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As concepções dos professores acerca da leitura para a formação docente.

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Academic year: 2021

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SIMONE COSMA GALDINO DE OLIVEIRA

AS CONCEPÇÕES DOS PROFESSORES ACERCA DA LEITURA

PARA A FORMAÇÃO DOCENTE

CAJAZEIRAS-PB

2016

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SIMONE COSMA GALDINO DE OLIVEIRA

AS CONCEPÇÕES DOS PROFESSORES ACERCA DA LEITURA PARA A FORMAÇÃO DOCENTE

Monografia apresentada ao curso de Pedagogia do Centro de Formação de Professores (CFP) da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) como requisito parcial para a obtenção do grau de licenciada em Pedagogia.

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Maria Gerlaine Belchior Amaral

CAJAZEIRAS-PB 2016

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Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação - (CIP) Denize Santos Saraiva - Bibliotecária CRB/15-1096

Cajazeiras - Paraíba

O482c Oliveira, Simone Cosma Galdino de.

As concepções dos professores acerca da leitura para a formação docente / Simone Cosma Galdino de Oliveira. - Cajazeiras, 2016.

47p. Bibliografia.

Orientadora: Profa. Dra. Maria Gerlaine Belchior Amaral. Monografia (Licenciatura em Pedagogia) UFCG/CFP, 2016.

1. Formação de professores. 2. Prática da leitura na formação docente. 3. Formação continuada. I. Amaral, Maria Gerlaine Belchior. II. Universidade Federal de Campina Grande. III. Centro de Formação de Professores. IV. Título.

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SIMONE COSMA GALDINO DE OLIVEIRA

AS CONCEPÇÕESDOS PROFESSORES ACERCA DA LEITURA PARA A FORMAÇÃO DOCENTE

Monografia aprovada em__/__/2016

Banca Examinadora

Prof.ªDrª. Maria Gerlaine Belchior Amaral

(Orientadora – UAE/CFP/UFCG)

Prof.ª Drª. Raimunda de Fátima Neves Coêlho (Examinador- UAE/CFP/UFCG)

___________________________________________________________________________

Prof. Dr. Alexandre Martins Joca

(Examinador- UAE/CFP/UFCG)

Prof. Dr.José Amiraldo Alves

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A Deus em primeiro lugar fonte inesgotável de sabedoria por conceder-me a graça da realização de mais um sonho e a professora Drª. Maria Gerlaine Belchior Amaral, por ser essa pessoa atenciosa, carinhosa, competente e acima de tudo uma profissional ética e dedicada no que faz.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, por ser minha fonte de inspiração todos os dias, por me fazer essa mulher vitoriosa e conceder-me a graça da finalização de uma etapa importantíssima em minha vida e de muitas que ainda virão, pois, sei que tudo posso naquele que me fortalece.

Aos meus familiares pelo apoio e incentivo incondicional. Em especial à minha mãe, Maria de Fátima Galdino, meu maior exemplo de educadora, mulher forte, guerreira, protetora, carinhosa que não mediu esforços em incentivar-me a lutar pelos meus ideais e a conquistar os meus sonhos.

À Prof.ª Drª. Maria Gerlaine Belchior Amaral, pelo profissionalismo e por sua orientação e acompanhamento neste trabalho, acreditando na minha potencialidade e incentivando a produção e conclusão desta pesquisa.

Aos professores da Unidade Acadêmica de Educação do CFP/UFCG, que foram tão importantes na minha formação acadêmica pela paciência e competência com que transmitiram seus ensinamentos com sabedoria.

Aos membros da banca examinadora, pela disponibilidade de participar e pelas valiosas contribuições para o aprimoramento desta Monografia.

Aos meus amigos Jainara da Silva Mangueirae Gabriel Borges pelo apoio e incentivo na realização deste trabalho.

Enfim, a todos que de forma direta e indireta acreditou na minha conquista, eu simplesmente afirmo: “que um sonho sonhado sozinho é apenas um sonho e um sonho sonhado

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“Leitura é uma fonte inesgotável de prazer, mas a maioria não tem sede ou não sabe dessedentar-se.”

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RESUMO

A prática da leitura constitui-se como práxis indispensável ao desenvolvimento da cidadania. E ainda, ao exercício profissional de todos numa sociedade que tem o letramento como condição básica para a inserção no mercado de trabalho. Esta pesquisa tem por objetivo geral analisar as concepções dos professores acerca da prática da leitura para a formação docente. Os objetivos específicos são: conhecer a concepção dos professores universitários acerca da importância da leitura para a formação docente; identificar a concepção dos graduandos de Pedagogia acerca da importância da leitura para o processo de formação inicial; investigar a concepção dos professores dos anos iniciais do ensino fundamental acerca da importância da leitura para o processo de formação continuada. Este trabalho é norteado pelo seguinte questionamento: como a leitura pode contribuir para o aprimoramento da formação docente? Quanto ao percurso metodológico a primeira parte da pesquisa constituiu-se de um levantamento bibliográfico. A segunda etapa foi uma pesquisa de campo, do tipo exploratório com abordagem qualitativa. O locus da pesquisa foi uma escola pública estadual do município de Cajazeiras/PB e o Centro de Formação de Professores (CFP). Participaram da pesquisa seis sujeitos, a saber: dois graduandos do curso de Pedagogia do CFP; duas professoras do CFP e duas professoras da educação básica. O instrumento de coleta de dados foi uma entrevista semiestruturada. Resultados: o estudo realizado nos permite ratificar que a leitura é um meio eficaz de contribuir efetivamente com a formação docente. Os dados encontrados nesta pesquisa mostraram que a leitura contribui para a formação docente em todos os segmentos aqui discutidos, tanto para adquirir novos saberes, quanto para ampliar outros, aumentar o vocabulário, criar novas estratégias de ensino, ter autonomia nas discussões e também é um dos meios de ascender no mercado de trabalho.

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ABSTRACT

The practice of reading constitutes as indispensable action to the development of the citizenship. And still, at the professional exercise of all people in a society that has the literacy as basic condition for the insertion in the job market. This research has as general objective to analyze the contributions of the practice of reading for teachers training. The specific objectives are: to know the perception of the academicals teachers concerning to the importance of reading for teachers training; to identify the conception of the students in the final years of Pedagogy degree about the importance of reading for the initial education process; to investigate the conception of the teachers from the begins years of elementary school on the importance of the reading for the continuing education process. This work is orientated by the following question: how can reading contribute to the enhancement of teachers’ formation? Relating to the methodological course the first part of this research was constituted of a bibliographical survey. The second stage was a field research, of the exploratory type with qualitative approach. The locus of the research was a state public school of Cajazeiras town in Paraiba, and the Center of Formation of Teachers (CFP). Six subjects participated of this research: two students in the final year of Pedagogy degree of CFP; two teachers of CFP and two teachers of the basic education. The instrument of collection of data was the interview semi structured. Results: the carried out study allows us to assure that the reading is an effective way of contributing for the teaching formation. The data found in this research showed that the reading contributes to the teaching training in all of the segments here discussed, so much to acquire new knowledge, as to enlarge others, to increase the vocabulary, to create new teaching strategies, to have autonomy in the discussions and also, it is one of the means for reaching the job market.

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LISTA DE SIGLAS

UFCG - Universidade Federal de Campina Grande CFP-Centro de Formação de Professores

PB - Paraíba

PCN- Parâmetros Curriculares Nacionais ENEM- Exame Nacional de Ensino Médio

LDB -Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional TCC-Trabalho de Conclusão de Curso

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 10

2 CONCEITUANDO A LEITURA ... 12

3 REFLETINDO SOBRE A FORMAÇÃO DOCENTE ... 15

3.1 A importância da leitura para a formação docente ... 18

4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ... 22

5 ANÁLISE DOS DADOS ... 24

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 39

REFERÊNCIAS ... 41

APÊNDICE A - Roteiro de Entrevista ... 43

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1INTRODUÇÃO

As práticas de leitura constituem-se como práxis indispensáveis ao desenvolvimento da cidadania. E ainda, ao exercício profissional de muitos numa sociedade que tem o letramento como condição básica para a inserção no mercado de trabalho formal.

O objetivo geral desta pesquisa é analisar as concepções dos professores acerca da prática da leitura para a formação docente. E os objetivos específicos: conhecer a concepção dos professores universitários acerca da importância da leitura para formação docente; identificar a concepção dos graduandos de Pedagogia acerca da importância da leitura para o processo de formação inicial, e ainda, investigar as concepções dos professores dos anos iniciais do ensino fundamental acerca da importância da leitura para o processo de formação continuada.

A escolha dessa temática de estudo surgiu da inquietação pessoal de compreender a importância da leitura para a formação profissional de todos, e ao mesmo tempo, identificar no cotidiano de convivência com docentes o desinteresse pela leitura. Muitos educadores manifestam tal desinteresse ainda no decorrer de sua formação inicial quando estão no curso de Pedagogia. Característica que, em alguns casos, também é perceptível em professores dos anos iniciais do ensino fundamental.

Na condição de futura educadora considero ser necessário desenvolver um trabalho que desperte os professores para a percepção da leitura como base para sua qualificação de forma geral. Pois, quem tem o hábito de ler é capaz de constantemente fazer uma releitura de tudo que está ao seu entorno.

Nesse sentido, este trabalho é norteado pelo seguinte questionamento: Como a leitura pode contribuir para o aprimoramento da formação docente?

Afinal, é de domínio público que a leitura crítica de livros, revistas e jornais permitem refletir sobre as informações e formular nossa própria opinião. Sem opinião formada é impossível escrever qualquer texto. É recomendado que, de modo geral, os indivíduos, enquanto seres sociais devam apropriar-se do hábito da leitura e tê-la como prazerosa fonte de conhecimento. Isso porque a leitura favorece um processo evolutivo em busca da autonomia e da independência pessoal, de igual modo, contribui para que os sujeitos tornem-se cidadãos aptos a construir e reconstruir sua identidade. Pode-se dizer ainda, que leitura é poder e que ajuda a delimitar o lugar social das pessoas. Tais argumentos justificam que a formação docente deva ser aprimorada por meio da prática da leitura, tendo em vista, o quanto isso irá repercutir no seu trabalho e na escola.

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A sala de aula continua sendo, portanto, o espaço onde os educadores, desenvolvem ações continuadas com a linguagem, tornando possível o estudo sistemático dos mecanismos que organizam as diferentes modalidades discursivas. Essa convivência permanente com os textos escritos e orais é fundamental para que consigam entendê-los, analisá-los, criticá-los. Lendo-os não por obrigação, mas, pela compreensão do significado da leitura para sua formação pessoal, intelectual, e também, para o desenvolvimento dos estudantes com os quais trabalham.

O aprofundamento dessa temática é pertinente porque o ato de ler é uma ação intelectual que viabiliza um saber vivo, de forma a favorecer aos indivíduos a capacidade de estabelecer um diálogo com a sociedade letrada de maneira criativa, consciente, e acima de tudo, como sujeitos capazes de reescreverem o mundo, quer dizer, transformá-lo através de uma prática social mais consciente.

Quanto ao percurso metodológico a primeira parte da pesquisa constituiu-se de um levantamento bibliográfico. A segunda parte foi uma pesquisa de campo, do tipo exploratório com abordagem qualitativa. O locus da pesquisa foi uma escola pública estadual do município de Cajazeiras/PB e o Centro de Formação de Professores (CFP). Participaram da pesquisa seis sujeitos, a saber: dois graduandos do curso de Pedagogia do CFP; duas professoras do CFP e duas professoras da educação básica. O instrumento de coleta de dados foi à entrevista semiestruturada.

Dentre as contribuições deste trabalho, busca-se despertar no educador a compreensão de que “a leitura da palavra altera substancialmente a leitura do mundo”. Freire (1992, p.08). Além de ratificar que a leitura é um processo de compreensão abrangente e não mera decodificação de signos, portanto, precisa ser compreendida como uma imperiosa necessidade ao trabalho docente.

Este trabalho estrutura-se da seguinte forma:

A primeira parte do trabalho traz as informações introdutórias. O segundo capítulo apresenta os conceitos de leitura a luz de alguns teóricos, a saber: Martins (2003), Dias (2001), Soares (1998), Lajolo (1994), Freire (1992), entre outros. Esses teóricos compartilham das mesmas ideias de que a leitura não é apenas decifrar códigos, vai muito mais além, é compreensão de tudo que nos cerca.

O terceiro capítulo aborda a formação docente aprofundando a compreensão de que a formação é condição essencial para o trabalho do professor. Ainda neste capítulo é discutido a importância da leitura para o aprimoramento da formação docente. Os autores que dão suporte teórico a este capítulo são: Nóvoa (2002), Silva (1998) e Lajolo (1994).

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O quarto capítulo registra os procedimentos metodológicos, a saber: o tipo de pesquisa e os sujeitos, a abordagem, o locus da pesquisa e os instrumentos de coleta de dados.

O quinto capítulo apresenta os resultados obtidos na pesquisa, bem como, a análise dos dados coletados confrontando-se as falas dos entrevistados com o aporte teórico. Por fim, são apresentadas as considerações possíveis.

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Na trajetória dos estudos sobre leitura encontram-se diversas concepções as quais destaco a seguir. Martins (2003, p.23) assinala que “[...] ler significa inteirar-se do mundo sendo também uma forma de conquistar autonomia, de deixar de “ler pelos olhos de outrem”. Segundo essa concepção, a leitura é emancipatória, é através dela que se passa a perceber o mundo por nós mesmos, podendo inclusive intervir para transformá-lo, já que é através da leitura que se compreende melhor as coisas que nos cercam.

Na perspectiva de Zilberman e Silva (1998, p.27), “O leitor, na medida em que lê se constitui, se representa se identifica. A questão da compreensão não é só do nível da informação. Faz em um processo de interação, a ideologia”. Para os autores, a compreensão por parte do leitor não deve partir exclusivamente do nível de informação, mas que ele seja capaz de ir além, de posicionarem-se de forma crítica diante da sociedade e ao mesmo tempo por intermédio da leitura os sujeitos desenvolvem-se intelectualmente, socialmente no meio cultural.

Em contrapartida, os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1997, p.54) da Língua Portuguesa assinalam que: “Formar um leitor consciente supõe formar alguém que compreende o que lê [...]”. Além de compreender o que está decodificando, tem-se que pôr em prática essa compreensão, de forma que tal prática possa abrir caminhos e oportunidades. Ler não é somente identificar o que está escrito. Ler é também saber questionar e se comunicar consigo mesmo e com os demais, construindo desse modo seus valores pessoais.

Os conceitos de leitura apresentados demonstram um entendimento amplo em relação ao processo de formação de um leitor. Mostrando a importância da leitura como um dos processos de compreensão do mundo que se constrói passo a passo e que objetiva a criticidade e a autonomia de quem aprende sabendo o que e porque está aprendendo.

Neste sentido, é pertinente ratificar que a leitura é um processo de construção ativa de sentido e uma prática social que tem fundamental importância em toda a sociedade letrada. Por esse motivo, a escola deve ter como finalidade formar leitores competentes, capazes de agir ativamente no processo de interpretação de um texto e de usar socialmente a leitura não como fonte de obrigação, mas, algo que se faz necessário para a sua formação intelectual.

Com uma concepção mais profunda e respaldada na teia das relações sociais em que o indivíduo está necessariamente envolvido. Soares (1998, p.16) afirma que, “a leitura é a interação verbal entre indivíduos, indivíduos socialmente determinados: o leitor, seu universo, seu lugar na estrutura social, suas relações com o mundo e os outros”.

Supõe-se então que, a leitura não é um ato solitário e isolado dos problemas sociais. Sendo assim, a relação do leitor com o texto não acontece de forma linear. Na leitura o texto escrito

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está pronto, não os seus sentidos. Nele estão apenas os elementos explícitos que o aluno vai decodificar, atribuindo a partir da leitura, significados e sentidos. Também há elementos implícitos que dependem do indivíduo, de referências, pistas, índices pinçados no texto e que perpassam sua vivência, o lugar social que ocupa ligado à sua experiência individual e à relação que ele, como leitor, estabelece com o outro e com o mundo.

Numa perspectiva mais ampla ancorada na possibilidade de o próprio leitor ser capaz de se inserir no mundo da leitura na busca de respostas para suas próprias necessidades e informações. Necessidades de ampliar seu vocabulário, de desenvolver-se intelectualmente e também de obter informações relevantes à sua formação pessoal.

Compreende-se então que a leitura parte de uma interlocução natural do leitor com o texto buscando uma interação que responda às suas necessidades mais imediatas no sentido de compreender determinado fato, de interpretardeterminada mensagem, ampliando assim, seus conhecimentos e estabelecendo uma relação de entrosamento e satisfação.

O ato de ler não deve ser mecânico e decifratório, mas, deve ir além, transcender os limites reais, perpassar pelo imaginário, estabelecer relações com os conhecimentos que se obteve para se alcançar a nossa própria leitura, complementada com as nossas experiências de vida e intensificada e lapidada com as informações colhidas nos textos escritos. Essa interlocução promove o entusiasmo pela leitura, pela descoberta. É isso que caracteriza a formação de um leitor que vai gradativamente se apropriando dos benefícios propiciados pela leitura. Dessa forma, concorda-se com Freire (1994, p.8) quando assevera que:

A leitura da palavra é sempre procedida da leitura do mundo. E aprender a ler, a escrever, alfabetizar-se é, antes de mais nada, aprender a ler o mundo, compreender o seu contexto, não numa manipulação mecânica de palavras, mas numa relação dinâmica que vincula linguagem e realidade.

Antes mesmo de ler palavras e frases, o leitor já está lendo bem ou mal o mundo que o cerca, ou melhor, está inserido num processo que envolve uma compreensão crítica do ato de ler, fato este que acontece no âmbito da realidade dos sujeitos e na escola será aperfeiçoada, tendo em vista que a escola deve realizar um trabalho sistematizado.

Entende-se ainda, que a leitura apresenta-se como requisito necessário à realidade sociocultural do educando e um instrumento de comunicação social e política. Diante disso, Dias (2002, p. 42-43) enfatiza.

Aprender a ler é um ato complexo, pois sua compreensão envolve vários eixos que incluem: o encontro de um leitor com o material escrito, a partir das estimulações do

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grupo social a que esse leitor pertence, das interações entre indivíduos e entre cada indivíduo e a coletividade.

Assim, a leitura é em si um ato de interação na qual acontece por intermédio da relação entre o leitor e o pensamento do autor, o qual escreve para um fim, e esse fim, é tornar coerentes suas ideias na mente do leitor. Este, por sua vez, tem a finalidade de não só decodificar, mas também, por meio dessa interação, compreender o significado particular do texto. Isso porque a leitura compreende um processo individual, ou seja, cada pessoa interpreta o texto de acordo com o seu contexto social, suas vivências pessoais ou coletivas internalizadas.

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A formação docente vem ocupando um espaço de destaque cada vez mais amplo. Pode-se notar nos últimos anos, principalmente, no âmbito acadêmico, nesta última década, que os números de livros e pesquisas, assim como, os artigos de jornais e revistas têm ocupado bastante destaque com esta questão.

Nesta perspectiva, a formação dos professores deve possibilitar uma cultura científica de base em ciências humanas e sociais no que se refere à educação; a capacidade de realizar pesquisas e análises de situações educativas e do ensino; o exercício da docência em contextos institucionais escolares e não escolares.

Isto significa dizer que nada está pronto, que estamos num processo de redefinição da nossa profissão e da compreensão da nossa prática. E para tal faz-se necessário, estar atento às mudanças que estão sendo exigidas de nós. Para isto encontra-se aberto ao conhecimento que se produz nesta área e que é fundamental para o fortalecimento da profissão e para a nossa própria sobrevivência como educadores.

Falar sobre a formação do educador implica, inicialmente em definir o que se entende por formação. Neste texto, formação é definida como “está se formando” que significa nunca está concluída totalmente. Nesse sentido, Nóvoa (2002, p.38-39) afirma que:

A formação contínua deve estimular uma perspectiva crítico-reflexiva, que forneça aos professores os meios de um pensamento autônomo e que facilite as dinâmicas de autoformação participada. Estar em formação implica um investimento pessoal, um trabalho livre e criativo sobre os percursores e os projectores próprios, com vista à construção de uma identidade profissional.

É por esta razão que se defende que este é o grande desafio da contemporaneidade: investir na formação do professor para que possamos alcançar outro patamar educacional. E de modo particular, cabe a cada docente cuidar de sua própria formação de modo autônomo e propositivo.

Sabe-se que esta formação vem se dando em vários níveis e, segundo estabelece a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), Lei nº 9.394/96 que dedica um título a essa temática, a formação do profissional da educação deverá se dar no nível superior.

Esta exigência vem preocupando os sistemas de ensino, pois, se reconhece a necessidade de uma melhor formação, por outro lado, ainda há determinadas regiões do País onde esta exigência não poderá ser atendida.

As finalidades de um sistema educacional e as competências não podem ser dissociadas. O que será colocada em prática depende da visão política e dos recursos econômicos.

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Por outro lado, o momento na sociedade implica mudanças que se caracterizam pela alteração das funções dos professores e das escolas, bem como nas condições e oportunidades de ensino; ampliação das possibilidades formais e não formais com tempos e lugares diferenciados (modalidade presencial e a distância) envolvimento de todos para a construção da produção individual e coletiva do conhecimento.

É importante ainda saber usar ferramentas para criar ambientes de aprendizagem que estimulem a interatividade, desenvolva a capacidade de formular e resolver questões buscando informações contextualizadas e associadas às novas dinâmicas sociais de aprendizagem.

Há necessidade de encontrar novas formas de superar o modelo pedagógico vigente. No qual ainda prevalece o pensamento linear reducionista, predominando o instrucionismo e a subserviência de professores e alunos as propostas vindas de fora para dentro da escola. Tendo em vista que, a formação continuada é a condição importante para uma releitura das experiências e das aprendizagens. Uma integração ao cotidiano dos professores e das escolas. Considerando a escola como o local da ação, o currículo como espaço de intervenção e o ensino como tarefa essencial e contínua.

A formação do professor é condição básica para que se efetive uma política de formação de leitores no âmbito da escola. Não se trata de um professor que apenas leia, mas de um professor que leia com competência e autonomia, capaz não apenas de incentivar os alunos, mas de mostrar-lhe as sutilezas e entrelinhas dos textos, em especial dos textos escritos.

Os caminhos da formação continuada necessitam de formulações permanentes e integradas às propostas pedagógicas dos sistemas, pensadas plurianualmente, perdendo a marca episódica que tem sido sua face mais conhecida. Do mesmo modo, exige direcionar programas de formação para além de professores, alcançando os agentes responsáveis: gestores, supervisores e coordenadores pedagógicos.

A crise da leitura encontra-se desde a formação inicial perpassando até a formação continuada. Ao nosso ver, o professor que não ler está morto intelectualmente, pois, como um agente socializador do saber vai expor suas ideias sem poder de argumentação, algo que se adquiri e se amplia por intermédio da leitura?

Para se adquirir uma competência leitora na formação docente é preciso conscientizar-se de que somos educadores e que se deve ter senso crítico da realidade social para a partir disso mostrar aos discentes a importância da leitura para a construção da identidade, o exercício da cidadania, mudando a visão de que se deve ler um livro para realizar uma prova na escola ou até mesmo para passar no ENEM ou qualquer outro concurso. Por outros termos, pode-se dizer

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que a leitura é para, além disso, é algo essencial para a vida. Pois diariamente fazemos múltiplas leituras.

3.1 A importância da leitura para a formação docente

A formação docente inicia-se na própria história de vida do professor. Todas as experiências que vivenciou passam a fazer parte de sua formação.

O acesso ao aprendizado da leitura apresenta-se como um dos múltiplos desafios da escola e, talvez, como o mais valorizado e exigido pela sociedade. A leitura é meio concreto e assertivo da democracia e do poder individual, pois o domínio da leitura oportuniza a busca constante de conhecimento, além disso, é um instrumento de conscientização e transformação das estruturas comunicacionais podendo significar a possibilidade real de acesso às múltiplas informações.

É de domínio público, que a leitura contribui de forma significativa para o sucesso acadêmico do indivíduo. Porém, é necessário que aconteça um processo de alfabetização adequado para que não haja situações frustradoras na vivência do currículo escolar. A leitura é um dos principais recursos existentes na sociedade capaz de formar uma sociedade crítica e consciente, a partir da leitura acontece uma nova visão e ampliação de conhecimento e ao mesmo tempo em que possibilita a aquisição de diferentes pontos de vista, e também amplia a experiência, tornando-se importante meio de desenvolver a autonomia dos seres que aprendem. É através da leitura que se amplia um ato de compreensão do mundo.

Concorda-se evidentemente com Silva (1998, p. 102), quando assinala: “Se a formação do leitor está essencialmente condicionada à escolarização, então ler é, por necessidade, submeter-se aos objetivos que a escola tenta atingir através de seus programas e métodos”.

Sabe-se que a nossa cultura não privilegia o livro como instrumento do conhecimento e ampliação da cultura. Privilegiam-se outros meios de conhecimentos informais como o bate papo nas redes sociais, o uso do celular e seus aplicativos, as letras de algumas músicas, esquecendo-se de valorizar o livro como fonte essencial do saber, o qual está sendo deixando em último plano até mesmo por alguns professores.

A média de leitura do brasileiro é de 4 livros por ano, sendo apenas 2,1 livros até o fim, segundo a 3ª edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, divulgada nesta quarta-feira. O número é menor do que o registrado em 2007, quando foi feita a 2ª edição da pesquisa. Na época, a média de livros lidos por ano era de 4, 7. (ALENCASTRO, 2012, p.01)

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Quando se começa a ler a visão se amplia questiona-se o porquê de tanta exclusão, da pobreza, de tantas diferenças. Assim, os livros são essenciais para a mudança, inclusive, culturais, pois o prazer de ler, de conhecer, vai tornando-se a cada dia um meio eficaz de manter-se atualizado.

Portanto, o educador por ser um eterno aprendiz não poderá eximir-se do hábito da leitura, pois essa prática possibilitará o enriquecimento de seu vocabulário, de tomada de decisões dentro e fora da sala de aula, a formação crítica e também a interação entre os seus pares. A partir do entendimento dessa relevância indaga-se: como ter uma formação inicial e contínua sem o exercício efetivo da leitura? A nosso ver, tal proceder é inadmissível, pois formação já supõe leitura. Todo processo de formação docente, seja qual for, precisa da leitura enquanto suporte para acesso aos múltiplos saberes e ao conhecimento cientifico.

A leitura é um dos meios que possibilita ao professor ter uma visão crítica e consciente de tudo que o cerca até por que

O ato de ler, para ser qualificado de crítico, sempre envolve a constatação, reflexão e transformação de significados, a partir do diálogo – confronto de um leitor com determinado documento escrito. Leitura sem compreensão e sem recriação do significado é pseudo leitura, é um empreendimento mecânico. (SILVA, 1998, p. 99)

Isso implica reconhecer que a leitura tem um papel central no processo de libertação das mentes dos que vivem oprimidos, dos que vivem alienados, dos que vivem excluídos. Pode-se dizer ainda, que a leitura permite aos que a ela tem acesso a capacidade de recriar, reinventar, repensar suas próprias opiniões, em síntese, trata-se de um refazer-se enquanto ser social. Isso porque a leitura além de possibilitar ampliação dos saberes sistemáticos favorece, por conseguinte, sua inserção no meio social, ou seja, a pessoa que se predispõe a ler não será de forma alguma excluído, do meio intelectual, pois conhecimento é poder.

Noutra perspectiva, pode-se dizer ainda a leitura crítica do mundo e da palavra escrita é fundamental para impedir a desvalorização da cultura, nacional, enquanto raiz e identidade do povo brasileiro.

Ante ao exposto é necessário enfatizar a relevância da leitura para a formação docente e os prejuízos quando de sua ausência. Lajolo (1994, p. 16) expõe sua concepção a respeito da falta de leitura na formação docente: “os alunos não leem, nem nós; os alunos escrevem mal e nós também. Mas, ao contrário de nós, os alunos não estão investidos de nada”.

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O que a autora assevera é que nós professores temos a obrigação ética de ter um processo de organização de estudo. Enquanto que as crianças, porém encontram-se ainda num processo de busca da formação numa etapa inicial.

Vale ressaltar que quanto mais cedo histórias orais entrarem na vida das crianças maiores as chances dela gostar de ler. Entretanto, a maioria dos professores afirma que: “Muitos não leem com a desculpa de que não têm tempo, sendo que para assistir TV sempre dispõe, de tempo [...]”. Lajolo, (1994, p. 12).

Essa situação retratada pela autora no âmbito da educação básica muitas vezes se repete na educação superior, de modo particular, no curso de Pedagogia onde os graduandos estão em processo de formação para se tornarem professores. Esse hábito originado no ensino fundamental e médio finda repercutindo em todo o processo formativo posterior.

Nesse sentido, Lajolo (1994, p.12) chama a atenção para o fato de que, “só a leitura e o incentivo pelos bons autores (sic) poderá melhorar a redação dos alunos, cada vez mais pobre e restrita pela TV [...]”. A advertência feita pela autora não foi considerada. Prova disso, é que vinte anos depois, no ano de 2014 mais de 500 mil estudantes brasileiros, zeraram a redação do ENEM.

Há, portanto, que reconhecer a importância da leitura, para tentar desenvolver projetos e atingir os objetivos propostos: aperfeiçoar a formação do professor e dinamizar o uso do livro na sala de aula para daí formar o leitor crítico e consciente dos seus direitos e deveres.

É relevante também que as autoridades do Estado, tais como: governo e seus assistentes elaborem programas ou projetos que valorizem a formação de leitores nos diversos âmbitos sociais.

Os pais dos discentes devem também estar envolvidos no processo de aquisição de leitura dos seus filhos incentivando-os a cuidarem dos livros, a lerem não apenas o que o professor solicita, mas buscar outras fontes de leitura para a vida individual, social e cultural.

E aos professores compete, a priori, ser de fato bons leitores. Pararem de culpar a falta de tempo, e consequentemente, despertar nos educandos o gosto pela leitura. E reconhecer que compete a todos os envolvidos no processo educativo e não exclusivamente ao professor de Língua Portuguesa como o único que na escola venha ler de fato. E os demais onde fica a sua responsabilidade enquanto leitor?

Todavia, todo o processo educativo que visa despertar o interesse pela leitura começa desde os primeiros anos escolares, porém não se esgota em nenhuma das etapas do sistema. O que acontece, na maioria das vezes, é justamente: a falta de qualificação de professores leitores em que os próprios docentes não sabem como formar o estudante no conhecimento de que a

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leitura é para compreender, analisar, confrontar, questionar, assentir sobre as ideias de diferentes autores, mas também, para descobrir outras realidades, para defrontar-se consigo mesmo, através dos outros.

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4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Partindo do pressuposto de que a leitura constitui uma prática social e ratificando a sua importância no processo da formação docente, desenvolvemos essa pesquisa norteada pelo seguinte questionamento: Como a leitura pode contribuir para o aprimoramento da formação docente?

Para tanto, a pesquisa realizada teve caráter exploratória o que visa proporcionar uma aproximação com o objeto de estudo. Buscar atender os passos da pesquisa cientifica. A primeira parte da investigação constitui-se de um levantamento bibliográfico com base nos autores: Imbernón (2006), Martins (2003), Nóvoa (2002), Dias (2001), Silva (1998), Lajolo (1994), Freire (1992), Soares (1991), entre outros.

O estudo em tela é uma pesquisa do tipo qualitativa, porque busca compreender e interpretar os dados coletados a partir das falas dos entrevistados. Como afirma Gonsalves (2003, p. 68), “[...] a pesquisa qualitativa preocupa-se com a compreensão, com a interpretação do fenômeno, considerando o significado que os outros dão às suas práticas [...].”

A segunda parte foi uma pesquisa de campo. Na visão de Gonsalves (2003, p. 67) “A pesquisa de campo é aquela que exige do pesquisador um encontro mais direto. Na pesquisa de campo o pesquisador tem que ir ao local em que o fenômeno está acontecendo e coletar as devidas informações”.

Portanto, a pesquisa de campo possibilita coletar os dados necessários para o aprimoramento do estudo da temática e ao mesmo tempo confrontá-los com os teóricos lidos. Este estudo teve como locus uma Escola Estadual e o CFP de Cajazeiras, participaram dessa pesquisa 06 sujeitos: 02 graduandos do curso de Pedagogia, sendo que um do turno diurno cursando o 4º período e outra do turno noturno cursando o 6º período; 02 professoras do CFP e 02 professoras dos anos iniciais que estão em processo de formação continuada.

Os dados foram coletados por meio de entrevista, norteada por um roteiro de questões, a partir do qual tivemos a possibilidade de interagir de forma direta com os sujeitos da pesquisa. Diante disso,

A entrevista é uma das técnicas mais simples, conhecidas e utilizadas na pesquisa educacional. Assim como a observação permite o contato direto do pesquisador com o entrevistado, para que um possa responder as perguntas feitas pelo outro. (MATOS, 2002, p.61):

A entrevista foi do tipo semiestruturada, com a finalidade de conhecer e aprofundar este objeto de estudo. As entrevistas foram feitas com o auxílio de um gravador de áudio e as falas

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transcritas na íntegra, preservando toda a originalidade da fala dos entrevistados. Os dados coletados na entrevista foram analisados à luz do referencial teórico estudado.

A abordagem foi do tipo qualitativa. Para Oliveira (2008) "na abordagem qualitativa, o pesquisador(a) deve ser alguém que tenta interpretar a realidade dentro de uma visão complexa, holística e sistêmica, [...]". Neste trabalho pretende-se analisar os fenômenos com rigor científico, buscando entender toda diversidade dos dados coletados.

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5 ANÁLISE DOS DADOS

A leitura do texto escrito representa um elemento essencial para o alcance de uma prática pedagógica eficiente. Isso por ser um processo ou prática social que permite ao ser humano compreender sua realidade. É de domínio público que o hábito da leitura exerce um papel importante na formação de professores, daí podermos dizer que representa um processo necessário para um ensino eficaz.

Portanto, o exercício da leitura é um meio, através do qual se adquire o conhecimento científico. O questiona-se e desvenda-se a realidade na busca da compreensão da sua historicidade. Sem a prática da leitura o educador não conseguirá estabelecer a mediação necessária para que o educando passe do saber enquanto senso comum ao conhecimento mais elaborado e sistematizado.

Nessa perspectiva de formação do professor, a ausência da leitura seria quase uma mutilação, pois a leitura, certamente constitui-se num alicerce para o exercício da sua função. Demo (2000, p. 72) a respeito da importância da leitura afirma que:

[...] a leitura deve significar a capacidade de compreender a trama argumentativa do autor, tanto para penetrar em sua tessitura lógica e propositiva quanto para contra argumentar, com o objetivo de não se postar como discípulo que aprende, mas como sujeito que aprende a aprender.

A deficiência na formação básica do professor-leitor começa pela sua formação escolar, já que a leitura é tratada no contexto educacional brasileiro como uma questão secundária. Ao tentar estimular a leitura, o professor não consegue transmitir gosto, já que nem sempre é sua prática diária. Muitas vezes, o próprio professor também tem sérias dificuldades em conciliar a leitura com as suas demais atividades, tornando-se um leitor impossibilitado, cujas leituras realizadas são de caráter técnico obrigatório, atreladas às suas necessidades emergentes, à sua área específica de formação.

Superar a rejeição à leitura é um trabalho que exige, sobretudo, uma reflexão do educador, para que este consiga vencer os entraves postos primeiramente à sua formação, para depois conseguir produzir no aluno uma aproximação maior com o texto escrito. Essa interdição à leitura tem sido uma das causas das desigualdades na sociedade. Todo conhecimento implica em construção. É preciso então construir a leitura no dia a dia da práxis profissional, como

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informação e como prazer. Afinal, o poder da linguagem na relação entre os homens é a marca da humanização. Feitos esses comentários introdutórios passamos a analisar os achados da pesquisa.

Iniciamos as entrevistas buscando conhecer a concepção de todos os sujeitos acerca da leitura. Foi perguntado aos graduandos do curso de Pedagogia: O que você entende por leitura? E obtivemos as seguintes respostas.

Em minha opinião a leitura ocorre quando códigos são codificados e através desses códigos a pessoa que está recebendo a informação consegue processá-la e entender o que está sendo emitido. O processo de leitura não ocorre somente através de decodificação de um texto, livro etc. [...] A leitura também nos permite interpretar as coisas de nossa maneira [...]. (Licenciando A)

No meu ponto de vista, leitura não é apenas codificar os signos, ou seja, leitura é mais do quer “ler”, é você ler e compreender o que leu [...]. Leitura tem diferentes significados e o que entendo por leitura pode ser diferente do que você entende ou não. [...]. (Licencianda B)

A partir dos relatos dos graduandos A e B do curso de pedagogia, constata-se que ambos consideram a leitura não apenas por meio da memorização de fonemas e grafemas, ao contrário, tudo que nos cerca e venha possibilitar uma interpretação é leitura. Com isto nos reportamos a Martins (2003, p.38) quando assevera "Se a leitura tem mais mistério e sutilezas do que a mera decodificação de palavras escritas tem também um lado de simplicidade que os letrados não se preocupam muito em revelar.”.

Segundo a autora supracitada o ato de ler ultrapassa a decodificação de letras, decifração de palavras e está inserida num processo que envolve uma compreensão crítica do ato de ler. Porque ao nos referimos à leitura seria também as observações das coisas, as expressões visuais, as sensações, enfim, tudo que seja passível de interpretação é leitura depende de quem interpreta.

Por outro lado, esta investigação teve por objetivo geral analisar as concepções dos professores acerca da prática da leitura para a formação docente. Para atender a este objetivo indagamos os graduandos de Pedagogia: Quais as contribuições da leitura para sua formação acadêmica?

As contribuições são inúmeras, um universitário que não exercita a leitura terá sérios problemas na escrita de trabalhos acadêmicos e posteriormente no seu trabalho de conclusão de curso, sem falar na formação pobre que levara para o resto da vida. Não

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terá a capacidade de contribuir na educação de seus alunos. [..] E outras qualidades que a leitura nos viabiliza, pois quem ler fala, escreve e escuta melhor.

(Licenciando A)

São todas as contribuições positivas para a minha formação acadêmica que a leitura traz, umas das mais importantes é a possibilidade de melhorar o meu nível de escrita e enriquecimento do vocabulário. Quanto mais leio, mais aprendo, inclusive a organizar melhor as ideias, os pensamentos na fala e na escrita. (Licencianda B)

Estes pontos de vistas dos licenciandos A e B nos mostram o quanto o hábito da leitura enriquecer-nos as ideias, as experiências, amplia-nos o vocabulário e também nos torna mais inteligentes, dando-nos uma melhor capacidade de compreensão de contribuir com a educação e etc. Em contrapartida, a ausência da leitura comprometerá o raciocínio critico a capacidade de comunicação, a ampliação do vocabulário e uma escrita bem elaborada.

Confirmando o que disse o licenciando A, Cagliari (2009, p.88) adverte: “A leitura é uma interpretação da escrita que consiste em traduzir os símbolos escritos em fala”. Isto implica afirmarmos que leitura e escrita são práticas indissociáveis, ou seja, são atividades que se complementam.

Atualmente, percebe-se que no, meio acadêmico, a prática da leitura, em alguns casos fica muita a desejar, por parte de alguns discentes. Isto tem sido um desafio constante na prática pedagógica da maioria dos professores em propor atividades para o incentivo e a prática da leitura e da escrita. Prova disso é quando os educandos são solicitados a elaborarem artigos, resenhas, projetos e o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) demonstram sérias dificuldades.

Por outro lado a universidade espera que os discentes já tivessem o hábito da leitura, porque é inamissível o aluno de terceiro grau não saber interpretar um texto, não ler nas entrelinhas. Desse modo, o ensino superior terá que rever novas práticas pedagógicas para incentivar o hábito da leitura, já que estamos tratando de formação e não há formação sem leituras múltiplas, inclusive do texto escrito.

Prosseguindo as perguntas questionou-se aos licenciados: Você tem hábito de leitura? Quanto tempo você dedica a leitura? De que forma isso tem refletido na sua formação enquanto graduando de Pedagogia? E obtivemos as seguintes respostas.

Sim Procuro sempre está lendo, dedico uma hora do meu dia para a prática da leitura. O tempo que disponibilizo a leitura é o contra turno as aulas. Porque a leitura tem enriquecido os meus conhecimentos na minha formação acadêmica e em minha vida pessoal, estimulando a minha imaginação, proporcionando a descoberta de diferentes hábitos e culturas, ampliando o meu conhecimento e enriquecendo o vocabulário isso

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com certeza refletem grandiosamente em minha formação pedagógica. (Licenciando A)

Hábito de leitura não tenho, pois o hábito de ler acredito eu não só tem a pessoa que lê sempre e todos os dias e eu ainda não consegui adquirir este hábito[...]. Em virtude da minha realidade o tempo que eu dedico a leitura é pouco e está limitado por enquanto ao material utilizado no curso. Enquanto graduanda do curso de pedagogia está falta de tempo para ler só reflete de forma negativa, pois o tempo de tirar dúvidas ou debater algo fica resumido assim como a minhas compreensões mediante os mesmos, muitas vezes tendo que fazer uso do mesmo texto /livro várias vezes para melhor compreender. (Licencianda B)

Percebemos obviamente nas falas dos entrevistados que o aluno A possui o hábito da leitura e concebe na leitura a importância não só para a sua formação acadêmica, mas, para a sua qualificação como um ser integral. Enquanto a aluna B não tem a prática da leitura e com isto não depreendeu a sua relevância para sua formação acadêmica e pessoal. Conforme Haiashida (2012, p.68) “Infelizmente, embora absurdo, alguns alunos parecem crer ser possível vivenciar a graduação sem a realização de leituras básicas [...]”.

Na minha concepção é inadmissível um universitário que não tenha o hábito da leitura sistemática, textos escritos, pois a leitura é a base de todo conhecimento cientifico, até porque todo saber cientifico torna-se inoperante sem a leitura. Por outro não posso afirmar que o aluno não ler, porque existem inúmeras formas de leitores e leituras nos tempos atuais, os denominados leitores virtuais os que não mais sobrevivem sem leitura de facebook, instagram, blog, chat, whatsapp, entre outros meios de ciberleituras. Em seguida, foi questionado: Além dos textos solicitados pelos professores do CFP que outras leituras você tem realizado para contribuir com a sua formação acadêmica e para o seu desenvolvimento enquanto um ser integral?

Realizo leitura de artigos acadêmicos, reportagens e informações que são disponibilizadas nas redes sociais, leio também livros não acadêmicos, como por exemplo, obras de literatura [..] dentre várias obras existentes tive a oportunidade de conhecer: O menino de Engenho, Os Capitães de Areia e o Pequeno Príncipe, leituras que de certa maneira me chama a atenção e aconselho as lê-las. (Licenciando A) Meus textos e livros no momento estão limitados as histórias infantis e a materiais sobre alfabetização, pois no momento necessito recorrer bastante aos mesmos pois sou aluna de pedagogia e professora dos Anos Iniciais. E isto tem contribuído de alguma forma em minha formação integral. (Licencianda B)

Observamos na fala do licenciando A que possui um repertório de leitura bem amplo e, portanto, demonstra que gosta de lê, não se limita apenas nos textos solicitados no curso de

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Pedagogia. Da mesma forma a licencianda B busca outras fontes de leituras, ela concebe a leitura como uma prática essencial para a sua formação integral.

A meu ver, fica muito a desejar no se refere à formação do sujeito acadêmico porque se faz necessárias leituras de textos mais densos para uma formação proficiente. Cabe ainda destacar que "pouca leitura, leitura por necessidade para os trabalhos acadêmicos ou para o trabalho pedagógico ainda é o que predomina para a maioria dos estudantes de pedagogia. A autonomia de estudos ainda é um desafio." (ZILBERMAN, 1998, p. 20)

No tocante a essas respostas obtidas nos reportamos a Quintela (2012, p.107) que adverte:

O aluno chega à universidade com uma série de desconhecimentos e dificuldades resultantes da sua trajetória escolar e social, tendo como principais motivos a formação centrada na repetição e a consequente ausência de elaboração de conhecimento. Carece de leitura crítica das teorias e da realidade, bem como de relação entre elas. Ou seja, o aluno passa anos na escola sem aprender a ter autonomia e capacidade de se posicionar, tendo, portanto, uma formação debilitada e, de certo ângulo, medíocre.

O baixo desempenho leitor vem da educação básica em que, as atividades de leitura muitas vezes são apresentadas como algo de difícil compreensão, sem despertar o hábito de ler. Dessa forma, essa problemática infelizmente se estende ao ensino superior, sendo algo preocupante, pois, seremos formadores de opinião. E como formar sem torna-se um leitor proficiente? Espera-se que um aluno universitário leia com precisão e tenha argumentos concisos.

Diante do exposto há uma necessidade de rever o posicionamento de alguns discentes do ensino superior, pois não compete mais a universidade a função de ensinar a ler e a escrever. Espera-se que o educando já saiba questionar, opinar criticamente, comparar textos.

Continuando a entrevista foi perguntado: Na sua concepção quais os prejuízos para um graduando que não reserva tempo para a leitura? De que maneira isto reflete na sua formação intelectual? Justifique

A falta de leitura traz sérias consequências, tais como: falta visão de mundo, ausência vocabulário rebuscado, de criticidade, de opinar, ou seja, será um ser alienado conduzido pela opinião dos outros. Isto reflete em minha formação de forma negativa porque sem o hábito da leitura terá uma formação pobre, não sairá para o mercado de trabalho bem qualificado, apenas um profissional faz de conta sem qualificação. (Licenciando A)

Um graduando que não reserva tempo para ler [...] tem prejuízos em relação à compreensão de determinados temas, limitações nas ideias ao debater, dificuldade em escrever algo bem como ficará “para trás” como profissional em relação aos que leem mais. [...] (Licencianda B)

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É evidente que os graduandos entrevistados estão de acordo com os argumentos no que se refere à falta de tempo e as consequências da ausência da leitura, tanto o aluno A quanto a aluna B percebem na leitura uma das possibilidades para ascender no mercado de trabalho. Porém, não significa afirmamos que o não leitor não venha progredir no contexto social, de forma alguma, leitura é um dos meios de ascensão intelectual e desenvoltura profissional depende de empreendedorismo algo totalmente divergente que independe de leitura científica. Ex: um padeiro mesmo iletrado pode progredir no mercado de trabalho, enquanto que um professor caso não venha ser aprovado no concurso jamais ascenderá no mercado profissional.

Em contrapartida os licenciandos que não reservam tempo para leitura acadêmica terá alguns percalços no que diz respeito às produções acadêmicas solicitadas na universidade, terá alguns impasses na compreensão dos textos e na escrita, porque só escreve bem, quem ler é claro, como também só se tornar um excelente profissional caso venha assumir-se de fato um leitor proficiente, porque não há formação acadêmica alguma sem leitura. Isso porque,

A leitura é um processo altamente complexo. Implica a constante interação de processos perceptivos, cognitivos e linguísticos que, por sua vez, interagem com a experiência e os conhecimentos prévios do leitor, os objetivos da leitura e as características do texto. (TÉBAR, 1996 apud RIBEIRO, 2005, p.19)

Isto implica dizer que ler, todo mundo sabe, está longe de ser uma tarefa fácil. Porque qualquer leitura exige o domínio da língua e suas nuances, além de tempo, concentração, determinação e conhecimento sobre o tema. E ao mesmo tempo o leitor envolve-se com as ideias do autor ampliando e concatenando seus argumentos.

E como última pergunta aos licenciandos indagou-se: Em sua opinião o que poderia ser feito para amenizar a falta de leitura tão debatida no âmbito da formação docente?

[...] Aqui no CFP deveria promover mais palestras e debate voltado pra essa temática no auditório geral, criação de grupo de estudo sobre a importância da leitura na formação acadêmica e os seus benefícios, projetos, sarau de poesias, tipo o aluno apresentar algo de algum livro que esteja lendo ao público em geral. (Licenciando A) Trabalhar os textos mais voltados para a realidade dos discentes acadêmicos, mostrar a importância da leitura em sua formação enquanto profissional da educação, exigir mais fichamentos, resenhas, produção textual para que, os alunos venham de falto ler e assim amenizar a falta de leitura.

(Licencianda B)

Nas abordagens dos licenciandos no que diz respeito a apontar soluções de como amenizar a falta de leitura tão discutida no meio educacional, percebemos nas respostas que o

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aluno A apresenta argumentos direcionado pra uma prática pedagógica renovada em que professor e aluno são sujeitos do processo ensino aprendizagem já o aluno B aponta soluções voltadas para uma Pedagogia tradicional em que não há interação com o discente e os conteúdos são impostos. Neste caso tornar-se-á, o despertar pela leitura inviável de se conquistar. Até porque ninguém obriga a ninguém a ler, os sujeitos precisam se sentirem motivados a prática da leitura.

A universidade é o lugar por excelência do conhecimento científico deve promover leituras diversificadas, dinâmicas, que estejam de acordo com o contexto biopsicossocial dos discentes, nada de leituras sem significado para a vida social dos alunos. A leitura para envolver tem que estar contextualizada com a realidade de vida dos sujeitos até porque os estudantes universitários já trazem consigo leituras prévias. Como é bem explicado por Quintela (2012, p.117):

Ao ingressar no ensino superior, o aluno sente dificuldade de leitura e compreensão dos textos, que são considerados, pela maioria, como sendo de difícil compreensão, gerando desmotivação. Por trás desse dado, está o fato de não gostarem de ler e o cansaço é usado como um motivo para não realizarem a leitura.

Até porque um leitor não se faz por acaso, é ingênuo dizer que alguém se torna leitor do dia para noite, de forma alguma, haja vista, que a maioria das famílias não prioriza a cultura da leitura, então esse aluno já carrega consigo lacunas de falta de significado ao ato de ler.

Além dos graduandos de Pedagogia também participaram como sujeitos da pesquisa duas professoras universitárias do curso de Pedagogia do Centro de Formação de Professores (CFP). Isso porque um dos objetivos específicos desta investigação era conhecer a concepção dos professores universitários acerca da importância da leitura para a formação docente. Passamos então a analisar as respostas da entrevista com as referidas professoras

Inicialmente indagamos: O que você entende por leitura? E obtivemos as seguintes respostas:

Capacidade de enxergar o mundo, visto que, tudo que está ao nosso redor é leitura. É também uma forma de comunicação, [...] não é só decodificação, pois tem muita gente que decodifica, mas não compreende [...] é compreensão e interpretação e não apenas apropriação do código escrito, leitura também tem a ver com os sentidos e os significados que essas informações que seja, escrita ou visual é também leitura”. (Professora universitária A)

Leitura compreende um estágio que se inicia com decodificação e a associação deste signo linguístico a um conceito, a um significado. Quando lemos, associamos as sentenças aos significados construídos nas experiências adquiridas de acordo com as nossas vivências, com a nossa cultura [...]. (Professora universitária B)

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Mediante as respostas das professoras universitárias, vimos que, tanto a professora A quanto a professora B, concordam que leitura é muito mais que decodificar signos. Compreendemos então, que a leitura parte de tudo que nos cerca, das nossas experiências de vida, das observações feitas dos textos, ou seja, de tudo que nos envolve e possamos de alguma forma ressignificarmos.

É categórico na fala de Freire (1992, p.08) “A leitura do mundo precede sempre a leitura da palavra [...] e leitura desta implica a continuidade da leitura daquela”. Assim o ato de ler envolve o ser em todos os sentidos; de forma individual, integrada, na convivência com outras pessoas e com o mundo.

No tocante a questão quanto tempo você dedica a leitura? Na sua concepção enquanto professora do CFP que importância tem a leitura para sua formação contínua?

Eu nem sei precisamente quanto tempo, pois estou lendo diariamente seja os artigos e textos específicos, ou seja, outras fontes que me interessa, pois considero a leitura imprescindível para a formação do cidadão e em especial modo o educador que irá formar pessoas. (Professora universitária A)

[...] Gostaria de dedicar mais de uma a duas horas diárias para esta tarefa (entre leituras de textos impressos e em vídeo) A falta de tempo que sinto são para as leituras despreocupadas, aquelas que não se relacionam diferentemente com as aulas. Ela é fundamental para qualquer formação até porque não há formação sem leitura. (Professora universitária B)

Portanto, na opinião da professora A o tempo não está precisamente definido para a dedicação a leitura enquanto que a professora B deixou claro, que gostaria de dedicar mais tempo à leitura. Algo que considero importante em um professor em especial modo, o universitário, até porque todo conhecimento cientifico, sistemático é desenvolvido por intermédio da leitura, em relação à importância da leitura para a formação contínua vimos que as duas professoras são contundentes quando afirmam que a formação docente depende de leitura até porque,

[...] se o professor desenvolver o hábito de leitura estará em constante formação, mesmo que não participe de cursos, congressos ou outros eventos considerados de formação, podendo, assim tentar preencher as lacunas deixadas eventualmente por sua formação inicial ou se informando sobre novos estudos na sua área. (ARAÚJO; DUARTE; PINHEIRO, 2012, p.104)

Portanto, a leitura é um das formas que o professor, tanto em formação inicial ou continua poderá adquirir mais conhecimentos. Por outro lado, não queremos um professor que apenas

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“leia”, mas um professor que leia com competência e autonomia, capaz não apenas de incentivar seus educandos, mas de mostrar-lhes as sutilezas e entrelinhas dos textos, em especial dos textos escritos.

Em seguida, perguntamos Qual a sua percepção em relação à leitura para a formação dos licenciandos em Pedagogia?

Percebo enquanto professora do CFP que alguns discentes concebem a leitura como algo imposto, ou seja, obrigatória, decodificada, também não posso generalizar [...] por outro lado nem todos concebe a leitura da mesma forma, pois existe diversas formas de leituras, [..]de repente os alunos não leem os textos solicitados mas leem outras coisas isto também é leitura, porque no caso dos textos científicos na maioria das vezes não está associado a realidade dos discentes então ele concebe a leitura como mero cumprimento de uma atividade acadêmica com isto há uma enorme resistência de lerem. (Professora universitária A)

A leitura amplia a bagagem cientifica e cultural do indivíduo fazendo com que eles estejam mais preparados para lidar com as situações que os impõem desafios. [...] ampliamos a compreensão de conteúdo, maneiras de lidar, de avaliar a si e aos alunos, compreender o outro a partir da percepção de interação entre os personagens ou fatos trazidos pelas histórias reais ou fictícias entre outros benefícios. (Professora universitária B)

Neste sentido a professora A percebe que os discentes não têm a leitura como algo primordial em sua formação acadêmica, é vista como uma atividade imposta, sem prazer, descontextualizado de sua realidade e que alguns discentes leem porque são de fato, solicitados para isto e não porque são leitores ávidos.

Por outro lado à mesma contra-argumenta quanto diz que os educandos realizam outras leituras, concordo até porque tudo que nos remete a uma interpretação é leitura. Já a professora B percebe a leitura como mecanismo associado à realidade dos discentes sendo uma atividade indissociável, imprescindível ao saber erudito. As dificuldades dos alunos não leem não ocorre por acaso, acontece,

Devido à sua trajetória escolar ter sido marcada por uma formação baseada na memorização e na reprodução de conteúdo, ao adentrar na vida acadêmica, não está preparado para atender às expectativas, trazendo lacunas em seu aprendizado. A prática de leitura crítica requer o movimento dialético entre o fazer e o pensar, exercício do qual não foi habituado, tornando a formação superior dificultosa. (QUINTELA, 2012, p.118-119)

É notório que a ausência de leitura não acontece unicamente no âmbito do ensino superior, até porque toda formação docente é respaldada por leituras, não há dúvida de que a maioria dos

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universitários sentem algumas dificuldades em relação à leitura e além do mais em se tratando da escrita até porque escrever significa ler duas vezes.

Necessário é que haja uma política educacional atrelada com projetos voltados ao incentivo à leitura no ensino superior, caso contrário alguns discentes sairão dos muros da universidade, lugar por excelência do saber científico, sem ao menos saberem ler, interpretar um texto. É algo inadmissível para uma sociedade letrada, cada vez competitiva, e por outro lado, como ficará esse profissional considerado qualificado para o mercado de trabalho? Vai conseguir um contrato se não souber repassar os conhecimentos sistemáticos? O que será das novas gerações de profissionais da educação, caso não venha priorizar a leitura para a sua formação?

Dando continuidade a entrevista indagou-se: Na sua concepção quais os prejuízos para um docente que não reserva tempo para a leitura? De que maneira isto reflete na sua formação intelectual? Justifique.

Ele vai ser apenas conteudista, reprodutor de conhecimentos, com muitos prejuízos, muitos danos em sua formação, porque ele apenas reproduzirá os conteúdos e as ideias sem saber discuti-las e sem compromisso no que faz. (Professora universitária A) Um professor que não lê é como um atleta que não treina. Se considerarmos que, a cada leitura, novos conhecimentos passam a integrar o nosso patrimônio pessoal de informações, nos preparando para lidar com novos desafios. Vemos que, assim como os atletas, precisamos estar em constante renovação. [...]. A leitura, associada à discussão com os colegas nos permite aguçar o olhar para as dificuldades e superá-las com mais facilidade. (Professora universitária B)

Com base nestas justificativas, observamos que a professora A afirma que a falta de leitura comprometerá o desempenho da formação docente como também de fomentar novos saberes. Em contrapartida a professora B compara um professor com um atleta porque sabemos que o hábito de leitura depende da prática de ler, é lendo que nos apropriamos de novos conhecimentos. Sabemos que,

A leitura no processo de formação docente encontra-se num descompasso, pois muitos dos estudantes chegam ao curso de formação de docentes com grande precariedade leitora, que provoca um desconhecimento de alguns vocábulos encontrados em livros de Educação. (WINKELER, 2012, p.5)

Vejamos que afirmação preocupante para a sociedade atual, em que se coloca a formação docente ineficiente devido à ausência de leitura crítica. Enfim de quem será a culpa o não gosto

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pelo hábito de ler? Da escola? Da família? Da própria formação do professor? Em minha opinião a falta de leitura é uma problemática voltada para uma conjuntura em que não acontece de forma isolada, até porque se todos que criticam a inoperância da leitura mostrassem soluções a educação seria outra.

Questionadas sobre o que poderia ser feito para amenizar a falta de leitura tão debatida no âmbito da formação docente? As entrevistadas responderam

[...] Saber o que os alunos leem para assim inserir os temas nas aulas, não condenar as leituras que os alunos fazem ou já tem pois ninguém é uma tábua rasa até porque se não contextualizarmos a leitura não irá fluir, pode até acontecer com alguns leem com medo de ficarem reprovados porque assim já o estão acostumados e não reconhece a importância da leitura para a sua formação. (Professora universitária A) Inicialmente, eventos que incentivem a leitura, atividades que não só necessitem da leitura como a ressignificação do conteúdo livre através da arte, introdução de situações - problema real eu sejam resolvidos na literatura etc. (Professora universitária B)

A professora A aponta que é preciso conhecer as preferências de leituras dos educandos para que a partir dessas leituras possa inserir novas leituras, acreditando e motivando a capacidade leitora dos discentes porque cada um tem um conhecimento diferenciado. Já a professora B acredita que para amenizar a falta de leitura é preciso motivar os discentes por meio da literatura contextualizando relacionando seus conhecimentos prévios com os textos acadêmicos. Visto que,

A crise da leitura no curso de formação docente é igualmente preocupante, pois se acredita que os professorandos futuramente, exercerão a função de disseminadores da prática leitora e que desenvolverá nos alunos o interesse pela leitura. (SANTOS; WINKELER, 2012, p.5)

Concordo com a concepção da autora, ao ressaltar que o professor tem que ser, antes de tudo, um leitor. Um professor que não ler, jamais formará sujeitos autônomos. Ele precisa ler muito, gostar de ler e criar situações para fazer com que os discentes leiam.

Por fim, esta pesquisa buscou investigar a concepção dos professores dos anos iniciais do ensino fundamental acerca da importância da leitura para o processo de formação continuada. Passamos a analisar as respostas dos professores da educação básica.

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Perguntamos inicialmente as professoras dos anos iniciais: O que você entende por leitura? Justifique

Leitura é um processo de apreensão, compreensão de algum tipo de informação. É a forma de interpretar um conjunto de informações ou determinado acontecimento é uma interpretação pessoal. (Professora dos anos iniciais A)

Leitura é quando compreendemos e interpretamos um universo de um texto com todas as suas significações. Em outras palavras, a leitura é o ato de se envolver, de sensibilizar, de criar, de conhecer e de atualizar. (Professora dos anos iniciais B)

Tanto a professora A quanto a professora B compartilham das mesmas ideias, quando dizem que leitura é interpretação, dessa forma um leitor critico é aquele que se coloca como co-enunciador, ou seja, dialoga com o autor, reformulando novas ideias. Por que a leitura é em si um mecanismo de interação entre autor e leitor.

"[...] pode-se deduzir que a aprendizagem da leitura não termina quando o aluno já decodifica os sinais/signos da língua.” [...] (DIAS, 2001, p.47). Faz-se necessário entender que trata-se de um processo mais amplo. A formação do leitor crítico é resultante de um processo de interação constante entre o leitor, o texto e o contexto, ou seja, um leitor critico não é apenas um decifrador de sinais ou porque domina bem seu dialeto, é aquele que ler nas entrelinhas de um texto com uma compreensão ampla.

Posteriormente perguntamos: Quais as contribuições da leitura para a sua formação continuada?

A leitura é imprescindível para qualquer formação, pois é através da leitura adquirimos os conhecimentos necessários a nossa prática, desenvolvemos o raciocínio crítico e a capacidade de interpretação (Professora dos anos iniciais A)

A leitura contribui em todos os aspectos tanto no enriquecimento da linguagem, quanto no aprimoramento das aulas, pois é por meio dela que apreendemos novos conhecimentos para a nossa prática docente. (Professora dos anos iniciais B)

As duas professoras entrevistadas consideram a leitura importante para a formação contínua do docente, já que se trata de um formador de opiniões, como também a leitura possibilitará ao professor a inovação da elaboração de seu plano de aula, de novas estratégias de ensino e esses saberes são postos por meio da formação contínua como adverte (NÓVOA, 2002, p.38) "A formação contínua deve estimular uma perspectiva crítico-reflexiva, que forneça aos professores os meios de um pensamento autônomo e que facilite as dinâmicas de autoformação participada."

Referências

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