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Jornal Oficial da União Europeia III. (Actos preparatórios) COMITÉ DAS REGIÕES

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III

(Actos preparatórios)

COMITÉ DAS REGIÕES

69.aREUNIÃO PLENÁRIA DE 23 DE MARÇO DE 2007

Parecer do Comité das Regiões sobre «O efeito de alavanca da política de coesão»

(2007/C 156/01)

O COMITÉ DAS REGIÕES

— A Europa está a passar por enormes mudanças socioeconómicas e desafios tecnológicos que são fulcrais para o principal objectivo da Agenda de Lisboa 2000, mantendo e desenvolvendo um modelo europeu capaz de combinar prosperidade e solidariedade. A Europa só pode fazer isto preservando um robusto enquadramento político que proporcione aos actores instrumentos para aproveitar novas oportunidades e para lidar com as repercussões. As regiões e as autarquias locais estão entre as enti-dades mais expostas a estes desafios, mas são também as melhor posicionadas para traduzir orienta-ções políticas estratégicas em acorienta-ções concretas, capazes de mobilizar os actores sociais e económicos por toda a Europa.

— A renovada Estratégia para o Crescimento e o Emprego da EU apenas poderá ter êxito, portanto, se for capaz de mobilizar os seus recursos em todos os territórios da União. Os orçamentos comunitário e nacionais estão, porém, sob pressão, pelo que a Europa tem de tentar encontrar a melhor maneira de aumentar os recursos financeiros disponíveis. O CR considera que, por causa da sua orientação estrégica e dos seus mecanismos de execução, a política de coesão é uma alavanca eficaz ao dispor da União.

— O CR considera que o efeito de alavanca da política de coesão da EU pode ser significativamente refor-çado no período de programação de 2007-2013. Os princípios experimentados e testados que escoram a política de coesão foram complementados com algumas medidas: adopção de uma abor-dagem mais estratégica da política de coesão, atribuição de verbas especificamente a sectores prioritá-rios e maior concentração de financiamento nesses sectores, um melhor quadro jurídico para a adopção de sistemas de financiamento inovadores, dar a devida importância aos programas de desen-volvimento urbano e aperfeiçoamento da cooperação territorial.

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O COMITÉ DAS REGIÕES

TENDO EM CONTA a decisão da Comissão Europeia de 24 de Março de 2006 de o consultar sobre a

matéria, em conformidade com o n.o1 do artigo 265.odo Tratado que institui a Comunidade Europeia,

TENDO EM CONTA a carta do Parlamento Europeu de 20 de Julho de 2006 que solicita ao CR a

elabo-ração de um parecer sobre «O impacto e as consequências das políticas estruturais na coesão da União Euro-peia»,

TENDO EM CONTA a decisão do seu Presidente de 1 de Junho de 2006 de solicitar à Comissão de Coesão

Territorial a elaboração de um parecer sobre a matéria,

TENDO EM CONTA o seu parecer sobre a Comunicação da Comissão ao Conselho e ao Parlamento Europeu — Construir o nosso futuro em comum –Desafios políticos e recursos orçamentais da União alargada 2007-2013 COM

(2004) 101 final (CdR 162/2004 fin) (1),

TENDO EM CONTA o seu parecer sobre o Terceiro Relatório sobre Coesão Económica e social (CdR 120/

/2004 fin) (2),

TENDO EM CONTA o seu parecer sobre a Comunicação da Comissão — Uma política de coesão para apoiar o crescimento e o emprego: orientações estratégicas comunitárias, 2007-2013 COM(2005) 299 final. (CdR

140/2005 fin),

TENDO EM CONTA o seu projecto de parecer (CdR 118/2006 rev. 2) adoptado em 11 de Dezembro de

2006 pela Comissão de Política de Coesão Territorial (relator: Manuel CHAVES GONZÁLEZ (PSE/ES), Presidente da Junta de Andaluzia),

adoptou na 69.areunião plenária, de 23 de Março de 2007, o presente parecer:

1. Contexto socio-económico e político do parecer

1.1 Em 24 de Março de 2006, por carta assinada pela

Comissária Wallstrom, a Comissão Europeia manifestou inte-resse em que o Comité das Regiões elaborasse um parecer pros-pectivo sobre «O efeito de alavanca da política de coesão no quadro

dos fundos estruturais». A Comissão considera que um parecer do

Comité será um importante contributo para o Quarto Relatório sobre a coesão, cuja adopção está prevista para a Primavera de 2007.

1.2 Além disso, o Comité das Regiões recebeu uma carta de

J. BORRELL, Presidente do Parlamento Europeu, datada de 20 de Julho, solicitando ao CR que emitisse um parecer sobre o rela-tório elaborado pela deputada europeia Francisca PLEGUE-ZUELOS AGUILAR (ES/PSE), membro da Comissão REGI do Parlamento, sobre as consequências da política estrutural na coesão da UE. A Comissão COTER decidiu que o presente parecer prospectivo constituiria, igualmente, a resposta ao pedido do Parlamento.

1.3 O presente parecer dá um contributo para o debate sobre

o futuro da política de coesão na Europa alargada e sobre o seu lugar no orçamento da União. O Comité tem para si que diversas propostas colocaram, no passado, constrangimentos à eficácia da política de coesão numa União Europeia necessitada de reformas devido ao alargamento e em plena era da globali-zação. A preocupação do CR reside na inadequada avaliação dos efeitos da política de coesão que estas propostas subentendem.

1.4 Efectivamente, nesta altura, a União Europeia atravessa

um período de intensas mutações socio-económicas e de desa-fios tecnológicos, que estão no cerne do grande desafio que em 2000 caracterizou a Agenda de Lisboa, para a manutenção e a melhoria de um modelo europeu capaz de conciliar prosperi-dade e solidarieprosperi-dade. Assim, há que constatar que tal só será possível mantendo um quadro político forte capaz de dotar os agentes com os instrumentos necessários para aproveitar as oportunidades mas, também, para gerir as respectivas conse-quências.

1.5 As regiões e comunidades locais da União encontram-se

entre as mais expostas a estes desafios, mas também contam com uma importante capacidade para traduzir em acções concretas as orientações estratégicas, mobilizando os agentes sociais e económicos dos diferentes territórios.

1.6 A Estratégia renovada da União Europeia para o

cresci-mento e o emprego só pode ser bem sucedida se for capaz de mobilizar os seus recursos em todos os territórios da União. Todavia, tanto os orçamentos nacionais como o da UE sofrem pressões. Assim, a UE deve esforçar-se por multiplicar, da forma mais eficaz, os recursos financeiros disponíveis. O Comité das Regiões considera que a política de coesão, tanto pela sua orien-tação estratégica como pelos seus mecanismos de aplicação, exerce um efeito multiplicador ao serviço dos objectivos da União.

(1) JO C 164 de 5.7.2005, pág. 4. (2) JO C 318 de 22.12.2004, pág. 1.

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1.7 O presente parecer contribuirá para o debate com uma série de elementos, mediante uma vasta consideração do efeito de alavanca, que tenha em conta os impactos que a política de coesão tem no território da União. O anexo metodológico contém as informações necessárias para conhecer a metodologia científica e a dinâmica de trabalho utilizada pelo Comité na elaboração do presente parecer (3).

2. Uma aproximação às dimensões do «Efeito Alavanca» Neste parecer, o Comité das Regiões pretende adoptar uma acepção ampla do efeito de alavanca, que tenha em conta uma série de factores importantes no momento de avaliar o impacte dos Fundos Estruturais. Desta forma e de maneira integrada, o presente parecer terá em conta o Efeito Alavanca dos fundos comunitários, nos seguintes domínios:

— Aspectos financeiros.

— Aspectos políticos e estratégicos da concentração temática. — Melhorias na capacidade institucional.

— Aumento da coesão na Europa,

2.1 Aspectos financeiros do «Efeito Alavanca».

2.1.1 A política de coesão tem, à escala europeia, um impor-tante valor acrescentado, já que os recursos financeiros comuni-tários permitem a obtenção de melhores resultados e uma mobi-lização superior dos agentes que a conseguida apenas a nível nacional ou regional. De acordo com as estimativas da própria Comissão Europeia (4), por cada euro dispensado pela UE para

as políticas de coesão nas regiões pertencentes ao Objectivo 1, estas realizam uma despesa adicional de 0,9 euros em média. Tratando-se das regiões do Objectivo 2, a média de despesa adicional mobilizada ascende a 3 euros por cada euro investido.

2.1.2 Este efeito multiplicador deriva em primeiro lugar da

concentração temática e geográfica dos Fundos Estruturais. A concentração de Fundos, acompanhada de um conjunto razoável de instrumentos, aumenta as possibilidades de alcançar a massa crítica necessária, criando assim as condições para gerar ulteriores desenvolvimentos dos investimentos. Neste sentido, a capacidade de atracção de investimentos pode ser aumentada através da concentração geográfica e temática, já que permite realizar os investimentos com um menor custo.

2.1.3 Em segundo lugar, o efeito alavanca deriva também da

capacidade de contar com um variado elenco de instrumentos de financiamento, já que em numerosas ocasiões os Estados--Membros e as regiões não são capazes de utilizar adequada-mente todos os dispositivos potenciais da política de coesão. Por exemplo, o subsídio global foi identificado no nosso estudo como um instrumento flexível capaz de gerar e aumentar o efeito de alavanca financeiro de numerosos projectos e programas.

2.1.4 Outros instrumentos muito interessantes que podem

servir para reforçar o «Efeito de Alavanca», referem-se aos que decorrem da participação dos fundos estruturais em instru-mentos de engenharia financeira destinados às empresas, espe-cialmente PME, como por exemplo fundos de capital-risco, fundos de garantia, fundos de empréstimos e fundos de desen-volvimento urbano. A aplicação dos fundos estruturais já permitiu a muitas regiões elegíveis grande experiência em relação a estes instrumentos de apoio, sobretudo no tocante ao financiamento de capital de risco. O mesmo se pode dizer quanto à criação de fundos renováveis, que podem contribuir para o desenvolvimento regional mesmo após o período de programação. Neste contexto, são de aplaudir as iniciativas JEREMIE, JASPERS e JESSICA, onde também encontramos entre os promotores o Banco Europeu de Investimentos (BEI) e o Fundo Europeu de Investimento (FEI), isto é, agentes muito importantes na aplicação deste tipo de medidas.

2.1.5 Este tipo de instrumentos pode também aumentar as

capacidades das autoridades públicas para a cooperação com as instituições financeiras internacionais e a banca privada, que podem ser fontes de financiamento de outros projectos de desenvolvimento. Outras vantagens adicionais da utilização destes instrumentos podem ser a maior flexibilidade em matéria de gestão dos fundos estruturais, bem como uma maior solvabi-lidade face a agentes externos, graças à associação do BEI e do FEI.

2.1.6 Por último, o efeito de alavanca pode ser aumentado

através da melhoria de uma série de factores relativos ao reforço das parcerias público-privadas. Neste sentido, a capacidade de identificar os obstáculos que dissuadem os investidores privados, bem como o estabelecimento e apoio de equipas de projecto e de formas de parceria com o sector privado, são factores essen-ciais para gerar investimento privado em prazos relativamente curtos.

2.1.7 A política de coesão, devido à estabilidade do seu

financiamento e à programação plurianual permite, além disso, associar estreitamente o sector privado, capaz de realizar maiores investimentos ao longo de um período mais prolon-gado. Esta característica da política de coesão relativamente às políticas nacionais da mesma natureza constitui certamente um valor acrescentado adicional.

2.1.8 Também há que ter em conta que, em alguns

Estados--Membros, em particular nos 10 novos, um forte aumento dos investimentos públicos poderia, a curto e médio prazo, fazer perigar o cumprimento do critério do défice público e das regras do Pacto de Estabilidade e Crescimento. O facto de recorrer com mais frequência ao estabelecimento de Parcerias Público-Privadas (PPP) poderia constituir uma alternativa válida ao aumento directo dos investimentos públicos.

(3) http://coropinions.cor.europa.eu/CORopinionDocument.aspx?identi- fier=cdr\coter-iv\dossiers\cotter-iv-003\cdr118-2006_fin_ac.doc&lan-guage=PT

(4) Comissão Europeia: COM(2005) 299 final. «Uma política de coesão para apoiar o crescimento e o emprego: orientações estratégicas comu-nitárias 2007-2013», Bruxelas, 5.7.2005.

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2.2 Orientação estratégica das políticas

2.2.1 Os investimentos públicos devem ser definidos

atenta-mente e cuidadosaatenta-mente planificados a todos os níveis. Por isso é importante frisar que a política de coesão desempenha um papel essencial para reagrupar prioridades regionais e nacionais a fim de criar uma sinergia a nível europeu. Esta estratégia euro-peia de investimento deve ser acompanhada de políticas nacio-nais e regionacio-nais adequadas, propícias a favorecer investimentos públicos de elevada qualidade sobretudo nos domínios ligados à estratégia de Lisboa e suas ligações com a Estratégia de Gotem-burgo.

2.2.2 Estes investimentos são os relacionados com a

educação, o conhecimento, a inovação e a investigação, a protecção ambiental, os serviços sociais, a formação ao longo da vida e o estabelecimento de estruturas europeias. Estes inves-timentos não só têm consequências na procura, como têm efeitos estruturais a longo prazo na economia, dado dinami-zarem o crescimento económico e a competitividade das regiões. Neste sentido, o efeito de alavanca gerado pela política de coesão é causado por uma série de factores.

2.2.3 Em primeiro lugar, através da introdução de novas

ideias e abordagens nas políticas dos Estados-Membros e regiões destinadas a fomentar o papel da inovação no desenvolvimento económico. Os casos de estudo analisados permitem concluir que a política de coesão reforçou a orientação das prioridades políticas nacionais em favor de domínios importantes para o crescimento económico como a inovação, a investigação e as políticas activas de emprego e a favor da inclusão social.

2.2.4 Esta orientação aconteceu especialmente graças à possi-bilidade de introduzir projectos-piloto através dos Fundos, com novas abordagens e instrumentos como as políticas de clusters a favor da inovação ou a utilização de abordagens mais participa-tivas. Tal contribuiu para aumentar a sensibilização e aumentar o âmbito do conceito de inovação, integrando melhor nas estra-tégias de desenvolvimento regional os aspectos organizativos, financeiros, de gestão e formação e de promoção da inovação.

2.2.5 Em segundo lugar, a política de coesão provocou a

tomada em consideração de domínios políticos que previamente não eram tidos em conta pelas políticas nacionais ou regionais. Numerosas iniciativas piloto como as RIS (Estratégias de inovação regional) e as Acções Inovadoras do FEDER foram-se consolidando ao longo do tempo, como políticas essenciais a nível nacional e regional. Em linhas gerais pode afirmar-se ainda que abordagens mais flexíveis e mais orientadas para o mercado foram o denominador comum das novas orientações introdu-zidas pela política de coesão.

2.2.6 Por último, as estratégias de desenvolvimento

inte-gradas próprias da política de coesão, concebidas conjuntamente pelos níveis nacional e regional, promoveram a adopção de abordagens mais estratégicas em matéria de desenvolvimento económico e de emprego, permitindo a execução de projectos substantivos. Numerosas áreas como a tecnologia, a inovação, a formação do capital humano, a igualdade de oportunidades ou o ambiente foram identificadas como factores importantes para o crescimento e assimiladas nas políticas respectivas com uma abordagem mais integrada.

2.3 Reforço da capacidade institucional

2.3.1 Outro aspecto a destacar do efeito de alavanca na apli-cação dos fundos estruturais é o efeito que produzem no funcio-namento das administrações públicas, modernizando-as, melho-rando a sua gestão e harmonizando os seus procedimentos à escala europeia. A política de coesão favoreceu a aplicação das políticas comunitárias, em especial a protecção do ambiente e a igualdade de oportunidades, bem como a reestruturação econó-mica e social, conforme às prioridades fixadas pelas estratégias de Lisboa e de Gotemburgo.

2.3.2 Neste aspecto, deve destacar-se a execução dos Planos

Nacionais de Reformas como peças-chave para alcançar os objectivos da Estratégia de Lisboa renovada e a coordenação que deve existir entre eles e os Quadros Estratégicos Nacionais de Referência 2007-2013.

2.3.3 Há que mencionar também o fomento da parceria, a

melhoria da capacidade institucional na elaboração e na apli-cação de políticas públicas, o desenvolvimento da cultura da avaliação, a transparência e o intercâmbio de boas práticas. São tudo factores que fazem parte do sistema estabelecido no âmbito da política de coesão e que se desenvolveu na União Europeia, contribuindo para melhorar a governação a todos os níveis, já que muitas dessas técnicas são aplicadas em seguida pelas administrações noutros sectores. Também a criação de novas estruturas, como as Agencias de Desenvolvimento Regi-onal, desempenhou um papel essencial em favor do desenvolvi-mento em muitas regiões da União.

2.3.4 Igualmente, a política de coesão contribuiu para

avanços consideráveis na elaboração de planos e programas neste domínio. Cada vez se dá um lugar mais importante ao diagnóstico e à análise rigorosos, os objectivos são formulados com maior precisão e melhora-se a supervisão e avaliação de planos e programas, com base em pontos de referência. A elabo-ração de estratégias a longo prazo para o investimento público passou a ser um elemento habitual na cultura de planificação existente.

2.3.5 Também houve num aumento da capacidade dos

Estados-Membros para adoptarem e aplicarem efectivamente a legislação comunitária em numerosos domínios, como o ambi-ente. Em particular, a política de coesão promoveu importantes alterações na legislação de contratos públicos dos Estados--Membros, possibilitando o acesso e a abertura destes mercados a todas as empresas da União Europeia e fortalecendo assim o mercado único. Este é um aspecto muito importante a consi-derar no quadro dos recentes alargamentos da União Europeia.

2.3.6 Pode afirmar-se, por fim, que a política de coesão da

União Europeia promoveu e reforçou o papel das regiões no processo de tomada de decisões no atinente à elaboração e à execução das políticas regionais comunitárias. A criação da massa crítica suficiente a nível humano para a gestão adequada dos Fundos permitiu uma maior autonomia das pessoas colec-tivas locais e regionais e um aumento efectivo da regionalização e da autonomia local na União Europeia.

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2.4 Construção coesiva da Europa

2.4.1 A política de coesão teve também um efeito de

alavanca em favor de uma Europa com mais coesão através da intervenção de diversos elementos.

2.4.2 Em primeiro lugar, o princípio de parceria e a determi-nação dos responsáveis favoreceram a cooperação entre as insti-tuições públicas e os diferentes grupos sociais, que teve um papel-chave na identificação das soluções para os problemas.

2.4.3 Em segundo lugar, pode afirmar-se que a política de

coesão permitiu a articulação de soluções multi-dimensionais para problemas muito complexos e diversos. Na realidade, os problemas que afectam os diversos territórios da União são variados e os contextos e conjunturas muito diversos. Apesar disso, a política de coesão permitiu tomar em conta esta diversi-dade de situações, em particular nas regiões periféricas e mais atrasadas da União, bem como nas regiões ultraperiféricas. Esta abordagem de reforço da coesão teve também influência consi-derável em outras políticas desenvolvidas pelos Estados--Membros.

2.4.4 A política de coesão permitiu criar igualmente um

terreno adequado para a cooperação entre as regiões e as pessoas colectivas locais da União, fundamentalmente através da Iniciativa INTERREG, possibilitando que conflitos duradoiros ou separações ancestrais entre os dois lados da fronteira fossem superados. Além disso, a cooperação entre autarquias locais e regionais sem fronteira comum desenvolveu-se bastante graças ao apoio à cooperação interregional e contribui actualmente de forma significativa para o desenvolvimento de novas estratégias regionais.

2.4.5 Nos períodos de programação dos Fundos Estruturais

até à data, a estreita coordenação do FEDER e do FEOGA permitiu efeitos de alavanca substanciais no sentido de um desenvolvimento rural integrado. No interesse da coesão territo-rial, importa promover igualmente a coordenação e a coope-ração do FEDER e do FEADER.

2.4.6 A este respeito foram especialmente significativos os

efeitos dos programas URBAN, capazes de ter incidências tanto de regeneração física como de inclusão social, conseguindo um efeito demonstrativo para os cidadãos do valor acrescentado da política europeia assim como um efeito de eficácia assegurado pela concentração das intervenções.

2.4.7 Por último, a política de coesão exerceu um efeito

multiplicador essencial na visibilidade do projecto de integração europeia. Este efeito foi maior quando a política de coesão permitiu a melhoria dos serviços públicos e o aumento da quali-dade de vida dos cidadãos.

3. Conclusões

Tendo em conta os elementos analisados, o Comité das Regiões sublinha:

3.1 A política de coesão europeia, através das suas caracterís-ticas específicas (parceria, adicionalidade, programação

estraté-gica e financiamento plurianual) teve diversos impactos e efeitos de alavanca significativos.

3.2 A política europeia de coesão exerce um efeito de

alavanca em termos de mobilização e de geração de recursos e parcerias públicas e privadas. É um catalizador, tanto de finan-ciamento público como privado, em numerosos sectores graças, à estabilidade do seu mecanismo de financiamento plurianual e à sua capacidade de mobilizar a massa crítica necessária aos investimentos.

3.3 Constatou-se que, tanto o efeito de alavanca como outros impactos induzidos pela política de coesão, ocorrem em todos os tipos de regiões e em muitos programas e projectos, indepen-dentemente dos montantes envolvidos.

3.4 Também é importante assinalar que é necessário reduzir

a complexidade na gestão dos Fundos para maximizar o efeito de alavanca que as parecerias podem ter. Além disso, limitar as áreas elegíveis e fragmentá-las pode dificultar a articulação de parcerias em algumas regiões, o que não deixa de ter consequên-cias relativamente à selecção e ao envolvimento dos agentes de uma parceria. Este problema será, todavia, superado no período de 2007-2013, no qual os novos regulamentos quiseram ultra-passar as áreas do Objectivo 2.

3.5 A política europeia de coesão é um factor-chave da orien-tação estratégica das políticas públicas. Conta com a capacidade e o potencial de promover abordagens inovadoras em diversos sectores e de orientar uma série importante de políticas públicas a nível nacional, regional e local. Efectivamente, a política de coesão é una correia de transmissão efectiva entre os objectivos da UE, como a Estratégia de Lisboa, e a sua efectiva apropriação e realização por parte dos agentes-chave nos diversos territórios da União.

3.6 A política europeia de coesão também propicia um efeito

de alavanca na mobilização de recursos que apoiam de maneira decidida as acções que desenvolvem as orientações derivadas da Estratégia de Lisboa centradas na I+D+i, como decisivo factor de crescimento a médio e longo prazo.

3.7 Constatou-se que um factor muito importante para o

êxito de numerosos programas e projectos inovadores lançados pela política de coesão se deve a que os «novos conceitos e abor-dagens» estão apoiados pelos escalões políticos e administrativos de alto nível. É igualmente importante a coerência das estraté-gias e a colaboração entre administrações. Estes factos estimu-laram o efeito de alavanca dos Fundos Estruturais.

3.8 A política de coesão tem importantes efeitos no reforço

da capacidade institucional. Através do princípio de parceria, promoveu em todo o território da União, um novo modelo cooperativo de governação, implicando estrategicamente os dife-rentes níveis de governo e a sociedade civil, permitindo desse modo um aumento do capital social e económico das regiões e das pessoas colectivas territoriais locais. Este será um factor crítico no futuro desenvolvimento dos novos Estados-Membros.

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3.9 Para maximizar o efeito de alavanca, a longo prazo, dos Fundos Estruturais, é importante ter em conta o contexto geral e a identidade cultural de cada região. Nesse sentido, deve haver sempre uma relação equilibrada entre os critérios fixados para toda a UE e o estabelecimento de prioridades regionais. Tendo como objectivo a evolução na cultura e na mentalidade de uma sociedade, promovendo a inovação, a educação, a capacidade empreendedora e a criatividade, que se garante a sustentabili-dade das alterações que os Fundos Estruturais podem provocar.

3.10 A política de coesão exerce um efeito de alavanca essen-cial que concorre para uma maior coesão da integração euro-peia. Detém o potencial de integrar diversos tipos de territórios no conjunto do continente, permite uma participação activa de todos os agentes sociais e económicos e é visível e entendida como inclusiva pelos cidadãos europeus graças ao seu contri-buto concreto para a melhoria da qualidade de vida.

3.11 A política de coesão contribui para um efeito de

alavanca que redunda num crescimento sustentável respeitoso do ambiente, evitando que a negligência nesta matéria seja limi-tativa do crescimento, da qualidade de vida e da conservação dos recursos naturais.

3.12 Através da cobertura de todos os territórios da UE, a

política de coesão proporciona um quadro adequado a nível continental para um desenvolvimento económico e social equili-brado. Ao agir, tanto sobre os factores de convergência como sobre os de competitividade, cria as condições essenciais para a acumulação de experiência e para o intercâmbio de melhores práticas. Mais ainda, assegura um quadro integrado que conso-lida a aprendizagem mútua, permitindo sucessivamente o finan-ciamento e a reprodução das iniciativas de sucesso através de formas de execução concretas.

3.13 O CR considera que o efeito de alavanca da política de

coesão pode ser reforçado no período de programação 2007--2013. Os princípios da política de coesão, já bem experimen-tados e consolidados, foram complemenexperimen-tados com uma série de medidas: adopção de uma abordagem mais estratégica da polí-tica de coesão, earmarking e maior concentração dos Fundos em sectores prioritários, um melhor quadro jurídico para a adopção de dispositivos de financiamento sofisticados e inovadores, um adequado relevo dado aos programas de desenvolvimento urbano, e uma melhoria da cooperação territorial. Estas altera-ções confirmaram que, quando ocorrem alteraaltera-ções decisivas nos objectivos políticos da União, a política de coesão pode desem-penhar um papel central ao inspirar e apoiar concretamente a mutação económica e social em todos os territórios da União.

3.14 O desenvolvimento e a selecção de projectos mostraram

ser factores determinantes do êxito: os instrumentos que forem utilizados devem ser escolhidos com cuidado para que contem-plem os elementos mais em sintonia com o contexto regional e com os objectivos a alcançar.

4. Recomendações

O Comité das Regiões,

4.1 Recomenda à Comissão Europeia que integre o conceito

de efeito de alavanca alargado na sua próxima avaliação sobre o estado e o progresso da coesão na União Europeia.

4.2 Sugere à Comissão, ao Parlamento e ao Conselho que

considerem o efeito de alavanca como um quadro adequado para a avaliação das políticas comunitárias, principalmente com vista à revisão a médio prazo do orçamento comunitário.

4.3 Recomenda à Comissão que estimule o conhecimento

dos benefícios, perfil e imagem da política de coesão em todos os Estados-Membros e, sobretudo, nas autarquias locais e regio-nais.

4.4 Recomenda à Comissão que aumente os esforços já

iniciados para a promoção de diferentes instrumentos finan-ceiros (JEREMIE, JESSICA, etc.) através dos Fundos Estruturais e, em particular, crie no âmbito da legislação respeitante aos auxí-lios as possibilidades necessárias para desenvolver fundos de capital de risco e programas de garantias a nível regional.

4.5 Recomenda à Comissão Europeia e aos Estados-Membros

a simplificação de trâmites burocráticos, o estabelecimento de um quadro legal, administrativo e financeiro que facilite a activi-dade inovadora bem como o aumento de formas de financia-mento adaptado às empresas inovadoras (capital-risco, business

angels, microcréditos, etc...).

4.6 Recomenda à Comissão Europeia e aos Estados-Membros

que avaliem os progressos na simplificação e descentralização da gestão dos Fundos Estruturais no período 2007-2013. Em parti-cular, recomenda que seja prestada especial atenção a alcançar a proporcionalidade entre os encargos administrativos e o tipo e dimensão da intervenção, bem como ao impacto dos encargos administrativos nas autarquias locais e regionais.

4.7 Recomenda aos Estados-Membros que reforcem a

parceria em todas as fase de governo e gestão dos Fundos Estru-turais, pondo em prática medidas efectivas para implicar as autoridades regionais e locais e a sociedade civil ao longo de todo o processo, assim como uma parceria aprofundada com as cidades, pelo seu potencial factor de arrastamento para o cresci-mento e o emprego.

4.8 Recomenda à Comissão, ao Parlamento, aos

Estados--Membros e ao BEI a identificação clara dos obstáculos que difi-cultam as parcerias público-privadas na gestão de projectos financiados pelos Fundos Estruturais. Neste sentido, a interpre-tação clara a nível da UE dos conceitos básicos dos acordos de PPP e a simplificação do regime de ajudas de Estado auxiliaria significativamente. Também é necessária uma maior divulgação das potencialidades e problemas das PPP entre as pessoas colec-tivas locais e regionais da União.

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4.9 Recomenda à Comissão Europeia e aos Estados-Membros que salvaguardem o carácter experimental e pioneiro que os Fundos Estruturais desempenham em inúmeros casos. Neste sentido, recomenda aos Estados-Membros a utilização das reservas previstas e de outros instrumentos para premiar e divulgar as estratégias mais bem sucedidas e consolidar os resul-tados da cooperação territorial.

4.10 Exorta a Comissão Europeia a ter em conta a

interre-lação entre as intervenções no âmbito dos Fundos Estruturais e os programas de desenvolvimento rural e a facilitar e promover o mais possível (sem prejuízo da necessária independência formal de contas) a boa coadunação entre os conteúdos de ambos.

4.11 Recomenda que, na aplicação dos Fundos Estruturais, se

preste especial atenção aos objectivos contemplados no proto-colo de Quioto e que se recupere uma trajectória de crescimento sustentável respeitando o ambiente.

4.12 Recomenda aos Estados-Membros e à Comissão que

estimulem o efeito de alavanca no processo de programação dos Fundos Estruturais, de maneira a induzir a criação, o estímulo e o financiamento de projectos com elevado efeito de alavanca, bem como a elaboração de relatórios e no ciclo da avaliação.

4.13 Chama a atenção para a necessidade de tomar em conta

as especificidades regionais na futura política de coesão, dado que a diversidade é um factor de êxito essencial para o efeito de alavanca da política de coesão.

4.14 Para aproveitar integralmente o efeito de alavanca dos

Fundos Estruturais, recomenda às regiões e Estados-Membros que sejam rigorosos no estabelecimento de uma adequada coerência entre as estratégias regionais, os Planos Nacionais de

Reformas, os Quadros Estratégicos Nacionais de Referência e os Programas Operacionais que concretizem a política europeia de coesão.

4.15 Sugere que sejam abordados os benefícios do efeito de

alavanca e que se trabalhe para aumentar a consciencialização da opinião pública para as suas vantagens potenciais, mediante um trabalho de divulgação e promoção especializada ou desti-nada ao público em geral, assim como para a difusão das boas práticas, como faz o Comité das Regiões com os «Open Days».

4.16 Recomenda à Comissão que analise e avalie o

desenvol-vimento a longo prazo das regiões, sublinhando que as muta-ções culturais e de mentalidade são necessárias, a par de um trabalho de divulgação transparente e acessível a todos os impli-cados, para garantir que estas regiões dêem um verdadeiro salto em frente em termos do seu desenvolvimento social e econó-mico.

4.17 Acolhe favoravelmente a iniciativa da Comissão de criar as redes de «Regiões Europeia agentes da mutação económica», recomenda um vasto leque temático que reflicta as diferentes dinâmicas territoriais da mutação, aproveitando as inovações introduzidas no período actual e incluindo as autarquias locais e regionais no processo de selecção das áreas prioritárias da inicia-tiva, e espera ser plenamente envolvido no desenvolvimento desta iniciativa.

4.18 Recomenda às Instituições Europeias que adoptem o

conceito de solidariedade entre os territórios da União como uma dimensão fundamental do conceito de coesão da UE. A política de coesão deve permanecer também no futuro como elemento central da política de integração europeia.

Roma, em 23 de Março de 2007.

O Presidente do Comité das Regiões

Referências

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