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NOTA DA AUTORA. na Europa Oriental antes da Segunda Guerra Mundial. (NT) 1 Povoações ou bairros com habitantes maioritariamente judaicos existentes

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FICHA TÉCNICA

Título original: Unorthodox — The Scandalous Rejection of My Hasidic Roots Autora: Deborah Feldman

Copyright © 2012 by Deborah Feldman Todos os direitos reservados

Edição portuguesa publicada por acordo com Simon & Schuster, Inc. Tradução © Editorial Presença, Lisboa, 2020

Tradução: Isabel Nunes e Helena Sobral Revisão: Carlos Jesus/Editorial Presença

© 2020, imagem cedida sob autorização da Netflix, Inc.

Composição, impressão e acabamento: Multitipo — Artes Gráficas, Lda. 1.a edição, Lisboa, setembro, 2020

Depósito legal n.o 472 661/20

Reservados todos os direitos

para a língua portuguesa (exceto Brasil) à EDITORIAL PRESENÇA

Estrada das Palmeiras, 59 Queluz de Baixo 2730 ‑132 Barcarena info@presenca.pt www.presenca.pt

Os nomes e as características identitárias dos que surgem neste livro foram alterados. Apesar de todos os episódios descritos serem verdadeiros, alguns acontecimentos foram condensados, consolidados ou reordenados, a fim de proteger as identidades das pessoas envolvidas e assegurar a continuidade da narrativa. Todos os diálogos aproximam ‑se o mais possível de conversas que aconteceram realmente, tanto quanto me consigo recordar.

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NOTA DA AUTORA

Satu Mare (Santa Maria em húngaro), ou Satmar em iídiche, é uma cidade na fronteira entre a Hungria e a Roménia. Como foi, então, que uma seita hassídica recebeu o nome de uma santa cristã? Bem, na sua missão de salvar judeus eminentes de uma morte certa durante a Segunda Guerra Mundial, o advogado e jornalista hún‑ garo Rudolf Kasztner salvou a vida do rabino dessa cidade, o qual, mais tarde, emigrou para a América e agregou inúmeros seguidores entre outros sobreviventes, formando uma seita hassídica a que deu o nome da sua cidade natal. Outros rabinos sobreviventes segui‑ ram o seu exemplo, dando às suas seitas o nome das cidades de onde provinham, num esforço de preservar a memória dos shtetls1 e das comunidades que haviam sido exterminadas no Holocausto. Na América, os judeus hassídicos recuperaram avidamente uma herança que estivera prestes a desaparecer, envergando os trajes tradicionais e falando apenas em iídiche, à imagem dos seus ante‑ passados. Muitos opuseram ‑se deliberadamente à criação do Estado de Israel, na crença de que o genocídio dos judeus representara um castigo devido à assimilação e ao sionismo. Todavia, o mais importante foi os hassidistas se concentrarem na reprodução dos seus, no desejo de repor os muitos que haviam perecido, fazendo de novo aumentar as suas fileiras. Até hoje, as comunidades hassídicas continuam a crescer rapidamente, no que é visto como a derradeira vingança contra Hitler.

1 Povoações ou bairros com habitantes maioritariamente judaicos existentes na Europa Oriental antes da Segunda Guerra Mundial. (NT)

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PRÓLOGO

Na véspera do meu vigésimo quarto aniversário, entrevisto a minha mãe. Encontramo ‑nos num restaurante vegetariano em Manhattan, daqueles que se anunciam como sendo orgânicos e que utilizam produtos frescos e, apesar da minha recente incli‑ nação por carne de porco e marisco, aguardo com antecipação a simplicidade prometida pela refeição. O empregado que nos serve é claramente gentio, de cabelo louro desalinhado e grandes olhos azuis. Trata ‑nos como realeza porque estamos no Upper East Side, dispostas a desembolsar cem dólares por um almoço que consiste principalmente em vegetais. Acho uma ironia ele desconhecer que somos forasteiras, aceitando a nossa existência sem a questionar. Nunca pensei que este dia chegaria.

Antes do encontro, disse à minha mãe que tinha perguntas para lhe fazer. Apesar de termos passado mais tempo juntas durante este ano do que em todos os anos da minha adolescência somados, até agora tenho evitado falar do passado. Talvez não quisesse saber. Talvez não quisesse descobrir que as informações que me fizeram engolir sobre a minha mãe eram falsas ou talvez não quisesse aceitar que eram verdadeiras. Contudo, publicar a história da minha vida exige uma honestidade escrupulosa e não apenas da minha parte.

Faz hoje um ano que deixei definitivamente a comunidade has‑ sídica. Tenho vinte e quatro anos e espera ‑me o resto da minha vida. O futuro do meu filho está repleto de possibilidades. Sinto que consegui chegar à linha de partida de uma corrida mesmo a tempo

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do sinal de partida. Ao olhar para a minha mãe, compreendo que devem existir semelhanças entre nós, mas as diferenças são mais gritantemente óbvias. Ela era mais velha quando partiu e não me levou com ela. O seu percurso fala mais de uma luta por segurança do que por felicidade. Os nossos sonhos pairam sobre nós como nuvens, e os meus parecem ‑me maiores e mais fofos do que a sua nuvem esfiapada no alto de um céu de inverno.

Desde que me lembro, sempre quis tudo da vida, tudo o que ela me possa dar. Este desejo separa ‑me das pessoas dispostas a contentar ‑se com menos. Nem sequer compreendo como podem os desejos ser pequenos, as ambições estreitas e limitadas, quando as possibilidades são tão infinitas. Não conheço suficientemente bem a minha mãe para compreender os seus sonhos. Tanto quanto sei, para ela são grandes e importantes e quero respeitar isso. Ape‑ sar das diferenças, haverá certamente uma base comum, a escolha que ambas fizemos por uma vida melhor.

A minha mãe nasceu e cresceu numa comunidade judaica alemã em Inglaterra. Apesar de religiosa, a família não era hassidista. Filha de um divórcio, descreve ‑se enquanto jovem como uma rapariga perturbada, desajeitada e infeliz. Conta ‑me que as suas hipó teses de casar, e nem se punha a hipótese de casar bem, eram escassas. O empregado deixa na sua frente um prato de batatas fritas de polenta e feijão‑preto, e ela espeta uma batata com o garfo.

Quando surgiu a hipótese de casar com o meu pai, pareceu ‑lhe um sonho, diz entre garfadas. A família dele era rica, e estavam desesperados por casá ‑lo. Tinha irmãos que esperavam pelo seu noivado para poderem dar início às suas vidas. Com vinte e quatro anos, o que era inacreditavelmente velho para um bom rapaz judeu, já ultrapassara a idade de continuar solteiro. Quanto mais velhos são, menos provável é conseguirem casar ‑se. A minha mãe, Rachel, foi a última hipótese do meu pai.

Toda a gente que a conhecia se mostrou entusiasmada, segundo se recorda. Ia conseguir ir para a América! Ofereciam ‑lhes um belo apartamento novo, totalmente mobilado. Ofereciam ‑se para pagar todas as despesas. Iria receber belas roupas e joias. Havia muitas cunhadas ansiosas por se tornarem suas amigas.

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— Então, foram simpáticos consigo? — pergunto, referindo ‑me às minhas tias e tios, os quais, segundo me lembro, me olhavam com desprezo por motivos que nunca entendi bem.

— No início, sim — diz ela. — Eu era o novo brinquedo da Inglaterra, percebes. A rapariga bonita e magra com o sotaque engraçado.

Salvou ‑os a todos, aos mais novos. Foram poupados ao destino de envelhecerem solteiros. No início, sentiram ‑se gratos por ver o irmão casar ‑se.

— Fiz dele um mensch, um homem — explica ‑me a minha mãe. — Tratava de que estivesse sempre bem arranjado. Não sabia cuidar de si próprio, era eu que o fazia. Fiz com que tivesse melhor aspeto, já não precisavam de sentir tanta vergonha por ele.

Dos meus sentimentos pelo meu pai só recordo a vergonha. Quando o conheci, estava sempre mal arranjado e sujo e o seu comportamento era infantil e inapropriado.

— Que pensa agora do meu pai? — pergunto. — O que é que acha que se passa com ele?

— Oh, não sei. Paranoico, suponho. Uma doença mental qualquer. — A sério? Acha que é isso? Não acha que era simplesmente atrasado mental?

— Bem, ele foi visto por um psiquiatra uma vez depois de nos casarmos, e o médico disse ‑me que tinha praticamente a certeza de que o teu pai sofria de um distúrbio de personalidade, mas não havia forma de saber qual, porque se recusou a colaborar na reali‑ zação de mais testes e nunca compareceu aos tratamentos.

— Bem, não sei — respondo, pensativa. — A tia Chaya disse‑ ‑me uma vez que ele foi diagnosticado em criança com atraso mental. Disse que o QI dele era de sessenta e seis. Não há muito que se possa fazer quanto a isso.

— Mas eles nem sequer tentaram — insiste a minha mãe. — Podiam ter ‑lhe feito um tratamento qualquer.

Concordo com um gesto de cabeça. — Portanto, no início eram simpáticos consigo. Mas que aconteceu depois? — Recordo ‑me das minhas tias a falarem da minha mãe por trás das costas dela e a dizer coisas odiosas.

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— Bem, depois de a confusão acalmar, começaram a ignorar ‑me. Faziam coisas e não me convidavam. Olhavam ‑me com desprezo por eu ser de uma família pobre. Todas elas se tinham casado com homens ricos ou vinham de famílias ricas e tinham uma vida diferente. O teu pai não conseguia ganhar nada, e eu também não, por isso éramos sustentados pelo teu avô. Mas ele era avarento, que me dava o mínimo essencial para a mercearia. Era muito esperto, o teu zeide2, mas não compreendia as pessoas. Perdera o contacto com a realidade.

Continuo a sentir uma pequena ferroada quando alguém diz mal da minha família, como se tivesse de os defender.

— Pelo contrário, a tua bubbe3 respeitava ‑me, via ‑o bem. Nin‑ guém lhe ligava nenhuma, mas era certamente mais inteligente e de espírito mais aberto do que os outros pensavam.

— Oh, concordo consigo! — Fico contentíssima por descobrir que temos algo comum, um membro da família que vemos da mesma maneira. — Também era assim comigo. Respeitava ‑me, quando todos os outros pensavam que eu não passava de uma rapa‑ riga incómoda.

— Sim, bom... mas não tinha poder nenhum. — É verdade.

Assim, no fundo, a minha mãe não tinha nada a que se agarrar. Não tinha marido, nem família, nem casa. Na faculdade, teria uma existência, teria um objetivo, uma direção. Partimos quando já nada temos por que ficar, vamos para onde podemos ser úteis, para onde nos aceitam.

O empregado acerca ‑se da mesa com um brownie de chocolate com uma vela espetada. — Parabéns a você... — canta baixinho, cruzando brevemente o olhar com o meu. Olho para o chão, sentindo ‑me corar.

— Sopra a vela — pede a minha mãe, pegando na máquina fotográfica. Tenho vontade de rir. Aposto que o empregado pensa que sou igual às outras aniversariantes que saem com as mães e que

2 Avô em iídiche. Surge com a forma zeidy, avôzinho. (NT) 3 Avó em iídiche. Surge com a forma bubby, avozinha. (NT)

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fazemos isto todos os anos. Alguém imaginaria que a minha mãe não assistiu à maioria dos meus aniversários? Como pode ela fazer isto com tanta desenvoltura? Parecer ‑lhe ‑á natural? A mim não parece certamente.

Depois de ambas termos devorado o bolo, ela detém ‑se e limpa a boca. Diz que queria levar ‑me com ela, mas que não pôde. Não tinha dinheiro. A família do meu pai ameaçou dar ‑lhe cabo da vida se tentasse levar ‑me. A Chaya, a tia mais velha, era a pior, diz ela. — Eu ia visitar ‑te, e ela tratava ‑me como lixo, como se não fosse tua mãe, como se não te tivesse dado à luz. Quem lhe dava esse direito, quando nem sequer era do meu sangue? — A minha mãe recorda que a Chaya se casara com o filho mais velho da família e que de imediato tomara o controlo de tudo. Tinha sempre de ser ela quem mandava, organizando tudo, declarando o que pensava em todo o lado.

E, quando a minha mãe deixou o meu pai definitivamente, a Chaya passou também a controlar ‑me. Decidiu que eu iria viver com os meus avós, que iria para a escola satmar, que me casaria com um bom rapaz satmar de uma família religiosa. Foi a Chaya quem acabou por me ensinar a controlar a minha própria vida, a tornar ‑me dura como ela e a não deixar que alguém me forçasse a ser infeliz.

Vim a saber que foi ela quem convenceu o zeidy a falar com a casamenteira, embora eu tivesse acabado de fazer dezassete anos. No fundo, foi ela a minha casamenteira; foi ela quem decidiu com quem me devia casar. Gostaria de a responsabilizar por tudo o que passei em resultado disso, mas sou demasiado sensata. Conheço os costumes do nosso mundo e a forma como as pessoas são arrastadas pela forte corrente das nossas antiquíssimas tradições.

Agosto de 2010 Nova Iorque

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EM BUSCA DO MEU PODER SECRETO

«Matilda desejava que os pais fossem bons e afetuosos e compreensivos e honrados e inteligentes. O facto de não serem nenhuma dessas coisas era algo que tinha de suportar...

Sendo muito pequena e muito jovem, o único poder que Matilda tinha sobre alguém da família era a sua capacidade intelectual.»

Em Matilda, de Roald Dahl

O meu pai dá ‑me a mão enquanto manuseia, desastrado, as cha‑ ves do armazém. Nesta área industrial de Williamsburg, as ruas quedam ‑se estranhamente desertas e silenciosas. No alto, as estrelas brilham ténues no céu noturno; das proximidades, ouve ‑se o silvo esporádico de algum automóvel na via rápida. Levo o olhar até aos sapatos de couro envernizado que batem impacientes no passeio e mordo o lábio para me conter. Estou satisfeita por aqui estar. Não é todas as semanas que o tatty4 me traz com ele.

Um dos muitos biscates do meu pai é ligar os fornos da panifi‑ cação kosher5 Beigel depois de terminado o sabat. Todos os estabe‑ lecimentos judaicos são obrigados a suspender a atividade durante o sabat, e as leis exigem que seja um judeu a reativá ‑la. O meu pai

4 Diminutivo de tatte (pai). (NT)

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é um bom candidato para uma tarefa tão simples. Quando chega, já os trabalhadores gentios preparam a massa e dão forma às carcaças e aos pães de forma; à medida que percorre o enorme armazém a ligar os interruptores, assim vão arrancando os zumbidos e os zunidos enquanto atravessamos as salas cavernosas. É uma das semanas em que me leva com ele, e acho empolgante estar aqui, rodeada de toda esta azáfama, sabendo que o meu pai está no centro dela, que estas pessoas têm de esperar pela sua chegada para que o trabalho seja retomado como normalmente. Sinto ‑me importante só de saber que ele é importante. Os trabalhadores dirigem ‑lhe um aceno de cabeça enquanto passa por eles, sorrindo ‑lhe mesmo que se atrase, e dão ‑me palmadinhas na cabeça com as mãos enluvadas cobertas de farinha. Assim que o meu pai termina a última secção, toda a fábrica pulsa ao som das máquinas misturadoras e dos tapetes rolantes. O chão de cimento vibra ligeiramente debaixo dos pés. Fico a observar os tabuleiros que deslizam para os fornos e saem do outro lado com os pãezinhos dourados em fila, enquanto o meu pai conversa com os trabalhadores, ao mesmo tempo que vai saboreando um kichel de ovo.

A bubby adora estes biscoitos em forma de laço. Trazemos ‑lhe sempre uns quantos depois das nossas viagens à padaria. Na parte da frente do armazém, existem prateleiras cheias de caixas emba‑ ladas e fechadas de diversos tipos de pastelaria, prontas a serem expedidas pela manhã, e, à saída, costumamos levar tantas quan‑ tas conseguimos. Lá estão os famosos queques kosher cobertos de polvilhos coloridos; as tranças de babka com sabor a canela e a chocolate; o tradicional bolo de sete camadas, cheio de margarina; os pequeníssimos biscoitos brancos e negros, de que apenas gosto de comer a parte de chocolate. Aquilo que o meu pai escolher à saída será deixado mais tarde em casa dos meus avós, despejado em cima da mesa da sala de jantar como recompensa, e eu hei de prová ‑los a todos.

O que poderá comparar ‑se a este tipo de riqueza, a abundância de doces e confeitos dispersos pela toalha de damasco como arti‑ gos de um leilão? Hoje à noite hei de adormecer facilmente com o gosto do glacé nos intervalos dos dentes e as migalhas a derreterem‑ ‑se, armazenadas na boca.

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Este é um dos poucos momentos bons que partilho com o meu pai. São muitas as ocasiões em que poucos motivos de orgulho me dá. Usa camisas com manchas amareladas debaixo dos braços, embora seja a bubby quem lhe trata da maior parte da roupa, e exibe um sorriso demasiado largo e apatetado, como o de um palhaço. Quando vem visitar ‑me a casa da bubby, traz ‑me barras de gelado com capa de chocolate da Klein e observa ‑me, expectante, enquanto as como, aguardando os meus comentários de gratidão. Isto é ser pai, será o que ele pensa — abastecer ‑me de guloseimas. Depois, parte tão inesperadamente como chega para um dos seus «recados».

Sei que as pessoas lhe dão trabalho por pena. Contratam ‑no como motorista para as suas deslocações, para distribuir encomendas ou para qualquer outra coisa que o julguem capaz de fazer sem cometer erros. Ele não percebe, acha que está a prestar um serviço inestimável.

O meu pai faz muitos recados, mas os únicos em que me deixa participar são as idas esporádicas à panificação e as ainda mais raras ao aeroporto. As viagens ao aeroporto são mais empolgantes, mas acontecem apenas umas duas vezes ao ano. Bem sei que é estranho eu gostar de visitar o aeroporto em si, sabendo que jamais entrarei sequer num avião, mas entusiasma ‑me estar ao lado do meu pai enquanto ele espera pela pessoa que tem de ir buscar, e vou obser‑ vando as multidões que se apressam de um lado para o outro com as bagagens a chiar atrás de si, sabendo que todos eles têm um propó‑ sito e estão a dirigir ‑se para algum lugar. Que mundo maravilhoso este, penso, onde pássaros aterram com brevidade antes de reapare‑ cerem num outro aeroporto, algures do outro lado do planeta. Se eu pudesse concretizar algum desejo, seria o de viajar sempre de um aeroporto para outro. Liberta da prisão de ficar quieta.

Depois de o meu pai me deixar em casa, é provável não o ver durante um tempo, semanas talvez, a não ser que o encontre por acaso na rua, e, nesse caso, escondo o rosto e finjo não o ver, para evitar que me chame e me apresente ao seu interlocutor. Não suporto os olhares de piedade curiosa que as pessoas me lan‑ çam quando sabem que sou sua filha.

«É a sua maideleh, a sua menina?», entoam eles, condescenden‑ tes, beliscando ‑me a bochecha ou erguendo ‑me o queixo com um

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dedo dobrado. Então observam ‑me atentamente em busca de algum sinal de que seja, de facto, descendente deste homem, para que possam dizer mais tarde: «Nebach, pobrezinha, e sem culpa de ter nascido! Vê ‑se ‑lhe bem na cara, não tem os alqueires bem medidos.»

A bubby é a única que acha que tenho o juízo todo. Com ela percebe ‑se que nunca o põe em causa. Não julga as pessoas. Nunca tirou conclusões sobre o meu pai, mas talvez apenas se recusasse a admiti ‑lo. Quando conta histórias sobre ele com a minha idade, retrata ‑o como adoravelmente traquinas. Como foi sempre dema‑ siado magro, ela fazia tudo para que comesse. Dava ‑lhe o que lhe mais apetecia, mas não podia sair da mesa até esvaziar o prato. Uma vez atou a coxa da galinha a um cordel e balançou ‑a fora da janela aos gatos do quintal para não ter de ficar à mesa durante horas enquanto os outros brincavam lá fora. Quando a bubby regressou e ele lhe mostrou o prato vazio, ela perguntou: «E onde estão os ossos? Isso é que não se consegue comer.» E foi assim que ela soube.

Eu queria admirar a ideia engenhosa do meu pai, mas a bolha de orgulho rebentou quando a bubby me contou que nem sequer teve a esperteza suficiente de pensar antecipadamente e puxar o cordel para dentro a fim de repor os ossos acabados de roer no prato. Aos onze anos, desejei uma execução mais ardilosa daquilo que poderia ter sido um plano excelente.

Na adolescência, as suas tropelias inocentes já tinham deixado de ter graça. Não conseguia manter ‑se sossegado durante a yeshiva6 e assim o zeidy enviou ‑o para o campo de treino Gershom Feldman no Norte do estado de Nova Iorque, onde ministravam a yeshiva a crianças problemáticas — semelhante ao estudo normal, mas com castigos corporais para quem se portasse mal. Isso não curou o estranho comportamento do meu pai.

A excentricidade é porventura perdoada mais facilmente numa criança. Mas quem poderá justificar um adulto que armazena bolo meses a fio até o cheiro a bolor se tornar insuportável? Quem poderá explicar a fila de frascos no frigorífico, contendo o antibiótico em

6 Instituição onde os rapazes estudam a Tora (a lei de Moisés) e o Talmude (coleção de preceitos e tradições judaicos). (NT)

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xarope cor ‑de ‑rosa que as crianças tomam, que o meu pai insiste em ingerir todos os dias por causa de alguma doença invisível que nenhum médico consegue detetar?

A bubby ainda continua a tomar conta dele. Faz carne de vaca especialmente para ele, mesmo apesar de o zeidy não lhe tocar desde o escândalo de há dez anos quando se descobriu que a vaca kosher afinal não o era, de todo. A bubby continua a cozinhar para todos os filhos, mesmo os casados. Agora têm mulheres para tomar conta deles, mas ainda vêm para o jantar, e a bubby age como se fosse a coisa mais natural do mundo. Todas as noites, pelas dez horas, limpa os balcões da cozinha e, em tom de graça, declara o «restaurante» fechado.

Eu também aqui como e até durmo a maior parte do tempo, pois a minha mãe parece já nunca estar presente e ninguém confia no meu pai para tomar conta de mim. Quando era muito pequena, lembro ‑me de a minha mãe costumar ler ‑me livros antes de dormir, histórias de lagartas esfomeadas e do Clifford, o grande cão verme‑ lho. Em casa da bubby, os únicos livros são de orações. Antes de dormir, rezo a shema7.

Gostaria de ler livros outra vez, porque essas são as únicas recor‑ dações felizes que tenho, que me lessem livros, mas o meu inglês não é grande coisa, e não tenho meio de arranjar livros sozinha. É assim que, ao invés, me alimento com queques da Beigel e kichel de ovo. A bubby tem tanto prazer e um entusiasmo tão especial por comida que não consigo deixar de me enredar no seu frenesim.

A cozinha da avó é o centro do mundo. É aí que todos se juntam para tagarelar e trocar mexericos, enquanto ela deita ingredien‑ tes na misturadora elétrica ou mexe as eternas panelas ao lume. As conversas mais sombrias decorrem sem a presença do zeidy, atrás de portas fechadas, mas as boas notícias são sempre parti‑ lhadas na cozinha. Desde que me lembro, sempre gravitei para a pequena divisão forrada a azulejos brancos, tantas vezes embacia‑ dos pelos vapores dos cozinhados. Mal andava e, engatinhando, descia o lanço de escadas do nosso apartamento no segundo andar até à cozinha da bubby no primeiro andar, ultrapassando lenta

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e cuidadosamente cada degrau coberto de linóleo com as pernitas rechonchudas, na esperança de receber uma Jell ‑O de morango como recompensa no final da minha labuta.

É nesta cozinha que sempre me senti em segurança. De quê não consigo dizer com clareza; o que sei é que na cozinha não sentia aquela sensação habitual de estar perdida numa terra desconhecida onde ninguém sabia quem eu era ou que língua eu falava. Na cozi‑ nha sentia que chegara ao meu local de origem e que jamais queria ser obrigada a regressar ao caos.

Costumo aconchegar ‑me no pequeno banco de couro escondido entre a mesa e o frigorífico e ficar a ver a bubby mexer a massa para o bolo de chocolate, enquanto espero pela espátula, que me deixam lamber até ao fim. Antes do sabat, a avó enfia fígados de vaca intei‑ ros na picadora de carne com um pilão de madeira, juntando de vez em quando mãos ‑cheias de cebolas caramelizadas, enquanto segura uma tigela por baixo para apanhar o cremoso fígado picado, que verte da trituradora. Há manhãs em que mistura cacau holandês de primeira qualidade com leite gordo numa panela e ferve a mistura em cachão, apresentando ‑me um chocolate quente, escuro e rico, que adoço com torrões de açúcar. Os ovos mexidos são envolvidos em manteiga luzidia; as suas boondash, ou seja, a versão húngara das rabanadas, são sempre estaladiças e douradas. Ainda gosto mais de a ver preparar comida do que de comê ‑la. Adoro que a casa se encha com os seus aromas; penetram lentamente pelo apartamento longo e estreito, entrando à vez em cada divisão como um deli‑ cado comboio de odores. Acordo de manhã no meu quarto pequeno no extremo oposto da casa e farejo expectante, tentando adivinhar o que estará a bubby a cozinhar nesse dia. Levanta ‑se sempre muito cedo e, à hora que desperto, já decorre a preparação dos alimentos.

Quando o zeidy não se encontra em casa, a bubby tem o hábito de cantar. Trauteia melodias sem letra com a voz fina e suave, ao mesmo tempo que bate com mestria um castelo de merengue fofo numa tigela de metal brilhante. Esta é uma valsa vienense, explica‑ ‑me ela, ou uma rapsódia húngara. São canções da sua infância, esclarece, memórias de Budapeste. Quando o avô chega, interrompe‑ ‑se. Sei que, apesar de as mulheres não estarem autorizadas a cantar,

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isso lhes é permitido na presença da família. Ainda assim, o zeidy incita ao canto apenas durante o sabat. Desde que o Templo foi destruído, segundo afirma, não devemos cantar ou ouvir música exceto em ocasiões especiais. De quando em quando, a bubby vai buscar o velho gravador de fita que o pai me deu, e passa a cassete das músicas do casamento do meu primo vezes sem fim, em som baixo para poder ouvir a chegada de alguém. Desliga ‑o ao rangido mais insignificante vindo do corredor.

O pai dela era kohain, gosta de me relembrar. Um homem que conseguia seguir o rasto dos antepassados até aos sacerdotes do Templo. Os kohains são famosos pelas belíssimas vozes graves. O zeidy, por seu lado, não consegue entoar uma melodia por mais que se esforce, mas gosta das canções que o pai lhe costumava ensi‑ nar na Europa, as melodias tradicionais do sabat, que ele acaba por distorcer em desvarios dissonantes. A avó abana a cabeça e sorri com as tentativas do marido. Há muito que desistiu de acompanhá ‑lo. Ele faz com que toda a gente desafine, com os seus gorjeios discordantes a abafarem as vozes de todos os outros até que se torna impossível distinguir qualquer melodia. Apenas um dos filhos lhe herdou a voz, diz a bubby. Os restantes saem ao pai. Conto ‑lhe que fui escolhida para um solo no coro da escola, que talvez tenha herdado a minha voz forte e límpida da sua família. Quero que ela tenha orgulho em mim.

A bubby nunca me pergunta como vou na escola. As minhas atividades não a preocupam. Quase como se não lhe interessasse de facto conhecer ‑me por quem realmente sou. Ela é assim com toda a gente. Julgo que é por toda a sua família ter sido assassinada nos campos de concentração e ela já não ter energia para se relacionar emocionalmente com os outros.

A única coisa com que se preocupa é se me alimento o bastante: fatias de pão de centeio generosamente barradas de manteiga, pra‑ tos de substancial sopa de vegetais, quadrados de strudel de maçã húmido e luzidio, tudo em quantidade suficiente. Parece que a bubby está constantemente a pôr ‑me comida à frente, até nos momentos mais impróprios. Prova este peru assado ao pequeno‑ ‑almoço. Experimenta esta salada de repolho à meia ‑noite. O que estiver a ser cozinhado é o que está disponível. Não existem sacos

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de batatas fritas na despensa, nem sequer caixas de cereais. Tudo o que é servido em casa da bubby foi acabado de fazer a partir do zero.

É o zeidy quem me faz perguntas sobre a escola, mas, na maioria das vezes, apenas para averiguar se me ando a portar bem. Apenas quer ouvir que me comporto como deve ser para que ninguém diga que tem uma neta desobediente. Na semana passada, antes do Yom Kippur8, ele aconselhou ‑me o arrependimento para poder começar o novo ano, transformada por magia numa menina sossegada e temente a Deus. Foi o meu primeiro jejum; embora, de acordo com a Tora, eu me torne mulher aos doze anos, as raparigas começam a jejuar aos onze, apenas para serem postas à prova. Existe todo um mundo de regras novas que me aguarda quando atravessar a ponte da infância para a idade adulta. Este ano que agora começa é uma espécie de ensaio geral.

Restam apenas alguns dias antes da nova celebração, o Sucot9. O avô precisa da minha ajuda para construir a sucá, a pequena cabana de madeira onde comeremos todos durante oito dias. Para assentar a cobertura de bambu, necessita que alguém lhe entre‑ gue os caules enquanto estiver empoleirado no cimo do escadote a ajeitar as canas pesadas sobre as vigas de madeira acabadas de pregar. As cavilhas estrepitam ao ser marteladas no seu devido lugar. Por alguma razão, sou sempre eu que acabo por ficar com esta tarefa, que pode tornar ‑se aborrecida depois de horas, em pé, junto ao escadote, a passar cada uma das canas para as mãos do avô.

Apesar de tudo, gosto de me sentir útil. Ainda que as canas tenham pelo menos uns dez anos e tenham estado guardadas na cave o ano inteiro, cheiram a fresco e a doce. Rolo ‑as para um lado e para o outro entre as palmas das mãos, e a superfície é fresca ao toque, polida e lustrosa por anos de uso. O zeidy ergue cada uma delas lenta e intencionalmente. Não são muitas as tarefas domés‑ ticas que o avô não se importa de desempenhar, mas arranja sempre tempo para qualquer tipo de trabalho relacionado com a preparação das festas. O Sucot é uma das minhas preferidas, pois é passada ao ar

8 Importante celebração judaica, o dia do perdão e da expiação. (NT) 9 Festa dos Tabernáculos, festividade que assinala os quarenta anos de êxodo dos hebreus no deserto após a saída do Egito. (NT)

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livre no tempo fresco do outono. À medida que os dias começam a diminuir, aproveito todos os resquícios de sol no alpendre da bubby, mesmo que tenha de me embrulhar em várias camadas de camisolas para afastar o frio. Deito ‑me numa cama feita com três cadeiras de madeira, inclinando o rosto para o sol, que incide casualmente pela viela estreita entre um conjunto de casas de habitação geminadas de traseiras com traseiras. Não existe nada mais calmante do que sentir o sol pálido de outono na pele, e deixo ‑me ficar até que os raios de luz espreitem, ténues, sobre o horizonte empoeirado e sombrio.

* * *

O Sucot é uma festa longa, mas, a meio, tem quatro dias um tanto desprovidos de cerimónias. Nesses dias, chamados Chol Hamoed, não existem quaisquer regras sobre conduzir um automóvel ou gas‑ tar dinheiro e são geralmente passados como qualquer outro dia da semana, exceto não ser permitido trabalhar; assim sendo, a maioria das pessoas sai em viagem de família. Os meus primos costumam ir sempre a algum lugar, e estou convencida de que acabarei por ir a reboque de alguns deles. O ano passado fomos a Coney Island. Este ano, a Mimi diz que vamos fazer patinagem no gelo no parque.

A Mimi é uma das poucas primas que são simpáticas comigo. Acho que é por o pai dela ser divorciado. Agora a mãe está casada com outro homem qualquer que não pertence à família, mas a Mimi continua a vir muitas vezes a casa da bubby ver o pai, o meu tio Sinai. Às vezes, parece ‑me que a família está dividida a meio, com os problemas de um lado e as pessoas perfeitas de outro. Só as pessoas com problemas é que conversam comigo. Não faz mal, é tão divertido ter a Mimi por perto. Anda no secundário e já viaja sozinha e estica o cabelo cor de mel com as pontas viradas para fora.

Após dois dias de nervos a ajudar a bubby a servir as refeições das festividades, a transportar tabuleiros de comida da cozinha para a sucá e de regresso à cozinha, Chol Hamoed chega por fim. A Mimi vem buscar ‑me de manhã. Estou vestida e pronta, tendo seguido as suas instruções à risca. Collants grossos com um par de peúgas por cima, uma camisola grossa sobre a camisa para ficar

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quente, mitenes enormes nas mãos e ainda um chapéu. Sinto ‑me inchada e desajeitada, mas bem preparada. A Mimi traz um casaco muito chique de lã cinzento ‑escura com gola e luvas de veludo, e fico invejosa da sua elegância. Pareço um macaco em que nada combina, o peso das mitenes a fazer ‑me arrastar os braços de uma maneira absurdamente cómica.

Patinar no gelo é mágico. A princípio, vacilo nos patins alugados, insegura, agarrada com força à parede do rinque, enquanto dou a volta, mas apanho ‑lhe o jeito muito rapidamente e, assim que o faço, é como se voasse. Arranco, um pé de cada vez, e depois fecho os olhos durante o tempo em que deslizo suavemente, mantendo as costas direitas como a Mimi me disse para fazer. Nunca me senti tão livre.

Ouço o som de risos, mas parece distante, perdido no ímpeto de ar que me açoita os ouvidos. O som dos patins a raspar no gelo é o mais elevado de todos, e perco ‑me no seu ritmo. Os movimentos tornam ‑se repetitivos, em transe, e anseio por que a vida pudesse ser assim o tempo todo. Sempre que abro os olhos, estou à espera de estar noutro lugar.

Passadas duas horas, dou por mim esfomeada. É uma nova espé‑ cie de fome, talvez aquela que advém de um cansaço prazeroso, e o vazio dentro de mim é, desta vez, agradável. A Mimi trouxe san‑ duíches kosher. Sentamo ‑nos num banco fora do rinque para comer. Enquanto mastigo entusiasticamente a sanduíche de pão de cen‑ teio e atum, reparo numa família na mesa de piquenique ao nosso lado, especialmente numa rapariga que aparenta a minha idade. Ao contrário de mim, está vestida adequadamente para patinar no gelo, com uma camisa muito mais curta e grossa e collants de cor viva. Até traz proteções de pelo para os ouvidos.

Ela vê ‑me a olhar e desliza pelo banco. Estende ‑me a palma da mão fechada e, quando a abre, vejo um chocolate embrulhado em papel de prata brilhante. Nunca vi nada assim.

— És judia? — pergunto para ter a certeza de que é kosher. — Uh, uh — diz ela. — Até ando na escola hebraica e tudo. Sei o aleph ‑bet10. Sou a Stephanie.

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Pego no chocolate com cautela. Hershey, é o que diz na emba‑ lagem. Hersh quer dizer «veado» em iídiche e também é um nome comum de rapaz. O ‑ey que foi acrescentado no final transforma ‑o num diminutivo carinhoso. Interrogo ‑me sobre que tipo de homem é o Hershey, se os filhos têm orgulho nele quando veem o nome gravado no invólucro dos doces. Se ao menos eu tivesse a sorte de ter um pai assim. Antes de abrir a tablete de chocolate para ver que aspeto tem por dentro, a Mimi examina ‑a de rosto severo e abana a cabeça em jeito de aviso.

— Obrigada — digo à Stephanie, fechando o punho em volta da tablete até a esconder completamente. Ela empina o nariz e apressa ‑se a voltar para a mesa.

— Não podes comer o chocolate — anuncia a Mimi mal a Stephanie se afasta. — Não é kosher.

— Mas ela é judia! Foi o que ela disse! Não posso porquê? — Porque nem todos os judeus obedecem às leis. E, mesmo os que as seguem, nem sempre são suficientemente kosher. Olha, estás a ver essa marca no invólucro? Diz OUD, o que quer dizer feito com produtos lácteos kosher. Não são produtos lácteos cholov

Yisroel, o que significa que o leite que foi usado não teve a devida

supervisão rabínica. O zeidy ficava horrorizado se levasses isto para casa.

A Mimi tira ‑me o chocolate da mão e deita ‑o no caixote do lixo mais próximo.

— Eu arranjo ‑te outro chocolate — diz ‑me ela. — Depois, quando voltarmos. Um que seja kosher. Podes comer um La ‑Hit, gostas desses, não gostas?

Aceno com a cabeça, apaziguada. Enquanto termino a sanduíche de atum, contemplo pensativa a Stephanie, que vai executando saltos no pavimento de borracha. Ouvem ‑se os baques surdos das pontas dentadas dos patins a cada chegada ao solo, a postura per‑ feita. Como é que se pode ser judeu e não ser kosher?, interrogo ‑me.

Como é que se pode saber o aleph ‑bet e continuar a comer Hershey? Não se devia ter mais juízo?

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