• Nenhum resultado encontrado

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE AGRONOMIA, MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA Programa de Pós-Graduação em Agricultura Tropical

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE AGRONOMIA, MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA Programa de Pós-Graduação em Agricultura Tropical"

Copied!
54
0
0

Texto

(1)

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE AGRONOMIA, MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA Programa de Pós-Graduação em Agricultura Tropical

CARACTERÍSTICAS ESTRUTURAIS E COMPOSIÇÃO BROMATOLÓGICA DO CAPIM MARANDU SUBMETIDO A DUAS

ALTURAS DE RESÍDUO

CLEVERTON MARCELINO DE ALMEIDA

CUIABÁ – MT 2013

(2)

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE AGRONOMIA, MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA Programa de Pós-Graduação em Agricultura Tropical

CARACTERÍSTICAS ESTRUTURAIS E COMPOSIÇÃO BROMATOLÓGICA DO CAPIM MARANDU SUBMETIDO A DUAS

ALTURAS DE RESÍDUO

CLEVERTON MARCELINO DE ALMEIDA Engenheiro Agrônomo

Orientador: Prof.º Dr. Luciano da Silva Cabral

CUIABÁ - MT 2013

Dissertação apresentada à Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade Federal de Mato Grosso, para obtenção do título de Mestre em Agricultura Tropical.

(3)

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE AGRONOMIA, MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA Programa de Pós-Graduação em Agricultura Tropical

CERTIFICADO DE APROVAÇÃO

Título: CARACTERÍSTICAS ESTRUTURAIS E COMPOSIÇÃO BROMATOLÓGICA DO CAPIM MARANDU SUBMETIDO A DUAS ALTURAS DE RESÍDUO

Autor: CLEVERTON MARCELINO DE ALMEIDA

Orientador: Luciano da Silva Cabral

Aprovado em

Comissão Examinadora

__________________________ ____________________________ Prof. Dr. Joadil Gonçalves de Abreu Prof. Dr. Dorival P. B. da Costa

(4)

Ofereço

A DEUS e a NOSSA SENHORA, que são a luz que me guia nos momentos difíceis e felizes da minha vida, esta graça recebida...

Dedico

Aos meus pais que sempre me ajudaram e me apoiaram em todos os momentos da minha vida

A minha esposa Gabrielle Taques, meu amor eterno A meus irmãos, legítimos companheiros

Ao meu orientador Luciano e ao Joadil, importantes elos de aprendizado e amizade...

(5)

AGRADECIMENTOS

A DEUS e a NOSSA SENHORA, pois tudo que tenho devo a eles.

Aos meus pais, esposa e irmãos que são as pessoas mais importantes da minha vida.

A Universidade Federal de Mato Grosso e a Programa de Pós-Graduação em Agricultura Tropical, por todos os recursos disponibilizados para conclusão desse Mestrado.

Ao CNPq, pelo incentivo financeiro nesses dois anos de curso.

Ao professor Luciano da Silva Cabral, por toda atenção, orientação, liberdade e apoio que me proporcionou durante esse período de curso

Ao professor Joadil, pela longa amizade que temos e pela ajuda material e intelectual

A todos os professores do DZER que me deram a oportunidade de contribuir para com o curso de Zootecnia e também pela amizade construída nesse período de quase dois anos.

Aos estagiários e aqueles que de uma certa forma participaram da execução desse projeto.

Ao Alício pelos materiais disponibilizados para execução do projeto e aos empregados que me ajudaram no trabalho a campo.

(6)

CARACTERÍSTICAS ESTRUTURAIS E COMPOSIÇÃO BROMATOLÓGICA DO CAPIM MARANDU SUBMETIDO A DUAS

ALTURAS DE RESÍDUO

RESUMO – Objetivou-se avaliar a influência de duas alturas de resíduo nas características estruturais e composição bromatológica da Brachiaria brizantha cv. Marandu. O experimento foi desenvolvido na Fazenda Experimental da Universidade Federal de Mato Grosso, em Santo Antônio de Leverger, entre os meses de abril-julho de 2012. Os tratamentos corresponderam a duas alturas de resíduo, com 7 repetições, totalizando 14 unidades experimentais no delineamento experimental inteiramente casualizado. Por sua vez, cada parcela tinha uma área de 8 m² (4 x 2 m). As variáveis analisadas foram: comprimento final da lâmina foliar verde (CFLV), Comprimento do pseudocolmo (CC), número de folhas vivas (NFV), massa seca de forragem total (MSFT), massa seca de lâminas foliares verdes (MSLV), massa seca de colmo verde (MSCV), porcentagem de lâminas foliares verdes na massa total (%LAM), porcentagem de colmo na massa seca total (%COL), relação lâmina foliar verde:colmo (LFV:C), matéria seca (MS), matéria mineral (MM), matéria orgânica (MO), proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente neutro indigestível (FDNi), fibra em detergente ácido (FDA), volume total de gás (mL) e taxa de digestão (h-1). Houve diferença significativa (P<0,01) entre as alturas de resíduo para as variáveis CFLV, CC, MSFT, MSLV, MSCV, PB, FDA, MM, MO e %LAM (P<0,05). A maior altura de resíduo proporcionou maior massa seca de forragem, devido ao maior comprimento das lâminas foliares e pseudocolmo. Em contrapartida, a menor altura conferiu maiores porcentagens de lâminas foliares verdes, garantindo maior renovação do dossel.

Palavras chaves: Brachiaria brizantha, gramíneas, massa de forragem, porcentagem de folhas e colmos.

(7)

STRUCTURAL CHARACTERISTICS AND COMPOSITION

BROMATOLOGICAL PALISADEGRASS SUBMITTED TO TWO HEIGHTS OF WASTE

ABSTRACT - This study aimed to evaluate the influence of two heights of residue in the structural and chemical composition of Brachiaria brizantha. Palisade. The experiment was conducted at the Experimental Farm of the Federal University of Mato Grosso , in Santo Antônio de Leverger between April to July 2012. The treatments consisted of two heights residue with 7 repetitions, totaling 14 experimental units in a randomized experimental design. In turn, each portion had an area of 8 m² (4 x 2 m). The variables analyzed were: final length of leaf blade (CFLV), length of the fakeculm (CC), number of leaves (NFV ), total forage dry matter (MSFT), dry weight of leaf blade (MSLV), mass dry green stalk (MSCV), percentage of green leaf blades in total (%LAM), stem percentage of total dry matter (%COL), relative leaf blade:stem (LFV:C), dry matter (MS), mineral matter (MM), organic matter (MO), crude protein (PB), neutral detergent fiber (FDN), neutral detergent fiber indigestible (FDNi), acid detergent fiber (FDA), total gas volume (mL) and digestion rate (h- 1). There were significant differences (P< 0,01) between the heights of waste for variables CFLV, CC, MSFT, MSLV, MSCV, PB, FDA, MM, MO and %LAM (P<0,05). The greater height of residue gave higher dry fodder, because of the greater length of the leaf blade and fakeculm. In contrast, the lower height gave higher percentages of leaf blade, ensuring greater sward renovation.

Keywords: Brachiaria brizantha, grasses, forage mass, percentage of leaves and stems.

(8)

LISTA DE TABELAS

Página 1. Temperatura média e pluviosidade mensal registradas de janeiro a julho de 2012 ... 21 2. Atributos físicos e químicos do solo da área experimental da UFMT em Santo Antônio de Leverger – MT ... 22 3. Massa seca de forragem total (MSFT), de lâmina foliar verde (MSLV), de colmo verde (MSCV), porcentagem de lâmina foliar verde (%LAM) e de colmo verde (%COL) na massa seca de forragem total do capim Marandu em duas alturas de resíduo ... 26 4. Comprimento final da lâmina foliar verde (CFLV), comprimento de pseudocolmo (CC), número de folhas vivas (NFV) e relação lâmina foliar verde:colmo do capim Marandu em duas alturas de resíduo ... 30 5. Correlações lineares de Pearson entre características estruturais do capim Marandu submetido a duas alturas de resíduo ... 33 6. Teores de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), matéria mineral (MM) e matéria orgânica (MO) do capim Marandu submetido a duas alturas de resíduo ... 35 7. Volume total de gás e taxa de digestão estimada para o capim Marandu em duas alturas de resíduo ... 40 8. Correlações lineares de Pearson entre características estruturais e bromatológicas do capim Marandu em duas alturas de resíduo ... 41

(9)

SUMÁRIO

Página

1 INTRODUÇÃO ... 09

2 REVISÃO DE LITERATURA ... 11

2.1 Brachiaria brizantha cv. Marandu ... 11

2.2 Intensidade de desfolha ... 12 2.3 Características estruturais ... 14 2.4 Composição bromatológica ... 18 3 MATERIAL E MÉTODOS ... 21 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ... 26 4.1 Características estruturais ... 26 4.2 Composição bromatológica ... 35 5 CONCLUSÕES ... 46 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 44

(10)

INTRODUÇÃO

A maioria das áreas de pastagens no bioma cerrado está degradada ou se encontra em algum estado de degradação, devido a formas de manejo ineficientes que não consideram as relações existentes na interface solo-planta-animal, as quais envolvem o entendimento das condições de pastejo e suas interferências no desempenho dos animais.

Nesse sentido, é de grande importância o conhecimento da dinâmica dos processos de crescimento e desenvolvimento das plantas que compõem a pastagem e suas respostas morfofisiológicas aos fatores interferentes, particularmente a intensidade de pastejo (Parsons et al., 1983). O conhecimento de como a intensidade de desfolha interfere nas características estruturais é fundamental para garantir a perenidade do pasto, haja vista que este fator depende da recuperação da área foliar após o pastejo, que por sua vez é determinada por características genotípicas aliadas ao ambiente e ao manejo (Gomide, 1997).

A manutenção de plantas baixas proporciona menor massa de forragem e reduzida massa de lâmina foliares verdes, o que limita a fotossíntese e o crescimento do dossel. Em contrapartida, plantas altas apresentam maiores taxas de senescência, alongamento de colmos e menor relação folha:colmo, caracterizando uma estrutura do pasto desfavorável ao consumo animal. Nesse sentido, Birchan e Hodgson (1983) verificaram que em pastos baixos a produção líquida é reduzida em virtude da menor produção de folha, enquanto que em pastos altos a produção líquida é diminuída devido à alta taxa de morte das folhas.

(11)

A manutenção de uma elevada quantidade de lâminas foliares é um dos principais objetivos do manejo do pasto, pois garante maior eficiência fotossintética à planta e, por consequência, a perenidade da mesma. Dos componentes da planta forrageira, a fração lâmina foliar verde apresenta o melhor valor nutritivo e representa mais de 80% da forragem consumida (Forbes e Hodgson, 1985), contribuindo para o aumento do desempenho animal.

O conhecimento da composição bromatológica, além das características estruturais, também é fundamental para as avaliações de plantas forrageiras (Gerdes et al., 2000), pois permite estimar o seu valor nutritivo. Das frações estudadas, a fração fibrosa e a protéica são as mais comumente analisadas, pois seus teores podem ser afetados por diversos fatores, entre eles, a espécie ou cultivar, a fertilidade do solo e a idade da planta (Van Soest, 1991). O estudo dos teores de proteína bruta (PB) e de fibra em detergente neutro (FDN) é fundamental na análise qualitativa de gramíneas e leguminosas, pois esses parâmetros podem influenciar direta ou indiretamente o consumo de matéria seca (MS) pelo animal (Van Soest, 1994).

Dessa maneira, objetivou-se avaliar a influência de duas alturas de resíduo sobre as características estruturais e composição bromatológica da Brachiaria brizantha cv. Marandu.

(12)

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Brachiaria brizantha cv. Marandu

O gênero Brachiaria inclui as principais gramíneas utilizadas para implantação de pastagens na região Central do Brasil. Este gênero ocupa aproximadamente 85% da área cultivada do Cerrado brasileiro (Macedo, 1995), totalizando quase 50 milhões hectares de pastagens (Euclides, 1995). Dentre as espécies do gênero Brachiaria, destaca-se o cultivar Marandu, que também é conhecido por outras denominações regionais como brizantão, brizantha, braquiarão, marandu e capim Marandu (Renvoize et al., 1998).

De acordo com Nunes et al. (1985), o capim Marandu é um ecotipo originário de regiões vulcânicas da África tropical que durante muitos anos vem sendo cultivado no Brasil, tem sido a sua introdução ocorrida na região do município de Ibirema-SP. Em 1977, a estação de Pesquisas em Pastagens de Marandela – Zimbabwe, na África, cedeu o germoplasma para o Centro Nacional de Pesquisa de Gado de Corte – CNPGC, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – EMBRAPA, onde passou a ser estudado sob o código de acesso BRA – 000591. No ano de 1979, o Centro de Pesquisa Agropecuária do Cerrado – CPAC, também da EMBRAPA, recebeu o germoplasma para estudo. No entanto, somente no ano de 1984 houve o lançamento oficial do cultivar, numa parceria entre CPAC e CNPGC, servindo como mais uma alternativa aos pecuaristas brasileiros (Nunes et al., 1985; Renvoize et al., 1998).

O capim Marandu apresenta as seguintes características: plantas robustas, hábito de crescimento sub-cespitoso, altura máxima de 1,5 a 2,5 m, colmos iniciais de crescimento prostrado, mas com emissão de perfilhos predominantemente eretos. Suas lâminas foliares são largas e longas, glabras na face superior, com pubescência na face inferior, e bordos não cortantes. As bainhas são pilosas, enquanto os entrenós apresentam pelo na porção apical (Nunes et al., 1985).

(13)

Adapta-se às condições de até 3000 m de altitude, precipitação anual ao redor de 700 mm e cerca de 5 meses de seca no inverno (Soares Filho, 1994). O cultivar é recomendado para áreas de média à boa fertilidade, embora tolere acidez no solo. A temperatura ótima para o seu desenvolvimento está entre 30 e 35°C. Apresenta reduzida tolerância ao sombreamento e a solos mal drenados, desenvolvendo-se abundantemente a sol pleno (Ghisi e Pedreira, 1987).

2.2 Intensidade de desfolhação

A intensidade de desfolhação indica a proporção de tecido vegetal removido pelo pastejo em relação ao disponível (Hodgson, 1990). Em gramíneas tropicais, a intensidade de desfolhação é afetada pela proporção de colmo, que representa uma restrição física sobre a intensidade de pastejo, uma vez que a lâmina foliar verde é a parte preferida para o consumo.

Toda alteração nas características morfológicas da planta forrageira é condicionada pela intensidade de desfolhação, a qual é submetida (Lemaire e Chapman, 1996). Portanto, incrementos na intensidade de desfolhação de um pasto resultarão em reduções do comprimento do pseudocolmo e do ângulo de perfilhos e folhas, implicando em um crescimento mais prostrado e em aumento da densidade populacional de perfilhos (Hodgson et al., 1981). Hodgson (1990) verificou que um pasto é rebaixado pelo pastejo de forma gradativa, ou seja, os animais primeiro removem as porções mais elevadas do dossel para, numa sequência de bocados seguintes, removem camadas inferiores. Portanto, um mesmo perfilho ou folha pode ser pastejado mais de uma vez ao longo de um ciclo de pastejo, dependendo do método de pastejo utilizado e da intensidade de desfolha.

A intensidade de desfolhação influencia diretamente as características estruturais da planta forrageira. Pastos de capim Marandu rebaixados (10-15 cm) mais severamente apresentam menor massa de forragem e reduzida massa de lâmina foliares, o que limita a fotossíntese e o crescimento do dossel (Pedreira et al., 2007), além de restringir o consumo pelos animais

(14)

em pastejo (Euclides, 1999). Em contrapartida, pastos desta mesma cultivar mantidos mais altos (> 40 cm) apresentam maiores taxas de senescência e alongamento de colmos, o que diminui a relação folha/colmo, bem como incrementa a massa de tecidos mortos, caracterizando uma estrutura desfavorável ao consumo e desempenho animal (Carvalho et al., 2001). Nesse sentido, Birchan e Hodgson (1983) concluíram que em pastos baixos a produção líquida é reduzida em virtude da menor produção de folhas sinteticamente ativas, enquanto que em pastos altos a produção líquida é diminuída devido à alta taxa de morte das folhas.

Alguns trabalhos foram e vêm sendo desenvolvidos no âmbito de encontrar uma intensidade de desfolhação de algumas gramíneas tropicais, como a Brachiaria brizantha cv. Marandu, onde o manejo do pastejo mais indicado seria com os pastejos realizados a 95% de interceptação luminosa do dossel, ou seja, quando a altura média do pasto fosse de aproximadamente 40 cm no pré-pastejo, e interrompidos quando o rebaixamento atingisse um resíduo de 15-20 cm (Trindade et al., 2007). Segundo Silva et al. (2008), para o capim Marandu, em regime de lotação contínua, os pastos podem ser mantidos entre 20 e 40 cm de altura.

Apesar de sua importância, a utilização da interceptação de luz pelo produtor rural é pouco viável economicamente. Assim, Carnevalli et al. (2006) e Barbosa et al. (2007) realizaram estudos pioneiros com os capins Mombaça (90 cm) e Tanzânia (70 cm), respectivamente, e encontraram uma alta relação entre o momento em que 95% da luz incidente é interceptada e a altura do dossel no pré-pastejo. Essa relação foi corroborada por Zanine (2007), Montagner (2007) e Zanine et al. (2011) em avaliações com capim Tanzânia e Mombaça, respectivamente, indicando que a altura é um parâmetro prático e eficiente, como ferramenta de manejo de desfolhação dessas plantas forrageiras. Esse critério possibilita a definição de metas adequadas de manejo, variáveis em função da espécie e/ou, cultivar, baseadas em alturas de entrada e saída dos animais, sob lotação rotacionada (Nascimento Júnior et al., 2010).

(15)

O manejo das plantas deve ser ajustado de forma correta para não permitir que a planta atinja estádios avançados de desenvolvimento com maior contribuição de colmo e material morto, afetando a estrutura do dossel (Bueno, 2003). Ou seja, há a necessidade de se ajustar a intensidade de pastejo, a fim de priorizar a produção de folhas no pasto (Zanine, 2007).

2.3 Características estruturais

O crescimento da planta forrageira depende da interceptação da radiação fotossinteticamente ativa (RFA) pelo dossel, da eficiência de uso da RFA interceptada e da partição de assimilados entre raiz e parte aérea. Desses processos, a interceptação da RFA é dependente do índice de área foliar do dossel, a qual é condicionada pelo balanço entre os processos morfogênicos e pelo arranjo estrutural deles decorrente, assim como pelo manejo do pasto (Dourado, 2009).

Na pastagem, as respostas tanto de plantas quanto de animais em pastejo são determinadas por variações em estrutura e condição (massa de forragem, valor nutritivo da forragem) do dossel forrageiro (Hodgson e Da Silva, 2002). As características estruturais do pasto determinam o grau de pastejo seletivo exercido pelos animais, assim como a eficiência segundo a qual a forragem é colhida pelos últimos, determinando assim a quantidade total de nutrientes ingeridos pelos animais (Stobbs, 1973a). A estrutura do dossel é extremamente importante, pois determina a acessibilidade e a facilidade de colheita de componentes, normalmente selecionados pelos animais em pastejo, e afeta, em última análise, a quantidade ingerida de nutrientes por esses (Stobbs, 1973).

Segundo Laca e Lemaire (2000), a estrutura do dossel forrageiro pode ser definida como sendo a distribuição e arranjo espacial dos componentes da parte aérea das plantas dentro de uma comunidade. Ela é resultado de uma série de características morfogênicas do dossel e de taxas de crescimento e desenvolvimento de tecidos e fluxo de nutrientes em ecossistemas de pastagens (Molan, 2004). As principais características

(16)

estruturais do pasto são: comprimento final da folha, número de folhas vivas por perfilho, etc.

O comprimento final da lâmina foliar é uma característica estrutural da planta que é determinada por duas características morfogênicas: taxa de aparecimento foliar (TapF) e a taxa de alongamento foliar (TAlF) (Lemaire e Chapman, 1996). O comprimento final da lâmina foliar é uma característica da planta forrageira que apresenta elevada plasticidade (dinamicidade) em resposta às variações na intensidade de desfolha, sendo considerada uma estratégia morfológica de escape da planta à herbivoria exercida pelos animais (Lemaire e Chapman, 1996). Portanto, devido a esse mecanismo de escape, ocorre a diminuição do comprimento das lâminas foliares em pastos submetidos à elevada intensidade e frequência de desfolha, tornando-o uma característica influenciável pelo manejo imposto (Grant et al., 1981).

Marcelino et al. (2006), avaliando o capim Marandu, submetido a estratégias de pastejo sob lotação rotacionada, observaram nos cortes a 20 cm, maiores comprimentos de lâminas foliares, quando comparados aos cortes de 10 cm.

O número de folhas vivas por perfilho (NFV) é uma constante genotípica (Davies, 1988), de tal forma que ao longo do ciclo de crescimento, para cada folha que senesce em um perfilho surge uma nova folha. Esse mecanismo existe em decorrência do tempo limitado de vida da folha, que é determinado por características genéticas e influenciado por condições climáticas e de manejo (Hodgson, 1990). Corsi et al. (1994) indicaram que o número médio de folhas por perfilho, no ponto de equilíbrio entre o aparecimento e senescência, é de 5 a 7 folhas em Brachiaria brizantha cv. Marandu.

As gramíneas tropicais, diferentemente das gramíneas de clima temperado, em particular aquelas de crescimento ereto, apresentam um componente de grande relevância e que pode interferir, de maneira significativa, na estrutura do pasto e no equilíbrio do processo de competição por luz, que é o alongamento de colmo (Sbrissia e Da Silva, 2001).

(17)

Peternelli (2003), em trabalho com capim Marandu, observou que o alongamento de colmos aumentou quando a intensidade de pastejo era mais baixa, alterando significativamente a estrutura do pasto por meio do acúmulo desse componente na massa de forragem. Os locais com plantas de maiores alturas no mesmo pasto geralmente possuem perfilhos com maior estádio de desenvolvimento e, por conseguinte, com maior comprimento do pseudocolmo. Assim, como o comprimento final da folha é afetado principalmente pelo comprimento do pseudocolmo (Gomide e Gomide, 1999), de forma que quanto maior o comprimento do pseudocolmo maior é o comprimento final da lâmina foliar (Casagrande et al., 2010).

Cândido et al. (2005), em estudos com capim Mombaça sob pastejo em lotação rotacionada, observaram que o prolongamento do período de descanso acarretou em maior altura e maior massa seca de forragem verde por ciclo de pastejo, porém com proporção crescente de colmos, levando a uma acentuada redução na relação lâmina foliar:colmo. Assim, embora o desenvolvimento de colmo favoreça o aumento da produção de matéria seca por ciclo de pastejo, há aspectos negativos e que devem ser levados em consideração, como o menor número de ciclos de pastejo ao longo do ano, menor aproveitamento e menor valor nutritivo da forragem produzida (Santos, 2002).

Dentre as características estruturais, a porção mais importante ao processo de rebrota da planta e para o consumo animal é a lâmina foliar verde. Dessa maneira, torna-se importante determinar a relação lâmina foliar verde:colmo e a porcentagem de lâmina foliar verde na massa total. Segundo Zanine et al. (2011), quanto maior for o percentual de lâminas foliares compondo a estrutura do pasto maior será o consumo e a conversão em produto de origem animal. Isso porque a dieta do animal em pastejo geralmente contém alta proporção de lâminas foliares e baixa proporção de colmos e de material morto (Hodgson, 1990). Nesse sentido, Euclides et al. (2009) sugeriram que a relação lâmina foliar:colmo dos pastos das cultivares Marandu, Piatã e Xaraés são mais importantes do que o valor nutritivo das forragens, como fator determinante do ganho de peso dos animais.

(18)

Com relação ao tipo de folha, as completamente expandidas (lígula visível) fazem fotossíntese com intensidade máxima e os assimilados por elas produzidos servem não apenas para a sua própria manutenção, mas também para atender às necessidades do meristema apical, sistema radicular e folhas em expansão. Por outro lado, as folhas em expansão (lígula não-visível) não disponibilizam assimilados para outras partes do perfilho, utilizando-os para o seu próprio desenvolvimento. Por essa razão são chamados folhas-dreno (Pedreira et al., 2001). De maneira geral, as folhas em expansão e expandidas respondem por, aproximadamente, 78% da fotossíntese do dossel, enquanto que as folhas velhas são responsáveis por 18% e as bainhas 4% (Parsons et al., 1983a).

Cerca de 90% do peso seco das plantas é constituído por compostos oriundos da fixação do CO2 atmosférico e sua transformação em carboidratos solúveis. Assim, a porção foliar da planta é de grande importância devido à sua participação na produção de fotoassimilados, os quais são utilizados como fonte de energia nos processos de síntese de tecidos, sendo distribuídos às diversas partes da planta (Pedreira et al., 2001), as quais são chamadas de dreno. Estes incluem órgãos não-fotossintéticos dos vegetais e aqueles não produtores de fotoassimilados suficientes para suas próprias necessidades de crescimento e reserva. As raízes, caules, frutos em desenvolvimento e as folhas imaturas, que devem importar carboidratos para seu desenvolvimento normal, são exemplos de tecido-dreno (Taiz e Zeiger, 2004).

Dessa forma, as práticas de manejo adotadas determinam uma resposta estrutural e morfológica da planta e condicionam estratégias de resistência das espécies à desfolhação e ao uso da luz disponível no ambiente. Alterações na arquitetura da planta e do dossel, provocadas pela desfolhação ou competição por luz, podem resultar em modificações no desenvolvimento, crescimento e morfogênese das plantas forrageiras que, por sua vez, resultam nos padrões de produção de forragem e desempenho animal (Silva et al., 2008).

(19)

2.4 Composição bromatológica

A qualidade de uma planta forrageira é representada pela associação da composição bromatológica, da digestibilidade e do consumo voluntário, entre outros fatores, da forragem em questão. Por isso, é de grande importância o conhecimento dos teores de proteína bruta, componentes fibrosos e matéria seca para compreender os efeitos que a forragem trará à nutrição do animal. Estes constituintes variam com a idade e parte da planta, fertilidade do solo, condições climáticas e manejo ao qual a gramínea é submetida (Gerdes, 2000).

A maioria das forrageiras tropicais apresenta elevada porcentagem de parede celular e baixo conteúdo celular (Prado, 2007) e, isto decorre da elevada taxa de crescimento proporcionado pelo clima tropical e via fotossintética, necessitando de maiores estruturas de sustentação. O conteúdo celular, representado pela fração solúvel em detergente neutro, possui elevado potencial de digestão no trato gastrintestinal dos animais ruminantes, próxima a 96%. A parede celular, constituída pela fração insolúvel, apresenta potencial de degradação mais baixo, sendo resistente ao ataque de enzimas do trato gastrintestinal de ruminantes (Silva e Queiroz, 2002).

A fibra em detergente neutro (FDN) é composta basicamente por celulose, lignina e hemicelulose, portanto elevados níveis desta fração contida na matéria seca, indicam maior espessamento da parede celular, principalmente a presença de tecidos com maior proporção de parede celular, e menores teores de nutrientes digestíveis como a proteína, lipídeos e carboidratos não fibrosos, dentre outros presentes no conteúdo celular. Em se tratando de produção animal, a FDN e a fibra em detergente ácido (FDA) são negativamente relacionadas com o consumo e a digestibilidade da forragem, daí a importância da sua determinação nos alimentos destinados aos ruminantes. A FDN relaciona-se diretamente ao efeito de enchimento do rúmen e inversamente à concentração energética da dieta de bovinos (Berchielli et al., 2006). Segundo Van Soest (1994), teores de FDN na dieta

(20)

superiores a 55-60%, na massa seca, correlacionam-se de forma negativa com o consumo de forragem. Por sua vez, Nussio et al. (1998) afirmaram que forragens com valores de FDA em torno de 40%, ou mais, apresentam baixo consumo e menor digestibilidade.

Esta relação negativa da FDN com o consumo e, consequentemente com a digestibilidade de forragens ou dietas, está associada ao fato da FDN apresentar lenta e incompleta digestão e, com isso, ocupar espaço nos compartimentos fermentativos dos animais ruminantes (Mertens, 1994).

Com relação à proteína bruta (PB), valores inferiores a 7% de PB na matéria seca da dieta causam redução na digestão das forragens devido a inadequados níveis de nitrogênio para os microorganismos do rúmen, diminuindo sua população e, conseqüentemente, redução da digestibilidade e da ingestão da massa (Van Soest, 1994). No que diz respeito ao capim Marandu, são descritos valores de PB de 8,9% a 18,6%; FDN de 57,9% a 72,7%, nas águas, os quais também são influenciados pela idade da planta ao corte (Soares Filho et al., 2002). Estas variações na composição bromatológica do capim Marandu são decorrentes de vários fatores, incluindo adubação, manejo, época do ano, etc. Com relação ao manejo de pastos de capim Marandu, tem sido observado que a intensidade e frequência de desfolha, por afetarem a estrutura do pasto, particularmente as proporções de lâminas foliares e colmos/material senescente, exercem pronunciado efeito sobre os teores de PB e FDN na forragem disponível e colhida pelo animal em pastejo.

O valor nutricional de um alimento está relacionado não somente à sua composição química, mas também ao nível de aproveitamento dos nutrientes. Nos ruminantes, a associação entre o animal e os microrganismos do rúmen permite a utilização indireta de carboidratos estruturais refratários à atuação das enzimas. Contudo, a fração do alimento ingerido que é absorvida depende da velocidade em que é fermentada no rúmen e do tempo que permanece susceptível ao ataque microbiano. Portanto, a fração efetivamente degradada é função das taxas de digestão e de passagem. Desse modo, a determinação da taxa e da extensão de

(21)

fermentação no rúmen, constituem parâmetros importantes nos estudos do valor nutritivo de forragens (Tomich et al., 2004).

Nesse sentido, Sampaio (1988) sugeriu que taxas de degradação inferiores a 2,0%/h indicariam alimentos de baixa qualidade, os quais necessitariam de longo tempo de permanência no rúmen para serem degradados. Em contrapartida, as dietas que proporcionam altas taxas de digestão reduzem a produção de gás, devido à disponibilidade completa, rápida e constante, fazendo com que o alimento não permaneça por tempo prolongado no rúmen (Cabral et al., 2002).

(22)

3 MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi desenvolvido na Fazenda Experimental da Universidade Federal de Mato Grosso, em Santo Antônio de Leverger, situado nas coordenadas geográficas de latitude 15° 04’ 36” Sul e longitude 56° 04’ 36” Oeste, com altitude de 141m. O clima da região é do tipo Cwa de Koepen, tropical, sazonal, com duas estações bem definidas, verão chuvoso (outubro a março) e inverno seco (abril a setembro). Os dados meteorológicos apresentados na Tabela 1 foram coletados na estação meteorológica, localizada na própria Fazenda Experimental, distante 1000m do experimento.

TABELA 1. Temperatura média e pluviosidade mensal registradas de janeiro a julho de 2012. Mês Temperatura média (°C) Pluviosidade (mm/mês) Janeiro 27,45 219,90 Fevereiro 28,05 139,60 Março 27,60 168,60 Abril 27,30 29,40 Maio 25,35 108,80 Junho 23,85 51,60 Julho 23,15 0,00

Fonte: Estação Meteorológica Padre Ricardo Remeter, Fazenda Experimental da UFMT. Santo Antônio de Leverger - MT.

O solo da área experimental é um latossolo amarelo eutrófico típico de textura arenosa (EMBRAPA, 1999). Antes do início do experimento foram retiradas 20 amostras de solo na camada de 0 a 20 cm, sendo

(23)

homogeneizadas em uma amostra composta e encaminhada ao laboratório para análises física e química (Tabela 2).

TABELA 2. Atributos físicos e químicos do solo da área experimental da UFMT em Santo Antônio de Leverger - MT.

pH P K Ca Mg Al H

água CaCl2 mg/dm³ cmolc/dm³

6,2 5,5 24,9 71 2,5 1,0 0,0 2,1

MO Areia Silte Argila SB CTC V m

g/dm³ g/kg cmolc/dm³ %

21,3 796 40 164 3,7 5,8 63,7 0

SB: soma de bases; T: capacidade de troca de cátions a pH 7,0; V: saturação por bases; m: saturação por alumínio; M.O.: matéria orgânica.

No mês de janeiro realizou-se a aplicação do herbicida 2,4-D + Picloram na proporção de 1,00 L do produto comercial/100L de água, para controle de algumas plantas daninhas de folhas largas. No mês de fevereiro, fez-se o corte de uniformização do pasto em toda área com o uso de roçadeira costal, sendo que, em seguida, aplicou-se à lanço 20kg/ha de nitrogênio e de óxido de potássio (K2O), no intuito de acelerar o crescimento da forrageira durante o período de chuvas.

No mês de abril, quando a forrageira alcançou 40 cm de altura, foi realizado o corte da mesma nas alturas pré-estabelecidas com a utilização de tesoura de poda e quadrado metálico de 0,25 m². Os tratamentos corresponderam a duas alturas de resíduo (20 e 35 cm), com 7 repetições, totalizando 14 unidades experimentais no delineamento experimental inteiramente casualizado. Por sua vez, cada parcela tinha uma área de 8 m² (4 x 2 m).

O experimento compreendeu três períodos de avaliação de 35 dias, sendo eles: abril-maio, maio-junho, junho-julho. No final de cada período, foram escolhidos dez perfilhos por unidade experimental, os quais representavam a condição média da parcela, e neles foram mensurados: o comprimento do pseudocolmo (cm), delimitado pelo nível do solo até a lígula da última folha completamente expandida; o comprimento das lâminas foliares verdes completamente expandidas (cm), medido da lígula até a

(24)

extremidade da lâmina foliar; número de folhas vivas, representado pelo número de folhas verdes por perfilho. As folhas foram classificadas como expandidas quando apresentavam a lígula visível, e vivas apenas quando estavam completamente expandidas. O comprimento final de lâminas foliares de cada parcela foi obtido através da soma do comprimento de todas as folhas surgidas (mensuradas com régua milimetrada durante cada ciclo de avaliação) sendo o resultado dividido pelo número de folhas do perfilho. O comprimento do pseudocolmo de cada unidade experimental foi determinado através da soma do comprimento de pseudocolmo de cada perfilho, sendo o resultado dividido pelo número de perfilhos. O número de folhas vivas foi obtido a partir da soma da quantidade de folhas verdes em cada perfilho, dividindo-se pelo número de perfilhos.

Em seguida, cortou-se a forragem rente ao solo com tesoura de poda, utilizando-se um quadrado metálico de 0,25m², em dois pontos representativos em cada parcela. Posteriormente, o material colhido foi colocado em sacos previamente identificados e encaminhados para laboratório, para a determinação da massa de forragem, teor de matéria seca e da composição morfológica dos perfilhos.

Após a pesagem das amostras provenientes de cada parcela, foram retiradas duas sub-amostras para quantificar a massa de forragem total e das quantidades percentuais de lâmina foliar e colmo. As amostras foram pesadas em balança semi-analítica e, em seguida, secas em estufa de circulação forçada de ar a 65°C por um período de 48h até peso constante. Os valores de massa de forragem e dos componentes morfológicos da forragem foram expressos em kg/ha de MS. A relação lâmina foliar/colmo foi obtida a partir da divisão da massa de forragem de lâmina foliar com a massa de forragem de colmo. Após a secagem, as amostras foram moídas, passadas em peneira de 1 mm e armazenadas em sacos de plástico.

Uma das sub-amostras da forragem foi destinada à determinação da composição bromatológica, junto ao Laboratório de Nutrição Animal da FAMEVZ/UFMT, onde foram determinados os teores de matéria seca (MS), matéria mineral (MM), matéria orgânica (MO), proteína bruta (PB), fibra em

(25)

detergente neutro (FDN) e fibra em detergente ácido (FDA), de acordo com Silva e Queiroz (2002).

A taxa de digestão da matéria seca das amostras do capim Marandu foi estimada pela técnica in vitro de produção de gases, conforme Pell e Schofield (1993), com algumas adaptações, as quais são descritas a seguir: as incubações foram realizadas em frascos de vidro cor âmbar com capacidade de 120 mL, onde foram pesados aproximadamente 230 mg da forragem. Aos frascos foram adicionados 8 mL de solução tampão de McDougal (McDougal, 1949), previamente reduzido com CO2 (pH 6,9-7,0), e 2 mL de inóculo, proveniente de um bovino fistulado no rúmen, filtrado em camada dupla de gaze sob aspersão de CO2. Imediatamente após, os frascos receberam tampa de borracha, lacre de alumínio e foram colocados em banho-maria a 39 ºC. As leituras de pressão (psi – pressão por polegada quadrada) foram realizadas por meio de um transdutor de pressão (Datalogger Pressure®) nos seguintes tempos: 2, 4, 6, 8, 10, 12, 24, 48, 72 e 96 horas.

A conversão de psi para mL foi feita a partir da equação de regressão (Y= a + bx) em que o coeficiente “b” da equação possibilitou a correção e transformação de pressão (psi) em volume de gás (mL) corrigido para a pressão barométrica do dia. Para isso, injetou-se volume conhecido de gás em frascos mantidos sob as mesmas condições das amostras incubadas. As pressões correspondentes aos volumes injetados foram medidas, e utilizadas para a obtenção da equação de regressão entre pressão e volume de gás.

A cinética da produção cumulativa dos gases foi analisada empregando-se o modelo logístico unicompartimental de Schofield et al. (1994): V(t) = Vf/(1+exp (2-4*c*(T-L))), no qual V(t) é o volume acumulado no tempo t; Vf, o volume final de gás; c (h-1), a taxa de degradação; L, a latência; e T, o tempo (h). Para realização dos ajustes, foi utilizado o processo iterativo do algoritmo de Marquadt, implantado no software Sistema de Análises Estatísticas e Genéticas - SAEG (UFV, 1993).

(26)

As análises dos dados experimentais foram realizadas usando o Sistema para Análises Estatísticas – SAEG, versão 5.0 (UFV, 1995). Foram realizadas análises de variância ao nível de até 5% de probabilidade, e correlações lineares de Pearson, sendo os valores testados pelo teste t ao nível de significância de 5% de probabilidade.

(27)

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1 Características estruturais

Com relação à massa seca de forragem total (MSFT), foi encontrada diferença significativa (P<0,01), sendo que o manejo do capim Marandu para manter altura de 35 cm de resíduo resultou em maior MSFT, em virtude do maior acúmulo de colmo e folhas verdes durante os períodos de avaliação (Tabela 3). Em condições de maior altura, as plantas tendem a desenvolver folhas mais longas e reduzir o perfilhamento (Nelson, 2000), no entanto os perfilhos produzidos são maiores e mais pesados, interferindo assim na MSFT.

TABELA 3. Massa seca de forragem total (MSFT), de lâmina foliar verde (MSLV), de colmo verde (MSCV), porcentagem de lâmina foliar verde (%LAM) e de colmo verde (%COL) na massa seca de forragem total do capim Marandu em duas alturas de resíduo.

Rezende et al. (2008), analisando a estrutura do capim Marandu em diferentes taxas de lotação, na seca, observaram que altas taxas de lotação proporcionaram desfolhas mais intensas e resultaram em menor

Altura de resíduo MSFT** MSLV** MSCV** LAM* COLns

kg/ha de MS (%)

20 cm 4286,79b 1842,56b 1281,56b 42,15ª 30,01ª 35 cm 8359,95ª 2637,87ª 2714,55ª 30,93b 33,84ª

CV % 16,56 21,32 23,84 19,40 12,69

* significativo ao nível de 5% de probabilidade pelo teste F. ** significativo ao nível de 1% de probabilidade pelo teste F. ns – não significativo.

(28)

MSFT. Por sua vez, Sbríssia (2004), trabalhando com o capim Marandu submetidos a alturas de pastejo (10, 20, 30 e 40 cm), sob lotação contínua, relatou que a contribuição do alongamento de colmos para o crescimento total foi mais elevado nos pastos mantidos mais altos, chegando a contribuir com 30% de massa de forragem no final da primavera.

Minson (1990), para gramíneas temperadas, preconizou valores de 2,0 t/ha de massa seca de forragem verde para que não ocorra redução na ingestão, em decorrência da diminuição do tamanho do bocado e aumento do tempo de pastejo, sendo os valores observados neste estudo bem superiores.

Neto (2009), trabalhando com o capim Marandu, também encontrou valores superiores para a massa de forragem na altura mais elevada, sendo de 6.781 e 4.571 kg/ha de MS, para os tratamentos com 45 e 25 cm de altura, respectivamente. Do mesmo modo, Barbosa et al. (2007) verificaram valores superiores de massa de forragem no tratamento de maior altura de resíduo (50 cm) em comparação ao de menor altura de resíduo (25 cm).

No que tange à massa seca de lâmina foliar verde (MSLV), houve diferença significativa (P<0,01), verificando-se valor superior à altura de resíduo de 35 cm (2637,87 kg/ha). Esse resultado deve-se ao fato do maior comprimento da lâmina foliar na maior altura de resíduo, o qual contribuiu para a massa total. Euclides et al. (2008), analisando cultivares da Brachiaria brizantha, nas águas e na seca, observaram médias de 1530 e 720 kg/ha para o cultivar Marandu. Por sua vez, Zanine et al. (2011), verificaram que acúmulo de lâmina foliar ocorrido durante todo o período experimental foi maior (P<0,10) nos pastos manejados com 30 cm de altura pós-pastejo do que naqueles com 50 cm. Na primeira condição de manejo do pasto (menor altura), há menor altura de resíduo de pós-pastejo e eficiência de colheita da forragem pelos animais (Difante et al., 2009).

(29)

Em relação à massa seca de colmo verde (MSCV), também foi observada diferença significativa (P<0,01), sendo a maior altura de resíduo de 35 cm. Isto se deve ao maior acúmulo de colmo nesse tratamento, o que implicou em maior massa desse material nos períodos avaliados, observando média de 2714,55 kg/ha de MS. Neto (2009) também encontrou resultado superior para o capim Marandu na maior altura de resíduo (45 cm), com média de 3029 kg/ha.

Com relação à porcentagem de lâminas foliares verdes (%LAM) houve diferença significativa entre as alturas (P<0,05), sendo que as parcelas mantidas a menor altura de resíduo (20 cm) apresentaram 42,15% de lâminas foliares verdes, enquanto que as parcelas de maior altura de resíduo (35 cm) obtiveram 30,93%. Difante et al. (2009a), avaliando o capim Tanzânia com uma frequência de 95% de interceptação luminosa pelo dossel e duas intensidades de pastejo (25 e 50 cm pós-pastejo), nas águas, observaram porcentagens de folhas e colmos na altura de 25 cm de 61,7% e 13,4%, respectivamente, e 59,6% e 15,9% na altura de 50 cm. Ainda segundo os autores, ocorreu maior remoção da forragem e eficiência de pastejo no pasto manejado a 25 cm.

Por sua vez, Euclides et al. (2008), avaliando cultivares de Brachiaria brizantha, observaram que a porcentagem de folhas no período seco foi reduzida à metade em relação ao período das águas. A porcentagem de folhas foi menor no presente trabalho devido ao fato da baixa precipitação durante o período experimental, que foi em média de 47,45 mm mensal, sendo que no mês de julho não houve precipitação. A água dissipa o excesso de energia solar recebida pelas folhas e evita superaquecimento, degeneração e dessecação dos tecidos vegetais (Silva et al., 2008). Assim, o déficit hídrico no interior das plantas acabou acarretando maior quantidade de material morto e, por consequência, menor porcentagem de lâminas foliares verdes.

No que diz respeito à porcentagem de colmo (%COL), não houve diferenças significativas (P<0,05), podendo-se observar que os valores absolutos do pasto mantido a 35 cm foi de 33,84% contra 30,01% a 20 cm.

(30)

Rezende et al. (2008) observaram, no período seco, maiores MSCV nas menores taxas de lotação, devido a menor pressão de pastejo. Além disso, os autores observaram que nesse período houve aumento de 3% dessa variável em relação à MSFT e a MSLV. As forrageiras tropicais, quando estão a uma altura mais elevada, aumentam a competição por luz, reduzindo assim a quantidade e qualidade da luz que chega ao dossel. Assim, as plantas priorizam o alongamento de entrenós na tentativa de alocar suas folhas no topo do dossel (Hodgson e Da Silva, 2002), ao mesmo tempo em que os processos de senescência e morte de folhas e perfilhos acentuam-se em razão do sombreamento (Zanine e Santos, 2004).

Dessa maneira, a eficiência fotossintética é reduzida nas menores alturas de resíduo devido a menor quantidade lâminas foliares verdes. Segundo Parsons et al. (1983a), as folhas em expansão e expandidas respondem por, aproximadamente, 78% da fotossíntese do dossel, enquanto que as folhas velhas são responsáveis por 18%. Dessa forma, com maior quantidade de folhas remanescentes do pastejo (IAF remanescente alto ou altura residual elevada), o dossel utiliza em menor proporção suas reservas orgânicas tornando sua rebrotação mais rápida (Cutrim Júnior et al., 2011).

Houve diferença significativa em relação ao comprimento final da lâmina foliar verde (CFLV), comprimento de pseudocolmo (CC) e relação lâmina foliar verde:colmo (LFV:C). Entretanto, não ocorreu diferença significativa em relação ao número de folhas vivas (Tabela 4).

Observa-se que a utilização da maior altura de resíduo proporcionou maior CFLV em relação ao corte mais intenso (22,79 cm e 17,70 cm, respectivamente). O CFLV é uma característica vegetal plástica à intensidade de desfolha, sendo considerada uma estratégia morfológica de escape da planta ao pastejo (Lemaire e Chapman, 1996). Portanto, devido a esse mecanismo de escape, ocorre a diminuição do comprimento das lâminas em pastagens sujeitas a menor altura de resíduo de desfolha, tornando o CFLV uma característica influenciável pelo manejo imposto (Grant et al., 1981).

(31)

TABELA 4. Comprimento final da lâmina foliar verde (CFLV), comprimento de pseudocolmo (CC), número de folhas vivas (NFV) e relação lâmina foliar verde:colmo (LFV:C) do capim Marandu em duas alturas de resíduo.

Marcelino et al. (2006), trabalhando com capim Marandu em duas alturas de resíduo pós-pastejo, nas águas, encontraram maior comprimento de lâmina foliar na menor altura de resíduo de desfolha (20cm), sendo de 24,22 cm. O menor valor encontrado no presente experimento pode ser explicado pela menor precipitação pluviométrica nesse período, influenciando negativamente no processo de crescimento celular. Por sua vez, Lara e Pedreira (2011), trabalhando com capim Marandu em duas alturas de corte (7,5 cm e 15 cm), no verão e inverno, observaram maior comprimento final de folhas expandidas na altura de 15 cm. Além disso, verificaram maiores comprimentos na estação de verão. Santos et al. (2011), analisando a Brachiaria decumbens cv. Basilisk em quatro alturas (10, 20, 30 e 40cm), na época da águas, encontraram valores de 6,37 cm e 11,08 cm para as alturas de 10 cm e 40 cm, respectivamente.

O maior CFLV em plantas mais altas pode ser explicado pela maior altura dos perfilhos nesses locais do pasto. Em perfilhos maiores, as folhas mais novas precisam fazer maior percurso no pseudocolmo para se expor. Com isso, a distância percorrida pela folha desde o ponto de conexão com o meristema até a extremidade do pseudocolmo é maior, resultando no seu maior comprimento (Skinner e Nelson, 1995).

Altura de resíduo CFLV** CC** NFVns LFV:C**

(cm)

20 cm 17,70b 15,99 b 4,50 1,42ª

35 cm 22,79ª 31,16ª 4,49 1,00b

CV % 10,61 10,32 5,43 15,43

** significativo ao nível de 1% de probabilidade pelo teste de F. ns – não significativo ao nível de 5% de probabilidade pelo teste F.

(32)

O comprimento de pseudocolmo (CC) foi maior na altura de resíduo 35 cm, com média de 31,16 cm. Difante et al. (2011), avaliando o capim Marandu em duas alturas e três intervalos de corte, verificaram que no pasto manejado na menor altura (15 cm) o alongamento do colmo foi menor. Do mesmo modo, Lara e Pedreira (2011) observaram que os colmos das plantas cortadas a 15 cm do nível do solo foram cerca de 15% mais longos que os das plantas cortadas a 7,5 cm (10,1 e 8,6 cm, respectivamente).

Esses resultados podem ser explicados pelo aumento da competição por luz e, ainda, a planta prioriza a alocação de carbono no alongamento de entrenós, no intuito de posicionar a nova área foliar nas camadas menos sombreadas do dossel (Lemaire, 2001). Além disso, os locais com plantas de maiores alturas no mesmo pasto geralmente possuem perfilhos com maior estádio de desenvolvimento e, por conseguinte, com maior comprimento do pseudocolmo.

Assim, como o comprimento final da folha é afetado principalmente pelo comprimento do pseudocolmo (Gomide e Gomide, 1999), de forma que quanto maior o comprimento do pseudocolmo maior é o comprimento final da lâmina foliar (Casagrande et al., 2010), nas parcelas onde a intensidade foi menor, tanto o comprimento do pseudocolmo quanto o da lâmina foliar verde apresentaram valores superiores. Esse fato pode ser negativo do ponto de vista qualitativo, pois o crescimento do colmo constitui-se em característica desfavorável no sistema de produção em pasto, haja vista que representa barreira física ao consumo voluntário dos animais em pastejo, afetando a capacidade de apreensão de forragem (Hodgson, 1990).

O número de folhas vivas (NFV) não apresentou diferença nas duas alturas, sendo os valores médios de 4,9 e 5,0, para a maior e menor altura de resíduo, respectivamente. Difante et al. (2011), em capim Marandu, também não constataram efeito da altura sobre essa característica, encontrando valores médios de 5,2 (altura de 15 cm) e 4,7 (altura de 30 cm). Do mesmo modo, Gonçalves (2002), trabalhando com o capim Marandu em diferentes intensidades de pastejo, não verificou efeito de altura (10, 20, 30 e 40 cm) no número de folhas vivas por perfilho, constatando média de 4,5

(33)

folhas/perfilho. Em contrapartida, Cabral (2008), avaliando o capim Xaraés sob níveis crescentes de adubação nitrogenada, encontrou valores de NFV inferiores ao encontrados neste trabalho; 4,2 folhas por perfilho no período das águas e 3,88 ao longo do ano, média de todos os tratamentos.

Os dados encontrados neste trabalho foram semelhantes àqueles encontrados em outros experimentos, isso porque o NFV é constante para cada genótipo, isto é, quando uma folha senesce, surge uma nova folha no mesmo perfilho (Hodgson, 1990). No mesmo sentido, Corsi et al. (1994) indicaram que o número médio de folhas por perfilho, no ponto de equilíbrio entre o aparecimento e senescência, é de 5 a 7 folhas em Brachiaria brizantha cv. Marandu. Porém, segundo Lemaire e Chapman (1996), o número de folhas vivas pode variar com as condições de meio e manejo. Assim, é possível que as condições do experimento não foram suficientes para modificar essa variável em relação aos tratamentos.

A relação lâmina foliar verde:colmo apresentou os valores de 1,0 e 1,42 para a menor e menor altura de resíduo, respectivamente. Neto (2009), estudando o capim Marandu em diferentes intensidades e frequência de pastejo, identificaram valores acima de 1,0 para ambas as intensidades (10 e 15 cm). Flores et al. (2008) avaliando cultivares de Brachiaria brizantha, Marandu e Xaraés, mantidos em alturas diferentes sob lotação contínua, não encontraram diferenças quanto a relação lâmina foliar:colmo, registrando-se valores próximos de 1,0.

Essa característica é de grande importância no que diz respeito à produção animal e ao manejo de plantas forrageiras, haja vista que está diretamente associada com a captura da forragem pelos animais. Segundo Van Soest (1994), quanto menor a relação colmo/lâmina foliar, maior o valor nutritivo da forrageira, pois as folhas constituem a fração da planta mais rica em proteína bruta, com menor teor de fibra e, conseqüentemente, mais digestiva, apresentando menor decréscimo no valor nutritivo com a maturidade. Nesse sentido, Euclides et al. (2009) relataram que as relações lâmina foliar:colmo dos pastos das cultivares Marandu, Piatã e Xaraés são

(34)

mais importantes do que o valor nutritivo das forragens, no controle do ganho de peso dos animais.

Pode-se observar na Tabela 5 que houve correlação (P<0,01) positiva e forte entre o CFLV e o CC, comprovando que à medida que o colmo cresce a lâmina foliar também cresce, na mesma proporção.

TABELA 5. Correlações lineares de Pearson entre características estruturais do capim Marandu submetido a duas alturas de resíduo.

Características estruturais Correlação CFLV x CC 0,8191**

CLFV x MSFT 0,8779**

CLFV x LFV:C -0,6997**

CC x MSFT 0,9259**

MSFT x LFV:C -0,6968**

** significativo ao nível de 1% de probabilidade pelo teste t.

Nesse sentido, Casagrande et al. (2010) verificaram também que quanto maior o comprimento do pseudocolmo, maior foi o comprimento final da lâmina foliar. Santos et al. (2012), analisando as correlações entre as características estruturais e morfogênicas, em todo ano, também verificaram associação positiva e forte entre essas variáveis, na ordem 0,85. Nos perfilhos maiores, as folhas mais novas precisam fazer maior percurso no pseudocolmo para se expor.

A MSFT correlacionou (P<0,01) forte e positivamente com o CLFV e o CC, o que constata que quanto maior o CFLV e o CC, maior é a MSFT, na mesma proporção. Isso indica que perfilhos mais pesados e maiores contribuem para uma elevada massa seca do dossel forrageiro. Santos et al. (2010), em trabalho com plantas de Brachiaria decumbens cv. Basilisk com alturas variáveis no mesmo pasto, também constataram que as correlações foram positivas entre o peso do perfilho e os comprimentos da lâmina foliar (r = 0,66) e do colmo (r = 0,82).

A relação LFV:C correlacionou-se (P<0,01) negativamente com as variáveis CLFV e MSFT. Isso mostra que maiores alturas de resíduo

(35)

ocasiona maior MSFT devido ao maior CLFV e CC. Em contrapartida, a massa de forragem apresenta menor proporção de lâminas foliares verdes, apresentando maior quantidade de colmo, o que qualitativamente é negativo, haja vista que pode reduzir o consumo dos animais devido à maior quantidade de fibra. Segundo Griffiths et al. (2003), o pseudocolmo interfere no pastejo dos animais devido a sua altura ser um fator parcial de regulação da profundidade do bocado.

Castagnara et al. (2011), estudando as características estruturais de gramíneas tropicais sob adubação nitrogenada, verificaram correlação negativa entre a altura do dossel forrageiro e relação folha:pseudocolmo (r = -0,81). Da mesma forma, Santos et al. (2010), analisando as correlações entre as características estruturais da Brachiaria decumbens cv. Basilisk, de janeiro a julho, observaram correlação negativa entre o comprimento do colmo e o número de folhas verdes (r = 0,67) e número de perfilhos (r = -0,62), indicando que plantas mais altas e com maior massa seca apresentam menor renovação do dossel e, consequentemente, menor proporção de lâminas foliares verdes, implicando negativamente na eficiência fotossintética e, consequentemente, na sua perenidade, além de reduzir o valor nutricional da forrageira.

Dessa maneira, o manejo do pasto deve visar principalmente a produção de lâminas foliares verdes, pois as folhas são importantes na ecologia da pastagem, pois produzem os assimilados necessários para o crescimento e a manutenção da planta, assim como o alimento para os organismos heterotróficos que prosperam em ecossistema do pastejo, incluindo os bovinos. Consequentemente, a habilidade das forrageiras em manter a produção foliar sob desfolhação periódica é essencial para a manutenção de uma pastagem sustentável e para a sobrevivência das plantas pastejadas (Schnyder et al., 1999).

(36)

4.2 Composição bromatológica

Conforme se observa na Tabela 6, houve diferença significativa (P<0,01) entre os tratamentos para os teores de proteína bruta (PB), fibra em detergente ácido (FDA), matéria mineral (MM) e matéria orgânica (MO).

O teor de matéria seca (MS) observado para pasto mantido na menor e maior altura foi de 35,20% e 38,42%, respectivamente. Esses valores estão elevados, mas podem ser explicados pela época em que foi realizado o experimento, no qual o déficit hídrico foi acentuado, favorecendo a concentração da matéria seca.

Serafim (2010), avaliando a composição bromatológica do capim Marandu adubado em todo ano, verificou maior percentual de MS nos meses de maio, agosto e outubro, sendo a média de 43,27%. Esse elevado teor de MS afeta negativamente o valor nutritivo da forragem, haja vista que está associado à maior proporção de parede celular, e menor quantidade de conteúdo solúvel, como proteína, carboidratos não fibrosos e lipídeos.

TABELA 6. Teores de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente neutro indigestível (FDNi), fibra em detergente ácido (FDA), matéria mineral (MM) e matéria orgânica (MO) do capim Marandu submetido a duas alturas de resíduo.

Altura de MSns PB** FDNns FDNins FDA** MM** MO** resíduo % % na MS 20 cm 35,2 4,51ª 67,45 25,34 48,92b 9,12ª 90,88b 35 cm 38,42 3,45b 66,51 26,30 51,68ª 7,98b 92,02ª CV (%) 12,01 4,65 3,38 14,18 2,74 6,25 0,58

** - significativo ao nível de 1% de probabilidade pelo teste F. ns - não significativo ao nível de 5 % de probabilidade pelo teste F.

Assim, essa variável depende além de fatores fisiológicos da planta, ou seja, a sua capacidade de absorver nutrientes e se desenvolver, mas também das condições hídricas do local.

Os teores de PB encontrados foram de 4,51% e 3,45% para as alturas de resíduo de 20 cm e 35 cm, respectivamente. O maior teor de PB

(37)

na menor altura de resíduo de desfolha é devido a maior porcentagem de lâmina foliar verde na massa seca de forragem total e da maior relação lâmina foliar verde:colmo observado nesse tratamento. Do mesmo modo, Pereira et al. (2011), analisando produtividade e composição bromatológica de Brachiaria spp., no Alto Vale do Jequitinhonha, de julho a agosto, observaram que as cultivares que apresentaram maior porcentagem de lâminas foliares também obtiveram maior teor de PB.

Rezende et al. (2008), no período seco, encontraram maiores teores de PB nas maiores taxas de lotação (7,5% de PB na massa seca de forragem total), sendo este fato, segundo os autores, devido à maior presença de folha verde. Os autores encontraram valores superiores ao presente trabalho, haja vista que fizeram adubação de manutenção e o local de realização do experimento não possui estação seca definida, diferentemente do bioma cerrado.

Observa-se que os resultados encontrados estão abaixo do mínimo exigido na dieta de ruminantes, que é de 7% de PB, fato este que provoca a redução na digestão da forragem devido a inadequados níveis de nitrogênio para os microrganismos do rúmen, diminuindo sua população e, conseqüentemente, redução da digestibilidade e da ingestão da massa de forragem (Van Soest, 1994). Entretanto, em condições tropicais, estudos têm sugerido que o teor de PB da dieta de bovinos deve ser de 10%, no sentido de otimizar a digestão da fibra no rúmen e, com isso, o consumo de matéria seca de forragem pelo animal. Neste caso, agravaria a deficiência de N no rúmen para crescimento da microbiota deste compartimento, necessitando desta forma de correções desta deficiência com o uso de suplementos nitrogenados ou proteicos.

Isso ocorreu devido à falta de água durante o período experimental, o que segundo Lemaire (1996), quando a camada superior do solo encontra-se encontra-seca, o crescimento de gramíneas pode encontra-ser impedido pela redução de absorção de N, P e K. Além disso, durante o período de avaliação não foi realizado adubação de manutenção devido ao déficit hídrico, diminuindo a disponibilidade de nitrogênio. Assim, como a proteína bruta é composta por

(38)

esse elemento, através da junção deste às cadeias carbonadas para formar os aminoácidos (Ruggieri et al., 1995), a sua não assimilação provocou a redução do conteúdo de proteína na forragem.

Por sua vez, Barnabé et al. (2007), avaliando a composição bromatológica do capim Marandu, sem adubação, de janeiro a abril, observaram teores de 7,6% de PB. Neste caso, mesmo não havendo adubação, o período experimental coincidiu com o período chuvoso, o que aumentou a umidade do solo, facilitando a assimilação do nitrogênio pela planta.

Com relação ao teor de FDN na MS, observa-se que não houve diferença entre as alturas, estando os teores acima de 65%, valor citado por Van Soest (1994) como crítico para o consumo de dietas baseadas em forragens pelos animais ruminantes. De acordo com o autor supracitado, o teor de FDN é o fator mais limitante do consumo de volumosos, sendo que teores dos constituintes da parede celular superiores a 55-60%, na massa seca, correlacionam-se de forma negativa com o consumo de forragem. Assim, níveis abaixo de 65% garantem aos microrganismos ruminais um maior aproveitamento dos nutrientes da dieta consumida pelo bovino e, consequentemente, proporcionam um melhor desempenho do mesmo.

Serafim (2010), analisando o teor de FDN do capim Marandu, sem adubação, em maio e agosto, encontraram valores de 69,84 e 76,54%, respectivamente, ou seja, superiores ao citado por Van Soest (1994). Do mesmo modo, Moreira et al. (2009), avaliando o capim Marandu em diferentes doses de nitrogênio, observaram que no mês de abril, em que houve a menor precipitação pluviométrica do período experimental, o teor de FDN foi de 77,93%. Esses elevados resultados de FDN podem ser explicados possivelmente pela limitação de fatores de ambiente, principalmente precipitação, que pode ter contribuído para maiores deposições de constituintes de parede celular na forrageira em detrimento do conteúdo celular (Van Soest, 1994).

No que tange ao conteúdo de FDNi, não houve diferença entre as alturas, assim como no teor de FDN. Esta variável é dividida em fração

(39)

digestível e não-digestível, sendo que a fração indigestível da FDN é a que mais afeta a utilização da fibra, podendo-se exceder a metade da FDN total no rúmen. Huhtanen e Khalili (1986) mostraram uma relação negativa entre a digestibilidade in vivo da FDN e a quantidade de FDN total no rúmen. Como a digestibilidade da FDN no rúmen aumenta com o passar do tempo, a quantidade de FDN total e de FDN digestível diminui numa taxa similar, mas a fração de FDN indigestível diminui mais lentamente. Assim, a diminuição na digestibilidade da fibra pode reduzir o consumo da fibra quando o enchimento ruminal é o fator limitante.

Segundo Macedo e Zanine (2006), a digestibilidade da fibra de forragens não é constante para todos os animais ou para todas as condições de alimentação, mas a principal fonte de variação decorre das diferenças na sua estrutura, composição química e estágio de maturidade. Contudo, no presente trabalho, apesar das diferentes alturas resíduo terem afetado algumas características estruturais, os mesmos não influenciaram significativamente nos teores de FDN e FDNi.

No que se refere à porcentagem de FDA, o capim mantido na altura de resíduo de 35 cm apresentou maior teor (51,68%). Os valores apresentados estão acima do recomendado por Nussio et al. (1998), os quais afirmaram que forragens com valores de FDA em torno de 40%, ou mais, apresentam baixo consumo e menor digestibilidade. Isso pode ser explicado pela maior proporção de colmo na massa seca da forragem no material com maior altura de resíduo e pela baixa pluviosidade no período de avaliação. Nesse sentido, Castagnara et al. (2011), avaliando gramíneas tropicais sob adubação nitrogenada, no período das águas, no estado do Paraná, observaram correlação positiva entre a porcentagem de colmo e teor de FDA (r = 0,72).

Do mesmo modo, Benett et al. (2008), estudando o capim Marandu em diferentes doses de nitrogênio, encontraram teores médios de FDA de 34,06%, o que, segundo os autores, é explicado devido ao alto índice pluviométrico que ocorreu no período em que se realizou o corte, havendo aumento na produtividade de massa seca e proteína bruta.

(40)

No que concerne aos teores de MM e MO, a altura de resíduo de 20 cm apresentou maior teor de MM (9,12%) e menor de MO (90,88%) em relação à altura de 35 cm. Corroborando com isso, Da Silva et al. (2011), avaliando o capim Marandu em duas alturas de resíduo (20 e 40 cm), no período das águas, também verificaram que a menor altura de resíduo apresentou maior valor de MM e menor de MO (9,97 e 90,03%, respectivamente) em comparação a maior altura de resíduo (8,85 e 91,15%, respectivamente).

Os resultados do presente estudo estão próximos aos encontrados por esses autores, porém foram superiores aos relatados por Agulhon et al. (2004), que avaliando o valor nutritivo do capim Marandu, obtiveram teores de MM variando de 4,86 a 5,11%. Segundo Gomide (1976), as diferenças de composição mineral entre as espécies forrageiras, especialmente entre as gramíneas de clima tropical, não se mostra de grande magnitude, salvo casos excepcionais.

A partir desses resultados pode-se inferir que, apesar da altura de resíduo de 20 cm ter apresentado menor porcentagem de MO, a maior parte da matéria seca foi composta por elementos importantes para um bom desempenho animal, que são as proteínas e minerais presentes na forragem. Em contrapartida, o capim mantido com altura de resíduo de 35 cm apresentou em sua matéria seca valores superiores de material fibroso e inferiores de PB e MM, o que pode limitar a capacidade digestiva do animal, interferindo negativamente na produção animal.

Não foram verificadas diferenças para o volume total de gás produzido e as taxas de digestão estimadas pela técnica in vitro de produção de gás (Tabela 7), sendo observados valores médios de 23,95 mL e 0,023h1, respectivamente. A pequena variação na composição do capim Marandu observada em função das duas alturas de resíduo, notadamente os teores de PB e FDN, explicam a ausência de diferença para as variáveis analisadas, as quais, de modo geral, refletem com elevada precisão a variação na composição bromatológica dos alimentos avaliados.

Referências

Documentos relacionados

Não obstante a reconhecida necessidade desses serviços, tem-se observado graves falhas na gestão dos contratos de fornecimento de mão de obra terceirizada, bem

intitulado “O Plano de Desenvolvimento da Educação: razões, princípios e programas” (BRASIL, 2007d), o PDE tem a intenção de “ser mais do que a tradução..

A presente dissertação é desenvolvida no âmbito do Mestrado Profissional em Gestão e Avaliação da Educação (PPGP) do Centro de Políticas Públicas e Avaliação

(grifos nossos). b) Em observância ao princípio da impessoalidade, a Administração não pode atuar com vistas a prejudicar ou beneficiar pessoas determinadas, vez que é

nesta nossa modesta obra O sonho e os sonhos analisa- mos o sono e sua importância para o corpo e sobretudo para a alma que, nas horas de repouso da matéria, liberta-se parcialmente

No entanto, maiores lucros com publicidade e um crescimento no uso da plataforma em smartphones e tablets não serão suficientes para o mercado se a maior rede social do mundo

Taking into account the theoretical framework we have presented as relevant for understanding the organization, expression and social impact of these civic movements, grounded on

Janaína Oliveira, que esteve presente em Ouagadougou nas últimas três edições do FESPACO (2011, 2013, 2015) e participou de todos os fóruns de debate promovidos