2.2.1 C´alculo do m.d.c. `a direita de matrizes polinomiais
Teorema 2.1: Sejam N(s)∈IRp×m[s] e D(s)∈IRm×m[s] e assuma que det[D(s)]6≡ 0. Seja U(s) uma matriz unimodular tal que
U(s)
"
D(s) N(s)
#
=
R(s)
− − − 0
, D(s)∈IRm×m[s]
Ent˜ao R(s) ´e um m.d.c. `a direita deN(s) e D(s) (n˜ao singular) Prova:
(i) R(s) ´e um divisor comum `a direita deN(s) e D(s)
Como U(s) ´e unimodular, ent˜ao V(s) =U−1(s) ´e uma matriz polinomial
"
D(s) N(s)
#
=V(s)
"
R(s) 0
#
=
"
V11(s) V12(s) V21(s) V22(s)
# "
R(s) 0
#
D(s) =V11(s)R(s)
N(s) =V21(s)R(s), onde V11(s) e V21(s) s˜ao matrizes polinomiais.
(ii) Seja, agora, ¯R(s) um novo divisor comum de N(s) e D(s).
Portanto,
N(s) = ¯N(s) ¯R(s) e D(s) = ¯D(s) ¯R(s), ¯N(s) e ¯D(s) s˜ao matrizes polinomiais Note que
"
U11(s) U12(s) U21(s) U22(s)
# "
D(s) N(s)
#
=
"
R(s) 0
#
U11(s)D(s) +U12(s)N(s) =R(s)
U11(s) ¯D(s) ¯R(s) +U12(s) ¯N(s) ¯R(s) =R(s) R(s) =
U11(s) ¯D(s) +U12(s) ¯N(s)
| {z }
matriz polinomial
R(s)¯
⇒R(s) ´e um divisor de¯ R(s)
Obs. 1: M´aximos divisores comuns de matrizes polinomiais n˜ao s˜ao ´unicos
Proposi¸c˜ao 2.1: SejaR1(s) um m.d.c. `a direita de N(s) e D(s) e U(s) uma matriz unimodular qualquer. Ent˜ao a matriz polinomial R2(s) = U(s)R1(s) tamb´em ´e um m.d.c. `a direita de N(s) e D(s).
Prova:
N(s) = ¯N1(s)R1(s) = ¯N1(s)V(s)
| {z } N¯2(s)
R2(s) ( ¯N2(s) ´e uma matriz polinomial.)
D(s) = ¯D1(s)R1(s) = ¯D1(s)V(s)
| {z } D¯2(s)
R2(s) ( ¯D2(s) ´e uma matriz polinomial.)
Logo, R2(s) tamb´em ´e um divisor comum `a direita de N(s) e D(s). Seja agora Q(s) um divisor comum `a direita qualquer de N(s) e D(s). Como R1(s) ´e um m.d.c. `a direita, ent˜ao Q(s) divide R1(s)
R1(s) = ¯R1(s)Q(s) para alguma matriz polinomial ¯R1(s) qualquer R2(s) =U(s)R1(s) =U(s) ¯R1(s)
| {z } R¯2(s)
Q(s) = ¯R2(s)Q(s)
Logo, Q(s) tamb´em ser´a um divisor de R2(s) e portanto, R2(s) tamb´em ser´a um m.d.c. `a direita de N(s) e D(s).
Obs. 2: A matriz unimodularU(s) do Teorema 2.1 ´e formada pelo produto de matrizes elementares Matrizes elementares (3×3) - pr´e-multiplica¸c˜ao
(1) Troca de posi¸c˜ao entre duas linhas
E =
0 1 0 1 0 0 0 0 1
(trocar linhas 1 e 2)
|E|=−1
(2) Multiplic¸c˜ao de uma linha por uma constante real c6= 0
E =
1 0 0 0 c 0 0 0 1
(multiplicar a linha 2 por c∈IR∗)
|E|=c∈ IR∗
(3) Substituir uma linha pela soma desta linha com outra linha multiplicada por um polinˆomio p(s)
E =
1 0 0
0 1 0
0 p(s) 1
(nova linha 3 ´e igual a soma da linha 3 com a linha 2 multiplicada por p(s))
E =
1 0 0
0 1 p(s)
0 0 1
(nova linha 2 ´e igual a soma da linha 2 com a linha 3 multiplicada por p(s))
|E|= 1
Exemplo: N(s) =
s+1 s+2
e D(s) =
"
s+2 s+1
1 s
#
0 1 0 1 0 0 0 0 1
| {z } E1(s)
s+2 s+1
1 s
s+1 s+2
| {z }
M(s)
=
1 s
s+2 s+1 s+1 s+2
| {z }
M1(s)
→
1 0 0
−(s+2) 1 0
−(s+1) 0 1
| {z }
E2(s)
1 s
s+2 s+1 s+1 s+2
| {z }
M1(s)
=
1 s
0 −s2−s+1 0 −s2+2
| {z }
M2(s)
→
1 0 0
0 1 0
0 −1 1
| {z }
E3(s)
1 s
0 −s2−s+1 0 −s2+2
| {z }
M2(s)
=
1 s
0 −s2−s+1
0 s+1
| {z }
M3(s)
→
1 0 0 0 1 s 0 0 1
| {z } E4(s)
1 s
0 −s2−s+1
0 s+1
| {z }
M3(s)
=
1 s
0 1
0 s+1
| {z } M4(s)
→
1 0 0
0 1 0
0 −(s+ 1) 1
| {z }
E5(s)
1 s
0 1
0 s+1
| {z } M4(s)
=
1 s 0 1 0 0
| {z } M5(s)
U(s)
"
D(s) N(s)
#
=
R(s)
− − − 0
, ⇒ R(s) =
"
1 s 0 1
#
U(s) =E5(s)E4(s)E3(s)E2(s)E1(s) ⇒ U(s) =
0 1 0
−s+1 −2 s s2−2 2s+3 −s2−s+1
V(s) =U−1(s) ⇒ V(s) =
s+2 −s2−s+1 −s
1 0 0
s+1 −s2+2 −s+1
Note que:
D(s) =
"
s+2 s+1
1 s
#
=
"
s+2 −s2−s+1
1 0
# "
1 s 0 1
#
=V11(s)R(s)
N(s) =
s+1 s+2
=
s+1 −s2+2"
1 s 0 1
#
=V21(s)R(s)
Obs. 3: Qualquer par de m.d.c. `a direita deve ser relacionado por R1(s) =W2(s)R2(s) e R2(s) =W1(s)R1(s)
onde W1(s) e W2(s) s˜ao matrizes polinomiais Como podemos escrever
R1(s) =W2(s)W1(s)R1(s) segue que:
1. Se R1(s) ´e n˜ao-singular, ent˜ao W1(s) e W2(s) devem ser unimodulares, e conseq¨uentemente R2(s) tamb´em ´e n˜ao singular.
2. Se um m.d.c. `a direita ´e unimodular, ent˜ao todos os m.d.c.s `a direita tem que ser unimodu- lares.
2.3 DFMs irredut´ıveis
Defini¸c˜ao: Duas matrizes polinomiaisN(s) eD(s) com o mesmo n´umero de colunas s˜ao coprimas
`a direita se seus m.d.c.s s˜ao unimodulares.
Lema 2.1 (Identidade de Bezout): Duas matrizes polinomiais N(s) e D(s) com o mesmo n´umero de colunas s˜ao coprimas `a direita se e somente se existirem duas matrizes polinomiais X(s) e Y(s) tais que
X(s)D(s) +Y(s)N(s) =I Prova:
(⇒) p→q
SeN(s) eD(s) s˜ao coprimas `a direita, ent˜ao de acordo com o Teorema 2.1 existem matrizes polinomiais U11(s) eU12(s) tais que
U11(s)D(s) +U12(s)N(s) =R(s)
sendo que R(s) ´e uma matriz unimodular
⇒R−1(s)U11(s)
| {z }
X(s)
D(s) +R−1(s)U12(s)
| {z }
Y(s)
N(s) =I (X(s) e Y(s) s˜ao matrizes polinomiais.)
(⇐) q→p
Suponha que existem X(s) e Y(s) polinomiais tais que X(s)D(s) +Y(s)N(s) =I Seja R(s) um m.d.c. `a direita de N(s) eD(s), ent˜ao:
N(s) = ¯N(s)R(s) e D(s) = ¯D(s)R(s) X(s) ¯D(s)R(s) +Y(s) ¯N(s)R(s) =I X(s) ¯D(s) +Y(s) ¯N(s)
R(s) = I
⇒R−1(s) =X(s) ¯D(s) +Y(s) ¯N(s) ´e uma matriz polinomial e, portanto,R(s) ´e unimodular.
Defini¸c˜ao: G(s) =N(s)D−1(s) ´e uma DFM irredut´ıvel seN(s) e D(s) forem coprimas `a direita.
Lema 2.2SejaG(s) =N(s)D−1(s) uma DFM `a direita e sejaR(s) um m.d.c. `a direita deN(s) e D(s). Se as matrizes polinomiais ¯N(s) e ¯D(s) s˜ao tais que N(s) = ¯N(s)R(s) e D(s) = ¯D(s)R(s), ent˜ao G(s) = ¯N(s) ¯D−1(s) ´e uma DFM irredut´ıvel de G(s).
Prova:
(i) G(s) = ¯N(s) ¯D−1(s)
G(s) = N(s)D−1(s) = ¯N(s)R(s)D(s)R(s)¯ −1
= ¯N(s)R(s)R−1(s) ¯D−1(s)
⇒G(s) = ¯N(s) ¯D−1(s)
(ii) ¯N(s) e ¯D(s) s˜ao coprimas `a direita De acordo com o Teorema 2.1, tem-se
"
U11(s) U12(s) U21(s) U22(s)
# "
D(s) N(s)
#
=
"
R(s) 0
#
U11(s)D(s) +U12(s)N(s) =R(s)
U11(s) ¯D(s)R(s) +U12(s) ¯N(s)R(s) =R(s) U11(s) ¯D(s) +U12(s) ¯N(s) =I
Portanto, de acordo com o Lema 2.1, as matrizes ¯N(s) e ¯D(s) s˜ao coprimas `a direita.
Defini¸c˜ao: Uma matriz G(s)∈IRp×m(s) ´e chamada de (i) impr´opria: quando lims→∞G(s) n˜ao existe
(ii) pr´opria: quando lims→∞G(s) =K 6= 0
(ii) estritamente pr´opria: quando lims→∞G(s) = 0
Exemplo: G(s) = 1
s+1
s+2 s+1
slim→∞G(s) =
0 1
⇒G(s) ´e uma matriz de transferˆencia pr´opria
G(s) = Gsp(s) +D= 1
s+1 1 s+1
| {z }
C(sI−A)−1B +
0 1
| {z } D
Problema: Obter uma DFM irredut´ıvel para Gsp(s) =
1
s+1 1 s+1
Gsp(s) = N(s)D−1(s) =
1 1
| {z } N(s)
"
s+1 0 0 s+1
#−1
| {z }
D(s)
N(s) e D(s) s˜ao coprimas `a direita?
0 0 1 0 1 0 1 0 0
s+1 0
0 s+1
1 1
→
1 0 0
0 1 0
−(s+1) 0 1
1 1
0 s+1 s+1 0
→
1 0 0 0 1 0 0 1 1
1 1
0 s+1 0 −(s+1)
→
1 1
0 s+1
0 0
⇒ R(s) =
"
1 1
0 s+ 1
#
⇒ |R(s)|=s+ 1
⇒R(s) n˜ao ´e unimodular ⇒N(s) e D(s) n˜ao s˜ao coprimas `a direita.
N(s) = ¯N(s)R(s) ∴ N¯(s) = N(s)R−1(s).
R−1(s) = 1 s+ 1
"
s+ 1 −1
0 1
#
N¯(s) = 1 s+ 1
1 1"
s+ 1 −1
0 1
#
=
1 0
D(s) = ¯D(s)R(s) ∴ D(s) =¯ D(s)R−1(s).
D(s) =¯ 1 s+ 1
"
s+ 1 0 0 s+ 1
# "
s+ 1 −1
0 1
#
D(s) =¯
"
s+ 1 −1
0 1
#
⇒ D¯−1(s)
1 s+ 1
1 s+ 1
0 1
Note que ¯N(s) ¯D−1(s) =Gsp(s)
2.4 Matrizes Polinomiais e Racionais
2.4.1 Forma de Smith
Para N(s)∈IRp×m[s] existem matrizes unimodulares U(s)∈IRp×p[s] e V(s)∈ IRm×m[s] tais que U(s)N(s)V(s) = Σ(s)
onde
i) Σ(s) =
σ1(s)
σ2(s)
. ..
σr(s)
− − − − − − − − − − − −
0
(p−r)×r|
|
|
|
|
− − −
|
|
0
r×(m−r)− − −
0
(p−r)×(m−r)
ii) σi(s), i= 1, . . . , r s˜ao polinˆomios mˆonicos e σi(s)|σi+1(s) (σi(s) divide σi+1(s), i.e. σi+1(s) =p(s)σi(s))
A Matriz Σ(s) ´e chamada de forma de Smith de N(s)
Observa¸c˜oes:
(i) Seja ∆i(s) o m.d.c. mˆonico de todos os menores de ordem ida matrizN(s). Pode-se mostrar que
σi(s) = ∆i(s)
∆i−1(s)
onde ∆0(s) = 1, por defini¸c˜ao. Os menores de ordemida matrizN(s) s˜ao os determinantes de todas as submatrizes quadradas i×i deN(s)
(ii) Os polinˆomios σi(s) s˜ao chamados de polinˆomios invariantes da matriz N(s).
(iii) r ´e denominado de posto normal de N(s)
(iv) Como U(s) e V(s) s˜ao unimodulares, ent˜ao ρ[N(s)] = ρ[Σ(s)],∀s. Portanto, N(s) perde posto para todos os valores de s =z tais que σi(z) = 0.
Exemplo: N(s) =
s+2 s+2
s2+3s+2 s2−1 s+1 s2+3s+2
C´alculo de Σ(s) 1)
∆0(s) = 1
∆1(s) = 1 (menores de ordem 1 s˜ao os pr´oprios elementos de N(s))
Menores de ordem 2:
m12(s) =
s+2 s+2
(s+1)(s+2) (s−1)(s+1)
= (s−1)(s+1)(s+2)−(s+1)(s+2)2 (s+1)(s+2)[6s−1− 6s−2] =−3(s+1)(s+2)
m13(s) =
s+2 s+2 (s+1) (s+1)(s+2)
= (s+1)(s+2)2−(s+1)(s+2) (s+1)(s+2)[s+ 2−1] = (s+1)2(s+2)
m23(s) =
(s+1)(s+2) (s−1)(s+1) (s+1) (s+1)(s+2)
= (s+1)2(s+2)2−(s+1)2(s−1)
(s+1)2[s2+4s+4−s+1] = (s+1)2(s2+3s+5)
∆2(s) = s+ 1 Portanto:
σ1(s) = ∆1(s)
∆0(s) = 1 σ2(s) = ∆2(s)
∆1(s) =s+ 1
⇒ Σ(s) =
1 0
0 s+1
0 0
2)
1 0 0
−(s+1) 1 0
−1 0 1
| {z }
U1(s)
s+2 s+2
(s+1)(s+2) (s−1)(s+1) s+1 (s+1)(s+2)
→
0 0 −1 0 1 0 1 0 0
| {z }
U2(s)
s+2 s+2 0 −3(s+1)
−1 s(s+2)
→
1 0 0
0 1 0
−(s+2) 0 1
| {z }
U3(s)
1 −s(s+2) 0 −3(s+1) s+2 s+2
→
1 −s(s+2) 0 −3(s+1) 0 (s+1)2(s+2)
"
1 s(s+2)
0 1
#
| {z }
V1(s)
→
1 0 0
0 −1
3 0
0 −1
3(s+1)(s+2) 1
| {z }
U4(s)
1 0
0 −3(s+1) 0 (s+1)2(s+2)
⇒ Σ(s) =
1 0
0 s+1
0 0
U(s) =U4(s)U3(s)U2(s)U1(s) ⇒ U(s) =
1 0 −1
1
3(s+1) −1
3 0
−1
3(s+1)(s2+3s+5) 1
3(s+1)(s+2) s+2
V(s) =V1(s) =
"
1 s(s+2)
0 1
#
Note que N(−1) =
1 1 0 0 0 0
⇒ρ[N(−1)] = 1
2.4.2 Forma de Smith-McMillan Seja G(s)∈IRp×m(s) escrita como G(s) = 1
d(s)N(s), sendo d(s) o m´ınimo m´ultiplo comum (m.m.c.) mˆonico dos denominadores de G(s) e N(s)∈IRp×m[s]. Ent˜ao, existem matrizes unimodulares U(s) e V(s) tais queU(s)N(s)V(s) = Σ(s) onde Σ(s) ´e a forma de Smith de N(s).