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CLONAGEM DO PESSEGUEIRO 'AURORA-1' E DE PORTAENXERTOS DE UMEZEIRO

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CÂMPUS DE JABOTICABAL

CLONAGEM DO PESSEGUEIRO 'AURORA-1' E DE

PORTAENXERTOS DE UMEZEIRO

Rafael Roveri Sabião

Engenheiro Agrônomo

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CÂMPUS DE JABOTICABAL

CLONAGEM DO PESSEGUEIRO 'AURORA-1' E DE

PORTAENXERTOS DE UMEZEIRO

Rafael Roveri Sabião

Orientador: Prof. Dr. Antonio Baldo Geraldo Martins

Coorientador: José Antonio Alberto da Silva

Tese apresentada à Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias – Unesp, Câmpus de Jaboticabal, como parte das exigências para obtenção do título de Doutor em Agronomia (Produção Vegetal)

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Sabião, Rafael Roveri

S116c Clonagem do pessegueiro 'Aurora-1' e de portaenxertos de umezeiro / Rafael Roveri Sabião. – – Jaboticabal, 2016

xi, 70p. : il. ; 29 cm

Tese (doutorado) - Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, 2016

Orientador: Antonio Baldo Geraldo Martins

Banca examinadora: Carlos Ruggiero, Rita de Cássia Panizzi, Simone Rodrigues da Silva, Leticia Ane Sizuki Nociti.

Bibliografia

1. Enraizamento. 2. Enxertia de Mesa. 3. Prunus. 4.’Rigitano’. I. Título. II. Jaboticabal-Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias.

CDU 634.25:631.53

Ficha catalográfica elaborada pela Seção Técnica de Aquisição e Tratamento da Informação – Serviço Técnico de Biblioteca e Documentação - UNESP, Câmpus de Jaboticabal.

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DADOS CURRICULARES DO AUTOR

Rafael Roveri Sabião, nascido no município de Pirangi, SP, em 19 de novembro de 1985. Formado em Agronomia pela Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Câmpus de Jaboticabal, em fevereiro de 2010. Iniciação científica em Produção Vegetal iniciada a partir de 2005, sob orientação do Prof. Dr. Antonio Baldo Geraldo Martins (FCAV/Unesp), pesquisa voltada para a propagação, manejo e melhoramento de frutíferas, evidenciada principalmente a partir de resumos apresentados em congressos nacionais e regionais de Iniciação Científica. A partir de março de 2011, início do Mestrado em Agronomia (Produção Vegetal), na FCAV/Unesp, sob orientação do Prof. Dr. Antonio Baldo Geraldo Martins, com bolsa concedida pela CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), vigência entre março de 2011 e fevereiro de 2013, período no qual desenvolveu pesquisas com o melhoramento genético da cultura do maracujazeiro. Durante o Mestrado auxiliou em outras pesquisas desenvolvidas pelo Grupo de Estudos em Fruticultura (GEFrut), além da apresentação de trabalhos em congressos nacionais e internacionais relacionados com Fruticultura, publicação de artigos em renomadas revistas científicas nacionais e de capítulos de livros nacionais e participações em bancas de monografia do curso de Agronomia (FCAV/Unesp). Em março de 2013 ingressou no Doutorado em Agronomia (Produção Vegetal), na FCAV/Unesp, sob orientação do Prof. Dr. Antonio Baldo Geraldo Martins, trabalhando com a cultura do pessegueiro, utilizando os métodos de propagação na obtenção de mudas de “Aurora-1” e do umezeiro como portaenxerto, com bolsa concedida pelo CNPq, vigência entre março de 2013 e fevereiro de 2016, período relacionado com o desenvolvimento de outras pesquisas na área de fruticultura e publicações em revistas científicas nacionais, participações em bancas de monografia do curso de Agronomia (FCAV/Unesp) e revisor de periódicos nacionais.

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“Quando se vence um obstáculo difícil, experimenta-se em seguida a satisfação que supera todo o sofrimento. Na vida, sofrimentos e prazeres são ondas que intercalam a todo o momento. E se o homem procura espertamente navegar nas ondas do prazer, permanecendo indolente, perderá o sentido da vida, alegrias ou prazeres deixarão de existir para ele.”

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço aos meus pais, por me apoiarem na carreira acadêmica e acreditarem no meu potencial de Pesquisador e Cientista.

À FCAV/UNESP pelos 11 anos que me acolheu, espero retribuir e ficar ainda mais tempo nessa casa.

Ao meu orientador Prof. Dr. Antonio Baldo Geraldo Martins (Toninho), que sabe ensinar mais do que fruticultura, transmite a sabedoria de mestre e de cidadão, que, prestes a aposentar, me recebeu por mais três anos de doutorado, levo comigo também seu exemplo de profissionalismo e dedicação.

Ao José Antonio Alberto da Silva, pela coorientação, paciência, disposição, conselhos, sugestões e por me receber, cedendo a área Experimental, na APTA Polo Regional da Alta Mogiana, em Colina, SP.

Aos professores Carlos Ruggiero, Rita de Cássia Panizzi, Letícia Ane Sizuki Nociti e Simone Rodrigues da Silva pelas sugestões, conselhos e ensinamentos.

Aos funcionários do Departamento de Produção Vegetal, e do Ripado de Fruticultura: “Bedin”, “Pepa”, “Rulian” e “Marrom”.

Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), pelo apoio financeiro (Processo nº 140598/2013-8).

Ao Sr. Valdenir Rossi, proprietário da “Fazenda Santa Alzira” (Vista Alegre do Alto, SP) e ao Eng. Agr. Paulo César Geraldini pela concessão dos materiais de pessegueiro para condução do experimento.

Ao Grupo de Estudos de Fruticultura, especialmente: Adriana, Fernando, Estevam e Carlos, pela ajuda no experimento e pela troca de experiências.

À República Agrotóxico pela amizade e pelos irmãos que fiz.

À minha companheira Flaviane, que está sempre ao meu lado, pelo apoio na condução dos experimentos e na carreira científica, me proporciona ótimos momentos, sendo parceira, amiga e meu porto seguro.

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SUMÁRIO

Página

1.INTRODUÇÃO ... 1

2.REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ... 3

2.1.Importância Econômica e do Cultivo de Pessegueiro ... 3

2.2.Características e Propagação do Umezeiro ... 5

2.3.Adensamento de plantio ... 8 2.4.Propagação de Plantas ... 10 2.4.1.Propagação Sexuada ... 10 2.4.2.Propagação Assexuada ... 11 2.4.3.Enxertia ... 11 2.4.4.Estaquia ... 14 2.4.5.Juvenilidade ... 18 2.4.6.Enxertia de Mesa... 20

2.5.Microscopia Eletrônica de Varredura ... 22

3.MATERIAIS E MÉTODOS ... 23

3.1.Propagação ... 23

3.2.Estudos histológicos pela Microscopia Eletrônica de Varredura ... 25

4.RESULTADOS E DISCUSSÃO ... 26

4.1.Porcentagem de Sobrevivência ... 28

4.2.Porcentagem de Estacas com Folhas ... 30

4.3.Porcentagem de Enraizamento ... 32

4.4.Porcentagem de Calejamento ... 35

4.5.Número de Raízes ... 36

4.6.Comprimento de Raízes ... 38

4.7.Sobrevivência de Enxertos com Enraizamento ... 40

4.8.Estudos histológicos pela Microscopia Eletrônica de Varredura ... 42

4.8.1.Estaquia ... 42 4.8.2.Enxertia ... 45 4.8.3.Calos ... 48 5.CONCLUSÕES ... 50 6.REFERÊNCIAS ... 51 APÊNDICES ... 63

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CLONAGEM DO PESSEGUEIRO 'AURORA-1' E DE PORTAENXERTOS DE UMEZEIRO

RESUMO - O pessegueiro vem ganhando espaço em regiões produtoras de frutas

do estado de São Paulo, principalmente as cultivares de baixo requerimento de frio, como o ‘Aurora-1’. O umezeiro é um portaenxerto que condiciona menores volumes de copa em plantas de pessegueiro, além de possuir resistência a patógenos de solo, sendo objeto de estudo neste trabalho, avaliando-se sua clonagem por estaquia, além de sua combinação com o ‘Aurora-1’, por enxertia de mesa, e enraizamento simultâneo. Em ambos os trabalhos foram utilizadas as concentrações 0; 1.000; 3.000 e 5.000 mg/L de AIB para tratamento das estacas, que foram coletadas em duas situações de vegetação da planta de umezeiro: estacas herbáceas retiradas da planta adulta e estacas herbáceas retiradas da planta após 60 dias da poda de rejuvenescimento. Foram avaliados: porcentagem de sobrevivência, com folhas, calos e enraizamento das estacas, número e comprimento médio de raízes e porcentagem de enxertos vivos e com estacas enraizadas. Também foi realizado um estudo histológico, por microscopia eletrônica de varredura, das regiões de rizogênese e de contato e união da enxertia. Os materiais vegetativos propagados apresentaram melhores resultados depois de uma poda rejuvenescimento. A estaquia teve superioridade em todas as variáveis avaliadas em comparação à enxertia de mesa. O ‘Rigitano’ apresentou melhores resultados, sendo superado pelo Clone 15 apenas na sobrevivência dos enxertos. O uso de AIB influenciou na sobrevivência e no enraizamento das estacas e incrementou o número médio de raízes por estaca.

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CLONING OF THE PEACH TREE 'AURORA-1' AND JAPANESE APRICOT ROOTSTOCKS

ABSTRACT - The peach tree is becoming more popular in fruit producing regions of

São Paulo, mainly cultivars with low chill requirement, such as 'Aurora-1'. The japanese apricot, as being a rootstock that conditions smallest canopy in peach plants, besides having resistance to soil pathogens, being object of this work, evaluating their cloning by cuttings and their combination in grafting with simultaneous rooting, with the 'Aurora-1'. In both studies was used the concentrations 0; 1,000; 3,000 and 5000 mg/L of IBA in two vegetation situations of mume plant: softwood cuttings taken from adult plants and softwood cuttings taken from the plant after 60 days of rejuvenation pruning. It was evaluated the rooting percentage parameters of cuttings, number and average length of roots and percentage of survival of grafts with rooting cuttings. It was also conducted a histological study, by scanning electron microscopy, of the root formation zone and contact grafting. The vegetative material propagated showed better results after a rejuvenation pruning. The cuttings had superiority in all variables evaluated, in comparison to the cuttings grafted. The 'Rigitano' had the best results, being overcome by Clone 15 only in the survival of grafts. The IBA concentrations influenced the survival and rooting of cuttings and the use of IBA increased the average number of roots of cutting.

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1. INTRODUÇÃO

A produção mundial de frutas, em 2013, foi de 673,7 milhões de toneladas, dentro desse montante, a produção de pêssegos e nectarinas passou dos 21,6 milhões de toneladas (3,2% do montante). Os maiores produtores de pêssego e nectarina são China (55%), Itália (6,5%), Espanha (6%) e Estados Unidos (4,5%). A produção brasileira de frutas em 2013 somou 41,6 milhões de toneladas e, apesar do incremento na produção de pêssego nos últimos anos, o volume produzido foi de 211 mil toneladas, apenas 1% do volume de produção mundial (ANUÁRIO BRASILEIRO DE FRUTICULTURA, 2014; FAOSTAT, 2015).

Toda a produção nacional de pêssego é destinada ao mercado interno, por isso o cultivo no Brasil não se destaca no cenário mundial. Nacionalmente, os maiores produtores são os estados do Rio Grande do Sul (60%), São Paulo (17%), Minas Gerais (9%) e Paraná (7%). O estado de São Paulo é o maior produtor de frutas, com volume que supera 16 milhões de toneladas, representando 39% da produção total, desta apenas 38,3 mil toneladas são de pêssego, produzidos em uma área de 1,8 mil hectares. A importação brasileira de pêssego passa dos US$35 milhões, e um volume total de 30 mil toneladas. Esses valores podem ser diminuídos com a expansão de áreas de cultivo de pessegueiro, principalmente em regiões onde a fruticultura é bem difundida. Os produtores procuram alternativas para substituição de algumas culturas, como a citricultura, por exemplo, que passa por uma crise de preços e principalmente fitossanitária (ANUÁRIO BRASILEIRO DE FRUTICULTURA, 2014; IBGE, 2015).

Em regiões mais quentes, o baixo risco de geadas tardias, associado a algumas técnicas de cultivo e emprego de variedades precoces, pouco exigentes em frio, proporcionam a colheita de pêssego nos meses de agosto a outubro, que correspondem ao período da entressafra, não só das principais regiões produtoras brasileiras, como da maioria dos países produtores localizados no Hemisfério Sul, como Chile, Argentina e Uruguai (PEREIRA, NACHTIGAL; ROBERTO, 2002).

O adensamento de pomares é uma prática que pode aumentar a produção, proporcionar maior precocidade e maior produtividade, com retorno financeiro mais rápido que o cultivo convencional. O uso de portaenxertos ananicantes, como o

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umezeiro, viabiliza o adensamento das plantas. No Brasil existem poucas comprovações científicas viabilizando a técnica do uso de portaenxertos para pessegueiro propagados vegetativamente, que é de suma importância para homogeneização dos pomares, pela preservação da identidade genética do portaenxerto. De maneira geral, os produtores de mudas utilizam as sementes na propagação dos portaenxertos, utilizando o ‘Okinawa’, principalmente na Região Sudeste (PEREIRA; MAYER, 2005).

O umezeiro teve seu uso como portaenxerto de pessegueiro validado internacionalmente há mais de 20 anos, no Congresso Internacional de Pêssego, na China. A partir de 1998, na Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias (UNESP, Jaboticabal, SP), foi iniciado um amplo projeto de pesquisa, com objetivo de viabilizar o uso de portaenxertos clonais de umezeiro para a cultura do pessegueiro, de onde surgiram clones potenciais, entre eles a cultivar Rigitano (PEREIRA; MAYER; CAMPO DALL’ORTO, 2007).

A cultivar Rigitano tem grande potencial por apresentar resistência a Meloidogyne javanica e M. incognita, além de conferir menor porte em plantas enxertadas de pessegueiro. As plantas de ‘Aurora-1’, enxertadas sobre ‘Rigitano’, não apresentam incompatibilidade, apesar de constatar-se diferença no crescimento do tronco. Essa combinação produz frutos maiores e em número equivalente às plantas enxertadas em ‘Okinawa’ (MAYER; PEREIRA; SANTOS, 2003; MAYER; PEREIRA; SANTOS, 2005).

Considerando-se a tendência no adensamento de plantio de pessegueiro e a necessidade de estudos sobre a propagação vegetativa dos portaenxertos, principalmente com o intuito de diminuir o tempo de produção de mudas e consequente redução de custos, o presente trabalho teve por objetivo estudar a propagação do pessegueiro ‘Aurora-1’, por enxertia de mesa em fenda cheia, utilizando o umezeiro como portaenxerto, bem como a estaquia simples do umezeiro em duas situações distintas de vegetação da planta matriz do umezeiro: estacas herbáceas retiradas da planta adulta e estacas herbáceas retiradas da planta após 60 dias da poda de rejuvenescimento.

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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. Importância Econômica e do Cultivo de Pessegueiro

O pessegueiro [Prunus persica (L.) Batsch] pertence à família Rosaceae, tem origem na China, é típica de regiões de clima temperado, arbórea e de folhas caducas, possui exigência em manejos culturais intensivos e cultivares adaptados ao clima local. Foi introduzido no Brasil, em 1532, por Martin Afonso de Souza, expandindo-se principalmente pelo Sul do país, cultivado nos Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. O Instituto Agronômico de Campinas iniciou estudos para obter variedades de pêssego e nectarina a partir de 1947, para as condições do Estado de São Paulo, quando houve um grande incremento da área plantada nas regiões de clima temperado no estado, em áreas serranas e em municípios próximos da capital (MEDEIROS; RASEIRA, 1998; MOURA; SOBIERAJSKI; TECCHIO, 2014).

O pêssego está entre as dez frutas mais produzidas no mundo, com volume superior a 20 milhões de toneladas. Os maiores produtores são China, Itália e Espanha, sendo que os três países juntos são responsáveis por aproximadamente 68% da produção mundial e somente a China produz 55% do volume produzido no mundo, que é consumido internamente, pois a exportação não chega a 0,5%. A Espanha se destaca pela exportação, que no ano de 2012 atingiu 647,5 mil toneladas. O Brasil ocupa o 12º lugar na produção mundial, com aproximadamente 218 mil toneladas numa área de 18 mil hectares. A produtividade média brasileira é de 12 t/ha, inferior à media mundial de 14t/ha e também à media dos três maiores produtores mundiais de 16t/ha. A produtividade média no estado de São Paulo é de 21t/ha, entretanto a microrregião de Jaboticabal possui valores iguais da produtividade média brasileira (12 t/ha), mas possui potencial de aumento desses valores, desde que sejam adotadas mudanças na tecnologia de produção tais como o adensamento de plantio, utilizando portaenxertos ananicantes com o umezeiro (FAOSTAT, 2015; IBGE, 2015).

Na produção de mudas de pessegueiro normalmente são utilizados dois genótipos distintos: o portaenxerto, que constituirá o sistema radicular planta e receberá a borbulha da cultivar-copa; e a cultivar-copa, propagada por enxertia, que constituirá a parte produtiva de frutos da nova planta. É de suma importância utilizar

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dois genótipos compatíveis para a realização da enxertia, com características ideais para produzir, em grande escala, frutos de qualidade (MAYER et al, 2015).

Os portaenxertos utilizados no Brasil são produzidos exclusivamente por sementes, não preservando a identidade genética do portaenxerto, devido à segregação genética da propagação por sementes. Apesar dos avanços no melhoramento genético de cultivares-copa, são poucas as pesquisas na área de portaenxertos, exemplificado pela ausência de uma cultivar clonal para recomendação (MAYER; ANTUNES; PEREIRA, 2009).

O método tradicional e predominante, na maioria dos viveiros brasileiros, para produção de portaenxertos de frutíferas de caroço, é a propagação sexuada (uso de caroços inteiros ou sementes extraídas dos caroços quebrados). Os caroços normalmente não são quebrados quando as cultivares apresentam pouca resistência à emissão da radícula proveniente da semente, como no caso de ‘Aldrighi’, ‘Capdeboscq’ ou das misturas varietais de cultivares-copa obtidas nas indústrias de conservas, que são mais utilizados na região sul do país. Todavia, os percentuais de germinação não ultrapassam 50% e apresentam sistema radicular de baixa qualidade (MAYER; ANTUNES, 2010; MAYER et al., 2015).

Na região Sudeste, a preferência é pelo portaenxerto ‘Okinawa’, introduzida pelo Instituto Agronômico em 1969, que é propagada por sementes. Plantas obtidas de sementes são semelhantes aos progenitores, mas não são idênticas, pois a variabilidade ocorre naturalmente devido a segregação e recombinação gênica pela polinização cruzada. A propagação sexuada de portaenxertos tem como desvantagens a desuniformidade entre plantas, dificuldade na germinação e susceptibilidade a pragas e doenças (PÁDUA, 1983; KERSTEN; IBAÑES, 1993; OJIMA et al., 1999; MEDEIROS, 2015).

O portaenxerto ‘Okinawa’ apresenta certa resistência física na germinação das sementes, portanto os caroços necessitam ser quebrados com auxilio de máquinas, tesouras especiais ou morsa. Após a quebra dos caroços, as sementes são estratificadas no frio, para que ocorra a antecipação e uniformização da germinação (MAYER; ANTUNES, 2010; MAYER; BIANCHI; CASTRO, 2014).

Apesar de existir várias cultivares copa de pessegueiro, recomenda-se para as regiões quentes do estado de São Paulo a cultivar Aurora-1 (IAC 680-179), por

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sua melhor adaptação ao clima, precocidade do ciclo produtivo (aproximadamente 85 dias do florescimento à colheita) e à qualidade de seus frutos, tanto de coloração como sabor. As técnicas de condução, que exigem podas de renovação após a colheita, têm garantido produções médias em torno de 15 t/ha e o início da produção no segundo ano (PEREIRA, 2003).

O tempo para produção de uma muda de pessegueiro, por enxertia, supera os 270 dias, dependendo da época de coleta das estacas para enraizamento do portaenxerto e da época da enxertia, podendo ser maior se o portaenxerto for propagado por semente, por isso a enxertia de mesa torna-se uma alternativa para diminuir os custos em viveiro.

2.2. Características e Propagação do Umezeiro

O umezeiro ou damasqueiro-japonês (Prunus mume Sieb. et Zucc.) é uma frutífera da família Rosaceae, originária da China Continental, típica de clima temperado. Seu cultivo é amplo nos países asiáticos, destacando-se no Japão e Taiwan, que o cultivam desde o século XIV. Foi domesticada na China há mais de três mil anos, como planta ornamental e frutífera, possui extrema importância nas tradições orientais por seu valor estético e espiritual para a cultura chinesa. O uso do umezeiro como portaenxerto de pessegueiro foi validado internacionalmente no 3º Congresso Internacional de Pêssego em 1993 na China. A planta do umezeiro é considerada a planta nacional da China, assim como é o Ipê-amarelo no Brasil. Os japoneses cultivam o umezeiro em jardins, na forma de bonsai, utilizam as flores no preparo de arranjos e os frutos são consumidos na forma de picles, licores especiais (ume-shu), conservas (ume-boshi), compotas, geléias, sucos, extratos, bolos e como uso medicinal (CAMPO DALL’ORTO et al., 1993; YOSHIDA, 1994; CAMPO DALL’ORTO et al., 1997; PEREIRA; MAYER; CAMPO DALL’ORTO, 2007; LIU et al., 2010; ZHANG et al., 2012).

A introdução da espécie no Brasil ocorreu pelos imigrantes japoneses, de material procedente de Taiwan, com produções satisfatórias em Botucatu-SP somente a partir de 1970, após alguns fracassos utilizando cultivares japonesas mais exigentes em frio (CAMPO DALL’ORTO et al., 1998).

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A germinação de sementes de umezeiro requer estratificação a frio de até três meses, em ambiente úmido. A propagação vegetativa por estacas lenhosas, postas para enraizar em campo, não apresenta bons resultados, com sobrevivência abaixo de 9%. A micropropagação também não se mostra efetiva, pois a aclimatização das plântulas em nebulização apresenta sobrevivência abaixo de 30% (REIGHARD; CAIN; NEWALL JR., 1990; HARADA; MURAI, 1996; HARTMANN et al., 2011).

O método de propagação de umezeiro mais recomendado é a estaquia herbácea. O uso de AIB incrementa o percentual de enraizamento e o número de raízes por estaca. Os melhores resultados são obtidos coletando-se estacas no inicio do verão, quando o crescimento se intensifica, utilizando as concentrações entre 1.500 e 3.000 mg/L, com destaque para a concentração de 2000 mg/L de AIB (SURIYAPANANONT, 1990; NACHTIGAL et al., 1999; MAYER; PEREIRA; NACHTIGAL, 2001; HARTMANN et al., 2011).

O uso de sementes para a produção de portaenxertos produz indivíduos geneticamente diferentes; muitos viveiros utilizam caroços de cultivares-copa de maturação tardia, resíduos de indústrias de conserva de pêssego, que contribui para a alta variabilidade genética dos portaenxertos (MAYER et al., 2015).

Alternativamente, os portaenxertos podem ser propagados por métodos vegetativos (clonagem), dispensando o uso de sementes. Os métodos possíveis são a estaquia herbácea, semilenhosa ou lenhosa, alporquia e micropropagação. As vantagens dos métodos vegetativos de propagação para portaenxertos são o baixo custo e a facilidade de execução, uniformidade de plantas, clonagem de uma única planta matriz, obtendo várias plantas idênticas em curto espaço de tempo. Possibilita a programação da produção de portaenxertos ao longo do ano, utilizando-se da poda para produção dos ramos, que permite melhor aproveitamento da mão de obra no viveiro. Entretanto, a principal desvantagem é a necessidade conhecimentos específicos e práticos sobre propagação de plantas, preparo e manutenção das estacas nos períodos de enraizamento e aclimatação (PEREIRA; MAYER, 2005; MAYER et al., 2014; MAYER et al., 2015).

São escassas as informações sobre adensamento de pomares de pêssego, uso de porta–enxertos de baixo vigor e os efeitos sobre a qualidade física e química dos frutos. O uso de clones de umezeiro como porta–enxertos de pessegueiro, tem

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revelado perspectivas de sucesso em regiões de clima subtropical. Plantas de pessegueiro 'Aurora–1', enxertadas sobre Clone 15 e ‘Rigitano’, apresentaram maior massa fresca, diâmetro longitudinal e diâmetro equatorial. O uso do Clone 15 como porta–enxerto induziu à produção de frutos com maior teor de sólidos solúveis e melhor índice de maturação, em relação ao 'Okinawa' propagado por estacas herbáceas. Os plantios mais adensados resultaram em frutos de maior peso e tamanho (MATHIAS et al., 2008). O adensamento de plantio, utilizando o umezeiro como portaenxerto, além de diminuir o vigor da planta, proporciona maior número de frutos por planta e maior produtividade. Comparativamente, o espaçamento 6 x 2 m teve produtividades de 20 t/ha e 18 t/ha, no segundo e terceiro ano de produção, enquanto o espaçamento 6 x 4 m produziu 9 t/ha e 3 t/ha nas mesmas safras avaliadas (MAYER; PEREIRA; REIGHARD, 2012).

A partir de 1998, na Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias (UNESP, Jaboticabal, SP), iniciou-se um amplo projeto de pesquisa, objetivando viabilizar o uso de portaenxertos clonais de umezeiro para a cultura do pessegueiro, de onde se obteve a cultivar ‘Rigitano’. Inicialmente, os trabalhos viabilizaram a propagação vegetativa, por meio de enraizamento de estacas, a partir de plantas mantidas na Estação Experimental de Jundiaí-IAC, de onde foram coletadas estacas herbáceas e realizado o primeiro experimento, selecionando-se os Clones 02; 05; 10 (cv. Rigitano) e 15. Os estudos prosseguiram, com a realização de experimentos nas diferentes estações do ano, revelando melhores porcentagens de enraizamento com a cv. Rigitano (MAYER; PEREIRA; NACHTIGAL, 2001; MAYER; PEREIRA; NACHTIGAL, 2002; MAYER; PEREIRA, 2003; MAYER; PEREIRA, 2004). A enxertia de pessegueiro em ‘Rigitano’, mostrou ser eficaz, com pegamento acima de 80%. Após seleção inicial de quatro clones quanto à viabilidade de propagação por estacas herbáceas, a continuidade do projeto permitiu a obtenção de avanços técnicos na qualidade de mudas e na produção frutos, destacando-se a resistência do ‘Clone 05’, do ‘Clone 10’ e do ‘Clone 15’ a Meloidogyne javanica e M. incognita. (PEREIRA; MAYER, 2005; PEREIRA; MAYER; CAMPO DALL’ORTO, 2007).

A cultivar ‘Rigitano’ é resistente a Meloidogyne javanica e M. incognita, com fatores de reprodução muito próximos ou iguais a zero, além da ausência total de galhas no sistema radicular, aos 100 e 116 dias após a inoculação. As plantas de

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‘Aurora-1’, enxertadas sobre ‘Rigitano’, produzem frutos maiores, com incremento de 10 g ou mais, e em número equivalente quando comparadas às plantas enxertadas em ‘Okinawa’. Plantas de ‘Aurora-1’, enxertadas em ‘Rigitano’, produziram, em média, 23,67 kg/planta, que corresponde a uma produtividade média de 14,51 t/ha, após 26 meses do plantio no campo (CAMPO DALL’ORTO et al., 1994; MAYER; PEREIRA; SANTOS, 2003; MAYER; PEREIRA; SANTOS, 2005).

Não foi detectado sintomas de incompatibilidade em plantas de ‘Aurora-1’ enxertados em ‘Rigitano’, como amarelecimento de folhas, encarquilhamento ou senescência precoce. As copas apresentaram desenvolvimento e brotação adequados, formação de gemas, frutificação, crescimento e maturação dos frutos. Os cortes longitudinais realizados na região da enxertia não revelaram áreas com necrose ou sintomas de incompatibilidade do tipo localizada. Entretanto houve diferença no diâmetro do tronco (menor diâmetro no portaenxerto), mensurada cinco centímetros acima (‘Aurora-1’) e abaixo do ponto de enxertia (‘Rigitano’), resultado esperado, já que possuem características e hábitos de crescimento diferentes (MAYER; PEREIRA, 2006).

2.3. Adensamento de plantio

Altos custos com mão de obra e insumos agrícolas conduzem a fruticultura a sistemas de cultivo que reflita em alta eficiência produtiva, alta qualidade de frutos, aumento da produtividade, colheitas precoces e aumento da eficiência das pulverizações, que pode ser alcançado com o adensamento dos pomares. A densidade de plantio do pessegueiro pode ser classificada em baixa (400 a 700 plantas/ha), média (700 a 1000 plantas/ha) e alta (entre 1000 e 1500 plantas/ha). Aproximadamente 10% das áreas de pessegueiro estão sob altas densidades de plantio, mas a expansão ainda depende da disponibilidade de portaenxertos ananicantes e de sistemas mais adaptados de formação e condução das plantas (DEJONG et al., 1997; LORETI; MASSAI, 2006).

Em regiões de clima tropical ou subtropical, era recomendado o espaçamento de 6x4 m (416 plantas/ha). Entretanto, os resultados de pesquisa mais recentes na região de Jaboticabal (SP), viabiliza a redução do espaçamento para 6x2 m,

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utilizando-se o mesmo manejo de poda, recomendado para o espaçamento tradicional, com a ressalva de conduzir a planta em formato de taça mais fechada, desde que seja intensificado o controle da ferrugem (PEREIRA; NACHTIGAL; ROBERTO, 2002; ARAÚJO et al., 2008; MATHIAS et al., 2008; MAYER; PEREIRA, 2008).

Para cultivares precoces de pessegueiro de ciclo curto (inferior a 100 dias), pode-se adotar, em regiões mais quentes, a condução dos pomares em alta densidade de plantio, sob poda drástica após a colheita, com até 6.666 plantas/ha em fileiras simples (3,0 x 0,5 m) ou 11.428 plantas/ha, em fileiras duplas (3,0 x 0,5 x 0,5 m). Todavia, apesar de sua alta viabilidade técnica e econômica, essa tecnologia deixou de ser adotada pelos fruticultores paulistas, devido ao alto investimento na implantação do pomar, necessidade de mão de obra diferenciada, exigência de maiores conhecimentos técnicos do sistema e receio da adoção de novas técnicas (BARBOSA et al., 1999; MAYER; PEREIRA, 2011).

O umezeiro induz o nanismo em plantas de pessegueiro, que, combinado com cultivares específicas e adaptadas, como o ‘Aurora-1’, proporciona a condução de pomares com elevada densidade populacional e cultivo intensivo, com alta tecnologia (OJIMA et al., 1992).

A cultivar Aurora-1 adapta-se melhor ao sistema de pomar compacto, (4,0 x 1,5 m ou 1.667 plantas/ha), podendo atingir produtividade de até 24t/ha. Além de nanismo, o uso do umezeiro como portaenxerto, proporciona melhor qualidade de frutos, como o aumento de massa, teor de sólidos solúveis e índice de maturação. Em alguns casos, o umezeiro pode antecipar a colheita de pêssego em comparação a plantas enxertadas sobre ‘Okinawa’ (BARBOSA et al., 2000; MAYER; PEREIRA, 2006; MATHIAS et al., 2008).

A clonagem de portaenxertos resulta em maior homogeneização dos pomares, por isso é de extrema importância a preservação da identidade genética dos materiais propagativos. Entretanto existem poucas comprovações científicas sobre a viabilidade técnica do uso de portaenxertos propagados vegetativamente para pessegueiro (PEREIRA; MAYER, 2005).

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Para determinar o sistema de plantio mais adequado para o pessegueiro devem-se considerar as diferentes combinações de copa/portaenxerto, a região de cultivo e os tratos culturais a serem adotados.

2.4. Propagação de Plantas

Para garantirem a perpetuação da espécie, as plantas produzem estruturas reprodutivas, e podem se reproduzir tanto de forma sexuada como assexuada. Na sexuada, deve acontecer a união dos gametas masculino e feminino, resultando na formação de semente. No método assexuado a multiplicação de plantas ocorre através de uma parte de outra planta já existente, de forma vegetativa. A propagação de plantas trata-se da multiplicação utilizando propágulos, ou seja, uma parte de planta produz uma nova planta ou uma população de plantas (HARTMANN et al., 2011).

2.4.1. Propagação Sexuada

A reprodução sexuada gera indivíduos com alta variabilidade genética, pois a divisão celular acontece por meiose, onde cada cromossomo divide-se em partes idênticas e cada parte leva as informações contidas inicialmente para as células filhas. A propagação via semente tem grande importância na adaptação das plantas ao meio (JANICK, 1966; HARTMANN et al., 2011).

O período juvenil é mais prolongado em plantas de “pé franco” do que plantas obtidas vegetativamente. A juvenilidade da planta impede a formação de estruturas reprodutivas e consequentemente a produção de frutos. Portanto a produção comercial de mudas frutíferas deve ser feita de maneira que reduza o período de juvenilidade, para se obter precocidade na produção.

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2.4.2. Propagação Assexuada

A propagação assexuada ou vegetativa é mais apropriada na produção de mudas frutíferas, pois permite a manutenção de características desejadas de uma planta matriz, produzindo clones e homogeneizando os pomares.

Nesse processo, a divisão celular ocorre por mitose, com duplicação do sistema cromossômico, gerando duas células com a mesma carga genética, ou seja, idênticas à célula progenitora. A mitose é essencial para o crescimento das plantas e para a propagação vegetativa. Esse processo também ocorre na cicatrização de feridas, onde acontece uma produção de massa de células (calo). O processo também está associado ao enraizamento adventício de estaca, pois inicia novos pontos de crescimento vegetativo. O ferimento induz a divisão e multiplicação celular, que também está envolvido na união da enxertia (HARTMANN et al., 2011).

Através da propagação vegetativa é possível encurtar o período juvenil e antecipar a fase produtiva de uma planta. As técnicas mais difundidas de propagação vegetativa são a enxertia e a estaquia (JANICK, 1966; HARTMANN et al., 2011).

2.4.3. Enxertia

A enxertia pode ser definida como a união de partes de plantas pela regeneração de tecidos, que combinadas, formam uma única planta: o portaenxerto (ou cavalo) formará o sistema radicular; e o enxerto, que pode ser uma gema ou um fragmento de ramo com duas ou mais gemas, formando a copa que produzirá os frutos. A técnica fundamental da enxertia é a justaposição dos tecidos cambiais do portaenxerto e do enxerto, de modo que o calo resultante se entrelace, possibilitando a regeneração do novo câmbio com posterior formação de floema e xilema, estabelecendo um sistema vascular unificado (JANICK, 1966; APEZZATO-DA-GLÓRIA; CARMELLO-GUERREIRO, 2006; HARTMANN et al., 2011).

No processo de enxertia, o enxerto se tornará a nova copa da planta, que é composto de um pequeno pedaço de ramo destacado da planta, contendo várias gemas (garfagem), e compreende a porção superior da enxertia. A borbulhia é uma

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forma de enxertia, utilizando o enxerto de tamanho reduzido, com apenas uma gema. Os ramos da planta enxertada crescem a partir do enxerto, portanto deverá ser de uma cultivar desejada. O portaenxerto, que se desenvolve no sistema radicular da planta enxertada, pode ser de origem sexuada (mudas de sementes), estaca enraizada, alporque ou planta micropropagada. O interenxerto é um pedaço de ramo inserido por meio de duas uniões de enxertia, entre o enxerto (copa) e o portaenxerto, utilizado para evitar a incompatibilidade entre o portaenxerto e o enxerto, controlar doenças, ou controlar o crescimento, reduzindo o vigor da copa (HARTMANN et al., 2011).

O sucesso da enxertia, independentemente do tipo, necessita do contato entre os tecidos meristemáticos (câmbios) do enxerto com o portaenxerto. Por isso, deve-se sempre coincidir a casca do enxerto com a casca do portaenxerto, em pelo menos um dos lados, dessa forma se aproxima mais o contato entre os tecidos cambiais. O câmbio vascular (meristema lateral) é um tecido fino localizado entre a casca (periderme, córtex, e floema) e o lenho (xilema), possui células meristemáticas, capazes de se dividir e formar novas células diferenciadas. O câmbio é essencial para manter ligações vasculares pela formação da ponte de calo. Portanto, para uma união de enxertia bem sucedida, é essencial que o câmbio do enxerto seja colocado em contato direto com o câmbio do portaenxerto (HARTMANN et al., 2011; SILVA; RODRIGUES; SCARPARE FILHO, 2011)

A união da enxertia é inicialmente formada pela rápida divisão das células do calo, tanto do enxerto, como do portaenxerto, que posteriormente se diferenciam para formar o câmbio vascular e o sistema vascular associado. O calo é uma massa de células do parênquima que se desenvolvem em ferimentos nos tecidos vegetais e ocorre na junção do processo de enxertia. A produção e entrelaçamento dessas células do parênquima constituem um importante passo na formação da ponte de calo entre a copa e portaenxerto e no sucesso na enxertia. A compatibilidade da enxertia se divide em três acontecimentos principais: adesão do enxerto e portaenxerto, divisão de células na ponte de calo e diferenciação vascular. O enxerto não vai ter seu crescimento e brotação, a menos que uma ligação vascular seja estabelecida de modo que possa obter água e nutrientes. Da mesma forma, haverá degeneração do portaenxerto se for interrompido o fluxo de carboidratos e de outros

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metabólitos no floema que o une com o enxerto. Além disso, o enxerto deve ter uma região meristemática terminal (gema) para retomar o crescimento dos ramos e folhas e fornecer fotossintatos para o sistema radicular (HARTMANN et al., 2011).

A enxertia, além de método propagativo, é utilizada para se obter correções ou revigoramento de árvores adultas, assim como modificar o crescimento, aumentar resistência a doenças e ao clima. A enxertia facilita a propagação de materiais de difícil multiplicação sexuada, diminui o porte da planta, substitui variedades copa, rejuvenesce e recupera plantas, fixa mutações, garante floração e frutificação precoce, mantém a carga genética e características agronômicas da variedade ou cultivar e permite o plantio em condições desfavoráveis. A associação de enxerto e portaenxerto possibilita o aproveitamento de vantagens como resistência a frio, calor, doenças e solos (JANICK, 1966; HARTMANN et al., 2011).

A enxertia pode ser realizada de três formas: a borbulhia, onde se utiliza um fragmento da planta que contém apenas uma gema; a garfagem, que seu utiliza um pedaço de ramo (garfo) destacado da planta matriz com mais de uma gema; e a encostia, que é a união de duas plantas inteiras, de onde se mantém posteriormente os materiais interessantes para se constituir a copa e o sistema radicular (SILVA; RODRIGUES; SCARPARE FILHO, 2011).

A auxina, presente no tecido meristemático das gemas axilares, pode estimular a diferenciação vascular, ou seja, em contato com tecido não diferenciado do câmbio, pode estimular a formação de xilema e floema em regiões de ferimentos ou de tecido danificado (TAIZ e ZEIGER, 2013). Assim como esperado na enxertia, onde deve ocorrer uma regeneração vascular entre os tecidos do enxerto e do portaenxerto. O sucesso da enxertia pode variar de acordo com o método utilizado, combinações de copa e portaenxerto, variações de gênero e de espécie, em plantas de mesma família; época de realização; e idade do portaenxerto e do enxerto.

As mudas de pessegueiro podem ser obtidas pelos vários métodos de enxertia, como a garfagem e a borbulhia. O método mais utilizado é a borbulhia em placa, por apresentar bons resultados e economizar material propagativo. Esse procedimento consiste na obtenção do portaenxerto, seja por via sexuada ou assexuada, normalmente utilizando sementes a cultivar Okinawa. A semente do pessegueiro sofre processo de escarificação (quebra do caroço) e estratificação a

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frio, para se obter uniformidade e melhores resultados de germinação. Quando o portaenxerto tiver a espessura de um lápis (aproximadamente 8mm), de preferência na primavera ou final de verão, realiza-se o processo de enxertia (SILVA; RODRIGUES; SCARPARE FILHO, 2011).

Mayer, Pereira e Barbosa (2005), em trabalho de enxertia do pessegueiro ‘Aurora-1’ sobre os portaenxertos (com 3,2 cm de diâmetro) ‘Okinawa’ e os Clones de umezeiro 05, 15 e ‘Rigitano’, observaram diferença entre os portaenxertos avaliados, com médias superiores para o ‘Okinawa’ e Clone 05. Os Clones 15 e ‘Rigitano’ mostraram 51% e 71% de pegamento, respectivamente.

Pereira e Mayer (2005) avaliaram a enxertia de pessegueiro ‘Aurora-1’ utilizando os umezeiros Clone 15 e ‘Rigitano’, com diâmetro para a enxertia de 1,0cm, observaram que o pegamento foi de 84,5% para o ‘Rigitano’ e 86% para o Clone 15, que mostra grande potencial para a utilização da enxertia sobre os portaenxertos citados para a propagação do pessegueiro ‘Aurora-1’.

2.4.4. Estaquia

A estaquia é um processo de propagação de plantas com órgãos vegetativos inteiros ou fragmentados, de grande importância na produção de portaenxertos e mudas. Além do baixo custo, as mudas formadas a partir de estacas apresentam maior uniformidade devido a ausência de variabilidade genética que é comum na enxertia por influência do portaenxerto de “pé-franco”. No processo da estaquia ocorre a indução de raízes adventícias em segmentos (ramos, raízes ou folhas) destacados da planta mãe com pelo menos uma gema vegetativa, que em condições ideais geram uma nova planta, de onde é possível obter muitas plantas em um curto espaço de tempo (MURAYAMA, 1973; FACHINELLO; NATCHIGAL; KERSTEN, 1996; HARTMANN et al., 2011).

As estacas podem ser obtidas de órgãos aéreos ou subterrâneos, como folhas, ramos e raízes. O tipo de estaquia a ser escolhido dependerá da espécie que será propagada, a facilidade de enraizamento e da estrutura que será conduzido. Na estaquia de espécies frutíferas, o método mais utilizado é a estaquia de ramos com pelos menos uma gema. As estacas de ramos podem ser classificadas quanto a seu

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estádio vegetativo ou grau de lignificação, portanto podem ser herbáceas, semi-lenhosas ou semi-lenhosas (SILVA; RODRIGUES; SCARPARE FILHO, 2011).

As raízes formadas em estacas são adventícias, pois se originam na parte aérea, desempenhando um papel importante na propagação vegetativa de plantas. Formam-se nas proximidades dos tecidos vasculares e crescem entre os tecidos localizados próximos do ponto de origem. A rizogênese adventícia em estacas pode ser dividida em diferenciação celular, iniciação de células meristemáticas, diferenciação destes grupos de células meristemáticas em primórdios radiculares e crescimento das novas raízes. No processo de iniciação das raízes ocorre a formação do meristema radicular e o crescimento e alongamento radicular (JANICK, 1966; APEZZATO-DA-GLÓRIA e CARMELLO-GUERREIRO, 2006; HARTMANN et al., 2011).

As raízes adventícias em estacas podem ter sua formação no câmbio, um tecido meristemático secundário, que dá origem ao tecido vascular, localizado entre xilema e floema. O tecido meristemático tem divisões celulares contínuas, que no caso do meristema secundário (ou lateral), permite o crescimento lateral da planta, aumentando a circunferência do caule ou raiz. O enraizamento pode ocorrer a partir do tecido jovem do floema secundário e dos tecidos meristemáticos vasculares do câmbio. As células do tecido se desdiferenciam, se tornam meristemáticas, dividindo-se, formando grupos de células, que originarão os primórdios radiculares. O processo de divisão desenvolve um sistema vascular que se liga ao feixe vascular da estaca. A nova raiz emitida rompe o córtex e a epiderme, alcançando o ambiente externo (FERRI, 1997; APEZZATO-DA-GLÓRIA; CARMELLO-GUERREIRO, 2006; TAIZ e ZEIGER, 2013).

No processo de iniciação radicular é necessário um equilíbrio entre promotores e inibidores, obtido com balanço hormonal endógeno, especialmente entre auxinas, giberelinas e citocininas; ou aplicando reguladores de crescimento exogenamente, como AIB (ácido indolbutírico), elevando a concentração de auxina no tecido (PASQUAL et al., 2001).

As folhas presentes nas estacas auxiliam no transporte de substâncias promotoras de enraizamento promovendo a perda de água por transpiração além de fornecimento de carboidratos pela fotossíntese, energia requerida na divisão celular,

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por isso, a presença de folhas no enraizamento de estacas influencia no processo de formação radicular (TAIZ e ZEIGER, 2013).

A aplicação exógena de auxina pode promover a formação de raízes adventícias, que são raízes originadas em tecidos do caule ou folha, ou seja, não surgem no tecido radicular. As raízes surgem de células diferenciadas (desdiferenciação) que se dividem e se desenvolvem em meristema apical de raiz, assim como a formação de primórdios de raízes laterais (HARTMANN et al., 2011; TAIZ e ZEIGER, 2013).

O enraizamento pode ser afetado pela variabilidade genética, condição fisiológica da planta matriz, idade da planta, tipo de estaca, balanço hormonal, condições ambientais e substrato. Diversas técnicas são utilizadas para aumentar a formação de raízes adventícias em estacas, como a aplicação exógena de reguladores de crescimento, que varia de acordo com a concentração, espécie e estádio vegetativo da estaca. A dificuldade em formar raízes pode ser provocada pela presença de substâncias inibidoras da iniciação radicular ou pela falta de resposta do tecido na presença de auxina (JANICK, 1966; HARTMANN et al. 2011; TAIZ e ZEIGER, 2013).

Todos os reguladores de crescimento têm influência na iniciação radicular, como as auxinas, citocininas, giberelinas, etileno e ácido abscísico, entretanto a auxina tem o melhor e direto efeito na formação de raízes adventícias em estacas (HARTMANN et al., 2011).

As auxinas estão presentes naturalmente nas plantas, todavia, durante o enraizamento, pode ser necessária uma quantidade maior da substância. Para suprir essa necessidade é feito o uso de reguladores de crescimento como: ácido indolacético (AIA), ácido indolbutírico (AIB) e ácido naftalenoacético (ANA), sendo os dois últimos os mais utilizados para enraizamento de estacas caulinares, mas o AIB possui maior uso pela melhor estabilidade e menor fitotoxidez. As auxinas possuem ação na formação de raízes adventícias, ativação de células do câmbio e promoção do crescimento de plantas. A auxina é o principal regulador vegetal promotor de enraizamento de estacas, enquanto citocininas são usadas para estimular a formação de gemas adventícias. Os outros reguladores vegetais podem influenciar a

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organogênese, mas não o bastante para estabelecer o uso comercial na propagação por estaquia (HARTMANN et al., 2011; TAIZ e ZEIGER, 2013).

O estádio fisiológico da planta matriz é primordial para o sucesso na propagação vegetativa, principalmente em função da totipotência, pois toda célula possui informação genética necessária para originar um novo indivíduo idêntico ao que lhe deu origem ou uma nova estrutura especializada diferente de onde a célula está localizada, entretanto isso diminui com o avanço da ontogenia da planta. A formação de raízes adventícias ocorre pela desdiferenciação celular, que é a capacidade de células diferenciadas, previamente desenvolvidas, em iniciar divisões celulares e formar um novo ponto de crescimento meristemático (HARTMANN et al. 2011).

Para o processo de estaquia, recomenda-se a utilização de nebulização intermitente, mantendo uma película de água nas folhas, que tende a reduzir a temperatura do ar e a taxa de transpiração, além de mantê-las em locais com luminosidade mediana e temperatura entre 15 e 25ºC (ONO; RODRIGUES, 1996; HARTMANN et al., 2011).

O substrato sustenta as estacas durante o período de enraizamento, mantendo sua base úmida, escura e oxigenada. A escolha do substrato adequado varia de acordo com espécie, tipo de estaca, época, tipo de propagação, disponibilidade de água, custo e disponibilidade dos componentes. Os mais utilizados são: vermiculita, areia lavada, casca de arroz carbonizada, serragem de madeira e mistura de solos (HOFFMANN et al., 1996; HARTMANN et al., 2011).

Mayer, Pereira e Nachtigal (2001) avaliaram a estaquia dos quatro clones presentes na coleção da FCAV/UNESP de Jaboticabal, observando 83,13% de enraizamento para o ‘Rigitano’ e 93,75% para o Clone 15, sendo que o uso de 2.000 mg/L (91,88%) foi superior a 0 mg/L de AIB (78,13%).

O uso de AIB foi favorável na propagação por estaquia de portaenxertos de pessegueiro, avaliados por Mayer et al. (2014), que teve maior enraizamento com o aumento das concentrações de AIB, sendo superior em 6000 mg/L (46%) e não diferiu de 3000 mg/L (37,33%).

Mayer, Antunes e Pereira (2009) citam que é tecnicamente viável a propagação dos umezeiros ‘Rigitano’ e do ‘Clone 15’ por estacas herbáceas;

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observando que o ‘Clone 15’ apresenta maiores porcentagens de estacas enraizadas e aptas ao transplantio. Entretanto, o ‘Rigitano’ apresenta maior porcentagem de estacas com calo e raízes com maior comprimento. Entre as concentrações de AIB estudadas, concluíram que as doses de 3.000 e de 4.000 mg/L propiciaram os melhores resultados, no conjunto das variáveis avaliadas.

2.4.5. Juvenilidade

Os organismos multicelulares passam por uma série de estádios de desenvolvimento, incluindo as plantas superiores. Todavia enquanto nos animais as mudanças ocorrem no organismo inteiro, nas plantas ocorrem em uma única região dinâmica, o meristema apical do caule, que passa por três fases de desenvolvimento: fase juvenil, fase adulta vegetativa, fase adulta reprodutiva. A principal diferença entre a fase juvenil e adulta é a capacidade de formação de estruturas reprodutivas, no entanto a expressão reprodutiva da fase adulta depende de sinais específicos de desenvolvimento e fatores ambientais (TAIZ e ZEIGER, 2013).

A fase juvenil da planta começa com a germinação da semente que, gradualmente, sofre mudanças nas características morfológicas, anatômicas, fisiológicas e bioquímicas das plantas. A mudança do estádio juvenil a adulto se define como ontogenético, pelas mudanças no meristema apical à medida que a planta cresce, sem alterar a informação genética da célula. Com o avanço da idade da planta, as células somáticas (vegetativas) passam por mudança ontogenética, no meristema apical, em diferentes partes da planta e em períodos distintos de desenvolvimento. Os pontos de crescimento de diferentes partes da planta em que ocorre as mudanças podem diferir consideravelmente em sua idade ontogenética, por isso, uma parte da planta pode estar em fase juvenil e outra parte em fase adulta (HARTMANN et al., 2011).

Não existem indicativos generalizados para todas as espécies que proporcionem afirmar se o material é juvenil ou adulto, embora exista evidência de que a transição entre as fases de desenvolvimento seja geneticamente regulada. A transição de juvenil para adulto é acompanhada por mudanças nas características

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vegetais como morfologia, quantidade de espinhos, capacidade de enraizamento e retenção das folhas em espécies decíduas. Muitas plantas lenhosas perenes não florescem até atingirem o estádio de maturidade, então são consideradas juvenis. Os estádios juvenil e adulto podem apresentar formas foliares diferentes. O maracujazeiro, por exemplo, apresenta modificação morfológica como indicativo de mudança de fase, onde a folha passa de lobada para trilobada (RUGGIERO e OLIVEIRA, 1998; TAIZ e ZEIGER, 2013).

Algumas espécies apresentam as fases juvenil, intermediária e adulta, na parte aérea da planta, simultaneamente. Os tecidos mais juvenis estão localizados na base do caule, próximo ao solo, e a sequência cronológica das três fases de desenvolvimento (juvenil, adulta vegetativa e adulta reprodutiva) resulta no gradiente espacial ao longo do eixo do caule e do ramo até o ápice, denominado cone de juvenilidade. Os tecidos e os órgãos juvenis, formados primeiro, localizam-se na base copa, devido ao crescimento em altura estar restrito ao meristema apical. Espécies lenhosas possuem a fase juvenil mais prolongada, em alguns casos de 30 a 40 anos, onde as estruturas juvenis compõem uma parte expressiva da planta (TAIZ & ZEIGER, 2013).

A relação entre o estádio de desenvolvimento da planta e do ramo forma o conceito de juvenilidade, sendo uma importante característica fisiológica a capacidade de iniciar prontamente raízes adventícias. A juvenilidade é um dos fatores importantes na propagação vegetativa, visto que há influência desse fenômeno sobre a propagação assexuada. A idade de uma planta propagada vegetativamente é dependente da idade ontogenética da planta matriz da qual o propágulo foi retirado, ou seja, se o propágulo for extraído de uma parte juvenil da planta, a nova planta deverá, inicialmente, expressar a fase juvenil. No processo de propagação por estaquia, as estacas retiradas durante a fase juvenil ou de parte da planta em estado juvenil, possui maior potencial de enraizamento que aquelas retiradas de ramos adultos (JANICK, 1966; BHUSAL; MIZUTANI; RUTTO, 2003; KIBBLER; JOHNSTON; WILIANS, 2004; HARTMANN et al., 2011).

O sucesso de enraizamento entre materiais de partes juvenis e adultas pode determinar a mudança de fase e a co-existência dos estádios juvenil e adulto numa mesma planta. Essa diferença pode estar associada à maior presença de inibidores

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(citocininas, ácido abcísico e giberelinas) em ramos adultos em detrimento de promotores (auxinas, etileno e carboidratos) em ramos juvenis (KIBBLER et al., 2004).

É possível induzir um estádio juvenil em plantas adultas de difícil enraizamento, utilizando-se de uma poda de rejuvenescimento. As estacas retiradas das partes juvenis, nas novas brotações, podem enraizar com maior facilidade, enquanto as estacas das partes maduras da mesma planta tem maior dificuldade em formar raízes adventícias (KESTER, 1976; HARTMANN et al., 2011).

Bhusal, Mizutani e Rutto (2003), estudando a influência da juvenilidade no enraizamento de estacas de Poncirus trifoliata, verificaram que o percentual de raízes em estacas juvenis foi superior às adultas, com média de 76,7% nas estacas juvenis.

Sabião (2009), avaliando a propagação do sapotizeiro de diferentes idades, observou que o enraizamento de estacas foi melhor nas estacas retiradas de plantas de um e dois anos de idade, superiores a planta adulta, e que a enxertia em plantas de um ano de idade foi melhor que em plantas de dois anos de idade, sendo ambos os métodos influenciados pela juvenilidade.

2.4.6. Enxertia de Mesa

A enxertia de mesa é uma técnica alternativa de multiplicação de plantas, mais difundida na cultura da videira, utilizada nos principais países de expressão vitícola mundial e começou a ser desenvolvida na Europa nos anos 40. No Brasil, estudos com a técnica se iniciaram nos anos 90, mas a produção desenvolveu-se comercialmente a partir dos anos 2000 (CORDEAU, 1998; HUGLIN; SCHNEIDER, 1998; SOUZA, 1999; REGINA, 2002).

Para o sucesso na produção de mudas por enxertia de mesa são fundamentais o emprego de auxinas, o potencial de enraizamento e a compatibilidade entre copa e portaenxerto, atuando decisivamente tanto na cicatrização dos enxertos como na indução da emissão de raízes. As auxinas interferem no processo de multiplicação, tanto por sua ação na rizogênese quanto na formação de calos na região de enxertia (CORDEAU, 1998; REGINA et al., 1998;

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NORBERTO et al., 2001; KELEN; OZKAN, 2003; KÖSE; GÜLERYÜZ, 2006; ALONI et al., 2010).

A enxertia de mesa, por se tratar de técnica de emprego recente no Brasil e por falta de indicações de pesquisa para as nossas condições, tem sido feita baseada nas práticas dos países europeus, com aplicação de auxinas para a indução do enraizamento das mudas, (REGINA; DE SOUZA; DIAS, 2012). Estudos de enxertia de mesa em pessegueiro são escassos, principalmente pela falta de estudos de enraizamento e benefícios dos portaenxertos propagados vegetativamente.

A técnica de enxertia de mesa em videira é mais difundida, assim como citam Regina (2002); Regina, Souza e Dias (2012), em trabalhos conduzidos na França e no Brasil, mostrando que a produção de mudas de videira passa por processos de estratificação, utilizando material lenhoso, parafina enriquecida com AIB para união da enxertia e AIB em maiores concentrações para o enraizamento do portaenxerto. A auxina presente na parafina proporciona uma soldadura superior a 90%. Entretanto a auxina aplicada no portaenxerto não mostrou eficiência no enraizamento. O sucesso do método de propagação por enxertia de mesa mostra ser eficaz, com médias acima de 50% de sucesso no pegamento das mudas.

A enxertia de mesa foi testada por Silva, Mayer e Ueno (2014), que avaliaram quatro portaenxertos de umezeiro na propagação do pessegueiro ‘Maciel’, obtendo resultados satisfatórios de enraizamento dos portaenxertos, mas baixas porcentagens de pegamento, com destaque para a cultivar Rigitano que mostrou 69% de enraizamento e 24% de pegamento com o pessegueiro ‘Maciel’.

Em avaliação da enxertia e estaquia simultâneas do portaenxerto ‘Flordaguard’ e duas cultivares copas de pessegueiro, Gill et al. (2014) observaram que as plantas de pêssego podem ser propagadas através da enxertia simultânea, enraizando as estacas de ‘Floraguard’ na imersão em 2.000 ppm de AIB por 2 minutos, com médias próximas a 20% de enxertos brotados para as cultivares avaliadas. A prática diminuiu o período da propagação e produção de mudas em um ano.

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2.5. Microscopia Eletrônica de Varredura

A Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) possibilita a visualização externa de espécimes, com uma ampliação óptica muito mais ampla, mais detalhada do que os microscópios ópticos comuns, sendo as imagens fixadas em eletromicrografias. Esta técnica permite a visualização e estudo de detalhes em estruturas de diferentes materiais (animal, vegetal, mineral e sintético), sendo utilizada em diversos trabalhos.

A fim de observar a região de soldadura em enxertia de estacas herbáceas de videira, Rezende (2000) realizou cortes transversais e longitudinais na região de união dos enxertos e concluiu que a MEV é uma eficiente ferramenta para a visualização externa dos tecidos. A utilização do método possibilitou avaliar o motivo do baixo índice de pegamento dos enxertos.

A MEV foi utilizada por Almeida (2001) para estudo da rizogênese em estacas de crisântemo de corte. Através de cortes transversais e longitudinais na base das estacas, foi possível visualizar, a partir do terceiro dia de enraizamento, a formação de calo e a partir do quarto dia, a emissão do primórdio radicular.

Scaloppi (2003) realizou cortes transversais e longitudinais na base das estacas de quatro espécies de Annonaceae, observando pelo método de MEV que não há impedimento físico que justificasse o baixo enraizamento das espécies de Rollinia avaliadas, portanto, o método foi eficiente para a observação anatômica de estruturas e modificações da rizogênese.

Nogueira Filho et al. (2010) estudaram, através da MEV, a enxertia hipocotiledonar do maracujazeiro-amarelo sobre dois portaenxertos, para verificar o tempo decorrido na cicatrização entre o enxerto e o portaenxerto. Constataram, pelo método que, aos seis dias após a enxertia, havia ocorrido a soldadura do portaenxerto Passiflora alata e aos nove dias para P. edulis. Concluíram que a aclimatação das mudas poderia ser feita aos nove dias, quando já havia completa formação de calo na região de enxertia.

A MEV pode ser usada em diversos trabalhos para estudo histológico em plantas, desde detalhamento de parasitismo de nematoides em raízes (SANTOS, 1994; MAIA e SANTOS, 1997; MARTINELLI; SANTOS, 2010), até avaliação da

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estrutura de tecido de frutas após danos mecânicos (SANCHES; DURIGAN; SANTOS, 2007).

3. MATERIAIS E MÉTODOS 3.1. Propagação

O presente trabalho foi conduzido no Ripado de Fruticultura da FCAV-UNESP, Câmpus de Jaboticabal, durante os meses de Janeiro a Julho de 2015, dividido em dois experimentos de acordo com o estádio de vegetação (antes e depois poda de rejuvenescimento) da planta matriz de umezeiro (Prunus mume Sieb. et Zucc.).

O primeiro experimento teve início em Janeiro de 2015, quando se realizou dois métodos propagativos: estaquia simples do umezeiro e enxertia de mesa do pessegueiro ‘Aurora-1’ sobre estacas não enraizadas de umezeiro, tendo simultaneamente o enraizamento e a união da enxertia. Coletou-se material vegetativo de dois clones de umezeiro (‘Rigitano’ e Clone 15) de 20 anos de idade, escolhendo ramos herbáceos, completamente verdes, com até 30 cm de comprimento, de onde foram cortadas estacas de 15cm de comprimento.

A partir disso, foi instalado um experimento de estaquia simples com 4 repetições de 15 estacas por parcela e os tratamentos foram a imersão rápida, por cinco segundos, nas concentrações de 0; 1.000; 3.000 e 5.000 mg/L de Ácido Indolbutírico (AIB).

A enxertia de mesa, simplificadamente, consistiu em utilizar dois métodos (enxertia e estaquia) concomitantemente, adotando as práticas já conhecidas destes métodos, para que ocorra simultaneamente o processo de cicatrização do enxerto e enraizamento do portaenxerto. No experimento de enxertia de mesa adotou-se como portaenxertos estacas não enraizadas, confeccionadas da mesma forma da estaquia simples citada anteriormente, com os mesmos tratamentos de AIB, utilizando o método de enxertia por garfagem em fenda cheia, garfos de pessegueiro ‘Aurora-1’, coletados de plantas produtivas de 15 anos de idade em pleno estádio vegetativo, de pomar comercial, localizado na Fazenda Santa Alzira, da empresa Val Alimentos em Vista Alegre do Alto-SP. Os garfos de pessegueiro foram cortados com 4 a 6

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gemas, retiradas as folhas, enxertados sobre as estacas e cobertos com fita biodegradável.

Tanto o experimento de estaquia, como o de enxertia de mesa foram dispostos em caixa com vermiculita expandida, acondicionados sob nebulização intermitente e avaliados após 60 dias da instalação.

Logo após a instalação do primeiro experimento descrito, foi realizada uma poda de rejuvenescimento nas plantas de umezeiro (em fevereiro de 2015), na altura próxima a 1,60m, a fim de estimular novas brotações, que, após 60 dias (especificamente no mês de abril de 2015), quando os novos ramos estavam com aproximadamente 30 cm de comprimento, foram utilizados para o segundo experimento, com os mesmos tratamentos anteriores de estaquia simples e enxertia de mesa, ou seja, as plantas de ‘Rigitano’ e Clone 15, as concentrações de 0; 1.000; 3.000 e 5.000 mg/L de AIB e os garfos de ‘Aurora-1’ para realização da enxertia simultânea.

O delineamento experimental utilizado para cada experimento [planta sem poda (Experimento 1) e planta após a poda de rejuvenescimento (Experimento 2)] foi o inteiramente casualizado em esquema fatorial 2x2x4, com dois métodos de propagação (Estaquia e Enxertia de mesa), dois clones de umezeiro (‘Rigitano’ e Clone 15), quatro concentrações de AIB (0; 1.000; 3.000 e 5.000 mg/L), em quatro repetições de 15 estacas por parcela.

Avaliações periódicas foram realizadas em ambos os experimentos, a cada 15 dias, em 5 estacas por parcela, para observar durante o período de 60 dias a evolução das seguintes variáveis: porcentagem de sobrevivência das estacas, porcentagem de estacas com folhas, porcentagem de enraizamento, número médio de raízes por estaca, comprimento médio de raízes por estaca, porcentagem de enxertos vivos e porcentagem de enxertos vivos com estacas enraizadas.

Ao término dos 60 dias de instalação do experimento foram avaliados: porcentagem de sobrevivência das estacas, porcentagem de estacas com folhas, porcentagem de estacas enraizadas, porcentagem de estacas com calos, número médio de raízes, comprimento médio de raízes e porcentagem de enxertos vivos e porcentagem de enxertos vivos com estacas enraizadas. Todos os dados de porcentagem foram transformados pela equação de arcsen√ ⁄ . Os dados foram

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submetidos à análise de variância pelo teste F e as médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

3.2. Estudos histológicos pela Microscopia Eletrônica de Varredura

Foram realizados estudos histológicos nas estacas em período avançado de enraizamento (60 dias após a instalação do experimento), para determinação do tecido da origem radicular, de possíveis impedimentos físicos para as raízes, da formação de calos na base da estaca e da cicatrização na região de enxertia. Para realização da histologia foram feitos cortes longitudinais e transversais nas estacas, em estádio final de enraizamento, e na região de soldadura da enxertia em estacas com enxertos brotados (ambos com 60 dias após a instalação), segundo protocolo de Santos (1994).

O material coletado foi colocado para fixação e armazenagem em solução resfriada de glutaraldeído a 3%, em tampão de fosfato de potássio a 0,05 M e pH 7,4. Seguidamente foi identificado e acondicionado em refrigerador à temperatura aproximada de 10°C. Em seguida, as amostras foram lavadas em água destilada, levadas à capela de exaustão para pós-fixação em tetróxido de ósmio a 2%, no mesmo tampão de fosfato de potássio a 0,05 M e pH 7,4, por 12 horas. Posteriormente, foram novamente lavadas em água destilada, desidratadas em uma série gradual de álcool etílico 50; 70; 80; 90 e 100% (por três vezes nesta última), imersas por 20 minutos cada e secas em secador de ponto crítico, utilizando-se de CO2 líquido. Os cortes foram montados e fixados utilizando-se uma fita adesiva de

dupla face, sobre portaespécimes metálicos (“stubers”) de aproximadamente 10 mm de diâmetro, por 10 mm de altura, com a face de interesse voltada para cima; em seguida foram metalizados com aproximadamente 35 nm de ouro-paládio por 140 segundos. As amostras foram observadas e eletromicrografadas em microscópio eletrônico de varredura JEOL JSM 5410, operado em 15 kV.

Referências

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