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DEJETO BOVINO COMO FORMA DE ADUBAÇÃO EM AZEVÉM DE DUPLO PROPÓSITO E SUA INFLUENCIA NA QUALIDADE E PRODUÇÃO DE SEMENTES

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Academic year: 2021

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DEJETO BOVINO COMO FORMA DE ADUBAÇÃO EM AZEVÉM DE DUPLO

PROPÓSITO E SUA INFLUENCIA NA QUALIDADE E PRODUÇÃO DE

SEMENTES

MARQUES, Anderson Cesar Ramos¹; LONDERO, Guilherme Pilar²; KROLOW,

Rodrigo Holz

3

; NUNES, Ubirajara Russi

4

1

Pós graduação em Agrobiologia (UFSM), Santa Maria, RS, Brasil 2

Pós graduação em Agronomia (UFSM), Santa Maria, RS, Brasil 3

Dr. Prof. em Zootecnia da Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA), Itaqui, RS, Brasil 4

Dr. Prof. em Fitotecnia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa Maria, RS, Brasil E-mail: acrmarques@hotmail.com.br; guilhermelondero@msn.com; rodrigokrolow@unipampa. edu. br;

russinunes@yahoo.com.br

RESUMO

Este estudo teve como objetivo avaliar o efeito do dejeto bovino como forma de adubação em plantas de azevém e sua influência sobre a qualidade e produção de sementes. A cultura testada foi o azevém, submetida aos tratamentos: Testemunha; Adubação mineral; Adubação organomineral; Dejeto Bovino, em blocos ao acaso. Colhidas e classificadas em soprador de fluxo de ar, as sementes foram germinadas e avaliadas quanto ao comprimento de epicótilo e raiz, massa seca e verde. O comprimento de raiz, epicótilo, massa seca de plântula e peso de massa verde não apresentaram diferença estatística. A ausência de diferença para as quatro variáveis pode ser atribuída a classificação das sementes, separadas através de fluxo de ar, padronizando as sementes conforme um peso mínimo, apresentando características similares. Conclui-se que, a produtividade e a qualidade das sementes de azevém de plantas submetidas a adubação orgânica e cortes são de boa qualidade.

Palavras-chave: Fertilizante orgânico; Pastagem; Qualidade de semente.

1. INTRODUÇÃO

A forma de exploração pecuária vem aumentando as áreas degradadas de pastagem ou em processo de degradação. O esgotamento da fertilidade do solo, em consequência da ausência de adubação, tem sido apontado como uma das principais causas da degradação de pastagens cultivadas. Devido ao custo dos fertilizantes químicos, não é realizada a adubação das pastagens conforme a recomendação, ou em alguns casos, essa prática nem chega a ser efetuada, uma alternativa de adubação é a utilização de resíduos orgânicos tais como os dejetos líquidos, como forma de aporte nutricional.

Os dejetos gerados pelos animais nos sistemas de produção podem ser utilizados de varias formas, seu uso como fertilizante, por exemplo, pode melhorar as condições físicas, químicas e biológicas do solo, além de fornecer nutrientes essenciais às plantas. O seu

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emprego como uma forma de adubação proporciona o retorno dos nutrientes para o sistema de produção, de onde estes em são extraídos, tanto pela produção de grãos consumidos na forma de rações, como pelo consumo de forragem. No estado do Rio grande do Sul (RS), o uso de pastagens como forma de fornecer um alimento adequado, é amplamente difundido, e principalmente utilizada em épocas de inverno, quando as pastagens nativas apresentam baixa qualidade e quantidade de forragem.

Entre as espécies invernais utilizadas na formação das pastagens, destaca-se o azevém (Lolium multiflorum Lam.), uma gramínea anual de grande produção de forragem, boa capacidade de rebrote, alta resistência ao pastejo e aos excessos de umidade. Possui a característica de ressemear facilmente, com baixa incidência de pragas e doenças. As características de rusticidade do azevém, como boa produção de forragem em solos de baixa fertilidade e facilidade de ressemeadura, propiciam com que esta espécie seja utilizada em formas de manejo diferenciadas, como o manejo de duplo propósito, onde inicialmente as plantas têm por objetivo a alimentação animal, e posteriormente produção de sementes ao final do ciclo.

Segundo MEDEIROS e NABINGER (2001) a produção de sementes é normalmente obtida de áreas destinadas ao pastejo e posteriormente diferidas para a colheita de sementes, no entanto os rendimentos não são elevados e as sementes assim produzidas são, via de regra, de baixa qualidade fisiológica.

Em pastagens de azevém, os animais interferem na produtividade das sementes, pois ocorre a remoção das sementes formadas inicialmente, e dos afilhos produtivos através do pisoteio e do pastejo, ocasionando atraso na maturação das sementes bem como na quantidade destas. O aumento do número de cortes em genótipos de azevém acarreta um aumento da matéria seca acumulada, porém ocorre diminuição da qualidade bromatológica, além de prejudicar a produção de sementes. Com a finalidade de duplo propósito o recomendado seria a realização de até dois cortes (TONETTO, 2009).

Desta forma, o presente trabalho teve como objetivo verificar o efeito do dejeto bovino como forma de adubação em plantas de azevém sob regime de cortes, e sua influência sobre a qualidade e produção de sementes. Sendo avaliada, a massa seca e verde de parte aérea e raiz, comprimento de epicótilo e raiz, e rendimento de sementes de azevém.

3. METODOLOGIA

O experimento foi conduzido na Área Experimental da Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA), Campus Itaqui, Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul, o município possui altitude de 78 metros, com coordenadas 29° 07’ S e 56° 32’ W. A região apresenta

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clima do tipo Cfa, subtropical temperado segundo classificação de Köeppen, com as menores temperaturas ocorrendo no mês de julho, e as maiores em janeiro, sendo a temperatura média mínima anual de 14,4 ºC e máxima média anual de 25,2 ºC, e a média da precipitação anual de 1.395,8 mm (BURIOL et al., 2007). O solo da área é classificado como Plintossolo Háplico, apresentando os seguintes atributos químicos: argila = 18%, pH = 5,2; P = 3,6 mg/l; K = 26 mg/l; matéria orgânica = 1,6%; Al = 0,6 cmolc/l; Ca = 3,1 cmolc/l; Mg = 1,2 Cmolc/l; H + Al = 3,0 Cmolc/l; CTC = 7,4 Cmolc/l; saturação de bases = 59,3%; saturação de Al = 12,1%. Relações Ca/Mg = 2,58: Ca/K = 44,89: MG/K = 17,38. Micronutrientes S = 4,3 mg/l; Zn = 2,5 mg/l; Cu = 4,2 mg/l; B = 0,4 mg/l; Mn = 176 mg/l.

O delineamento experimental utilizado foi o de blocos ao acaso com quatro repetições, possuindo as parcelas área de 6 m² (3 x 2). A cultura utilizada no experimento foi o azevém, o qual foi submetido aos seguintes tratamentos: T1 – Testemunha, sem adubação (TEST); T2 - Adubo mineral (AM), 300 kg/ha de NPK na fórmula 10-15-20; T3 – Adubação organomineral (AOM), metade adubo mineral e metade dejeto líquido bovino, 150 kg/ha de NPK na fórmula 10-15-20 + 67.000 l/ha de dejeto; T4 – Adubação Orgânica (AO), 135.000 l/ha de dejeto liquido bovino. As recomendações de adubação, tanto mineral como a orgânica, foram realizadas seguindo as recomendações da Comissão de Química e Fertilidade do Solo (CQFS-RS/SC, 2004) com base na análise de solo, onde a recomendação da quantidade de dejeto a ser aplicado utilizou metodologia com base na densidade deste.

O dejeto líquido bovino utilizado foi oriundo de uma propriedade de produção leiteira familiar, onde predominam vacas da raça holandesa, criadas em pastagens e suplementadas com ração. A recomendação da adubação orgânica foi realizada no local, no momento da aplicação dos tratamentos, pois a leitura de densidade deve apresentar o máximo de cuidado, para ser o mais preciso possível, esta apresentou um valor de 1,016 kg/m3, com teores de N = 1,16 kg/m3; P2O5 = 0,65 kg/m

3

e K2O = 1,09 kg/m 3

.

A semeadura ocorreu no dia 15 de maio e a colheita em 28 de outubro de 2010. Para a semeadura utilizou-se 40 kg/ha de sementes de azevém, os fertilizantes foram aplicados na superfície do solo antes da semeadura, e incorporados na mesma operação de incorporação das sementes de azevém. Foram realizados três cortes, como forma de simular o uso das plantas para alimentação animal, utilizou-se tesura de poda a 10 cm de altura do solo, o primeiro corte foi realizado 44 dias após a semeadura, o segundo corte 95 dias e o terceiro 133 dias após a implantação do experimento.

As plantas foram colhidas manualmente em que quadro de 0,25m², quando as espiguetas apresentaram tonalidade amarelo-dourada, estas foram levadas para o Laboratório de Análise de Sementes do Departamento de Fitotecnia da UNIPAMPA, as espigas foram secas à temperatura ambiente até o ponto de se fazer a degrana manual, e

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classificadas em soprador de fluxo de ar. Posteriormente realizou-se a pesagem das sementes para a obtenção do rendimento em Kg/ha.

As sementes foram postas para germinar em caixas de plástico tipo gerbox, sobre papel Germitest umedecido com quantidade de água destilada, com peso equivalente a duas vezes o peso do papel seco (BRASIL, 2009). As caixas foram envolvidas em sacos de polietileno transparente para se evitar a perda de água para o meio. Foram utilizadas quatro repetições de 50 sementes cada, totalizando 200 sementes, após germinadas avaliou-se. Comprimento de epicótilo e raiz: realizada após 14 dias de germinação, nas plântulas normais, com quatro repetições, medindo-se o comprimento da parte aérea e da raiz das plântulas, com régua graduada, obtendo-se o valor médio, expresso em centímetros (NAKAGAWA, et al., 2001).

Massa seca e verde de parte aérea e raiz: realizado juntamente com o teste de comprimento de plântulas consistiu na pesagem da massa verde em balança analítica de precisão de 0,0001g e da secagem das quatro repetições em estufa a 70°C por 24 horas. As plântulas foram pesadas em balança analítica de precisão de 0,0001g e o valor obtido pela média das repetições e expressos em mg/plântula-1.

Foi realizada análise de variância para verificar a ocorrência de diferenças entre os tratamentos, havendo diferenças foi realizado o Teste de Tukey a 5% de probabilidade através do programa ASSISTAT, versão 7.6 BETA.

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Com base nos dados de comprimento de raiz (CR) apresentados na Figura 1, observa-se a ausência de significância (P>0,05) entre os quatro tratamentos, com CR semelhantes, assim como os valores observados na variável comprimento de epicótilo (CE), com valores próximos.

Figura 1: Comprimento de raiz e comprimento de epicótilo avaliado em sementes de azevém

submetidas a cortes, em função dos tratamentos, Testemunha (TEST), Adubação mineral (AM), Adubação organomineral (AOM) e Adubação orgânica (AO). Itaqui – RS, 2010.

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Figura 2: Massa seca e massa verde de plântulas de azevém submetidas a cortes, em função dos

tratamentos, Testemunha (TEST), Adubação mineral (AM), Adubação organomineral (AOM) e Adubação orgânica (AO). Itaqui – RS, 2010.

Um adequado comprimento da raiz primária e do epicótilo são características extremamente importantes para o estabelecimento inicial das plantas, como as utilizadas na formação das pastagens. Um rápido e adequado crescimento inicial de raiz e parte aérea possibilitam um bom estabelecimento da pastagem, podendo assim proporcionar seu uso como fonte de alimento aos animais mais antecipadamente.

Os valores para peso de massa seca (PMS) de plântula variaram entre 0,023 a 0,026 g, não apresentando diferença estatística (P>0,05) entre os tratamentos, conforme observado na Figura 2. A variável peso de massa verde (PMV) não demonstrou significância (P>0,05) entre os quatro tratamentos, onde se pode observar uma correlação entre estas duas variáveis, pois os maiores PMV também apresentaram os valores mais elevados de PMS.

A ausência de diferença estatística para as quatro variáveis anteriores pode ser atribuída principalmente a forma de classificação das sementes, onde o tipo de maquina utilizada separa as sementes através de fluxo de ar, padronizando as sementes conforme um peso mínimo, ou seja independente do tratamento, as sementes apresentavam características similares.

A Figura 3 apresenta os valores de produção de sementes (PS) de azevém nos diferentes tratamentos, onde pode-se observar, que a resposta desta variável esta intimamente relacionada a presença ou não de alguma forma de fertilização. As respostas dos três tratamentos fertilizados se mostraram significativas (P<0,05), em relação à TEST, isto reforça que, para um sistema de duplo propósito em pastagem onde se deseja além da produção de forragem, se alcançar uma razoável produção de sementes o uso de uma

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adubação que venha a suprir as demandas nutricionais da cultura é um ponto chave que deve ser considerado como o grande responsável pela viabilidade desta prática.

A PS de azevém por parte dos tratamentos fertilizados foi em média 45% superior a TEST, evidenciando a importância que a adubação tem para a produção satisfatória de sementes desta gramínea. Estes valores estão próximos aos encontrados por MENTGES et al., (2008), onde em pastagem com até cinco cortes observou que o rendimento de sementes não foi prejudicado em relação a pastagens que sofreram menos cortes (dois, três e quatro cortes), obtendo valores de 1.000 a 1.600 kg/ha.

Figura 3: Rendimento de sementes de azevém submetidas a cortes, e em função dos tratamentos,

Testemunha (TEST), Adubação mineral (AM), Adubação organomineral (AOM) e Adubação orgânica (AO). Itaqui – RS, 2010.

Os valores de PS obtidos neste trabalho estão abaixo dos encontrados por MEDEIROS e NABINGER (2001), que obtiveram valores de até 3.800 kg/ha, em azevém sem cortes, em contra partida este tratamento produziu a menor quantidade de matéria seca (MS), ressaltam estes autores que o aumento da intensidade de cortes, aumentou a produção de MS, e diminuiu a de sementes, sob dois cortes a produção ficou próxima de 1.000 kg/ha, próximas as obtidas neste trabalho, que utilizou três cortes.

TONETTO (2009) avaliando o rendimento de sementes de cinco genótipos de azevém submetidos a diferentes números de cortes em Santa Maria, observou também uma redução na PS, onde os genótipos apresentaram uma resposta linear no rendimento de sementes em função do número de cortes, sendo que, a máxima produção de sementes ocorreu quando foi realizado apenas um corte, posteriormente ocorreu decréscimo na produção com o aumento do número de cortes devido principalmente a menor presença de afilhos férteis na pastagem, com a maior intensidade de cortes.

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Com base nos dados obtidos, e na literatura, observamos que a prática de cortes em azevém proporciona um aumento de MS produzida pela cultura, no entanto ocorre diminuição na produção de sementes, sendo importante o uso de um método adequado de separação destas, desta forma se estaria classificando sementes de boa qualidade.

5. CONCLUSÃO

A partir dos dados obtidos, conclui-se que, a produtividade e a qualidade das sementes de azevém oriundas de plantas submetidas tanto a adubação mineral como orgânica e cortes, podem ser consideradas de boa qualidade, sendo portanto, a prática viável.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Regras para análise de sementes. Brasília: MAPA/SDA /ACS, 2009. 399p.

BURIOL, G. A. et al. Clima e vegetação natural do Rio Grande do Sul segundo o diagrama climático de Walter e Lieth. Ciência Florestal, Santa Maria, v. 17, n. 2, p. 91-100, 2007.

CQFS – RS/SC. Manual de adubação e calagem para os Estados do Rio Grande do Sul e Santa

Catarina. Porto Alegre, 2004. 394p.

MEDEIROS, R. B.; NABINGER, C. Rendimento de sementes e forragem de azevém -anual em resposta a doses de nitrogênio e regimes de corte. Revista Brasileira de Sementes, Londrina, v. 23, n. 2, p. 245-254, 2001.

MENTGES, L. R. et al. Produtividade desementese fitomassa do genótipode azevém titán com manejo de cortes distintos. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ZOOTECNIA, 18., 2008. João Pessoa. Anais... João Pessoa: Associação Braisleira de Zootecnia, 2008. p. 1-3.

NAKAGAWA, J.; CAVARIANI, C.; BICUDO, S. J. Produção e qualidade de sementes de aveia-preta em função da adubação fosfatada e potássica. Revista Brasileira de Sementes, Londrina, v. 23, n. 1, p. 260-266, 2001.

TONETTO, C. J. Avaliação de genótipos de azevém diplóide e tetraplóide com manejos

distintos de cortes visando duplo propósito. 2009. 54 f. Tese (Doutorado em Agronomia) -

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