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Influência do momento da inseminação na taxa de concepção e razão sexual de fêmeas zebuínas/Influence of the moment of insemination in the conception and sexual ratio in zebu females

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 8, p. 55097-55106 aug. 2020. ISSN 2525-8761

Influência do momento da inseminação na taxa de concepção e razão sexual de

fêmeas zebuínas

Influence of the moment of insemination in the conception and sexual ratio in

zebu females

DOI:10.34117/bjdv6n8-593

Recebimento dos originais: 08/07/2020 Aceitação para publicação:26/08/2020

Ivan de Paula Fernandes

Mestre em Ciência Animal (UESC) Instituição de atuação atual: Autônomo

Endereço :Rua Ana Nery, n325, centro, Itapetinga/ Bahia E-mail: ivandepaulafernandes@yahoo.com.br

João Fillipe Carvalho da Silva

Bacharel em Medicina Veterinária (UESC) Instituição de atuação atual: Autônomo

Endereço :Rua Siqueira Campos, 125, Centro, Ingá, PB Email: jfillipesilva@yahoo.com.br

Danielle Alves Dutra

Bacharel em Medicina Veterinária (UESC) Instituição de atuação atual: Autônoma

Endereço :Rua Espírito Santo n. 225, Bairro Brasil, Vitória da Conquista – Ba E-mail: danielledutravet1@hotmail.com

Larissa Rodrigues Santana

Especialista em Reprodução Animal e Obstetrícia Veterinária (UFBA) Instituição de atuação atual: Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC)

Endereço :Avenida Itacanoeira, 1329, Jardim Savóia, Ilhéus, Bahia E-mail:larirodriguesvet@gmail.com

Ivan Bezerra Allaman

Doutor em Ciência Animal, área de concentração produção animal Instituição de atuação atual: Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC)

Endereço :Rodovia Jorge Amado, Km 16, Salobrinho, Cep 45-662-900, Ilhéus – Ba, Brasil E-mail: iballaman@uesc.br

Paola Pereira das Neves Snoeck

Doutora em Ciência Animal, área de concentração reprodução animal Instituição de atuação atual: Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC)

Endereço: Rodovia Jorge Amado, Km 16, Salobrinho, CEP 45-662-900, Ilhéus – Ba, Brasil E-mail: paolasnoeck@uesc.br

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RESUMO

Este trabalho foi realizado com objetivo de avaliar se o intervalo entre a inseminação e ovulação pode influenciar a taxa de prenhez e a razão sexual secundária da prole de fêmeas zebuínas submetidas à inseminação artificial em tempo fixo (IATF). Foram sincronizados 469 fêmeas, entre novilhas e vacas, alocadas aleatoriamente em três grupos experimentais: IA42, IA54 e IA66, inseminadas respectivamente às 42, 54 e 66 horas após a remoção do implante de progesterona. As taxas de concepção diferiram entre as categorias (p < 0,05), mas não entre os tratamentos resultando em 28% e 45% no grupo IA42, 34% e 47% no IA54 e finalmente 33% e 48% no IA66 para novilhas e vacas respectivamente. Os resultados demonstraram que o momento da inseminação não alterou a taxa de concepção nem a razão sexual secundária das crias, o que permite maleabilidade no momento de inseminação após sincronização e a busca por alternativas para manipular a razão sexual.

Palavras-chave: progesterona, estradiol, sexo, nascimento, Bos indicus ABSTRACT

This work was carried out to evaluate whether the interval between insemination and ovulation can influence the pregnancy rate and the secondary sex ratio of offspring of zebu females submitted to artificial insemination in fixed-time (AIFT). Four hundred and sixty nine females were synchronized between heifers and cows randomly allocated to three experimental groups: AI42, AI54 and AI66, inseminated at 42, 54 and 66 hours respectively after removal of the progesterone implant. The design rates differed between the categories (p < 0.05), but not among the treatments resulting in 28% and 45% in the AI42 group, 34% and 47% in the AI54 and finally 33% and 48% in the AI66 for heifers and cows respectively. The results showed that the moment of insemination did not alter the pregnancy rate or the secondary sex ratio of the offspring, which allows for malleability at the time of insemination after synchronization and the search for alternatives to manipulate the sex ratio.

Keywords: progesterone, estradiol, sex, birth, Bos indicus

1 INTRODUÇÃO

Aumentar a taxa de desfrute é uma demanda crescente da pecuária brasileira, dentre os fatores mais importantes para isso estão: o aumento da eficiência reprodutiva, o melhoramento genético e um adequado manejo nutricional e sanitário (Mello, 2014). A IATF destaca-se como uma importante técnica utilizada para melhorar a eficiência reprodutiva e a propagação de genética melhoradora na bovinocultura de corte brasileira, composta majoritariamente por zebuínos ou suas cruzas, animais que apresentam mais dificuldades para a observação do estro, devido a um estro mais curto e uma maior frequência no período noturno (Meneghetti & Vasconcelos, 2008).

Outra demanda crescente dos pecuaristas é pelo direcionamento do sexo da cria, não só na bovinocultura de leite, que busca um maior nascimento de fêmeas, como também na de corte, que valoriza mais o bezerro macho, especialmente em sistemas que buscam a terminação em confinamento e a possibilidade de produzir mais carne por hectare. Borges (2016) relatou que não há diferença na razão sexual em Nelore, com nascimento de 50% de machos e 50% de fêmeas.

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Também foi encontrada razão de nascimento de 50:50 em taurinos de corte, porém quando comparou inseminação artificial (IA) com monta natural relataram que a utilização da IA aumentou a frequência de bezerros machos (Berry & Cromie, 2007).

A alternativa mais precisa para alterar significativamente a razão sexual é a utilização de sêmen sexado. Entretanto, as taxas de concepção obtidas atualmente com o sêmen sexado são cerca de 80% das taxas verificadas com sêmen convencional (Jarnette et al., 2011), além do maior preço da dose inseminante, o que reflete diretamente em um custo mais alto do bezerro produzido, principalmente em programas de IATF.

Tais limitações da utilização de sêmen sexado estimularam o desenvolvimento de pesquisas em busca de alternativas mais econômicas para manipular a razão sexual de bovinos. A maioria delas teorizando que a diferença de densidade e peso alteram a velocidade cinética e longevidade entre os espermatozoides contendo o cromossomo X ou Y. Supostamente, variações no intervalo entre a inseminação e a ovulação poderiam alterar a proporção do sexo da cria. Os resultados, entretanto, são controversos, pois alguns autores encontraram influência significativa na razão sexual das crias com o momento da inseminação (Gutiérrez-Adán et al., 1999; Martinez et al., 2004; Silva et al., 2008), enquanto em outros estudos não foram observados diferenças (Rorie et al., 1999; Roelofs et al., 2006). Em sua maioria, os trabalhos foram realizados com animais taurinos e inseminados após observação de estro, o que não se aplica a principal realidade de rebanhos de corte brasileiros, que utilizam fêmeas zebuínas inseminadas em tempo fixo após sincronização.

Por isso, objetivou-se avaliar o efeito de três diferentes momentos de inseminação artificial em tempo fixo de novilhas e vacas zebuínas sincronizadas com protocolo a base de progesterona e estradiol sobre a taxa de concepção e a razão sexual secundária.

2 MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi realizado na região sudoeste da Bahia, entre os meses de setembro de 2014 e janeiro de 2015. Os animais foram mantidos em sistema de pastejo alternado em pastagem cultivada de Brachiairia brizantha cv. Marandú e Brachiairia decumbens com acesso a água e mistura mineral comercial indicada para fêmeas em reprodução ad libitum. Foram sincronizadas 469 fêmeas divididas em duas categorias: a) 182 novilhas com idade entre 22 e 26 meses, com peso médio de 343 Kg e escore de condição corporal (ECC) médio de 6,5 em uma escala de 1 a 9; b) 287 vacas com bezerro ao pé, que já tiveram entre 2 e 6 partos, com idade variando entre 48 a 108 meses, peso médio de 440 Kg e escore de condição corporal médio de 5,5 em uma escala de 1 a 9. As novilhas foram previamente avaliadas ginecologicamente e houve descarte daquelas que

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apresentaram sinal de menor eficiência reprodutiva. As vacas selecionadas para o experimento tinham histórico de fertilidade em todos os anos anteriores e sem qualquer registro de patologia reprodutiva e/ou aborto e/ou parto distócico.

O protocolo de sincronização de estro iniciou-se com aplicação de 2mg de benzoato de estradiol (Ric-Be®-União Química) e colocação de implante vaginal de liberação lenta de progesterona (P4) de uso único (Progesterona 4-pregnane-3,20-diona micronizada, 750mg; Prociclar®- Hertape Calier) em um dia aleatório do ciclo estral chamado de D0. No mesmo horário, no D8, foi retirado o implante, aplicado análogo de prostaglandina (0,4mg de cloprostenol sódico; Sincrocio®-Ourofino Agronegócios) e 300UI de eCG (Novormon®-Zoetis). No D9, 24 horas depois da retirada dos implantes, foi induzida a ovulação com 1 mg de benzoato de estradiol (Ric-Be® -União Química).

As 469 fêmeas de cada categoria foram alocados aleatoriamente em três grupos experimentais (IA42, IA54 e IA66) que variavam de acordo com o momento de inseminação artificial em tempo fixado após a retirada do implante em 42, 54 e 66 horas, respectivamente. As fêmeas foram alocadas de forma aleatória e alternadas no momento da aplicação do indutor de ovulação (D9), distribuídas como demonstrado na Tabela 1.

As inseminações foram realizadas pelo mesmo inseminador utilizando sêmen comercial de mesma partida de dois touros da raça Nelore distribuídos igualmente de forma aleatória e alternada entre os grupos para evitar efeitos individuais dos touros. Para a inseminação, as doses foram descongeladas a 35ºC durante 30 segundos em descongelador automático, montadas em aplicador universal e a dose inseminante depositada no corpo uterino. O diagnóstico de gestação foi realizado no 35º dia após a IA por ultrassonografia transretal com uso de transdutor linear de 7,5 MHZ (DP-2200 Vet – Shenzhen Mindray Bio-Medical Eletronics Co. LTDA) e o sexo da cria determinado ao nascimento.

Tabela 1. Protocolo de sincronização para IATF e grupos experimentais

Dia Horário N (Novilhas/Vacas) Tratamento

D0 13h 469 (182/287) Implante de P4 + 2ml de BE D8 13h 469 (182/287) Retirada do Implante + 2ml de PGF + 1,5ml de ECG D9 13h 469 (182/287) 1ml de BE D10 7h 157 (60/97) IA grupo IA42 19h 157 (62/95) IA grupo IA54 D11 7h 155(60/95) IA grupo IA66

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Para avaliar a resposta ao protocolo de sincronização utilizado e o momento da ovulação, com o objetivo de estimar o intervalo entre a IA e a ovulação, foram sincronizadas com o mesmo protocolo descrito acima 12 novilhas e 20 vacas que foram avaliadas por meio de ultrassonografia para identificação e mensuração do folículo dominante. As avaliações foram realizadas no D9 (24h após a remoção do implante de P4), nos horários estabelecidos para a inseminação das 469 fêmeas utilizadas no primeiro grupo descrito acima (42, 54 e 66 horas após a remoção do implante), além de duas avaliações posteriores, uma as 72 e outra às 80 horas para avaliar a taxa e estimar o momento da ovulação. O folículo dominante tinha seu diâmetro medido a cada avaliação até o desaparecimento do mesmo, sendo a última medida antes da ovulação considerada como diâmetro ovulatório e o momento da ovulação como o momento em que não se observou mais a presença do folículo dominante.

Os dados de prenhez e sexo da prole das 32 fêmeas acompanhadas para identificação da dinâmica folicular e momento da ovulação não foram incluídas nas análises estatísticas realizadas para as 469 fêmeas do primeiro grupo, por estarem sujeitas a diferente manejo.

O delineamento experimental foi o quadrado latino irregular em um esquema fatorial 2 x 3 (categoria x tratamento). O modelo estatístico utilizado foi:

Yijklm =μ+αi+βj+δk+ωl+(δω)kl + ε(ijkl)m.

Yijklm é o valor da parcela que recebeu o nível i do fator fazenda, o nível j do fator touro, o

nível k do fator categoria e o nível l do fator tratamento na repetição m; μ é uma constante associada a todas as observações; αi é o efeito do nível i do fator fazenda - i:1, 2 e 3; βj é o efeito do nível j do

fator touro - j:1 e 2; δk é o efeito do nível k do fator categoria - k:1 e 2; ωl é o efeito do nível l do

fator tratamento - l: 1, 2 e 3;(δω)kl é o efeito da interação entre os fatores categoria e tratamento;

ε(ijkl)m é o erro associado a variável resposta.

Foi utilizado um modelo linear generalizado cuja distribuição de probabilidade considerada foi binomial para avaliação das variáveis prenhez e sexo da cria. A função de ligação escolhida foi a “logit”. A função utilizada para estimar os parâmetros foi a GLM do pacote Stats versão 3.1.2 (R Core Team, 2015). Uma análise de deviance foi utilizada para encontrar quais termos do modelo foram significativos. Com o melhor modelo em mãos, estimou-se a razão de chances e foi elaborado um intervalo de confiança de 95% para as razões de chances. Para as variáveis tempo, taxa de ovulação e diâmetro do folículo foram utilizados o método bootstrap (10000 repetições), teste Z e teste t de Student respectivamente. O nível de significância adotado foi de 5%. Todas as análises foram feitas com o auxílio do software R (R Core Team, 2015)

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A pesquisa desenvolvida está de acordo com os princípios éticos da experimentação animal e foi aprovada pela Comissão de Ética no Uso de Animais da Universidade Estadual de Santa Cruz (CEUA – UESC) no dia 30/04/2014 com protocolo 002/2014.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

As taxas de concepção não diferiram entre os tratamentos (Tabela 2; P = 0,66). Variações no momento da inseminação em protocolos de sincronização foram observados anteriormente (Roelofs et al., 2006; Silva et al., 2008; Ferraz et al., 2013), entretanto nenhum desses autores utilizaram uma variação maior que 24 horas entre a inseminação e o momento estimado da ovulação. A categoria animal influenciou significativamente nas taxas de prenhez. As vacas foram mais eficientes quando comparada às novilhas, ou seja, a chance de uma vaca apresentar diagnóstico positivo é duas vezes mais elevado do que a chance de uma novilha (Vacas 47% e Novilhas 32% ; P = 0,00044; Tabela 2). O pior desempenho reprodutivo das novilhas é frequente e pode ocorrer por diversos fatores (Corpron et al., 2017). A completa capacidade termorregulatória dos zebuínos só ocorre depois desses animais atingirem a completa maturidade, assim as vacas maduras teriam melhor fertilidade diante de estresse térmico (Paula-Lopes et al., 2003). Maiores perdas embrionárias precoces (antes dos 30 dias) nas novilhas podem ser inferidas diante das perdas observadas entre o diagnóstico de gestação e o parto no presente experimento, que foram de nove entre as 58 novilhas diagnosticadas prenhes e de apenas quatro entre as 135 vacas. Esses dados associados a um verão intenso que ocorreu durante o ano do experimento podem explicar alguns dos fatores para o pior desempenho das novilhas.

As taxas de concepção aqui encontrados nas novilhas são próximas às encontradas por Gottschall & Silva (2012)quando trabalharam com fêmeas de dois anos sincronizadas por protocolo a base de P4 e E2 (33,3%) e abaixo das encontradas utilizando implantes de uso único com 0,75g de P4 que foram de 46,5% (Silva & Gottschall, 2014). A literatura também apresenta índices de prenhez acima de 55% em novilhas (Silva et al., 2008; Sá Filho et al., 2010), evidenciado a grande variabilidade de respostas desta categoria e necessidade de estudos para compreensão de todos os fatores relacionados a estas variações.

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Tabela 2. Razão de chances de ocorrência de prenhez entre novilhas e vacas, intervalo de confiança de 95% e taxas de concepção

Razão de chances Intervalo de confiança (95%) Taxa de concepção (%)

Vacas vs novilhas Limite inferior Limite superior Novilhas

(Prenhes/Total) (Prenhes/Total) Vacas 2,18 1,43 3,33 32% (58/182) 47% (135/287)

Por outro lado, os resultados de prenhez obtidos nas vacas são semelhantes aos encontrados em estudo com protocolo similar (47,7%) (Sá Filho et al., 2010) quando as fêmeas avaliadas apresentavam um curto período de pós-parto (menos de 60 dias).

A média do diâmetro do folículo ovulatório avaliado nas 32 fêmeas sincronizadas do segundo grupo não variou por categoria (P = 0,375) sendo de 12,38 mm nas novilhas e 12,74 mm nas vacas (Tabela 3). Folículo ovulatório com tamanho médio em torno de 12 mm foram encontrados também por outros autores (Ferraz et al., 2013). Existe uma relação positiva entre o tamanho do folículo e as taxas de ovulação e concepção (Sá Filho et al., 2010; Ribeiro Filho et al., 2013; Cavalieri et al., 2016). A taxa de ovulação também não diferiu entre as categorias (P= 0,483) sendo de 75% (9/12) para novilhas e 85% para as vacas (17/20). Resultado equivalente ao citado por Andrade et al. (2012) de 89,5% quando utilizaram BE no D9.

A única variável mensurada na dinâmica folicular que diferiu entre as categorias foi o momento da ovulação, que nas novilhas foi de aproximadamente 65 horas enquanto que nas vacas foi de aproximadamente 71 horas a partir da retirada do implante (P=0,0018; Tabela 3). O momento de ovulação de 72 horas após a retirada do implante é encontrado frequentemente na literatura (Ferraz et al., 2013; Andrade et al., 2012). A discreta antecipação da ovulação encontrada nas novilhas demonstra que ainda são encontradas variações nas respostas desta categoria. Melo et al. (2010) encontraram um tempo de ovulação semelhante quando utilizou menor concentração de P4 no protocolo. Corpron et al. (2017) avaliando comportamento de novilhas e vacas sincronizadas também relataram antecipação na manifestação de cio das novilhas, levantando questionamentos sobre a adequação do momento de inseminação para esta categoria diante das tamanhas variações já relatadas.

Tabela 3 – Resultado do tamanho médio do folículo ovulatório (desvio padrão), taxa de ovulação e momento da ovulação de 32 fêmeas zebuínas sincronizadas com progesterona de uso único e estradiol

Novilhas Vacas P

Folículo Ovulatório (mm) 12,38 (0,99) 12,74 (0,91) 0,375 Taxa de Ovulação 75% (9/12) 85% (17/20) 0,483 Momento da Ovulação (h) 65,33 (4,69) 71,06 (3,47) 0,0018

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Baseado no momento de ovulação encontrado nas 32 fêmeas zebuínas (aproximadamente 65h novilhas e 71h vacas) estima-se que o intervalo entre a inseminação artificial e a ovulação nas 469 fêmeas foi de aproximadamente 23 h e 29 h no grupo IA42, 11 h e 17 h para o IA54 e 1 h pós-ovulação e 5 h antes da pós-ovulação no IA66 para novilhas e vacas respectivamente. A semelhança nas taxas de concepção, principalmente nas vacas do IA42 e IA66 e novilhas do IA66, contradiz a recomendação para que as inseminações sejam realizadas com intervalo de 12 a 24 horas antes da ovulação (Roelofs et al., 2006).

Os resultados de prenhez das fêmeas que estariam fora da janela recomendada para IA demonstram a longevidade do sêmen congelado bovino no sistema genital feminino. Isso pode facilitar o manejo das fazendas de corte brasileiras. Diante desta janela no momento da IATF é possível viabilizar a inseminação de grande número de animais ou até de lotes alocados em diferentes retiros ou propriedades, mesmo que sincronizadas no mesmo dia.

Foram 193 fêmeas diagnosticadas com prenhez aos 35 dias e apenas 179 levaram a gestação a termo para avaliação da razão sexual secundária. Nem o momento da IATF (P=0,743), nem a categoria (P=0,296) e nem o touro (P=0,944) utilizado na IA tiveram efeito significativo sobre a razão sexual secundária das crias. Destaque principalmente para a falta de relação do momento de inseminação (grupo experimental IA42, IA54 e IA66) com a proporção de gênero (Tabela 4).

Nossos resultados corroboram com autores que afirmaram não haver influência do momento de inseminação na proporção do sexo da prole. Rorie et al. (1999) não encontraram diferenças quando compararam inseminações com 10 ou 20 horas antes do momento esperado da ovulação em vacas da raça Angus, enquanto que Roelofs et al. (2006) trabalharam com uma janela variando entre 36 horas antes até 12 horas após a ovulação e também encontraram equilíbrio entre a proporção de machos e fêmeas em taurinos leiteiros. Silva et al. (2008) trabalharam com novilhas zebuínas sincronizadas e o teste para comparar as proporções entre os grupos não diferiu estatisticamente.

Tabela 4. Razão sexual secundária encontrada em novilhas e vacas zebuínas sincronizadas com progesterona de uso único e estradiol

Momento da IA Sexo da cria Novilhas Vacas

IA42 Machos Fêmeas 65% (11) 35% (06) 45% (20) 55% (24) IA54 Machos Fêmeas 56% (10) 44% (08) 52% (23) 48% (21) IA66 Machos Fêmeas 64% (09) 36% (05) 52% (22) 48% (20) Momento da IATF após a retirada do implante em 42 (IA42), 54 (IA54) e 66 (IA66) horas, respectivamente.

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Nossos resultados divergem de Martinez et al. (2004), que avaliaram relatos de 716 inseminações artificiais em bovinos leiteiros e constataram que as inseminações ocorridas por volta de oito horas após o início do estro produziram 73% de fêmeas. A proporção de fêmeas diminuiu em 1,85% por hora atrasada em relação ao estro, chegando a uma porcentagem de macho de até 72% em animais inseminados após 30 horas do início do estro. Bem como os resultados relatados por Gutierrez-Adán et al. (1999) que encontraram influência do estágio de maturação de oócitos bovinos fertilizados in vitro com a proporção de sexo dos embriões produzidos. Segundo Berry et al. (2011) é importante salientar que quando se fala em razão sexual secundária (ao nascimento) não só os fatores paternos estão envolvidos (genéticos), mas também fatores maternos (ambientais).

Hossein-Zadeh (2012) afirmaram haver maior probabilidade da primeira cria ser macho em fêmeas da raça Holandesa. Segundo o autor, isso ocorre devido a fatores da fêmea e estação do ano, sendo maior a probabilidade de nascimentos de machos na primavera, como ocorreu com o nascimento de um maior número de machos nascidos de novilhas deste trabalho. Roche et al.(2006) confirmaram que é mais provável o nascimento de um bezerro do sexo masculino após períodos de alta temperatura e alta evaporação. Abecia et al. (2017) também encontraram influência da estação do ano na razão sexual e relataram que de uma forma geral existe uma leve tendência a mais nascimentos do sexo feminino em bovinos. Berry & Cromier (2007) analisando dados de mais de seiscentos mil nascimentos afirmaram que essa razão é invertida quando se trata de produtos de inseminação artificial, pois a técnica aumenta a frequência de machos. Youssef et al. (2013) concordam que a IA altera a razão e recomendam a antecipação do momento da IA para que não haja a influência na razão sexual.

Os fatores envolvidos na alteração da razão sexual da cria de bovinos ainda não estão elucidados e são necessários mais estudos, sejam eles ligados às chances de fecundação do espermatozoide contendo o cromossomo X ou Y, ou ainda à resistência e desenvolvimento dos embriões no ambiente uterino. Os resultados aqui encontrados nos levam a afirmar que em zebuínos de corte o momento de inseminação em nada interfere na proporção de machos ou de fêmeas da prole, sejam em nulíparas ou vacas pluríparas.

4 CONCLUSÕES

Em programas de IATF utilizando progesterona, eCG e estradiol é possível realizar a inseminação entre 42 e 66 horas após a remoção do implante de progesterona sem prejuízos nas taxas de prenhez. Porém, detalhes na sincronização de novilhas ainda precisam ser ajustados para melhorar a resposta na taxa de concepção destes animais.

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A razão sexual secundária das crias não é influenciada quando a IA ocorre entre 29 horas antes da ovulação até 1 hora depois da ovulação.

AGRADECIMENTOS

O presente trabalho foi realizado com o apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) – código do financiamento 001 e da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC).

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REFERÊNCIAS

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Tabela 1. Protocolo de sincronização para IATF e grupos experimentais
Tabela 2. Razão de chances de ocorrência de prenhez entre novilhas e vacas, intervalo de confiança de 95% e taxas de  concepção
Tabela 4. Razão sexual secundária encontrada em novilhas e vacas zebuínas sincronizadas com progesterona de uso  único e estradiol

Referências

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