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Estimação de pressão de fundo de poço utilizando SVR e UKF

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO DE AUTOMAC¸ ˜AO E SISTEMAS

D´ecio Haramura Junior

ESTIMAC¸ ˜AO DE PRESS ˜AO DE FUNDO DE POC¸ O UTILIZANDO SVR E UKF

Florian´opolis 2018

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D´ecio Haramura Junior

ESTIMAC¸ ˜AO DE PRESS ˜AO DE FUNDO DE POC¸ O UTILIZANDO SVR E UKF

Disserta¸c˜ao submetida ao Programa de P´os-Gradua¸c˜ao em Engenharia de Automa¸c˜ao e Sistemas para a obten¸c˜ao do Grau de Mestre em Engenharia de Automa¸c˜ao e Sistemas.

Orientador: Prof. Dr. Ubirajara Franco Moreno

Florian´opolis 2018

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Ficha de identificação da obra elaborada pelo autor,

através do Programa de Geração Automática da Biblioteca Universitária da UFSC.

Haramura Junior, Décio

Estimação de pressão de fundo de poço utilizando SVR e UKF / Décio Haramura Junior ; orientador, Ubirajara Franco Moreno, 2018.

118 p.

Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro Tecnológico, Programa de Pós Graduação em Engenharia de Automação e Sistemas, Florianópolis, 2018.

Inclui referências.

1. Engenharia de Automação e Sistemas. 2. Support Vector Regression. 3. Unscented Kalman Filter. 4. Permanent Downhole Gauge. 5. Estimação. I. Moreno, Ubirajara Franco. II. Universidade Federal de Santa Catarina. Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Automação e Sistemas. III. Título.

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Este trabalho ´e dedicado aos meus queri-dos pais por sempre terem me apoiado.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente, gostaria de agradecer aos meus pais, pois tudo que sou hoje eu devo `a forma¸c˜ao que eles me deram.

Ao meu orientador Prof. Dr. Ubirajara Franco Moreno por ter acreditado no meu trabalho, mesmo com as adversidades da distˆancia.

`

A minha namorada, que me apoiou desde o come¸co at´e aqui. Aos meus amigos que me acompanharam no come¸co dessa jornada e que muito contribu´ıram para os ´otimos anos de estudo: Carlos Al-berto Ara´ujo Lopes J´unior, Gean Jacques Maia de Sousa, ´Icaro Sales Rezende, Levy Ferreira Costa, Lincoln Moura de Oliveira, Lu´ıs Paulo Carvalho dos Santos, Luiz Fernando Almeida Fontenele, Pedro Andr´e Martins Bezerra, Ronny Glauber de Almeida Cacau, Gustavo Artur de Andrade, Heron Eduardo de Lima ´Avila e Rˆomulo Lira Milhomem.

Por fim, agrade¸co ao pessoal do administrativo do PGEAS por estarem sempre sol´ıcitos e me ajudarem a resolver as pendˆencias, mesmo estando `a distˆancia, ao CENPES, pela disponibiliza¸c˜ao dos dados e `a gerˆencia em que eu trabalho, UO-BC/ENGP/AUT, que sempre fez o que pˆode para me ajudar a ter tempo de me dedicar `a esta disserta¸c˜ao.

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Information is the oil of the 21st century, and analytics is the combustion engine. (Peter Sondergaard, 2011)

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RESUMO

A proposta desta disserta¸c˜ao ´e a implementa¸c˜ao de soft sensors, base-ados em modelos emp´ıricos, para a estima¸c˜ao da press˜ao de fundo de po¸co de petr´oleo offshore utilizando Support Vector Regression, SVR, e Unscented Kalman Filter, UKF. A abordagem proposta baseia-se em modelos SVR constru´ıdos a partir do treinamento com dados hist´oricos de sensores de uma planta industrial real. Esses modelos s˜ao utilizados juntamente com filtros baseados no UKF em uma implementa¸c˜ao em malha fechada para corrigir a estima¸c˜ao com dados em tempo real. Os resultados indicam melhorias ao utilizar vari´aveis de fundo em rela¸c˜ao `

as de topo e ao utilizar malha fechada em rela¸c˜ao `a malha aberta, al´em de demonstrar a capacidade de generaliza¸c˜ao de treinamento em diferentes regimes de opera¸c˜ao do SVR.

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ABSTRACT

The purpose of this work is to use a data-driven soft sensor to estimate the bottomhole pressure of an offshore oil well using Support Vector Regression, SVR, and Unscented Kalman Filter, UKF. The approach proposed in this work uses SVR models based on historic data of a real industrial plant. These models are employed in an UKF filter to correct the estimations in real time. The experimental results indicate improvement at using seabed variables rather than platform variables and improvement when using a closed-loop Kalman Filter rather than an open-loop. In addition, it is observed that SVR have a good gene-ralization at training models in different operation points.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Localiza¸c˜ao dos campos petrol´ıferos que formam a Bacia de Campos e a Bacia de Santos. Fonte: Petrobras (2016a). . . 36 Figura 2 Po¸cos de produ¸c˜ao em um campo de petr´oleo. Fonte: Abreu, Aguirre e Barbosa (2013). . . 37 Figura 3 Tipos de plataformas em atividade atualmente pela Pe-trobras no Brasil. Fonte: PePe-trobras (2014). . . 37 Figura 4 Fluxograma simplificado de produ¸c˜ao de petr´oleo em uma plataforma offshore. Fonte: Elabora¸c˜ao pr´opria. . . 39 Figura 5 Esquem´atico de reservat´orio, po¸co e separador. Adap-tado de (SOUZA, 2009). . . 40 Figura 6 Curvas de IPR e VFP. Fonte: Adaptado de (RIZZO FI-LHO, 2011). . . 41 Figura 7 Curva IPR para po¸co n˜ao surgente com e sem gas lift. Fonte: Adaptado de Rizzo Filho (2011). . . 42 Figura 8 Esquema de um po¸co com inje¸c˜ao de gas lift. Fonte: Adaptado de Souza (2009). . . 43 Figura 9 Localiza¸c˜ao do PDG em um po¸co de petr´oleo offshore. Fonte: (PIRES, 2012). . . 44 Figura 10 Detalhe de um PDG real de um fabricante multinacional. Fonte: Manual do equipamento (2018). . . 45 Figura 11 Diagrama de blocos de estima¸c˜ao via SVR. Fonte: Ela-bora¸c˜ao pr´opria. . . 47 Figura 12 Diagrama de blocos de estima¸c˜ao via UKF com SVRs como modelos de processo e medi¸c˜ao. Fonte: Elabora¸c˜ao pr´opria. . 48 Figura 13 Gr´afico da fun¸c˜ao de perda, |ξ|ε. Fonte: Smola e Schol-kopf (2004). . . 50 Figura 14 Representa¸c˜ao de UKF por diagrama de blocos. Fonte: Elabora¸c˜ao pr´opria. . . 59 Figura 15 Diagrama de blocos do procedimento de identifica¸c˜ao de um soft sensor. Fonte: (FORTUNA et al., 2010). . . 62 Figura 16 Esquem´atico simplificado de um po¸co com inje¸c˜ao de gas lift. Fonte: Adaptado de Abreu, Aguirre e Barbosa (2013). . . 64 Figura 17 Diagrama de blocos para a cria¸c˜ao de um modelo SVR de malha aberta. Fonte: Elabora¸c˜ao pr´opria. . . 68

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Figura 18 Diagrama de blocos para cria¸c˜ao de modelo UKF de malha fechada. Fonte: Elabora¸c˜ao pr´opria. . . 70 Figura 19 Identifica¸c˜ao dos regimes de opera¸c˜ao de PT1. . . 73 Figura 20 Conjunto de dados de treinamento e valida¸c˜ao de PT1. 74 Figura 21 Estima¸c˜oes de PT1 em “Permanente2” para algoritmos treinados na regi˜ao P. . . 80 Figura 22 Estima¸c˜oes de PT1 em “Permanente2” para algoritmos treinados na regi˜ao T. . . 81 Figura 23 Estima¸c˜oes de PT1 em “Permanente2” para algoritmos treinados na regi˜ao TP. . . 82 Figura 24 Detalhe das estima¸c˜oes de PT1 em “Permanente2” para todos os algoritmos. . . 84 Figura 25 Estima¸c˜oes de PT1 em “Transit´orio2” para algoritmos treinados na regi˜ao P. . . 87 Figura 26 Estima¸c˜oes de PT1 em “Transit´orio2” para algoritmos treinados na regi˜ao T. . . 88 Figura 27 Estima¸c˜oes de PT1 em “Transitorio2” para algoritmos treinados na regi˜ao TP. . . 89 Figura 28 Detalhe das estima¸c˜oes de PT1 em “Transit´orio2” para todos os algoritmos. . . 91 Figura 29 Detalhe das estima¸c˜oes de PT1 em “Transit´orio2” para todos os algoritmos. . . 92 Figura 30 S´erie temporal da press˜ao de fundo de po¸co (PT1k). . . . 94 Figura 31 S´eries temporais da press˜ao do TPT (PT2k) e da tem-peratura a montante do choke de produ¸c˜ao (TT4k). . . 95 Figura 32 S´eries temporais das vari´aveis de comuns a Ftopoe Ffundo: FT8k, TT7k e PT7k. . . 96 Figura 33 Estima¸c˜oes de Ffundo, Ftopoe GUKF. . . 98 Figura 34 Estima¸c˜oes de Ffundo, Ftopoe GUKFdurante transit´orio.100 Figura 35 Conjunto de dados de treinamento e valida¸c˜ao de PT2 para se¸c˜ao 5.1. . . 111 Figura 36 Conjunto de dados de treinamento e valida¸c˜ao de PT3 para se¸c˜ao 5.1. . . 112 Figura 37 Conjunto de dados de treinamento e valida¸c˜ao de PT5 para se¸c˜ao 5.1. . . 113 Figura 38 Conjunto de dados de treinamento e valida¸c˜ao de PT7 para se¸c˜ao 5.1. . . 114

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Figura 39 Conjunto de dados de treinamento e valida¸c˜ao de FT8 para se¸c˜ao 5.1. . . 115 Figura 40 Conjunto de dados de treinamento e valida¸c˜ao de TT7 para se¸c˜ao 5.1. . . 116

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Parˆametros de SVR e UKF utilizados na se¸c˜ao 5.1. . . 75 Tabela 2 Erros de treinamento dos modelos utilizados na se¸c˜ao 5.1. . . 76 Tabela 3 MAPE das estima¸c˜oes para dados de “Permanente2”.. . 78 Tabela 4 MAPE das estima¸c˜oes para dados de “Transit´orio2”. . . 85 Tabela 5 Erros de treinamento dos estimadores SVR. . . 97 Tabela 6 Erros de valida¸c˜ao dos estimadores SVR. . . 97

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANM Arvore de Natal Molhada´

CENPES Centro de Pesquisa e Desenvolvimento Leopoldo Am´erico Miguez de Mello da Petrobras

EKF Extended Kalman Filter ESN Echo State Networks FIR Finite Impulse Response

FPSO Floating Production Storage and Offloading FT Flow Transmitter, referente `a norma ISA 5.1 IPR Inflow Performance Reservoir

Inf Infinito

MAPE Mean Absolute Percent Error MLP Multilayer Perceptron NaN Not a Number

NARX Nonlinear Autoregressive Exogenous PDG Permanent Downhole Gauge

PT Pressure Transmitter, referente `a norma ISA 5.1 RMSE Root Mean Square Error

SDV Shutdown Valve

SVM Support Vector Machine SVR Support Vector Regression TLWP Tension Leg Wellhead Platform

TPT Transmissores de Press˜ao e Temperatura

TT Temperature Transmitter, referente `a norma ISA 5.1 UKF Unscented Kalman Filter

VFP Vertical Flow Performance

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LISTA DE S´IMBOLOS

fu Fun¸ao n˜ao linear gen´erica para explica¸ao de transformada unscented

f Fun¸c˜ao n˜ao linear que representa o modelo do processo F Modelo SVR gen´erico para uso em malha aberta

Ffundo Modelo SVR para uso em malha aberta utilizando vari´aveis de fundo como entrada

Ftopo Modelo SVR para uso em malha aberta utilizando vari´aveis de topo como entrada

FT8 Sensor de vaz˜ao de inje¸c˜ao de gas lift

h Fun¸c˜ao n˜ao linear que representa o modelo de medi¸c˜oes L Dimens˜ao do vetor de estados x

k Unidade de tempo discreto

K Parˆametro de forma¸c˜ao de pontos sigma na transformada unscented

Nt Quantidade de amostras do conjunto de treinamento Nv Quantidade de amostras do conjunto de valida¸c˜ao Pres Press˜ao do reservat´orio

Psep Press˜ao no separador de produ¸c˜ao da plataforma Ptopo Press˜ao de topo do po¸co

Pwf Press˜ao de fundo de po¸co Pux Matriz de covariˆancia de xu Pk−1 Matriz de covariˆancia de xk−1

P−k Matriz de covariˆancia a priori do estado Pyy Matriz de covariˆancia de ˆy−k

Pxy Matriz de correla¸c˜ao cruzada de ˆx−k e ˆy − k Pk Matriz de covariˆancia a posteriori de xk

PT1 Sensor de press˜ao de fundo de po¸co medida pelo PDG PT2 Sensor de press˜ao da cabe¸ca do po¸co medida pelo TPT PT3 Sensor de press˜ao de ´oleo a montante da SDV

PT4 Sensor de press˜ao de ´oleo a montante da v´alvula choke PT5 Sensor de press˜ao de ´oleo a jusante da v´alvula choke PT6 Sensor de press˜ao de gas lift a jusante da SDV PT7 Sensor de press˜ao de gas lift a montante da SDV

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qm´ax Vaz˜ao m´axima de produ¸c˜ao te´orica de um po¸co qprod Vaz˜ao de produ¸c˜ao

Q Matriz de covariˆancia do ru´ıdo de processo R Matriz de covariˆancia do ru´ıdo de medi¸c˜ao

TT1 Sensor de temperatura de fundo de po¸co medida pelo PDG TT2 Sensor de temperatura da cabe¸ca do po¸co medida pelo TPT TT4 Sensor de temperatura de ´oleo a montante da v´alvula choke TT7 Sensor de temperatura de gas lift a montante da SDV ZT5 Sensor de posi¸c˜ao da v´alvula choke de ´oleo

ZT8 Sensor de posi¸c˜ao da v´alvula choke de gas lift ufk−1 Vetor de entrada do modelo f

uhk−1 Vetor de entrada do modelo h

ufundo Vetor de entrada do algoritmo SVR em malha aberta com vari´aveis de fundo

utopo Vetor de entrada do algoritmo SVR em malha aberta com vari´aveis de topo

Wi i-´esimo peso da transformada unscented

xu Vetor de vari´aveis aleat´orias gen´erico para explica¸ao de trans-formada unscented

xu edia do vetor xu

Xu Matriz de vetores sigma do vetor xu Xu

i i-´esimo vetor sigma da matriz de vetores sigma Xu xk Vetor de estados x no instante k

ˆ

xk Estimativa a posteriori de xk ˆ

x−k Estimativa a priori de xk

Xk−1 Matriz de vetores sigma de x no instante k − 1

Xk|k−1Predi¸c˜ao da matriz de vetores sigma no instante k dado co-nhecimento no instante k − 1

yu edia do vetor yu

Yu Matriz de vetores sigma ap´os Xupassar por uma fun¸ao n˜ao linear

Yu

i i-´esimo vetor sigma da matriz de vetores sigma Yu yk Vetor de vari´aveis medidas

ˆ

y−k Estimativa a priori do vetor de medi¸c˜ao baseado no estado estimado

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Yk Matriz de vetores sigma de medi¸c˜ao no instante k

Yk|k−1Predi¸c˜ao da matriz de vetores sigma de medi¸c˜ao Yk no ins-tante k dado conhecimento no insins-tante k − 1

αu Parˆametro de espalhamento de pontos sigma na transfor-mada unscented

β Parˆametro de inser¸c˜ao de conhecimento a priori da distri-bui¸c˜ao de xu

γ Parˆametro de ajuste de um SVR

θ Parˆametro de forma¸c˜ao de pontos sigma na transformada unscented

λ Parˆametro de forma¸c˜ao de pontos sigma na transformada uns-cented

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SUM ´ARIO

1 INTRODUC¸ ˜AO . . . 29 1.1 DEFINIC¸ ˜AO DO PROBLEMA E ABORDAGENS

EXIS-TENTES . . . 30 1.2 OBJETIVOS E CONTRIBUIC¸ ˜OES . . . 33 1.3 ESTRUTURA DA DISSERTAC¸ ˜AO . . . 34 2 PRODUC¸ ˜AO DE PETR ´OLEO E

MONITORA-MENTO DE POC¸ O . . . 35 2.1 PRODUC¸ ˜AO DE PETR ´OLEO OFFSHORE . . . 35 2.2 M ´ETODO DE ELEVAC¸ ˜AO ARTIFICIAL DE INJEC¸ ˜AO

DE GAS LIFT CONT´INUO . . . 40 2.3 PDG (PERMANENT DOWNHOLE GAUGE ) . . . 43 3 FUNDAMENTAC¸ ˜AO TE ´ORICA DE

ESTIMA-DORES . . . 47 3.1 SUPPORT VECTOR REGRESSION (SVR) . . . 48 3.2 FILTRO DE KALMAN PARA ESTIMAC¸ ˜AO . . . 52 3.2.1 Filtro de Kalman cl´assico . . . 52 3.2.2 Unscented Kalman Filter (UKF) . . . 54 3.2.2.1 Transformada unscented . . . 54 3.2.2.2 Equacionamento do UKF . . . 56

4 PROPOSTA DE ESTIMADORES DE PRESS ˜AO

DE FUNDO DE POC¸ O . . . 61 4.1 PROPOSTA CONCEITUAL DE ESTIMADOR . . . 61 4.2 PROPOSTA APLICADA DE ESTIMADORES . . . 63 4.2.1 Monitoramento de po¸co . . . 63 4.2.2 Aplica¸c˜ao da proposta conceitual . . . 65

5 AN ´ALISE DOS RESULTADOS DOS

ESTIMA-DORES PROPOSTOS . . . 71 5.1 AN ´ALISE DE ESTIMAC¸ ˜OES DE PT1 EM REGIMES

PERMANENTES E TRANSIT ´ORIOS . . . 72 5.1.1 Regime permanente . . . 76 5.1.2 Regime transit´orio . . . 85 5.1.3 Considera¸c˜oes finais da se¸c˜ao . . . 93 5.2 COMPARAC¸ ˜AO DOS MODELOS PROPOSTOS COM

A LITERATURA . . . 94 6 CONCLUS ˜OES . . . 101 REFER ˆENCIAS . . . 103

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1 INTRODUC¸ ˜AO

Em plataformas de extra¸c˜ao de petr´oleo offshore ´e necess´ario uti-lizar m´etodos de eleva¸c˜ao artificial para viabilizar a produ¸c˜ao em po¸cos n˜ao surgentes. De acordo com Rizzo Filho (2011), um dos m´etodos mais comuns ´e o gas lift cont´ınuo. Esse m´etodo consiste em injetar g´as no po¸co para diminuir a densidade do fluido e, consequentemente, reduzir as perdas de press˜ao e aumentar a diferen¸ca de press˜ao entre o fundo do po¸co e a plataforma, possibilitando a eleva¸c˜ao do petr´oleo at´e a plataforma.

A tubula¸c˜ao que leva o petr´oleo do po¸co at´e o vaso separador da plataforma ´e monitorada por sensores, um desses sensores ´e o PDG (do inglˆes, Permanent Downhole Gauge), que est´a localizado no fundo do po¸co medindo press˜ao e temperatura. O PDG possui um papel muito importante para a otimiza¸c˜ao da produ¸c˜ao de petr´oleo utilizando gas lift, pois o conhecimento da press˜ao de fundo de po¸co permite o c´alculo da vaz˜ao de produ¸c˜ao, estudo do desempenho do po¸co e a otimiza¸c˜ao da produ¸c˜ao (ECK, 1999). Por se localizar no fundo do po¸co, este equipamento fica exposto a altas press˜oes e temperaturas e n˜ao ´e rara a ocorrˆencia de falhas. Em caso de falhas do PDG, sua substitui¸c˜ao pode n˜ao ser vi´avel, dado o elevado custo operacional da troca, bem como o risco mecˆanico envolvido nesta opera¸c˜ao (ECK, 1999).

Portanto, diante da possibilidade de falha do PDG e da dificul-dade de sua manuten¸c˜ao e substitui¸c˜ao, o desenvolvimento de estima-dores de press˜ao de fundo do po¸co aumenta a tolerˆancia a falhas das opera¸c˜oes de gas lift. Al´em disso, para a ind´ustria de ´oleo e g´as, qual-quer estima¸c˜ao da press˜ao do PDG permite uma melhor tomada de decis˜ao por parte da equipe de engenheiros e ge´ologos.

Estimadores em tempo real s˜ao chamados na literatura de soft sensors, sensores virtuais ou modelos inferenciais. De acordo com For-tuna et al. (2010), soft sensor ´e um modelo computacional para inferir medi¸c˜oes de uma dada vari´avel de processo a partir de medi¸c˜oes de outras vari´aveis. Algumas raz˜oes poss´ıveis para a utiliza¸c˜ao de soft sensors na ind´ustria s˜ao:

• Alternativa mais econˆomica, se comparada `a aquisi¸c˜ao de sensores f´ısicos;

• Possibilidade de trabalhar em paralelo com sensores f´ısicos detec-tando falhas de calibra¸c˜ao;

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gico program´aveis;

• Medi¸c˜ao em tempo real em casos de atrasos em sensores f´ısicos. Os soft sensors podem ser classificados como model-driven, quan-do utilizam um modelo fenomenol´ogico, ou como data-driven, quando utilizam dados hist´oricos para cria¸c˜ao do modelo computacional.

A abordagem via model-driven tem suas limita¸c˜oes, pois, dentro de um processo complexo, como a produ¸c˜ao de petr´oleo, o tempo para tornar um modelo fact´ıvel pode n˜ao ser satisfat´orio. J´a a abordagem via data-driven, tende a ser concretizada em um tempo menor.

Esta disserta¸c˜ao tem como foco desenvolver um soft sensor tipo data-driven para estimar em tempo real a medi¸c˜ao de press˜ao do PDG de um po¸co de petr´oleo. Como as t´ecnicas utilizadas neste trabalho tˆem como base o hist´orico de dados, elas tˆem o potencial de serem aplicadas em diferentes contextos.

1.1 DEFINIC¸ ˜AO DO PROBLEMA E ABORDAGENS EXISTENTES

Antes da populariza¸c˜ao do PDG, o ´unico modo para se construir o modelo de um po¸co de petr´oleo em funcionamento era realizando um teste de produ¸c˜ao. Para fazer esse teste, ´e preciso colocar o po¸co em diversos pontos de opera¸c˜ao e gerar transientes nas vari´aveis de interesse, onerando a produ¸c˜ao de petr´oleo durante o per´ıodo do teste. Com o advento do PDG, tornou-se poss´ıvel a monitora¸c˜ao em tempo real da press˜ao e temperatura do fundo do po¸co de petr´oleo. O primeiro PDG foi instalado em 1963 (NESTLERODE, 1963), por´em so-mente no final da d´ecada de 80 o PDG se tornou popular na ind´ustria do petr´oleo e no come¸co da d´ecada de 90 surgiram as primeiras ex-periˆencias com a an´alise dos dados dos PDGs. A utiliza¸c˜ao do PDG n˜ao elimina o teste de produ¸c˜ao, ele complementa as informa¸c˜oes mo-nitoradas durante o teste.

Atualmente, ´e necess´aria uma monitora¸c˜ao com grande acur´acia para o gerenciamento com sucesso da produ¸c˜ao de um reservat´orio. Isso se tornou necess´ario, porque os novos reservat´orios de petr´oleo est˜ao localizados em ambientes offshore mais hostis e com maiores desafios t´ecnicos a serem superados.

O conhecimento da press˜ao de fundo de po¸co ´e muito importante para a extra¸c˜ao de petr´oleo. Com essa informa¸c˜ao, ´e poss´ıvel avaliar o reservat´orio no qual o po¸co est´a inserido, identificar poss´ıveis problemas no po¸co e otimizar a produ¸c˜ao de petr´oleo por meio da inje¸c˜ao de gas

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lift.

O PDG tem uma vida ´util curta se comparada `a vida ´util de um po¸co que pode chegar a 20 anos. Em estudos realizados por Frota e Destro (2006), a gera¸c˜ao mais recente de PDGs tem uma confiabilidade de 68,11% em um intervalo de cinco anos e, como citado anteriormente, ap´os a falha, a substitui¸c˜ao do PDG ´e muitas vezes invi´avel. Logo, em caso de falha do PDG, alternativas sub-´otimas s˜ao utilizadas para inferir as caracter´ısticas do po¸co.

A ind´ustria petrol´ıfera vem tentando contornar essa situa¸c˜ao, com base em estudos de confiabilidade. Gisbergen e Vandeweijer (2001) e Frota e Destro (2006) levantaram as principais causas das falhas do PDG. Zheng, Garcia e Balasubramanian (2017) focaram tornar o sen-sor mais resistente a altas temperaturas, enquanto Enyekwe e Ajienka (2014) criaram um fluxograma para orientar qual tipo de PDG deve ser escolhido para cada tipo de po¸co.

Al´em de abordagens para evitar e entender as falhas do PDG, a literatura tamb´em desenvolve ferramentas para antecipar as falhas do PDG e estimar a press˜ao de fundo de po¸co a partir dos dados hist´oricos da planta. Na disserta¸c˜ao de Boechat (2012), o autor foca em detectar quando o PDG entra em falha por drifting, enquanto Aguirre et al. (2017) e Antonelo, Camponogara e Foss (2017) realizam a estima¸c˜ao da press˜ao de fundo de po¸co.

A estima¸c˜ao da press˜ao de fundo de po¸co a partir de medi¸c˜oes feitas na superf´ıcie pode ser necess´aria, principalmente, ap´os a falha do PDG. Na literatura notam-se duas maneiras de tratar o problema: por abordagem fenomenol´ogica e por modelo baseado em dados hist´oricos. Em Carbone (2007), o autor utiliza diversos modelos fenome-nol´ogicos para aplicar corre¸c˜oes nas medi¸c˜oes. Foi desenvolvido na pr´atica um sistema que ajuda a otimizar a inje¸c˜ao de gas lift nos po¸cos de uma plataforma de petr´oleo da Petrobras.

Na abordagem por meio de modelos baseado em dados hist´oricos, Abreu, Aguirre e Barbosa (2013) fazem duas abordagens. A primeira utiliza uma identifica¸c˜ao caixa cinza e adota a curva est´atica do sis-tema como informa¸c˜ao auxiliar do treinamento de uma rede neural e a segunda abordagem utiliza um combinador de modelos do tipo “m´edia ponderada” baseado na medi¸c˜ao de diversidade. Essas solu¸c˜oes s˜ao capazes de reduzir o valor e a variˆancia do erro de estima¸c˜ao. Outra abordagem da literatura ´e a utiliza¸c˜ao de M´aquinas de Comitˆes com redes neurais FIR (do inglˆes, Finite Impulse Response) como realizado por Barbosa et al. (2015).

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um algoritmo NARX (do inglˆes, Nonlinear Autoregressive Exogenous) caixa cinza que se adapta `as medi¸c˜oes em tempo real, um MLP (do inglˆes, Multilayer Perceptron) NARX que utiliza UKF (do inglˆes, Uns-cented Kalman Filter ) e um banco de filtros para reunir as informa¸c˜oes de cada estimador. J´a no trabalho de Ribeiro e Aguirre (2015), essa t´ecnica ´e aprofundada utilizando modelos lineares e n˜ao lineares, al´em de comparar os resultados caso n˜ao tenham sido utilizadas vari´aveis de fundo de po¸co. A conclus˜ao dos trabalhos demonstra que o banco tem um desempenho global superior aos algoritmos separadamente. A continua¸c˜ao desses trabalho pode ser lida no trabalho de Aguirre et al. (2017), onde os autores apresentam um sistema completo para a cria¸c˜ao de modelos e estima¸c˜oes das press˜oes de fundo de po¸co. ´E importante notar que os modelos apresentados s˜ao utilizados na pr´atica pela Pe-trobras para avalia¸c˜ao de desempenho dos seus po¸cos e reservat´orios de petr´oleo.

Ainda para o problema de estima¸c˜ao da press˜ao do PDG, Anto-nelo e Camponogara (2015) e AntoAnto-nelo, Camponogara e Foss (2017), utilizam um tipo de rede neural chamada ESN (do inglˆes, Echo State Networks) e os resultados s˜ao promissores. Esse trabalho detalha de maneira mais clara como s˜ao utilizados os dados do po¸co offshore real da Petrobras.

Nesta disserta¸c˜ao, buscou-se outras ferramentas que ainda n˜ao tivessem sido exploradas na ind´ustria de ´oleo e g´as para a estima¸c˜ao da press˜ao de fundo de po¸co. O algoritmo SVR (do inglˆes, Support Vector Regression) ´e um algoritmo de aprendizado de m´aquina, que cria um modelo baseado em uma fun¸c˜ao kernel n˜ao linear e vetores suporte escolhidos a partir de uma base de dados de treinamento.

Essa abordagem vem sendo utilizada com sucesso na ind´ustria, como pode ser visto nos trabalhos de Chitralekha e Shah (2010) e Xu e Wang (2012). O SVR tamb´em j´a foi utilizado com sistemas n˜ao line-ares (MA; THEILER; PERKINS, 2003), na ind´ustria qu´ımica (BALABIN; LOMAKINA, 2011) e com estima¸c˜oes on-line (MA; THEILER; PERKINS, 2003).

O artigo de Balabin e Lomakina (2011) faz a compara¸c˜ao en-tre Support Vector Regression/Least-Squares Support Vector Machine (SVR/LS-SVM) com Artificial Neural Networks no cen´ario de clas-sifica¸c˜ao de caracter´ısticas de produtos qu´ımicos industriais. A con-clus˜ao do trabalho demonstra que esse algoritmo ´e recomendado para aplica¸c˜oes industriais complicadas e altamente n˜ao lineares em raz˜ao da robustez do algoritmo.

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uma tarefa simples, Cherkassky e Ma (2004) e Jeng e Chuang (2002) dissertam sobre como melhor parametrizar uma SVR. Cherkassky e Ma (2004) prop˜oem uma metodologia para escolher o parˆametro C e outra para o parˆametro ε. Os autores utilizam os dados de treinamento do modelo para a parametriza¸c˜ao e concluem que o parˆametro mais importante ´e o ε. J´a Jeng e Chuang (2002) buscam melhor parametrizar ε e o kernel n˜ao linear utilizado pelo SVR. Ap´os realizar simula¸c˜oes, os autores chegam a conclus˜ao de que o m´etodo proposto ´e estruturado eficientemente e chegam pr´oximos ao hiperplano ´otimo de parˆametros. Diante desta gama de aplica¸c˜oes e estudos de SVR para o pro-blema de regress˜ao, esse algoritmo ´e utilizado nesta disserta¸c˜ao para realizar a estima¸c˜ao da press˜ao de fundo de po¸co na ind´ustria de ´oleo e g´as.

Neste trabalho, ´e proposta a utiliza¸c˜ao conjunta de um algoritmo SVR com filtros baseados em UKF (Unscented Kalman Filter ). O UKF ´

e um filtro de Kalman n˜ao linear e tem a fun¸c˜ao de utilizar as medi¸c˜oes atuais de uma vari´avel observada para corrigir a estima¸c˜ao da vari´avel proposta. O UKF foi escolhido devido `a sua utiliza¸c˜ao em sistemas n˜ao lineares, uma vez que a planta estudada nesta disserta¸c˜ao ´e um po¸co de petr´oleo offshore que tem caracter´ısticas altamente n˜ao lineares.

O UKF, conforme proposto por Julier e Uhlmann (1999), ´e uma expans˜ao do filtro de Kalman para sistemas n˜ao lineares, por´em com abordagem diferente em rela¸c˜ao ao EKF (do inglˆes, Extended Kalman Filter ). O EKF se baseia na lineariza¸c˜ao do sistema n˜ao linear em torno de um ponto de opera¸c˜ao, enquanto o UKF utiliza a transformada unscented para inferir a m´edia e a covariˆancia das sa´ıdas do sistema. A m´edia e a covariˆancia s˜ao utilizadas para calcular o ganho do filtro de Kalman.

1.2 OBJETIVOS E CONTRIBUIC¸ ˜OES

O principal objetivo desta disserta¸c˜ao ´e desenvolver um soft sen-sor baseado em hist´orico de dados para realizar a estima¸c˜ao da press˜ao de fundo de po¸co de petr´oleo. Para se atingir o objetivo principal pro-posto, dividiu-se o trabalho em etapas intermedi´arias:

• Estudar o processo de extra¸c˜ao de petr´oleo via gas lift e processar os dados hist´oricos, que foram obtidos em colabora¸c˜ao com a Petrobras;

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• Identificar quais algoritmos propostos s˜ao mais adequados a quais situa¸c˜oes e pontos de opera¸c˜ao do po¸co de petr´oleo.

Como principais contribui¸c˜oes deste trabalho, podem-se desta-car:

• Aplica¸c˜ao de t´ecnicas de modelagem emp´ırica baseada em hist´ ori-co de dados a um sistema de produ¸c˜ao de petr´oleo offshore; • An´alise de desempenho dos modelos quanto `a utiliza¸c˜ao de

medi-¸

c˜oes de fundo e de topo, `a aplica¸c˜ao em regimes de opera¸c˜ao permanente e transit´orio e `a utiliza¸c˜ao ou n˜ao de malha fechada; • Apresenta¸c˜ao de um novo soft sensor alinhado `a literatura atual,

considerando o trabalho de Aguirre et al. (2017).

1.3 ESTRUTURA DA DISSERTAC¸ ˜AO

No cap´ıtulo 2, detalha-se a produ¸c˜ao de petr´oleo por gas lift e o cen´ario no qual o soft sensor est´a inserido. No cap´ıtulo 3, exp˜oe-se a formula¸c˜ao matem´atica dos algoritmos SVR e UKF utilizados para realizar a estima¸c˜ao. No cap´ıtulo 4, explana-se a metodologia de cria¸c˜ao dos algoritmos e a estrutura dos modelos utilizados. No cap´ıtulo 5, s˜ao analisados os resultados e comparados os desempenho dos algoritmos propostos. Por fim, no cap´ıtulo 6, s˜ao apresentadas as conclus˜oes dos ensaios realizados e as perspectivas de trabalho futuro.

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2 PRODUC¸ ˜AO DE PETR ´OLEO E MONITORAMENTO DE POC¸ O

Apesar de ser utilizado no Oriente desde a antiguidade, o petr´ o-leo come¸cou a ser popularizado e produzido em larga escala ap´os a Segunda Revolu¸c˜ao Industrial, em meados do s´eculo XIX. O petr´oleo era utilizado, principalmente, como fonte de energia, em substitui¸c˜ao ao carv˜ao mineral, mas, com o passar do tempo, foram se desenvol-vendo tecnologias de refino na ind´ustria petroqu´ımica, aumentando a quantidade de produtos derivados do mesmo. Thomas et al. (2001) citam como produtos derivados importantes do petr´oleo para o mundo moderno: gasolina, diesel, querosene de avia¸c˜ao, pl´asticos, borrachas sint´eticas, tintas, corantes, adesivos, solventes, detergentes, explosivos, produtos farmacˆeuticos, cosm´eticos, etc. Com essa grande gama de pro-dutos derivados, principalmente por conta do potencial combust´ıvel, o petr´oleo se tornou um fator importante na geopol´ıtica mundial. Logo, otimizar a produ¸c˜ao de petr´oleo gera muito lucro.

Para otimizar qualquer processo industrial, ´e de se esperar que se conhe¸ca o processo e que haja monitora¸c˜ao das vari´aveis de interesse. Por isso, este cap´ıtulo est´a organizado da seguinte maneira: a se¸c˜ao 2.1 descreve a produ¸c˜ao de petr´oleo no ambiente offshore, a se¸c˜ao 2.2 detalha o m´etodo de eleva¸c˜ao artificial no qual o problema desta dis-serta¸c˜ao est´a inserido e a se¸c˜ao 2.3 descreve o sensor mais importante neste processo que ´e o PDG (do inglˆes, Permanent Downhole Gauge).

2.1 PRODUC¸ ˜AO DE PETR ´OLEO OFFSHORE

O petr´oleo ´e formado a partir do dep´osito de mat´eria orgˆanica, tipicamente micro-organismos e algas que formam o fitoplˆancton, junto com sedimentos e em condi¸c˜oes termoqu´ımicas favor´aveis (THOMAS et al., 2001). Al´em disso, ´e necess´ario que as forma¸c˜oes geol´ogicas permi-tam a migra¸c˜ao e a acumula¸c˜ao do petr´oleo gerado. Essas condi¸c˜oes geol´ogicas s˜ao peculiares e, portanto, raras de se encontrar.

O petr´oleo se acumula em reservat´orios que comp˜oem um campo de petr´oleo e o conjunto de v´arios campos de petr´oleo forma uma bacia petrol´ıfera. No Brasil, existem bacias petrol´ıferas localizadas em terra e no mar, respectivamente chamadas de onshore e offshore. As bacias mais importantes do Brasil s˜ao offshore: a Bacia de Campos e a Bacia de Santos, conforme a figura 1. Os campos s˜ao leiloados pelo governo

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federal para a explora¸c˜ao das empresas petroleiras, com a contrapartida de pagamento de royalties para faturamento governamental.

Figura 1 – Localiza¸c˜ao dos campos petrol´ıferos que formam a Bacia de Campos e a Bacia de Santos. Fonte: Petrobras (2016a).

Ap´os obter a permiss˜ao para explorar um campo de petr´oleo, a empresa realiza a perfura¸c˜ao de po¸cos para ter acesso ao ´oleo locali-zado no reservat´orio. Existem diversos estudos para melhor localizar os po¸cos e maximizar a produ¸c˜ao. Em seguida, os po¸cos s˜ao conecta-dos `as plataformas de produ¸c˜ao por tubula¸c˜oes conhecidas na ind´ustria petrol´ıfera como risers. O petr´oleo ´e elevado desde a cabe¸ca do po¸co no leito submarino at´e a planta de processo na plataforma. A figura 2 ilustra uma plataforma extraindo petr´oleo de diversos po¸cos em duas forma¸c˜oes geol´ogicas distintas.

Existem diversos tipos de plataformas de petr´oleo, como mos-trado na figura 3. Os tipos de plataforma variam de acordo com a aplica¸c˜ao, ancoragem, limite suport´avel de lˆamina d’´agua (distˆancia entre a superf´ıcie e o fundo do mar), possibilidade de armazenamento de petr´oleo e tipo de completa¸c˜ao necess´aria aos po¸cos.

• Fixa: plataforma de produ¸c˜ao e/ou perfura¸c˜ao com estrutura r´ıgida fixada no fundo do mar. N˜ao tem capacidade de arma-zenamento e a lˆamina d’´agua m´axima permitida ´e de at´e 300 metros;

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Figura 2 – Po¸cos de produ¸c˜ao em um campo de petr´oleo. Fonte: Abreu, Aguirre e Barbosa (2013).

Figura 3 – Tipos de plataformas em atividade atualmente pela Petro-bras no Brasil. Fonte: PetroPetro-bras (2014).

• Autoelev´avel: plataforma de perfura¸c˜ao que se fixa no fundo do mar a partir das pernas autoelev´aveis. Lˆamina d’´agua m´axima de 150 metros;

• Semissubmers´ıvel: Plataforma de produ¸c˜ao e/ou perfura¸c˜ao flu-tuante e ancorada no solo marinho ou com posicionamento dinˆ a-mico. N˜ao possui capacidade de armazenamento e pode se loca-lizar a uma lˆamina d’´agua de at´e 2.000 metros;

• FPSO (do inglˆes, Floating Production Storage and Offloading): unidade flutuante de produ¸c˜ao, armazenamento e transferˆencia, em tradu¸c˜ao direta. Plataforma flutuante constru´ıda a partir de

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navios petroleiros e ancorados no solo marinho, como as platafor-mas semissubmersiveis. Possui capacidade de armazenamento e pode se localizar a uma lˆamina d’´agua de mais de 2.000 metros; • FPSO Monocoluna: plataforma similar ao FPSO, por´em essa

pos-sui um casco cil´ındrico. Lˆamina d’´agua suport´avel ´e maior do que 2.000 metros, se necess´ario;

• TLWP (do inglˆes, Tension Leg Wellhead Platform): plataforma flutuante similar a semissubmers´ıvel, por´em ´e ancorada no fundo do mar por pernas tensionadas r´ıgidas. Lˆamina d’´agua de at´e 1.500 metros;

• Navio-Sonda: plataforma flutuante com casco em forma de navio exclusiva para perfura¸c˜ao. Pode ser ancorada ou ter posiciona-mento dinˆamico e a m´axima lˆamina d’´agua permitida ´e 2.000 metros.

A seguir, informa-se de maneira simplificada as etapas de cons-tru¸c˜ao de um po¸co de petr´oleo at´e a efetiva produ¸c˜ao do mesmo, se-gundo Thomas et al. (2001).

Primeiramente, deve-se perfurar o po¸co levando-se em consi-dera¸c˜ao as caracter´ısticas geol´ogicas do lugar. A perfura¸c˜ao deve en-frentar tipos de rochas diferentes, lama, press˜oes e temperaturas ele-vadas e inst´aveis. Al´em disso, na etapa de perfura¸c˜ao deve-se revestir, cimentar e avaliar o po¸co.

A etapa seguinte ´e a completa¸c˜ao do po¸co, que deve deixar o po¸co em condi¸c˜oes de operar de forma segura e econˆomica durante toda a sua vida produtiva. Na etapa de completa¸c˜ao deve-se instalar equipamentos de produ¸c˜ao, como a ´arvore de natal, condicionar o po¸co, realizar o canhoneio e instalar a coluna de produ¸c˜ao.

As etapas de perfura¸c˜ao e completa¸c˜ao s˜ao realizas por em-barca¸c˜oes conhecidas como sondas, inclusive a pr´opria plataforma de produ¸c˜ao de petr´oleo pode ser uma sonda. O tempo de constru¸c˜ao de um po¸co da Petrobras ´e atualmente 89 dias (PETROBRAS, 2016b).

Depois de realizadas todas as opera¸c˜oes de perfura¸c˜ao e com-pleta¸c˜ao, ´e necess´ario colocar o po¸co em opera¸c˜ao. O fluxo b´asico de produ¸c˜ao de petr´oleo est´a na figura 4. As plataformas extraem o petr´oleo, que chega pelos risers, realizam um pr´e-processamento do fluido para retirar ´agua e g´as e exportam o ´oleo para fora da plataforma, seja para outra plataforma armazenar ou para um navio aliviador le-var para terra. Em terra, esse ´oleo ´e transportado para as refinarias extra´ırem os subprodutos do petr´oleo.

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Figura 4 – Fluxograma simplificado de produ¸c˜ao de petr´oleo em uma plataforma offshore. Fonte: Elabora¸c˜ao pr´opria.

Esta disserta¸c˜ao est´a inserida em uma etapa espec´ıfica do pro-cesso de extra¸c˜ao do petr´oleo chamada eleva¸c˜ao. Essa etapa consiste em prover tecnologicamente uma maneira para o petr´oleo ser transportado desde o reservat´orio at´e a plataforma de petr´oleo.

Em plataformas de extra¸c˜ao de petr´oleo, a produ¸c˜ao de petr´oleo pode ser feita por meio de po¸cos surgentes ou n˜ao surgentes. Em po¸cos surgentes, o reservat´orio no qual o po¸co est´a localizado tem uma press˜ao suficientemente elevada, fazendo com que os fluidos nele contidos al-cancem livremente a superf´ıcie. Os m´etodos artificiais de eleva¸c˜ao de petr´oleo s˜ao utilizados para viabilizar a produ¸c˜ao em po¸cos n˜ao sur-gentes ou para aumentar a produ¸c˜ao em po¸cos surgentes. Em um dado momento da vida produtiva, a maioria dos po¸cos vai requerer a uti-liza¸c˜ao de um m´etodo de eleva¸c˜ao artificial (LEA; CLEGG; LAKE, 2007). Segundo Thomas et al. (2001), os m´etodos mais tradicionais de eleva¸c˜ao artificial de petr´oleo s˜ao:

• Gas Lift Cont´ınuo e Gas Lift Intermitente; • Bombeio Centr´ıfugo Submerso;

• Bombeio Mecˆanico com Hastes; • Bombeio por Cavidades Progressivas.

A escolha do m´etodo de eleva¸c˜ao deve ser feita durante o pro-jeto da plataforma, uma vez que a estrutura de recursos do m´etodo deve estar prevista. Todos os m´etodos tˆem vantagens e desvantagens, portanto ´e necess´ario estudo para conseguir encontrar a melhor op¸c˜ao levando em considera¸c˜ao custo, seguran¸ca e treinamento de pessoal. Em campos offshore brasileiros, o m´etodo de eleva¸c˜ao artificial mais comum ´e o Gas Lift Cont´ınuo e sua opera¸c˜ao est´a descrita na se¸c˜ao seguinte 2.2.

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2.2 M ´ETODO DE ELEVAC¸ ˜AO ARTIFICIAL DE INJEC¸ ˜AO DE GAS LIFT CONT´INUO

O estudo da eleva¸c˜ao de fluido proveniente de um po¸co de pe-tr´oleo se assemelha ao estudo e dimensionamento de uma bomba hi-dr´aulica. O desempenho de uma bomba depende da potˆencia do motor e dos seus aspectos construtivos em geral. Da mesma maneira, cada po¸co de petr´oleo tem seu desempenho relacionado `a press˜ao de seu reservat´orio e `a sua forma¸c˜ao geol´ogica. O desempenho de um po¸co depende do quanto a press˜ao de reservat´orio decai para entregar deter-minada vaz˜ao de produ¸c˜ao. Por outro lado, o sistema por onde o ´oleo escoa ap´os a sa´ıda do po¸co tem perdas de press˜ao, chamadas de perdas de carga, que v˜ao delimitar a press˜ao m´ınima no po¸co para conseguir determinada vaz˜ao de produ¸c˜ao.

A figura 5 representa o esquema de liga¸c˜ao de um po¸co ao se-parador da plataforma. Na parte inferior est´a o reservat´orio com sua respectiva press˜ao (Pres), em seguida, atrav´es do fluxo no reservat´orio, o petr´oleo adentra o po¸co, que est´a a press˜ao de fundo de po¸co (Pwf). O ´oleo flui at´e a cabe¸ca do po¸co, cuja press˜ao ´e representada por Ptopo e depois chega no separador com press˜ao igual a Psep. O separador ´e respons´avel por separar o l´ıquido do g´as.

Ptopo

Pres Psep

Pwf

Figura 5 – Esquem´atico de reservat´orio, po¸co e separador. Adaptado de (SOUZA, 2009).

O IPR (do inglˆes, Inflow Performance Reservoir ) ´e a curva ca-racter´ıstica do po¸co, que relaciona a vaz˜ao de produ¸c˜ao (qprod) com Pwf.

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Um exemplo hipot´etico de IPR est´a no gr´afico da figura 6. Quando o po¸co est´a fechado qprod´e igual a zero e Pwf´e igual a Pres. Ao aumentar a vaz˜ao de produ¸c˜ao a press˜ao Pwfdiminui aos poucos, at´e teoricamente chegar no valor zero e atingir a vaz˜ao m´axima (qm´ax) que o po¸co pode fornecer. Na pr´atica n˜ao ´e poss´ıvel chegar a uma condi¸c˜ao em que Pwf seja igual a zero.

Pres qmáx VFP A

P

wf

q

prod qA IPR

Figura 6 – Curvas de IPR e VFP. Fonte: Adaptado de (RIZZO FILHO, 2011).

J´a a curva VFP (do inglˆes, Vertical Flow Performance) relaciona qprod com as perdas de carga decorrentes do sistema de tubula¸c˜oes do po¸co at´e o separador. A curva VFP tamb´em est´a representada na figura 6. Tipicamente, as perdas de carga mais importantes s˜ao a perda interna do reservat´orio (Pres− Pwf), a perda no po¸co (Pwf− Ptopo) e a perda de eleva¸c˜ao (Ptopo− Psep). Dada uma vaz˜ao de produ¸c˜ao, a curva VFP determina a press˜ao Pwf requerida pelo sistema.

O cruzamento entre as duas curvas ´e chamado de ponto de equil´ıbrio, pois ´e o lugar geom´etrico em que o par (qprod,Pwf) requi-sitado pelo sistema (VFP) ´e igual ao fornecido pelo reservat´orio (IPR). Na figura 6 este ponto est´a referenciado como A, logo, a vaz˜ao de equil´ıbrio ´e qA. Se o po¸co estivesse operando com uma vaz˜ao menor do que a vaz˜ao de equil´ıbrio, ele estaria com energia sobrando e a perda de carga do sistema seria suficiente para fornecer qA. Logo, o po¸co tende-ria a aumentar a vaz˜ao de produ¸c˜ao at´e se igualar a qA. Por outro lado, se tentasse operar com uma vaz˜ao maior do que qA, a perda de carga do sistema impediria que o fluido chegasse `a plataforma e tenderia a diminuir a vaz˜ao at´e se igualar a qA.

No caso de po¸cos n˜ao surgentes, as curvas IPR e VFP n˜ao se cru-zam, pois a press˜ao requerida pelo sistema ´e muito alta, se comparada

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ao que o reservat´orio pode fornecer. Nesses casos de n˜ao surgˆencia, m´etodos de eleva¸c˜ao artificial s˜ao utilizados para modificar a VFP do sistema.

O m´etodo de eleva¸c˜ao artificial de gas lift cont´ınuo consiste em injetar o g´as no fundo do po¸co para diminuir a densidade do fluido. Um fluido com menor densidade tem menos perdas com atrito durante o escoamento do ´oleo, diminuindo a perda de carga do sistema. Ou seja, ao injetar gas lift no fluido a curva VFP ´e transladada para uma regi˜ao abaixo no gr´afico, como pode ser visto na curva VFPGLda figura 7.

Pres qmáx VFP VFPGL A

P

wf

q

prod qA IPR

Figura 7 – Curva IPR para po¸co n˜ao surgente com e sem gas lift. Fonte: Adaptado de Rizzo Filho (2011).

A curva VFP sem utiliza¸c˜ao de gas lift est´a acima da curva IPR sem ponto de equil´ıbrio, j´a a curva VFPGL com inje¸c˜ao de gas lift cruza a curva IPR no ponto A. Assim, a otimiza¸c˜ao de inje¸c˜ao de g´as consiste em identificar qual seria a vaz˜ao ideal a ser injetada em cada po¸co da plataforma, considerando as particularidades de cada um e a disponibilidade de g´as e outros recursos.

A seguir s˜ao detalhadas as partes principais de um po¸co com eleva¸c˜ao artificial de gas lift. A figura 8 ilustra este po¸co detalhando as partes principais do sistema.

O petr´oleo flui do reservat´orio para o po¸co atrav´es dos canhoneios e chega ao come¸co da coluna de produ¸c˜ao. O po¸co tem um revestimento de produ¸c˜ao para evitar o desmoronamento das suas paredes, a fim de manter a integridade do mesmo. Dentro do revestimento existe uma coluna de produ¸c˜ao por onde o petr´oleo ´e elevado `a superf´ıcie e o espa¸co entre a coluna e o revestimento ´e chamado de espa¸co anular. O gas lift ´e injetado no espa¸co anular e penetra a coluna de produ¸c˜ao pelos mandris de gas lift. O g´as n˜ao chega at´e os canhoneios porque o packer

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Figura 8 – Esquema de um po¸co com inje¸c˜ao de gas lift. Fonte: Adap-tado de Souza (2009).

veda o anular e impede a perda excessiva e descontrolada de g´as. O petr´oleo ´e elevado juntamente com o gas lift pela coluna de produ¸c˜ao at´e o vaso separador na plataforma. O vaso separador ´e o primeiro elemento do processo prim´ario de petr´oleo que tem como sa´ıda g´as, ´

agua e ´oleo. O g´as ´e tratado e volta a ser injetado nos po¸cos como gas lift, a ´agua ´e utilizada em po¸cos de inje¸c˜ao para controlar a press˜ao do reservat´orio e o ´oleo ´e exportado para terra. A localiza¸c˜ao das v´alvulas que controlam a inje¸c˜ao de gas lift e a produ¸c˜ao de petr´oleo ser˜ao detalhadas no cap´ıtulo 4.

2.3 PDG (PERMANENT DOWNHOLE GAUGE )

Al´em dos equipamentos que comp˜oem um po¸co de petr´oleo off-shore j´a citados, existe o PDG, que fica localizado no fundo do po¸co e tem como fun¸c˜ao medir press˜ao (Pwf) e temperatura. Este sensor

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est´a submetido a um ambiente hostil com altas press˜oes e tempera-turas, lama e rochas. A figura 9 mostra um PDG instalado em um po¸co de petr´oleo offshore logo acima do packer. No leito do fundo do mar ´e instalada uma ´Arvore de Natal Molhada (ANM), que faz a in-terface entre a coluna de produ¸c˜ao do po¸co e o riser. A ANM cont´em conjuntos de v´alvulas para controlar a opera¸c˜ao do po¸co e sensores de press˜ao e temperatura chamados de TPT (Transmissores de Press˜ao e Temperatura).

Figura 9 – Localiza¸c˜ao do PDG em um po¸co de petr´oleo offshore. Fonte: (PIRES, 2012).

A figura 10 mostra um PDG de um fabricante multinacional, que tipicamente tem 80 cent´ımetros de comprimento e quatro de diˆametro. J´a o elemento sensor do equipamento pode possuir diversas tecnologias, como o cristal de quartzo e o piezo-resistivo.

As informa¸c˜oes que o PDG fornece s˜ao muito importantes para o desenvolvimento da produ¸c˜ao de um campo de petr´oleo. Ouyang e Kikani (2002), Horne (2007) e Kragas, Turnbull e Francis (2004) dis-sertam sobre as principais utiliza¸c˜oes dos dados provenientes do PDG, como:

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Figura 10 – Detalhe de um PDG real de um fabricante multinacional. Fonte: Manual do equipamento (2018).

• Identifica¸c˜ao r´apida de problemas no po¸co, como vazamentos; • Gest˜ao da press˜ao de escoamento de fundo de po¸co;

• Obten¸c˜ao de dados em tempo real de testes shut-in (build-up); • Avalia¸c˜ao do desempenho de trabalhos de estimula¸c˜ao da

produ-¸

c˜ao do po¸co;

• Redu¸c˜ao de interven¸c˜oes em po¸cos.

Al´em disso, a an´alise dos PDGs inseridos no reservat´orio tamb´em permite a gest˜ao do reservat´orio como um todo. Dentre estas contri-bui¸c˜oes se destacam:

• Monitora¸c˜ao da press˜ao do reservat´orio de petr´oleo;

• Determina¸c˜ao do fator de Skin, permeabilidade e redu¸c˜ao de press˜ao do reservat´orio ao longo do tempo;

• Detec¸c˜ao das mudan¸cas nas propriedades de um reservat´orio; • Identifica¸c˜ao da conectividade do reservat´orio;

• Melhoria do tempo de flowback de novos po¸cos; • Aux´ılio de simula¸c˜ao de reservat´orios.

No entanto, a interpreta¸c˜ao dos dados n˜ao ´e uma tarefa simples, pois requer muito estudo por parte do corpo t´ecnico envolvido. Os mai-ores desafios na utiliza¸c˜ao dos dados do PDG, segundo Horne (2007), s˜ao:

• Manipular grande quantidade de dados;

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• Identificar pontos de transi¸c˜ao entre regimes permanente e tran-sit´orio.

As aplica¸c˜oes mais recentes dos dados de PDGs utilizam apren-dizado de m´aquina para extrair informa¸c˜oes, como na reconstru¸c˜ao da vaz˜ao de produ¸c˜ao e temperatura (CARPENTER, 2016; TIAN; HORNE, 2017), respectivamente. Campos et al. (2017) ampliam a aplica¸c˜ao e utilizam valores de PDG para maximizar a produ¸c˜ao de ´oleo em pla-taformas reais da Petrobras atingindo um ganho de 1% na produ¸c˜ao. Ainda neste trabalho, os autores indicam que a nova vers˜ao do algo-ritmo pretende abordar plataformas com PDG atualmente inoperante, e esta situa¸c˜ao n˜ao ´e rara na ind´ustria de explora¸c˜ao e produ¸c˜ao de petr´oleo offshore.

No come¸co do s´eculo XXI foram realizados estudos de confia-bilidade dos PDGs por grandes per´ıodos de tempo (GISBERGEN; VAN-DEWEIJER, 2001; FROTA; DESTRO, 2006). De acordo com o estudo de Gisbergen e Vandeweijer (2001), os 952 PDGs estudados e instalados entre 1993 e 1998 tiveram uma taxa de falha de 31% em at´e cinco anos para po¸cos onshore e offshore. O estudo ainda concluiu que po¸cos onshore tˆem um ambiente menos hostil que os po¸cos offshore.

J´a o trabalho de Frota e Destro (2006), trata de um levantamento da confiabilidade dos PDGs instalados na Bacia de Campos. Esse ´e o ´

ultimo estudo de confiabilidade de PDGs publicado pela Petrobras. Fo-ram selecionados 223 PDGs instalados de 1995 a 2005. Nesse per´ıodo, comparou-se o desempenho de trˆes gera¸c˜oes de tecnologia de PDGs e percebeu-se uma melhoria no hist´orico de confiabilidade dos equipa-mentos. A gera¸c˜ao mais antiga tinha uma confiabilidade de 42,72% em um intervalo de cinco anos, enquanto a mais recente tinha uma confi-abilidade de 68,11%. Apesar da melhoria, o resultado ainda est´a longe da meta para a ind´ustria de ´oleo e g´as, que ´e de 90% nessas condi¸c˜oes. No pr´oximo cap´ıtulo ´e feita a apresenta¸c˜ao te´orica dos algoritmos utilizados para realizar a estima¸c˜ao da press˜ao do PDG, o SVR e o UKF.

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3 FUNDAMENTAC¸ ˜AO TE ´ORICA DE ESTIMADORES Estimar uma vari´avel significa encontrar, a partir de um con-junto de observa¸c˜oes reais ruidosas, alguma rela¸c˜ao funcional dela com as demais observa¸c˜oes. Se essas estima¸c˜oes forem realizadas continua-mente, cria-se um modelo, chamado de soft sensor, conforme definido no cap´ıtulo 1.

Neste cap´ıtulo ´e apresentada a formula¸c˜ao matem´atica dos al-goritmos utilizados nesta disserta¸c˜ao para a estima¸c˜ao da press˜ao de fundo de po¸co.

Um soft sensor pode ser model-driven, se for baseado no estudo fenomenol´ogico do processo, ou data-driven, se for baseado no hist´orico de dados do processo. O algoritmo SVR ´e um modelo do tipo data-driven e ´e a base estrutural da modelagem utilizada nesta disserta¸c˜ao. Os algoritmos SVR apresentados s˜ao utilizados para estima¸c˜oes em malha aberta ou em malha fechada utilizando o algoritmo UKF.

A figura 11 apresenta o diagrama de blocos de um SVR em malha aberta. Com o algoritmo SVR j´a treinado, as entradas s˜ao utilizadas e o modelo calcula a estima¸c˜ao da vari´avel alvo.

SVR

Entradas

Estimação

Figura 11 – Diagrama de blocos de estima¸c˜ao via SVR. Fonte: Ela-bora¸c˜ao pr´opria.

A figura 12 mostra o diagrama de blocos de um UKF com um modelo SVR para processo e outro para medi¸c˜ao. Com os modelos SVRs j´a treinados, o vetor de entrada e o vetor de estado s˜ao utilizados no modelo SVR de processo para estima¸c˜ao a priori da vari´avel alvo. A partir do erro entre a medi¸c˜ao de campo e a estimativa do modelo de medi¸c˜ao, o algoritmo corrige a estima¸c˜ao a priori utilizando o ganho do filtro de Kalman, K. A sa´ıda do algoritmo UKF ´e um vetor de estado estimado e dentre os elementos do vetor est´a a press˜ao de fundo de po¸co. O estado estimado retorna como entrada do modelo de processo na pr´oxima itera¸c˜ao do algoritmo.

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tradas e sa´ıdas dos algoritmos para o problema de estima¸c˜ao da press˜ao de fundo de po¸co.

SVR Processo Entradas SVR Medição Medição + – K Estimação UKF + + Atualização Estado

Figura 12 – Diagrama de blocos de estima¸c˜ao via UKF com SVRs como modelos de processo e medi¸c˜ao. Fonte: Elabora¸c˜ao pr´opria.

Este cap´ıtulo formula matematicamente o algoritmo SVR na se¸c˜ao 3.1, que ´e um modelo data-driven. J´a na se¸c˜ao 3.2 explica-se um filtro de Kalman para sistemas n˜ao lineares, chamado UKF.

3.1 SUPPORT VECTOR REGRESSION (SVR)

O SVR, (VAPNIK; GOLOWICH; SMOLA, 1996), ´e um algoritmo

de regress˜ao baseado no SVM (do inglˆes, Support Vector Machine), que ´e um algoritmo de aprendizado de m´aquinas para problemas de classifica¸c˜ao (VAPNIK, 1995). O SVM implementa a minimiza¸c˜ao do erro de ajuste e redu¸c˜ao do limite superior do erro de generaliza¸c˜ao ao mesmo tempo, fazendo com que aumente a habilidade de generaliza¸c˜ao do modelo (KO; LEE, 2013).

O algoritmo SVR utiliza um kernel n˜ao linear e vetores-suporte dos dados de entrada selecionados a partir da etapa de treinamento do algoritmo. Dessa forma, o SVR combina as entradas atuais do algo-ritmo com os vetores-suporte e o kernel n˜ao linear para poder encontrar

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a estima¸c˜ao atual da vari´avel de sa´ıda. A formula¸c˜ao matem´atica ser´a abordada `a frente.

A biblioteca LIBSVM implementa o algoritmo SVR em C e em MATLAB e est´a em desenvolvimento desde o ano 2000. A LIBSVM ´

e um dos pacotes de SVM mais utilizados na literatura (CHANG; LIN, 2011), pois j´a foi baixada mais de 250 mil vezes e tiveram mais de 10 mil e-mails respondidos pela equipe desenvolvedora. A ferramenta j´a foi aplicada nas ´areas de vis˜ao computacional, processamento de linguagem natural, neuroimagem e bioinform´atica.

Nesta disserta¸c˜ao, os algoritmos foram desenvolvidos utilizando o software MATLAB, assim como os algoritmos da LIBSVM. Por re-comenda¸c˜ao dos desenvolvedores, os dados de entrada e sa´ıda sempre foram normalizados com m´edia um e variˆancia zero.

A seguir, destaca-se a formula¸c˜ao matem´atica do algoritmo SVR. Considere um conjunto de dados de treinamento dado pela express˜ao 3.1.

{(x1, y1) , . . . , (xl, yl)} ⊂ X × R , (3.1) em que xi s˜ao as entradas do sistema, yi os alvos e X representa o espa¸co de entradas. Vapnik (1995) prop˜oe um algoritmo de vetores suportes para regress˜ao conhecido como ε-SV Regression. O objetivo ´

e encontrar uma fun¸c˜ao F (x) que tenha no m´aximo um desvio de ε em rela¸c˜ao aos alvos para todos os dados de treinamento. Ao mesmo tempo, a fun¸c˜ao deve ser a mais plana poss´ıvel.

Smola e Scholkopf (2004) consideram uma fun¸c˜ao linear F se-gundo a equa¸c˜ao 3.2.

F (x) = hw, xi + b, com w ∈ X , b ∈ R, (3.2) em que w ´e o vetor de pesos do vetor de entrada x, b ´e o bias da fun¸c˜ao e h·, ·i ´e o produto escalar em X . A planicidade, de acordo com a equa¸c˜ao 3.2, significa que procura-se por w pequeno. Ou seja, deseja-se minimizar a norma Euclidiana kwk2. Formalmente pode-se escrever o problema como um problema de otimiza¸c˜ao convexa descrito pelo sistema 3.3. min 1 2kwk 2 sujeito a:  yi− hw, xii − b ≤ ε, hw, xii + b − yi ≤ ε. (3.3)

O problema de otimiza¸c˜ao dado pelo sistema 3.3 pressup˜oe que existe uma fun¸c˜ao F que aproxima todos os pares (xi, yi) com precis˜ao

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de ε, ou seja, o problema de otimiza¸c˜ao convexa ´e fact´ıvel. No entanto, pode ser que n˜ao exista solu¸c˜ao para este problema de otimiza¸c˜ao, ent˜ao s˜ao adicionadas duas vari´aveis de folga ξi, ξ∗i para cobrir restri¸c˜oes infact´ıveis. Dessa maneira, enuncia-se o sistema 3.4 em substitui¸c˜ao ao 3.3, (VAPNIK, 1995). min 1 2kwk 2+ CPl i=1 (ξi+ ξ∗i) sujeito a    yi− hw, xii − b ≤ ε + ξi hw, xii + b − yi ≤ ε + ξ∗i ξi, ξ∗i ≥ 0, (3.4) em que C > 0.

A constante C determina o balan¸co entre a planicidade de F e a quantidade de desvios maiores que ε que s˜ao tolerados. A formula¸c˜ao do sistema 3.4 corresponde `a fun¸c˜ao de perda ε-insensitiva definida pela equa¸c˜ao 3.5.

|ξ|ε:= 

0 se |ξ| ≤ ε,

|ξ| − ε caso contr´ario. (3.5) A figura 13 mostra o gr´afico da fun¸c˜ao de perda. ´E importante notar que amostras dentro da regi˜ao F (x) ± ε tem valor igual a zero e fora dessa regi˜ao a fun¸c˜ao segue um perfil linear.

x y

Figura 13 – Gr´afico da fun¸c˜ao de perda, |ξ|ε. Fonte: Smola e Scholkopf (2004).

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re-51

solvido na sua forma dual dada pelo sistema 3.6.

max        −1 2 l P i,j=1 (αi− α∗i)(αj− α∗j)hxi, xji −ε l P i=1 (αi+ α∗i) + l P i=1 yi(αi− αi∗) sujeito a:    l P i=1 (αi− α∗i) = 0, αi, α∗i ∈ [0, C], (3.6)

em que αi e α∗i s˜ao multiplicadores de Lagrange. De acordo com o sistema 3.6, w e F (x) s˜ao definidos conforme as equa¸c˜oes 3.7 e 3.8.

w = l X i=1 (αi− α∗i)xi (3.7) F (x) = l X i=1 (αi− α∗i)hxi, xi + b. (3.8)

O algoritmo apresentado at´e o momento encontra uma fun¸c˜ao F linear, por´em ´e poss´ıvel tornar F n˜ao linear utilizando o conceito de kernel. Um kernel, Φ, mapeia os dados xi do espa¸co de treinamento Xtr para um espa¸co de caracter´ıstica, conforme a express˜ao 3.9.

Φ : Xtr→ F . (3.9)

Ou seja, o produto escalar hxi, xji passa a ser definido por k(xi, xj) = hΦ(xi), Φ(xj)i. (3.10) Em seguida, ´e aplicado o algoritmo padr˜ao de vetores-suporte e o pro-blema de otimiza¸c˜ao 3.6 passa a ser dado pelo sistema 3.11.

max        −1 2 l P i,j=1 (αi− α∗i)(αj− α∗j)hΦ(xi), Φ(xj)i −ε l P i=1 (αi+ α∗i) + l P i=1 yi(αi− α∗i) sujeito a    l P i=1 (αi− α∗i) = 0, αi, α∗i ∈ [0, C]. (3.11)

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Dessa forma, w e F (x) das equa¸c˜oes 3.7 e 3.8 s˜ao redefinidos pelas equa¸c˜oes 3.12 e 3.13. O modelo SVR nada mais ´e do que a sele¸c˜ao de vetores suporte w. w = l X i=1 (αi− α∗i)Φ(xi) (3.12) F (x) = l X i=1 (αi− α∗i)k(xi, x) + b. (3.13) Neste trabalho foi utilizado o kernel de fun¸c˜ao de base radial dado pela equa¸c˜ao 3.14.

k(xi, x) = exp−γ|xi− x|2 , (3.14) em que γ ´e um parˆametro de ajuste da fun¸c˜ao.

3.2 FILTRO DE KALMAN PARA ESTIMAC¸ ˜AO

Esta se¸c˜ao tem o objetivo de expor o equacionamento Unscented Kalman Filter (UKF). A fim de explicar melhor o conte´udo, a se¸c˜ao 3.2.1 aborda o filtro de Kalman cl´assico resumidamente para, ent˜ao, explicar o UKF na se¸c˜ao 3.2.2.

3.2.1 Filtro de Kalman cl´assico

O filtro de Kalman ´e uma solu¸c˜ao linear e recursiva para o problema de filtragem em tempo discreto (KALMAN, 1960). Welch e Bishop (1995) definem o filtro de Kalman como um estimador corretor-preditivo ´otimo para o problema de minimiza¸c˜ao da covariˆancia do erro estimado com ru´ıdos gaussianos.

O filtro de Kalman ´e dividido em duas etapas diferentes: a predi¸c˜ao e a corre¸c˜ao. A predi¸c˜ao ´e a etapa na qual se utiliza um mo-delo, f , para predizer o estado atual e a matriz de covariˆancia do erro. S˜ao utilizados na predi¸c˜ao o estado no instante anterior e a entrada do sistema. A etapa de corre¸c˜ao utiliza medi¸c˜oes do sistema para corrigir as predi¸c˜oes da etapa anterior, portanto ´e necess´ario ter um modelo, h, que correlacione o estado com as medi¸c˜oes. Ent˜ao, as sa´ıdas do filtro de Kalman s˜ao a estima¸c˜ao do estado atual e a matriz de covariˆancia do erro.

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Considere o sistema linear 3.15 apresentado a seguir, (

xk = Fkxk−1+ Bkuk−1+ wk−1, yk−1= Hkxk−1+ vk−1

(3.15)

em que o sub´ındice k ´e a unidade de tempo discreto; Fk ´e o modelo linear de processo; Hk ´e o modelo linear de medi¸c˜ao; xk ´e o vetor de estados; yk ´e o vetor de medi¸c˜oes; uk s˜ao os vetores de entradas dos modelos; wk−1´e um ru´ıdo gaussiano de m´edia zero e covariˆancia dada pela matriz Q; vk ´e um ru´ıdo gaussiano de m´edia zero; e covariˆancia dada pela matriz R.

O objetivo do filtro de Kalman ´e obter uma estimativa de estados ˆ

xk e matriz de covariˆancia Pk tal que minimize o erro de estima¸c˜ao. Um filtro de Kalman ´e definido pela equa¸c˜ao recursiva. 3.16

ˆ

xk = (estimativa de xk)priori+ Kk[yk− (estimativa de yk)] , (3.16) em que ˆxk ´e a estimativa a posteriori de x e Kk ´e a matriz de ganho de Kalman. As estimativas de xk e yk s˜ao feitas utilizando modelos lineares F e H, respectivamente.

O algoritmo do filtro de Kalman ´e composto por duas etapas: predi¸c˜ao e corre¸c˜ao. A etapa da predi¸c˜ao ´e respons´avel por produzir as estimativas a priori do estado e da matriz de covariˆancia, respecti-vamente de acordo com as equa¸c˜oes 3.17 e 3.18.

• C´alculo da estimativa a priori do estado: ˆ

x−k = Fk+ xk−1+ Bkuk−1. (3.17) • C´alculo da estimativa a priori da matriz de covariˆancia:

P−k = FkPk−1FTk + Qk. (3.18) em que ˆx−k ´e a estimativa de estados a priori de xk e P−k ´e a matriz de covariˆancia a priori.

Em seguida, a etapa de corre¸c˜ao ´e respons´avel por atualizar as estimativas a priori a partir do vetor de medi¸c˜oes yk. Os itens a seguir definem a etapa mencionada:

• C´alculo do ganho do filtro de Kalman: Kk = P−kH T k  HkP−kH T k + Rk −1 . (3.19)

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ˆ

xk = ˆx−k + Kk yk− Hkxˆ−k . (3.20) • C´alculo da estimativa a posteriori da matriz de covariˆancia:

Pk= (I − KkHk) P−k. (3.21) Por fim, ocorre a atualiza¸c˜ao do estado e da matriz de covariˆancia para a pr´oxima itera¸c˜ao do algoritmo. A seguir, a se¸c˜ao 3.2.2 formula o UKF utilizando a mesma estrutura do filtro de Kalman exposto nesta se¸c˜ao.

3.2.2 Unscented Kalman Filter (UKF)

Desenvolvido por Julier e Uhlmann (1999) e aprimorado por Wan e Merwe (2000), o UKF ´e uma extens˜ao do filtro de Kalman para sistemas n˜ao lineares. Enquanto o EKF lineariza o sistema n˜ao linear, o UKF traz uma abordagem estat´ıstica para a aplica¸c˜ao do filtro. O UKF utiliza o princ´ıpio de que um conjunto discreto de amostras de um ponto pode ser usado para parametrizar a m´edia e a matriz de covariˆancia ap´os a aplica¸c˜ao de uma fun¸c˜ao n˜ao linear.

Haykin (2001) faz a compara¸c˜ao entre o EKF e o UKF: ao cal-cular a m´edia e covariˆancia de vari´aveis aleat´orias gaussianas o EKF atinge uma acur´acia de primeira ordem, enquanto o UKF tem uma acur´acia de segunda ordem (em uma expans˜ao de s´erie de Taylor) para qualquer fun¸c˜ao n˜ao linear. Esse fato faz com que o EKF possa ter grandes erros no c´alculo da m´edia e covariˆancia a posteriori e levando a resultados sub´otimos. ´E importante notar que os algoritmos tˆem a mesma complexidade computacional.

Baseada na nota¸c˜ao e formula¸c˜ao utilizada por Haykin (2001), a se¸c˜ao 3.2.2.1 aborda a defini¸c˜ao da transformada unscented e a se¸c˜ao 3.2.2.2 aplica a transformada unscented ao filtro de Kalman cl´assico abordado na se¸c˜ao 3.2.1.

3.2.2.1 Transformada unscented

A transformada unscented ´e um m´etodo para calcular estat´ısticas de uma vari´avel aleat´oria ap´os uma transforma¸c˜ao n˜ao linear.

Considere um vetor de vari´aveis aleat´orias xu com dimens˜ao L, como entrada em uma fun¸c˜ao n˜ao linear fu, xu a m´edia de xu e Pu x a sua matriz de covariˆancia. ´E necess´ario formar uma matriz Xu de

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2L + 1 vetores sigma, Xiu, pelas equa¸c˜oes 3.22.

X0u= xu (3.22a) Xu i = xu+  θ ·pPux i , i = 1, 2, ..., L (3.22b) Xu i = xu−  θ ·pPux  i−L, i = L + 1, 2, ..., 2L, (3.22c) em que o sub´ındice i ´e a i-´esima coluna da matriz correspondente.

As constantes θ e λ s˜ao dadas pelas equa¸c˜oes 3.23 e 3.24.

θ =p(L + λ) (3.23)

λ = (αu)2(L + K) − L, (3.24) em que o parˆametro αu determina qu˜ao espalhados os pontos sigma est˜ao de xu. Normalmente αu ´e igual a um n´umero positivo pequeno, da ordem de 10−3, e o parˆametro K igual a 0 ou 3 − L (WAN; MERWE, 2000). J´a o termo √Px



i ´e a i-´esima coluna da matriz √

Px.

Os vetores sigma s˜ao propagados atrav´es da fun¸c˜ao n˜ao linear fu, como apresenta a equa¸ao 3.25.

Yu i = f

u(Xu

i ) , i = 0, 1, ..., 2L. (3.25) Para aproximar a m´edia e a matriz de covariˆancia de yu, utiliza-se uma m´edia ponderada dos vetores Yu

i, de acordo com as equa¸c˜oes 3.26 e 3.27. yu 2L X i=0 Wi(m)Yiu (3.26) Puy ≈ 2L X i=0 Wi(c){Yu i − yu}{Y u i − yu} T. (3.27)

Os pesos Wi s˜ao definidos pelo conjunto de equa¸c˜oes 3.28.      W0(m) = λ/(L + λ) W0(c) = λ/(L + λ) +h1 − (αu)2 + βi Wi(m) = Wi(c)= 1/{2(L + λ)}, i = 1, 2, ..., 2L, (3.28)

em que β ´e usado para inserir conhecimento a priori da distribui¸c˜ao de xu (em uma distribui¸ao gaussiana ´e igual a 2).

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e a covariˆancia de uma fun¸c˜ao n˜ao linear sem lineariz´a-la, apenas uti-lizando a transformada unscented. Dessa maneira, ao utilizarmos um filtro de Kalman em um sistema n˜ao linear, a transformada unscen-ted provˆe as informa¸c˜oes necess´arias para o c´alculo das estimativas do filtro.

3.2.2.2 Equacionamento do UKF

Considere o sistema n˜ao linear 3.29 a seguir, ( xk = f (xk−1, u f k−1) + wk−1, yk−1= h(xk−1, uhk−1) + vk−1 (3.29)

em que o sub´ındice k ´e a unidade de tempo discreto; f ´e o modelo de processo; h ´e o modelo de medi¸c˜ao; xk´e o vetor de estados; yk´e o vetor de medi¸c˜oes; ufk e uhk s˜ao os vetores de entradas dos modelos; wk−1 ´e um ru´ıdo gaussiano de m´edia zero e covariˆancia dada pela matriz Q; vk´e um ru´ıdo gaussiano de m´edia zero; e covariˆancia dada pela matriz R.

O objetivo do UKF ´e obter uma estimativa de estados ˆxk e ma-triz de covariˆancia Pk tal que minimize o erro de estima¸c˜ao. Como explicado na se¸c˜ao 3.2.1, o filtro de Kalman ´e formulado pela equa¸c˜ao recursiva 3.16. Enquanto o filtro de Kalman cl´assico utiliza equa¸c˜oes lineares para encontrar a estimativa a posteriori, xk, o UKF utiliza a transformada unscented, respectivamente nas equa¸c˜oes 3.26 e 3.27.

Nesta disserta¸c˜ao, o vetor de estado xk dos algoritmos UKF im-plementados est´a definido na equa¸c˜ao 3.30. Dessa maneira, a estima¸c˜ao de PT1 no instante k ser´a o primeiro elemento do vetor de estado.

xk = [P T 1kP T 1k−2 · · · P T 1k−10] T

. (3.30)

O UKF ´e inicializado com as condi¸c˜oes descritas no conjunto de equa¸c˜oes 3.31. ( ˆ x0 = E [x0] P0 = E h (x0− ˆx0) (x0− ˆx0)T i . (3.31)

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equa¸c˜oes 3.22 e considerando xk−1= xu e Pk−1= Pux. Xk−1= h xk−1 xk−1+ θ p Pk−1 xk−1− θ p Pk−1 i , (3.32) em que Pk−1´e a matriz de covariˆancia de xk−1.

A seguir, propaga-se os pontos sigmas pela fun¸c˜ao n˜ao linear f utilizando a equa¸c˜ao 3.25 e considerando Xk|k−1,i= Yiue Xk−1,i= Xiu.

Xk|k−1,i= f  Xk−1,i, u f k−1  . (3.33) ´

E importante notar que existe um vetor de entrada ufk−1, que corresponde `as entradas do modelo f , que n˜ao est˜ao no vetor de estado. A partir dos pontos sigmas, calcula-se a estimativa a priori da equa¸c˜ao 3.16 utilizando-se a equa¸c˜ao 3.26. Considera-se ˆx−k = yu e X

k|k−1,i= Yu i. ˆ x−k = 2L X i=0 Wi(m)Xk|k−1,i, (3.34)

em que ˆx−k ´e a estimativa a priori de xk.

De maneira similar, a equa¸c˜ao 3.35 calcula a matriz de covariˆ an-cia a priori P−k utilizando a equa¸c˜ao 3.27 e adicionando a matriz de covariˆancia do ru´ıdo de processo, Q.

P−k = 2L X i=0 Wi(m)Xk|k−1,i− ˆx − k Xk|k−1,i− ˆx − k T + Q, (3.35) sendo P−k = Puy.

A seguir, propaga-se os pontos sigmas pela fun¸c˜ao n˜ao linear h utilizando a equa¸c˜ao 3.26, considerando ˆy−k = yu e Y

i= Yiu. Yk|k−1= h Xk|k−1, uhk−1  (3.36) ˆ y−k = 2L X i=0 Wi(m)Yk|k−1,i. (3.37)

Nota-se que foi adicionado um vetor de entrada, uhk−1, que cor-responde `as entradas do modelo h que n˜ao est˜ao no vetor de estado.

(60)

58

3.40 a partir das equa¸c˜oes 3.38 e 3.39.

Pyy = 2L X i=0 Wi(c)Yk|k−1,i− ˆy−k Yk|k−1,i− ˆy−k T + R (3.38) Pxy= 2L X i=0 Wi(c)Xk|k−1,i− ˆx−k Yk|k−1,i− ˆy−k T (3.39) Kk= PxyP−1yy, (3.40) em que R ´e a matriz de covariˆancia do ru´ıdo de medi¸c˜ao, Wi s˜ao os pesos da transformada unscented, Pyy ´e a matriz de covariˆancia de y e Pxy´e a matriz de correla¸c˜ao cruzada de ˆx−k e ˆy

− k.

Por fim, atualiza-se a estimativa a posteriori, ˆxk, e a matriz de covariˆancia a posteriori, Pk, respectivamente nas equa¸c˜oes 3.41 e 3.42.

ˆ xk = ˆx−k + Kk yk− ˆy − k  (3.41) Pk= P−k − KkPyyKTk. (3.42) A equa¸c˜ao 3.41 ´e a estimativa de estado do UKF e ´e equivalente `

a equa¸c˜ao geral do filtro de Kalman, descrita na equa¸c˜ao 3.16.

A figura 14 apresenta o equacionamento do UKF atrav´es de um diagrama de blocos. Considerando um vetor de estado, xk−1, s˜ao ge-rados os pontos sigma Xk−1usando a equa¸c˜ao 3.32, representados por uma seta cheia.

Os pontos sigmas Xk−1s˜ao propagados atrav´es da fun¸c˜ao f ge-rando pontos sigmas das estimativas a priori, Xk|k−1 da equa¸c˜ao 3.33. Ent˜ao, a partir de Xk|k−1 gera-se a matriz Yk|k−1 de sa´ıda do modelo de medi¸c˜ao h atrav´es da equa¸c˜ao 3.36.

A m´edia ponderada de Xk|k−1 permite a estimativa a priori do estado ˆx−k e, similarmente, a m´edia ponderada de Yk|k−1 permite a estimativa de ˆy−k. A defini¸c˜ao dessas vari´aveis est˜ao nas equa¸c˜oes 3.34 e 3.37.

´

E importante notar que as entradas dos modelos f e h s˜ao tanto o vetor de estado, xk, quanto o vetor u

f

k−1 ou u h

k−1. A sa´ıda de fSVR ´e ˆx−k e a de hSVR ´e ˆy−k.

O algoritmo continua como um filtro de Kalman cl´assico so-mando a estimativa a priori dos estados `a inova¸c˜ao, como mostra a equa¸c˜ao 3.41. A inova¸c˜ao ´e definida pela multiplica¸c˜ao do ganho de Kalman Kk, definido pela equa¸c˜ao 3.40, com o erro de estima¸c˜ao de

Referências

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