Caso a opção seja simplesmente a pintura nas paredes restantes, a tinta deve ser lavável e bastante resistente.

 Armários: as portas dos armários podem ser de laminado, madeira, vidro ou aço. Armários tipo “paneleiros” ainda são a melhor opção para armazenagem dos itens de utilização diária, já que a melhor área para armazenagem desses itens é a que vai dos olhos ao joelho. Não ter de abaixar-se a toda hora é benéfico às costas de quem trabalha nesse ambiente.

Tabela 3 – medidas para mobiliários da cozinha

Armários Profundidade Detalhes que devem ser

levados em consideração

Baixos 60 cm Base de alvenaria (5 cm a 7

cm de altura) ou estar suspensos (de 15 cm a 20

cm do piso

Altos Devem ficar distantes de 50

cm a 60 cm da bancada e podem ter profundidade de

30 cm a 40cm

Fonte: Adaptado de Gurgel (2011)

 Suportes de parede: existe uma variação de ganchos ou ímãs. São muito bons para os apetrechos do dia a dia como pano de prato, conchas, espátulas, colheres, etc.

 Lixeiras: o recomendado é que se reserve espaço para pelo menos dois tipos de resíduos: recicláveis e não recicláveis. As lixeiras podem estar situadas no armário sob a pia ou mesmo em gavetões apropriados. A localização da lixeira deve ser mais próxima à pia, ou seja, da área de preparo dos alimentos.

 Cores: cada cor apresenta o seu significado. No ambiente da cozinha isso não muda. Na sequência deste trabalho será apresentado um item sobre cores e sua influência.

(40)

 Iluminação: a quantidade de luz na cozinha deve ser excelente e abundante. A iluminação geral é que permitirá às pessoas movimentarem-se pelo ambiente sem maiores problemas. Na continuação do projeto será discutido o item de iluminação de forma mais profunda (GURGEL, 2011).

2.3.2 Mobiliário acessível

Segundo a Lei nº 10.098 (2000), acessibilidade significa dar a pessoa condições para alcançarem e utilizarem, com segurança e autonomia, os espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, as edificações, os transportes e os sistemas e meios de comunicação. As regras de pessoas portadoras de deficiência a edificações, espaços, mobiliário e equipamentos urbanos também estão descritas na norma ABNT NBR 9050 (2015).

Existe uma diversidade de móveis e ambientes para pessoas com necessidades especiais, mas sempre dando mais atenção para pessoas cadeirantes. Uma das especificações para a cozinha é a altura livre da pia, de 73 cm entre o piso e a superfície inferior, a profundidade inferior livre mínima de 50 cm para garantir a aproximação da pessoa em cadeira de rodas. Os cantos devem ser arredondados, podendo usá-los como apoio, e os ambientes devem ter uma área de circulação com 1,2 m, permitindo um giro de 180 graus da cadeira de rodas (ABNT NBR 9050:2015).

Figura 16 - Adaptações para cadeirante

Fonte: ABNT NBR 9050 (2015).

Em cômodos como quarto e cozinha, é recomendado deixar os móveis afastados da parede. Exemplos disso são a cama e a mesa. Mantê-las junto à parede, oferece o risco de

(41)

dificultar a transferência da pessoa para os móveis, tornando o processo nada prático ao deficiente físico (Figura 17).

Figura 17 - Ambiente acessível para portadores de necessidades especiais

Fonte: Acesso Irrestrito. Disposição dos moveis (2014).

A melhor opção de mobiliários para casa que tem alguém com necessidades especiais são móveis menores, como poltronas sem braços, por exemplo, pois ocupam menos espaço e deixam mais área livre para circulação. Outra ideia são os móveis com rodinhas, que facilitam o manuseio, no momento de removê-los do caminho. As bancadas das cozinhas devem ser abertas na parte inferior, para possibilitar a utilização pelo cadeirante, seja para preparar se alimento ou para se alimentar (Acesso Irrestrito, 2014).

Gurgel (2007, p. 18) fala da importância de conhecer o usuário do ambiente a ser projetado, suas necessidades, características, bem como entender suas expectativas. E para definição desse perfil, são necessárias entrevistas e. sem dúvida, visitas ao local a ser projetado. Com esse levantamento de dados, é possível observar as características do indivíduo e suas necessidades.

No caso dos deficientes visuais, é necessário deixar áreas de circulação livres de objetos, para que eles não corram riscos de acidentes, e as superfícies dos mobiliários podem ser escritas em braille ou texturas diferenciadas para facilitar a identificação. Para Gil (2000, p.

(42)

24) as mãos são os olhos das pessoas com deficiência visual. O uso das mãos como instrumento de percepção deve ser intensamente estimulado, incentivado e aprimorado.

2.3.3 Iluminação

Para Gurgel (2011), a iluminação é um dos mais importantes elementos de um projeto, pois, como as cores, pode atuar na emoção, na psique, no humor, no estado de espirito. Pode alterar a atmosfera de um ambiente pelo simples toque no interruptor. O importante num projeto de iluminação é que ele seja funcional, prático, criativo e flexível.

Segundo Iida (2003), a eficiência luminosa de uma fonte de luz depende da quantidade de radiação que ela emite dentro da faixa visível, que geralmente está associada à energia gasta durante a emissão das ondas. Essa eficiência luminosa de uma fonte é expressa em número de unidades de luz emitida por uma unidade de energia gasta.

Conforme Gurgel (2011), num mundo em que os problemas relacionados à energia são cada vez maiores, a utilização de luz natural é um importante fator a ser considerado e explorado. Utilizá-la ao máximo num projeto tornou-se “politicamente correto” num mundo globalizado.

Os níveis de iluminância para iluminação artificial em ambientes internos são definidos, segundo a NBR 5413 (1992). São divididos de acordo com a classe de tarefa a ser desenvolvida, e podem ser observados na tabela abaixo:

(43)

Tabela 4 – Iluminâncias por classe de tarefas visuais

Fonte: NBR 5413 (1992).

Logo, para cada tipo de tarefa apresentada, há três diferentes tipos de iluminância. O uso adequado de iluminância especifica é determinado por três fatores, a idade dos usuários, a velocidade e precisão, e a refletância do fundo da tarefa. De acordo com a tabela a seguir.

Tabela 5 – Fatores determinantes da iluminância adequada

Fonte: NBR 5413 (1992).

O procedimento é o seguinte:

 Analisar cada característica para determinar o seu peso ( -1, 0 ou +1);  Somar os três valores encontrados, algebricamente, considerando o sinal;

(44)

 Usar a iluminância inferior do grupo, quando o valor total for igual a -2 ou -3; a iluminância superior, quando a soma for +2 ou +3; e a iluminância média, nos outros casos.

Para cada tipo de local ou atividade, três iluminâncias são indicadas, sendo a seleção do valor recomendado feita da seguinte maneira:

Das três iluminâncias, considerar o valor do meio, devendo este ser utilizado em todos os casos.

O valor mais alto, das três iluminâncias, deve ser utilizado quando:

a) a tarefa se apresenta com refletâncias e contrastes

bastante baixos;

b) erros são de difícil correção; c) o trabalho visual é crítico;

d) alta produtividade ou precisão são de grande importância;

e) a capacidade visual do observador está abaixo da média (NBR 5413, 1992).

Tabela 6 – Iluminância indicada para cada ambiente

(45)

O valor mais baixo, das três iluminâncias, pode ser usado quando: a) refletâncias ou contrastes são relativamente altos;

b) a velocidade e/ou precisão não são importantes;

c) a tarefa é executada ocasionalmente (NBR 5413, 1992).

Segundo Gurgel (2011), a correta escolha e a combinação desses aspectos da iluminação poderão resultar no sucesso ou no fracasso do projeto. Para cada tipo de espaço, devem ser propostas soluções diferentes de iluminação, pois para cada tarefa ou atividade desenvolvida no espaço uma solução será mais apropriada.

Como já citado no projeto, existe uma variação de deficientes visuais, alguns com cegueira total e outros não. Portanto, para os que têm alguma visão, é importante que, no ambiente que eles irão utilizar, tenha claridade. Logo, é preciso ter mais quantidade de lumens.

2.3.4 Cores

Segundo Iida (2003), a cor é um retorno subjetivo a um estimulo luminoso que penetra nos olhos. O olho é um instrumento integrador de estímulos. Ele nunca percebe um estímulo isolado, mas um conjunto integrador de estímulos simultâneos e complexos, que interagem entre si, desenvolvendo uma imagem, que pode ter características diferentes daqueles estímulos, quando considerados isoladamente.

Existem estudos comprovados da influência das cores sobre o estado emocional, a produtividade e a qualidade de trabalho. O homem apresenta diversas reações a cores, que o podem deixar triste ou alegre, calmo ou irritado. O vermelho, o laranja e o amarelo sugerem calor, enquanto o verde, o azul e o verde-azul sugerem frio. Cores avermelhadas sugerem alegria e satisfação. O preto, quando usado só, é depressivo e sugere melancolia (IIDA, 2003).

Ainda segundo Iida (2003), as cores também possuem diferentes simbologias, associações e superstições, que variam de acordo com a cultura e região. Um exemplo, a cor preta no ocidente significa luto, mas na China é o branco.

A cor é, sem dúvida alguma, a mais importante ferramenta da qual o designer de interiores dispõe. Possui a capacidade de transmitir instantaneamente a atmosfera e o estilo e de criar efeitos visuais. Também é um dos primeiros aspectos percebidos em um ambiente. As pessoas podem não mencionar o esquema cromático de um projeto, mas, certamente, comentarão que determinado ambiente é muito acolhedor, cálido, convidativo, limpo, espaçoso, elegante ou intimista – impressões diretamente provocadas pelas tonalidades de cor utilizadas (GIBBS, 2014).

(46)

Entender as cores e suas características é, sem dúvida, fundamental para o sucesso de um projeto de interiores. Seguem alguns significados das cores, segundo Gurgel (2011):

 Azul: está ligado à lealdade, ao respeito e à responsabilidade. Esverdeados aliviam o estresse e a tensão, podendo ser aplicados em locais de trabalho. Presentes em salas de reunião, ajudarão a acalmar a comunicação e a fala entre as pessoas. São repousantes e exóticos e podem ser também ligeiramente estimulantes. Tons escuros e acinzentados podem induzir à introspecção, e também à tristeza. Azul em tons pastel acalma e aumenta visualmente os ambientes, como a maioria desses tons, pois refletem grande quantidade de luz. É ideal em dormitórios e ambientes para relaxar.

 Violeta e roxo: estão ligados à sensibilidade, à intuição, à espiritualidade e à sofisticação, além de ajudarem no desenvolvimento da percepção. Violeta estimulará o lado artístico das pessoas. Em matizes fortes podem deprimir. Tons escuros e fortes podem ajudar a criar uma atmosfera de refúgio e introspecção. Violetas claros em ambientes onde se desenvolverão tarefas dinâmicas, desencorajam o trabalho físico, podendo até gerar desinteresse pelo mundo em que vivemos. Lavanda é delicada e tranquila. Pode ajudar a elevar a autoestima, pode ser usada em closets e salas de vestir. Em dormitórios refresca e tranquiliza.

 Vermelho: não é ideal para ambiente onde as pessoas permanecerão por longo período de tempo. Além de estimulante, está ligado à agressividade. Pode tornar um ambiente opressivo, estressante e irritante, além de diminuir visualmente suas dimensões. Faz com que as pessoas se sintam poderosas. Podem também ajudar a fazer com que percam a noção de tempo. Em salas de reunião atuará no plano racional das pessoas, mas cuidado, pode aumentar a agressividade entre elas. Vermelhos são estimulantes de apetite, mais do que o laranja e o amarelo.

 Rosa: tons de rosa são femininos e podem estimular o afeto nas pessoas. Os tons mais quentes evitam a apatia e podem ser utilizados em objetos para aquecer um ambiente frio. Rosa e pêssego ajudam na comunicação em as pessoas. Magenta vai encorajar a introspecção e pode ajudar a induzir mudanças, é viva e dramática. Cerejas acinzentados são elegantes e quentes.

 Laranja: ligado à intelectualidade, ao aconchego, ao movimento e à ação. É antidepressivo. Tons escuros estão ligados à sensação de desamparo e insegurança. Terracota, canela, caramelo e mel são quentes e energéticos, mas podem diminuir o tamanho dos ambientes. Pêssego, damasco e laranja são delicados e aumentam a

(47)

sensação de bem-estar. Em salas de estudo ou trabalho ajudam a acelerar o raciocínio. Devem ser utilizados em livings ou salas de tevê, pois os tons laranja são otimistas e elevam o espírito. Estimulam a socialização, criatividade e divertimento.

 Amarelo: cor da infância, alegria e riqueza, estimula criatividade e intelecto. Ajuda a digestão e a comunicação entre as pessoas, bem como a prevenir a depressão. Variantes de creme, podem ser utilizados em qualquer ambiente. Utilizado em demasia pode deixar as pessoas egocêntricas. Ambientes pequenos e escuros ganham luz com o amarelo, mas se utilizado com muito branco pode gerar insegurança. Não é ideal em quartos de dormir, pois ajuda a estimular o funcionamento do cérebro. Os mais vibrantes podem ser utilizados em ambientes que não recebem muita insolação. Amarelos ligeiramente alaranjados são sofisticados. Ouro, bronze e mostarda são cores quentes, ativas, ricas, sofisticadas e elegantes.

 Verde: é equilíbrio, harmonia, honestidade, estabilidade, confiabilidade, caridade, compaixão e esperança. Considerada uma cor que “baixa a tensão arterial”, é confortante e antiestressante, estimulando o silêncio e relaxamento. Ambientes onde são tomadas grandes decisões podem certamente utilizar o verde em sua composição, pois este acentua o equilíbrio e não favorece as discussões. Tons pastem podem ser utilizados em salas de relaxamento, espera, estudo e reunião. Evite-os em áreas para atividades dinâmicas. Tons escuros podem exprimir força e estabilidade. Pistache, verde-maçã e lima estão ligados a frescura, a pureza, a limpeza e a brisa.

 Preto: sóbrio, masculino, impessoal e sofisticado. Em exagero, tende a deprimir. Absorve a luz diminuindo o tamanho dos objetos.

 Branco: é inocência, fé, pureza, claridade, alegria e higiene. Um ambiente todo branco pode deprimir. O branco pode criar uma atmosfera impessoal, hostil e monótona. Aumenta a vida dos matizes escolhidos, bem como o tamanho dos objetos e dos ambientes.

 Cinza: está ligada à sabedoria e à idade, também ao medo, à negatividade, ao estresse e à fadiga. Tons claros são menos tristes. Funcionam bem quando utilizados numa composição ao lado de cores quentes.

Para os usuários do ambiente, o contraste entre as cores é importante, pois alguns deles têm baixa visão, o que significa que conseguem ver algumas cores e luz. Portanto, o contraste facilita na mobilidade deles.

Referências

Documentos relacionados

O extrato bruto aplicado em coluna de cromatografia Q-Sepharose (figura 1) apresentou dois picos de atividade de lipase, as frações de maior atividade (pico II) foram reunidas

Sendo assim, verificou-se o crescimento micelial radial da linhagem LED 20 de Lentinula edodes (Berk.) Pegler em meios de cultura preparados à base de extrato de

Todo agir de Jesus, mesmo que seja falado apenas na sua ajuda ou só no seu perdão, deverá ser compreendido no horizonte desta concepção: Na ajuda de Jesus está explícito

The accuracy of the observations for the objects presented in Tables 5 – 6 (columns 5 and 6) is illustrated by Figure 3 , where the average limiting magnitude (22.9) in the

www.fisma.edu.br. - No momento da inscrição será escolhida pelo candidato a segunda opção de curso ou turno, que será considerada pela Instituição quando houver disponibilidade

CONSIDERANDO que o Vestibular não utilizará as notas do Exame Nacional do Ensi- no Médio - ENEM, para classificar os candidatos ao ingresso no curso de graduação em Letras Libras

Os colaboradores tem o compromisso de informar a área de gestão de pessoas sobre a existência de trabalho infantil ou for- çado em qualquer organização com a qual a

É expressamente proibido fornecer informações estratégicas, confidenciais ou sob qualquer outra forma, prejudiciais aos negócios da Empresa a quaisquer terceiros, incluindo,