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Desvendando o espaço urbano: estudo de caso sobre a emergência da fragmentação urbana

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Academic year: 2021

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(1)UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ESTUDOS URBANOS E REGIONAIS. RENATO LUNA DE LIMA. DESVENDANDO O ESPAÇO URBANO: ESTUDO DE CASO SOBRE A EMERGÊNCIA DA FRAGMENTAÇÃO URBANA. NATAL-RN 2017.

(2) RENATO LUNA DE LIMA. DESVENDANDO O ESPAÇO URBANO: ESTUDO DE CASO SOBRE A EMERGÊNCIA DA FRAGMENTAÇÃO URBANA. Dissertação apresentada ao Programa de Pósgraduação em Estudos Urbanos e Regionais para obtenção do título de Mestre em Estudos Urbanos e Regionais da Universidade Federal do Rio grande do Norte.. Natal-RN 2017.

(3) Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes CCHLA Lima, Renato Luna de. Desvendando o espaço urbano: estudo de caso sobre a emergência da fragmentação urbana / Renato Luna de Lima. - 2017. 126f.: il. Dissertação (mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências Humanas e Artes. Programa de Pós Graduação em Estudos Urbanos e Regionais, 2017. Orientador: Prof. Dr. Cláudio Roberto de Jesus.. 1. Conjuntos habitacionais. 2. Condomínios fechados. 3. Segregação. 4. Fragmentação urbana. I. Jesus, Claudio Roberto de. II. Título. RN/UF/BS-CCHLA. CDU 711.582(813.2).

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(5) AGRADECIMENTOS. Primeiramente, gostaria de agradecer a oportunidade que Deus me deu em ter alcançado o título de mestre. Foram muitas angustias e vários sinais de perseverança que pude captar nesses dois anos. Agradeço а todos оs professores do PPEUR, em especial a Cláudio e Patrick, pоr mediarem о conhecimento racional, bem como a manifestação dо caráter е da afetividade dа educação nо processo dе pesquisar e ensinar. Com isso, posso afirmar que, com a atenção dedicada а mim, nãо somente mе ensinaram como ainda me fizeram aprender. А palavra mestre nunca fez tanto sentido ao relacionar aos tantos professores dedicados, оs quais terão оs meus eternos agradecimentos. Agradeço a minha família, em especial, a meus pais que, por vezes, deram tudo que tinham para eu sempre continuar a estudar. Meus tios, em especial, a Sidney, que também fez a diferença ao longo da minha formação. A meus avós, inclusive os que partiram, pois tenho certeza que estarão vibrando como todos os presentes. E por fim, agradeço a minha companheira, Larissa Maria, e sua família, que já é como se fosse a minha. Mas, sem ela, não teria conseguido ir até o fim. Soube me ouvir e ajudar com as mais belas ações, que são somente explicadas pelo admirável sentido do amor Obrigado a todos! “Mil motivos pra sorrir. Não se deixe desistir Você estará seguro, não se esqueça que essa dor, também é o que nos dá força!” Sign - Flow.

(6) LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 – Regiões administrativas por bairros ............................................................ 51 Figura 2 − Natal: Localização dos conjuntos habitacionais .......................................... 55 Figura 3 − Produção imobiliária na década de 1990 .................................................... 59 Figura 4 − Natal: rendimento médio mensal por bairro ................................................ 60 Figura 5 – Natal, distribuição das incorporações década de 2000 ................................. 63 Figura 6 – Natal, distribuição renda média mensal por bairros ..................................... 65 Figura 7 – Mapa do município de Parnamirim ............................................................. 67 Figura 8 – Evolução demográfica do município de Parnamirim (dados mais atuais) .... 68 Figura 9 − População residente por bairro em Parnamirim/RN 2000 ........................... 69 Figura 10 – Localização do Condomínio Jardim Atlântico .......................................... 71 Figura 11 − Planta Locacional – Condomínio Jardim Atlântico ................................... 83 Figura 12 – Planta Locacional 3D – Jardim Atlântico .................................................. 84 Figura 13 − Mapa Situacional – Condomínio Jardim Atlântico .................................... 84 Figura 14 – Área de lazer ............................................................................................ 85 Figura 15 − Estrutura administrativa do Condomínio Jardim Atlântico ........................ 85 Figura 16 – Folder de venda do condomínio ................................................................ 95 Figura 17 – Deslocamentos peculiares do morador 5 ................................................. 113 Figura 18 – Deslocamentos peculiares da moradora 3 ............................................... 114.

(7) RESUMO A fragmentação urbana é um fenômeno recente que se propaga no mundo inteiro. Tem como um dos seus principais sintomas a criação de distâncias físicas e simbólicas. Especificamente, esse fenômeno muito se relaciona à crescente polarização entre o mundo público e privado, que culmina na quebra da conexão física e simbólica desses dois mundos. As cidades também apresentam velhos sintomas da autossegregação das camadas médias, muitas vezes associados aos chamados condomínios fechados. Esses espaços são oferecem fortificação e proteção dos “infortúnios” da cidade, bem como asseguram uma aparente qualidade de vida. O presente trabalho procura analisar, considerando a conexão entre o local e o global, como um condomínio fechado contribui para o fenômeno da fragmentação urbana, com base no estudo de caso do Condomínio Jardim Atlântico, localizado na zona de conurbação entre Natal/RN e Parnamirim/RN. Para considerar o global e o local, realiza a pesquisa aos moldes etnográficos, especificamente a observação direta associada à análise documental, e entrevistas qualitativas, associando sua totalidade à dinâmica da cidade. O estudo conclui que a dinâmica interna do condomínio junto à dinâmica da cidade exerce influência nas representações de seus moradores, o que acaba acentuado a distinção entre o mundo público e privado desses indivíduos. Para eles, a cidade é repleta de ilhotas organizadas de forma peculiar frente ao objeto público, as quais são transitáveis por meio de seus veículos. Esses deslocamentos, junto ao desejo de se chegar a uma ilhota, formam verdadeiros hiatos que exprimem a negação da cidade.. Palavras-chave: Segregação. Condomínios fechados. Fragmentação urbana..

(8) ABSTRACT. The urban fragmentation is a recent phenomenon that spreads over the world. It has as the main characteristic physical and symbolical distances. Specifically, this phenomenon is related to the polarization that is growing between public and private world, resulting in the broken of physical and symbolical connection of those worlds. Cities also present old symptoms of media classes’ self-segregation, many times associated to the closed condominiums. Those habitations give protection and strengthens from the “treat” of the city, as well as they assure an apparent quality of life. This study aims to analyze, considering connection between local and global, how a closed condominium contributes to the phenomenon of urban fragmentation, based on case study of Jardim Atlântico condominium, situated between Natal and Parnamirim/RN. To consider global and local, it is an ethnographic research, specifically direct observation associated to the documental analyze, and qualitative interview related to the city dynamics. It concludes that condominium intern dynamic linked to the city dynamic have influence in the resident representations, that detaches differences between public and private world of those people. To them, the city is full of organized little islands in a peculiar way to the public object, made to pass through by their cars. Those routes connected to the desire to go to the little island are the real gaps that expresses city negation.. Keywords: Segregation. Closed condominium. Urban fragmentation..

(9) SUMÁRIO. 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 11 2 REFLEXÃO HISTÓRICA: DA SEGREGAÇÃO À FRAGMENTAÇÃO URBANA ................................................................................................................... 18 2.1 A CIDADE E O URBANO: AS MÚLTIPLAS DIMENSÕES 19 2.2 SEGREGAÇÃO SOCIOESPACIAL: REFLEXÕES SOBRE SEUS FUNDAMENTOS NA CIDADE CONTEMPORÂNEA 23 2.3 FRAGMENTAÇÃO 28 2.4 CONCLUSÃO PARCIAL 30. 3 CONCEITUAÇÕES GERAIS SOBRE CONDOMÍNIOS ................................... 31 3.1 CONDOMÍNIO FECHADO: DEFINIÇÃO LEGAL 35 3.2 SOBRE A MORADIA: CONDOMÍNIOS RESIDENCIAIS 37 3.3 CONDOMÍNIOS HORIZONTAIS (BRASIL) E GATED COMMUNITIES: SEMELHANÇAS E DIFERENÇAS 40. 3.3.1 Estados Unidos ................................................................................................. 41 3.3.2 Brasil ................................................................................................................. 45 3.4 CONCLUSÃO PARCIAL. 47. 4 CICLOS IMOBILIÁRIOS E A FRAGMENTAÇÃO URBANA ......................... 49 4.1 NATAL: CICLOS IMOBILIÁRIOS E CRESCIMENTO DO EIXO SUL. 51. 4.1.1 Primeiro ciclo: mercado de terras, produção estatal e incorporações imobiliárias. ............................................................................................................... 53 4.1.2 Segundo e terceiro ciclo: produção estatal e as incorporações imobiliárias .. 54 4.1.3 Quarto ciclo (1982-1990): capitais privados .................................................... 56 4.1.4 Quinto ciclo − condomínios fechados/autofinanciados e turismo imobiliário/ Programa Minha casa minha vida ........................................................................... 57 4.2 PARNAMIRIM/RN: CONURBAÇÃO E ATRAÇÃO RESIDENCIAL NO BAIRRO DE NOVA PARNAMIRIM 66 4.3 BAIRRO DE NOVA PARNAMIRIM 69 4.4 CONCLUSÃO PARCIAL 72. 5 EXPLORANDO O CAMPO .................................................................................. 73 5.1 PIERRE BOURDIEU: OS CAMPOS E A PONTE PARA RELAÇÃO FRAGMENTAÇÃO URBANA 74 5.2 CONVENÇÃO DO CONDOMÍNIO 77. 5.2.1 Primeira convenção: aspectos importantes ..................................................... 77 5.2.2 Segunda convenção: mudanças no poder de coerção ...................................... 79 5.3 ESTRUTURA DOS CAMPOS: CULTURA DE MORAR, CONDOMÍNIO E DISTÂNCIAS. 79. 5.3.1 Espaço físico ..................................................................................................... 82 5.4 O CONFLITO: DOMINÂNCIA E SUBVERSÃO 87.

(10) 5.4.1 Diferença nos campos: a antiga moradia......................................................... 88 5.5 DIFERENÇA ENTRE CAMPOS: ANÁLISE INTRAMUROS DO CONDOMÍNIO JARDIM ATLÂNTICO 94 5.6 CONCLUSÃO PARCIAL 116. 6 CONCLUSÃO FINAL ......................................................................................... 118 REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 125.

(11) 11. 1 INTRODUÇÃO. O presente trabalho se dispõe a debater alguns dos aspectos mais evidentes da era moderna recente: o crescimento do movimento de autossegregação residencial das camadas de porte médio, sob a égide da expansão da moradia nos condomínios fechados. Especificamente, trata do eixo sul da cidade de Natal/RN em direção à zona de conurbação com Parnamirim/RN. Este estudo objetiva caracterizar, por meio da dinâmica social interna do condomínio fechado Jardim Atlântico, a relação dos seus moradores com o fenômeno da segregação, em especial, a fragmentação urbana. Portanto, qual seria a contribuição, no caso do condomínio citado, para a fragmentação urbana na região? A partir desse questionamento, espera-se evidenciar quais seriam os impactos dessa vivência interna no condomínio, no uso da cidade por parte dos moradores. Por fim, busca caracterizar um suposto movimento de negação da cidade. A expansão dos condomínios fechados, tipologia de moradia denominada na literatura “enclaves fortificados” (CALDEIRA, 2000), é um dos sintomas das transformações urbanas recentes mais observáveis.. Várias pesquisas se dispõem a. evidenciar suas características, tais como Glasze (2002 apud SPOSITO; GOES, 2015, p. 14), que mostra esses espaços como sendo os novos habitats da era moderna que evidenciam uma nova questão urbana. Esta última ganha atenção nesta pesquisa, pois se mostra como suporte para observação da emergência de novas formas de relação entre os espaços públicos e privados. Consequentemente, isso envolve as relações sociais e suas derivadas construções coletivas (BLAKELY; SNYDER, 1997). Com base nisso, é comum ver a disseminação de estudos sobre esses espaços no Brasil partindo do paradigma estruturalista. Isto é, trata de evidenciar, por meio das explicações na macroescala, supostas implicações no espaço urbano. Também há estudos evidenciando as dinâmicas referentes à microescala e seus impactos locais.. Nesse. sentido, Hannertz (2015) comenta que é necessário se atentar com relação a esses estudos, visto que podem cometer o erro de generalizar uma questão, destoando das escalas locais, ou, ao contrário, estudos locais podem ficar presos a sua pequena territorialidade e se desconectar das questões globais. Vale salientar que a análise estruturalista não é considerada neste estudo como algo errôneo. As análises realizadas por essa corrente se mostraram bastante importantes.

(12) 12. ao longo do século XX, vide a importância de Talcot Parsons. A observação apresentada é mais uma tentativa de elucidar que o uso único e exclusivo desta análise na macroescala pode revelar mais informações se for considerada a microescala. Portanto, é comum estudos que se comprometem a se debruçar sobre a macroescoala e a microescala, mas que se fixam em tais níveis, formando zonas de atuação e com consequências. Os dados dessas pesquisas muitas vezes evidenciam questões ligadas à crescente criminalidade, à disputa por territórios na cidade ou à apropriação da classe dominante, que serão explicitados posteriormente. Porém, se considerarmos o alerta de Hannertz (2015), no intuito de atentar para as problemáticas ligando o global ao local, acredita-se que se poderiam evidenciar mais informações sobre o fenômeno da fragmentação urbana. Isso fica evidente quando se relacionam alguns dos principais estudos sobre a expansão dos condomínios fechados. A esse respeito, Ellin (2003) e Bauman (2010) comentam que essa proliferação se dá a partir da cristalização do medo típico da pósmodernidade. Já Blakely e Snyder (1997) relacionam vários fatores, que incluem a busca por estilos de vida distintos. Svampa (2001), por sua vez, conclui, em seu estudo na Argentina, que isso implica problemas do contexto urbano, como, por exemplo, a falta de urbanidades, o que dá origem à crise do espaço público. Ademais, Duhau (2001) menciona a fraca atuação do Estado para resolver essa problemática. Por fim, Caldeira (2000) justifica o fenômeno, em grande proporção, com base na ação do mercado imobiliário. Desse modo, fica claro que estudos evidenciam o paradigma estruturalista veementemente. Ainda se chama a atenção para a quantidade de justificativas que existem referentes à fragmentação urbana, cuja causa envolve somente o Estado, a distinção, o crime etc. Kessler (2009) comenta sua preocupação com a ligação de diferentes escalas de análises, junto a este, Souza (2000) evidencia que o fenômeno se trata de um estilo de segregação que envolve o tecido social, espacial e político, elucidando assim a importância do olhar entre o global ligado ao local. Assim, este estudo procura realizar seu objetivo encarando o condomínio fechado Jardim Atlântico como um caso singular, mas que faz parte de um todo, sendo, desse modo, um elo fundamental na sua participação como estruturante e estruturador do espaço em que está inserido. Dissertar sobre o condomínio escolhido perpassa necessariamente pelo conhecimento da capital do Estado do Rio Grande do Norte, Natal, devido a sua relação.

(13) 13. simbiótica1, nos termos da Escola de Chicago. Um dos estudos mais relevantes para o entendimento da expansão recente da capital potiguar dá-se pelo estudo de Queiroz (2010). O autor cita, por exemplo, que a cidade tem apresentado especificidades no mercado imobiliário. Durante os anos 1990, segundo Queiroz (1998), o processo de verticalização aumentou, proliferando muitos condomínios de alto padrão se estendendo até a década de 2000. Somado a isso, o censo entre 2000 e 2010 mostra a população de Natal com um crescimento de 73,405 habitantes (IBGE, 2010). Baseado nas observações de Queiroz (2012), se distribuídos os habitantes a uma divisão de 3 pessoas por habitação, seriam necessárias 24.000 unidades habitacionais. Porém, o mercado imobiliário local foi além, uma vez que registrou em cartórios 32.000 unidades somente na modalidade incorporação, ou seja, foi um avanço extraordinário na construção. Além disso, deve-se considerar a tipologia dos empreendimentos, em especial, a do Condomínio Clube, construído em grande número, pois se caracterizam por empreendimentos de grande porte, em alguns casos ultrapassam 500 unidades habitacionais. O avanço construtivo foi além dos limites da capital, e se encontra atualmente bastante presente na conurbação entre Natal e Nova Parnamirim – bairro de Parnamirim RN –, mais especificamente nas avenidas Maria Lacerda e Abel Cabral. O Condomínio Jardim Atlântico está situado na Avenida Abel Cabral. Foi fundado em 2007, em pleno momento do “boom imobiliário”. É voltado para a classe média, possuindo 109 lotes de residência, com uma área de lazer coletiva que dispõe de diversos serviços típicos dos condomínios club e uma sede administrativa. O condomínio Jardim Atlântico reproduz o ambiente de cidade jardim2 e, apesar de existirem outros condomínios de residências, esse é o que mais exige custos para manutenção de padrão de vida 3 nessa avenida. Além de possuir essas peculiaridades, o motivo da escolha. 1 Consiste na interação entre meio ambiente, população e organização. 2 Faz-se referência a Garden City de Howard (1898) por conter em seu ambiente a reprodução temática da cidade integrada a vastas áreas verdes. 3 Segundo algumas entrevistas realizadas na pesquisa de Luna (2014) com proprietários de empresas de imóveis que atuam na localidade, em relação ao preço médio de um condomínio clube de uma unidade habitacional na Avenida Abel Cabral, girava em torno de 180 mil a 300 mil no ano de 2014. O condomínio Jardim Atlântico possui apenas no terreno esse valor, é acrescido ainda o valor da construção da moradia ao valor da casa e a taxa da administração..

(14) 14. também perpassa pelo fato de conseguir livre acesso ao interior para a atividade de pesquisa, que foi possível firmar com a administração do condomínio. Compreender a relação do estudo de caso do condomínio Jardim Atlântico requer uma análise sobre sua definição e a explicação de alguns processos e conceitos. Portanto, para realizar o estudo, será realizado, inicialmente, um levantamento bibliográfico. Dessa maneira, esta pesquisa pretende realizar uma pesquisa na literatura da área que se justapõe às descrições mais estruturalistas que envolvem a segregação (SOUZA, 2000; JANOSCHKA, 2002; PARK, 1987; EUFRASIO, 1999; CASTELS, 1983). Como elo entre o global e o local, usam-se alguns princípios de Bourdieu (1979) ligados ao conceito de habitus para quebrar o paradigma estruturalista. Dessa forma, a bibliografia servirá como apoio para entender a evolução das perspectivas sobre a segregação, bem como as características de sua manifestação atual, a fragmentação urbana. Além disso, o conhecimento teórico sobre pesquisas que envolvem os condomínios fechados se faz presente no apanhado bibliográfico. Com isso, delimitam-se características da natureza do termo condomínio fechado dada a cultura em que está inserido. Em seguida, vale comentar que esta pesquisa se trata de um estudo de caso de base etnográfica, ou seja, seu olhar é voltado para a vivência dentro do condomínio fechado. Dessa forma, para contemplar tal característica, este estudo tomou como base especificamente o método da observação direta. Escolheu-se tal método devido a sua facilidade em proporcionar ao pesquisador a oportunidade de registrar eventos e retratálos em determinados contextos. Para tanto, foi necessário estruturar tais observações sob dois aspectos, as formais e informais divididas em dois períodos: a primeira convenção, fase que proporciona um resgate histórico desde a ocupação do condomínio; e à segunda convenção, período em que há a ocorrência de certas definições do primeiro período. A divisão por modelos de convenções se torna importante em virtude de se considerar a transformação das regras, reflexo dos condicionantes do espaço que evidencia a lógica que se propõe ao espaço. Durante esse período, tornou-se possível realizar observações durante reuniões do condomínio, atividades físicas guiadas por instrutores certificados4. 4 Isso exclui formas de execução de exercício de maneira individual..

(15) 15. (formais), assim como das atividades espontâneas, baseadas em preferências temporais independentes5 (informais). Nesse sentido, reconhece-se que investigar o fato antropológico só pode ser levado até certo ponto. Em consideração às orientações sobre a casa urbana x cabana de Hennertz (2015), passa-se a considerar que é inerente o fato de o ser humano se desenraizar, deslocar e se fixar no espaço. A partir do momento em que o ser humano é fixado, a sua relação com a moradia e com a vizinhança é iniciada e isso pode ser conflituoso se colocado sem suas devidas assimetrias. Dessa forma, considera-se a conexão da moradia, especificamente com a preocupação em não cair no dilema casa urbana x cabana. Portanto, levando em consideração a localização do condomínio Jardim Atlântico, isto é, em meio à simbiose da mancha urbana, pode-se considerar junto ao dilema de Hannertz (2015) como uma casa urbana, no entanto, ressalva-se que ela está inserida em uma determinada cultura, civilização e modo de produção. Assim, o uso da visão da dinâmica urbana foi considerado imprescindível, sendo esta uma de suas dimensões. A vivência também pode ser considerada uma dimensão que potencialmente compõe os elos estruturadores e estruturantes, sendo possível considerando a ideia de habitus de Bourdieu (1989). Seguindo essa linha, não se trata de um aspecto inerte ou solto, a dimensão, nesse caso, conecta-se com várias outras dimensões, o global ligado ao local. Atrelada à etnografia, a observação direta será um pilar fundamental na pesquisa, pois, uma vez que o pesquisador está inserido no ambiente, possibilitou uma análise descritiva da pequena escala estudada. Nessa direção, algumas observações ligadas à literatura da Escola de Chicago se entrelaçam com a literatura de Bourdieu. Apesar de seguirem escolas de pensamentos diferentes, acredita-se que há certos conceitos ligados à questão metodológica na Escola de Chicago que podem ajudar, com as devidas acomodações, a entender as microrrelações nos bairros. Trata-se, portanto, de questões que envolvem, por exemplo, a adaptação dos indivíduos aos seus ambientes. Ademais, baseado nas técnicas para compreensão das microrrelações, adota-se o estilo de pesquisa baseada em Whyte (2005), Park (1970) e Hennertz (2015), que traçam o objetivo a partir da análise do espaço como processo e não como estrutura. Com isso, 5 Incluem-se atividades espontâneas, aparentemente influenciadas diretamente pela administração..

(16) 16. usa-se fundamentalmente a técnica de observação do cotidiano em meio a um processo em curso. Vale salientar que o uso do autor Robert Park foi devido a sua relevância sobre os estudos referentes ao cotidiano, como o seu manuseio com as de fontes primárias de pesquisa: autobiografias, histórias de vida, análise dos bairros com base nos trajetos de vida de seus moradores, sendo este último ponto analisado neste trabalho. Cabe salientar observações importantes acerca do que está sendo apresentado. É de se reconhecer que a Escola de Chicago possui uma estreita relação com a naturalização das relações sociais de modo que os fatos acontecem assim, pois a competição prevalece acima de tudo e há uma corrida por adaptação; trata-se, nesse caso, de percepções darwinistas. Essa visão é rechaçada parcialmente nesta pesquisa, partindo do princípio que os indivíduos vivem em competição, adaptam-se etc., no entanto, isso acontece também em função do movimento de processos maiores que impactam a vida cotidiana. Assim, mergulhar no mundo das relações e observar apenas as relações naturais seria negligenciar a influência dos demais agentes urbanos. Nesse, sentido, fazemos referência aos agentes e aos processos da macroescala, pois, de fato, se há competição, adaptação, assimilação de uma dada forma e em um dado momento é por também existirem estruturas que vão além das relações da microescala. Sendo assim, a observação se deu de modo que o pesquisador participou semanalmente em turnos mesclados, divididos em suas visitas, sendo uma pela manhã, três à tarde e duas pelo período da noite, totalizando cerca de um ano de observação. Nesse ritmo, procurou-se observar formas de organização legais e espontâneas, costumes relacionados ao modo de viver e, com base no discurso dos moradores, identificar sua relação com a cidade. É importante notar que a pesquisa não se limitou a fatos observados, mas também aliou algumas outras estratégias. Para auxiliar na interpretação dos comportamentos foram realizadas entrevistas com os moradores. Ao todo, foram 14 moradores entrevistados, sendo, em sua ordem, indicados pelos próprios moradores. É importante frisar que a identificação dos moradores foi realizada de acordo com o número de sua entrevista, assim preservando a identidade deles, seguindo, assim, o que foi solicitado pela administração do condomínio e pela ética. Tais entrevistas se deram de forma semiestruturada, apenas se delimitaram os eixos guias elencados como: lazer, trabalho, família e consumo, tanto de forma externa.

(17) 17. ao condomínio como interna. Isso se deu em virtude de provocar comparações entre condomínio x cidade por parte dos moradores. Também se usou da pesquisa documental sob a égide da análise de conteúdo, auxiliando, com isso, no entendimento das regras do condomínio, fato que se liga à teoria dos Campos de Bourdieu (1979). Sob essa ótica, admite-se que os Campos possuem certas regras próprias imersas a vários outros Campos. Nesse sentido, o modelo de gestão é importante para analisarmos a organização social, portanto, mapas, convenção do condomínio, regimento interno e atas de reunião serão importantes documentos que influenciam na pesquisa. Embora a análise de documentos não gere um contato do pesquisador com os moradores, é lá que são registradas as suas regras legais de convívio social esperado. Em relação à leitura, esta se inicia a partir de dois blocos: o primeiro conceitual e depois o prático. O primeiro bloco se divide em seção 1 e 2, que trará um breve resgate teórico sobre a evolução da forma, apresentando como se via a segregação até a determinação do molde atual. Fazer essa análise possibilitou caracterizar o fenômeno da fragmentação urbana pontualmente na América Latina. A segunda seção também diz respeito a uma delimitação, nesse caso, para explicar o que viria a ser um condomínio fechado nos moldes brasileiros. Acredita-se que essa diferenciação ajuda a evitar incorporar características únicas de um dado modelo de condomínio fechado em outro contexto. O segundo bloco consiste em uma análise mais voltada para o espaço empírico. Portanto, para fins didáticos, a seção 3 procura mostrar ao leitor a formação do espaço estudado com base nos fatores que levaram à migração para o bairro de Nova Parnamirim/RN e que culminou na sua formação. Com base nisso, a seção 4 é totalmente dedicada à análise do campo, nele, procura-se evidenciar a trajetória da pesquisa com o auxílio da teoria dos Campos e Habitus de Pierre Bourdieu (1989).

(18) 18. 2 REFLEXÃO HISTÓRICA: SEGREGAÇÃO A FRAGMENTAÇÃO URBANA. O termo fragmentação urbana tem sido referenciado no que tange às características das cidades contemporâneas de maneira bastante abundante na literatura acadêmica. O que chama atenção é a sua capacidade de revelar múltiplos sentidos em seu termo, muitos desses relacionados ao espaço, à economia, à política e também ao aspecto social. À primeira vista, analisando Lambony (2004 apud CHETRY, 2014), o termo fragmentação urbana conecta dinâmicas importantes que parecem estar relacionadas ao conceito geográfico de vetores de metropolização, consequentemente envolvendo questões de mobilidade e dispersão. No entanto, a generalidade do emprego desse termo promove um sentido amplo. Dessa maneira, Chetry (2014) comenta que o termo foi alojado na pesquisa urbana sem antes haver uma reflexão sobre seu uso. É crescente a utilização do termo quando se refere a novos padrões de segregação nas cidades, muitas vezes envolvendo a dispersão nas periferias em virtude da tipologia habitacional, o condomínio fechado. Reconhecendo isso, esta seção tratará de caracterizar o termo fragmentação urbana no contexto latino-americano, especificamente no Brasil, na área urbana da grande Natal, no Rio Grande do Norte. No entanto, não é possível deter-se apenas nisso, sendo necessário ainda ater-se ao objetivo de construir, a partir da caracterização do conceito, a relação entre espaço e sociedade, considerando a perspectiva de que o espaço não é somente o reflexo das outras dimensões (economia, política, social) mas também é uma dimensão que determina as outras. Conforme Carlos (2007, p. 39) coloca, “as relações sociais se realizam na condição das relações espaciais”..

(19) 19. Sendo assim, trataremos especificamente sobre a relação do chamado novo padrão de segregação na cidade contemporânea, caracterizado pela presença de condomínios fechados nos centros e nas periferias da cidade, tornando-a supostamente fragmentada (CALDEIRA, 2000, p. 30). De certo, muitas análises, como a de Silva (2009), trabalham a questão a partir de explicações espaciais. No entanto, atenta-se para a possibilidade de negligenciar certos aspectos relacionados às microrrelações sociais e espaciais. A esse respeito, afirma-se que os condomínios estão entre os responsáveis pelo fenômeno da fragmentação urbana, sendo que não há propriamente a caracterização exata de como isso atinge a cidade do ponto de vista comportamental. A conclusão acontece sobre o olhar espacial, mas se considerarmos as relações sociais, algo muda? Em relação à apropriação, o que poderia estar envolvido? Sabemos muito sobre os efeitos, mas ainda se deve melhorar o entendimento sobre as causas, perguntas como o que acontece no intramuros acaba reforçando os sintomas, tal como a perda do espaço público? Essas são questões ainda bastante difusas, caindo muitas vezes no “conto da Aldeia6” (HANNERZ, 2015). Sobre o campo da pesquisa, o condomínio estudado está situado em uma zona de conturbação, o que também caracteriza o perfil desse novo padrão de segregação por estar na região periférica. Muito se discute sobre o crescimento da cidade sendo consumado nessas zonas de conurbação. De fato, essa ligação causa um acirramento da organicidade das relações do espaço para além dos limites administrativos da cidade. A discussão sobre cidade e urbano, então, ganha importância na medida em que há essa organicidade. Mas se considerarmos as barreiras impostas, inclusive as institucionais, dentro do esquema desse novo “padrão” a complexidade vem à tona. Portanto, para a construção desta seção será necessário exibir a discussão da concepção de cidade e de urbano como campo de múltiplas dimensões, bem como a questão histórica da segregação para direcionar o termo fragmentação nesta pesquisa.. 2.1 A CIDADE E O URBANO: AS MÚLTIPLAS DIMENSÕES. 6 Faz-se referência ao dilema da casa urbana x cabana..

(20) 20. A discussão sobre o espaço urbano está inserida em uma gama de visões e formas de elaborar métodos de análises, quer seja quantitativa quer qualitativa. Em um período recente, após os anos 1970, Abreu (1994) comenta que o planejamento territorial era o cerne da resposta sobre os estudos geográficos a respeito da cidade, técnica difundida entre os geógrafos, arquitetos urbanistas etc. Tais pesquisas procuravam buscar padrões espaciais usando traços da teoria, destaque para a neoclássica e, mais tarde, para os marxistas. Oliveira (2013) comenta que esse movimento era caracterizado pelo “quantitativismo”, sendo aplicado pelo método dedutivo. Ao passar dos anos 1970, Abreu (1994) menciona um período de transição importante encabeçado pela crítica de David Harvey à teoria neoclássica, por meio da incorporação de ideias relacionadas ao pensamento marxista, especificamente no que concerne ao materialismo histórico dialético. É nesse período que surge a definição dos processos espaciais envolvendo o conceito de vetores de metropolização. Ademais, aspectos importantes foram reformulados sob a influência do papel neoliberal7, tais como análise do papel do Estado, expansão urbana, descentralização, centralidades, segregação urbana etc. O materialismo histórico procurou dar explicações baseado nos aspectos históricos, engendrando a ideia da produção social do espaço. Durante esse processo, a discussão sobre o que é cidade e o que é urbano ganha ainda mais destaque, pois seria esse um dos alicerces para as análises do espaço urbanizado. Como exemplo, temos a conceituação de Lencioni (2008 apud OLIVEIRA, 2013, p. 12), que comenta: “Mantém-se [sobre a cidade] as ideias de aglomerado, sedentarismo, mercado e administração pública, que parecem constituir referências importantes na conceituação de cidade”. Nesse sentido, ainda temos a definição de Souza que generaliza as características de qualquer cidade, quando afirma: “Cidade é o lugar de mercado, é uma localidade central, é predominantemente um espaço de produção não agrícola e é um centro de gestão do território” (SOUZA, 2003, p. 26). Em uma análise bastante fecunda sobre a cidade, podemos citar Lefebvre (1999), quando afirma que a cidade é a materialização da força produtiva que acontece em meio à reunião de trabalhadores de obras, de trabalhos técnicos ou dos meios de produção, o que acaba intervindo no seu crescimento. “A cidade se torna, no curso da história, o lugar 7 Sobre tais reformulações, podemos citar a retração do Estado e a privatização de suas instituições..

(21) 21. privilegiado onde se elaboram as relações de produção, onde se manifestam os conflitos entre as relações de produção e as forças produtivas” (LEFEBVRE, 1999, p. 91-92). Podemos inferir, com base nisso, a forte influência da perspectiva geográfica. No entanto, as observações de Lefebvre colocam nossa visão sobre outro patamar, considerando a dimensão do conflito. Assim, na análise da cidade, sua materialidade é revelada em função de algo mais elementar, que seria pelas relações sociais que lhe dão corpo. Essa suposição nos permite considerar que a cidade é campo do produto social, seu trabalho se materializa e se acumula ao longo do tempo. Expressa também a vida humana como razão e produto da realidade espacial. Essa se incorpora às ações do passado e aponta possibilidades para a vida cotidiana. Esse raciocínio é apresentado também por Sposito (1997) ao colocar a cidade como o somatório de seus momentos históricos. Ampliando a perspectiva marxista, Lojkine (1997) coloca em evidência uma perspectiva mais aproximada, a intraurbana. A esse respeito, explica que a cidade é vista como espaço que possui valores de uso complexo, os quais são articulados por diferentes valores de uso presentes na cidade. A reunião desses valores provoca uma nova dinâmica estruturadora, as localizações. Essas, por sua vez, aparecem como ponto importante para análise do que seria a segregação espacial e o mercado de terras, visto que esses valores se tornam lucrativos. Portanto, em uma vasta gama, os conflitos citados podem ser materializados na disputa para o desenvolvimento de mais localizações que podem ganhar valores de troca altíssimos e, com isso, mais seletividade. Considerando as ideias expostas, percebe-se que até para conceituar o termo cidade a gama de objetos a ser levada em consideração perpassa a ideia de espaço físico. De fato, cidade e urbano perpassam pelo espaço físico, mas a discussão torna-se muito complexa sob esse aspecto. Assim, para além da questão espacial, o fluxo capital aparece também de forma bastante importante. No determinar da intenção, também cria uma gama de possibilidades individuais de mercado. As contradições do processo de produção espacial [...] é dirigida a uma fração pequena da sociedade, conduz à degradação do meio ambiente e das condições de vida, e concorre para a articulação e organização da população na luta por seus direitos. Assim, no embate entre essas forças do que é bom para o capital e do que é bom para a sociedade, o espaço urbano se (re) produz (CARLOS, 1994 apud OLIVEIRA, 2013, p. 47)..

(22) 22. Dessa forma, levando em consideração o que vimos, podemos pensar a cidade como espaço que se torna palco das relações de produção e de força de trabalho, mas o conflito não se encerra propriamente na disputa de espaços. Observando o que afirma Correa (1991, p. 6): Eis o que é espaço urbano: fragmentado e articulado, reflexo e condicionante social, um conjunto de símbolos e campo de lutas. É assim a própria sociedade em uma de suas dimensões, aquela mais aparente, materializada nas formas espaciais.. Conforme o autor propõe, toda discussão sobre o espaço nos remete à ideia da condição social. No entanto, essa é uma das dimensões da sociedade, devem-se considerar ainda, o campo do conflito social, a luta simbólica, as razões que envolvem uma microescala como influenciadoras da grande dinâmica urbana. Assim, se o espaço urbano é segregado ou fragmentado, quais fatores de determinadas formas de organizações, em linhas gerais, corroboram para influenciar dialeticamente a cidade de forma local e/ou global? Trazendo a discussão para a perspectiva da habitação, podemos destacar o debate sobre os condomínios fechados. Ao analisar a estrutura dos vetores de metropolização, o resultado da produção ao longo do espaço serão produtos físicos, tais como: grandes comércios, ruas, empresas, residências verticais ou horizontais, em suma, elementos que constituem as localizações. Dessa maneira, podemos dizer que outra característica geral dos estudos sobre a habitação perpassa pela questão de sua estruturação e seu funcionamento. Tal funcionamento pode ser visto por diferentes ângulos, que abrange diversas visões destacando-se a ecológica, a neoclássica e a marxista. Em linhas gerais, considerando suas diferenças, a discussão se resume, grosso modo, em entender a habitação sobre dois grandes aspectos, o do equilíbrio e o do conflito. Segundo Farret (1985), podemos dizer que há uma função à qual correspondem essas perspectivas, o equilíbrio está muito ligado à questão da competição individual e ao conflito em torno do jogo do poder. Considerando os termos apresentados sobre cidade e sobre urbano, adotaremos para análise a natureza do conflito inerente ao método dialético presente nas análises no Brasil. Junto à perspectiva da habitação, existe a cidade, palco das dinâmicas sociais e do capital; e, como produto, temos a produção de valores de uso que ganham valor de troca culminando na criação das localizações. Em tese, esses espaços são bastante.

(23) 23. cobiçados e, por isso, ganham alto valor, que, por sua vez, pode ser um dos motivos para o desenvolvimento da segregação socioespacial. Segundo Villaça (2001), a segregação referida se traduz na dominação da classe mais favorecida sobre a menos favorecida, sendo essa apropriação diferenciada das vantagens e desvantagens dos demais espaços urbanos. Conforme Rodrigues (1988 apud OLIVEIRA, 2013), seria produto do conflito entre a produção social da cidade a apropriação particularizada com base na terra privada. Nas metrópoles brasileiras, essa corrente afirma que, nos casos de segregação socioespacial, tão marcantes no país, as elites procuram se concentrar num determinado setor da cidade. Desse modo, buscam, por meio de sua influência, atrair mais investimentos oriundos do recurso público para seu espaço. Segundo Villaça (2001), a tal concentração culmina no controle sobre determinada região a ponto de, por meio do controle dos equipamentos urbanos, sejam eles centrais ou não, atrair a força de trabalho para seu espaço, minimizando custos como deslocamentos etc. Dessa maneira, entendese que, por objetivo de ilustração de um papel geral da dominação na cidade, a corrente cumpre suas expectativas. No entanto, seria sempre o ponto chave para entender a fragmentação? O primeiro ponto que se destaca é que em uma relação, que podemos chamar de organizacional, as estruturas do Estado junto aos mecanismos de fluidez do capital são levadas corretamente em conta. No entanto, se pensarmos em uma microescala, encontraremos aporte para outras disposições organizacionais, tais como as pequenas instituições e seus efeitos no comportamento. Para podermos delimitar melhor essa questão, será necessário esclarecer ainda mais alguns pontos sobre a segregação socioespacial.. 2.2 SEGREGAÇÃO SOCIOESPACIAL: REFLEXÕES SOBRE SEUS FUNDAMENTOS NA CIDADE CONTEMPORÂNEA. Como clássico dos estudos sobre a segregação urbana, encontramos Marcuse (2004). Baseados nesse autor, colocamos como ponto principal de análise a maneira de se enxergar a segregação e sua disposição espacial na cidade. Dessa maneira, podemos citar três tipos de segregação, a saber: (i) a segregação cultural, que se dá a partir de diferença cultural, geralmente ligada a costumes de países ou de regiões diferentes, tais como: língua, religião etc.; (ii) a divisão funcional leva em consideração a divisão.

(24) 24. econômica, é comum isso se ligar à funcionalidade do espaço, como, por exemplo, áreas industriais e rurais; e (iii) a divisão por diferença de status hierárquico seria aquela que reflete a luta do poder na cidade. Esta última será escolhida como o interesse desta pesquisa, pois acreditamos que o condomínio fechado é uma exemplificação. Quando se analisa a segregação sobre o status hierárquico, as pesquisas tomam automaticamente seu desenrolar por meio do termo segregação residencial socioeconômica. “Na realidade latino-americana, é consenso entre os pesquisadores que o padrão característico de estruturação das grandes cidades é o da segregação socioeconômica” (SABATINI; SIERRALTA, 2006; VIGNOLI, 2001; VILLAÇA, 2001). De certo, a preferência por essa determinação se dá em função da escolha pelo modelo marxista predominante. Nesse caso, poderíamos relacionar esse modelo de segregação simplesmente por variáveis econômicas? Com base na história, tornou-se possível enxergar alguns modelos que propõem observações pertinentes para análise da segregação urbana. Nesse sentido, Correa (1991) coloca que as análises sobre o espaço urbano referentes à segregação foram engatilhadas a partir do modelo de Kohl em 1841, que determinava que a cidade europeia poderia ser analisada por meio de anéis concêntricos em que os pobres residiam na periferia. Nessa mesma guinada, os estudos da Escola de Chicago ganham destaque com base no modelo Burgess, já no século XX. Ainda sobre o olhar dos anéis concêntricos, o modelo propõe uma identificação importante para este estudo: haveria um avanço das camadas mais pobres para os centros deteriorados e a burguesia passaria a ocupar os subúrbios, motivada pela busca da qualidade de vida e pela segurança. Essa alteração da dinâmica de ocupação era explicada por meio da ideia do darwinismo social, que foi representado como movimento natural em função da disputa por espaços em que os mais ricos podem possuir força necessária para se isolar dos pobres, em função de acompanhamentos mais próximos das relações na microescala. Portanto, se havia um gueto, eram encontradas as formas de seu funcionamento e as causas que culminam em sua segregação na cidade. Diante do exposto, destacamos os modos possíveis de separação entre ricos e pobres. Nessa direção, os ricos podem também residir nos subúrbios em busca de qualidade de vida. Desse modo, o acompanhamento mais aproximado das causas da segregação não leva em conta somente o aspecto econômico mas também o das relações sociais e o funcionamento das instituições..

(25) 25. Com o tempo, o modelo de Burgess foi criticado e substituído pela alternativa de Hoyt. Chamado de modelo setorial, a segregação não era vista necessariamente a partir dos extremos (centro e periferia), mas pela setorização, de forma que as áreas mais amenas eram ocupadas pela classe mais ricas enquanto que, diametralmente, as mais pobres se alocavam. Dessa maneira, extrai-se o terceiro ponto importante sobre os modelos clássicos, especificamente o de Hoyt, a possibilidade de ricos e pobres se alocarem em áreas diametralmente opostas. Em uma perspectiva mais contemporânea, podemos citar Villaça (2001), que se baseou nos modelos citados para propor sua visão da segregação urbana. Considerando o controle das classes mais altas sobre os valores de uso, culminando na valorização de serviços, o autor mostra que existem três esferas que podem corroborar para isso, quais sejam: 1.. Forte influência no mercado imobiliário que pode decidir investir em. bairros onde as classes altas desejam; 2.. Influência na esfera política na localização da infraestrutura, nos aparelhos. do Estado, no controle da legislação e na ocupação do solo; 3.. Desenvolvimento de ideologia do espaço urbano, fazendo ser aceitável. para os mais pobres determinadas estruturas que beneficiam os mais ricos. Destaca-se, também, o quarto ponto importante, que é a criação de uma ideologia do espaço que, diante do conflito urbano, parece ser aceitável até para as classes menos favorecidas. Novamente citando a década de 1970, sabemos que a ideia de segregação marxista ganhou novos contornos. A esse respeito, Castells (1983) coloca que toda essa dinâmica é fruto e reflexo da distribuição espacial das variadas classes, englobando determinações políticas, econômicas e ideológicas. Assim, fica definido segregação para o autor como “a tendência à organização do espaço em zonas de forte homogeneidade social interna e com intensa disparidade social entre elas, sendo esta disparidade compreendida não só em termos de diferença, como também de hierarquia” (CASTELLS, 1983 apud OLIVEIRA, 2013, p. 56). No contexto sul-americano, a definição de Carlos (2007) enfatiza o viés da segregação urbana na cidade contemporânea, como a negação do urbano em função da escolha pelo aspecto privado em detrimento do público. Nesse contexto, ainda aparecem como destaque Sabatini e Sierralta (2006), que tratam das fases da espacialização da segregação na mesma sequência da apresentação dos modelos clássicos. No entanto, de.

(26) 26. 1990 aos dias de hoje, os autores comentam que há um novo modelo de segregação se constituindo com um novo padrão, chamado de fractal, tendo por característica os condomínios fechados que aparecem e são bastante explorados por Caldeira (2000). Neste estudo, Caldeira (2000) identifica três modelos de segregação na cidade de São Paulo. O primeiro se estabelece entre os anos 1900 até 1940, quando a cidade era caracterizada por haver um núcleo central que reunia ricos e pobres. Apesar disso, a segregação era percebida de outras formas, como nos padrões de residências. O segundo corresponde ao período de 1942 até 1980, nesse caso, a cidade aparece conforme as características de Correa (1991), isto é, com aumento das distâncias físicas, tinha-se a periferia pobre e o centro rico. No entanto, é a partir de 1980 que se dá o “avanço” da classe pobre para áreas próximas aos bairros de prestígio e a atenuação da criação aglomerados subnormais8. Assim, fica marcada a criação de uma espécie de fratura que seria presença, no grande espaço de alta renda, de estratificações sociais menos favorecidas. Ao relacionar o modelo fractal e os padrões observados, verificamos que o processo é similar àquilo identificado por Hoyt, de modo que a escala geográfica de análise passa a ser reduzida em função da maior setorização, contraposta em termos de presença de classe social, dos espaços, o que torna as escalas ampliadas, por vezes, pouco explicativas em relação aos microterritórios. “[...] há uma mudança no padrão de segregação da escala metropolitana para a microescala (intra-urbana), embora a segregação em grande escala (metropolitana) não deixe de existir (OLIVEIRA, 2013, p. 59). Dessa maneira, Sabatini e Sierralta (2006) destacam que a mudança para o padrão fractal está estritamente ligada à expansão imobiliária, especificamente na existência de condomínios fechados, inicialmente nas áreas tradicionais até as periferias, evidenciando a alteração da estrutura interna nas cidades também na América do Sul. O modelo fractal está também diretamente relacionado à auto segregação das classes mais altas, esfacelando a ideia de centro periferia. De acordo com Oliveira (2013), além das características citadas, o modelo fractal pode ser ainda explorado sob o viés do distanciamento sociocultural em função da exclusividade desse modelo de habitação. Nesse sentido, Villaça (2001), embora seja adepto da análise dos grandes espaços, ressalta que, para esse modelo vigorar, é necessária a mobilização de uma grande força de coerção. 8 Termo usado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística que diz respeito a favela.

(27) 27. para que haja uma supremacia que também envolve a questão relação social no espaço em que os indivíduos vivem. A discussão nos leva às seguintes constatações em torno da relevância histórica da discussão sobre a segregação urbana: a cidade deve ser necessariamente campo das lutas antagônicas, isto é, quando se fala especificamente sobre a terra urbana, a disputa se dá em torno das localizações; a análise espacial se mostra relevante para estudar essa dinâmica, mas, especificamente, seu sucesso se deu em virtude de uma necessidade de se ter um panorama geral determinado por modelos, especificamente pelo “padrão centro e periferia”, elencado pelo fator econômico que objetiva a luta de classes. Após a constatação de sua variedade setorial, ou seja, a quebra dos padrões dos modelos de localização, surgiram casos, por exemplo, de bairros onde residem famílias de grande poder aquisitivo, mas não estão necessariamente em um centro rico, pode estar no centro pobre ou de periferia rica. Além disso, nem sempre esses bairros dispõem de todas as estruturas9 que os tornariam valorizados. Observamos essas situações considerando que a ideia da categorização a partir do viés econômico se torna contestável. Ao observarmos os modelos propostos pela Escola de Chicago, isto é, sua aproximação com os estudos das relações sociais, sente-se uma mudança relevante na leitura do espaço, tal como os aspectos relacionados à estabilidade, à localização espacial, à interdependência entre os indivíduos etc. Considerar isso ratifica a aplicação automática do modelo centro periferia, surgindo, assim, a necessidade de se trabalhar outra proposta, a qual pode ser o modelo fractal. Este modelo está relacionado a autrosegregação das camadas de alta/média renda, que substitui distâncias físicas pelo uso exacerbado de aparatos de segurança arquiteturais e tecnológicos que garantem distanciamento sociocultural. Para ser mais objetivo, este modelo, no que tange à segregação residencial, pode ser visto a partir de três dimensões, de acordo com o que destacam Sabatini e Sierralta (2006 apud SANTOS, 2013, p. 61): A segregação social do espaço urbano, ou segregação residencial, apresenta, a nosso ver, três dimensões principais: a) a tendência de certos grupos sociais em concentrar-se em algumas áreas da cidade; b) a conformação das áreas com alto grau de homogeneidade social; e c) a percepção subjetiva que se forma sobre o que é segregação “objetiva” (as duas primeiras dimensões), tanto para os que pertencem a bairros ou grupos segregados, como para os que estão fora deles. [...]. Enquanto a primeira trata o grau da concentração ou a dispersão de cada grupo na cidade, a segunda examina cada área, em termos da homogeneidade ou heterogeneidade social que a caracteriza. A primeira. 9 Ex: saneamento básico.

(28) 28. analisa grupos sociais em termos de sua posição espacial, e a segunda, as áreas da cidade com relação a sua composição e dinâmica social.. Nessa perspectiva, o que se torna relevante para esta pesquisa é exatamente o segundo viés, que se relaciona à composição e à dinâmica social. É do desenrolar dessa visão que emerge o termo “fragmentação”, empregado sob diferentes abordagens. Sabese que a cidade, por natureza, é fragmentada e articulada. Entretanto, em relação ao fenômeno da fragmentação, como podemos observar a presença de diferenças? É necessário explorar a ideia para reflexões para que haja avanço.. 2.3 FRAGMENTAÇÃO. A fragmentação urbana pode ser vista sobre dois aspectos gerais, aquela definida por Salgueiro (1998), que gira em torno de questões, como os aspectos estruturais visíveis10, físicos, políticos, econômicos, de forma separada. No entanto, chama-se atenção para a definição de Souza (2000), que indica que a fragmentação pode ser também percebida englobando os aspectos social, político e espacial (sociopolítico-espacial). Partindo dessa premissa de Souza (2000), a dimensão política representaria a ideia do poder. Desse modo, as fronteiras não seriam em torno das delimitações organizacionais, mas sim, sob o aspecto do poder. Este, por sua vez, seria evidenciado nas diferentes territorializações na cidade, que tem o potencial de encarar o controle estatal. Sob o olhar do autor, a referência ao controle estatal emerge na exemplificação em torno da discussão sobre a precariedade da periferia, especificamente a favela, na qual certos grupos, desafiantes da lei, impõem regras para garantir a convivência de forma “pacífica”. Ademais, a fragmentação, nos termos de Souza (2000), pode ser também referenciada na territorialização dos mais ricos. Nessa perspectiva, Santos (2013) comenta que esses espaços possuem regras de convivência legalizadas, no entanto, chama-se a atenção para a conivência do Estado para a legitimação de tais regras. Souza (2000) alcunha de “comportamento escapista” e ainda adiciona a característica da busca. 10 Esse aspecto corresponde à materialização dos grandes temas elencados..

(29) 29. pelas periferias da cidade. O escapismo dá-se especificamente pela busca por residências afastadas do grande centro urbano, como alguns condomínios fechados. Na América Latina, autores como Janoschka e Glasze (2003) fazem uma análise mais aprofundada sobre o recente fenômeno. Nessa direção, propõem três modelos analíticos para se estudar cidades assim. O primeiro é categorizado pela fragmentação ser essencialmente físico-material, seu esfacelamento está ligado à crescente construção de corpos urbanos independentes, ou seja, com acessos restritos provocando rupturas na mancha urbana. Tais rupturas são evidenciadas conforme a conduta que o espaço propõe. O segundo ponto é o da fragmentação social, que se entende na dificuldade do engajamento comum. No entanto, chama-se a atenção para que a análise sob o aspecto social não seja realizada de forma independente, pois se acredita que essa é uma consequência do primeiro modelo. Entre seus efeitos está a evidencia da vida organizada contrária à rua pública, por conseguinte, evitando o contato com a diferença. Já o terceiro ponto é a fragmentação político-territorial. A esse respeito, os autores comentam que está relacionado à extensão de serviços comunitários voltados para dentro desses espaços, prejudicando assim o transporte de massas. Vale salientar que essa analogia parece ser similar à definição de Souza (2000), quando destaca que certas regras do Estado passam a existir paralelamente com outras de interesse privado. Sendo assim, percebe-se que os autores Janoschka e Glasze (2003) focam o termo sobre o aspecto físico e territorial, enquanto que Souza abrange o aspecto político e, em certa medida, cultural. Entretanto, apesar da diferença, os autores concordam com a ideia de espaço rompido, e por esse motivo estaria ligado à ideia de negação da cidade. No Brasil, o conceito é bem explorado no trabalho de Zandonadi (2008), que procura estudar a periferia da cidade de Marília. O autor investiga a ideia e propõe uma concepção voltada para cidades brasileiras. Por fragmentação físico-material entende-se que é o fenômeno expressado pela criação dos condomínios horizontais que constituem barreira física e provocam rupturas em continuidades urbanas. Esses espaços procuram controlar a circulação de pessoas, suas unidades são independentes e possuem aparelhagem de segurança reforçada. A terminologia da fragmentação sociopolítica e espacial está ligada à dimensão política. Esse poder se dá também por meio da crescente opção pela administração privada no quesito serviços coletivos, regras de convivência (SANTOS, 2013). Vale.

(30) 30. salientar que essa concepção se restringe mais aos condomínios fechados, objeto desta pesquisa. A última categoria é a funcional que se expressa na dispersão das residências voltadas para as camadas mais ricas, o que, por conseguinte, dispersa também as áreas de comércio e, por fim, acaba culminando no aparecimento de novas centralidades.. 2.4 CONCLUSÃO PARCIAL. Diante do exposto, a ideia que diz respeito à fragmentação foi comentada nos termos de Janoschka e Glaze (2003) e Souza (2000). No entanto, para a contextualização do uso desse termo na contemporaneidade, faz-se necessário realizar um apanhado sobre as correntes de estudos da segregação urbana. Sendo assim, nesta seção, procurou-se analisar as diversas teorias sobre segregação socioespacial. Situar essa questão tornou-se imprescindível para a caracterização dos perfis das cidades latino-americanas. Do ponto de vista teórico, observa-se que, a partir de uma análise da bem datada segregação, consegue-se evidenciar um modelo presente na contemporaneidade, que se trata do padrão fractal. Acredita-se que esse modelo possibilidade de se articular com a ideia de fragmentação urbana. Como resultado dessa articulação, vê-se o crescimento de condomínios fechados normatizados que, do ponto de vista espacial, causam uma fratura no tecido urbano, permitindo que as classes sociais possam estar próximas e ao mesmo tempo bastante distantes. É justamente por esse viés que a definição de Janoschka e Glasze (2003) e Souza (2000) apontam que é necessário saber articular as etapas de seus modelos para poder entender como um condomínio fechado pode estar contribuindo, sob o aspecto de suas relações sociais, para o acirramento da fragmentação urbana. Se pelo viés da segregação ainda temos a estratificação social, por outro, temos a criação de barreiras físicas e simbólicas por meio desses novos empreendimentos, que vêm comandando a estruturação das metrópoles. Dessa maneira, uma vez elencadas tais informações, foi estabelecido nesta pesquisa o padrão fractal como modelo vigente de segregação. Tal modelo se articula com a ideia de fragmentação urbana proposta e que, em seu seio, tem como característica a proliferação dos condomínios fechados residenciais e comerciais. Sobre a tipologia residencial, sabendo que é a característica marcante dessa composição, as próximas seções deste trabalho serão dedicadas à exploração de sua gênese histórica. Mas, afinal,.

(31) 31. o que seria um condomínio fechado residencial? Surge da mesma maneira em toda localidade?. 3 CONCEITUAÇÕES GERAIS SOBRE CONDOMÍNIOS. A tipologia habitacional denominada condomínio pode ser assinalada como algo não recente na história e está sofrendo forte expansão mercadológica em muitas cidades desde o século XX. Fortificação pode ser o termo que se transmutou diante de diversas eras na história humana, tal como feudo, cidadela, fortificação e atualmente condomínio fechado. Para definir exatamente do que se trata esse termo, devem-se considerar algumas importantes observações. Geralmente a ideia do que seria o condomínio é bastante difundida por meio das ações de publicidade que envolvem promotores imobiliários, panfleteiros e até mesmo a televisão. A literatura acadêmica revela que o “condomínio” é um termo abrangente11. Em linhas gerais, pode-se entender que são um produto cujas vantagens, cada vez mais, são exploradas pela propaganda diante de um suposto ambiente urbano. Sob essa ótica, esta seção tem como objetivo elucidar as diferenças entre as diversas expressões conceituais sobre o que é um condomínio fechado. Assim, será vista uma conceituação básica sobre como se pensa geralmente sobre esses espaços, seguida de algumas definições exploratórias de base conceitual literária e legal. Por fim, serão. 11 Abrangente no sentido de tentar levar todas as suas características em um único filtro de resposta..

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