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OAB PRIMEIRA FASE XII EXAME UTI 60 HORAS Processo do Trabalho Aryanna Manfredini

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Academic year: 2022

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ORGANIZAÇÃO DA JUSTIÇA DO TRABALHO

A Justiça do Trabalho é composta por: [Art. 111, CF/88]

• TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO

• TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO

• JUIZ DO TRABALHO

Art. 111, CF. São órgãos da Justiça do Trabalho:

I - o Tribunal Superior do Trabalho;

II - os Tribunais Regionais do Trabalho;

III - Juízes do Trabalho.

O inciso III do artigo 111 foi alterado pela Emenda Constitucional nº 24/1999, extinguindo a figura dos juízes classistas (representantes da categoria econômica e profissional) e as juntas de conciliação e julgamento.

Tribunal Superior do Trabalho – TST

O Tribunal Superior do Trabalho tem sede em Brasília, possui jurisdição em todo o território nacional, e é composto por EXATOS 27 ministros, que devem ser brasileiros, com mais de 35 e menos de 65 anos, nomeados pelo Presidente da República, após aprovação pela maioria absoluta do Senado Federal. [Art. 690, CLT]

Um quinto de seus membros será composto por advogados e membros do Ministério Público (quinto constitucional) com mais de 10 anos de efetiva atividade profissional e de efetivo exercício, respectivamente. Os demais membros serão desembargadores dos Tribunais Regionais do Trabalho, oriundos da magistratura de carreira, indicados pelo próprio Tribunal Superior. [Art. 111-A, CF/88]

Funcionarão junto ao TST a ESCOLA NACIONAL DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO DOS MAGISTRADOS DO TRABALHO e o CONSELHO SUPERIOR DA JUSTIÇA DO TRABALHO.

Tribunal Regional do Trabalho – TRT

Os Tribunais Regionais do Trabalho compõe-se de, no mínimo, sete juízes, recrutados, quando possível, na respectiva região, e nomeados pelo Presidente da República dentre brasileiros com mai de 30 e menos de 65 anos. Na composição dos membros do TRT também se respeita o quinto constitucional.

Atualmente, há 24 regiões e 24 Tribunais Regionais do Trabalho, sendo dois deles situados no estado de São Paulo (um na Capital e outro em Campinas).

Não há Tribunal Regional do Trabalho nos seguintes Estados: Tocantins, Amapá, Acre e Roraima.

Os Tribunais Regionais deverão criar a Justiça Itinerante, com a realização de audiências e demais funções de atividade jurisdicional, dentro do limite territorial de sua jurisdição, servindo-se de equipamento público e comunitários.

Juiz do Trabalho

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O Juiz do Trabalho ingressará na carreira como Juiz do Trabalho Substituto, após aprovação em concurso público de provas e títulos, sendo designado pelo Presidente do TRT para auxiliar ou substituir nas Varas do Trabalho. Após dois anos de exercício, o Juiz do Trabalho substituto torna-se vitalício.

Alternadamente, por antiguidade ou merecimento, o Juiz será promovido a juiz Titular da Vara do Trabalho e, posteriormente, pelo mesmo critério, a juiz do Tribunal Regional do Trabalho.

Nas Comarcas onde não houver juiz do trabalho, por lei, os Juízes de Direito poderão ser investidos da jurisdição trabalhista. Das sentenças que proferirem caberá Recurso Ordinário para o respectivo Tribunal Regional do Trabalho. [Art. 112, CF/88 e Art. 668, CLT]

COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO

A competência será designada da seguinte forma: em razão da matéria, em razão das pessoas, em razão da função o

u em razão do território.

2.1 COMPETÊNCIA EM RAZÃO DA MATÉRIA E EM RAZÃO DA PESSOA

Compete às Varas do Trabalho processar e julgar as ações oriundas das relações de trabalho como determinado pelo art. 114 da Constituição Federal.

Art. 114, CF. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar:

I - as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito público externo e da administração pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;

II - as ações que envolvam exercício do direito de greve;

III - as ações sobre representação sindical, entre sindicatos, entre sindicatos e trabalhadores, e entre sindicatos e empregadores;

IV - os mandados de segurança, habeas corpus e habeas data, quando o ato questionado envolver matéria sujeita à sua jurisdição;

V - os conflitos de competência entre órgãos com jurisdição trabalhista,

ressalvado o disposto no art. 102, I, o;

VI - as ações de indenização por dano moral ou patrimonial, decorrentes da

relação de trabalho;

VII - as ações relativas às penalidades administrativas impostas aos empregadores pelos órgãos de fiscalização das relações de trabalho;

VIII - a execução, de ofício, das contribuições sociais previstas no art. 195, I, a, e II, e seus acréscimos legais, decorrentes das sentenças que proferir;

IX - outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, na forma da lei.

§ 1º - Frustrada a negociação coletiva, as partes poderão eleger árbitros.

§ 2º - Recusando-se qualquer das partes à negociação coletiva ou à arbitragem, é facultado às mesmas, de comum acordo, ajuizar dissídio coletivo de natureza econômica, podendo a Justiça do Trabalho decidir o conflito, respeitadas as disposições mínimas legais de proteção ao trabalho, bem como as convencionadas anteriormente.

§ 3º - Em caso de greve em atividade essencial, com possibilidade de lesão do interesse público, o Ministério Público do Trabalho poderá ajuizar dissídio coletivo, competindo à Justiça do Trabalho decidir o conflito.

A Emenda Constitucional nº 45/2004 foi responsável por uma significativa

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ampliação da competência da Justiça do Trabalho:

Em seu inciso I, o artigo 114 traz como competência da Justiça do Trabalho processar e julgar as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de Direito Público externo e da Administração Pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.

Contudo, o STF na ADI nº 3395, repetindo o entendimento já expostos na ADI 492, tornou defeso à Justiça do Trabalho a apreciação de causas instauradas entre o Poder Público e os servidores a ele vinculados por típica relação baseada no regime estatutário ou jurídico-administrativo.

Conclui-se, que em se tratando de demanda entre o Poder Público e servidor público estatutário, este não poderá ajuizar reclamatória trabalhista na Justiça do Trabalho. Também não poderá demandar na Justiça do Trabalho o servidor contratado pelo ente público, temporariamente, por regime especial previsto em lei municipal ou estadual, à luz dos artigos 114 e 37, IX, da CF/1988, pois toda contratação temporária apresenta índole administrativa, se previsto regime especial em lei própria.

Assim, o processamento de litígios entre servidores temporários e a Administração Pública na Justiça do Trabalho afronta a autoridade da decisão exarada na ADI 3.395-MC/DF, o que levou os ministros do Plenário do STF, no exame do Recurso Extraordinário nº 573.202-9/AM, em 21/8/2008, a darem repercussão geral à referida decisão, implicando, nos termos dos artigos 543-A e 543-B do CPC (Lei 11.418/2006), a objetivação do julgamento emitido pelo STF, ou seja, os casos análogos serão decididos exatamente no mesmo sentido daquele deliberado pelo órgão pleno no RE 573.202/AM.

Dessa forma, o TST cancelou a OJ 205 da SBDI-1, que previa a competência da Justiça do Trabalho quando alegado o desvirtuamento em tal contratação, mediante a prestação de serviços à Administração para atendimento de necessidade permanente e não para acudir a situação transitória e emergencial.

Sendo assim, é possível ajuizar RT contra Administração Pública, direta ou indireta, na Justiça do Trabalho quando os servidores estiverem a ela vinculados por relação CELESTISTA.

Nos demais casos:

• Tratando-se de servidor público federal a ação poderá ser ajuizada na Justiça Federal.

• Tratando-se de servidor público municipal ou estadual a reclamatória poderá ser ajuizada na Justiça Estadual.

A Justiça do Trabalho é competente para julgar:

• Dano moral e patrimonial decorrentes das relações de trabalho, inclusive em razão de acidente do trabalho.

• Ações que envolvam o exercício do direito de GREVE

• Representação sindical (sind. x empregador / sind. x sind. / sind. x trabalhador)

• Conflitos de competência entre seus órgãos, salvo nos casos de competência do STJ e do STF.

• Mandado de segurança, habeas corpus e habeas data.

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• Penalidades impostas pelos órgãos de fiscalização do trabalho (inclusive MS)

• Executar, de ofícios, as contribuições sociais decorrentes das sentenças que proferir. Ressalte-se, que quanto às contribuições fiscais, tem competência apenas para determinar a sua retenção (súmula 368 do TST), não podendo executá-las de ofício.

Nos termos da súmula 389, I, do TST, compete a Justiça do Trabalho julgar as ações em que se postule indenização substitutiva pelo não fornecimento das guias do seguro desemprego.

Súmula 389, TST. I - Inscreve-se na competência material da Justiça do Trabalho a lide entre empregado e empregador tendo por objeto indenização pelo não fornecimento das guias do seguro desemprego.

II - O não fornecimento pelo empregador da guia necessária para o recebimento do seguro desemprego dá origem ao direito à indenização.

É competência da Justiça do Trabalho processar e julgar as ações decorrentes do não cadastramento do empregado no PIS.

Súmula 300, TST. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar ações de empregados contra empregadores, relativas ao cadastramento no Plano de Integração Social (PIS).

Ressaltem-se as seguintes súmulas vinculantes em matéria de competência da Justiça do Trabalho:

• Súmula Vinculante 22, STF:

Súmula Vinculante 22 do STF. A Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar a ação de indenização por danos morais e patrimoniais decorrentes das relações de trabalho propostas por empregado contra empregador, inclusive aquelas que não possuíam sentença de mérito em primeiro grau quando da promulgação da Emenda Constitucional 45/2004. DOU de 11/12/2009.

Podemos esquematiza-la da seguinte maneira:

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No mesmo sentido é o entendimento do STJ, consubstanciado na súmula 367, para as demais ações que se tornaram de competência da Justiça do Trabalho com a EC 45/2004. In verbis:

Súmula 367, STJ: A competência estabelecida pela EC n.

45/2004 não alcança os processos já sentenciados.

Em relação ao acidente do trabalho, vale destacar que a Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar tanto as ações indenizatórias ajuizadas pelo empregado contra o empregador, como também as movidas pelos sucessores contra o empregador. Em sentido contrário era o entendimento do STJ, consubstanciado na súmula 366, que foi cancelada. Dessa maneira é inquestionável a competência da Justiça do Trabalho nos dois casos mencionados.

Por fim, em razão do acidente do trabalho, 3 ações podem ser movidas:

pelo empregado ou seus sucessores contra o empregador

pelo empregado ou sucessores contra o INSS

pelo INSS contra o empregador

• Súmula Vinculante 23, STF:

Súmula Vinculante 23 do STF: A Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar ação possessória ajuizada em decorrência do exercício do direito de greve pelos trabalhadores da iniciativa privada. DOU 11/12/2009.

Cumpre destacar que a Justiça do Trabalho não tem competência para apreciar controvérsias decorrentes do exercício do direito de greve pelo servidor público estatutário, uma vez que o STF, na ADI 3395, excluiu da competência da Justiça do Trabalho as ações que sejam instauradas entre o Poder Público e seus servidores estatutários oriundas das relações de trabalho, tal como é a greve.

• Súmula 363 do STJ

Nos termos da súmula 363 do STJ a Justiça Comum é competente para as ações de execução de cobrança de honorários de profissionais liberais. Observe-se:

• Súmula Vinculante 25 e ADI 3684, STF:

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Súmula Vinculante 25 do STF: É ilícita a prisão de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade de depósito. DOU 23/12/2009.

O inciso IV do artigo 114 da CF/88 confere à Justiça do Trabalho competência para processar e julgar os mandados de segurança, habeas corpus e habeas data quando o ato questionado envolver matéria de sua jurisdição. Entretanto, vale mencionar que o STF, na ADI nº 3.684, concedeu liminar com efeito ex tunc para declarar a incompetência da Justiça do Trabalho para processar e julgar ações penais.

Importante ressaltar que de acordo com o art. 114, VIII, da Constituição a Justiça do Trabalho é competente para a execução de ofício das contribuições sociais previstas no art. 195, I, a, e II, da CF e acréscimos legais decorrentes das sentenças que proferir, o que inclui a contribuição denominada SAT (seguro de acidente do trabalho) em razão de sua natureza de contribuição para a seguridade social, destinada ao financiamento de benefício relativo à incapacidade do empregado decorrente de infortúnio no trabalho. Nesse sentido é a OJ 414, da SDI-1, TST:

OJ 414, SDI-1, TST. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. EXECUÇÃO DE OFÍCIO. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL REFERENTE AO SEGURO DE ACIDENTE DE TRABALHO (SAT). ARTS. 114, VIII, E 195, I, "A", DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. (DEJT divulgado em 14, 15 e 16.02.2012)

Compete à Justiça do Trabalho a execução, de ofício, da contribuição referente ao Seguro de Acidente de Trabalho (SAT), que tem natureza de contribuição para a seguridade social (arts. 114, VIII, e 195, I, "a", da CF), pois se destina ao financiamento de benefícios relativos à incapacidade do empregado decorrente de infortúnio no trabalho (arts. 11 e 22 da Lei nº 8.212/1991).

Já as contribuições devidas à terceiro, ou seja, as destinadas ao sistema S (Senac, Senai, Sesi, Sebrae, etc) não objetivam custear a seguridade social, mas sim às entidades privadas de serviço social e formação profissional vinculadas ao sistema sindical, razão pela qual sua execução não se insere na competência da Justiça do Trabalho.

De acordo com a súmula 189 do TST e PN 29 do TST, compete à Justiça do Trabalho declarar a abusividade ou não greve. Observe-se:

Súmula 189, TST. GREVE. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. ABUSIVIDADE (nova redação) - Res. 121/2003,

DJ 19, 20 e 21.11.2003

A Justiça do Trabalho é competente para declarar a abusividade, ou não, da greve.

PN 29, TST. GREVE. COMPETÊNCIA DOS TRIBUNAIS PARA

DECLARÁ-LA ABUSIVA (positivo)

Compete aos Tribunais do Trabalho decidir sobre o abuso do direito de greve.

Vale destacar ainda as seguintes súmulas e orientações jurisprudenciais:

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Súmula 19, TST. QUADRO DE CARREIRA (mantida) - Res.

121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003

A Justiça do Trabalho é competente para apreciar reclamação de empregado que tenha por objeto direito fundado em quadro de carreira.

OJ 26, SDI-1, TST. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. COMPLEMENTAÇÃO DE PENSÃO REQUERIDA POR VIÚVA DE EX-EMPREGADO. Inserida em 01.02.1995

(inserido dispositivo, DJ 20.04.2005)

A Justiça do Trabalho é competente para apreciar pedido de complementação de pensão postulada por viúva de ex- empregado, por se tratar de pedido que deriva do contrato de trabalho.

OJ 138, SDI-1, TST. COMPETÊNCIA RESIDUAL. REGIME JURÍDICO ÚNICO. LIMITAÇÃO DA EXECUÇÃO. (nova redação em decorrência da incorporação da Orientação Jurisprudencial

nº 249 da SBDI-1, DJ 20.04.2005)

Compete à Justiça do Trabalho julgar pedidos de direitos e vantagens previstos na legislação trabalhista referente a período anterior à Lei nº 8.112/90, mesmo que a ação tenha sido ajuizada após a edição da referida lei. A superveniência de regime estatutário em substituição ao celetista, mesmo após a sentença, limita a execução ao período celetista. (1ª parte - ex- OJ nº 138 da SBDI-1 - inserida em 27.11.98; 2ª parte - ex-OJ nº 249 - inserida em 13.03.02)

A incompetência em razão da matéria é absoluta. Pode ser declarada pelo Juízo, de ofício, ou mediante alegação das partes em qualquer tempo ou grau de jurisdição (art. 795, § 1º, CLT e Art. 113, CPC).

A incompetência material da Justiça do Trabalho deve ser alegada em preliminar de contestação.

2.2 COMPETÊNCIA TERRITORIAL

A regra para a definição da competência territorial na Justiça do Trabalho é o LOCAL DA PRESTAÇÃO de serviços, tratada no art. 651 da CLT.

Art. 651, CLT: A competência das Varas do Trabalho é determinada pela localidade onde o empregado, reclamante ou reclamado, prestar serviços ao empregador, ainda que tenha sido contratado noutro local ou no estrangeiro.

Esse artigo da CLT é composto por três parágrafos que preveem exceções à regra geral apresentada pelo caput.

a) Empregado agente ou viajante comercial (art. 651, § 1º, CLT):

§ 1º – Quando for parte no dissídio agente ou

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viajante comercial, a competência será da Vara da localidade em que a empresa tenha agência ou filial e a esta o empregado esteja subordinado e, na falta, será competente a Vara da localização em que o empregado tenha domicílio ou a localidade mais próxima.

b) Competência da Justiça do Trabalho Brasileira para os empregados brasileiros trabalhando no estrangeiro: [Art. 651, § 2º, CLT]

§ 2º – A competência das Varas do Trabalho, estabelecida neste artigo, estende-se aos dissídios ocorridos em agência ou filial no estrangeiro, desde que o empregado seja brasileiro e não haja convenção internacional dispondo em contrário.

A grande questão é a seguinte: qual a legislação aplicável quando o empregado brasileiro é contratado no Brasil para trabalhar em outro país? São duas as situações:

Empregado brasileiro contratado para trabalhar no estrangeiro por empresa sem sede no Brasil: a legislação aplicável é a do local da prestação dos serviços.

Empregado transferido: aplica-se a legislação mais favorável. [Lei 7064/82 – alterada em 2009]

Considera-se transferido:

- empregado contratado no Brasil, trabalhando no Brasil e removido para o exterior;

- empregado contratado no Brasil, trabalhando no Brasil , cedido à empresa sediada no exterior, desde que mantido o vínculo com o empregador brasileiro;

- empregado contratado por empresa sediada no Brasil para trabalhar no exterior;

Nesse sentido é o art. 2º da Lei 7064/82. Observe-se:

Art. 2º, Lei 7064/82. Para os efeitos desta Lei, considera-se transferido:

I - o empregado removido para o exterior, cujo contrato estava sendo executado no território brasileiro;

II - o empregado cedido à empresa sediada no estrangeiro, para trabalhar no exterior, desde que mantido o vínculo trabalhista com o empregador brasileiro;

III - o empregado contratado por empresa sediada no Brasil para trabalhar a seu serviço no exterior.

Para os empregados transferidos aplica-se a legislação material mais favorável ao empregado, nos termos do art. 3º da Lei 7064/82, in verbis:

Art. 3º, Lei 7064/82. A empresa responsável pelo contrato de trabalho do empregado transferido assegurar-lhe-á, independentemente da observância da legislação do local da execução dos serviços:

I - os direitos previstos nesta Lei;

II - a aplicação da legislação brasileira de proteção ao trabalho, naquilo que não for incompatível com o disposto nesta Lei, quando mais favorável do que a legislação territorial, no conjunto de normas e em relação a cada

matéria.

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c) Empregador que promove realização de atividade fora do lugar do contrato: [Art. 651, § 3º, CLT]

§ 3º – Em se tratando de empregador que promova realização de atividades fora do lugar do contrato de trabalho, é assegurado ao empregado apresentar reclamação no foro da celebração do contrato ou no da prestação dos respectivos serviços.

Não há compatibilidade entre o artigo 111 do Código de Processo Civil, que permite às partes instituírem o foro de eleição, e o Direito Processual do Trabalho .

Conflito de Competência

Nos termos do art. 115 do CPC, o conflito de competência pode ser positivo ou negativo. No primeiro caso, dois ou mais juízes se declaram competentes para julgar a causa. Já na segunda hipótese, dois ou mais juízes se declaram incompetentes para julgar o processo. Por fim, pode ocorrer conflito de competência quando houver divergência entre dois ou mais juízes acerca da reunião ou separação de processos.

O conflito de competência originado entre os órgãos da Justiça do Trabalho será solucionado pelas normas contidas na própria CLT (artigo 803 e seguintes, que observam o critério de hierarquia) e pelos artigos 102, I, “o” e 105, I, “d”, da Constituição Federal.

Seguem os artigos mencionados:

Art. 102, CF. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:

I - processar e julgar, originariamente:

o) os conflitos de competência entre o Superior Tribunal de Justiça e quaisquer tribunais, entre Tribunais Superiores, ou entre estes e qualquer outro tribunal;

Art. 105, CF. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:

I - processar e julgar, originariamente:

d) os conflitos de competência entre quaisquer tribunais, ressalvado o disposto no art. 102, I, "o", bem como entre tribunal e juízes a ele não vinculados e entre juízes vinculados a tribunais diversos;

Art. 803, CLT. Os conflitos de jurisdição podem ocorrer entre:

a) Juntas de Conciliação e Julgamento e Juízes de Direito investidos na administração da Justiça do Trabalho;

b) Tribunais Regionais do Trabalho;

c) Juízos e Tribunais do Trabalho e órgãos da Justiça Ordinária;

Art. 808, CLT. Os conflitos de jurisdição de que trata o art. 803 serão resolvidos:

a) pelos Tribunais Regionais, os suscitados entre Juntas e entre Juízos de Direito, ou entre uma e outras, nas respectivas regiões;

b) pelo Tribunal Superior do Trabalho, os suscitados entre Tribunais Regionais, ou entre Juntas e Juízos de Direito sujeitos à jurisdição de Tribunais Regionais diferentes;

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c) Revogado pelo Decreto Lei 9.797, de 1946

d) pelo Supremo Tribunal Federal, os suscitados entre as autoridades da Justiça do Trabalho e as da Justiça Ordinária (esta alínea deve ser confrontada com o art. 105, I, “d”, da Constituição, conforme a seguir demonstrado).

Assim, os conflitos serão resolvidos pelos TRT’s e TST e, também, pelo STJ, quando o conflito de competência ocorrer entre órgãos de justiças diferentes (entre quaisquer tribunais; entre tribunais e juízes a ele não vinculados e entre juízes vinculados a tribunais diversos, ressalvada a competência do STF prevista no artigo 102, I, alínea “o” da CF) e pelo STF quando o conflito envolver tribunal superior (entre o STJ e qualquer outro tribunal; entre tribunais superiores e entre tribunais superiores e qualquer outro tribunal).

Segue resumo:

Conflito Observações Órgão

Julgador

• Conflito entre duas Varas do Trabalho

• Conflito entre juiz do trabalho e juiz de direito investido da jurisdição trabalhista

Ambos subordinados ao mesmo TRT

TRT

(art. 808, “a”, CLT)

• Conflito entre duas Varas do Trabalho

• Conflito entre juiz do trabalho e juiz de direito investido da jurisdição trabalhista

Subordinados a TRT diversos

TST

(art 808, “b”, CLT)

• Conflito entre dois

TRT’s TST

(art. 808, “b”, CLT)

Conflito entre órgãos de justiças diferentes como, por exemplo:

• Conflito entre juiz do trabalho e juiz de direito

• Conflito entre juiz do trabalho e juiz federal

• Conflito entre TRT e juiz federal

• Conflito entre TRT e juiz de direito

STJ

(art. 105, I, “d”, CF)

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Conflito envolvendo Tribunal Superior, como por exemplo:

• Conflito entre TST e TJ

• Conflito entre TST e TRF

STF

(art. 102, I, “o”, CLT)

Em razão do princípio hierárquico, não se configura conflito de competência entre Tribunal Regional do Trabalho e Vara do trabalho a ele vinculada, sendo nesse sentido a súmula 420 do TST:

Súmula 420, TST. COMPETÊNCIA FUNCIONAL. CONFLITO NEGATIVO. TRT E VARA DO TRABALHO DE IDÊNTICA REGIÃO. NÃO CONFIGURAÇÃO (conversão da Orientação Jurisprudencial nº 115 da SBDI-2) - Res. 137/2005, DJ 22, 23 e 24.08.2005. Não se configura conflito de competência entre Tribunal Regional do Trabalho e Vara do Trabalho a ele vinculada. (ex-OJ nº 115 da SBDI-2 - DJ 11.08.2003)

Serviços Auxiliares da Justiça do Trabalho

Os serviços auxiliares da Justiça do Trabalho são prestados por servidores e órgãos de auxílio.

O capítulo VI da CLT (arts. 710 a 717) é destinado apenas aos serviços auxiliares da Justiça do Trabalho.

3.1. Secretarias

Nos termos do art. 710 da CLT as secretarias são dirigidas pelo Diretor de Secretaria. Segundo Mauro Schiavi elas são compostas “pelo Diretor de Secretaria; pelo Assistente de Diretor (que substitui o diretor em suas ausências); um assistente de Juiz (que auxilia o juiz diretamente); um Secretário de Audiências, também chamado de datilógrafo de audiências, a quem compete secretariar as audiências e digitar as atas; um assistente de cálculos (a quem compete auxiliar o juiz na elaboração e conferência dos cálculos de liquidação); o oficial de justiça avaliador, a quem compete o cumprimento dos mandados e diligências solicitadas pelo Juiz; e pelos demais funcionários da Justiça do Trabalho (analistas e técnicos judiciários), que ingressam mediante concurso público de provas.”

Compete às secretarias realizar notificações, autuações, atendimento aos advogados e, ainda, sob a supervisão do juiz, nos termos do art. 162, §2º, da CPC, atos meramente ordinatórios, como a juntada e a vista obrigatória.

Art. 162, § 4º, CPC. Os atos meramente ordinatórios, como a juntada e a vista obrigatória, independem de despacho, devendo ser praticados de ofício pelo servidor e revistos pelo juiz quando necessários.

3.2. Dos Distribuidores

Nas localidades em que houver mais de uma Vara do Trabalho e nos Tribunais, onde houver mais de uma turma, haverá um distribuidor. Será de sua competência, entre outras, a distribuição do feito rigorosamente por ordem de entrada e o fornecimento de informações sobre os processos distribuídos (arts. 713 a 715, CLT).

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Os distribuidores são designados pelo Presidente do TRT, dentre funcionários das Varas do Trabalho e do TRT, ficando subordinados diretamente a ele (art. 715, CLT).

As atribuições do distribuidor estão disciplinadas no art. 714 da CLT. In verbis:

Art. 714, CLT. Compete ao distribuidor:

a) a distribuição, pela ordem rigorosa de entrada, e sucessivamente a cada Junta, dos feitos que, para esse fim, lhe forem apresentados pelos interessados;

b) o fornecimento, aos interessados, do recibo correspondente a cada feito distribuído;

c) a manutenção de 2 (dois) fichários dos feitos distribuídos, sendo um organizado pelos nomes dos reclamantes e o outro dos reclamados- ambos por ordem alfabética;

d) o fornecimento a qualquer pessoa que o solicite, verbalmente ou por certidão, de informações sobre os feitos distribuídos;

e) a baixa na distribuição dos feitos, quando isto lhe for determinado pelos Presidentes das Juntas, formando, com as fichas correspondentes, fichários à parte, cujos dados poderão ser consultados pelos interessados, mas não serão mencionados em certidões.

3.3. Oficiais de Justiça:

A CLT trata dos oficiais de Justiça no art. 721 e seguintes. Observe-se:

Art. 721 - Incumbe aos Oficiais de Justiça e Oficiais de Justiça Avaliadores da Justiça do Trabalho a realização dos atos decorrentes da execução dos julgados das Juntas de Conciliação e Julgamento e dos Tribunais Regionais do Trabalho, que lhes forem cometidos pelos respectivos Presidentes.

§ 1º Para efeito de distribuição dos referidos atos, cada Oficial de Justiça ou Oficial de Justiça Avaliador funcionará perante uma Junta de Conciliação e Julgamento, salvo quando da existência, nos Tribunais Regionais do Trabalho, de órgão específico, destinado à distribuição de mandados judiciais.

§ 2º Nas localidades onde houver mais de uma Junta, respeitado o disposto no parágrafo anterior, a atribuição para o comprimento do ato deprecado ao Oficial de Justiça ou Oficial de Justiça Avaliador será transferida a outro Oficial, sempre que, após o decurso de 9 (nove) dias, sem razões que o justifiquem, não tiver sido cumprido o ato, sujeitando-se o serventuário às penalidades da lei.

§ 3º No caso de avaliação, terá o Oficial de Justiça Avaliador, para cumprimento do ato, o prazo previsto no art. 888.

§ 4º É facultado aos Presidentes dos Tribunais Regionais do Trabalho cometer a qualquer Oficial de Justiça ou Oficial de Justiça Avaliador a realização dos atos de execução das decisões desses Tribunais.

§ 5º Na falta ou impedimento do Oficial de Justiça ou Oficial de Justiça Avaliador, o Presidente da Junta poderá atribuir a realização do ato a qualquer serventuário.

Princípios Gerais do Processo do Trabalho

4.1. Princípio da inércia ou dispositivo ou da demanda:

Nenhum juiz prestará a tutela jurisdicional senão quando a parte ou interessado a requerer, nos casos e formas legais (art. 2º, CPC).

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Art. 2o, CPC. Nenhum juiz prestará a tutela jurisdicional senão quando a parte ou o interessado a requerer, nos casos e forma legais.

De acordo com o princípio da inércia, só haverá prestação da tutela jurisdicional por iniciativa da parte, a qual deve provocar o judiciário.

No

Processo do Trabalho há algumas exceções à aplicação do referido princípio. Observe-se:

Artigo 856, CLT: o Presidente do Tribunal pode suscitar o dissídio coletivo na hipótese de paralisação do trabalho;

Artigo 39, CLT: o juiz do trabalho poderá processar e julgar a reclamação encaminhada pela SRT – Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (antiga DRT), nos casos em que por não ter a sua CTPS assinada, o empregado propuser uma reclamação perante SRT e o Órgão Administrativo constatar:

a) que em sua defesa, o reclamado alega a inexistência do vínculo de emprego ou b) que é impossível verificar esta condição pelos meios administrativos.

4.2. Princípio inquisitivo ou inquisitório

O princípio do impulso oficial determina aos Juízos e Tribunais o dever de impulsionar o processo.

O art. 262, CPC contempla tal princípio. In verbis:

Art. 262, CPC. O processo civil começa por iniciativa da parte, mas se desenvolve por impulso oficial.

No Processo do Trabalho tal princípio está previsto principalmente no art. 765 da CLT. Observe-se:

Art. 765, CLT: “Os Juízos e Tribunais do Trabalho terão ampla liberdade na direção do processo e velarão pelo andamento rápido das causas, podendo determinar qualquer diligência necessária ao esclarecimento delas.”

4.3. Princípio da Concentração

Segundo o princípio da concentração, no Processo do Trabalho, em audiência concentram-se os atos de conciliação, defesa, provas, razões finais e sentença.

A CLT previu a audiência como una ou única, conforme se observa pelos seguintes artigos:

Art. 849, CLT. “A audiência de julgamento será contínua; mas, se não for possível, por motivo de força maior, concluí-la no mesmo dia, o juiz ou presidente marcará a sua continuação para a primeira desimpedida, independentemente de nova notificação.”

Art. 852-C, CLT. “As demandas sujeitas a rito sumaríssimo serão instruídas e julgadas em audiência única, sob a direção de juiz presidente ou substituto, que poderá ser convocado para atuar simultaneamente com o titular.”

Na prática, o princípio da concentração foi mitigado, sendo a audiência dividida, no procedimento ordinário, em inicial, instrução e julgamento no procedimento ordinário.

4.4. Princípio da oralidade

Apesar de não haver previsão expressa no CPC, nem na CLT, o referido princípio possui grande destaque no Processo do Trabalho. Encontra-se implícito nas seguintes hipóteses: possibilidade de se apresentar reclamatória trabalhista verbal (artigo 840, §2º, CLT – princípio da informalidade), tentativas conciliatórias (art. 846 da CLT e 850, CLT); possibilidade de a defesa ser apresentada de forma oral em audiência (artigo 847, CLT); nas provas que são produzidas de forma oral (depoimento das partes, oitiva de testemunhas) e nas razões finais que são apresentadas de forma oral, em 10 minutos (art. 850, CLT).

4.5. Princípio da identidade física do juiz

Previsto no artigo 132 do CPC, o princípio da identidade física do juiz ensina que o juiz que presidiu a causa e concluiu a instrução probatória necessariamente deverá proferir a sentença.

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Art. 132, CPC. O juiz, titular ou substituto, que concluir a audiência julgará a lide, salvo se estiver convocado, licenciado, afastado por qualquer motivo, promovido ou aposentado, casos em que passará os autos ao seu sucessor.

Com o cancelamento da súmulas 136 do TST tem-se que este princípio também se aplica no Processo do Trabalho.

4.6. Princípio da imediatidade ou da imediação:

Segundo o princípio da imediatidade as provas deverão ser produzidas com a participação do juiz.

No CPC este princípio está previsto nos arts. 342, 440 e 446, II do CPC. In verbis:

Art. 342, CPC. O juiz pode, de ofício, em qualquer estado do processo, determinar o comparecimento pessoal das partes, a fim de interrogá-las sobre os fatos da causa.

Art. 440, CPC. O juiz, de ofício ou a requerimento da parte, pode, em qualquer fase do processo, inspecionar pessoas ou coisas, a fim de se esclarecer sobre fato, que interesse à decisão da causa.

Art. 446, CPC. Compete ao juiz em especial:

I - dirigir os trabalhos da audiência;

II - proceder direta e pessoalmente à colheita das provas;

Pode-se visualizar tal princípio na CLT em seu artigo 820, segundo o qual o juiz participará da colheita do depoimento das partes e das testemunhas. Observe-se:

Art. 820, CLT. As partes e testemunhas serão inquiridas pelo juiz ou presidente, podendo ser reinquiridas, por seu intermédio, a requerimento dos vogais, das partes, seus representantes ou advogados.

4.7. Princípio da Pertetuatio Jurisdictionis:

Segundo o princípio da perpetuatio jurisdictionis a competência absoluta (em razão da matéria, da pessoa e da função) é imutável, sendo determinada no momento da propositura da ação, salvo nas hipóteses do art. 87 do CPC: supressão de órgão judiciário ou alteração da competência em razão da matéria e/ou da hierarquia.

Observe-se o art. 87 do CPC:

Art. 87, CPC. Determina-se a competência no momento em que a ação é proposta. São irrelevantes as modificações do estado de fato ou de direito ocorridas posteriormente, salvo quando suprimirem o órgão judiciário ou alterarem a competência em razão da matéria ou da hierarquia.

Equipara-se a hipótese de supressão de órgão judiciário a criação de vara no trabalho nas hipóteses em que antes eram inexistentes.

Quando houver supressão do órgão judiciário, criação de vara do trabalho ou alteração da competência em razão da matéria, todas as ações deslocar-se-ão para o novo juízo competente, as já sentenciadas e as ainda não sentenciadas. Apenas quanto às ações que se tornaram de competência da Justiça do Trabalho com a EC 45/2004, por razões de política judiciária, o deslocamento para a Justiça do Trabalho dá-se exclusivamente quanto aquelas ainda não sentenciadas.

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4.8. Estabilidade da Lide

Esse princípio informa o momento processual limite em que o autor poderá modificar a petição inicial após a propositura da ação.

No Processo Civil, antes da citação, o autor terá ampla liberdade para modificar a petição inicial (art.

294, CPC), após a sua realização, apenas com o consentimento do réu (art. 264, CPC) e após o despacho saneador, em nenhuma hipótese (art. 264, parágrafo único).

No Processo do Trabalho não há despacho saneador e a defesa é apresentada em audiência, de modo que o último momento para o autor modificar a petição inicial é em audiência, antes da apresentação da defesa. Deve o juiz, neste caso, conceder prazo não inferior a cinco dias para que o réu se manifeste quanto às alterações.

4.9. Princípio da Eventualidade

O princípio da eventualidade está previsto no art. 300 da CPC, o qual prevê que “Compete ao réu alegar, na contestação, toda matéria de defesa, expondo as razões de fato e de direito, com que impugna o pedido do autor e especificando as provas que pretende produzir.”

Assim, de acordo com este princípio toda matéria de defesa deve ser aduzida na contestação.

4.10. Princípio da Finalidade ou da Instrumentalidade das formas

O princípio da finalidade também é denominado princípio da instrumentalidade das formas, com previsão nos arts. 154 e 244 do CPC, os quais em síntese estabelecem que quando a lei prevê determinada forma para a prática do ato processual, sem cominar nulidade, o ato será considerado válido, se realizado de outro modo alcançar a sua finalidade. Observe-se:

Art. 154, CPC. Os atos e termos processuais não dependem de forma determinada senão quando a lei expressamente a exigir, reputando-se válidos os que, realizados de outro modo, Ihe preencham a finalidade essencial.

Art. 244, CPC. Quando a lei prescrever determinada forma, sem cominação de nulidade, o juiz considerará válido o ato se, realizado de outro modo, Ihe alcançar a finalidade.

4.11. Princípio da Busca da Verdade Real

O princípio da busca da verdade real equivale ao princípio de direito material denominado primazia da realidade, sendo o qual se busca no processo do trabalho a realidade.

É pela aplicação deste princípio que é possível invalidar recibos de pagamento, quando as testemunhas demonstram que não refletem a verdade real. Da mesma forma, quando contraditória a prova documental, prevalece a prova testemunhal.

4.12. Princípio da Extrapetição

Autoriza que o juiz condene o reclamado a certos pedidos que não constam na petição inicial do reclamante.

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É exemplo de aplicação do princípio da extrapetição os juros e correção monetária que serão computados ainda que autor não formule pedido nesse sentido e, mais, mesmo que o juiz não os inclua na sentença serão incluídos nos cálculos de liquidação. Nesse sentido é o art. 293 do CPC e súmula 211 do TST. Observe-se:

Art. 293. Os pedidos são interpretados restritivamente, compreendendo- se, entretanto, no principal os juros legais.

Súmula 211, TST. JUROS DE MORA E CORREÇÃO MONETÁRIA.

INDEPENDÊNCIA DO PEDIDO INICIAL E DO TÍTULO EXECUTIVO JUDICIAL (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003

Os juros de mora e a correção monetária incluem-se na liquidação, ainda que omisso o pedido inicial ou a condenação.

• Princípio da Preclusão

Como afirma o professor Carlos Henrique Bezerra Leite ( Manual de Direito Processual do Trabalho.

7ª Ed. p. 69), o princípio da preclusão “...decorre da própria logicidade do processo, que é andar para frente, sem retorno a etapas ou momentos processuais já ultrapassados.

A preclusão pode ser consumativa (decorre da prática do ato processual); temporal (caracteriza-se pela impossibilidade de praticar o ato processual após expirado o prazo processual); preclusão lógica (caracteriza-se pela impossibilidade de praticar um ato processual por mostrar-se contraditório com o já praticado); preclusão ordinatória (pode ser definida como a impossibilidade de praticar um ato processual antes da realização de ato que a legislação prevê como precedente); preclusão máxima (consiste na impossibilidade de interposição de qualquer recurso após o transito em julgado); preclusão pro judicato (consiste na impossibilidade de o juiz conhecer de questões já decididas, salvo nas hipóteses de embargos de declaração e ação rescisória.

ATOS, TERMOS E PRAZOS PROCESSUAIS

Ato Processual

Os atos processuais são acontecimentos voluntários que ocorrem no processo. São, em regra, públicos, segundo estabelece o artigo 93, inciso IX da CF, mas correm em segredo de justiça os processos: a) em que exigir o interesse público; e b) que dizem respeito a casamento, filiação, separação dos cônjuges, conversão desta em divórcio, alimentos e guarda de menores.

Os atos processuais podem ser praticados: a) pelo juiz: despachos, decisões interlocutórias e sentenças (art. 162 do CPC) e também a presidência das audiências, a supervisão dos trabalhos da secretaria, o atendimento aos advogados e etc.; b) pelas partes: petição inicial, contestação, recursos, depoimento pessoal, entre outros; e c) atos dos auxiliares: notificação, penhora, avaliação, perícia, etc.

Devem ser realizados em dias úteis, das 6h00 às 20h00 (Cuidado para não confundir com o horário das audiências, que é das 8h00 às 18h00, com duração máxima de 5 horas, salvo em caso de matéria urgente).

A penhora PODE realizar-se em domingos e feriados mediante expressa autorização do juiz, observado o disposto no art. 5°, XI da CF: ninguém pode penetrar na casa, asilo inviolável do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou durante o dia, por determinação judicial.

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Art. 770, CLT: Os atos processuais serão públicos, salvo quando o contrário determinar o interesse social, e realizar-se- ão nos dias uteis das 6 às 20 horas.

Parágrafo Único. A penhora poderá realizar-se em domingo ou dia feriado, mediante autorização expressa do juiz.

Art. 772, CLT. Os atos e termos processuais, que devam ser assinados pelas partes interessadas, quando estas, por motivo justificado, não possam fazê-lo, serão firmados a rogo, na presença de 2 (duas) testemunhas, sempre que não houver procurador legalmente constituído.

É possível obter certidão em processo que corre em segredo de justiça, desde que haja despacho do juiz.

Art. 781, CLT: As partes poderão requerer certidões dos processos em curso ou arquivados, as quais serão lavradas pelos escrivães ou diretores de secretaria.

Parágrafo Único. As certidões dos processos que correm em segredo de justiça dependerão de despacho do juiz ou presidente.

TERMOS

Termo é a redução escrita de um ato processual.

Os atos processuais devem ser registrados. O objetivo do legislador é que os registros sejam feitos de forma indelével. Logo não se admite termos lançados a lápis.

Na CLT há 3 artigos que tratam de termos processuais:

Art. 771, CLT. Os atos e termos processuais poderão ser escritos à tinta, datilografados ou a carimbo.

Art. 772, CLT. Os atos e termos processuais, que devam ser assinados pelas partes interessadas, quando estas, por motivo justificado, não possam fazê-lo, serão firmados a rogo, na presença de duas testemunhas, sempre que não houver procurador legalmente constituído.

Art. 773, CLT. Os termos relativos ao movimento de processos constarão de simples notas, datadas e rubricadas pelos Chefes de Secretaria ou escrivães.

Mesmo os atos processuais que podem ser praticados de forma oral devem ser reduzidos a termo.

O CPC, em seus artigos 166 a 171, também traz diversas exigências em relação a termos processuais, como a numeração e rubrica do escrivão em todas as páginas do processo, a vedação do uso de abreviaturas, proibição de espaços em branco, emendas, rasuras (salvo se os espaços em branco forem inutilizados e as rasuras expressamente ressalvadas) etc.

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PRAZOS

Devem ser destacados dois momentos quanto aos atos processuais:

• O momento do início do prazo: o prazo inicia-se no dia da notificação ou da intimação.

• O momento do início da contagem do prazo: o início da contagem ocorre no primeiro dia útil subsequente ao dia no início do prazo.

Art. 774, CLT. Salvo disposição em contrário, os prazos previstos neste Título contam-se, conforme o caso, a partir da data em que for feita pessoalmente, ou recebida a notificação, daquela em que for publicado o edital no jornal oficial ou no que publicar o expediente da Justiça do Trabalho, ou, ainda, daquela em que for afixado o edital na sede da Junta, Juízo ou Tribunal.

Art. 775, CLT. Os prazos estabelecidos neste Título contam-se com exclusão do dia do começo e inclusão do dia do vencimento, e são contínuos e irreleváveis, podendo, entretanto, ser prorrogados pelo tempo estritamente necessário elo juiz ou tribunal, ou em virtude de força maior, devidamente comprovada.

Parágrafo único - Os prazos que se vencerem em sábado, domingo ou dia feriado, terminarão no primeiro dia útil seguinte.

Destacam-se as seguintes súmulas que se referem ao início e a contagem dos prazos processuais:

• Súmula 1, TST. Quando a intimação tiver lugar na sexta-feira, ou a publicação com efeito de intimação for feita nesse dia, o prazo judicial será contado da segunda-feira imediata, inclusive, salvo se não houver expediente, caso em que fluirá do dia útil que se seguir.

Súmula 262, TST. I - Intimada ou notificada a parte no sábado, o início do prazo se dará no primeiro dia útil imediato e a contagem, no subseqüente.

II - O recesso forense e as férias coletivas dos Ministros do Tribunal Superior do Trabalho (art. 177, § 1º, do RITST) suspendem os prazos recursais.

Recesso forense: 20 de dezembro a 6 de janeiro

Quando a intimação ocorre no sábado, tem-se por realizada na segunda-feira (se dia útil), sendo este o dia do início do prazo e terça-feira (se dia útil), o dia do início da contagem do prazo.

OJ 310, SDI-I, TST. A regra contida no art. 191 do CPC é inaplicável ao processo do trabalho, em face de sua incompatibilidade com o princípio da celeridade inerente ao processo trabalhista.

O art. 191 do CPC estabelece que litisconsortes com procuradores diferentes tem prazo em dobro.

Como tal dispositivo legal não se aplica ao no Processo do Trabalho, tem-se que LITISCONSÓRCIO COM PROCURADORES DIFERENTES NÃO TEM PRAZO EM DOBRO NO PROCESSO DO TRABALHO.

Ainda quanto aos prazos, vale destacar que a Fazenda Pública e o Ministério Público tem prazo em dobro para recorrer e em quádruplo para contestar.

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Art. 188, CPC. Computar-se-á em quádruplo o prazo para contestar e em dobro para recorrer quando a parte for a Fazenda Pública ou o Ministério Público.

O Decreto Lei nº 779/69 em seu artigo 1º, estabelece que nos processos perante a Justiça do Trabalho constituem privilégio da União, dos Estados, do DF, dos Municípios, e das autarquias ou fundações de direito publico federais, estaduais ou municipais que não explorem atividade econômica:

- Inciso II: o quádruplo de prazo fixado no artigo 841, in fine, da CLT.

- Inciso III: o prazo em dobro para recurso.

Assim, tendo em vis ta que a Fazenda tem prazo em quádruplo para contestar e que a defesa sempre é apresentada em primeira audiência, então para a Fazenda a audiência será a primeira desimpedida depois de 20 dias.

Quando a parte não comparecer a audiência em prosseguimento para prolação da sentença, o prazo para recurso será contado da data de sua intimação (súmula 197 do TST).

Entretanto, se embora presente, a ata da audiência de julgamento for juntada ao processo no prazo de 48 horas, o prazo para o recurso será contado da data em que a parte receber a intimação (súmula 30 do TST)

Nos termos do art. 185 do CPC, não havendo previsão legal ou fixação do prazo pelo juiz, será de 5 dias o prazo para a prática do ato processual.

Os prazos que se vencerem sábados, domingos ou feriados prorrogam-se para o próximo dia útil subsequente. (art. 775, parágrafo único, CLT)

Em algumas hipóteses, os prazos processuais podem ser suspensos (paralisa-se a contagem e quando concluída a causa suspensiva o prazo volta a fluir pelo que lhe resta) ou interrompidos (paralisa-se a contagem e quando concluída a causa interruptiva o prazo reinicia).

Súmula 262, TST, II. O recesso forense e as férias coletivas dos Ministros do Tribunal Superior do Trabalho (art. 177, § 1º, do RITST) suspendem os prazos recursais. (ex-OJ nº 209 da SBDI-1 - inserida em 08.11.2000).

Art. 180, CPC. Suspende-se também o curso do prazo por obstáculo criado pela parte ou ocorrendo qualquer das hipóteses do art. 265, I e III;

casos em que o prazo será restituído por tempo igual ao que faltava para a sua complementação.

É possível a interposição de recurso por fac-símile, nos termos da Lei 9800/99 e da súmula 387 do TST.

A súmula 387 do TST, alterada pelo Pleno do TST em maio de 2011, estabelece o seguinte:

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Súmula 387 RECURSO. FAC-SÍMILE. LEI Nº 9.800/1999 (inserido o item IV à redação) - Res. 174/2011, DEJT divulgado

em 27, 30 e 31.05.2011

I - A Lei nº 9.800, de 26.05.1999, é aplicável somente a recursos interpostos após o início de sua vigência. (ex-OJ nº 194 da

SBDI-1 - inserida em 08.11.2000)

II - A contagem do quinquídio para apresentação dos originais de recurso interposto por intermédio de fac-símile começa a fluir do dia subsequente ao término do prazo recursal, nos termos do art. 2º da Lei nº 9.800, de 26.05.1999, e não do dia seguinte à interposição do recurso, se esta se deu antes do termo final do prazo. (ex-OJ nº 337 da SBDI-1 - primeira parte - DJ 04.05.2004) III - Não se tratando a juntada dos originais de ato que dependa de notificação, pois a parte, ao interpor o recurso, já tem ciência de seu ônus processual, não se aplica a regra do art. 184 do CPC quanto ao "dies a quo", podendo coincidir com sábado, domingo ou feriado. (ex-OJ nº 337 da SBDI-1 - "in fine" - DJ 04.05.2004)

IV - A autorização para utilização do fac-símile, constante do art.

1º da Lei n.º 9.800, de 26.05.1999, somente alcança as hipóteses em que o documento é dirigido diretamente ao órgão jurisdicional, não se aplicando à transmissão ocorrida entre particulares.

Dos dispositivos legais e jurisprudenciais extrai-se que:

• Os originais devem ser juntados no prazo de cinco dias contados do dia subsequente ao término do prazo recursal e não do dia subsequente ao envio do fax. Assim, mesmo que o recurso seja enviado ao órgão do poder judiciário via fax no terceiro dia do prazo recursal, o quinquídio para apresentação dos originais conta-se do dia subsequente ao oitavo dia do prazo;

• O primeiro dos cinco dias para a juntada dos originais pode coincidir com sábado, domingo ou feriado.

• Caso o último dos cinco dias recair em sábados, domingos ou feriados, o prazo prorroga-se para o próximo dia útil subsequente.

• O item IV da súmula, recentemente acrescentado pelo Pleno do TST, destaca que a lei 9800/99 permite a prática dos atos processuais por fax, mediante o envio do documento diretamente ao órgão jurisdicional. Não admite que o documento seja transmitido entre particulares para somente depois, em ato contínuo, ser encaminhado ao órgão jurisdicional. Assim, os comprovantes de depósito recursal e de custas processuais encaminhados da matriz do escritório de advocacia para a filial via fax e somente depois, ato contínuo, encaminhados ao órgão jurisdicional não são reputados autênticos, segundo o entendimento do TST.

Seguem os principais prazos trabalhistas:

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Principais Prazos Trabalhistas

Hipóteses Prazo Fundamento

Audiência Primeira desimpedida

depois de 5 dias contados do recebimento da notificação

Art. 841, CLT

Defesa Verbal 20 minutos Art. 847, CLT

Manifestação do Exceto

em exceção de

incompetência

24 horas Art. 800, CLT

Audiência para instrução e julgamento da exceção de suspeição e impedimento

48 horas Art. 802, CLT

Razões Finais 10 minutos Art. 850, CLT

Recurso ordinário 8 dias Art. 895, CLT

Recurso de revista 8 dias Art. 896, CLT

Embargos ao TST 8 dias Art. 894, CLT

Agravo de petição 8 dias Art. 897, “a”, CLT

Agravo de instrumento 8 dias Art. 897, “b”, CLT

Embargos de declaração 5 dias Art. 897-A, CLT

Pedido de Revisão 48 horas Art. 2º, § 2º, Lei 5584/70 Recurso extraordinário 15 dias Art. 102, III, CF e art. 266,

§ 1º do Regimento Interno do TST

Embargos a execução 5 dias contados da garantia do juízo

Art. 884, CLT Embargos à execução

pela Fazenda Pública

30 dias Art. 1º-B, Lei 9494/97

Ação rescisória 2 anos contados do dia subsequente ao trânsito em julgado

Art. 495, CPC e súmula 100, I, TST.

Inquérito judicial para apuração de falta grave

30 dias contados da suspensão do empregado

Art. 853, CLT Mandado de segurança 120 dias contados da

ciência do ato impugnado

Art. 23, Lei 12016/2009 Prazo para a Fazenda e

Ministério recorrer

Prazo em dobro Art. 188, CPC e art. 1º, III, Decreto-Lei

Audiência para a Fazenda e Ministério Público na condição de parte

Primeira desimpedida depois de 20 dias contados do recebimento da notificação (prazo em quádruplo)

Art. 188, CPC e art. 1º, II, Decreto-Lei

Prescrição bienal 2 anos contados do término do contrato de trabalho

Art. 7º, XXIX e art. 11, CLT.

Prescrição quinquenal 5 anos contados do ajuizamento da ação

Art. 7º, XXIX e art. 11, CLT e súmula 308, TST.

Litisconsortes com procuradores diferentes

não tem prazo em dobro Súmula 310, SDI-1, TST

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PARTES E PROCURADORES:

“IUS POSTULANDI”

É a capacidade de postular pessoalmente em Juízo, sem necessidade de representação por advogado. Na Justiça do Trabalho, diversamente do que ocorre no processo civil, a capacidade postulatória é facultada diretamente aos empregados e aos empregadores.

Art. 791, CLT. Os empregados e os empregadores poderão reclamar pessoalmente perante a Justiça do Trabalho e acompanhar as suas reclamações até o final.

É importante observar que o referido artigo trata apenas de empregados e empregadores, portanto, para as novas ações acrescidas à competência da Justiça do Trabalho pela EC 45/2004, a representação das partes por advogado será obrigatória.

O TST firmou posicionamento no sentido de não ser conferida capacidade postulatória aos trabalhadores não empregados, como se extrai do art. 5º da IN 27/2005, que trata de normas procedimentais aplicáveis ao Processo do Trabalho em decorrência da ampliação da competência da Justiça do Trabalho.

Ressalte-se, entretanto, que o ius postulandi sofreu limitação no entendimento do TST, conforme se observa pela redação da recentemente editada súmula 425.

Súmula 425, TST. O jus postulandi das partes, estabelecido no art. 791 da CLT, limita-se às Varas do Trabalho e aos Tribunais Regionais do Trabalho, não alcançando a ação rescisória, a ação cautelar, o mandado de segurança e os recursos de competência do Tribunal Superior do Trabalho.

Ressalte-se que por força do art. 652, a, III, da CLT aos dissídios resultantes de contratos de empreitadas em que o empreiteiro seja operário ou artífice, aplica-se a CLT, inclusive o art. 791, que trata do jus postulandi. O mesmo ocorre com o trabalhador avulso, nos termos do art. 643 da CLT: "Art. 643 - Os dissídios, oriundos das relações entre empregados e empregadores bem como de trabalhadores avulsos e seus tomadores de serviços, em atividades reguladas na legislação social, serão dirimidos pela Justiça do Trabalho, de acordo com o presente Título e na forma estabelecida pelo processo judiciário do trabalho."

6.2. REPRESENTAÇÃO POR ADVOGADO

Na Justiça do Trabalho faculta-se a representação do empregado e do empregador por advogado, porém, caso seja esta a opção da parte, o advogado deverá fazer constar nos autos a devida procuração.

Sem este instrumento de mandato, não poderá ingressar nos autos.

O artigo 37 do CPC, aplicável ao Processo do Trabalho (segundo o artigo 5º da IN 25/2005 do Tribunal Pleno do TST), ensina que sem instrumento de mandato, ao advogado não será admitido ingressar em juízo.

Poderá, todavia, em nome da parte, intentar ação, a fim de evitar decadência ou prescrição, bem como intervir no processo para praticar atos reputados urgentes.

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Nestes casos, o advogado obrigar-se-á, independentemente de caução, a exibir o instrumento de mandato no prazo de 15 dias, prorrogável até outros 15 por despacho do juiz.

Art. 37. Sem instrumento de mandato, o advogado não será admitido a procurar em juízo. Poderá, todavia, em nome da parte, intentar ação, a fim de evitar decadência ou prescrição, bem como intervir, no processo, para praticar atos reputados urgentes. Nestes casos, o advogado se obrigará, independentemente de caução, a exibir o instrumento de mandato no prazo de 15 (quinze) dias, prorrogável até outros 15 (quinze), por despacho do juiz.

Parágrafo único. Os atos, não ratificados no prazo, serão havidos por inexistentes, respondendo o advogado por despesas e perdas e danos.

Entretanto, mesmo sem a juntada da procuração, a representação estará regularizada se evidenciada a procuração apud acta, para muitos também denominada de mandato tácito. A Lei 12437 de 06 de julho de 2011 inseriu o parágrafo terceiro ao art. 791, passando a prever expressamente a tal procuração. Observe-se:

Art. 791,§ 3º, CLT. A constituição de procurador com poderes para o foro em geral poderá ser efetivada, mediante simples registro em ata de audiência, a requerimento verbal do advogado interessado, com anuência da parte representada.

Atenção! O detentor de procuração apud acta (mandato tácito) não tem poderes para substabelecer (OJ 200, SDI-1, TST)

OJ 200, SDI-1, TST. MANDATO TÁCITO.

SUBSTABELECIMENTO INVÁLIDO. Inserida em 08.11.00

(inserido dispositivo, DJ 20.04.2005)

É inválido o substabelecimento de advogado investido de mandato tácito.

A Súmula 395 do TST e a OJ 373, da SDI-1 tratam das condições de validade do mandato.

Observe-se:

Súmula 395, TST. MANDATO E SUBSTABELECIMENTO.

CONDIÇÕES DE VALIDADE (conversão das Orientações Jurisprudenciais nºs 108, 312, 313 e 330 da SBDI-1) - Res.

129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005

I - Válido é o instrumento de mandato com prazo determinado que contém cláusula estabelecendo a prevalência dos poderes para atuar até o final da demanda. (ex-OJ nº 312 da SBDI-1 - DJ 11.08.2003)

II - Diante da existência de previsão, no mandato, fixando termo para sua juntada, o instrumento de mandato só tem validade se anexado ao processo dentro do aludido prazo. (ex-OJ nº 313 da SBDI-1 - DJ 11.08.2003)

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III - São válidos os atos praticados pelo substabelecido, ainda que não haja, no mandato, poderes expressos para substabelecer (art. 667, e parágrafos, do Código Civil de 2002).

(ex-OJ nº 108 da SBDI-1 - inserida em 01.10.1997)

IV - Configura-se a irregularidade de representação se o substabelecimento é anterior à outorga passada ao substabelecente. (ex-OJ nº 330 da SBDI-1 - DJ 09.12.2003) Súm. 383, TST

Súmula 383, TST.

I - É inadmissível, em instância recursal, o oferecimento tardio de procuração, nos termos do art. 37 do CPC, ainda que mediante protesto por posterior juntada, já que a interposição de

recurso não pode ser reputada ato urgente.

II - Inadmissível na fase recursal a regularização da representação processual, na forma do art. 13 do CPC, cuja aplicação se restringe ao Juízo de 1º grau.

OJ 373, SDI-1, TST IRREGULARIDADE DE REPRESENTAÇÃO. PESSOA JURÍDICA. PROCURAÇÃO INVÁLIDA. AUSÊNCIA DE IDENTIFICAÇÃO DO OUTORGANTE E DE SEU REPRESENTANTE. ART. 654, § 1º, DO CÓDIGO CIVIL (DEJT divulgado em 10, 11 e 12.03.2009) Não se reveste de validade o instrumento de mandato firmado em nome de pessoa jurídica em que não haja a sua identificação e a de seu representante legal, o que, a teor do art. 654, § 1º, do Código Civil, acarreta, para a parte que o apresenta, os efeitos processuais da inexistência de poderes nos autos.

Segundo a súmula 436, I, do TST, a União, Estados, Municípios e DF, suas autarquias e fundações públicas quando representadas em juízo, ativa e passivamente, por seus procuradores, estão dispensadas da juntada de procuração.

REPRESENTAÇÃO PROCESSUAL. PROCURADOR DA UNIÃO, ESTADOS,

MUNICÍPIOS E DISTRITO FEDERAL, SUAS AUTARQUIAS E FUNDAÇÕES

PÚBLICAS. JUNTADA DE INSTRUMENTO DE MANDATO (conversão da

Orientação Jurisprudencial nº 52 da SBDI-I e inserção do item II à redação)

I - A União, Estados, Municípios e Distrito Federal, suas autarquias e fundações

públicas, quando representadas em juízo, ativa e passivamente, por seus procuradores,

estão dispensadas da juntada de instrumento de mandato e de comprovação do ato de

nomeação.

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II - Para os efeitos do item anterior, é essencial que o signatário ao menos declare-se

exercente do cargo de procurador, não bastando a indicação do número de inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil.

Não é preciso juntar os atos constitutivos da sociedade para regularizar a representação de pessoas jurídicas, salvo se essa regularidade de representação for impugnada, neste caso será necessária à juntada.

OJ 255 SDI-1, TST. MANDATO. CONTRATO SOCIAL.

DESNECESSÁRIA A JUNTADA. Inserida em 13.03.02

O art. 12, VI, do CPC não determina a exibição dos estatutos da empresa em juízo como condição de validade do instrumento de mandato outorgado ao seu procurador, salvo se houver impugnação da parte contrária.

6.3. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS

Relação de trabalho diferente de relação de emprego IN 27/2005

Art. 5º Exceto nas lides decorrentes da relação de emprego, os honorários advocatícios são devidos pela mera sucumbência.

O TST adota corrente restritiva quanto aos honorários advocatícios sucumbenciais, estabelecendo nas súmulas 219 e 329 e na OJ 305 da SDI-1, TST, que, em regra, nas relações de emprego, não cabem honorários sucumbenciais no processo do trabalho, exceto em um caso, quando presentes dois requisitos cumulativos: reclamante beneficiário da justiça gratuita + assistido por advogado de sindicato da categoria.

Nesse caso, os honorários serão de até 15%, reversíveis ao sindicato da categoria.

Súmula 219. I. Na Justiça do Trabalho, a condenação ao pagamento de honorários advocatícios, nunca superiores a 15%, não decorre pura e simplesmente da sucumbência, devendo a parte estar assistida por sindicato de categoria profissional e comprovar a percepção de salário inferior ao dobro do salário mínimo ou encontrar-se em situação econômica que não lhe permita demandar sem prejuízo do próprio sustento ou da respectiva família.

II - É cabível a condenação ao pagamento de honorários advocatícios em ação rescisória no processo trabalhista.

III - São devidos os honorários advocatícios nas causas em que o ente sindical figure como substituto processual e nas lides que não derivem da relação de emprego.

Súmula 329. Mesmo após a promulgação da CF/88, permanece válido o entendimento consubstanciado no Enunciado nº 219 do TST.

Referências

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