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ROTULAGEM DE CORTES DE FRANGOS CONGELADOS: INFRAÇÕES À LEGISLAÇÃO VIGENTE

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Academic year: 2021

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ROTULAGEM DE CORTES DE FRANGOS CONGELADOS:

INFRAÇÕES À LEGISLAÇÃO VIGENTE

A.P.Perin

1

, A.P.B. Borga

2

, L.S. Bersot

3

1-Departamento de Ciências Veterinárias- Universidade Federal do Paraná/Setor Palotina- Laboratório de Inspeção e Controle de Qualidade de Alimentos e Água - CEP: 85950-000 – Palotina – PR- Brasil, Telefone: 55 (44) 3211-8550- e-mail: ana_paulaperin@yahoo.com.br

2-Departamento de Ciências Veterinárias- Universidade Federal do Paraná/Setor Palotina- Laboratório de Inspeção e Controle de Qualidade de Alimentos e Água - CEP: 85950-000- Palotina – PR- Brasil, Telefone: 55 (44) 3211-8550- e-mail: anabborga@gmail.com.br

3-Departamento de Ciências Veterinárias- Universidade Federal do Paraná/Setor Palotina - Laboratório de Inspeção e Controle de Qualidade de Alimentos e Água - CEP: 85950-000 - Palotina – PR - Brasil, Telefone: 55 (44) 3211-8516 - e-mail: lucianobersot@gmail.com.br

RESUMO – A rotulagem e a embalagem possuem papel muito importante na apresentação e na manutenção da integridade do alimento. O objetivo desse trabalho foi avaliar a adequação de embalagens de cortes de frango à legislação vigente. Foram avaliadas 300 embalagens, provenientes de matadouros com SIF, quanto à integridade, presença de dizeres obrigatórios, de corpos estranhos e ao peso, sendo verificado se este estava de acordo com o indicado na embalagem. Das 300 amostras, 95 (31,7%) apresentaram não conformidades, sendo que algumas embalagens apresentaram mais de um item não conforme, totalizando 140 NC. As principais irregularidades foram relacionadas à integridade das embalagens, como a presença de furos, rasgos e aberturas da selagem. Por se tratar de produtos produzidos em matadouros com Inspeção Federal, a quantidade de NC foi muito elevada, demostrando a necessidade de maior atenção dos órgãos fiscalizadores quanto ao atendimento legal das normas relativas à embalagem e rotulagem.

ABSTRACT – The labeling and packaging have a very important role in the presentation and food integrity maintenance. The aim of this study was to evaluate the suitability of chicken cuts packaging to the current legislation. We evaluated 300 packages, all from slaughterhouses with Federal Inspection, the integrity, the presence of mandatory wording, foreign bodies and the weight being checked if it was according to the package directions. Of the 300 samples, 95 (31.7%) had non-conformities (NC), and some packages had more than one item not as totaling 140 NC. The main irregularities were related to the integrity of packaging, the presence of holes, tears and sealing openings. Because it is produced in slaughterhouses with Federal Inspection, the amount of NC was very high, demonstrating the need for greater attention of regulatory agencies about the legal compliance of the rules on packaging and labeling.

PALAVRAS-CHAVE: Furo, Lote, Corpo estranho. KEYWORDS: Hole, Lot, Foreign body.

1. INTRODUÇÃO

A rotulagem e a embalagem possuem papel importante na apresentação, no esclarecimento ao consumidor e na manutenção da integridade do alimento. Segundo a Instrução Normativa nº22,

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embalagem é o recipiente ou pacote destinado a garantir a conservação e facilitar o transporte e manuseio dos produtos de origem animal. Já a rotulagem ou rótulo é toda inscrição, legenda ou imagem impressa ou colada sobre a embalagem do produto de origem animal (Brasil, 2003).

No Brasil, algumas determinações legais devem ser seguidas quanto à embalagem e rotulagem de produtos avícolas. Uma dessas determinações, imposta pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), é a Resolução RDC nº 13 (Brasil, 2001). Ela determina que as indústrias produtoras de carne de aves devem incluir na rotulagem de seus produtos instruções de uso, preparo e conservação. Além disso, os rótulos devem conter também recomendações que auxiliem o consumidor no controle do risco associado ao consumo de alimentos nos quais patógenos, como Salmonella sp., possam estar presentes. Dentre outras instruções, essa Resolução recomenda manter produtos crus separados de outros alimentos. Essa prática tem como finalidade impedir a contaminação cruzada por Salmonella sp., decorrente do contato de produtos crus com alimentos que não serão submetidos a tratamento térmico antes do consumo. Outra importante recomendação é o cozimento adequado da carne de aves. O tratamento térmico é crucial para que ocorra a inativação térmica de Salmonella sp., sendo necessário no mínimo 58oC por pelo menos 7 minutos (Juneja et al., 2001). Todas essas recomendações tornam-se importantes uma vez que inexistem medidas efetivas para garantir a eliminação de Salmonella sp. nos plantéis de aves e, consequentemente, nos produtos de origem avícola.

Além da RDC nº13, outros dispositivos legais também asseguram a qualidade dos produtos e a segurança do consumidor quanto ao fator embalagem. De maneira genérica, o Código de Defesa do Consumidor (Brasil, 1990) determina que as empresas devem seguir os padrões de qualidade e quantidade expressos nos rótulos de seus produtos, e que violações a esses padrões tornam o produto impróprio ou inadequado ao consumo. Já a Instrução Normativa nº22 (Brasil, 2005), específica para produtos de origem animal, regulamenta a presença obrigatória de alguns dizeres na rotulagem desses produtos. Segundo essa legislação, são informações obrigatórias, entre outras, a denominação de venda do produto de origem animal, conteúdo líquido, identificação de origem (nome, endereço, CNPJ, carimbo do SIF, categoria oficial do estabelecimento), identificação de lote, data de fabricação e de validade, instruções sobre conservação e composição do produto.

Adicionalmente, a Resolução RDC nº360 (Brasil, 2003) institui a obrigatoriedade de constar a informação nutricional no rótulo de carnes in natura, quando estas forem embaladas na ausência do consumidor (indústria). A Fiscalização quanto ao atendimento de todas essas normas é competência da Agência Nacional de Vigilância Sanitária e também do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

No Brasil, poucos trabalhos são realizados com a finalidade de avaliar a integridade das embalagens e a adequação dos rótulos de carne de aves quanto às legislações vigentes. Por esse motivo, o objetivo desse trabalho foi realizar essa avaliação em rótulos e embalagens de cortes de frango congelados produzidos no estado do Paraná.

2. MATERIAL E MÉTODOS

Entre setembro de 2015 e março de 2016, foram adquiridas comercialmente 300 amostras de cortes de frango congelados, todas provenientes de matadouros com Inspeção Federal, localizados no estado do Paraná. Os cortes adquiridos foram asa (coxinha e meio), perna (coxa, sobrecoxa e perna inteira), peito (peito e filezinho) e frango a passarinho, em embalagens plásticas (pacote) e bandejas.

Após serem adquiridas nos estabelecimentos comerciais, as amostras foram transportadas até o Laboratório de Inspeção e Controle de Qualidade de Alimentos e Água, de Universidade Federal do Paraná/Setor Palotina, onde foram submetidas à análise dos rótulos e embalagens. Os parâmetros avaliados estão demostrados no Quadro 1. Cada item avaliado era julgado em Conforme (C) ou Não Conforme (NC) de acordo com o atendimento ou não à legislação específica. Foram seguidos os padrões

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determinados pelo Código de Defesa do Consumidor (Brasil, 1990), pela Resolução RDC nº13 (Brasil, 2001), pela Instrução Normativa nº22 (Brasil, 2005) e pela Resolução RDC nº360 (Brasil, 2003). Quadro 1 – Parâmetros avaliados nos rótulos e embalagens de cortes de frango congelados e suas respectivas bases legais.

Parâmetro avaliado Referência

Data de fabricação e prazo de validade Brasil (2005)

Lote Brasil (2005)

Embalagem intacta Brasil (1990)

Declaração do valor calórico, nutrientes e componentes Brasil (2003)

Presença de corpo estranho Brasil (1990)

Identificação de Origem

Nome ou razão social Brasil (2005)

Endereço do estabelecimento Brasil (2005)

Carimbo oficial da Inspeção Federal Brasil (2005)

Categoria do estabelecimento segundo classificação oficial Brasil (2005)

CNPJ do fabricante Brasil (2005)

Registrado no MAPA/SIF/DIPOA nº... Brasil (2005)

Contato do Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC) *

Peso

Indicação de peso Brasil (2005)

Peso igual ao indicado na embalagem Brasil (2005)

Rotulagem

Marca comercial do produto Brasil (2005)

Denominação de venda do produto de origem animal Brasil (2005)

Composição do produto Brasil (2005)

Conservação/Preparo

Instrução sobre uso/preparo do produto Brasil (2005)

Forma de conservação do produto Brasil (2005)

Presença dos dizeres:

- Esse alimento, se manuseado incorretamente e/ou consumido cru, pode causar danos à saúde.

- Para sua segurança, siga as instruções abaixo:

- mantenha refrigerado ou congelado; - descongele somente no refrigerador ou no micro-ondas; -mantenha o produto cru separado dos outros alimentos; - lave com água e sabão as superfícies (incluindo as tábuas de corte), utensílios e mãos depois de manusear o produto cru; - consuma somente após cozido, frito ou assado completamente.

Brasil (2001)

*Ausência de dispositivo legal que obrigue sua presença nos rótulos de produtos avícolas.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

No Brasil, o número de trabalhos sobre irregularidades em embalagens e rotulagens de carne de aves é reduzido, porém estima-se que a ocorrência de irregularidades seja elevada. Em outros países já foi demostrado o grande número de não conformidades em embalagens de produtos avícolas. Em Portugal, na Cidade de Porto, Monteiro et al. (2007) encontraram 62% das embalagens de produtos avícolas avaliadas contendo algum item em desacordo com a legislação local.

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Neste trabalho, 31,7% (95/300) das amostras analisadas apresentaram alguma não conformidade relacionada à embalagem ou rotulagem. Algumas amostras apresentaram mais de um item avaliado em desacordo, totalizando 140 não conformidade encontradas. A quantidade de não conformidades encontradas está demostrada na Figura 1.

Figura 1 – Quantidade de não conformidades encontradas em rótulos e embalagens de cortes de frango congelados.

A maior ocorrência foi a presença de furos, rasgos ou abertura da selagem, observada em 46 amostras (15,3%). Percentual superior a esse foi descrito por Bastos et al. (2008) ao encontrarem 35,3% das embalagens de frango congelados perfuradas. Embalagens furadas ou rasgadas determinam perda da qualidade do produto, possibilitando a ocorrência de contaminação pós processamento e elevando o risco de veiculação de micro-organismos patogênicos por meio dos alimentos.

Em ordem decrescente, foram encontradas infrações relacionadas à falta de informação nutricional (9%), ausência de contato telefônico para o SAC (7,3%), ausência de lote de produção ou número ilegível (6%), peso inferior ao indicado na embalagem (3,3%), ausência de classificação oficial do estabelecimento produtor (2%), presença de corpo estranho junto a carne (1%) e não declaração da composição do produto (0,3%). No grupo “outras não conformidades” foi observado seis produtos congelados com prazo de validade de somente 15 dias e um produto com data de fabricação posterior à data de vencimento (Figura 2), correspondendo a 2,3% dos produtos analisados.

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A RDC nº360 (Brasil, 2003) determina que as carnes in natura refrigeradas ou não, pré-embaladas na ausência do cliente (indústria) e prontas para serem oferecidas diretamente ao consumidor devem apresentar rotulagem nutricional. Nesse trabalho, a falta de tabelas ou dizeres contendo a informação nutricional do produto foi observada em 27 amostras.

A presença de contato telefônico para o SAC não é regulamentada por nenhuma lei específica, porém foi avaliada por ser considerada essencial para a comunicação entre o consumidor e a indústria. O número elevado de não conformidades para esse item demonstra descaso por parte da indústria para com seus clientes, dificultando reclamações e sugestões.

A ausência de indicação de lote impossibilita o completo controle de produção, pois inviabiliza a rastreabilidade do alimento e impede a adoção de medidas corretivas em caso de necessidade de retirada do alimento do comércio, por exemplo.

As amostras que apresentaram corpo estranho junto ao produto, no interior da embalagem, continham pedaço de metal, pedaço de plástico e um material com “aspecto de cinzas”, como demostrado na Figura 3.

Figura 3–Amostras contendo corpos estranhos: 1 - plástico; 2 - metal; 3- material com “aspecto de cinzas”.

Nesse trabalho, nenhuma amostra apresentou-se irregular quanto ao atendimento à RDC nº13, diferente do trabalho realizado por Ristori et al. (2008) em São Paulo, o qual encontrou 60% dos rótulos de carcaças de frango avaliados em desacordo com essa legislação.

4. CONCLUSÕES

O percentual de 31,7% de embalagens contendo alguma não conformidade é considerado elevado para estabelecimentos submetidos à Fiscalização Federal. Cabe à ANVISA e aos demais órgãos responsáveis, fiscalizar e detectar as etapas em que estejam ocorrendo falhas, objetivando reduzir a ocorrência de irregularidade e aumentar a segurança dos alimentos. Além de reduzir a confiabilidade da indústria, a existência de falhas como furos, por exemplo, pode trazer riscos à saúde do consumidor, por tornar o alimento exposto ao ambiente e propiciar sua contaminação pós processo.

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PERIN, A.P. recebe apoio da CAPES e Fundação Araucária; BERSOT, L.S. recebe apoio do CNPq.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Bastos, A.A., Belinello, M.H., Saraiva, T.C. & Souto, A.C. (2008) Avaliação da qualidade sanitária dos rótulos de alimentos embalados de origem animal. Revista Baiana de Saúde Pública, 32(2), 218-231.

Brasil, Agência Nacional de Vigilância Sanitária. (2001). Aprova o Regulamento Técnico para Instruções de Uso, Preparo e Conservação na Rotulagem de Carne de Aves e Seus Miúdos Crus, Resfriados ou Congelados, em Anexo (Resolução RDC nº 13, de 02 de janeiro de 2001). Diário Oficial da República Federativa do Brasil.

Brasil, Agência Nacional de Vigilância Sanitária. (2003). Aprova Regulamento Técnico sobre Rotulagem Nutricional de Alimentos Embalados, tornando obrigatória a rotulagem nutricional (Resolução RDC nº 360, de 23 de dezembro de 2003). Diário Oficial da República Federativa do Brasil.

Brasil, Casa Civil. (1990). Dispõe sobre a proteção do consumidor e dá outras providências. (Lei nº8.078, de 11 de setembro de 1990). Diário Oficial da República Federativa do Brasil.

Brasil, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. (2005). Regulamento Técnico para Rotulagem de Produtos de Origem Animal Embalado (Instrução Normativa nº22, de 24 de novembro de 2005). Diário Oficial da República Federativa do Brasil.

Juneja, V.K., Eblen, B.S. & Ransom, G.M. (2001). Thermal Inactivation of Salmonella spp. in Chicken Broth, Beef, Pork, Turkey, and Chicken: Determination of D- and Z-values. Journal of Food Science, 66(1), 146-152.

Monteiro, J.C., Vaz-Pires, P. & Barros, R.M. (2007). Avaliação do grau de conformidade da rotulagem de géneros alimentícios de origem animal face à legislação nacional e comunitária em vigor. Revista Portuguesa de Ciências Veterinárias, 102(563-564), 343-349.

Ristori, C.A., Bergamini, A.M.M., Rowlands, R.E.G., Lopes, G.I.S.L., De Paula, A.M.R., Oliveira, M.A., Ribeiro, E.G.A., Della Torre, J.C.M., Prado, S.P.T., Yoshida, J.T.U., Rodrigues, R.S.M., Taha, O.G., Marsiglia, D.A.P. & Jakabi, M. (2008). Quantificação de Salmonella spp. e avaliação dos dizeres de rotulagem de carcaças de frango congeladas comercializadas no Estado de São Paulo. Boletim Epidemiológico Paulista, 5(52), 16-19.

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