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Os Indígenas Xavante no Censo 2010

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Os Indígenas Xavante no Censo 2010

Luciene Guimarães de Souza

1

; Barbara Coelho Barbosa da Cunha

2

1Fundação Oswaldo Cruz Laboratório de Ensino e Pesquisa em Alimentação e Nutrição- LEPAN/ENSP/FIOCRUZ Rio de Janeiro RJ.

lucienesouza@ensp.fiocruz.br

2Escola Nacional de Saúde Pública/ENSP

Fundação Oswaldo Cruz

Resumo: Este estudo analisa o conjunto de pessoas que se autodeclararam indígenas

Xavante no Censo 2010. Os dados são referentes ao questionário básico e foram consideradas as seguintes variáveis: etnia; situação de domicílio; localização do domicílio (dentro ou fora de Terra Indígena-TI); cor ou raça; língua falada no domicílio.

As categorias de análise foram: 15 municípios com TI Xavante, 4 (quatro) municípios no entorno das TI Xavante e a capital do estado de Mato Grosso, Cuiabá;

autodeclarados no quesito cor ou raça: autodeclarados da etnia Xavante, dentro das TI Xavante e se consideraram indígenas. Outras duas fontes de informações foram a Fundação Nacional do Índio (Funai) e o Sistema de Informação sobre a Saúde Indígena- SIASI. No Censo 2010, dos 19.259 autodeclarados indígena Xavante, na sua maioria, 91,6% residiam em área rural. Embora com distintos quantitativos, foram encontrados em todo o território nacional. A grande maioria fala a língua Xavante no domicílio (85,9%). Dentre os 14 municípios com TI Xavante, Campinápolis, Barra do Garças, Nova Nazaré e General Carneiro, juntos somavam, 75,1% do montante populacional Xavante residentes em área rural. Dentro das TI Xavante, especificamente na TI Areões, Pimentel Barbosa e Sangradouro-Volta Grande, todos se autodeclararam indígenas e da etnia Xavante. Na TI Marechal Rondon, foram recenseados 549 indivíduos e estes não se declararam na categoria indígena, mas 548 se consideravam. Os resultados sugerem que metodologias e instrumentos de captação podem influenciar a produção de dados. O Censo de 2010 possibilitou a análise dados demográficos das etnias indígenas no Brasil de uma forma inédita. Um passo importante é comparar esses dados com aqueles oriundos de outras fontes, mesmo que este tenham distintas metodologias para captação.

Palavras Chave: Povos Indígenas, Demografia, Censo Demográfico, Xavante.

(2)

Introdução

Nos Censos de 1991 e 2000 a população autodeclarada indígena foi captada no quesito cor ou raça, por meio do questionário da amostra. Na análise desses dados foi necessário criar uma unidade intitulada de “rural específico” com vistas a uma aproximação com os espaços circunscritos às terras indígenas e consequentemente uma justaposição com os povos residentes nestas localidades, já que as informações captadas pelo censo ficavam diluídas na categoria de índio genérico.

O censo 2010 ampliou o conjunto de informações sobre os indígenas no Brasil com a inclusão da pergunta sobre pertencimento étnico, língua falada no domicílio e localização geográfica.

Anterior aos dados captados pelo Censo, estudiosos têm se valido de múltiplas estratégias de coleta de dados para a realização de estudos populacionais entre os povos indígenas no país (Souza et al, 2011; Pagliaro et al, 2005, 2009; Flowers, 1994; Early e Peters, 1990). Muito embora estes estudos sejam muito importantes, ainda representam poucos estudos de caso perante a grande sociodiversidade étnica existente no Brasil, confirmada pelo censo 2010.

Além do censo, as fontes de dados utilizadas são as mais variadas, dentre estas destacamos os registros dos serviços de saúde nas aldeias e várias outras iniciativas de sistematização de dados demográficos por parte de instituições religiosas, organizações não governamentais e associações de povos indígenas, cada vez mais presentes no cenário nacional.

Os Xavante, em termos populacionais, representam o maior contingente étnico do estado de Mato Grosso e está entre os grupos estudados sob a perspectiva da demografia (Pereira, 2011; Souza et al, 2011;Souza e Santos, 2001; Flowers, 1994).

Embora as terras indígenas Xavante estejam situadas no estado de Mato Grosso, em outubro de 2010, o Sistema de Informação da Atenção à Saúde Indígena-SIASI da Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI) tinha registrado população Xavante em sete (7) dos 34 Distritos Sanitários Especiais Indígenas, assim distribuídos: no Araguaia (2 indivíduos), Cuiabá (1), Litoral Sul (6), Maranhão (1), Mato Grosso do Sul (7), Minas Gerais e Espírito Santo (1) e Xavante (17.887), totalizando 17.905 indivíduos.

As questões a ser investigada são: o que o Censo 2010 conduzido pelo IBGE

captou sobre a população Xavante; quantos são; onde estão e qual a composição

segundo cor/raça nas TI. Xavante?

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Para responder estas perguntas, este estudo analisa o conjunto de pessoas que se autodeclararam ou se consideravam indígenas Xavante no Censo de 2010.

População e Método

O território Xavante está localizado à Leste do estado de Mato Grosso. As Terras Indígenas - TI. Xavante ocupam a zona norte oriental do Planalto do Brasil Central.

De acordo com a Fundação Nacional do Índio (Funai) são reconhecidas a situação fundiária de treze TI. Xavante, sendo quatro ainda em estudo e são as seguintes: Pimentel Barbosa e Areões, Areões I e II e Chão Preto (Baixo Rio das Mortes, região do Pantanal); Sangradouro-Volta Grande e São Marcos (Alto Rio das Mortes); Parabubure e Ubawawe (rios Kuluene e Couto Magalhães); Marechal Rondon (Rios Paranatinga e Batovi); Marãiwatsede (Rio Araguaia). Em estudo: Eterãirebere, Hu’uhi, Norotsurã e Isoú’pá, para as quais não foram coletadas informações demográficas (Figura 1).

Figura 1. Localização geográfica das Terras Indígenas Xavante no estado de Mato

Grosso, Brasil.

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Os Xavante se autodenominam Auwê, pertencem à família linguística Jê, tronco linguístico Macro-Jê, língua Xavante.

A sociedade Xavante é constituída por metades patrilineares exogâmicas, ou seja, a criança ao nascer pertence ao clã do pai. Há três clãs: Poredza’ono, Öwawe e Topdató, e os membros de um mesmo clã não podem casar entre si. O grupo doméstico é composto por famílias extensas matrilocais. Ainda que a maioria das pessoas case com membros de sua própria aldeia, o casamento pode ser entre indivíduos de distintas aldeias e terras indígenas, ficando as famílias ligadas por alianças de matrimônio, o que mantém um constante fluxo de visitas.

O grupo doméstico é composto por famílias extensas matrilocais. A residência, após o casamento, é matri ou uxorilocal, isto é, o marido passa a residir com os parentes da esposa. Deste modo, cada grupo doméstico é formado por várias mulheres ligadas por laços de parentesco de duas ou três gerações, seus cônjuges e filhos.

Fonte de dados

As informações sobre o número de terras indígenas que compõem o conjunto de TI. Xavante e respectivas situações fundiárias (em estudo, delimitadas, declaradas, homologadas e regularizadas) foram provenientes da Fundação Nacional do Índio (Funai, 2011).

Outra fonte de dados utilizada, a título de comparação, foi o Sistema de

Informação sobre a Saúde Indígena- SIASI. As informações estão vinculadas ao ano de

2010 e expressam a população Xavante registrada nos 34 Distritos Sanitários Especiais

Indígenas (DSEI), da Secretaria Especial de Saúde Indígena – SESAI. Cabe lembrar que

esta secretaria mantém registros contínuos realizados pelas equipes multidisciplinares

atuantes nas aldeias. Os Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI) são unidades de

responsabilidade sanitária federal correspondente a uma ou mais terras indígenas criadas

pela Lei Nº 9.836 de 24 de setembro de 1999.

(5)

Os dados do censo são referentes ao questionário básico e foram consideradas as seguintes variáveis: etnia; situação de domicílio; localização do domicílio (dentro ou fora de Terra Indígena-TI); cor ou raça; língua falada no domicílio. As categorias de análise foram: 15 municípios com TI Xavante (Água Boa, Alto da Boa Vista, Barra do Garças, Bom Jesus do Araguaia, Campinápolis, Canarana, General Carneiro, Nova Nazaré, Nova Xavantina, Novo São Joaquim, Paranatinga, Poxoréo, Ribeirão Cascalheira, Santo Antônio do Leste e São Félix do Araguaia), 4 (quatro) municípios no entorno das TI Xavante (Aragarças, Chapada dos Guimarães, Pontal do Araguaia e Primavera do Leste), e a capital do estado de Mato Grosso, Cuiabá; autodeclarados no quesito cor ou raça: branca, preta, parda, amarela ou indígena; autodeclarados da etnia Xavante; autodeclarados nas categorias cor ou raça: domiciliado dentro dos limites das TI Xavante e, se consideraram indígenas.

Resultados

No Censo 2010, dos 19.259 autodeclarados indígena Xavante, na sua maioria, 91,6% residia em área rural. Embora com distintos quantitativos, foram encontrados em todo o território nacional, sendo que 93,1% da população estava concentrada no estado de Mato Grosso, onde estão situadas as TI Xavante (Figura 2).

Figura 2-

DiDissttrriibbuuiiççããoo ddooss XXaavvaannttee nnoo BBrraassiill,, CCeennssoo 22001100..

(6)

Usando como fonte de dados o SIASI, foi encontrada população Xavante registrada em sete DSEI`s, especificamente 17.905 indivíduos, estando estes majoritariamente (17.887) no DSEI Xavante que está situado no Mato Gosso.

A estrutura etária dos que residiam na área rural é predominantemente jovem e os residentes na área urbana seguem o mesmo padrão da população não Xavante (Figura 3).

Figura 3: Estrutura etária Xavante por situação do domicílio (urbano e rural), Censo 2010.

AM

GO MS

MT

PR SC RS

MG SP

TO BA AC

PA RR

RO

AP

MA PI

CE

RN PB

PE SE AL

ES

RJ Legenda:

< 20 Xavantes 21-50 Xavantes 51-100 Xavantes 100-400 Xavantes

>400 Xavantes

(7)

Fonte: Censo 2010, IBGE.

Quanto à língua falada, a grande maioria dos que se autodeclararam Xavante fala a língua Xavante no domicílio, ou seja, 16.541 indivíduos (85,9%) e não fala 2.718.

Quanto à situação de moradia, 98,1% dos que falam residem em área rural e 1,9% na urbana. Dos que não falam 52,5% residem em área rural e 47,5% em área urbana.

Especificamente no estado de Mato Grosso o censo 2010 captou 17.925 indivíduos que se autodeclararam pertencente à etnia Xavante. Dentre os 15 municípios selecionados com TI Xavante, Campinápolis, Barra do Garças, Nova Nazaré e General Carneiro, juntos somavam, 75,1% do montante populacional Xavante residentes em área rural. A maior concentração de Xavante vivendo em área urbana foi encontrada em Nova Xavantina, ou seja, 42%. Chama a atenção o fato de que neste município não foi captado nenhum residente na área rural (Tabela 1).

Tabela 1: Municípios selecionados de MT e GO e situação de domicílio dos Xavante, Censo 2010.

Município Rural Urbana Total Geral

Água Boa (MT) 240 1 241

Alto Boa Vista (MT) 766 - 766

Barra do Garças (MT) 3249 43 3292

Bom Jesus do Araguaia (MT) - 1 1

(8)

Campinápolis (MT) 7542 26 7568

Canarana (MT) 973 5 978

General Carneiro (MT) 1112 - 1112

Nova Nazaré (MT) 1167 1 1168

Nova Xavantina (MT) - 142 142

Novo São Joaquim (MT) 57 10 67

Paranatinga (MT) 539 25 564

Poxoréo (MT) 456 13 469

Ribeirão Cascalheira (MT) 771 1 772

Santo Antônio do Leste (MT) 527 9 536

São Félix do Araguaia (MT) 3 - 3

Aragarças (GO) - 16 16

Chapada dos Guimarães(MT) 3 - 3

Cuiabá (MT) 1 35 36

Pontal do Araguaia (MT) - 3 3

Primavera do Leste (MT) - 5 5

Total Geral 17406 336 17706

Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2010.

Dentro de nove TI Xavante, o censo captou 19.213 pessoas, sendo que 80,4%

declararam-se indígenas, 15,1% não se declararam, mas se consideravam, 3,8% não se declararam e não se consideravam e 0,7% sem declaração da condição indígena.

Especificamente na TI Areões, Pimentel Barbosa e Sangradouro-Volta Grande, todos se

autodeclararam indígenas e da etnia Xavante. Na TI Marechal Rondon, foram

recenseados 549 indivíduos e estes não se declararam na categoria indígena, mas 548 se

consideravam.

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Tabela 2: Município das Terras Indígenas Xavante, população e declaração por cor/raça dentro das TI, Censo 2010.

Municípios Terra Indígena População total / Censo 2010

Declararam-se indígenas

Não se declararam,

mas se consideravam

Não se declararam e

não se consideravam

Sem declaração da

condição indígena

Água Boa , Nova Nazaré Areões 965 965 - - -

Alto Boa Vista, Bom Jesus do Araguaia, São

Félix do Araguaia

Maraiwatsede 2427 767 1178 407 75

Água Boa, Campinápolis, Nova

Xavantina

Parabubure 8578 7732 660 152 34

Canarana, Ribeirão

Cascalheira Pimentel Barbosa 1743 1740 3 - -

General Carneiro, Novo São Joaquim, Poxoréo

Sangradouro/ Volta

Grande 882 882 - - -

Barra do Garças São Marcos 3138 3130 8 - -

Campinápolis Chão Preto** 337 - 255 73 9

Paranatinga Marechal Rondon** 549 - 548 - 1

Novo São Joaquim Ubawawe** 594 237 254 95 8

Campinápolis, Novo São Joaquim, Santo Antônio

do Leste

Eterãirebere* - - - - -

Paranatinga Hu'uhi* - - - - -

Água Boa, Campinápolis, Nova

Xavantina

Norotsurã* - - - - -

Água Boa, Campinápolis, Nova

Xavantina

Isoú'pà* - - - - -

Fonte: Funai, 2011. IBGE, Censo Demográfico 2010.

* Em estudo. **Não habilitado para consulta no BME (IBGE).

Discussão:

Uma das dificuldades na realização de pesquisas demográficas acerca dos povos indígenas diz respeito à obtenção de dados de qualidade e abrangência. Pois, não raro, são populações de tamanho reduzido e com grande dispersão territorial. Neste sentido, o censo de 2010 veio contribuir para prover essa lacuna.

Os resultados deste trabalho mostram que, no Censo 2010, dos 19.259

autodeclarados indígena Xavante, na sua maioria, 91,6% residia em área rural. Embora

com distintos quantitativos, foram encontrados em todo o território nacional, sendo que

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93,1% da população estava concentrada no estado de Mato Grosso, onde estão situadas as TI Xavante.

No Mato Grosso o grande percentual dos que se autodeclararam Xavante e moradores em área rural provavelmente coincida com o número de moradores das Terras indígenas. O estudo de Souza et al (2011), circunscrito às terras Indígenas Xavante e ao período de 1999 a 2004, mostra uma população Xavante residente que passou de 9.642 para 11.988 indivíduos, apresentando um crescimento médio anual de 4,4%.

O número populacional captado pelo Censo 2010, quando comparado com o SIASI, mostra que a população Xavante registrada pelos 7 DSEIs (17.905 indivíduos) está muito próximo do captado pelo Censo 2010 no domicílio rural (17.644), ainda que devam ser consideradas as diferentes metodologias e unidades geográficas (para saber mais sobre o Siasi vide Sousa et al, 2007).

A população Xavante registrada no DSEI Xavante/MT foi 17.887 (Siasi, 08/10/2010) e no Censo 2010, para todo o estado de Mato Grosso, foi 17.925. A diferença de 38 indivíduos, na realidade 35 se for considerado os três indivíduos registrados no DSEI Cuiabá/MT (1) e DSEI Araguaia/MT e GO (2).

Cabe lembrar que á área de atuação dos DSEIs é particularmente circunscrita às aldeias o que leva-nos a considerar que mesmo morando em área urbana os Xavante mantenham vínculo e sejam registrados em suas aldeias de origem. Desta forma, é provável que o SIASI esteja captando também os Xavante em domicílio urbano.

Souza et al, 2011, identificou pequenos fluxos de emigração da população Xavante no sentido das áreas urbanas. Essas foram consideradas saídas de caráter temporário, cuja motivação principal era a continuidade de estudos da população jovem ou para exercerem os vínculos empregatícios.

A migração também se vincula ao quadro político-social que por sua vez está intimamente relacionado à história de interação com a sociedade não indígena.

Ravagnani (1996) e Maybury-Lewis (1984) apontam para a existência de vários grupos

Xavante que embora partilhem de uma única organização social, apresentam históricos

de contato e modos distintos de interação entre si e com outros setores da sociedade

nacional. Essa particularidade da sociedade Xavante pode ser visualizada na situação

fundiária atual.

(11)

A estrutura etária dos que residiam na área rural é predominantemente jovem e os residentes na área urbana seguem o mesmo padrão da população não Xavante. No tocante à estrutura populacional por situação de domicílio, este resultado é bastante similar ao que tem sido reportado para outros povos indígenas (Pagliaro et al, 2005;

Teixeira, 2005).

A identificação de pertencimento a determinada cor ou raça da população brasileira é feita pelo Censo a partir da autodeclaração do entrevistado, que responde por si mesmo e pelos outros moradores do domicílio. Esta informação está em acordo com o Art. 3º do Estatuto dos Povos Indígenas (Lei 6.001/73).

“Índio ou Silvícola - É todo indivíduo [...] que se identifica e é identificado como pertencente a um grupo étnico cujas características culturais o distinguem da sociedade nacional” (Brasil, 1973).

Os resultados deste trabalho sugerem que metodologias e instrumentos de captação do Censo podem influenciar a produção de dados. A pergunta “você se considera” foi fundamental para captar os indígenas Xavante na TI Marechal Rondon e Chão Preto.

Tal pergunta se mostrou essencial, pois levou a um aumento da ordem de 15%

do contingente de pessoas que viviam dentro das Terras Indígenas Xavante. Apesar da possibilidade de diferentes entendimentos da pergunta, é provável que se a mesma fosse expandida para além dos limites da Terra Indígena o resultado sobre a filiação étnica provavelmente seria alterado.

Esta hipótese em parte é compartilhada por Campos et al. (2006), que analisando o caso dos Xacriabá a partir do Censo 2000, ressaltam que mesmo fontes confiáveis, como os Censos Demográficos, apresentam problemas com a identificação das populações indígenas, dada a complexidade da questão da identidade e de categorias de pertencimento.

Assim, mesmo com limites, a viabilidade de análise dos resultados dos Censos

agrega considerável valor aos estudos demográficos de populações indígenas. E é

inegável que o Censo 2010 expandiu esta possibilidade. No entanto, para amplificar as

análises, um passo importante é considerar esses dados comparando-os com aqueles

oriundos de outras fontes de dados, mesmo que estas tenham diferentes abordagens

metodológicas.

(12)

Agradecimentos: Este trabalho insere-se no projeto de pesquisa “Demografia Antropológica e Saúde de Indígenas a partir do Censo Demográfico de 2010”, coordenado pelo Dr. Ricardo Ventura Santos (Escola Nacional de Saúde Pública/ Fiocruz e Departamento de Antropologia, Museu Nacional/ UFRJ, Rio de Janeiro), apoiado pela Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro – FAPERJ (E-26/102.352/2013 – Bolsa

"Cientista de Nosso Estado").

Referências bibliográficas:

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