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Taludes de Aterro

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Natural Resources (ISSN 2237‐9290) é uma publicação fruto de uma parceria entre a  

PROTEÇÃO VEGETAL DE TALUDES DE ATERRO: O CASO DA PLATAFORMA DA FERROVIA

TRANSNORDESTINA, CEARÁ, BRASIL

RESUMO

A implantação de grandes obras lineares no nordeste brasileiro, como os projetos:

Integração da Bacia do Rio São Francisco às Bacias do Nordeste Setentrional e da Ferrovia Transnordestina com maiores extensões em áreas onde predomina o bioma Caatinga, desafia os empreendedores e construtoras para a recuperação de áreas degradadas, principalmente na proteção vegetal dos taludes de corte e aterro, inexistindo trabalhos nesta área no semiárido brasileiro. Este trabalho apresenta o resultado da proteção vegetal em um talude de aterro da Ferrovia Transnordestina no município de Missão Velha, Ceará, Brasil. Foram plantadas gramíneas e leguminosas herbáceas anteriormente observadas na região onde o plantio foi realizado, com o objetivo de verificar quais espécies utilizadas conseguiriam sobreviver e se estabelecer nas condições de temperatura elevada e de deficiência hídrica comuns no semiárido nordestino, a fim de serem utilizadas nas demais áreas do projeto da Ferrovia Transnordestina e em outros projetos de recuperação de áreas degradadas na Caatinga. Embora a constante invasão de animais na área no início do crescimento das plantas, concluiu-se que a proteção vegetal de taludes de aterro é viável com espécies já adaptadas à região desde que restrita a pastagem. Foi possível verificar também que existem gramíneas e leguminosas bem adaptadas às condições do semiárido.

PALAVRAS-CHAVE: Recuperação de Áreas Degradadas; Proteção Vegetal;

Taludes de Aterro; Semiárido; Caatinga.

VEGETAL PROTECTION OF LANDFILL SLOPE: THE CASE OF THE PLATFORM RAILWAY

TRANSNORDESTINA, CEARÁ, BRAZIL

ABSTRACT

The implementation of large linear works in northeastern Brazil, as the projects:

Integration of São Francisco River Basin Watershed of the Northern and Northeastern Railroad Transnordestina with major extensions in areas where the predominant biome Caatinga, challenges entrepreneurs and builders to recover degraded areas, especially in the protection of vegetation cut and fill slopes, not existing work in this area in the Brazilian semiarid. This paper presents the results of plant protection in a slope of the landfill Transnordestina Railway in the town of Old Mission, Ceará, Brazil. Were planted grasses and herbaceous legumes previously observed in the region where planting was conducted in order to ascertain which species could survive and be used to establish the conditions of high temperature and water stress common in semiarid northeast, in order to be used in other Railroad project areas Transnordestina and other projects of rehabilitation of degraded areas in the Caatinga. Although the constant invasion of animals in the area in early plant growth, it was concluded that protection vegetable slope of a landfill is possible with species already adapted to the region from which restricted to pasture. It was also verified that there are grasses and legumes are well adapted to semiarid conditions.

KEYWORDS: Recovery of Degraded Areas; Plant Protection; Landfill Slopes;

Semiarid; Caatinga.

n.2, Mar, Abr, Mai, Jun, Jul, Ago  2012. 

 

ISSN 2237‐9290   

SEÇÃO: Artigos 

TEMA: Sistemas Agroflorestais   

DOI: 10.6008/ESS2237‐9290.2012.002.0001     

   

Renato Assis Carvalho  Universidade Paulista, Brasil 

http://lattes.cnpq.br/4637782833086227   renato.carvalho@tetraplan.com.br    

Silvia Machado de Castro 

Universidade Federal do Rio de Janeiro,  Brasil 

http://lattes.cnpq.br/5891540801491878   smachado2009@gmail.com  

 

Josimar Ribeiro de Almeida  Universidade Federal do Rio de Janeiro,  Brasil 

http://lattes.cnpq.br/3215586187698472   jralmeida@usp.br  

 

Manoel Goncalves Rodrigues  Universidade Federal do Rio de Janeiro,  Brasil 

http://lattes.cnpq.br/5940113046592928   manoel.grodrigues@gmail.com  

     

Recebido: 25/03/2012  Aprovado: 16/08/2012 

Avaliado anonimamente em processo de pares cegas. 

        Referenciar assim: 

 

CARVALHO, R. A.; CASTRO, S. M.; ALMEIDA,  J. R.; RODRIGUES, M. G.. Proteção vegetal  de taludes de aterro: o caso da plataforma  da Ferrovia Transnordestina, Ceará, Brasil. 

Natural Resources, Aquidabã, v.2, n.2, p.6‐

17, 2012. 

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INTRODUÇÃO

A construção de estradas, de usinas hidrelétricas e de subestações e outras obras exigem movimentação de terras, o que pode resultar em taludes que estão sujeitos às intempéries e às oscilações de temperatura e umidade, proporcionando dificuldades para o estabelecimento de cobertura vegetal, comprometendo, assim, a completa recuperação ambiental do local afetado.

A proteção vegetal ou revestimento vegetal de taludes de aterro tem a função de minimizar e estabilizar os processos erosivos garantindo assim a estabilidade das estruturas instaladas além de amenizar o aspecto visual negativo causado pela atividade de terraplenagem.

A crescente pressão da sociedade para que as empresas públicas e privadas, que desenvolvem atividades impactantes, levaram as instituições de pesquisa a desenvolverem tecnologias e produtos para atender a esta demanda na área ambiental, objetivando o cumprimento das exigências legais ambientais vigentes no país.

O presente trabalho objetiva apresentar uma alternativa para revegetação de taludes no semi-árido nordestino que promova a necessária proteção do solo mesmo em face da deficiência hídrica existente na região, servindo de referência para outras obras a serem realizadas na região.

REVISÃO

Primeiramente, deve-se destacar a importância da Avaliação de Impactos Ambientais – AIA, através da elaboração de Estudo de Impacto Ambiental – EIA e respectivo Relatório de Impacto Ambiental - RIMA (CONAMA, 1986; ALMEIDA & BASTOS, 1994) para obras desse tipo.

Segundo Almeida & Soares (2008), para qualquer caso em que haja avaliação de impacto, o estudo deve girar em torno de quatro pontos: (1) identificação de causa e efeito; (2) cálculo de previsão dos efeitos e magnitude dos indicadores de impacto; (3) interpretação dos efeitos ambientais; e (4) previsão dos efeitos ambientais.

Em vista disso, o presente trabalho considera o impacto físico causado em taludes de aterro, cujos fatores ambientais - ar, água e solo - são fundamentais para um projeto de recuperação da área degradada.

Taludes são superfícies inclinadas de maciços terrosos, rochosos ou mistos (solo e rocha), originados de processos geológicos e geomorfológicos diversos, que podem sofrer intervenções como cortes, desmatamentos e introdução de cargas (BRADD, 2001). Os principais tipos de taludes são os naturais e os artificiais, subdivididos em taludes de corte e de aterro. O primeiro é formado naturalmente pela natureza, pela ação geológica ou pela ação da chuva, sol e vento; o outro surge pela ação antrópica. O corpo do talude é estudado pelos geólogos e engenheiros, que nele identificam o tipo de material (argila, silte, areia, rocha, etc.) e suas respectivas propriedades (coesão e plasticidade), sendo estas características que definirão a inclinação de um talude natural. Vale ressaltar que terrenos rochosos suportam bem os taludes (COUTO, 2009).

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Os solos, que podem ser classificados em minerais ou orgânicos, são corpos naturais constituídos por partes sólidas, líquidas e gasosas que ocupam as extensões continentais do nosso planeta (EMBRAPA, 2006, p. 31). Segundo Santos (2005), importa para a contenção de taludes de aterro somente os estudos dos solos minerais.

Com a Constituição de 1988 e a Política Nacional do Meio Ambiente - PNMA (Lei 6.938/81), a legislação ambiental brasileira, fortalecida pelas posições e tendências globais, destaca a questão ambiental e o direito de todos por um meio ambiente ecologicamente equilibrado. A recuperação de áreas degradadas é um dos princípios da PNMA, que visa assegurar ao país um desenvolvimento sustentável (Op. Cit., 1981, Art. 2º, Inciso VIII). No setor rodoviário brasileiro, passa a ser obrigatório incorporar relevâncias ambientais, como a definição de um programa ambiental para promover a redução, mitigação e compensação de impactos ambientais negativos em toda área de abrangência do processo construtivo ou de operação da rodovia (DNIT, 2006). Ademais, os aspectos de natureza econômica levam empreendedores de obras em geral a incorporarem em seus custos ações de proteção de taludes de aterro (Op. Cit., 2006).

Vários processos podem provocar a instabilidade de taludes e encostas, dentre eles os movimentos de massa, a erosão, a degradação superficial e o alívio das tensões (VIRGILI, 2000).

A mineração e a abertura de estradas são as principais atividades responsáveis pela degradação da paisagem. Clima e temperatura também aumentam a instabilidade dos taludes.

Escorregamentos, movimentos de massa e a perda de solo por erosão reduz o potencial natural de revegetação, desvalorizando terras e sua produtividade.

O serviço de terraplenagem demanda escavação e deposição de grandes volumes de material terroso, sendo esta a fase de maior risco de instabilização dos taludes. Para minimizar impactos decorrentes dessa atividade, urge conhecer as características do terreno, o sistema de drenagem de águas pluviais das estradas de acesso e tipos de traçado. A proteção dos taludes de corte ou de aterro, através da revegetação e alocação de dispositivos de drenagem e contenção, deve ocorrer preventivamente, a fim de proteger as instalações e preservar o terreno. O quadro 1 apresenta medidas que podem mitigar impactos gerados pelo corte de talude.

Quadro 1: Medidas mitigadoras de impactos gerados pelo corte de talude.

Medidas Autores

Reabilitação

Mudança de geometria através de retaludamentos, drenagem e proteção superficial, e estruturas de contenção envolvendo muros de arrimo (*).

TERZAGHI, 1950 Reconformação do talude de aterro através da formação de uma pequena cabeceira de

drenagem em anfiteatro com dois pequenos taludes de aterro e a constituição de uma zona de deposição.

COUTO, 2009

Combinação dos taludes com aterros compactados, funcionando como uma carga estabilizadora na base da encosta.

CUNHA, 2000 Proteção – Bioengenharia (**)

Menor uso de maquinário, com maior uso de mão de obra resultando em: menor custo final, menor movimentação de terra, perturbação durante os serviços, e maior retorno social.

COUTO, 2008

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Uso de materiais naturais e locais tais como: madeira, pedra, compostos orgânicos, resultando em redução dos custos de transporte e geração de benefícios locais.

COUTO, 2008 Revegetação

Raízes e seus resíduos retardam a ação da água e eólica, mantendo a porosidade e a permeabilidade do solo, reduzindo riscos de erosão e movimento de massa.

GOMES & SILVIA, 2002; GRAY &

LEISER, 1989.

A transpiração das plantas reduz a umidade do solo, evitando saturação e escorrimento superficial.

GRAY & LEISER, 1989.

Uso de geogrelha (***), na qual a vegetação plantada se entrelaça formando um tapete reforçado e homogêneo, proporcionando um aumento da resistência das camadas superficiais.

VIDAL, 1994.

Uso de biomanta (****), material constituído por fibras vegetais longas, colmos de capim inteiro que formam uma trama resistente que deve ser fixada ao solo corretamente, evitando focos erosivos devido ao escoamento de água.

GONÇALVES, 2008

(*) Como modernas técnicas de contenção podem-se citar: tirantes protendidos – que conseguem segurar barrancos com mais de 15 metros de altura - estacas de concreto armado, terra armada e aterros reforçados.

(**) Conjunto de técnicas desenvolvidas pelo governo norteamericano desde 1940, inicialmente para proteção de lagos e conservação de margens de rios (COELHO, 2009), que se opõe à engenharia convencional.

(***) Tela plástica de polietileno de alta densidade extrudada, cuja função é estabelecer uma interação mecânica entre os estolões, raízes da grama e o solo (VIDAL, 1994).

(****) É um Biotêxtil translúcido, flexível e espesso constituído por fibras vegetais longas, colmos de capim inteiro ©, dispostas paralelamente, desidratadas, entrelaçadas por meio de costura industrial longitudinal com fios degradáveis de polipropileno, formando uma trama resistente e enrolado em bobinas e amarradas por fitilho plástico.

A proteção dos taludes de aterro no semiárido nordestino, região com poucos recursos hídricos, requer análise criteriosa. Sabe-se que são dados tratamentos diferenciados para taludes de montante e de jusante: o primeiro está sujeito ao vento, ao choque de ondas e à ação direta da chuva; o segundo sujeita-se apenas às águas das chuvas e ao vento. Para os taludes de jusante, indica-se a plantação de espécie de capim mais adaptada à região, que é sândalo (Vetiveria Zizanioides) (HITCHCOCK, 1950), o qual evita erosão devido à incidência direta da chuva nessa superfície. Barreto (2006) destaca também: (i) a proteção com seixo rolado ou pedra de mão com espessura de trinta centímetros, para proteger da ação do sol e consequente ressecamente da superfície; (ii) a drenagem do coroamento, onde devem ser dados caimentos laterais para os taludes; e (iii) saídas para as descidas que guiarão as águas até o pé dos taludes ou à superfície d’água.

METODOLOGIA

A metodologia para atingir o objetivo proposto baseou-se em pesquisa de campo e de laboratório, com uso de materiais e instrumentos para coleta e registro de informações detalhadas sobre a paisagem local, como também amostras para análise química.

Material

Diversos materiais e instrumentos foram utilizados para a realização do presente trabalho, desde o computador, como um importante instrumento para pesquisa, GPS, máquina Figuragráfica digital e instrumentos e insumos para a implementação do trabalho no campo. Os

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principais insumos e materiais utilizados durante o trabalho no campo estão descritos e quantificados a seguir.

Área Estudada

Estudou-se a área situada na Bacia Hidrográfica do rio Jaguaribe, na Sub-Bacia do Salgado, ao Sul do Estado do Ceará, região Nordeste do país. Sua área de drenagem é de 12.865 km2, correspondente a 8,25% de seu território. O rio Salgado é o principal, com extensão de 308 km. Essa área da sub-bacia abrange 23 municípios e conta com aproximadamente 650 açudes.

São gerenciados e monitorados pela Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos – COGERH apenas 13 reservatórios, sendo sete federais, quatro estaduais e dois municipais (CEDEC/CE, 2010).

Analisou-se o talude de um aterro da plataforma da Ferrovia Transnordestina, situado ao lado direito do aterro entre as estacas 17.483 a 17.575, cujos pontos apresentam as seguintes coordenadas UTM: Estaca 17.483(E1) 24 M 0490893 e 9201946 e Estaca 17.575(E2) 24 M 0489901 e 9203490.

O clima do tipo semiárido quente é caracterizado por escassez de chuvas, distribuição irregular, baixa nebulosidade, forte insolação, índices elevados de evaporação e temperaturas médias elevadas (cerca de 27oC). A umidade relativa do ar é normalmente baixa, e as poucas chuvas - de 250 mm a 750 mm por ano - concentram-se num espaço curto de tempo, provocando enchentes torrenciais. Mesmo durante a época das chuvas (Novembro a Abril), sua distribuição é irregular deixando de ocorrer durante alguns anos e provocando secas. A vegetação característica desse tipo de clima é a xerófila (caatinga). Esse tipo de clima predomina no interior da Região Nordeste, norte de Sergipe, oeste de Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí, e centro, noroeste, norte e nordeste da Bahia (CNPF/EMBRAPA). No Município de Missão Velha, a precipitação média é de 987,3 mm/ano com temperaturas médias de 24°C a 26°C e período chuvoso de Janeiro a Abril. (IPECE, 2006).

Pesquisa de Campo

Para a pesquisa de campo, os instrumentos utilizados foram: computador, GPS, máquina Figuragráfica digital e outros insumos.

Seleção dos materiais necessários para o plantio das espécies vegetais e da revegetação herbácea dos taludes de aterro são: fertilizantes, calcários e sementes de gramíneas e leguminosas.

O adubo químico NPK utilizado é constituído de (nitrogênio, fósforo e potássio) em função da análise química e física do solo, bem como os nutrientes que completam a adubação necessária (enxofre, boro, etc.). Os fertilizantes utilizados foram o calcário dolomítico -, usado

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para correção da acidez do solo e disponibilizar CA e Mg para as plantas - e as espécies vegetais.

Quanto às espécies vegetais, foi usada uma mistura (Mix) de sementes de espécies vegetais de gramíneas e leguminosas herbáceas na forma de sementes e mudas atendendo aos seguintes pré-requisitos:Rapidez no crescimento; Elevado poder germinativo; Boa cobertura; Rusticidade;

Facilidade de obtenção de semente; e Adaptabilidade edafo-climática. As espécies e quantidades na mistura estão indicadas na tabela 1.

Tabela 1: Espécies e quantidades de sementes.

Nome científico Nome vulgar % no Mix Valor cultural VC

Gramíneas

Andropogon gayanos Capim Andropogon 45 35

Brachiaria decumbens Capim Braquiaria 15 50

Urochloa mosambicensis Capim Corrente 28 25

Brachiaria brizantha Braquiarão 2 25

Leguminosas

Calopogonium mucunoides Calopogônio 2 70

Canavalia ensiformis Feijão de Porco 4 50

Neonotonia wightii Cajanus cajan

Soja Perene Feijão Guandu

2 2

50 50

No campo, foram coletadas amostras numa extensão de 1.840m, entre as estacas 17.483 a 17.575, sendo retiradas amostras simples de solo em 32 pontos diferentes formando duas amostras compostas, posteriormente enviadas ao Laboratório da Faculdade de Tecnologia CENTEC de Limoeiro do Norte. As amostras foram coletadas no mês de dezembro de 2007, quando o solo estava seco e o clima quente e havia meses que não chovia na região.

As análises químicas descritas abaixo seguiram a metodologia descrita no Manual de métodos e análise de solo (EMBRAPA, 1997). As amostras foram analisadas nos laboratórios da Faculdade de Tecnologia CENTEC Limoeiro do Norte, CE. Foram realizadas as seguintes análises: Química - pH em água; Al3+; H+ + Al3+; Ca2+; Mg2+, K+, Na+; carbono orgânico e matéria orgânica (MO); P assimilável; sais solúveis (Ca2+; Mg2+; K+; Na+); capacidade de troca de cátions a pH 7,0 (CTC), soma de bases (SB), percentagem de saturação por bases (V), percentagem de saturação por alumínio (m) e percentagem de sódio trocável (PST).

Análises Químicas

A seguir, as análises químicas realizadas:

1) pH em água e KCl. Para a determinação do pH (1:2,5), adicionou-se água ou KCl no solo em suspensão homogeneizada, para fazer a leitura utilizou-se o peagâmetro de bancada.

2) Carbono orgânico. A amostra de solo foi triturada em gral, peneirado, adicionando solução de dicromato de potássio 0,4 N e titulado com sulfato ferroso amoniacal 0,1 N.

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3) Cálcio, magnésio, alumínio e acidez potencial. Os cátions trocáveis, Ca2+, Mg2+, Al3+ a acidez potencial (H+Al) foi extraído com solução tamponada a pH 7,0 de acetato de cálcio. Ca2+ e Mg2+ foram extraídos com KCl 1 mol L-1 e determinados por complexometria e o Al3+ foi extraído com solução de KCl 1 mol L-1 e determinado por titulação.

4) Acidez do solo. A extração da acidez trocável foi feita pelo método do KCl N e titulado com NaOH 0,1 N.

5) Sais solúveis. O teor de cátions no solo foi obtido no fotômetro de chamas sendo necessários a curva padrão de calibração e o coeficiente de correlação. O Na+ e o K+ foram obtidos por leitura direta, o Ca2+ e o Mg2+ foram obtidos por diluição (água + cloreto de estrôncio).

6) Fósforo assimilável, sódio e potássio trocáveis. A preparação das amostras para do fósforo assimilável foram obtidas por colorimetria em presença de ácido ascórbico, após extração com solução de Mehlich-1 e a leitura foi feita no Figuracolorímetro. O K+ e Na+ foram extraídos por meio do extrator Mehlich-1 e sua determinação foi feita em fotômetro de chama.

A partir desses dados, foram determinados: soma de bases (SB), hidrogênio, matéria orgânica (MO), capacidade de troca de cátions (CTC), percentagem saturação por bases (V) e percentagem de saturação por alumínio (m).

Resultado das Análises Químicas

Esta seção apresenta os resultados das análises químicas dos elementos apresentados na tabela 2.

Tabela 2: Análise química do solo.

Elemento Valores Elemento Valores

pH em água 5,6 Carbono ( g/kg ) 2,16

P (mg.dm-3) 5 Mat. Org. ( g/kg ) 3,72

K (mmol.dm-3) 2,8

Ca (mmol.dm-3) 15,0

Mg (mmol.dm-3) Na (mmol.dm-3 )

20,0 4,7

Al (mmol.dm-3) 3,5

H + Al (mmol.dm-3) 24,8

SB (mmol.dm-3) 42,5

CTC (mmol.dm-3) 67,3

V ( % ) 63

PST ( % ) 7

m ( % ) CE ( dS/m )

8 0,38

Plantio: O plantio foi misto utilizando-se mudas e sementes e foi realizado no mês de março de 2008 conforme os passos descritos abaixo.

Calagem: A calagem foi realizada em toda a área a ser plantada antes do plantio, utilizando-se 100g/m² de calcáreo dolomítico com 70% de PRNT que foram jogados manualmente. A PRNT foi

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baixa por não ter se encontrado outro calcáreo com PRNT mais elevada.

Preparo do solo: Após a calagem foram abertas as covas para o plantio das mudas e feita a corrugação para lançamento das sementes.

Adubação de plantio: A adubação foi realizada utilizando-se 50g/m² do adubo 06.24.12 que foi jogado a lanço sobre toda a área.

Plantio de mudas: Foram utilizadas mudas de capim andropogon retiradas de áreas próximas ao talude revegetado plantadas em covas de 0,10m de profundidade abertas com o canto da enxada num espaçamento de 0,60m X 0,60.

Semeadura: Foram utilizados 20g/m² do mix de sementes apresentado na Tabela 1, que foram distribuídas manualmente sobre a área.

Adubação de cobertura: Para a adubação de cobertura foram utilizados 20g/m2 do fertilizante NPK 10.10.10, em 02 repasses, sendo o primeiro 20 dias após o plantio e o segundo 20 dias depois.

RESULTADOS

Revegetação durante o período de chuvas

Com as chuvas que ocorreram durante o plantio e 03 meses após, a vegetação se desenvolveu muito bem, promovendo uma rápida cobertura e protegendo a superfície do talude contra o impacto direto da chuva sobre o solo. As Figuras abaixo mostram a sequência do plantio.

Figura 01: Calagem da área de plantio. Figura 02: Área após a calagem.

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Figura 03: Plantio de andropogon. Figura 04: Preparo da área para semeadura.

Figura 05: Lançamento das sementes.

Figura 06: Área após o plantio.

Figura 07: Início da germinação.

Figura 08: Desenvolvimento das plantas.

Figura 09: Desenvolvimento das plantas. Figura 10: Vegetação cobrindo o solo.

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Figura 11: Vegetação cobrindo o solo.

Figura 12: Área três meses após o plantio.

As espécies que mais se sobressaíram das gramíneas e leguminosas foram: (i) gramíneas, que são a Andropogon (Andropogon gayanos) e o capim braquiaria (Brachiaria decumbens; e (ii) leguminosas, que são o feijão-de-porco (Canavalia ensiformis) e o feijão guandu (Cajanus cajan).

O braquiarão (Brachiaria brizantha) germinou bem, mas não conseguiu se estabelecer.

Não foi verificada a presença do capim corrente (Urochloa mosambicensis), acredita-se que seja devido à lentidão na sua germinação e a alta competição com as demais espécies. As leguminosas calopogônio (Calopogonium mucunoides) e soja perene (Neonotonia wightii) não foram identificadas por não conseguirem se estabelecer no talude.

Revegetação após o período das chuvas

Devido ao bom desenvolvimento da vegetação plantada no talude contrastando com a realidade local - baixa oferta e baixa qualidade de forragem nas propriedades lindeiras, a área atraiu os animais e serviu de pastagem para os bovinos e eqüinos. Apesar das inúmeras solicitações aos moradores para manterem seus animais em suas propriedades e fora do talude e, também, da colocação de um vigia durante o dia, o problema não foi resolvido e durante a noite os animais entravam na área causando danos a vegetação.

O pastejo pelos animais na área antes do enraizamento e da frutificação das plantas, somado ao período de seca que se seguiu não permitiu uma avaliação do comportamento das espécies escolhidas para o plantio num ciclo anual ficando o trabalho prejudicado. Figuras 13 e 14.

Figura 13: Equino pastejando na área. Figura 14: Bovinos pastejando na área plantada.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nas condições adversas, principalmente pela constante invasão de animais na área no início do desenvolvimento das plantas, pôde-se concluir que a proteção vegetal de taludes de aterro é viável com espécies já adaptadas a região desde que não se permita a entrada de animais nas áreas.

De forma preliminar foi possível verificar que existem gramíneas e leguminosas bem adaptadas as condições do semi-árido. Para a recuperação das áreas degradadas no semi-árido nordestino, recomenda-se o plantio das gramíneas Andropogon gayanos (capim Andropogon) e Brachiaria decumbens (capim braquiaria) e as leguminosas Canavalia ensiformis (feijão de porco) e Cajanus cajan (feijão guandu).

Como ocorreu a invasão de animais na área plantada antes de 01 ano após o plantio são prematuras as conclusões definitivas, recomenda-se que mais trabalhos sejam realizados nesta mesma linha, envolvendo, além de maior tempo para observações e análises, uma maior diversidade de espécies.

REFERÊNCIAS

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ALMEIDA, J. R.; SOARES, P. S. M.. Análisis y evaluaciones de impactos ambientales. Rio de Janeiro:

CETEM/MCT, 2008.

BARRETO, L. C.. A influência dos aspectos ambientais na revegetação dos taludes de aterro. 3 ed.

São Paulo: Atlas, 2006.

BRADD, A. G.. Como proteger os taludes de aterro?. 4 ed. São Paulo: Melhoramentos, 2001.

BRASIL. Constituição Federal. Brasília: D.O.U., 05 Out 1988.

BRASIL. Lei 6.938 de 31 de Agosto de 1981. Política Nacional de Meio Ambiente - PNMA. 1981.

CEDEC-CE. Coordenadoria Estadual de Defesa Civil do Ceará. Sub-Bacia do rio Salgado. Disponível:

http://www.defesacivil.ce.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=499&Itemid=172. Acesso:

2010.

CNPF. Centro Nacional de Pesquisa de Florestas. EMBRAPA. Empresa Brasileira de Pesquisa

Agropecuária. Clima. Disponível: http://www.cnpf.embrapa.br/pesquisa/efb/clima.htm. Acesso: Out 2011.

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COUTO, F.. Como estabilizar as encostas?. 3 ed. São Paulo: Atual, 2008.

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