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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

AVM FACULDADE INTEGRADA

A PSICOPEDAGOGIA NUMA PERSPECTIVA INCLUSIVA:

PREVENÇÕES E INTERVENÇÕES NA INSTITUIÇÃO

Rosangela Machado Zambrano

Orientadora: Profa. Solange Monteiro

RIO DE JANEIRO 2016

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

AVM FACULDADE INTEGRADA

A PSICOPEDAGOGIA NUMA PERSPECTIVA INCLUSIVA:

PREVENÇÕES E INTERVENÇÕES NA INSTITUIÇÃO

Apresentação de monografia à Universidade Cândido Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Psicopedagogia Institucional

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Ao Criador por mais essa vitória

Aos meus familiares pelo apoio e incentivo

A Profa. Solange Monteiro pela orientação deste estudo

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A todas as pessoas que sempre acreditaram por mim

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Trata-se de uma revisão de literatura com o propósito de discutir sobre as questões que envolvem a educação inclusiva e a atuação do psicopedagogo. Assim, o estudo tem como objetivo geral analisar o trabalho do psicopedagogo e interpretar os dados referentes à atuação do psicopedagogo na educação especial através de paradigmas inclusivos. Os objetivos específicos representam os capítulos desenvolvidos para a discussão do tema, são eles: um panorama histórico da psicopedagogia; o olhar psicopedagógico para a educação especial e possibilidades e limitações do psicopedagogo na educação de crianças com necessidades educacionais especiais. O estudo concluiu que a atuação do psicopedagogo é essencial para o sucesso da educação inclusiva.

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Para tanto, adotou-se, como metodologia, um estudo do tipo bibliográfico, qualitativo e descritivo e a coleta de dados deverá ser livros, periódicos e artigos virtuais para conhecer a aplicação dos principais conceitos referentes à temática em questão. Para o referencial teórico foram utilizados diversos autores, como: Beyer (2005), Bossa (2007), José e Coelho (2008), Grassi (2009), Malheiro (2010), Oliveira (2008) e Relvas (2008) entre outros.

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INTRODUÇÃO O8

CAPÍTULO I

Psicopedagogia – Um panorama histórico 10

CAPÍTULO II

Educação especial – Um olhar pedagógico 19

CAPÍTULO III

Ambiente inclusivo: Limites e possibilidades do psicopedagogo no tratamento de crianças com necessidades educacionais especiais. 26

CONCLUSÃO 38

BIBLIOGRAFIA 40

WEBGRAFIA 42

ÍNDICE 43

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INTRODUÇÃO

A psicopedagogia tem um papel muito importante na educação inclusiva, sendo responsável pelas questões da aprendizagem e das dificuldades que decorrem deste processo. A psicopedagogia surgiu da necessidade de integrar os conhecimentos da psicologia e da pedagogia, para compreensão dos processos de desenvolvimento da aprendizagem humana em todas as suas dimensões no espaço social e escolar.

A educação inclusiva não foi uma proposta que surgiu por acaso, nem por modismo, surgiu da necessidade de se resgatar a educação como lugar do exercício da cidadania, garantia de direitos e o combate a qualquer forma de discriminação, mostrando que uma pessoa por qualquer que seja suas deficiências, limitações ou dificuldades de aprendizagem tem o seu direito como qualquer cidadão à educação.

Dentro deste contexto desenvolve-se este estudo buscando responder ao seguinte questionamento: Como se processa a atuação do psicopedagogo na educação inclusiva?

Compreende-se que a ação psicopedagógica no ambiente educacional inclusivo é de extrema relevância, ao oferecer um apoio efetivo à criança com necessidades educacionais especiais no contexto educacional e social.

O estudo tem como objetivo geral analisar o trabalho do psicopedagogo e interpretar os dados referentes à atuação do psicopedagogo na educação especial através de paradigmas inclusivos

Na forma de objetivos específicos o estudo propõe-se a: realizar um breve relato histórico sobre a psicopedagogia na Europa, América Latina e Brasil; analisar o trabalho pedagógico desenvolvido na educação especial, através do processo de ensino-aprendizagem de crianças com necessidades

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educacionais especiais; ressaltar a importância do trabalho psicopedagógico ao recorrer a múltiplos pressupostos teóricos, no tocante ao fundamentar-se em assistir sistematicamente o desenvolvimento das crianças com necessidades educacionais especiais.

A escolha do tema justifica-se em função da importância da compreensão do trabalho psicopedagógico desenvolvido no ambiente educacional inclusivo. Entendendo que sua atuação possa ser bastante benéfica para o processo de inclusão.

Foi adotada como metodologia o tipo bibliográfico, qualitativo e descritivo e a coleta de dados deverá ser livros, periódicos e artigos virtuais para conhecer a aplicação dos principais conceitos referentes à temática em questão. Para o referencial teórico foram utilizados diversos autores, como: Beyeer (2005), Bossa (2007), José e Coelho (2008), Grassi (2009) e Oliveira (2008), entre outros.

Para o desenvolvimento do tema serão desenvolvidos três capítulos: O primeiro capítulo trará comentários históricos sobre a psicopedagogia na Europa, América Latina e Brasil. O segundo capítulo discute sobre a psicopedagogia na educação especial; Posição da psicopedagogia no ambiente educacional inclusivo. O terceiro capítulo fala sobre o apoio efetivo à criança com necessidades educacionais especiais no contexto educacional e social.

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CAPÍTULO 1

PSICOPEDAGOGIA – UM PANORAMA HISTÓRICO

Conforme explica Bossa (2007) as preocupações com as questões relativas à aprendizagem começaram a surgir por volta do século XIX na Europa. A primeira vez que se ouviu falar em psicopedagogia foi na França nos estudos da psicopedagoga Janine Mery, que se interessava em estudar sobre a necessidade de portadores de deficiências sensoriais e mentais que comprometiam a aprendizagem.

Bossa (2007) continua relatando que, ainda no século XIX, Jean Marc Gaspard Itarde, Johann Heiriich Pestalozzi e Edouard Seguin, educadores europeus, considerando o que pensava Lacan, passaram a estudar sobre as crianças com dificuldades de aprendizagem em função de diversas deficiências.

Dessa forma, a partir do ano de 1898, foi introduzido por Edouad Claparèd, nas escolas públicas francesas, as classes denominadas “classes especiais”, que eram destinadas para crianças com problemas mentais. Nesse mesmo período foi criado na Itália, pela psiquiatra Maria Montessori um método direcionado para crianças com o mesmo problema.

Aranha (1996, p.173) relata que Ovide Decroly, psiquiatra belga, passou a se interessar pelas questões referentes à aprendizagem de crianças especiais. Seguindo influências das tendências montessorianas coloca: "apreensão globalizadora: a criança e a família, a criança e a escola, a criança e o mundo animal e assim por diante".

Segundo o mesmo autor, por volta de 1930, surgiram na França escolas com o único propósito de reunir crianças com aprendizagem lenta. Eram centros de orientação educacional composto por médicos, assistentes sociais, educadores e psicólogos. Quase vinte anos depois foram criados os

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primeiros Centros Psicopedagógicos, unindo psicologia, educação e psicanálise para ajudar no processo de aprendizagem dessas crianças.

O termo “Pedagogia Clínica” passou a ser usado em 1948 por Debesse, que tinha o objetivo de dar atendimento a essas crianças com dificuldade de aprendizagem. Maluf (2007) relata outros grandes nomes também foram importantes na literatura psicopedagógica, como: Maud Mannoni, Françioise Douto, Pierre Vayer e Pichon-Rivière, todos pesquisadores sobre como ajudar nos problemas da aprendizagem.

O século foi marcante para a expansão do ensino, pois foi aí q a educação básica passou a ser obrigatória em diversos países e com ela as pesquisas para resolver os problemas de aprendizagem. No pensamento argentino a psicopedagogia é estruturada no binômio educação/saúde, na medida em que na educação sua função primordial é atuar na diminuição do fracasso escolar, já na saúde importa o reconhecimento da deficiência e atuar dentro da medida do possível no psicológico da situação.

Bossa (2000) explica que a psicopedagogia se desenvolveu muito na década de 70, momento em que surgiram os Centros de Saúde Mental, pois psicopedagogos atuavam fazendo diagnósticos e até tratamentos adequados para cada caso. Alguns pacientes conseguiam resolver as questões da aprendizagem, mas acabavam desenvolvendo outros problemas psicológicos.

Assim Assis (2007) define a psicopedagogia:

a psicopedagogia é o campo da reflexão e do fazer pedagógicos, tendo como foco os fatores psicológicos. Tem como objeto de estudo o processo de aprendizagem e utiliza na prática recursos diagnósticos, corretores e preventivos próprios. (ASSIS, 2007, p.19)

Gonçalves (2007) diz que psicopedagogo precisa conhecer como se dá aprendizagem, o que pode ser auxiliado por algumas teorias, especialmente

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da área da psicologia. Para isso foram selecionadas: behaviorismo, humanismo e materialismo-histórico.

A teoria behaviorista é bem vista no ensino tradicional, pois adota ações que retratam o estilo arcaico de ensino, como por exemplo: professor assume posição de instrutor, não há estimulação para a criatividade nem tão pouco para o sentido crítico da criança. Gonçalves comenta:

Muitos críticos designam esta tese por psicologia da mente vazia, tanto por se recusar a estudar a vida mental, quanto por defender que esta surge, não de potencialidades mentais inatas no organismo, mas sim da associação entre reflexos automáticos e determinados estímulos do meio. Segundo Watson, qualquer comportamento humano ou animal (desde uma simples emoção até à resolução de um complicado problema matemático) pode ser explicado pelo encadeamento de associações simples entre estímulos e respostas. De acordo com esta posição, Watson opôs-se vigorosamente aos defensores de teorias inatistas (segundo as quais a aprendizagem depende do potencial de inteligência com que nascemos) e maturacionistas (segundo as quais a aprendizagem depende do processo de maturação fisiológica) (GONÇALVES, 2007, p.27).

Na teoria humanista acreditava-se que a intensificação da aprendizagem devia partir do incentivo a criatividade. Conforme um dos maiores teóricos humanicista, diz:

[...] a pessoa educada é aquela que aprendeu a aprender, que aprendeu a adaptar-se e mudar, que aprendeu que nenhum conhecimento é seguro e que só o processo de busca do conhecimento provê base para segurança. A abordagem rogeriana implica que o ensino seja centrado no aluno, que a atmosfera da sala de aula tenha o estudante como centro; implica confiar na potencialidade do aluno para aprender, em deixá-lo livre para aprender, escolher seus caminhos, seus problemas, suas aprendizagens. O importante não é aprender certos conteúdos, mas sim a auto-realização e o aprender a aprender. (MOREIRA, 2009, p.56).

Nesta teoria o professor assume a função de facilitador, esperando sempre que o aluno tenha a iniciativa no sentido de gerar seu conhecimento. Moreira diz que na visão e Carl Rogers o aluno é que é o responsável pelo

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desenvolvimento de sua capacidade de aprendizagem e mudança, sem interesse o aluno receberá o mínimo. Moreira (2009, p.56) diz: “Ele (Carl Rogers) acredita que as pessoas têm dentro de si a capacidade de descobrir o que as está tornando infelizes e de provocar mudanças em suas vidas, mas esta capacidade pode estar latente”. Há de se comentar que a questão social não foi considerada nesta teoria.

A terceira teoria analisada influenciadora no processo de aprendizagem é o materialismo-histórico, surgindo na década de 80 com o propósito fazer oposição às teorias behaviorista e humanista. De acordo com as colocações de Neves (1991) as três teorias posicionavam-se de forma inflexível, pois não consideravam três aspectos de grande relevância, como: os aspectos de ordem social, biológica e psicológica.

O materialismo-histórico não legitima o presente sem considerar o passado em seus acontecimentos, políticos, econômicos e sociais segundo, conforme revela os autores ao apontarem que:

[...] a educação nunca pode ser vista desatrelada do processo histórico. A História é a palavra chave de toda a nossa fundamentação, pois é por meio da História que se pode analisar o presente, ou seja, é somente conhecendo o passado que se compreende o momento vivido em que se estabelecem relações. Ressalta-se sempre em formar e não informar, formar pessoas capazes de refletirem, de pensarem, de fazerem indagações (BARROS; FRANCO 2008, p.4).

O materialismo-histórico tem suas origens em Karl Marx, é uma critica ao consumismo, ao capitalismo em detrimento do socialismo.

Entretanto, conforme coloca Sisto (1997) esse tipo de metodologia caracteriza-se como um modo de ensino técnico e que não prioriza a cognição. Sabe-se que o método de condicionamento persiste assim como a valorização do externo sobe o interno. Como alternativa a essa teoria, o autor apresentou uma opção teórica, a do construtivismo piagetiano.

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A base da teoria construtivista é que ela, no lugar de priorizar apenas os conteúdos, investe na construção do conhecimento através do viver cotidiano dos alunos. Sisto (1997) diz que colocar o construtivismo como base teórica da psicopedagogia, não seria somente transferir o compromisso de aprender ao aluno, seria um entendimento que o conhecimento não pode ser apenas recebido, somente com instruções ou reconstruções do ensino. A base dessa aprendizagem se distinguiu por entender que o conhecimento deve exigir procedimentos que não privilegie apenas o cognitivo ou afetivo do aluno, segundo Moreira:

Outra consequência clara é a do conflito cognitivo. Segundo a teoria piagetiana, o sujeito, interagindo com o mundo, constrói esquemas de assimilação com os quais, então, assimila situações conhecidas. Quando a situação é nova é preciso acomodar, ou seja, reformular um esquema de assimilação, construir um novo esquema, ou abandonar a tarefa. O ensino, em consequência, deve provocar conflitos cognitivos, quer dizer, propor situações para as quais os esquemas dos alunos não funcionem, de modo a provocar a necessidade de construção de novos esquemas. Em termos técnicos, dir-se-ia que o ensino deve conduzir à equilibração majorante e, portanto, a aprendizagens (MOREIRA, 2009, p.17).

Moreira (2009) explica que na visão de Piaget a criança assimila as informações como lhe são passadas, adiante ela introduz em sua vida ou não, e se o fizer é com modificações de acordo com as construções cognitivas. Quando o conhecimento passa a interagir com o mundo que a pessoa vive ele se encaminha de forma estruturada e cada novo conhecimento adquirido vai automaticamente se organizando e sendo adaptado cognitivamente.

Gomez et al (2010) explica que para Piaget as relações sociais são determinantes para o desenvolvimento, pois o sujeito influencia e acaba por ser influenciado pelo ambiente social. As crianças aprendem a se comportar por meio da interação com os adultos, a cada contato, novos comportamentos vão surgindo. O nível de socialização é algo que impacta de maneira contundente as sua identidade. Contudo, é importante ressaltar que os estágios de maturação vão influenciar o nível de socialização. Piaget definiu graus de

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socialização que variam do zero para o recém-nascido, ao maior que seria quando a criança tem autonomia. Gomez et al (2010) fala que para Piaget a socialização conta com dois requisitos básicos, a cooperação e a coação.

A relação de cooperação é dinâmica por gerar possibilidades; como afirma Piaget, os caminhos, para aquele que se compromete em ser cooperativo com o outro, são muitos. Quanto à criança, as primeiras relações que estabelece são as de coação – pai, mãe/filhos (as); adulto, professor/criança. Isso, pelo fato de que o infante é aquele que deverá ser educado e orientado pelo adulto. O próprio Piaget afirma ser esta fase obrigatória e necessária para se estabelecer o processo de socialização da criança. (GOMEZ et al, 2010, p.1)

A coação e a cooperação são variantes que existem para todas as pessoas em suas relações sociais, e sempre representam uma relação de prestígio entre uma pessoa e outra, como entre aluno e professor, por exemplo. Numa situação de coação a pessoas apenas acredita, sem nada questionar, podendo manter ideias conservadoras, como crenças, pensamentos e dogmas. Diante desse tipo de comportamento, já que não é dada a pessoa a opção de criticar, cria-se uma relação desequilibrada, acreditando em verdades prontas e acabadas. A cooperação seria uma maneira critica de socialização, mas para Piaget as crianças precisam de normas e por isso a relação de coação se faz necessária.

Nas colocações de Sisto (1997) a psicopedagogia no Brasil tem sido sustentada, sobretudo, por três pilares, a psicanálise, o associacionismo e o construtivismo.

A psicanálise tem um lado baseado na emoção, para essa área do conhecimento só vai haver aprendizagem se houver afetividade, para a criação do vinculo, segundo Klein:

Ao falarmos da importância do emocional e intelectual nas aprendizagens, percebemos que ambos não ocorrem completamente sozinhos. Há sempre um objeto, o objeto a ser conhecido ou aquele que impulsiona para o conhecimento. Pode ser a mãe, o pai ou o professor. É ele quem dá condições para que as aprendizagens aconteçam. Nesse momento, o

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vínculo recebe maior destaque, pois ele ocorre como uma ponte, que estabelece conexões, para que tanto o emocional, quanto o intelectual consigam se desenvolver de forma adequada. (KLEIN, 2010, p.4).

Para que aconteça a aprendizagem é importante que se estabeleçam vínculos afetivos, pois eles possibilitam o desenvolvimento. Para Sisto (1997) essa importância conferida à afetividade, deixando outros fatores intelectuais de lado, pode acabar caracterizando crianças normais, como crianças com desordens mentais, porque elas podem ter apenas problemas de aprendizagem em uma área do conhecimento, que são de fácil resolução.

Com a abordagem da epistemologia convergente de Visca (1991) perante a psicanálise de Sigmund Freud, a psicologia social de Pichon Rivière e a epistemologia genética de Jean Piaget, o estudo sobre as dificuldades de aprendizagem deixa de ser apenas clínico e configura-se também institucional. A psicopedagogia a partir desta concepção começa a expandir-se, superando limites geográficos e/ou culturais, chegando ao Brasil.

No Brasil, a psicopedagogia começou a ser difundida na década de 80, com profissionais engajados no estudo das causas e intervenções dos problemas de aprendizagem. Nesse período, acreditava-se que os problemas de aprendizagem decorriam de fatores orgânicos. Em 1987, Doris J. Johnson e

Helmer R. Myklebrust, através de sua literatura: Distúrbios de Aprendizagem, foi possível compreender os fatores orgânicos através dos conceitos de Disfunção Cerebral Mínima (DCM).

Visca (1991) propõe o trabalho com a aprendizagem utilizando-se de uma confluência dos achados teóricos da escola de Genebra, em que o principal objeto de estudo são os níveis de inteligência, com as teorizações da psicanálise sobre as manifestações emocionais que representam seu interesse predominante. A esta confluência, junta, também, as proposições da psicologia social de Pichon Rivière, mormente porque a aprendizagem escolar, além do lidar com o cognitivo e com o emocional, lida também com relações

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interpessoais vivenciadas em grupos sociais específicos (FRANÇA apud SISTO et. al. 1997, p.101).

A psicopedagogia paulatinamente vem sofrendo transformações significativas desde os primeiros conceitos, referenciados pela DCM. Atualmente, o estudo psicopedagógico possui um caráter interdisciplinar, possibilitando a transposição um conhecimento específico, para um conhecimento cuja sua amplitude seja realizada por meio da Sociologia, Psicologia, Antropologia, Linguística, Filosofia, Psicolinguística, Psicanálise, Neurologia, Fonoaudiologia, Medicina, Pedagogia e dentre outras.

A psicopedagogia nasceu para atender à demanda da nãoaprendizagem, das dificuldades de aprendizagem e do fracasso escolar, fundamentando-se no conhecimento de várias ciências e áreas do conhecimento. Organizou-se como prática exercida por profissionais de diferentes áreas até o surgimento de cursos específicos. A junção de demanda, fundamentação teórica e prática originou essa nova área de conhecimento e essa nova profissão, inaugurando a área de atuação específica (GRASSI, 2009, p. 96).

Assim, baseando-se pelas relações interdisciplinares, está o ambiente escolar no que diz respeito à inclusão de crianças com necessidades educacionais especiais, através da educação especial. Para Vygotsky apud

Beyer (2006), o ensino destinado à criança com necessidades educacionais especiais tende a propiciar o seu desenvolvimento cognitivo através do conhecimento histórico-cultural existente na sociedade em que ela nasceu, isto é, seja marcada pela promoção variada e rica de suas vivências sociais.

A figura do psicopedagogo é de extrema relevância na educação especial, por auxiliar a criança com necessidades educacionais especiais em sua adaptação no ambiente escolar, beneficiando-a com que a escola possa lhe oferecer. A escola, de acordo com essa premissa precisa rever sua postura, como também a de seus profissionais ofertando à criança com necessidades educacionais especiais o direito à educação e, o respeito por sua diversidade estudantil (MITTLER, 2003).

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O modelo educacional carece necessariamente do olhar do psicopedagogo sobre a prática pedagógica no ambiente educacional inclusivo, haja vista que a psicopedagogia não se ocupa em estudar somente às dificuldades que o aluno apresenta no processo de ensino-aprendizagem, mas sim sua relação com o social, em meio à construção do conhecimento coletivo, bem como às influências que podem ser constituídas mediante essa relação.

[...] apesar de a psicopedagogia ter surgido como uma disciplina complementar da psicologia e da medicina, devido a necessidade do atendimento ao aluno com dificuldade de aprendizagem, atualmente esse ramo preocupa-se não só com o aluno e sua família, mas com tudo que o cerca, influencia e constrói: a escola como instituição, a comunidade onde estão inseridos, os professores, a equipe técnica administrativa. [...] dessa forma, é preciso lançar seu olhar para a comunidade, a sociedade e a cultura. O foco deixa de ser apenas clínico e torna-se também institucional (ASSIS, 2007, p.19).

Refletir sobre a importância do trabalho do psicopedagogo no ambiente escolar inclusivo é imprescindível, devido à necessidade do mesmo conduzir à criança com necessidades educacionais especiais a uma formação sócio-interacionista entre o aprender e o compreender, isto é, possibilitá-la a um entendimento em vista daquilo que está sendo mais relevante naquele momento para ela, seja tal representado por meio de valores, sonhos ou fantasias, levando em consideração a comunidade que faz parte do convívio social deste ser.

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CAPÍTULO 2

EDUCAÇÃO ESPECIAL – UM OLHAR PEDAGÓGICO

Conforme entendimento de Cunha (2010, p.108) a aprendizagem “... se trata de um processo complexo que, a partir de ocorrências e mudanças no interior do individuo, manifesta-se exteriormente, expressando-se por meio de ações cognitivas, emocionais e comportamentais”.

Entretanto, há de se considerar que nem sempre as dificuldades de aprendizagem estão ligadas apenas a área cognitiva, não é justo colocar a culpa no aluno por sua dificuldade, outros fatores devem ser considerados, como os aspectos afetivos, seu ambiente familiar e social e os aspectos pedagógicos que envolvem o ambiente escolar em que este aluno está inserido. Scoz (2009, p.08) diz que: “Os aspectos emocionais e afetivos da aprendizagem, destacados por sofisticadas descobertas da psicologia reforçam, cada vez mais, a tônica no indivíduo, em detrimento das implicações dos problemas sociais mais amplos”.

O ambiente familiar, ou seja, o meio que o aluno vive, também pode trazer uma série de implicações na aprendizagem do mesmo, como afirma Scoz (2009):

Não há dúvida de que a influência familiar é decisiva na aprendizagem dos alunos. Os filhos de pais extremamente ausentes vivenciam sentimentos de desvalorização e carência afetiva, que os impossibilita de obter recursos internos para lidar com situações adversas. Isso gera desconfiança, insegurança, improdutividade, e desinteresse, sérios obstáculos à aprendizagem escolar (SCOZ, 2009, p.71)

Sabendo que a base da psicopedagogia é a aprendizagem humana, percebe-se que ela ultrapassa os limites da Psicologia e da Pedagogia como disciplinas isoladas. Entre asa preocupações da Psicopedagogia estão as seguintes situações: como se aprende, como se processa esse aprendizado, que fatores produzem a aprendizagem ou por que não estar aprendendo.

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Diante de tais colocações surgem questionamentos sobre s dificuldades de aprendizagem considerados fundamentais: como reconhecê-la, como tratá-la ou como preveni-la. Nesse sentido, considera-se que o contingente educacional é multicultural, assim a aprendizagem é um resultado da estimulação ambiental sobre o indivíduo e suas relações (JOSÉ; COELHO, 2008).

Conforme colocam Facion; Castro (2009) a diversidade humana tem lugar garantido na educação contemporânea redirecionando os valores profissionais, contemplados através de uma prática pedagógica diferenciada ao privilegiar as subjetividades da criança com necessidades educacionais especiais. O professor, precisa estar preparado para os novos desafios educacionais, em vista de desenvolver posturas reflexivas e críticas, mediante a busca e o aprendizado constante de conhecimentos. Assim como o psicopedagogo a práxis pedagógica do educador da educação especial, deve ser fundamentada sob o paradigma crítico-materialista.

Na visão de Reichmann (apud Beyer, 2006), o paradigma crítico-materialista deverá ser interpretado, mediante a realidade dos indivíduos, que são inseridos em um contexto social concreto, por revelar situações relacionais convergentes e/ou divergentes, através da tomada de consciência por sua existência ao confrontar-se com o real por ser uma pessoa com deficiência. Para que isso ocorra é necessário que psicopedagogo fundamente-se em bases epistemológicas e/ou conceituais, permitindo a renovação de suas ideias e a reelaboração de novas práticas de ensino, em decorrência de propor a inclusão de alunos com necessidades especiais no ambiente e educacional e social.

Tendo como base as ideias de Lakomy (2008), através do conhecimento de teorias que permeiam a área educacional, será possível que o professor e/ou o psicopedagogo lançar mão de estratégias, no sentido de estimular o desenvolvimento cognitivo e o processo de aprendizagem de uma criança, seja esta até mesmo com necessidades educacionais especiais.

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As experiências vividas pelo educando em desenvolvimento são referidas e imprimem significação determinante em seu processo de construção pessoal. A aprendizagem coloca em foco as diferentes dimensões do educando sob a ótica integradora do aspecto cognitivo, afetivo, orgânico e social. O 'olhar' sobre esses aspectos, ao mesmo tempo em que relativiza a importância da escola na aprendizagem, coloca em foco a importância de toda reunião de fatores 'extra-classes' que interferem no processo de construção do conhecimento e do papel do aprendente (RELVAS, 2008, p. 112)

Ao atribuir à práxis psicopedagógica essa visão holística do processo de ensino-aprendizagem, a atuação do psicopedagogo na educação especial irá contribuir satisfatoriamente, por provocar mudanças de comportamentos e atitudes ao ampliar as potencialidades da criança com necessidades educacionais especiais, visando atribuir às situações novos conhecimentos, novas habilidades e/ou novas aprendizagens, com experiências enriquecedoras advindas de seu meio social.

Sabe-se que a proposta escolar dos dias atuais é ser inclusiva, e para isto não basta apenas aceitar alunos com necessidades especiais, mas é preciso que haja toda uma reestruturação na parte física da escola proporcionando o acesso a todos os ambientes escolares. Gil (2005), explica que para que se tenha um ambiente escolar acessível e preciso que se reestruture todo o mobiliário escolar, como também toda a estrutura física para que os alunos com deficiência, até mesmo os que usam cadeira de rodas possam circular livremente por todos ambientes da escola. Além do que, e de grande importância, é uma reestruturação na formação do docente. Martins et

al ( 2008) enfatiza que:

O saber, o conhecimento é, indiscutivelmente, importante. Quem tem por missão educar, e mais especificamente, educar no respeito à diversidade e às diferenças, não pode deixar de conhecer os conteúdos e os fundamentos capazes de assegurar aos educandos a apropriação das aprendizagens significativas para a vida dos indivíduos. (MARTINS et al, 2008, p.87)

Desse modo o corpo docente de uma escola aberta a atender a diversidade, deve estar atento aos saberes necessários para este atendimento

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e buscar apoio em profissionais especializados para auxiliar nesta proposta inclusiva, um destes profissionais é o psicopedagogo, que para Porto (2011):

sendo um profissional multiespecialista em aprendizagem humana que congrega conhecimentos de diversas áreas a fim de intervir nesse processo, com sua intervenção psicopedagógica, pode assumir uma feição preventiva ou terapêutica, relacionando-se com equipes ligadas aos campos de saúde e educação, terapêutica e institucional, respectivamente. (PORTO, 2011, p.08)

Cunha (2010) diz que o psicopedagogo não precisa desenvolver seus conhecimentos somente na escola, pode também usar as experiências colhidas em consultório ou mesmo no convívio com alunos universitários. Assim coloca: “o posicionamento clínico faz parte do psicopedagogo e de suas ferramentas conceituais, independentemente de estar trabalhando em uma escola, em uma faculdade, em um consultório...” (CUNHA, 2001, p.50).

Assim, acha-se válido falar um pouco da psicopedagogia clínica entendendo que ela é feita de forma terapêutica, na medida em que a preocupação do profissional que atua no ambiente clínico é chegar a um consenso sobre os motivos da dificuldade de aprendizagem. Os motivos não necessariamente estão relacionados às deficiências, mas também a aspectos familiares e até mesmo sociais. Bossa (2000) explica que o trabalho do psicopedagogo ajuda na construção da autoestima que pode ter sido desfeita na trajetória estudantil. Dessa forma o sujeito é conduzido a descobrir suas competências e aptidões, construindo seu saber.

Para Moraes (2010) o psicopedagogo precisa realizar uma avaliação que envolva atividades bem variadas, pois é nesse momento que o profissional deve decidir quais as estratégias de intervenção que devem ser usadas. Cada situação é única, visando entender e analisar como e em que momento começou o problema. Para fazer uma avaliação é preciso que sejam realizados alguns procedimentos como uma entrevista inicial, com o motivo da queixa, análise do material escolar, diversos modelos de atividades em diferentes disciplinas, testes que verificam o nível de desenvolvimento e sondagens que

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permitam ao psicopedagogo escolher os procedimentos de intervenção adequados ao caso.

O psicopedagogo precisa estar atualizado e ciente de todos os problemas que possam servir de obstáculos, Gamba e Trento corroboram a ideia aos indicarem que:

Para que o trabalho em uma clinica de Psicopedagogia seja realizado com sucesso, o envolvimento dos profissionais que ali atuam é de extrema importância. O psicopedagogo precisa estar atento às inúmeras possibilidades de intervenção, levando em conta as dificuldades apresentadas pelos clientes que buscam sua ajuda, bem como a própria disponibilidade frente a novos aprendizados demonstrados por este (GAMBA; TRENTO, 2009, p.2).

Os mesmos autores dizem que conhecer as possibilidades do aluno é o primeiro passo para que o psicopedagogo possa refletir sobre a forma de intervenção. A escolha do material de trabalho vai variar de acordo com as necessidades da pessoa, e a adaptação é feita constantemente, pois o aluno pode progredir em algumas direções ou até mesmo regredir em outras, exigindo novas intervenções do psicopedagogo.

Fala-se ainda em psicopedagogia institucional podendo ser desenvolvida no contexto hospitalar, no setor empresarial, em organizações assistenciais e na instituição escolar. No entanto, o enfoque deste trabalho está embasado apenas no contexto escolar, local que a psicopedagogia pode ser realizada preventivamente e sua função é, principalmente, de antecipar os problemas que podem ocorrer na aprendizagem e assim combater o fracasso escolar. Por isso, a psicopedagogia institucional se coloca, atentamente às variadas possibilidades de construção do conhecimento e valoriza o imenso universo de informações que envolve a vida escolar (MORAES, 2009).

Com a inclusão, nos dias atuais, as escolas do ensino regular atendem crianças com necessidades especiais, o psicopedagogo tem um papel fundamental, de garantir a inclusão, porque apenas frequentar a escola não é

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aceitável, é preciso que exista a integração (BOSSA, 2000). A instituição deve assegurar meios para que o sujeito prossiga nos estudos e que esse conhecimento seja efetivo, se isso não ocorrer ter-se-á que contemplar casos de exclusão dentro da escola. A escola é um local de todos e, portanto a inclusão é fundamental. O professor tem que assumir uma postura de renovação, ajudando nas estratégias propostas, isto é, efetivamente colaborando para a plenitude da inclusão. Moraes (2009), assim faz colocações sobre a psicopedagogia institucional:

A Psicopedagogia institucional é um campo de estudo que vem se desenvolvendo como ação preventiva de muita importância, mas é vista como ameaçadora, pois tem por objetivo fortalecer a identidade do grupo e transformar a realidade escolar. Torna-se ameaçadora, pois em muitos casos, o psicopedagogo poderá propor mudanças para que determinadas crianças aprendam, mas, infelizmente, muitos educadores resistem a essas mudanças e interpretam o que lhes foi dito como se não estivessem dando conta do papel que exercem (MORAES, 2009).

É preciso a colaboração do professor, pois o psicopedagogo faz um estudo sobre as necessidades do grupo, mas precisa da ajuda de todos da escola. Para que o aluno volte a ter prazer em aprender o professor tem que se esforçar para auxiliar e gerar a integração. Na verdade, é um trabalho de equipe que envolve o psicopedagogo, o professor, e os demais auxiliares que atuam no ambiente escolar. Além do que, os colegas precisam sentir a inclusão no âmbito da escola, para que não ocorra o “bulling”, muito discutidos nos dias atuais.

O Psicopedagogo no contexto escolar assumirá o compromisso com a transformação da realidade escolar, à medida que se coloca de modo a fazer uma reorientação do processo de ensino-aprendizagem. Esse profissional levanta a possibilidade de reflexão dos métodos educativos e numa postura de investigação descobre as causas dos problemas de aprendizagem que se apresenta na instituição e que se depara em sala de aula. É papel do psicopedagogo na instituição conhecer a intencionalidade da escola em que atua através do seu projeto político pedagógico, de modo que o permita além

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de identificar as concepções de aluno e de ensino-aprendizagem que a instituição adota reconstruir esse projeto junto à equipe escolar conduzindo a reflexão e a construção de um ambiente propício à aprendizagem significativa. Além de repensar o fazer pedagógico da escolar, o psicopedagogo deve ter um olhar atento para entender o sujeito em suas características multidisciplinares, como ser envolvido na teia das relações sociais, sendo influenciado por condições orgânicas e culturais. (MORAES, 2009)

Além disso, uma das ações do psicopedagogo é a intervenção, que visa fazer a mediação entre os alunos e seus objetos de conhecimentos, trabalhar as relações interpessoais, bem como estimular a aprendizagem e o desenvolvimento do aluno, numa perspectiva preventiva. Na intervenção, a ação psicopedagógica contribui para o processo educacional, buscando compreendê-lo, explicitá-lo, ou modificá-lo. Ao introduzir novos elementos para o sujeito pensar é possível conduzi-lo à quebra de paradigmas anteriormente estabelecidos.

Nesta perspectiva de mudança e organização para a prática inclusiva a escola deve está preparada para permitir uma estruturação dinâmica, que torne possível a criação de situações educativas especificas e adequada organização do tempo e dos espaços, de modo que os recursos pessoais e os serviços educativos possam funcionar eficazmente.

A inclusão é fato e deve ser tratada com a mesma seriedade que o processo de aprendizagem regular, sem intervenções preconceituosas que, na verdade, caracterizariam a exclusão.

Por fim, há de se comentar que as intervenções psicopedagógicas possui um campo de atuação vasto, mas com algumas limitações que serão abordadas no próximo capítulo.

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CAPÍTULO III

AMBIENTE INCLUSIVO: LIMITES E POSSIBILIDADES

DO PSICOPEDAGOGO NO TRATAMENTO DE

CRIANÇAS COM NECESSIDADES

EDUCACIONAIS ESPECIAIS

Segundo Malheiro (2010) a escola considerada ideal é aquela que consegue unir duas forças complementares: as características temperamentais, psicológicas e físicas da criança com os preceitos educacionais que a família pretende que ela receba. Situação em que é possível conjugar ensino-lúdico com exigência, visando cada vez mais a individualização no ensino-aprendizagem. Observa-se que a escola inclusiva aproxima-se desse parâmetro por proporcionar o encontro com a diversidade, levando tanto o professor quanto o aluno a enxergarem com mais clareza as diferenças existentes entre as pessoas, crianças especificamente.

Com o advento da inclusão surgiu a real precisão de um olhar mais aguçado em função das necessidades educativas dos alunos, pois agora a escola deixa de ser um local para aqueles que se enquadram nu determinado padrão, para ser de todos, crianças com o sem dificuldades e aprendizagem. Dessa forma, o psicopedagogo vai trabalhar na escola para dar assistência e orientações aos professores, prevenir as dificuldades de aprendizagem, intervir no processo educacional das crianças “diferentes”, de forma que seja criado um ambiente propício ao desenvolvimento do processo de aprendizagem com oportunidades iguais para todos. (MALHEIRO, 2010)

Nesse contexto, o psicopedagogo pode ajudar ao proporcionar uma visão mais atenta e sensível as individualidades, tonando o professor mais apto a perceber quando alguma criança apresenta determinada dificuldade, mesmo

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que o educador não saiba identificar com exatidão do que se trata. Então entra o papel do psicopedagogo escolar para trabalhar também com o educando.

Conforme coloca Oliveira (2008) é sabido que o crescimento do trabalho do profissional psicopedagogo teve sua origem nos atendimentos a crianças que apresentam problemas relacionados a dificuldades de aprendizagem. A atuação de profissionais que estudam questões que envolvam o objeto de estudo da Psicopedagogia foi ampliado em diferentes âmbitos, não permanecendo restrito ao ambiente da escola de ensino regular ou até mesmo em clínicas onde a ação psicopedagógica desenvolvia-se através de um trabalho inter ou multidisciplinar e, sim sofrendo uma abertura significativa.

O psicopedagogo pode desenvolver suas atividades na escola inclusiva, usando diversas técnicas metodológicas e adotando procedimentos didáticos através de atendimentos multidisciplinares que facilitarão a inclusão de crianças com necessidades educacionais especiais. São atendimentos fundamentais no ambiente educacional. Weiss (2008) diz que por meio da atuação de diversos profissionais envolvidos em estudar com afinco as dificuldades de aprendizagem apresentadas pela criança com necessidades educacionais especiais, será possível examinar os fatores orgânicos e psicológicos que desencadeiam tais dificuldades.

O trabalho realizado por uma equipe multidisciplinar permite que as intervenções psicopedagógicas não ocorram em uma única vez, mas sim com base em estudos das respostas que as crianças apresentaram durante um período determinado, incitando posteriormente em análises com propósitos de oportunidades significativas para intervenções futuras, com perspectivas de mudanças no seu contexto familiar e escolar. (WEISS, 2008)

É necessário que tanto o psicopedagogo como a equipe multidisciplinar conheçam com propriedade a criança assistida diante do momento ensino e aprendizagem mediante suas subjetividades, criando

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espaços e condições favoráveis para expor suas potencialidades, capacidades, habilidades, destrezas e até mesmo suas limitações, como também propiciar seu desenvolvimento através de suas estruturas cognitivas, afetivas, sociais, pedagógicas e corporais.

No processo de objetividade e subjetividade, elos entre o lidar consigo mesmo e com os outros se constituem como problemática a ser vivenciada. O sujeito humano deve interagir com os objetivos e com as regras do meio, mas deve também interagir com suas limitações, possibilidades e impossibilidades e carências enquanto ser vivente. Se educar é buscar o bem-estar do humano em todo este contexto, o espaço/tempo educativo deve priorizar construções de processos harmônicos com as condições da vida humana, e interação com a natureza do próprio homem e do planeta. A escola do sujeito em processo de interação permanente deve-se voltar à compreensão de que todo conhecimento é, na verdade, 'saber do outro' (BEAUCLAIR, 2007, p.22).

Cunha (2010, p.105) diz que o psicopedagogo deve ser um bom observador para atingir os “demais passos: entendimento, prevenção, atuação e intervenção”. Possibilitando assim a seleção de estímulos que favoreçam ao educando a recepção de práticas pedagógicas. Levando em consideração que as dificuldades de aprendizagem podem ser diagnosticadas em diversas origens e naturezas como cognitiva, neurológica, motora, emocional ou social, cabe ao psicopedagogo realizar uma investigação psicopedagógica a fim de identificar não só origem da dificuldade, mas também auxiliar aos educandos em sua produção escolar e oferecendo aos mesmos, condições para o desenvolvimento de suas potencialidades cognitivas.

É de responsabilidade do psicopedagogo avaliar quais os fatores que facilitaram a construção dessa dificuldade, entre as ações estão:

- Aqueles relacionados à escola – inadequação da metodologia de ensino-aprendizagem, planejamento ineficaz profissional desqualificado para a função, muitos alunos na turma, atividades inadequadas para a faixa etária, etc.

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- Aqueles relacionados ao desenvolvimento do sujeito – problemas emocionais e familiares, problemas orgânicos, distúrbios de aprendizagem e transtornos comportamentais

Cunha (2010) diz que vale ressaltar que neste trabalho de diagnóstico e intervenção, a interelação da família, ou seja, dos pais, a escola e os professores é muito importante, pois fazem parte do mundo afetivo e social da criança e o psicopedagogo no processo de intervenção tem como objetivo compreender a criança, a fim de “colocar-se no meio” fazendo uma ponte entre a criança e seus objetos de conhecimento. Durante a avaliação psicopedagógica o psicopedagogo realiza algumas atividades como observação e análise do histórico familiar, bem como a história de vida do aluno e de sua família, realiza testes com jogos e brincadeiras, além de conversar com os educadores e familiares do educando em processo avaliativo psicopedagógico. No entanto estas atividades não são realizadas apenas com o psicopedagogo, mas também fazem parte do processo, a família, a escola, equipe interdisciplinar e os professores.

Diagnosticar e intervir são práticas decorrentes da psicopedagogia, o diagnóstico permite ao psicopedagogo investigar e levantar hipóteses provisórias que identificam as causas que acarretam as dificuldades de aprendizagem, na intervenção são adotados procedimentos que interferem no processo. Cunha (2010, p.113) diz que “é importante destacar as relações mútuas entre as duas atividades, já que um bom diagnóstico é necessário para o planejamento de uma intervenção adequada”.

A psicopedagogia contribui para a compreensão destas transformações necessárias, implicando em produzir discussões, análises e observações que desencadearão em intervenções essenciais. A atuação do psicopedagogo no ambiente escolar inclusivo acontece sob uma prévia observação do indivíduo que estar sendo assistido, por meio da compreensão da situação apresentada, para posteriormente apoiar-se em conhecimentos / pressupostos epistemológicos.

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Mediante essa fundamentação decorrente de conhecimentos/ pressupostos epistemológicos poderá ser realizado o relatório psicopedagógico com situações concretas, planejando ações organizadas futuras no intuito de escolher alternativas flexíveis para intervir nas dificuldades de aprendizagem, com o uso de critérios adotados, bem como objetivos a serem alcançados, respeitando as características biológicas da criança com necessidades educacionais especiais, para serem desenvolvidas na escola de ensino regular.

Após a observação de diversas produções da criança acompanhada, o profissional pedagogo terá em suas mãos dados concretos que permitirão promover uma conversa conjunta com os demais da equipe e com a família da criança com necessidades especiais. É importante que se enfatiza que a abordagem do pedagogo deva ser sempre por meio de dados reais, respeitando o Código de Ética estabelecido pela Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp).

O diagnóstico psicopedagógico é um processo, um contínuo sempre revisável, onde a intervenção do psicopedagogo inicia, [...] em uma atitude investigadora, até a intervenção. É preciso observar que essa atitude investigadora, de fato, prossegue durante todo o trabalho, na própria intervenção, com o objetivo da observação ou acompanhamento da evolução do sujeito (BOSSA, 2007, p.94).

A história de vida da criança deve ser sempre considerada pelo pedagogo, tanto os problemas relativos às necessidades educacionais como os familiares, escolares e convívio social de uma forma geral. A subjetividade que envolve as dificuldades de aprendizagem é muito grande e deve ser apreendida com clareza pelo psicopedagogo, para que possa intervir de forma adequada à situação.

Dessa forma, esse profissional precisa colaborar com dados verídicos, em relação a todo trabalho psicopedagógico que será executado com a criança em vista à sua subjetividade perante seu processo de ensino-aprendizagem na escola e na sociedade.

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Consideramos que um dos maiores desafios que se apresentam ao psicopedagogo é proporcionar à família, à escola e ao aluno informações amplas de tudo o que coletou, sem enganos nem dissimulações, mas ao mesmo tempo, ser capaz de conseguir que a pessoa que receba essas informações não se sinta culpada ou atacada, mas perceba saídas possíveis e veja mais vantagens na mudança do que em permanecer na mesma situação (VILANA, 2008, p.80).

O psicopedagogo junto com os demais profissionais da escola deve ter a função de orientar os pais no sentido de modificar a percepção destes em relação à criança com necessidades educacionais especiais, possibilitando-os reverem suas atitudes e a maneira de se relacionarem com vários organismos que fazem parte da sociedade. A inclusão é compreendida como um processo, em face de certos valores e princípios. A parceria estabelecida entre psicopedagogo, profissionais e pais implica em um respeito mútuo, baseando-se na troca de experiências salutares diante desta criança, através do compartilhamento de informações e, até mesmo de sentimentos. (BEYER, 2006)

É uma relação muito positiva e benéfica, possuindo um enorme valor para proporcionar aos pais o encorajamento necessário em acreditar nas potencialidades da criança com necessidades educacionais especiais em se tratando de um sucesso bastante almejado, ou então, ao conquistar um desenvolvimento superior ao esperado, em decorrência do comprometimento, como também da qualidade de ensino e, sobretudo através da motivação ilimitada de profissionais e pais.

Como se pode observar, o contexto onde as crianças com necessidades educacionais especiais estão inseridas, é o mesmo contexto de todos, com suas convergências, contradições, dificuldades e alegrias, tornando-se irrelevante segregá-las, ou então protegê-las ao modo de reforçar (in)consequentemente suas limitações. Assim, a práxis psicopedagógica corelacionada à educação especial é aquela que possibilita a convivência de crianças com/sem necessidades educacionais especiais de maneira pacífica, respeitando as diversidades e diferenças culturais e biológicas, através do

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rompimento de paradigmas excludentes ao admitir o multiculturalismo perante o social. (BEYER, 2006)

As atividades que são realizadas em um acompanhamento psicopedagógico tem como finalidade a superação das dificuldades de aprendizagem, por meio do levantamento do perfil familiar e escolar do educando e identificação do problema, para a partir daí o psicopedagogo articular todas as informações levantadas com todos os envolvidos neste processo, para elaborar novas estratégias para o ensino e aprendizagem, bem como novos conteúdos e sugestões de materiais a serem utilizados na aplicação destes conteúdos com intermediações psicopedagógicas. É importante que durante o acompanhamento psicopedagógico o educando seja estimulado para que realize suas atividades com autonomia, desse modo serão observadas suas potencialidades e suas dificuldades.

Sendo a base da psicopedagogia a busca pela melhoria no processo de aprendizagem ela não favorece apenas aqueles alunos que já apresentam dificuldades, distúrbios e transtornos, mas também ajudam na prevenção, atuando antes que as dificuldades possam surgir ou agravarem na escola. Assim, conforme explica Weiss (2008), o trabalho psicopedagógico preventivo consiste em envolver os professores preparando-os para lidar com a diversidade e as necessidades especiais de aprendizagem, detectando possíveis alterações no processo de aprendizagem, promovendo orientações metodológicas e atitudinais e proporcionando estímulos adequados, complementares e suplementares caso seja necessário. Além do que deve auxiliar na construção do Projeto Político Pedagógico, no planejamento e nos projetos. Por fim, deve estimular no professor o uso do lúdico e a construção do conhecimento através do gosto pelo saber.

Continua Weiss (2008) explicando que a nível de ambiente escolar como um todo, o psicopedagogo deve realizar atendimento psicopedagogo individualizado, sempre conversando com o aluno imediatamente, especialmente em situações de distúrbios comportamentais, além de reunir

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pequenos grupos para atendimento pedagógico, permitindo que as situações sejam discutidas também de forma coletiva e não somente individualizada. Deve ainda acompanhar os cadernos, observando e ajudando na sua organização, revendo erros para auxiliar o aluno a compreendê-los. Após escutar muito bem o aluno deve fazer a avaliação diagnóstica e fazer encaminhamentos quando achar necessário.

Para a realização dessas ações o psicopedagogo precisa utilizar recursos os mais variados possíveis, pois nem sempre a criança consegue expressar em palavras o que está acontecendo. Assim, por meio de atividades como brincadeiras, jogos, materiais que incentivem a criatividade, contação de histórias, atividades realizadas em computador, registros escritos (histórias, poesias, bilhetes), etc, o profissional poderá realizar um diagnóstico mais preciso e adotar ações de intervenção que auxiliarão o aluno em suas dificuldades.

A psicopedagogia deve atuar na forma conjunta na escola, mas também em áreas específicas, Weiss (2008) sugere as seguintes atuações:

No campo dos professores, Weiss (2008), usando como base o pensamento de Paulo Freire de que a aprendizagem não é um ato que tem fim, mas sim um exercício constante de estar sempre aprendendo e renovando, orienta que os professores devem encontrar no aluno a vontade de aprender, buscando superar a limitação que bloqueava o processo de aprendizagem, visando sempre a abertura de ovos horizontes para a vida do aluno.

Freitas (2005 apud Rodrigues, 2006) fala sobre a formação do professor que vai lidar com a inclusão colocando as seguintes palavras:

A formação do professor deve ocorrer na ótica da educação inclusiva, como formação de especialistas, mas também como parte integrante da formação geral dos profissionais da educação, a quem cabe atuar a fim de reestruturar suas práticas pedagógicas para o processo de inclusão educacional, (FREITAS, 2005, apud RODRIGUES, 2006, p.163)

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Vale ressaltar a importância do professor em conhecer as etapas de desenvolvimento da criança, buscar sempre atualizações que enriqueçam seu poder de construção, de didática e de avaliação. Além do que, saber como usar as tecnologias de forma que elas sejam grandes contribuidoras do trabalho docente. Malheiro (2010, p.57) vai mais a fundo e diz: “o verdadeiro professor é aquele que sabe querer realmente a todos os seus alunos. Que tem a capacidade para conhecer muito bem a todos”.

Na área das orientações aos pais, o psicopedagogo, seguindo as orientações de Vygotsky (1969 apud Friedberg e McChure, 2004) nas colocações de que desde o nascimento a criança é inserida no meio social a começar pela família, que lhe apresenta a primeira linguagem e quem faz a mediação com o mundo adulto, de forma natural e espontânea. Partindo dessa interação familiar e com o mundo fora da família que a criança inicia a construção do seu conhecimento, o desenvolvimento do sabe, sempre com base no meio que está inserida.

Por isso que os pais e o meio familiar de uma forma geral possuem um papel muito importante na aprendizagem, apesar de muitas vezes não se darem conta dessa responsabilidade e, mais importante ainda, é o fato não perceberam as dificuldades apresentadas pela criança. Nesse momento o papel do psicopedagogo é essencial, pois deve orientar os pais sobre a função que possuem no processo de aprendizagem, nas atitudes que devem ser tomadas, no valor do afeto que devem dispensar aos filhos, sem, no entanto, impedi-los de viver suas próprias experiências. A proteção é válida, mas não deve ser excessiva, pois a criança, mesmo com necessidades especiais, precisa aprender a resolver suas próprias dificuldades. Somente dessa forma ela terá condições de crescimento e de construção de seu próprio conhecimento.

Segundo Friedberg e McChure (2004) existem algumas atitudes consideradas de grande importância para os pais adotarem com seus filhos, são elas:

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- Sempre que o bom comportamento prevalecer este deve ser reforçado com elogios, manifestações de carinhos, com uma brincadeira e até mesmo dispensando de alguma tarefa doméstica que é de sua responsabilidade;

- Dispensar atenção aos filhos, elogiando e comentando uma atitude ou uma fala, conversar olhando para a criança e comentar uma tarefa que está realizando, mesmo que seja para corrigir, sempre de maneira carinhosa e construtiva;

- Ajudar a criança no estabelecimento de rotinas, ou seja, de comportamentos que devem ser adotados todos os dias, como por exemplo: tomar banho, fazer a cama, fazer as lições. Entretanto, as limitações devem ser respeitadas, se a criança tem dificuldades de tomar banho sozinha, os pais devem colaborar naquilo que ela não souber fazer sozinha, e deixar o que sabem para elas fazerem. O mesmo com as lições e com as demais tarefas que realize na casa.

- Separar um tempo diário para brincar com a criança, principalmente no chão, onde poderá ser trabalhada a noção de equilíbrio, de distância associada ao prazer;

- Reservar um tempo para outras atividades que a criança goste de fazer, como um jogo de tabuleiro, ou no computador, ou até mesmo brincar andar de bicicleta ou ir à piscina do clube ou do condomínio, por exemplo. Cada criança tem sua forma particular de se divertir e os pais devem acompanhá-la em alguns momentos.

- Sempre devem mostrar o caminho correto que deve ser seguido, orientar como realizar ações, como agir em situações diversas;

- Permitir que a criança escolha as brincadeiras valorizando algum comportamento que a criança tenha tido, como a realização correta de uma

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tarefa, ou mesmo por ter comido o que lhe foi dado, mesmo que não seja o alimento que mais gosta. Não é estabelecer uma relação de troca, mas sim um sistema de recompensas que motive a criança a fazer mais.

O que deve ser orientado aos pais com bastante clareza é que eles precisam respeitar as limitações da criança com dificuldades especiais, assim como as suas possibilidades de realizações. Mesmo que a criança tenha dificuldade em realizar uma tarefa, ou mesmo não consiga realizá-la por completo, os pais devem deixá-la fazer e valorizar o feito. Intervindo somente no sentido de auxiliar no que a criança não consegue ainda fazer sozinha, mas sempre incentivando para que façam e elogiando os ganhos obtidos. A criança especial, por mais dificuldades que possua, sempre é capaz de realizar alguma atividade e esta deve ser valorizada e incentivada.

Weiss (2008) fala de situações que o problema neuromotor é tão grande que a criança não consegue brincar ou fazer alguma atividade, no entanto, presta muita atenção quando se fala com ela ou quando se conta uma história. Nessas situações os pais devem explorar a leitura, a contação de histórias educativas e prazerosas. Existem crianças que ouvem pouco, mas enxergam bem, então os livros ilustrados são a melhor opção. Já para aquelas que ouvem bem e possuem dificuldades de visão, a voz clara, precisa e de bom tom, será o instrumento utilizado pela família para levar algum ensinamento ou lazer para a criança.

Nas orientações específicas aos alunos, o psicopedagogo deve sempre trabalhar levando em conta além de suas dificuldades, seu contexto familiar, extrafamiliar, seu contexto psicológico, seu grau de desenvolvimento e suas características pessoais. É essencial que o profissional utilize-se de instrumentos variados para conhecer e compreender o aluno, como bastante diálogo, escutar atentamente o que diz o aluno, observar suas reações e atitudes, descobrir suas habilidades e incentivar seu desenvolvimento.

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Por fim, acredita-se essencial enfatizar que a relação entre aluno e psicopedagogo deve ser construída por cima da capacidade de ambos acreditarem um no outro. Para isso a sinceridade e o afeto devem estar sempre presentes, para que o aluno coloque suas dificuldades sem medo de críticas e o profissional possa chegar a um diagnóstico correto, sabendo também como deve intervir para auxiliar o aluno.

Outra atuação importante do psicopedagogo é junto as outras crianças da escola, sempre esclarecendo as curiosidades que possam surgir em relação aos alunos com necessidades especiais e conduzindo o relacionamento sadio entre as crianças especiais ou não. O profissional deve intervir somente quando for de extrema necessidade, deixando que as crianças se entendam da forma delas. Por vezes, a intervenção desnecessária pode chamar a atenção para algumas “maldades”, que fazem parte das fases etária da criança. A intervenção se faz necessária quando se caracteriza como uma situação de “bulling”, por exemplo.

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CONCLUSÃO

Partindo da premissa que é fundamental que na educação inclusiva se acredite que as deficiências dos educando podem ser superadas, bastando para isso que sejam desenvolvidas estratégias e condições que permitam este desenvolvimento dos educandos, caracterizando o ambiente escolar como includente favorecendo o desenvolvimento da aprendizagem. É possível perceber que o psicopedagogo exerce função essencial na orientação de pais, alunos, professores e demais funcionários da escola.

A partir das observações obtidas durante as leituras para o desenvolvimento deste estudo, pode-se dizer que a atuação do psicopedagogo no ambiente educacional inclusivo está sendo contemplada aos poucos, com a difusão de propostas inclusivas no cenário educacional brasileiro. A realização do trabalho psicopedagógico na educação especial tende a propiciar um redimensionamento na práxis educativa de todos àqueles e, sobretudo do psicopedagogo que assiste a criança com necessidades educacionais especiais, no tocante a construção de novas competências relacionadas à abertura de um projeto de educação inclusiva.

Diversas são as possibilidades de atuação do psicopedagogo no ambiente escolar, no meio familiar e com a própria criança com necessidades educacionais especiais. O campo das orientações é um dos mais explorados e de maior vitória, pois o profissional pedagogo consegue conduzir situações de forma que a criança possa conviver no ambiente escolar sendo respeitadas suas dificuldades e estimuladas suas habilidades e possibilidades de ganhos.

Em suma, a presença do psicopedagogo na educação especial é de extrema importância, pois poderá contribuir mediante a um contexto multidisciplinar em um ambiente educacional inclusivo através do atendimento à criança com necessidades educacionais especiais em parceria e/ou com o auxílio de outros profissionais, sejam estes da área educacional, saúde e assistência social incluindo sua família e, englobando satisfatoriamente a

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escola de ensino regular e os professores, em vista de apoiá-la efetivamente no processo de ensino-aprendizagem e na inclusão desta na sociedade.

Acredita-se que o fechamento do tema deva ser falando sobre os ganhos que as crianças com dificuldades educacionais especiais podem adquirir se orientadas corretamente, além de seus pais e professores. Nesse campo o psicopedagogo exerce função essencial e fundamental para o sucesso da inclusão educacional.

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