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Educação dos pacientes relativamente ao tratamento

Parte II – Casos de estudo

2. Mobilidade reduzida: cuidados e equipamentos

3.4 Educação dos pacientes relativamente ao tratamento

Para que o tratamento seja bem sucedido é necessário promover a adesão não só ao tratamento farmacológico mas também às medidas não farmacológicas que permitem complementar o tratamento e prevenir recidivas no futuro. São várias as medidas que podem ser adotadas, nomeadamente:

-tratar o pé de atleta no caso de este existir no próprio paciente e nos restantes membros da família; - manter a pele limpa e seca, tendo o cuidado de secar bem os espaços interdigitais ;

- usar um antitranspirantes, caso o doente sofra de transpiração excessiva; - usar de meias de algodão;

- lavar as meias em água quente, após a imersão numa solução desinfetante; - evitar calçado oclusivo, especialmente durante o tempo quente;

- alternar diariamente o calçado, de modo a permitir que este seque completamente; - polvilhar antifúngico em pó no calçado;

- manter as unhas curtas, tendo o cuidado de cortá-las em linha reta; - não caminhar descalço em áreas públicas;

- não compartilhar objetos de higiene pessoal com outras pessoas; - usar um corta unhas diferente para a(s) unha(s) infetadas e sãs;

- evitar cortar a cutícula, pois poderá constituir uma porta de entrada para microorganismos e risco de infeção [45,49].

Para além das medidas mencionadas, é extremamente importante esclarecer o paciente sobre a duração do tratamento, pois este será longo (de vários meses), não sendo possível a obtenção de resultados duradouros rapidamente. Este também deve ser informado de que apesar de se poder verificar uma melhoria do estado da unha no decurso do tratamento, este deve ser prosseguido de modo a atingir a cura micológica , isto é a erradicação do fungo causador, evitando assim possíveis reeinfeções futuras e clínica [45]. Quando prescrito um tratamento tópico, deve ser explicado o modo de aplicação, alertando para a importância de limar semanalmente a superfície da unha e limpar a unha com uma compressa embebida em álcool antes da aplicação do produto [53].

3.5 Discussão/Conclusão

São várias as possíveis estratégias disponíveis atualmente para o tratamento da onicomicose. Contudo, a terapia tópica só é recomendada em monoterapia quando menos de 50% da unha se encontra infetada não havendo o envolvimento da matriz ungueal. Este deve ser prosseguido de forma contínua até regeneração da unha e a cura micológica e clínica sejam atingidas. A monoterapia oral ou a terapia de combinação estão indicadas quando mais de 50% da unha está infetada, ou quando há envolvimento da matriz. A amorlifina 5% em verniz parece ser a forma mais eficaz em monoterapia tópica, muito provavelmente devido à frequência de aplicação ser de 1-2 vezes por semana, resultando numa melhor adesão terapêutica. Quanto a monoterapia oral, a terbinafina é o fármaco de primeira escolha pois apresenta um período de tratamento mais curto, maior taxa de cura e menos recidivas quando comparado com os restantes fármacos. A melhor taxa de cura clínica e micológica foi obtida através do uso da combinação de amorlifina e terbinafina.

De forma a completar o panfleto informativo, que se revelou bastante útil, pois alertou os utentes para os cuidados a ter tanto em prevenção como durante o tratamento da onicomicose, realizei também um inquérito a 25 utentes da Farmácia Lima, de Outubro a Novembro de 2014. Este permitiu-me avaliar se esta patologia tinha uma maior incidência com a idade, qual era o tratamento geralmente prescrito, se os doentes tinham conhecimento de alguns cuidados a ter durante o tratamento, entre outras questões.

Através da análise dos resultados é possível constatar que a maioria das pessoas que respondeu ao inquérito é do sexo feminino (72%) (Figura 22), tendo maioritariamente idades compreendidas entre os 50-70 anos (56%) (Figura 23). Efetivamente, a idade é um fator importante no desenvolvimento desta patologia, pois com o avançar da idade surgem problemas a nível da circulação periférica, e uma maior propensão a traumatismos e ainda uma maior dificuldade ou até mesmo incapacidade em cortar as unhas e cuidar dos pés. A grande parte dos inquiridos (56%) já tinha sido diagnosticado com onicomicose (Figura 24), sendo esta mais prevalente nas unhas dos pés (93%) (Figura 25). Dos indivíduos diagnosticados com esta patologia, 86% estão atualmente a realizar um tratamento (Figura 26), sendo a medicação mais usual o ciclopirox (43%), seguido da amorlifina (36%), do tioconazol (14%) e uma das utentes estava a realizar uma terapia de combinação terbinafina e ciclopirox (Figura 27). Verifica-se deste modo que a monoterapia tópica é nestes casos a terapia de eleição ou a primeira abordagem. Teria sido interessante ter feito uma questão sobre o número de unhas infetadas e da extensão da infeção, de modo a perceber se o tratamento prescrito era o mais adequado. Esperava no entanto, uma maior utilização da amorlifina, visto ser o fármaco com maior taxa de cura. Contudo, penso que o fator económico também tem o seu peso, sendo o tratamento tópico mais dispendioso. Na grande maioria dos casos, o médico (75%) foi quem aconselhou o tratamento, seguido do farmaçêutico (17%) e do podologista (8%) (Figura 28). Fiquei surpreendida pela positiva por nenhum dos inquiridos responder que tinha sido aconselhado/influenciado por um familiar ou vizinho ou até mesmo pela publicidade. Grande parte

dos doentes ainda estavam numa fase precoce do tratamento, tendo começado há cerca de um mês (67%) (Figura 29). À questão: quanto tempo acha que o tratamento demora ? Cerca de 40% dos inquiridos respondeu 3 meses e 28% respondeu 1 mês (Figura 30); o que não corresponde à realidade. Como tive oportunidade de referir anteriormente, a onicomicose requer um tratamento longo, sendo importante informar o paciente sobre a sua duração. Relativamente à questão: “sabia que a onicomicose quando não tratada pode afetar as restantes unhas?”, 60% dos inquiridos responderam que sim (Figura 31). Finalmente, para perceber se os utentes sabiam que durante o tratamento é suposto fazer-se uma vez por semana a limagem da(s) unha(s) infetada(s), apenas 24% respondeu que sim (Figura 32). É possível constatar assim, uma grande falha de comunicação tanto no momento da prescrição do tratamento por parte do médico, como no momento da dispensa dos medicamentos na farmácia pelo farmacêutico.

O farmacêutico tem um papel fundamental na informação ao utente, nomeadamente em relembrar todos os cuidados necessários a ter durante o tratamento, incluindo medidas não farmacológicas, assim como educar o doente quanto à patologia e alertar para as consequências da interrupção ou não adesão ao tratamento. À semelhança do inquérito realizado para o tema “mobilidade reduzida”, este permitiu-me estabelecer um diálogo mais próximo com os utentes, tendo tido a oportunidade de esclarecer dúvidas e alertar para a importância de determinados cuidados a ter no tratamento desta patologia.

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