• Nenhum resultado encontrado

Prevalência do presenteísmo em trabalhadores de uma indústria do setor alimentício

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Prevalência do presenteísmo em trabalhadores de uma indústria do setor alimentício"

Copied!
75
0
0

Texto

(1)

i

BEATRIZ MACHADO DE CAMPOS CORRÊA SILVA

PREVALÊNCIA DO PRESENTEÍSMO DE TRABALHADORES EM UMA INDÚSTRIA DO SETOR ALIMENTÍCIO

CAMPINAS 2015

(2)
(3)

ii

Faculdade de Ciências Médicas

BEATRIZ MACHADO DE CAMPOS CORRÊA SILVA

PREVALÊNCIA DO PRESENTEÍSMO DE TRABALHADORES EM UMA INDÚSTRIA DO SETOR ALIMENTÍCIO

CAMPINAS 2015

Dissertação apresentada à Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas como parte dos requisitos exigidos para obtenção do título de Mestra em Saúde Coletiva, área de concentração Epidemiologia.

.

ORIENTADOR: DR. SÉRGIO ROBERTO DE LUCCA ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE A VERSÃO FINAL DA DISSERTAÇÃO DEFENDIDA PELA ALUNA BEATRIZ MACHADO DE CAMPOS CORRÊA SILVA, E ORIENTADA PELO PROF. DR. SÉRGIO ROBERTO DE LUCCA

_____________________ Assinatura do Orientador

(4)

Maristella Soares dos Santos - CRB 8/8402

Silva, Beatriz Machado de Campos Corrêa,

Si38p SilPrevalência do presenteísmo em trabalhadores de uma indústria do setor alimentício / Beatriz Machado de Campos Corrêa Silva. – Campinas, SP : [s.n.], 2015.

SilOrientador: Sérgio Roberto de Lucca.

SilDissertação (mestrado) – Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Ciências Médicas.

Sil1. Presenteísmo. 2. Saúde do trabalhador. 3. Nível de saúde. I. Lucca, Sérgio Roberto de,1957-. II. Universidade Estadual de Campinas. Faculdade de Ciências Médicas. III. Título.

Informações para Biblioteca Digital

Título em outro idioma: Prevalence of workers presenteeism in a nutritious industry Palavras-chave em inglês:

Presenteeism Occupational health Health status

Área de concentração: Epidemiologia Titulação: Mestra em Saúde Coletiva Banca examinadora:

Sérgio Roberto de Lucca [Orientador] Heloisa Campos Paschoalin

Valmir Antonio Zuliani de Azevedo Data de defesa: 10-02-2015

Programa de Pós-Graduação: Saúde Coletiva

Powered by TCPDF (www.tcpdf.org)

(5)
(6)
(7)

vii RESUMO

Introdução: Comparecer ao trabalho doente é um comportamento frequentemente adotado pelos trabalhadores. Esse comportamento, denominado de presenteísmo, é um problema emergente que devido as suas repercussões sociais e econômicas tem despertado a atenção de pesquisadores em diversas áreas e preocupação de gestores por ser difícil de ser percebido. Objetivo: Determinar a prevalência de presenteísmo entre os trabalhadores em uma indústria do setor alimentício. Método: Estudo epidemiológico, de corte transversal, com população de 1.224 trabalhadores, utilizando o Stanford Presenteeism Scale – SPS-6 como método de investigação do presenteísmo. Resultados e Discussão: a avaliação do presenteísmo por meio do SPS-6 revelou que 50,9% dos trabalhadores são presenteístas. Foi possível observar que a prevalência do presenteísmo tende a ser a mais elevada nas seguintes condições de saúde: diabetes (83,3%), doença de pele (62,5%), doenças respiratórias (59,1%), doença renal (53,7). Conclusão: Os resultados encontrados por meio do SPS-6 evidenciam elevada prevalência de presenteísmo entre os trabalhadores da indústria pesquisada. Entre os presenteístas observou-se associação significativa entre obesidade e sedentarismo afetando o desempenho no trabalho. A introdução de programas de educação em saúde, relacionado com alimentação adequada e prática de exercícios poderá contribuir para a redução do presenteísmo nesta empresa.

Palavras-chave: presenteísmo, saúde do trabalhador, riscos psicossociais.

(8)
(9)

ix

ABSTRACT

Introduction: to work ill has been a common behavior for workers. This behavior named presenteeism is a rising problem which by its economical and social repercussions has awaked the researches attention in diverse areas and the managers worry. Objective: to determine the presenteeism prevalence at a food industry. Method: Epidemiological, cross-cut study with 1224 workers applying the Stanford Presenteeism Scale - SPS-6 as research method of presenteeism. Results and discussion: the presenteeism evaluation by SPS-6 showed that 50,9% of workers are presenteeist. It has been possible to observe that the presenteeism prevalence is higher on the following health conditions; skins problems 59,6% renal disease 55,6% psychiatric conditions 53,1% headache and heart disease 51,6%. Conclusion: The results found by SPS-6 showed high prevalence of presenteeism by disease among works of the researched industry. Among the presenteeísts there was a significant association between obesity and sedentary lifestyle affect job performance. The introduction of health education programs related to proper nutrition and physical exercises can help to reduce presenteeism this company.

(10)
(11)

xi SUMÁRIO

DEDICATÓRIA xiii

AGRADECIMENTOS xv

LISTA DE ILUSTRAÇÃO xvii

LISTA DE QUADROS xix

LISTA DE TABELAS xxi

1 INTRODUÇÃO 1

2 PRESENTEÍSMO

2.1 CAUSAS E FATORES RELACIONADOS AO PRESENTEÍSMO 2.2 IMPACTO ECONÔMICO 2.3 IMPACTO SOCIAL 2.4 PREVALÊNCIA DO PRESENTEÍSMO 3 3 10 12 14 3 OBJETIVOS 3.1 OBJETIVO GERAL 3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 17 17 17 4 MÉTODO 4.1 LOCAL 4.2 ASPECTOS ÉTICOS 4.3 POPULAÇÃO DO ESTUDO 4.3.1 Critérios de Inclusão 4.3.2 Critérios de Exclusão 4.4 INSTRUMENTOS

4.5 TRATAMENTO DOS DADOS 4.6 CONTROLE DE VIESES 4.6.1 Viés de Informação 18 18 19 19 20 20 20 24 24 24 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO 5.1 CARACTERÍSTICAS SOCIODEMOGRÁFICAS 5.2 RESULTADOS DA SPS-6

5.3 CORRELAÇÃO DAS VARIÁVEIS COM O PRESENTEÍSMO

25 25 25 27 6 CONCLUSÃO 38 REFERÊNCIAS 42 APÊNDICE 1 49 APÊNDICE 2 50 ANEXO 1 51 ANEXO 2 54

(12)
(13)

xiii

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a todos os trabalhadores que “graças à obstinação e à mobilização subjetiva conseguem transformar sua impotência em desempenho” (Christophe Dejours).

(14)
(15)

xv

AGRADECIMENTOS

Ao Profº Dr. Sérgio Roberto de Lucca, meu orientador, que me acompanhou em todas as etapas desse trabalho minha profunda e indescritível gratidão pela oportunidade tão sonhada, pela confiança na minha capacidade de realizá-lo, pelas críticas construtivas, apoio, carinho e especialmente por ser grande incentivador na superação dos meus limites. Obrigada pela oportunidade e confiança!

Aos professores Dr. Valmir Antonio Zuliani de Azevedo e Dr. Satoshi Kitamura, pelas valiosas observações e sugestões que contribuíram para melhoria da pesquisa.

A Profª Dra. Heloisa Campos Paschoalin, pela disponibilidade em participar da banca e por sempre ter estado disposta a contribuir com sua valiosa experiência para a realização deste trabalho.

Aos meus pais, que amo muito, pelo apoio incondicional, carinho e paciência. Especialmente à minha mãe, grande companheira que se tornou uma expert no assunto, obrigada pela paciência de ler, reler, ouvir e dar valiosas sugestões. Por sempre me mostrar a direção correta, pela confiança, por tudo... valeu!

Aos meus pacientes, que muitas vezes tiveram que compreender minha ausência e mesmo assim me apoiaram.

A minha amiga e colega de profissão, Janaína Roland Tancredo, pelo apoio fundamental sem o qual este percurso teria sido muito mais difícil, obrigada por me substituir com muita competência e carinho sempre que precisei!

A empresa que permitiu a realização deste trabalho.

Aos trabalhadores que aceitaram participar desta pesquisa, sem os quais não seria possível a realização deste trabalho.

A minha professora de inglês Ligia Marino Galzerano, por me ajudar desde o inicio desta etapa.

A Elaine Veloso Megatti, pela revisão gramatical.

A minha querida tia Heloisa Helena Machado por sempre me incentivar e ser tão carinhosa.

A minha prima Luciana Ruggiero Gonzalez pelo carinho, incentivo, apoio e sugestões. Aos amigos que fizeram parte desta jornada sempre me ajudando e incentivando, especialmente Aline Bedin Zanatta, Igor Benedick, Graziela Ferrari, Lucas Germano e Elza Bertassini, agradeço a oportunidade de ter convivido, aprendido, dividido angustias e me divertido com vocês.

Aos meus amigos do pedal que me ajudaram a espairecer e repor energia para não esmorecer e continuar, especialmente Nicoly Freitas.

E a Deus, pela oportunidade de encontrar e conviver com cada uma destas pessoas em meu caminho.

(16)
(17)

xvii

LISTA DE ILUSTRAÇÃO

Figura 1: Fatores influenciam na ocorrência do presenteísmo (adaptado de QUAZI, 2013)

(18)
(19)

xix

LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Razões para comparecer ao trabalho doente 6

Quadro 2: Condições de saúde comumente identificadas nos estudos sobre

presenteísmo 7

Quadro 3: Principais fatores de risco psicossocial 13

Quadro 4: Questões dos Grupos I da SPS-6 22

Quadro 5: Questões dos Grupo II da SPS-6 22

Quadro 6: Valor das alternativas para os grupos I e II da SPS-6 23 Quadro 7: Interpretação do escore da SPS-6 23

(20)
(21)

xxi

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Prevalência do presenteísmo e absenteísmo por setor de atividade

econômica e gênero (%) 15

Tabela 2: Escore (%) do Grupo I da SPS-6 com respectiva freqüência (%) 26 Tabela 3: Escore (%) do Grupo II da SPS-6 com respectiva freqüência (%) 26 Tabela 4: Prevalência (%) de Presenteísmo segundo variáveis sociodemográficas

27 Tabela 5: Prevalência (%) de Presenteísmo segundo as características ocupacionais

29 Tabela 6: Prevalência (%) de Presenteísmo segundo hábitos relacionados à saúde

30

Tabela 7: Prevalência (%) de Presenteísmo segundo o IMC 32

Tabela 8: Prevalência do presenteísmo (%) segundo condições de

saúde autorreferidas 33

Tabela 9: Presenteísmo (%) correlacionado aos sintomas autorreferidos 34

Tabela 10: Prevalência (%) de Presenteísmo segundo aspectos relacionados à situação de saúde entre os meses de janeiro a dezembro de 2013 36

Tabela 11: Presenteísmo (%) associado ao cansaço físico após o trabalho 37 Tabela 12: Presenteísmo (%) associado à percepção de saúde autorreferida 37

(22)
(23)

1 1 INTRODUÇÃO

Com a acirrada concorrência e o ritmo acelerado de mudanças nas políticas, econômicas e sociais que ocorrem no mundo corporativo contemporâneo, as organizações exigem cada vez mais profissionais produtivos e eficientes.

Para atingir os objetivos a que se propõem, as organizações contam com métodos gerenciais que envolvem desde o treinamento e desenvolvimento de trabalhadores, remuneração por competência, habilidade e metas e sistema de avaliação capazes de fomentar resultados satisfatórios.

Nesse cenário, a ausência no trabalho do trabalhador compromete a produção com conseqüente impacto econômico, pois segundo Guerreiro1, o trabalho é considerado o principal insumo das atividades econômicas.

A ausência do trabalhador de seu posto seja por motivo espontâneo ou por doença é denominado absenteísmo e tem sido amplamente estudado, sendo considerado um indicador relevante para determinar o grau de saúde de uma organização devido à antiga e errônea concepção de que quando os trabalhadores estão presentes no trabalho sempre são produtivos.

Atualmente estudiosos da área expõem que para medir a produtividade e a saúde nos locais de trabalho, tanto o absenteísmo como a perda de produtividade de trabalhadores que vêm trabalhar doentes precisam ser considerados. A relevância de considerar ambas situações reside no fato que o trabalhador que apresenta problemas de saúde que não são considerados graves, tais como enxaqueca, gripe, mal estar difuso devido a doenças crônicas, fadiga, entre outros problemas de caráter psicossocial, comparecem ao trabalho mas não são produtivos.

Esse comportamento denominado de presenteísmo, é um problema emergente que tem despertado a atenção de pesquisadores e preocupação de gestores por ser uma das principais causas de perda de produtividade devido a dificuldade em ser percebido, pode ser mais oneroso para as organizações2,3 que são dependentes de serviços regulares e eficientes do trabalhador para alcançar os seus objetivos.

(24)

2

Na tentativa de mensurar o prejuízo causado pelo presenteísmo foram criados vários instrumentos que podem ser adotados para mensurar a ocorrência do presenteísmo, comumente computados em dólar e relatados como ‘perda da produtividade’ relacionada ao presenteísmo, sejam essas perdas por erros no trabalho ou por não cumprimento de normas de produção da empresa4,5.

Entre esses instrumentos, um dos mais utililzados é Stanford Presenteeism

Scale (SPS-6) desenvolvido por Koopman et al6., por ser de fácil aplicação e ter excelentes características psicométricas. A escala identifica de que forma condições de saúde desconfortáveis interferem na produtividade de cada trabalhador7. No Brasil o SPS-6 foi traduzido, adaptado e validado por Paschoalin et al em 20128 (ANEXO 1). A autora destaca que a escala mostra o ambiente geral de trabalho mas não mede o desempenho individual do trabalhador.

O interesse pelo estudo justifica-se pelo fato do presenteísmo ser um tema do conhecimento ainda em construção, não havendo estudos epidemiológicos sobre os impactos desse comportamento para a saúde do trabalhador e para a saúde pública no Brasil.

Nesse contexto, este estudo tem como foco principal investigar a ocorrência do presenteísmo em uma empresa do setor alimentício para conhecer a dimensão do problema. A proposição será descrever e analisar as causas do presenteísmo e ocorrência a prevalência deste fenômeno relacionada com sua ocorrência entre trabalhadores que adotam esse comportamento.

Espera-se com este estudo despertar o interesse das empresas, dos médicos do trabalho, profissionais de Recursos Humanos e de outras especialidades sobre o impacto do presenteísmo na saúde do trabalhador brasileiro.

(25)

3 2 PRESENTEÍSMO

2.1 CAUSAS E FATORES RELACIONADOS AO PRESENTEÍSMO

Estudos sobre o presenteísmo por doença são crescentes na tentativa de conhecer as causas e fatores que levam o trabalhador a adotar esse comportamento.

Vários fatores influenciam na ocorrência do presenteísmo nas organizações. A Figura 1 ilustra a complexidade dos fatores relacionados ao trabalho que podem influenciar na decisão de um empregado apresentar-se doente no trabalho.

Figura 1: Fatores que influenciam na ocorrência do presenteísmo

(adaptado de Quazi³)

Nota-se que as causas que levam o trabalhador a comparecer ao trabalho sentindo-se indisposto compreendem diversos aspectos a começar pelos fatores organizacionais, que incluem desde as políticas da organização que estimulam o trabalhador a não se ausentar para não perder benefícios, como a percepção do que

(26)

4

acontece no trabalho, a influência e qualidade dos relacionamentos com a chefia e os colegas9, a pressão de colegas10. Um estudo conduzido por Caverly et al11. relatou que fatores relacionados ao trabalho como segurança, relacionamentos com supervisores e colegas são muito correlatos com o presenteísmo. O envolvimento com a equipe de trabalho, o suporte informal e o cuidado com os colegas, o medo que os colegas percebam sua ausência como negligência, enfim, a coesão com os colegas de traabalho pode inibir a ausência do trabalhador12.

Hansen & Andersen13 verificaram em seu estudo situações nas quais altos níveis de desempenho e cooperação são solicitados, o nível de presenteísmo por doença entre os trabalhadores foi maior do que em outras ocasiões. Estudo de Gurchiek14, mostra que dois quintos dos trabalhadores pesquisados atribuiram a dedicação deles no trabalho às necessidades da organização ou dos colegas de trabalho

Outros fatores que contribuem para a cultura do presenteísmo são a falta de recursos para o trabalho, pressão do tempo, demandas conflitantes, longas horas de trabalho, altas demandas psicológicas, baixo suporte social15. Autores também referem que em diferentes ambientes de trabalho e situações de trabalho com excesso de demanda e baixo controle ou autonomia, pode favorecer o presenteísmo9. Por exemplo, trabalhadores que têm elevada demanda de trabalho e baixo controle em suas atividades tiveram uma perda de produtividade de 1,81 horas por semana, enquanto que trabalhadores com baixa demanda e alto controle em suas ocupações tiveram 3,32 horas por semana de perda de produção4.

Alguns estudos apontam como uma das principais razões para ir trabalhar doente o fato de saber que não terá um substituto para realizar o trabalho pelo qual é responsável. Assim, receiam que ao voltarem ao trabalho sintam-se sobrecarregados, preferindo trabalhar doentes11,16,17. De acordo com Preziotti & Pickett18, 60% dos trabalhadores sentem-se pressionados a permanecer no trabalho mesmo quando doentes, fazendo desta a principal causa do presenteísmo. Esta constatação é consistente com o relatado por Caverly et al11, que argumentam que a principal causa do presenteísmo é o fato de que os trabalhadores não serem capazes de encontrar e garantir recursos adicionais que possam auxiliá-los em uma determinada tarefa de

(27)

5

trabalho ou projeto, enquanto estiverem ausentes, o que poderá resultar em níveis mais elevados de presenteísmo serão expostos.

Johns19 ressalta que um importante fator que leva ao presenteísmo é a insegurança no trabalho gerada pela retração de mercado durante recessões econômicas ou reestruturação na empresa como forma de assegurar seu emprego. A insegurança no trabalho é considerada a explicação mais plausível para quedas bruscas nas taxas de absenteísmo por doença durante os períodos de demissão ou inatividade12. Em seu estudo Patton20 relatou que durante períodos de recessão econômica um terço dos trabalhadores vai trabalhar mesmo indispostos e que mais da metade afirmou estar propenso a ir trabalhar mesmo que doente, pois consideram ser mais importante a segurança no trabalho. Esse fator é reforçado por pesquisa realizada pela CIGNA Corporation que revelou que 25% dos entrevistados foi trabalhar doente porque precisava de dinheiro e 38% citaram um senso de dever para com a sua empresa como impedimentos para a sua ausência21.

Outra situação que leva ao presenteísmo é quando há escassez de mão de obra qualificada para áreas específicas do mercado de trabalho, ou quando há dificuldade de substituição de mão de obra ou facilidade excessiva para tal substituição3.

Fatores subjacentes ao absenteísmo e presenteísmo foram estudados por Prater & Smith22 e revelaram algumas razões que influenciam na decisão do trabalhador ir trabalhar mesmo não estando em boas condições de saúde conforme demonstrado no Quadro 1.

Esses motivos subjacentes ao presenteísmo são explicados por Ramsey23 da seguinte forma:

 Medo de ser passado para trás: trabalhadores temem faltar do trabalho e ficar em atraso em suas atividades e favorecer sua substituição e então perder o emprego.

 ‘Mentalidade do Homem de Ferro’: alguns trabalhadores acreditam que faltar ao trabalho por doença é demonstração de fraqueza e vulnerabilidade. Para eles, é mais importante mostrarem-se invencíveis.

(28)

6

 Relutância em usufruir da licença médica: alguns trabalhadores preferem deixar para usar o direito a licença médica para uma oportunidade que julgam ser mais necessária.

 A ‘Teoria do Homem Indispensável’: alguns trabalhadores pensam que a organização na qual trabalham não podem continuar sem a presença deles.

 Sentimentos de ansiedade: algumas pessoas por sentimento de insegurança acreditam ser melhor manter-se em seu posto de trabalho do que se ausentar do trabalho.

 Sentimentos ambíguos de responsabilidade: são pessoas que temem perder seu trabalho ou a função ocupada por elas, mesmo quando doentes.

Quadro 1: Razões para comparecer ao trabalho doente

Não está doente o suficiente para usufruir da licença médica (42%) Necessidade ou obrigações financeiras (41%)

Senso de responsabilidade (29%) Medo de perder o emprego (21%)

Medo de ser visto como vagabundo por permanecer em casa (18%) Não queria fazer uso da licença médica que tem direito (17%) Dificuldade de ser substituído (17%)

Evitam faltar para que não haja o acumulo de trabalho (16%) Não desejam sobrecarregar os colegar (12%)

Não usufruiram de nenhuma licença médica (11%) Medo de ser penalizado (12%)

Temem os prazos a serem cumpridos (9%)

Sentimento de que ninguém pode realizar o trabalho desenvolvido por ele (8%) Prazos a serem cumpridos com clientes (5%)

Posicionamento da chefia em relação aos subordinados (4%) Medo por ainda estar em estado probatório (2%)

Fonte: Prater & Smith22

Diante do exposto, percebe-se que o ambiente de trabalho tem grande importância para o desenvolvimento de atitudes presenteístas, pois o o trabalhador desempenha suas funções quase num ‘campo de batalha,’ por sentir-se sob

(29)

7

constante pressão16,24 havendo estresse contínuo que pode trazer sérias consequencias para a saúde.

Ao se verificar as condições de saúde associadas ao presenteísmo, percebeu-se que as pesquisas mostram que as doenças crônicas e episódicas são as grandes responsáveis por esse comportamento.

O Quadro 2 contém algumas condições de saúde mais comunemente identificadas pelos pesquisadores e que contribuem significativamente para o presenteísmo.

Quadro 2: Condições de saúde comumente identificadas nos estudos sobre presenteísmo

 Alergias  Ansiedade  Artrites  Asma  Câncer  Depressão  Diabetes

 Dermatites e outras doenças de pele

 Dores musculares

 Enxaqueca/ Dor de cabeça

 Gripe  Hipertensão  Lombalgias  Problemas cardíacos  Problemas gastrointestinais  Problemas respiratórios

Fonte: Hemp2, Goetzel et al5,Mayo Clinic27; Medibank28.

As condições de saúde encontradas com maior frequência são as alergias sazonais, enxaquecas, asma, dores, atrite, distúrbios gastrointestinais, ansiedade, depressão, distúrbios do sono entre outras condições de saúde25. Essas doenças, além de comprometer severamente a produtividade2, muitas vezes não são tratadas ao longo dos anos de vida produtiva podendo gerar altos custos indiretos e na maioria das vezes são imperceptíveis para os empregadores26, o que torna o presenteísmo por doença um assunto dispendioso para as organizações2.

(30)

8

Ruez29 analisou 375.000 trabalhadores que apresentavam alergias e dores de cabeça durante o trabalho e que ocasionaram uma perda de produtividade em mais de 80% dos trabalhadores, identificando o estresse no local de trabalho, depressão, conflitos na vida de trabalho, escassez de trabalho como os quatro principais motores do presenteísmo. Em 2007 um estudo realizado por Medibank Private Ltd.28 na Austrália revelou que os maiores contribuintes para a perda global de produtividade foram depressão (19%), alergias (19 %), hipertensão (14 %) e diabetes (9 %). Em estudo realizado por Goetzel et al em 201030, com 279 trabalhadores mostrou que casos crônicos de dor nas costas, gripe, febre e alergias, fizeram os trabalhadores perderem mais horas de produtividade por presenteísmo por doença do que outros trabalhadores que relataram hipertensão e enxaqueca. No Reino Unido, um estudo revelou que 72% dos pesquisados foram trabalhar doentes no ano anterior, e mais da metade deles foi trabalhar com alguma doença contagiosa como resfriado ou gripe20.

No estudo piloto realizado em Boston, os trabalhadores referiram as seguintes queixas físicas: 12% enxaqueca, 19,7% artrite, 21,3% lombalgias crônicas, 59,8% alergias ou sinusite, 16,1% problemas dermatológicos, 17,5% gripe nas duas últimas semanas, 13,9% depressão31. Pesquisa que investigou a produtividade de 12 mil trabalhadores constatou que 36% desta população com presenteísmo apresentaram alterações emocionais32. Alterações crônicas de saúde, especialmente dores e rigidez em alguma articulação ou nas costas e pescoço também foram relatadas pelos pesquisadores. A prevalência das doenças osteomusculares variou entre 28,9% a 65%33,34.

A obesidade é uma condição de saúde com destaque crescente devido sua elevada prevalência atingindo 43,8% dos trabalhadores, tendo como principais consequências a síndrome metabólica 53,6%, a dislipidemia 36,4%, a hipertensão 35,3% e diabetes tipo II, 11,9%. Ou seja, a obesidade exerce um forte impacto na saúde dos trabalhadores35.

Alterações nas condições psicológicas também podem ser responsáveis pela prevalência do presenteísmo em quase todos os locais de trabalho, como no caso do trabalhador que apresenta um nível de comprometimento com seu trabalho tão alto a ponto de sentir-se culpado por faltar mesmo quando se sente indisposto13.

(31)

9

No Reino Unido, estudo com 420.000 trabalhadores encontrou 14.1% de presenteístas, destes, parcela significativa foram associados com transtornos mentais e comportamentais, visto que um em cada seis trabalhadores relatou sofrer de depressão e/ou ansiedade, assim como, um em cada cinco trabalhadores apresentam dependência de álcool ou outras drogas36. Os sintomas relacionados com quadros depressivos são mais frequentes em mulheres37. Burton et al38 estudaram o local de trabalho de mais de 16.000 trabalhadores de uma grande empresa de serviços financeiros nos Estados Unidos com a finalidade de examinar a relação entre as condições médicas e os padrões de redução de performance. As análises indicaram que a depressão está fortemente associada com as limitações de gerenciamento no tempo de trabalho, fatores interpessoais, cargas cognitivas e produção em geral. Enquanto que a artrite e as lombalgias estão fortemente associadas com limitações relacionadas à função física executada durante a atividade laboral.

É importante ressaltar que as situações cotidianas de trabalho que geram estresse são reconhecidas como um dos riscos mais sérios ao bem estar biopsicossocial do trabalhador, colocando em risco a saúde dos membros da organização. Alguns autores referem que 50 a 80% de todas as doenças possuem fundo psicossomático ou relação com altos níveis de estresse39,40. As manifestações de tensão, tais como: ansiedade, depressão, baixa autoestima, ocorrem como resposta aos aspectos organizacionais e à sobrecarga cognitiva e psíquica na atividade de trabalho sendo percebida pelo indivíduo como insuportável41. O desgaste crônico, muitas vezes pode ser estabelecido correlacionando-se as alterações de saúde e ocorrência de doenças de determinados grupos de trabalhadores com a situação de trabalho, especialmente entre os assalariados42.

Insatisfação com a vida, insatisfação no trabalho, problemas de saúde e estresse são considerados como fatores psicossociais de risco e estão fortemente associados a maiores índices de presenteísmo43. Desde os anos 90 alguns estudos já apontavam que os estressores ocupacionais, em especial quando há um desequilíbrio entre as exigências/demandas de trabalho e a autonomia para a realização das atividades, provocam a ruptura do equilíbrio psíquico e desencadeiam doenças no decurso de períodos mais ou menos prolongados44.

(32)

10

Pesquisas recentes evidenciaram que o estresse laboral prolongado torna o trabalhador vulnerável a diversos distúrbios orgânicos e psíquicos, inclusive as depressões42. O “silenciamento” dos trabalhadores a respeito de suas dificuldades, tensões e frustrações, provocam sofrimento mental e pode desencadear o adoecimento, isso ocorre porque muitas vezes os sintomas são pouco perceptíveis45.

Há também de se considerar as exigências colocadas pela organização de trabalho e que podem favorecer o desencadeamento de um conjunto de reações negativas e o comportamento presenteísta pode evoluir para o estresse crônico e posteriormente o burnout46,47. Como os processos psicológicos e psicossociais que pressionam os trabalhadores são de origens diversas, e fazê-los admitir um problema de saúde pode ser perigoso para a carreira e até mesmo para a conservação do emprego. Assim, o silenciamento de quaisquer queixas de mal-estar como estratégia de preservação de emprego decorre em aumento do presenteísmo. À medida que ficam prejudicadas funções como a atenção e o raciocínio, entre outras, o presenteísmo pode se tornar um importante fator de risco também para a ocorrência de acidentes de trabalho48.

Diante do exposto, percebe-se que causas multifatoriais levam o trabalhador a praticar o presenteísmo na maioria das vezes por sentir-se inseguro ou em risco de perder seu emprego24,49. Tal comportamento está relacionado com a noção de saúde e escolha16, sendo um “processo de decisão” influenciado por fatores relacionados ao trabalho, atitude e situação pessoal13. O trabalhador faz a opção de estar presente no trabalho mesmo estando indisposto mas, na maioria das vezes não tem a consciência de estar praticando o presenteísmo e das consequências que esse comportamento traz para si próprio e para a organização.

2.2 IMPACTO ECONÔMICO

Considerando que os custos com o absenteísmo são facilmente mensurados pela soma das horas que o trabalhador esteve ausente de seu posto, o que reflete em perda de produtividade, mensurar o presenteísmo é mais difícil porque esse

(33)

11

comportamento oculta de forma sutil a improdutividade e os fatores envolvidos, pois está relacionado com a redução do desempenho durante o trabalho4,50,51.

Sabe-se que o presenteísmo limita a produtividade no trabalho, em seus aspectos quantitativos e qualitativos caracterizados pela diminuição no rendimento, falhas na produção, erros e diminuição da atenção no trabalho, não cumprimento das normas de produções da empresa, entre outros3,50,52.

Considerando-se a complexidade das causas desencadeantes do presenteísmo, sua mensuração ainda está em processo de desenvolvimento, visto que os desafios e dificuldades para quantificá-lo podem ser subestimados, sobretudo porque em algumas atividades profissionais os resultados do trabalho ou da produtividade não são facilmente mensuráveis53.

Wu e Weng54 sugerem que para quantificar o presenteísmo as empresas devem estabelecer o controle da carga de trabalho, as fases de desenvolvimento do trabalho, visto que estas são etapas fundamentais do planejamento da produção e do sistema de controle.

Quazi3 ressalta que o custo de perda de horas produtivas devido ao presenteísmo pode variar de acordo com as suposições feitas pelos pesquisadores e / ou as práticas contábeis do país pesquisado. O autor também afirma que os custos do presenteísmo podem ser computados para toda a organização através da multiplicação do número de trabalhadores que sofrem alterações nas suas condições de saúde; ou, para a nação como um todo, pela proporção da força de trabalho total nacional sofrendo com alterações na condição de saúde (assumindo que a proporção de trabalhadores que sofrem alterações na condição de saúde na amostra é a mesma que a da força de trabalho economicamente ativa).

Embora haja muitas dificuldades para sua mensuração, os custos relacionados com a perda de produtividade atribuída ao presenteísmo são considerados mais onerosos para as organizações quando comparado ao absenteísmo por doença2,55,56. Estudos realizados por Goetzel et al30, e por MARTINEZ et al57 corroboram que o presenteísmo é mais custoso do que o absenteísmo por doença ou incapacidade.

Estima-se que nos Estados Unidos o impacto econômico gerado pela perda ou redução da produtividade do trabalhador que vai trabalhar doente seja de mais de 150

(34)

12

bilhões de dólares por ano2,30,58. Em 2004, estudo realizado pela Universidade de Cornell e a companhia de saúde Medstat, aponta que as perdas de produtividade com o presenteísmo-doença foi estimada a média de USD225 por empregado/ano para as empresas e sendo responsável por até 60% do custo total das doenças dos trabalhadores, excedendo o custo do absenteísmo, com benefícios médicos e de invalidez59. Estudos também apontam que o ato do presenteísmo pode afetar em um terço a produtividade estimada e ser mais custoso que o absenteísmo2.

A distribuição dos custos do presenteísmo de acordo com as condições clínicas também tem sido relacionada aos custos totais do presenteísmo60. Wieser et al61 relatou que a lombalgia é o problema de saúde mais prevalente na Suíça liderando as causas de redução de desempenho no trabalho. O estudo relatou que as perdas de produtividade devido a tais condições de saúde foram de €4,1 bilhões e que o presenteísmo foi a única categoria de custo mais relevante. O ônus econômico total estimado das lombalgias para a sociedade suíça foi estimado entre 1,6% e 2,3% do PIB. Na Alemanha e Itália os custos dos sistemas de cuidado em saúde para a população com problemas gastrointestinais foi de €12 milhões e €7milhões respectivamente. O total dos custos com os trabalhadores devido ao absenteísmo e presenteísmo representou um gasto substancial para o PIB na Alemanha que é de €10 milhões e €1milhão na Itália62

. Estudo conduzido por Southern Cross em 2009, na Nova Zelândia, estimou que a perda de produtividade dos trabalhadores por presenteísmo foi de NZD 1,2 bilhões63. No Brasil, não foram encontrados estudos sobre os custos e perda de produtividade associados ao presenteísmo.

De acordo com Hemp2, para que se determine o impacto das alterações de equilíbrio fisiológico na saúde dos trabalhadores e sua capacidade de produção é necessário determinar a prevalência das principais alterações de saúde que frequentemente possam prejudicar o desempenho no trabalho.

(35)

13

Na literatura pesquisada há um consenso de que o presenteísmo é um comportamento complexo relacionado com fatores pessoais e com os fatores psicossociais do trabalho55,64,65,66,67.

Nesse contexto, os fatores de riscos psicossociais do trabalho teêm considerável relevância, pois podem ser desencadeadas devido a problemas e deficiências da organização e gestão do trabalho, assim como em um contexto social de trabalho problemático, podendo causar efeitos negativos na saúde dos trabalhadores e organizações47.

Os fatores psicossociais de risco no trabalho podem ser considerados sob seis aspectos distintos: a intensidade e o tempo do trabalho; as exigências emocionais; a falta/insuficiência de autonomia; relações sociais ruins no trabalho; desigualdade de salários, trabalhos por turnos, conflitos de valores e a insegurança na situação de trabalho/emprego68,70. No Quadro 3 encontram-se os principais fatores de riscos psicossociais, que podem atuar de forma isolada ou conjunta.

Quadro 3: Principais fatores de risco psicossocial

 Falhas na organização do trabalho na definição dos papeis, objetivos e funções;

 Prazos muito curtos, trabalhos em turnos, horários muito longos, trabalho noturno;

 Sobrecarga de trabalho, físico ou mental;

 Introdução de novas tecnologias e novos processos, sem formação e/ou apoio;

 Pouca ou nenhuma participação dos trabalhadores nas decisões tomadas;

 Exigências emocionais resultantes da natureza da atividade;

 Conflitos entre trabalhadores, ambiente de trabalho hostil, isolamento, comunicação falha;

 Estagnação da carreira, falta de reconhecimento, situações de crise;

 Pouco ou nenhum apoio dos superiores ou de colegas de trabalho, deficiente comunicação nas relações interpessoais;

 Dificuldade de conciliar vida pessoal e profissional.

 Esvaziamento das funções;

Fonte: ACT - Autoridade para as Concepções do Trabalho- 75

O impacto dos fatores psicossociais está intimamente relacionado com a percepção individual do trabalhador, podendo ter efeito agravante sobre a saúde, o

(36)

14

rendimento e a satisfação no trabalho, assim como, as capacidades, necessidades, cultura e condições de vida do trabalhador fora do trabalho68,69,70,71. A exposição prolongada a fatores de risco ocupacional pode resultar em um estado de estresse relacionado ao trabalho, no qual o trabalhador se sente tenso e preocupado72. Como consequência do estresse ocupacional o trabalhador pode desenvolver graves problemas de saúde física (doenças cardiovasculares, lesões osteomusculares e psíquicas (depressão, burnout), como também manifestar sintomas psicossomáticos47.

Para a organização as consequências da má gestão dos fatores de risco psicossociais compreendem aumento da rotatividade, aumento do absenteísmo, presenteísmo, baixa produtividade, aumento dos acidentes de trabalho47.

O presenteísmo representa uma consequência considerada crítica para as organizações, pois por ser de difícil percepção, o trabalhador com baixa produtividade continua recebendo seu salário integral, tornando ainda maior o ônus para a organização73.

Estudo realizado por Gollac et al68 revelou que os fatores psicossociais do trabalho são preditivos do presenteísmo, e os esforços para controlá-los, incluindo uma gestão mais eficaz, pode reduzir o presenteísmo e elevar os níveis de produtividade.

O presenteísmo é um comportamento que pode ter consequências negativas para a saúde do trabalhador, como o agravamento da condição de saúde, maior tempo de recuperação, acidentes74 e redução do bem-estar psicológico65. As autoras argumentam que o presenteísmo é um indicador útil para avaliação da saúde e do bem-estar do trabalhador e sugerem como forma para enfrentar esse tipo de comportamento a identificação precoce de preditores do presenteísmo, tais como o estresse, bem como evitem políticas para diminuir o absenteísmo e adotem estratégias de gestão/ promoção da saúde.

2.4 PREVALÊNCIA DO PRESENTEÍSMO

Nas últimas décadas, estudos têm revelado uma alta prevalência do presenteísmo por doença13,64,75. Embora os estudos sobre o presenteísmo ainda não

(37)

15

sejam abundantes, foi possível obter algumas informações sobre sua prevalência e sobre as caracterísiticas dos trabalhadores mais suscetíveis de trabalhar doentes.

Pesquisa realizada por Bockerman e Laukkanen76 com 884 membros da maior confederação dos trabalhadores na Finlândia, constituída por 26 sindicatos de todos os setores da economia, sendo a maioria deles executivos, apontou que no últimos 12 meses, as mulheres foram mais suscetíveis a ir trabalhar doentes (40%), mas que as demandas de eficiência aumentaram a prevalência do presenteísmo em toda a amostra. Resultado semelhante foi encontrado por Milano77 ao constatar que metade de todos os trabalhadores americanos admitem ter trabalhado pelo menos de um a quatro dias por ano sentindo-se doentes ou estressados. Uma pesquisa realizada pela CIGNA

Corporation78 revelou que 25% dos entrevistados compareceu ao trabalho doente porque precisava de dinheiro e 38% citaram um senso de dever para com a sua empresa como impedimentos para a sua ausência21. No Reino Unido, estudo com 420.000 trabalhadores encontrou 14.1% de presenteístas36. Um estudo recente no Reino Unido realizado por Cary Cooper79 e a companhia de seguros Ellipse que 80% dos entrevistados continuaram a trabalhar, apesar de estar doente. Outra pesquisa envolvendo 11 mil trabalhadores do Serviço Nacional de Saúde (NHS) no Reino Unido encontrou altos níveis de presenteísmo, na qual a equipe continuou a ir para o trabalho quando não estavam totalmente aptos para realizá-lo80. Informações obtidas nos Estados Unidos com 2.191 participantes de diversas profissões sugerem que as mulheres são mais propensas a comparecer ao trabalho doentes81.

De acordo com informações divulgadas no 5º Inquérito Europeu às Condições de Trabalho – 2010, realizado pela Eurofound - Fundação Européia82 para a Melhoria das Condições de Vida com aproximadamente 44.000 trabalhadores de diversos países, mostra que 39% (mais de um terço) dos respondentes ao inquérito relataram ter trabalhado quando se sentiam doentes, destes, 41% eram mulheres e 38% homens e revela que a prevalência do presenteísmo não mostra grandes alterações conforme a faixa etária. Além disso, o inquérito mostra altos índices de presenteísmo, quando comparado ao absenteísmo geral e devido a acidente do trabalho. Os resultados refletem que as mulheres, gestores, trabalhadores da saúde e da educação são mais

(38)

16

propensos a trabalhar com condições de saúde desfavoráveis. A Tabela 1 mostra a prevalência do presenteísmo e absenteísmo por setor de atividade econômica.

Tabela 1: Prevalência do presenteísmo e absenteísmo por setor de atividade econômica e gênero (%)

Setor Presenteísmo Indústria 35 Construção 38 Serviços financeiros 41 Educação 46 Saúde 42 Outros Serviços 44 Fonte: Adaptado de Eurofound82.

MacGregor et al17 sugerem que o absenteísmo por doença está sendo substituido pelo presenteísmo por doença porque assim todos os dias presentes dos trabalhadores, mesmo com condições de saúde alterada e pouco produtivos, são contabilizados.

(39)

17 3 OBJETIVOS

3.1 OBJETIVO GERAL

Determinar a prevalência de presenteísmo entre os trabalhadores em uma empresa do setor alimentício.

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

São objetivos específicos desse estudo:

1. Descrever o perfil dos trabalhadores da empresa sobre suas condições de saúde.

2. Analisar a associação do presenteísmo com as características ocupacionais e com as condições de saúde de trabalhadores de uma empresa alimentícia.

(40)

18 4 MÉTODO

Trata-se de um estudo epidemiológico, descritivo de corte transversal, em uma população de trabalhadores de indústria.

Inicialmente, para embasamento teórico-conceitual do tema realizou-se uma revisão de literatura, a partir de então foram estabelecidos os procedimentos para a coleta e análise de dados.

Esclareceu-se também que em hipótese alguma haveria possibilidade de identificação dos questionários, mantendo-se desta forma o sigilo a respeito dos questionários, que ninguém deveria identificar-se pelo nome no questionário, mantendo-se desta forma o sigilo a respeito dos questionários.

. 4.1 LOCAL

A pesquisa foi realizada em uma indústria multinacional de produtos alimentícios localizada em um município situado no interior do estado de São Paulo.

A escolha dessa empresa para realizar este estudo piloto deu-se pela viabilidade de acesso da pesquisadora e também pelo grande contingente de trabalhadores empregados na unidade pesquisada, o que confere maior credibilidade aos resultados.

A unidade onde o estudo foi realizado, emprega 1.800 trabalhadores que estão distribuídos entre seis unidades de negócio independentes e estrutura de suporte (staff) existentes no local.

Cabe ressaltar que todos os trabalhadores são contratados pelo regime de Consolidação das Leis de Trabalho - CLT, não havendo trabalhadores terceirizados ou prestadores de serviços

A organização é detentora das certificações ISO 9001 (qualidade), 14001 (meio ambiente), OSHAS 18001 (segurança e saúde no trabalho), SA 8000 (responsabilidade social) e mantém uma política integrada da qualidade, meio ambiente, saúde e

(41)

19

segurança no trabalho, responsabilidade social e segurança de alimentos, que norteiam as ações administrativas para que alcancem as metas e objetivos estabelecidos.

Faz-se necessário destacar que o modo de produção adotado pela organização tem característica taylorista, tais como, trabalho sistematizado, especializado e fragmentado, tarefas repetitivas, produção sob pressão de tempo, rigidez de horário, sistemas de controle elaborados que exigem muita disciplina, como forma de assegurar aumentos na produtividade do trabalho83,84. Cattani83 enfatiza que nesse modo de produção o ser humano é visto somente como uma pessoa movida por motivações de ordem econômica.

4.2 ASPECTOS ÉTICOS

O projeto de pesquisa foi submetido ao Comitê de Ética da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp e aprovado sob o parecer nº 783.058 (ANEXO 1).

Ao abordar os participantes, a pesquisadora identificou-se e informou de forma simples e clara acerca do propósito da pesquisa, ocasião em que também foi assegurado o anonimato dos participantes. Aos que aceitaram o convite para participar da pesquisa, foi solicitada a leitura e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - TCLE (ANEXO 2).

4.3 POPULAÇÃO DO ESTUDO

Foi solicitado ao setor de recursos humanos levantamento do número de trabalhadores contratados pela empresa há pelo menos 12 meses (critério de inclusão).

Conforme a listagem fornecida, 1.650 trabalhadores responderam o questionário sociodemografico, destes, aqueles que afirmaram ter vindo trabalhar

(42)

20

doente, foram convidados a responder a segunda parte do questionário, totalizando 395 (23,94%) participantes. A pesquisa foi realizada nas dependências da própria empresa em horário pré-agendado.

Vale ressaltar que o setor de recursos humanos da empresa teve importante participação para a realização deste estudo, selecionando os trabalhadores elegíveis, providenciando local apropriado para aplicação dos questionários, organizando as pausas dos trabalhadores durante o horário de trabalho para que os sujeitos da pesquisa fossem esclarecidos pela pesquisadora sobre os objetivos do estudo, conteúdo do termo de consentimento e assinassem o TCLE.

4.3.1 Critérios de Inclusão

 Trabalhadores contratados pela empresa há pelo menos 12 meses  Estar em exercício de suas funções durante o período do estudo  Assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - TCLE

 Responder todos os itens do questionário sociodemográfico e do SPS-6.

4.3.2 Critérios de Exclusão

 Trabalhadores contratados há menos de 12 meses

 Estar em férias, afastado para tratamento de saúde ou viajando a trabalho durante o período do estudo ou ausente durante o período do estudo

 Recusar a assinar o TCLE

(43)

21 4.4 INSTRUMENTOS

A coleta de dados foi realizada pela pesquisadora durante o mês de fevereiro de 2014, na própria empresa em datas e horários pré-estabelecidos pelo setor de Recursos Humanos, de acordo com a conveniência de cada setor. Os grupos de participantes dirigiaram-se a uma sala onde receberam instruções e esclarecimentos sobre os questionários, que foram aplicados de forma indiviual.

Como instrumento para a coleta de dados foi utilizado um questionário com dados sociodemográficos e morbidades elaborado pela própria pesquisadora e o

Stanford Presenteeism Scale (SPS-6), ambos autoaplicáveis.

O questionário sociodemográfico (APÊNDICE 1) foi elaborado pela pesquisadora com base em outros questionários sociodemográficos e utilizado com o objetivo de conhecer melhor o perfil dos trabalhadores participantes do estudo, conhecer as doenças autorelatadas e investigar se há correlação com o estado de saúde percebido e o presenteísmo (devido a desconfortos de saúde) por doença. Com esse questionário, obteve-se informações sobre as seguintes variáveis:

a. Pessoal: sexo, idade, estado civil, índice de massa corpórea (IMC).

b. Ocupacional: tempo de trabalho na organização, setor/departamento, cargo, tempo que exerce a função, turno e escala de trabalho.

c. Hábitos de vida: atividade física, tabagismo.

d. Estado de saúde: se é portador de doenças crônicas (hipertensão, diabetes etc), psíquicas, dermatológicas, se já sofreu procedimentos cirúrgicos e se já houve necessidade de afastamento para tratamento de saúde.

e. Sintomas subjetivos: sintomas físicos, psiquicos e comportamentais, tais como fadiga, ansiedade, flatulência, dificuldade de concentração, dor lombar, irritação, entre outros, e percepção do próprio estado de saúde.

A prevalência do presenteísmo foi avaliada por meio da aplicação do instrumento de avaliação SPS-6 (Stanford Presenteeism Scale), em 395 trabalhadores que responderam terem comparecido doentes ao trabalho. O SPS-6 foi traduzido para o português brasileiro e validado no Brasil por Paschoalin et al8.

(44)

22

O instrumento é composto por seis questões distribuídas em dois grupos para avaliação de duas dimensões do presenteísmo: concentração dos trabalhadores e dificuldade em finalizar o trabalho.

O grupo I compreende as questões 1, 3 e 4, que são apresentadas no Quadro 4. As perguntas deste grupo correspondem à capacidade de concentração dos trabalhadores durante a realização do trabalho (concentração mantida) e estão associadas a fatores de ordem psicológica Koopman et al6. Neste grupo, a pior condição consiste em assinalar “1” - Eu concordo totalmente, nas três questões, atingindo pontuação 3.

Quadro 4: Questões dos Grupo I da SPS-6

1. Devido ao meu problema de saúde foi muito mais difícil lidar com o estresse no meu trabalho

Grupo I 3. Devido ao meu problema de saúde, não pude ter prazer no trabalho.

(concentração mantida) 4. Eu me senti sem ânimo para terminar algumas tarefas no trabalho, devido ao meu problema de saúde

O grupo II que compreende as questões 2, 5 e 6, apresentadas no Quadro 5, associa-se com as dificuldades em finalizar o trabalho (trabalho completado). Avalia a interferência dos problemas de saúde referidos para a realização do trabalho bem feito e do cumprimento das metas, estando geralmente associadas a causas físicas6. Neste grupo a pior condição consiste em assinalar “1” - Eu discordo totalmente, nas questões, indicando que a condição de saúde interferiu no trabalho.

Quadro 5: Questões dos Grupo II da SPS-6

2. Apesar do meu problema de saúde, consegui terminar tarefas difíceis no meu trabalho.

Grupo II (trabalho completado)

5. No trabalho consegui me concentrar nas minhas metas apesar do meu problema de saúde.

6. Apesar do meu problema de saúde, tive energia para terminar todo o meu trabalho.

(45)

23

Com relação à quantificação, o SPS-6 tem algumas particularidades: para cada resposta é atribuído um valor que varia de 1 a 5 pontos, sendo que esses valores são invertidos de um grupo de respostas para outro, ou seja, tem escore reverso6 como demonstrado na Quadro 6 .

Quadro 6: Valor das alternativas para os grupos I e II da SPS-6 de avaliação o presenteísmo

Alternativas de resposta Grupo I Item 1, 3 e 4

Grupo II Item 2, 5 e 6

Eu discordo totalmente 5 1

Eu discordo parcialmente 4 2 Não concordo nem discordo 3 3 Eu concordo parcialmente 2 4

Eu concordo totalmente 1 5

Fonte: Merck & Co.e Universidade de Stanford Faculdade de Medicina apud Paschoalin86.

O escore total da SPS-6 é obtido pela soma da pontuação das alternativas dos dois grupos, podendo variar de 6 a 30, com pontuações mais baixas (de 6 a 18) indicando presenteísmo, isto é, queda no desempenho em suas atividades laborais, e pontuações mais altas indicando maior comprometimento com o trabalho.

Quadro 7: Interpretação do escore da SPS-6 de avaliação do presenteísmo.

Escore Interpretação

Alto > de 18

Maior capacidade de concentração e melhor desempenho

SPS-6

Baixo < 18 (presenteísmo)

Menor capacidade de concentração e pior desempenho

(46)

24

Segundo Koopman et al6, se o escore obtido for baixo (menor que 18) interpreta-se como negativo, ou seja, a condição de saúde referida pelo trabalhador interfere em suas atividades resultando em menor capacidade de concentração e pior desempenho. Escore total alto é considerado positivo, ou seja, quanto mais próximo de 30, a condição de saúde referida pelo trabalhador tem menor influência sobre suas atividades, indicando maior capacidade de concentração e melhor desempenho6, conforme Quadro 7.

Os resultados encontrados foram analisados com base na proposta de Koopmam6 e comparados com os resultados encontrados na literatura sobre o tema.

4.5 TRATAMENTO DOS DADOS

Os dados coletados foram digitados pela pesquisadora em uma planilha do programa Microsoft Office Excel 2010. A caracterização da população foi feita conforme as variáveis pesquisadas. Os testes do Qui-quadrado realizados no software R, desenvolvido pela R. Core Team, foram utilizados para avaliar a associação entre as

variáveis e o presenteísmo. Para tratamento dos dados utilizou-se análise estatística descritiva para reunir de forma condensada as informações obtidas na pesquisa. Após conferência das informações procedeu-se a análise.

4.6 CONTROLE DE VIESES

4.6.1 Viés de Informação

Com o intuito de minimizar os vieses de informação, os participantes foram informados da inexistência de conflitos de interesse, e que não existe relação alguma entre a pesquisadora responsável e a empresa.

(47)

25

Neste capítulo a análise apresentada aborda os aspectos relevantes envolvendo a prevalência do presenteísmo na população estudada.

5.1 CARACTERÍSTICAS SOCIODEMOGRÁFICAS

Dentre os 395 trabalhadores que responderam aos questionários, 23% são do sexo feminino e 77% do sexo masculino, sendo que 67% da população estão casadas ou vivem em união estável. Os trabalhadores têm média de idade de 32 anos, sendo a idade mínima de 19 anos e idade máxima de 56 anos. As faixas etárias que concentram a maior parte da população feminina estão entre 21 a 30 anos (53%) e entre 31 a 40 anos (40%). Para a população masculina as faixas etárias predominantes foram as compreendidas entre 31 a 40 anos (40%) e 21 a 30 anos (39%).

Dos sujeitos da pesquisa, 67% atuavam como operadores e 18% exerciam a função de analistas, 3% ocupavam o posto de supervisor, 3% trabalhavam como auxiliares, 2% ocupavam o cargo de gerente, 2% especialistas, 1% técnicos e 2% exerciam outras funções. O tempo médio que os trabalhadores atuam na empresa é de 5 anos e 2 meses, e comumente desempenham a mesma função pelo período aproximado de 3 anos e 3 meses. Entre os respondentes, há dois trabalhadores que possuem 35 anos de serviço, sendo que um deles exerce a função de supervisor há 31 anos.

A seguir são apresentadas as análises dos resultados obtidos pela aplicação da SPS-6.

5.2 RESULTADOS DA SPS-6

A avaliação do presenteísmo realizada por meio do SPS-6 seguiu os critérios adotados por Koopmam et al.6, ou seja, foram somados os pontos das questões do grupo I (1, 3 e 4) e do grupo II (2, 5 e 6). Depois foi feita a soma da pontuação dos dois grupos para obter o escore total.

(48)

26

A frequência de pontuação para o grupo I (capacidade de concentração) está expressa na Tabela 2.

Tabela 2: Escore (%) do Grupo I da SPS-6 com respectiva frequência (%) Pontuação total das

questões 1, 3 e 4 Frequência (%) 3 30,6 4 6,8 5 6,8 6 5,1 Total 49,4

Para as questões do grupo I, quanto mais próximo do escore 1, pior é o desempenho do trabalhador. Desta forma, verificou-se que 49,4% da população estudada apresentaram pontuação baixa nessas questões, sendo que destes 30,6% atingiram a soma de pontuação de 3, indicando que a capacidade de concentração do trabalhador foi afetada pelo seu problema de saúde. .

Para as questões do grupo II, que indica quanto que a condição de saúde interfere na realização e finalização de tarefas, a pior pontuação é 1 . A Tabela 3 apresenta a frequência de pontuação para o grupo II das questões.

Tabela 3: Escore (%) do Grupo II da SPS-6 com respectiva freqüência (%) Pontuação das questões

2, 5 e 6 Frequência (%) 3 24,6 4 1,5 5 1,5 6 3,5 Total 31,1%

Verificou-se que 31,1% da população de estudo atingiu pontuação que indica que sua condição de saúde interferiu no trabalho, sendo que 24,6% obtiveram pontuação 3.

(49)

27

O percentual de trabalhadores que obteve escore menor ou igual a 18 na soma das seis questões dos grupos I e II por meio da SPS-6 revelou que na indústria onde foi realizada a pesquisa 50,9% dos trabalhadores que responderam ao SPS-6 apresentaram pontuação menor que 18 no escore total, significando um resultado negativo, ou seja, esses trabalhadores estiveram com o desempenho comprometido pelo presenteísmo entre os meses de janeiro a dezembro de 2013.

A seguir são apresentadas as análises envolvendo as principais variáveis abordadas na pesquisa.

5.3 CORRELAÇÃO DAS VARIÁVEIS COM O PRESENTEÍSMO

Neste capítulo a análise apresentada aborda os aspectos relevantes envolvendo a prevalência do presenteísmo na população estudada.

Na Tabela 4 são mostrados os resultados referentes ao presenteísmo relacionado às variáveis sociodemográficas estudadas.

Tabela 4: Prevalência (%) de Presenteísmo segundo variáveis sociodemográficas Variáveis Não Presenteísta (%) Presenteísta % Valor de P Sexo* Mulher 53,6 46,4 0,28 Homem 46,9 53,1 18-25 anos 54,1 45,9 26-30 anos 43,0 57,0 Idade** 31-35 anos 50,5 49,5 0,76 36-40 anos 49,1 50,9 >40 anos 52,5 47,5 Estado*** civil Casado/União estável 44,0 56,0 0,78 Solteiros/Outros 43,0 57,0

* X² com correção de Yates: 1,161 grau de liberdade 1 / Yates p valor: 0,28 ** X² com correção de Yates: 1,884 grau de liberdade 4 / Yates p valor: 0,76 *** X² com correção de Yates:: 0,115 com 1 grau de liberdade / Yates p valor: 0,78

(50)

28

Em relação ao sexo, entre os respondentes que atingiram o escore de presenteísmo é interessante observar que a aplicação do teste do Qui-quadrado mostrou que o comportamento presenteísta não tem diferença entre sexos, contrariando os resultados obtidos por Turpin et al89 , Bockerman & Laukkanen76 e Howard et al81, que apontam que as mulheres são mais propensas a comparecer em condições de saúde desfavoráveis ao trabalho.

Quanto à idade, presumia-se que a freqüência do presenteísmo seria maior entre a população acima de 40 anos, estando de acordo com outros estudos33. No entanto, a pesquisa revelou que a idade não é um fator que influencia o fato da pessoa apresentar ou não presenteísmo. Embora haja esta divergência, verificou-se que os dados obtidos estão coerentes com estudo realizado pela Eurofound82 que aponta que a prevalência do presenteísmo não sofre grandes diferenças conforme a faixa etária.

Neste estudo a situação conjugal não foi um fator relevante para a adoção do comportamento presenteísta, pois a prevalência do presenteísmo foi similar entre casados/união estável e solteiros/outros.

De acordo com os resultados encontrados, a prevalência do presenteísmo relacionando as características ocupacionais são apresentados na Tabela 5.

Em relação às características ocupacionais, observou-se que o comportamento presenteísta afeta todos os cargos, sendo os maiores índices pertencentes aos cargos de especialista (72,7%), supervisor (68,6%) e analista (59,8%). Com exceção do cargo de gerente (26,3%) que apresentou a menor frequência de presenteísmo, os achados da pesquisa corroboram diversos estudos que apontam que as funções que exigem mais responsabilidade são mais propensas ao presenteísmo55,64,83.

Para atender a peculiaridade de determinados serviços a legislação admite a adoção do trabalho por turnos e da jornada de trabalho em escala de revezamento, ou seja, escalas de trabalho em que o trabalhador reveza o descanso semanal observando, no entanto, o limite de 12 horas diárias90.

Na empresa em que foi realizado o estudo são adotadas as seguintes escalas de revezamento: 5x2 (5 dias trabalhados e 2 de descanso), 6x1 (6 dias trabalhados e 2 de descanso) e 6x2 ( 6 dias trabalhados e 2 de descanso). Ressalta-se que as escalas são fixas, não havendo troca de turnos e de dias da semana para descanso, ou seja, a

(51)

29

folga do trabalhador é fixa, por exemplo, toda segunda, toda terça. Estaticamente os resultados deste estudo não mostram que o sistema por turnos e de escalas de trabalho não está relacionado ao presenteísmo. Mas, pela análise das tabelas verificamos que o presenteísmo tende a prevalecer nas escalas de trabalho 6x2 e 5x2.

Tabela 5: Prevalência (%) de Presenteísmo segundo as características ocupacionais Variáveis Não Presenteísta (%) Presenteísta % Valor de P Analista 53,3 46,7 Auxiliar 14,3 85,7 Engenheiro 53,8 46,2 0,23 Cargo* Especialista 26,7 73,3 Gerente 75,0 25,0 Operador 49,1 50,9 Supervisor 33,3 66,7 Turno de 1º turno 49,5 50,5 Trabalho** 2º turno 44,1 55,9 0,08 3º turno 54,8 45,2 Administrativo 49,6 50,4 Escala de 5x2 39,4 60,6 0,08 Trabalho*** 6x1 46,9 53,1 6x2 38,0 62,0 < de 2 anos 52,9 47,1 Tempo de

trabalho**** 2 anos a 5 anos

50,0 50,0 0,70

> de 5 anos 46,0 54,0

* X² com correção de Yates: 8,016 grau de liberdade 6 / Yates p valor: 0,24 ** X² com correção de Yates: 5,015 grau de liberdade 3 / Yates p valor: 0,08 *** X² com correção de Yates:: 5,015 com grau de liberdade 2 / Yates p valor: 0,70 **** X² com correção de Yates:: 0,705 com grau de liberdade 2 / Yates p valor: 0,08

Estudos apontam que o sistema por turnos e de de escala de trabalho dificulta um bom entrosamento na relação entre os trabalhadores, a família e amigos, pois comprometem as atividades culturais e de lazer91. Não foram encontrados estudos associando escalas de trabalho com presenteísmo, mas sabe-se que esse tipo de jornada além de afetar as relações familiares “causa importantes impactos no bem-estar

(52)

30 físico, mental e social dos trabalhadores”92

, portanto merece estudos para avaliar a correlação com o presenteísmo.

A pesquisa mostrou que independente do tempo de serviço na empresa, o presenteísmo é um comportamento adotado por grande parte dos trabalhadores, mas não é um fator que influencia o comportamento presenteísta. A literatura revisada não evidencia associação do tempo de trabalho com o presenteísmo.

A investigação contemplou dois hábitos relacionados à saúde e associou ao presenteísmo: a atividade física e o tabagismo, cujos resultados são demonstrados na Tabela 6.

Tabela 6: Prevalência (%) de Presenteísmo segundo hábitos relacionados à saúde Variáveis Não Presenteísta (%) Presenteísta % Valor de P Atividade* Física Sim 55,2 44,8 0,01 Não 40,8 59,2 0,08 Tabagismo** Sim 25,0 75,0 Não 50,7 49,3

* X² com correção de Yates: 7,336 grau de liberdade 1 / Yates p valor: 0,01 ** X² com correção de Yates: 3,083 grau de liberdade 1 / Yates p valor: 0,08

De acordo com os dados obtidos, 58% dos respondentes relataram praticar exercícios físicos toda semana com a seguinte frequência: 47% afirmaram realizar exercícios de duas a três vezes por semana, 30% afirmaram realizar de quatro a cinco vezes por semana e apenas 6% realizam exercícios físicos de seis a sete vezes por semana. Dos respondentes 17% afirmaram praticar assiduamente exercícios físicos

As atividades físicas apontadas pelos respondentes foram: academia (29%), futebol (27%), caminhadas (20%), corrida (6%), ciclismo (6%), outros tipos de atividade física (12%).

Quanto aos hábitos relacionados à saúde, observou-se que a maioria (59,2%) dos presenteístas não realiza nenhum tipo de atividade física. As diferenças

Referências

Documentos relacionados

Cursos Conteúdos Administração e Recursos Humanos 10 questões de conhecimentos gerais 15 questões de matemática 10 questões de português Direito 20 questões de

Neste estágio, assisti a diversas consultas de cariz mais subespecializado, como as que elenquei anteriormente, bem como Imunoalergologia e Pneumologia; frequentei o berçário

O relatório encontra-se dividido em 4 secções: a introdução, onde são explicitados os objetivos gerais; o corpo de trabalho, que consiste numa descrição sumária das

ou ao espirito de homens de Estado, não tem o dom de arrastar as massas, que não discriminam e não sabem hesitar. Tanto a fôrma jurídica como a fôrma philosophica, que Nabuco

Mean biomass of different phytoplankton groups (µg L -1 ) at the three stations for the complete sampling Period (June 2001 to July 2002) during High Water and Low Water tidal

APÊNDICES APÊNDICE 01: Tabela de frequência das disciplinas dos programas figura 07 Disciplinas dos programas Disciplina Gestão ambiental Acompanhamento e avaliação de programas

La asociación público-privada regida por la Ley n ° 11.079 / 2004 es una modalidad contractual revestida de reglas propias y que puede adoptar dos ropajes de

Before the accepted manuscript is published in an online issue: Requests to add or remove an author, or to rearrange the author names, must be sent to the