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Demografia histórica e história das mulheres

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Academic year: 2021

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DEMOGRAFIA HISTÓRICA E HISTÓRIA DAS MULHERES12

Ana Silvia Volpi Scott

CONSIDERAÇÕES GERAIS

A mesa redonda proposta pela coordenação do GT População e História, da Associação Nacional de Estudos Populacionais, no VIII SNHP, apresenta uma questão pertinente, não só em termos de História da População, como de forma mais abrangente, para pensarmos a contribuição dada para o próprio campo da História.

Creio que podemos dizer que há um consenso sobre os ganhos que a produção historiográfica, que veio a público nas últimas cinco ou seis décadas, alcançou a partir do nascimento e da consolidação da Demografia Histórica.

Por outro lado, a inflexão e o crescente interesse pelo estudo da população em perspectiva histórica inserem-se num contexto mais alargado que ampliou os territórios da História e, por conseguinte, os campos de atuação dos(as) historiadores(as). É nesse marco abrangente que se entende a afirmação feita por Rachel Soihet, nos finais dos anos 1990, que asseverava que a grande reviravolta da história nas últimas décadas, debruçando-se sobre as temáticas e grupos até então excluídos do seu interesse, contribuía para o desenvolvimento dos estudos sobre as mulheres (SOIHET, 1997, p. 275).

Um dos grandes impulsos para essa virada está vinculado à Escola ou Grupo dos Annales, ainda que o tema das mulheres não tivesse sido prontamente incluído na historiografia produzida pelos seus integrantes. Inclusive a própria incorporação da participação de historiadoras no grupo se deu apenas na chamada “terceira geração”:

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Trabalho apresentado no VIII Simpósio Nacional de História da População, realizado no Nepo/Unicamp, em Campinas, SP, entre os dias 16 a 17 de outubro de 2019.

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Mesa Redonda – O potencial de reinterpretação da demografia histórica para a história da população.

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A terceira geração é a primeira a incluir mulheres [...] Os historiadores anteriores dos Annales haviam sido criticados pelas feministas por deixarem a mulher fora da história, ou mais exatamente, por terem perdido a oportunidade de incorporá-la à história de maneira mais integral, já que haviam obviamente mencionado as mulheres de tempo em tempo [...] Nesta geração, contudo, a crítica torna-se cada vez mais improcedente. Georges Duby e Michelle Perrot, por exemplo, estão empenhados em organizar uma história da mulher em vários volumes (BURKE, 1991, p. 56).

De fato, Duby e Perrot organizaram a obra que é um marco na historiografia, “A história das mulheres no Ocidente”, publicada no início dos anos 1990 na França (DUBY; PERROT, 1992), que foi traduzida em várias línguas, tendo uma versão em português, publicada em 1993.

Na missão de dar visibilidade às mulheres nos estudos de História, além da produção historiográfica no âmbito da escola dos Annales, tiveram impacto, ainda na década de 1960, as correntes revisionistas marxistas, engajadas no movimento da história social. A contribuição se deu ao assumirem como objeto de estudos os excluídos, as massas populares e também as mulheres. Nesta perspectiva da “história vista de baixo”, destaca-se a preocupação com a análise dos processos históricos focados na “massa dos esquecidos” como defendia, entre outros E. P. Thompson (1966). Aliás, nessa empreitada tem papel de destaque a contribuição de Natalie Zemon Davis, em vários trabalhos, entre outros o artigo publicado no Feminist Studies (1975)3.

Foi nesta efervescência da produção historiográfica, a partir de meados do século XX, que a Demografia Histórica se consolidou como campo específico, através das fontes que priorizava e das metodologias que valorizou e introduziu. Foi a Demografia Histórica que deu as condições para que, sobretudo, historiadoras e historiadores, pudessem avançar no estudo de novos objetos e de novos problemas, incluindo aí, a família, as crianças, as mulheres ou, de maneira mais ampla, os “excluídos” da História.

Portanto, a pertinência dessa discussão se vê reforçada, pois a mesa proposta coloca no centro do debate o potencial de reinterpretação da História da População/ ou da História, determinando como eixo as relações, quase que simbióticas existentes entre a Demografia Histórica, a História da Família (escrava ou não) e a História das Mulheres. Aí, surge uma primeira questão: na produção da

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É necessário não esquecer também a importância do movimento feminista para o surgimento e consolidação desse campo da história das mulheres, mas entrar nessa seara escapa ao enfoque que se quer privilegiar aqui.

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Demografia Histórica brasileira é possível analisar isoladamente esses novos objetos?

É um fato que há uma relação forte e intensa entre eles. Por isso, em alguma medida, eu e meus colegas de mesa poderemos ter visões/interpretações semelhantes ou que caminharam na mesma direção.

Para adentrar na questão que é objeto da mesa vale, de início, refletir

sempre sobre a pluralidade intrínseca dessas temáticas: tratamos de “famílias” e

“mulheres”. Podemos dizer que essa afirmação é um segundo consenso: a completa inadequação de usar o termo família ou mulher, no singular. Discute-se e analisa-se, portanto, a História das Mulheres já que é impossível dissociar o seu estudo das diferentes e desiguais condições associadas a elas, seja em relação à posição social/jurídica, étnica/racial, etc.

Soihet argumenta, inclusive que, no âmbito da História Social, nos anos 1970, houve inicialmente a suposição de uma categoria homogênea: as pessoas biologicamente femininas que se moviam em contextos e papéis diferentes, mas cuja essência, como mulher, não se alterava. Posteriormente, tensões se instauraram no campo da História e se combinaram para questionar a viabilidade da

categoria das mulheres para introduzir a “diferença” como um problema a ser

analisado. Portanto, de uma postura inicial em que se acreditava na possível identidade única das mulheres, se firmou a certeza de existência de múltiplas identidades (SOHIET, 1997, p. 277).

Além disso, é importante também lembrar que um tema muito abordado foi a discussão relativa à passividade da mulher frente à sua opressão, ou da sua reação às restrições de uma sociedade patriarcal. Duas vertentes se estabeleceram com base nessa perspectiva: uma história miserabilista (mulheres espancadas, enganadas, humilhadas, violentadas, sub-remuneradas, abandonadas, loucas ou enfermas), que se contrapunha à vertente que colocava em evidência a mulher rebelde, viva ativa, sempre tramando, imaginando mil astúcias para burlar as proibições, para atingir seus propósitos (SOIHET, 1997, p. 278). Contudo, logo ficou evidente a necessidade de visualizar toda a complexidade envolvida, procurando dar conta das diversas dimensões da experiência histórica das diferentes mulheres.

Nessa busca é que evidenciou a necessidade de se focalizar as relações entre os sexos e na categoria gênero, que insiste no caráter fundamentalmente social das distinções baseadas no sexo. O uso da categoria gênero indica uma

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rejeição ao determinismo biológico implícito no uso de termos como “sexo” ou “diferença sexual”. Possibilita uma forma de discutir inclusive as “construções sociais”, sobre os papéis próprios aos homens e às mulheres. Mais importante, a meu ver, sublinha o aspecto relacional e a impossibilidade de se considerar um separado do outro.

NO BRASIL: DEMOGRAFIA HISTÓRICA E HISTÓRIA DAS MULHERES

O foco dessas reflexões é o Brasil, país diverso e desigual, por excelência, para aproveitar a expressão que dá título a livro de Renato Leite Marcondes (MARCONDES, 2009). Creio que esse “diagnóstico” vale não apenas para o período tratado pelo autor, mas adequa-se há tempos anteriores e, tristemente, aos tempos mais recentes. Maior atenção será dada ao período escravista, mas alguns dos meus apontamentos incidirão no período pós-abolição e século XX.

Analisar a contribuição da Demografia Histórica e da História das Mulheres deve partir de algumas considerações iniciais, que terão impacto no processo de organização da nossa sociedade, desde os primeiros séculos da colonização lusa em território americano, que deixaram marcas profundas até o presente.

Além da sua heterogeneidade, tanto do ponto de vista étnico, quanto cultural e religioso, a mestiçagem é outro traço distintivo da população brasileira. Esse processo foi especialmente intenso no espaço dominado pela coroa portuguesa, se comparado à experiência histórica da população da América hispânica.

A presença dominante de formas compulsórias de trabalho também conforma mais uma característica importante das populações do nosso passado. Por outro lado, no caso da América Portuguesa e, mesmo depois, no período imperial, deve-se chamar a atenção para as formas de alforria da população escrava, que permitiu o surgimento da categoria dos Forros/Libertos que, ao longo do tempo se tornou mais expressiva no conjunto dos habitantes. Sobre isso, vejam-se as contribuições de vários autores, entre eles Herbert Klein (2012) e Douglas Libby e Clotilde A. Paiva (2000). Este último já apontava que as práticas de manumissão encontravam-se na raiz do enorme crescimento do segmento livre e de cor da população ao longo do período colonial e durante o Império (LIBBY; PAIVA, 2000).

As populações fixadas nos territórios americanos caracterizaram-se também por uma intensa mobilidade. Tal mobilidade foi resultado tanto da entrada constante

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de elementos externos (entrada de europeus e de africanos), como também dos deslocamentos internos, que foram marcas distintivas dessas populações4. A diversidade dos processos migratórios (migração compulsória, dirigida ou espontânea) mereceu e tem merecido a atenção dos estudiosos.

Os padrões familiares das populações apresentam também aspectos específicos, se comparados, por exemplo, com aqueles da Europa Ocidental. As uniões não consagradas pela Igreja e elevadas taxas de fecundidade ilegítima faziam parte da vivência de muitos indivíduos que, por conta disso, experimentavam formas alternativas de relacionamento entre os sexos, baseadas em uniões consensuais, muitas delas, estáveis. Paralelamente, devido à intensa mobilidade, sobretudo a masculina, essa sociedade caracterizava-se também por um percentual significativo de domicílios com chefia feminina.

Com base nessas considerações gerais, fica clara a contribuição que a Demografia Histórica deu e pode continuar a dar para o estudo da História, da História das Populações e também para a História das Mulheres e das Famílias no Brasil. Todos os elementos característicos da sociedade brasileira, citados anteriormente, foram postos quantificados, colocados em evidência e suas análises construídas a partir da importante contribuição da Demografia Histórica.

Tal aporte se deve, em grande medida, à exploração de um conjunto rico e variado de fontes, preferencialmente utilizadas pelos historiadores demógrafos, entre elas, os assentos paroquiais. Nesse caso, nunca é demais lembrar que uma das principais características destes registros é a universalidade de sua cobertura, incorporando os livres, forros e cativos, ricos e pobres, crianças, adultos e velhos e, sobretudo, homens e mulheres. Em síntese, ao nascer e morrer, cada indivíduo gera a necessidade de um registro desse evento vital. Da mesma forma, os que se casam, também têm o registro desse ato assentado. Aos assentos paroquiais, soma-se o registro civil, introduzido no Brasil no final do século XIX (BASSANEZI, 2009).

Além dos registros de eventos vitais (registro civil e registro paroquial, que permitem o estudo dos fluxos) os pesquisadores contam com variadas listas de população, que também dispunham de uma cobertura ampla, em que a população era arrolada pelos agentes da administração laica ou eclesiástica. Aliás, Igreja e

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Estado, são as instituições produtoras das fontes mais ricas e interessantes no período escravista, para os estudos de História da População. Lembro aqui os antigos censos ou maços de população, que são mais comuns a partir da segunda metade do século XVIII, para várias regiões e produzidos por ordem dos governadores das capitanias, assim como, listagens geradas através do controle exigido pela igreja católica sobre seus fiéis, como os róis de confessados e comungados, que arrolavam a população de confissão (um dos sacramentos do catolicismo), isto é, os maiores de sete anos. Muitos dos estudos valem-se dessas listas para analisar a questão das mulheres e sua presença no conjunto da população. Sobretudo, com base na exploração dessas listagens, evidenciou-se o significativo percentual de domicílios chefiados por mulheres (fontes que dão informações relativas ao estoque da população, num determinado momento do tempo). Há uma copiosa bibliografia, bastante conhecida, que analisa e explora essa documentação de cunho censitário.

Testamentos e inventários são outras fontes importantes que têm sido utilizadas, assim como outras tipologias documentais variadas como processos crimes, processos de habilitação matrimonial, processos de divórcio. Os estudos que se valeram desses últimos têm demonstrado, por exemplo, que as mulheres eram as protagonistas ao atuarem como as demandantes dessas ações, que propunham a separação dos cônjuges, sem que, no entanto, permitisse pela legislação vigente a realização de novas núpcias. Nessa perspectiva foram importantes os trabalhos de Eni Samara, entre outros autores e autoras.

Foi através da exploração dessas fontes, que muitas das análises impressionistas e/ou ensaísticas foram problematizadas, corroboradas ou derrubadas. Basta lembrar aqui os trabalhos de Gilberto Freyre sobre a família brasileira que renderam contribuições fundamentais para o estudo desse tema, ao defender que o modelo de família patriarcal teria predominado desde o início da colonização até os finais do século XIX. A obra de Freyre (assim como de outros intérpretes do Brasil) rendeu debates importantes para os estudos da Demografia Histórica, não apenas no que se refere à questão da família, como também sobre as mulheres e o lugar delas na sociedade. Nesses estudos há elementos importantes,

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por exemplo, para a discussão relativa aos papéis femininos, a questão da sexualidade, do corpo5.

Os resultados trazidos pelos estudos da Demografia Histórica e da História da Família relativizaram e/ou contestaram muitas de suas afirmações, como por exemplo, o papel submisso e ocioso das mulheres brancas, por exemplo. Os estudos sobre as mulheres brasileiras do passado têm revelado realidades muito distintas.

Embora as mulheres tenham vivido em um mundo pautado pela modelo patriarcal, a sua sujeição foi relativizada, não só a partir de atos que implicavam em rebeldia e transgressões, mas também na sua vivência cotidiana, marcada pela intensa mobilidade masculina, que propiciou que elas assumissem posição de mando da casa, que tomassem as rédeas na gestão de negócios e propriedades. Essa “liberdade” de movimentos está demonstrada através de inúmeros estudos, sobretudo aqueles direcionados para a análise dos segmentos subalternos, populares. Ou seja, nessa sociedade onde havia o inequívoco domínio dos homens, havia espaços em que as mulheres podiam exercitar o seu poder, para cuidar de suas famílias, propriedades e escravos. Aqui não podemos esquecer, novamente, os trabalhos importantes de Eni de Mesquita Samara. Além dela, muitos outros estudos foram produzidos, desde as décadas de 1970 e 1980.

Aqui é importante indicar que, já no final dos anos 1990, refletindo as tendências da historiografia internacional, veio a público a obra História das Mulheres no Brasil, organizada por Mary del Priore. Os vinte capítulos do livro apresentaram um painel ilustrativo da ampla gama de temas abordados no tocante à história das mulheres, abrangendo um arco temporal alargado, que remontava ao período colonial, chegando até o século XX (PRIORE, 1997).

O interesse pelo tema demandou inclusive a publicação de uma “Nova história das mulheres no Brasil”, organizada por Carla B. Pinsky e Joana Maria Pedro, obra lançada em 2012. Entre os temas privilegiados nessa obra, destacam-se a família, as mulheres da elite, as escravizadas, as mulheres negras, as mulheres imigrantes, os distintos grupos etários (meninas e velhas), assim como temas como aborto e contracepção, educação, trabalho, movimentos sociais, violência, representações.

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Além de Gilberto Freyre, foram importantes as discussões trazidas por Oliveira Viana, Caio Prado Júnior, Sergio Buarque de Holanda, Antônio Cândido de Mello e Souza, entre outros.

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Talvez a grande diferença em relação à publicação do final dos anos 1990 tenha sido a ideia de pensar especificamente nas mulheres do século XX e XXI. O argumento defendido por Pinsky e Pedro, na apresentação, com razão, apontava as transformações aceleradas que tinham sido experienciadas pelas mulheres. Não é por acaso que o século XX é reconhecido como o “século das mulheres”, tendo em conta a ampliação dos direitos e das oportunidades, assim como por conta das mudanças registradas no cotidiano delas. Para os inícios do século XXI, por outro lado, os diferentes capítulos apontaram que algumas das conquistas se firmaram, enquanto outras estão ameaçadas pela onda de retrocesso e conservadorismo que temos vivenciado nos últimos anos.

No tocante à questão da família, coube-me escrever o capítulo. Foi uma ocasião em que tive a oportunidade de avançar para os tempos mais recentes e perceber a importância e, sobretudo, a lacuna grave que há na reflexão sobre o século XX, uma vez que, os colegas demógrafos têm como prioridade o estudo do período pós 1960, enquanto que os historiadores(as) demógrafos(as) avançam pouco para os anos 1900 e, menos ainda, para as primeiras décadas do século XXI.

Especificamente, em relação ao lugar das mulheres na família, foi possível pensar nos elementos que indicam muitas mudanças no espaço da família. Talvez uma das mais importantes seja aquela que redefiniu o “destino feminino” que, até poucas décadas atrás, estava essencialmente ligado ao casamento e à procriação. Hoje, as mulheres desfrutam de uma nova posição na família, mais igualitária e mais “democrática” no casamento e na sociedade, permitindo que projetos individuais e profissionais tenham espaço nas suas trajetórias de vida. No entanto, outros desafios se apresentam a essas mulheres, impondo escolhas, ganhos e perdas que devem ser pesadas, e que foram tratadas naquela oportunidade, e que não serão retomadas aqui (SCOTT, 2012).

No mesmo volume, Maria Silvia Bassanezi analisou o tema das migrações internacionais mostrando que, ao contrário que se costuma pensar, que “migrar é coisa para homem”, os estudos vêm demonstrando que desde sempre as mulheres têm migrado, seja na companhia de familiares, amigos e conhecidos, em busca de melhores condições de vida e de trabalho, como também migravam sozinhas, estimuladas por motivos variados, como a busca de emprego, independência, casamento, ou até mesmo para fugir de discriminações e violências (BASSANEZI, 2012).

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Especificamente sobre a relação entre Demografia Histórica e a História das Mulheres no Brasil, Ismênia Tupy publicou artigo interessante nos anais dos encontros nacionais da Associação Brasileira de Estudos Populacionais (ABEP), realizado no ano de 2000. Ali, a autora apresentou um balanço historiográfico sobre o estudo da condição feminina no Brasil. Tupy reconhecia o importante papel da Demografia Histórica para a apreensão dos papéis desempenhados pelas mulheres brasileiras (TUPY, 2000). As contribuições da Demografia Histórica revelavam as mulheres como agentes de mudança, contestadoras dos limites impostos por uma sociedade que lhes reservava apenas os papéis tradicionais de filha, esposa e mãe. Ao contrário daquele espaço limitado de atuação, evidenciavam-se situações que escapavam daquele universo.

Contudo, creio que uma das questões mais interessantes apontadas por Tupy diz respeito aos conceitos utilizados para analisar a situação das mulheres em nossa sociedade. Nesse caso, o título, por si só, já é ilustrativo: A demografia histórica e o estudo da condição feminina. Propunha-se, naquela oportunidade, “o acompanhamento da trajetória teórica, dos métodos e técnicas empregadas, da circunscrição temática e dos resultados obtidos no estudo da condição feminina” (TUPY, 2000, p. 2). Naquele momento, segundo a autora, ainda era tímida a incorporação da categoria gênero nos estudos demográficos que foram objeto de análise.

Segundo Tupy, inicialmente os estudos preocupavam-se com a questão da família, abordando indiretamente a questão das mulheres. Gradativamente, a temática adquiriu autonomia, “ao especificarem os números e as relações de gênero no contexto da chefia de domicílio, da imigração, do mundo do trabalho e na sexualidade feminina, notadamente em sua forma ilícita” (TUPY, 2000, p. 1).

Os temas privilegiados até então, tinham sido a nupcialidade, a fecundidade, a transmissão da herança que, de alguma forma, contribuíram para a identificação da condição feminina no Brasil. Contudo, naquele momento, como o objetivo da autora era fazer uma análise da população global ou de segmentos específicos, nenhum dos trabalhos arrolados tratava especificamente a questão da condição feminina. A família era o lócus privilegiado e, muitas das análises estavam voltadas para o estudo da família escrava.

A análise da estrutura demográfica da população escrava, por exemplo, dava indicativos sobre a razão de sexo, comprovando, em muitos casos, o

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desequilíbrio na composição das populações escravizadas. Os trabalhos analisados apontavam ainda, dados sobre os padrões de legitimidade/ilegitimidade, a existência de famílias (baseadas em união consensual ou não), dando elementos para questionar a conhecida e ainda aceita, hipótese da promiscuidade generalizada na senzala. Os estudos contribuíram com elementos variados sobre a composição das escravarias, levando em conta não apenas a estrutura por sexo, mas a estrutura etária, a origem da escravaria entre outros temas.

Talvez uma das contribuições mais interessantes da reflexão de Ismênia Tupy tenha sido no tema das alforrias. Ali, os dados arrolados começavam a apontar uma característica importante, que veio a ser comprovado posteriormente em inúmeros trabalhos, mostrando a preferência da compra da liberdade para as mulheres escravizadas. Entre as várias explicações para o fato, levantava-se a hipótese do preço das mulheres ser mais acessível, a possibilidade maior das mulheres amealharam recursos (prostituição, por exemplo), ou ainda o princípio legal de que o status jurídico da mãe determinaria a condição jurídica do filho, o que estimularia estratégias para conseguir a liberdade das mães.

Paralelamente aos estudos sobre a família escrava, outra vertente que colocava em evidência aspectos da condição feminina eram os estudos sobre a família imigrante, sobretudo ao analisar a questão do trabalho familiar.

Tudo somado, as problemáticas levantadas em torno da família passavam, embora circunstancialmente, pelas mulheres. A grande inflexão, de acordo com Tupy, teria sido a incorporação da categoria gênero à Demografia Histórica. A busca de variáveis demográficas, aliadas ao enfoque de gênero, permitiria, segundo a argumentação da autora, a identificação e a distinção de fatores fisiológicos e culturais que, num primeiro momento, expressariam as semelhanças e as diferenças existentes.

O prognóstico de Tupy teria se concretizado? Essa mudança de rumo pode ser verificada? A categoria gênero foi incorporada nos trabalhos de Demografia Histórica? Uma forma de verificar a concretização desse prognóstico é através dos trabalhos apresentados nos vários encontros nacionais da ABEP. Entre as mais de setenta comunicações analisadas (desde a década de 1990 até os anos 2010), os temas diretamente relativos à questão do gênero e/ou mulheres foram, numericamente, pouco expressivos. Apenas cinco trabalhos privilegiaram um viés que colocava a mulher como centro da comunicação, discutindo temas relativos à

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maternidade entre escravas, proprietárias de escravos e o trabalho feminino. De longe, a grande preocupação esteve vinculada à questão da família e, percentual significativo ligado estava direcionado à população e à família de escravizados. Um único trabalho efetivamente colocou, no título, a questão do gênero como eixo principal.

Esses indicadores revelam que a preocupação dos pesquisadores continuou voltada para o estudo da família e foi nesse contexto analítico que as mulheres seguiram sendo estudadas.

Bem diferente, por outro lado, é a situação específica em relação à incorporação da categoria gênero no campo da História. E aqui é importante lembrar as contribuições de Joana Maria Pedro, já no início dos anos 2000 (2005).

Para ela, o uso da categoria de análise gênero significava como lembrou a historiadora Natalie Zemon Davis em 1974, combater o determinismo biológico, focalizando a relação entre homens e mulheres, compreendendo as significações do gênero no passado, não apenas relações entre homens e mulheres, mas também as relações entre homens e entre mulheres, analisando como, em diferentes momentos do passado, as tensões, os acontecimentos foram produtores do gênero (PEDRO, 2005).

Também são importantes, entre as contribuições das historiadoras, os trabalhos de Maria Izilda Matos. Como bem apontou a autora (MATOS, 2013), os estudos relativos à História das Mulheres têm contribuído para ampliar as visões do passado, inclusive questionando a hegemonia de certos corpos documentais (de várias instituições, Estado e Igrejas) que, com muita criatividade e imaginação, enfrentaram o desafio de vasculhar arquivos públicos, acrescidos dos sótãos e baús trazendo à luz um mosaico de referências, destacando-se entre elas: a legislação repressiva, fontes eclesiásticas, médicas, policiais e judiciais, ocorrências, processos-crimes, ações de divórcios, documentação cartorial e censos, sem esquecer as correspondências, memórias, manifestos, diários e materiais iconográficos entre outras.

Ao questionar a naturalização biológica, o conjunto destas investigações contribuiu para tornar os sujeitos históricos mais plurais, destacando as diferenças e reconhecendo-as como históricas sociais e culturais; também, demonstrando que os comportamentos, sensibilidades e valores aceitos numa certa cultura, local e

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momento, podem ser rejeitados em outras formas de organização e/ou em outros períodos, afirmou Matos (2013).

Parece-me que ainda permanece como desafio para a Demografia Histórica brasileira avançar mais decididamente na questão das mulheres e das relações de gênero, sobretudo pela possibilidade de aliar as análises demográficas ao estudo dos papéis e dos espaços masculinos e femininos e como eles têm se transformado no decurso da História... Às vezes de forma mais lenta, às vezes de forma mais rápida, como tem sucedido nas últimas décadas.

Essa constatação é importante porque abre novas frentes de investigação que os demógrafos-historiadores(as) ou historiadores(as) demógrafos(as) ainda hesitam em abraçar, que é dar sua contribuição ao estudo da família e das mulheres no Brasil do século XX.

É hora de se enfrentar esse desafio, considerando que grandes transformações ocorreram na sociedade brasileira a partir do final dos anos oitocentos. Como apontei em outra oportunidade, a abolição da escravidão, o advento da república, a grande imigração e a decolada do processo de urbanização e industrialização mexeram com o país e é necessário que se lance mais luzes sobre essas transformações (SCOTT, 2012).

No entanto, mesmo para o período em que a incursão da Demografia Histórica é mais numerosa e muito consolidada há questões que devem ser aprofundadas, devendo estar pautadas pelos dados trazidos à tona pelos inúmeros estudos que já vieram a público.

Uma delas diz respeito a temas que, de muitas maneiras, se ligam à História da Família, como, por exemplo, o acesso restrito ao casamento formal e à geração de prole natural e/ou ao abandono de crianças.

A recorrência das altas taxas de ilegitimidade e de abandono de crianças (ou, na linguagem da época, exposição de crianças) foi uma das mais importantes contribuições da Demografia Histórica para a historiografia brasileira. Desde os trabalhos pioneiros de Maria Luiza Marcílio (MARCÍLIO, 1973), aponta-se a presença significativa dos nascimentos que ocorriam fora das normas impostas pelo Estado e pela Igreja Católica, assim como o abandono institucionalizado nas Rodas dos Expostos, ou nos domicílios.

Tal constatação põe em evidência situações vivenciadas por homens e mulheres, que estavam longe de se adequar aos modelos desejáveis e

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estabelecidos. Muito embora Igreja e Estado comungassem de visões coincidentes sobre o tipo de família ideal e os papéis que homens e mulheres deveriam desempenhar na sociedade, a vida de muitos indivíduos transcorria a partir de lógicas muito diferentes daquelas que estavam determinadas nas normativas eclesiásticas e/ou na legislação do Estado.

Tanto no que diz respeito aos nascimentos fora do matrimônio sacramentado, como no que diz respeito à criação dos enjeitados, o papel desempenhado pelas mulheres é central.

Especificamente em relação às mães de crianças nascidas de relacionamentos não sacramentados na Igreja, que geravam “filhos naturais”, há muitos estudos, no âmbito da Demografia Histórica, assim como em relação às crianças expostas ou enjeitadas.

A partir daqui, enfocarei de a questão das crianças naturais, isto é, aquelas que foram geradas forma dos vínculos do matrimônio.

Para discutir esse tema, partirei das análises produzidas no âmbito do livro “Tecendo suas vidas: as mulheres na América Portuguesa”, organizado por Costa; Hameister e Marques (2017). Na apresentação os organizadores afirmam que o papel feminino é uma construção sócio histórica dos agentes de cada período, assim como da própria historiografia (COSTA; HAMEISTER; MARQUES, 2017). Os diversos autores e autoras que contribuíram com a publicação trazem perspectivas instigantes para analisar o universo das mulheres, analisando a questão do compadrio (a madrinha presente, a ausente e a santa), a viuvez entre “as donas” e as mulheres pobres, as mães solteiras, as mulheres forras, as mulheres e a feitiçaria.

Nessa obra, contribuí com o texto “Colocando a mulher no seu devido lugar: uma reflexão sobre a agência feminina, na freguesia da Madre de Deus de Porto Alegre, no final do período colonial”.

Para aquela análise, parti do pressuposto de que os indivíduos (homens ou mulheres) são agentes, posicionados em suas comunidades de acordo com seus “atributos” e/ou “qualidades”, obedecendo às hierarquias vigentes nas sociedades de Antigo Regime. Foi o historiador Edward Palmer Thompson, no final da década de 1950 (THOMPSON, 1958), quem sintetizou no termo experiência a crença na capacidade humana de interferir em situações consideradas como dadas (agency). A agência é geralmente utilizada para dar conta do grau de liberdade exercido pelos

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indivíduos face aos constrangimentos sociais. Os agentes podem, em face de uma mesma situação, conscientemente agir de forma diferente, tendo por referência os

seus objetivos e projetos pessoais6.

O problema de partida era, portanto, entender como a agência feminina, poderia ser analisada no contexto de uma sociedade que posiciona as mulheres numa situação de subalternidade e submissão aos desígnios de pais e de maridos. Como as mulheres que não se adequavam a esses papéis e funções subalternas puderam se inserir na sociedade? Qual o “lugar” delas naquela lógica social, especialmente tendo em conta sociedades com alto grau de hierarquização?

Na minha contribuição, fiz uso de análises agregadas a partir dos assentos paroquiais de batismo, que trazem a tona elementos que reforçam as diferenças que marcavam o universo das mulheres que eram mães de crianças legítimas e mães de crianças naturais. Em que pese o fato, já conhecido, de que a maioria das mulheres na sociedade luso-brasileira não trazia nome de família (sobretudo as solteiras), o mesmo não se dava em relação aos atributos de cor e/ou etnia, sendo que esses “identificadores” eram muito mais comuns entre as mães de crianças naturais.

Param mim, fica claro que na visão da Igreja e de seus agentes (os párocos que assentavam os registros de batizado), as mulheres que pariam crianças fora do

casamento eram mais comumente reconhecidas através de atributos

desqualificadores, considerando a lógica da hierarquização das sociedades de Antigo Regime. Na generalidade dos casos, aquelas mulheres eram designadas como pardas, crioulas, índias, cabras, mulatas. Assim, as mães de crianças naturais, sem sobrenome, integradas, na maioria dos casos, ao grupo da população não-branca, sinalizavam para o lugar ocupado por aquele grupo de mulheres.

Se, no geral, as mulheres eram escassamente identificadas por nomes de família (sobretudo as solteiras), dificultando a comparação entre os universos vivenciados por essas mulheres, o mesmo não se dá em relação aos atributos de cor e/ou etnia, que foram apontados pelos párocos da freguesia da Madre de Deus, seja para as mães, seja para seus filhos. No caso dos assentos que dizem respeito a crianças naturais (857), os párocos informaram o atributo de cor/etnia para 442 mães (51,6%). Em relação aos batizandos, esse dado foi indicado em 228 assentos

6 “Agência” é a tradução comumente adotada no Brasil para o termo agency, que está associado à noção de que os indivíduos são sujeitos de sua própria história, embora em condições que não são escolhidas por ele, e se constituiu em uma das mais fortes influências que a obra de Thompson legou à historiografia contemporânea.

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(26,6%). Apenas em 199 casos (23,2%) do total analisado foram indicados tais atributos tanto para os batizandos quanto para as suas mães (SCOTT, 2017, p. 54).

Ao compararmos esses dados com aqueles que dizem respeito aos assentos de crianças legítimas, isto é, de rebentos que nasceram de casais que tiveram seu matrimônio sacramentado na igreja (4.467), a diferença é marcante. Entre as mães casadas, o atributo de cor/etnia foi registrado em raros assentos (menos de 0,3%, o que equivale a 11 casos). Da mesma forma, poucas crianças legítimas tiveram essa informação arrolada nos assentos: apenas 189 (4,2%). Por fim, os registros em que os párocos informaram esse quesito, no mesmo assento, para mães e filhos, reduziram-se à irrisória quantia de três casos, ou menos de um décimo (0,06%) (SCOTT, 2017, p. 55).

Paralelamente, procurei acompanhar as trajetórias de algumas dessas mães de crianças naturais, muitas delas pardas forras e pretas forras e foi possível entrever alguns mecanismos e estratégias utilizados por elas para alcançar alguma mobilidade social ascendente. Entre os mecanismos que pude identificar estava a criação de crianças expostas, que lhes permitia ter acesso aos recursos provenientes do pagamento que a Câmara de Porto Alegre fazia para a criação dos enjeitados, e que, em alguns casos, inclusive esses pagamentos poderiam ser usados para conseguir alforria. Os destinos de filhos naturais e de crianças expostas se cruzaram ao longo das trajetórias de muitas dessas mulheres, abrindo caminhos interessantes para a pesquisa, não apenas para discutir questões relativas às relações de gênero, como também a aplicação do conceito de agência, que pode trazer também contribuições decisivas para os estudos do lugar social que ocupavam as mulheres no passado brasileiro.

Enfim, fica a provocação para o debate nesta mesa: temos muito a fazer e a contribuir para a discussão das temáticas relativas às mulheres no passado brasileiro. A contribuição da Demografia Histórica, a partir da perspectiva de gênero, ainda é um campo que demanda mais atenção, já que ainda continuam predominando as abordagens em que o foco está na família.

REFERÊNCIAS

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